JornalCana 260 (Setembro/2015)

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TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Setembro 2015

ENTREVISTA - Antonio José Barros de Lima, coordenador agrícola da São José Agroindustrial

DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades JornalCana — Qual a visão da São José Agroindustrial sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo sucroenergético? Antonio José Barros de Lima — Custos de produção em elevação, preços das commodities açúcar e álcool defasados, mecanização da colheita contribuindo nas perdas de produtividade, países produtores protegendo a atividade com fortes subsídios. Este é o cenário sombrio que paira sobre o setor sucroenergético brasileiro e que pede ações urgentes no sentido da redução de custos e do aumento da produtividade. A grande estrutura imobilizada em uma unidade sucronenergética, associada ao fato de que na sua grande maioria também são produtoras da cana, sua matéria-prima, reforça ainda mais a necessidade da busca de melhores índices de produtividade agrícola, de forma que os custos fixos e operacionais da atividade sejam cada vez mais diluídos por unidade dos produtos finais produzidos. Assim, os investimentos em tecnologias agrícolas que alavanquem a produtividade agroindustrial fazem parte da

Antonio José Barros de Lima, da São José Agroindustrial

estratégia da São José como forma de viabilizar o resultado final da Empresa. Quais decisões vêm sendo tomadas, que refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais da São José Agroindustrial, mesmo sob efeito de adversidades climáticas? A região litoral Norte do estado de Pernambuco, na qual estão inseridas 90% das terras agrícolas da São José Agroindustrial, caracteriza-se por uma precipitação média anual em torno de 1.400mm, concentrada entre os meses de abril e agosto, e solos na sua quase totalidade de formação de barreiras

e baixa fertilidade natural. Desta forma, o uso de irrigação como tecnologia para incrementar a produtividade agrícola e diminuir o efeito das adversidades climáticas sobre a produção agrícola da empresa é fundamental como ferramenta de sobrevivência no negócio. Nos últimos 12 anos a São José Agroindustrial tem investido no aumento da área irrigada e fertirrigada dos seus canaviais partindo praticamente do zero e hoje contando com 50% das suas terras, que recebem ao menos 60 mm de lâmina de irrigação. Ainda há muito a ser feito, seja ampliando as áreas irrigadas ou aumentando a lâmina de irrigação dos projetos já existentes, e estamos trabalhando neste sentido apesar das dificuldades pelas quais passa o setor. Outra tecnologia que estamos utilizando com sucesso há 3 anos em todo plantio da São José Agroindustrial e que tem contribuído com o aumento da produtividade é o uso de bioestimulantes enraizadores, compostos com hormônios vegetais e molibdênio. Temos observado, inclusive, efeito deste maior enraizamento na soqueira subsequente. É perceptível o maior desenvolvimento e uma maior resistência das plantas nos períodos de estiagem tanto em cana planta como em soca. Dentro do pacote tecnológico adotado pela São José, como configura-se a nutrição

complementar? Como já citado, estamos inseridos em uma área edáfica de formação de barreiras e de baixa fertilidade natural. Desta forma, atenção especial deve ser dada aos aspectos nutricionais da cultura. Há carência de macro e micronutrientes. Observamos nas nossas análises foliares deficiências de praticamente todos os micronutrientes em especial Mn, B e Zn. Dos macronutrientes o nitrogênio aparece em destaque quando falamos de carência na planta. Sendo assim, a adoção da complementação nutricional através de adubação foliar se configura como uma importante ferramenta no pacote tecnológico adotado na São José Agroindustrial. O que é imprescindível à alta produtividade da cana-de-açúcar? Fatores bióticos e abióticos concorrem para determinar a produtividade na agricultura. Cabe a nós, técnicos responsáveis por fazer acontecer a produção de alimentos, fibras e energia, a desafiante missão de minimizar os efeitos indesejáveis da inter-relação destes fatores e maximizálos no sentido da produtividade. Entendemos que o planejamento da lavoura de cana-deaçúcar não pode prescindir de mudas de qualidade, nutrição adequada, variedades de cana manejadas corretamente e irrigação onde for necessário.


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