ANO 8 - EDIÇÃO 1511ª - DIÁRIO - QUARTA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2012 - R$ 1,00

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SAÚDE & CIA

Gravataí, Quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Hoje é o Dia Nacional de Combate ao Fumo O cigarro causa danos à saúde como diferentes tipos de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, dentre mais de 50 doenças

A

penas um hábito está relacionado a uma lista extensa de consequências severas ao organismo. É o fumo, "atividade" responsável por desencadear doenças como AVC, infar to agudo do miocárdio e diversos tipos de cânceres (da bexiga ao pulmão). Para alertar a população sobre os riscos do tabagismo - principal causa de morte em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) -, foi criado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado hoje. A organização estima que um terço da população mundial adulta seja composta por fumantes, o que gera 4,9 milhões de mor tes todos os anos, ou 10 mil óbitos diários. Já levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) demonstrou que 18,8% dos brasileiros são fumantes (22,7% dos homens e 16% das mulheres). Só no Brasil, morrem 120 mil pessoas ao ano em decorrência do tabagismo. Tem fumaça por perto - E esses dados não levam em conta o tabagismo passivo. Cardiologista do Hospital VITA Curitiba, Marcel Ravanelli afirma que existem 2 bilhões de fumantes passivos no mundo, que causam 50 mil mortes ao ano, conforme estudo da OMS. "O tabagismo passivo é o fator de risco mais comum para DPOC, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, e a fumaça inalada permanece no sangue por 48 horas", completa. O tabagismo passivo afeta de forma ainda mais rigorosa as crianças, de acordo com a clínica médica Mirella Massolo, do Hospital VITA Curitiba. "Existem pesquisas que indicam que um bebê, filho de um pai ou mãe fumante, tem uma chance 30% maior de

morte súbita no berço, mesmo que os pais não fumem perto dele. Também existe um risco maior de os filhos terem asma, bronquite e alergias", afirma a especialista, que trabalha no tratamento de dependentes químicos. Já segundo Ravanelli, há um aumento de 50% nas chances de infecção respiratória, maior risco de aborto prematuro e atraso no aprendizado são outras consequências do fumo passivo nas crianças. Cigarro não é calmante - O cigarro é composto por duas dependências - a química, causada pela nicotina, e a psicológica, explica o cardiologista. "A química está relacionada ao consumo de nicotina, que causa aumento do prazer, alívio de ansiedade e diminuição da fome". Ravanelli alerta que, por meio da corrente sanguínea, o fumo aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial, causa vasoconstrição, que eleva as a chance de infarto angina, e diminui o colesterol bom (HDL). A dependência psicológica, aponta Mirella, é quando o fumante substitui o cigarro por alguma coisa ou por alguém. "Existe um mito, as pessoas acham que o cigarro acalma. Ela se acalma não pelo cigarro, mas porque ela geralmente se afasta de uma situação estressante para fumar e, também, porque fumar imita uma respiração profunda, que por si só já acalma". Parar para parar - Para quem está em tratamento, Mirella sempre dá a dica: "evite o primeiro, que você evitará todos os outros. Não existe parar de fumar, sem parar de fumar". No entanto, recaídas são normais durante esse processo. Segundo a médica, geralmente ocorrem três dessas recaídas, apesar de determinados pacientes serem bem-sucedidos já na primeira tentativa. Existem vários métodos para interromper a dependência do cigarro, mas

um deles, que é a junção de vários, é o mais utilizado, por recomendação da Organização Mundial da Saúde. "A OMS preconiza o TCC, Terapia Cognitiva Comportamental, associada à reposição de nicotina, que é o adesivo, ou associada à brupropiona", conta Mirella. A brupropiona é uma substância inicialmente utilizada como antidepressivo, que tem se mostrado eficiente no tratamento de fumantes. Dá tempo de mudar - A boa notícia é que o pulmão, depois de cinco anos que a pessoa tomou a decisão de parar de fumar, se torna idêntico ao de

pessoas que nunca fumaram. "Após conseguir parar de fumar, o paciente já apresenta melhora e queda da pressão arterial, frequência cardíaca e oximetria com risco menor de infarto. O olfato e o paladar melhoram após 48 horas e, após um período de duas semanas a três meses, o paciente consegue caminhar de forma mais fácil e menos cansativa", conta Ravanelli. Além disso, segundo o cardiologista, a possibilidade de surgir doenças causadas pelo cigarro volta a ser igual a de não-fumantes, ainda que doenças já instaladas não desapareçam.


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