OJB EDIÇÃO 48 - ANO 2023

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ANO CXXII EDIÇÃO 48 DOMINGO, 26.11.2023

R$ 3.60 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

FUNDADO EM 1901

Alinhamento, estreitamento de laços e capacitação

Líderes de juventudes de todo o Brasil se reuniram entre os dias 02 e 05 de novembro. Estavam presentes representantes de várias juventudes Batistas do país, os coordenadores das diversas áreas de atuação da Juventude Batista Brasileira, os representantes regionais, que formam o Conselho da JBB, e a coordenadora nacional, Jéssica Martins. O encontro foi fruto de uma parceria entre a JBB, a Convenção Batista do Planalto Central e a LifeShape Brasil. Leia a matéria na página 13. Missões Nacionais

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Jesus Transforma Cracolândia

Cajado & Churrasco

“Expectativas foram criadas”

Honraria internacional

Missões Nacionais apresenta resultados da ação realizada no início do mês pág. 07

Pastores Batistas de Goiás promovem 5ª edição de evento que promove lazer e comunhão

pág. 08

Líderes Batistas compartilham o que esperam da 103ª Assembleia da CBB pág. 09

Pr. Hartmut Richard Glaser é homenageado por atuação em favor da Internet no Brasil

pág. 10


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/11/23

EDITORIAL

Teologia e Música, a tônica do mês

Novembro é um mês de grandes celebrações entre os Batistas brasileiros. Comemoramos o Dia Batista de Oração Mundial (1ª segunda-feira do mês - 06); Dia do Diácono Batista - 2º domingo do mês - 12); Dia da Educação Teológica - 3º domingo do mês - 19); Dia Nacional de Ação de Graças - última quinta-feira do mês - 30); Dia do Ministro de Música Batista - 4º domingo do mês - 26). Mas podemos dizer que dois assuntos estiveram ainda mais em voga nas páginas de O Jornal Batista: Música e Teologia. Durante todo o mês tivemos conteúdos especiais para celebrar a

educação teológica e o ministério musical, propondo reflexões, mudanças e inspirações para as Igrejas Batistas em todo o Brasil. Na área teológica, firmamos uma parceria com a Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico (ABIBET), através de seu diretor executivo, o pastor Anderson Cavalcanti. Ao longo do mês publicamos 13 artigos sobre Teologia e a “conversa” desta área com outros setores (incluindo esta edição de OJB). Agradecemos a Organização e a todos os pastores e líderes que produziram estes riquíssimos textos.

Outra excelente parceria que tivemos nesse tempo foi com a Associação dos Músicos Batistas Brasileiros (AMBB). Samuel Barros, presidente da Organização, nos apresentou a sugestão de publicarmos uma série de entrevistas com músicos Batistas de sucesso no Brasil e além das nossas fronteiras. Abraçamos a ideia, e ao longo deste mês, vocês, nossos queridos leitores, puderam conhecer a história e o trabalho destes profissionais tão renomados. Agradecemos também a jornalista Priscila Slobodticov, quem realizou todas as entrevistas. Você lê nesta edição a última conversa da série.

Abrimos um parêntese aqui e parabenizamos a todos (as) ministros (as) de Música em nossas Igrejas Batistas em todo o Brasil. Neste, que é o quarto domingo do mês, celebramos e agradecemos a Deus pela atuação ministerial tão importante destes irmãos (as). Esperamos que todos vocês tenham aprendido, refletido e sido abençoados com estes conteúdos especiais durante o mês de novembro. Vamos para dezembro, concluir mais um ano com chave de ouro. Que Deus te abençoe! n

( ) Impresso - 160,00 ( ) Digital - 80,00

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Estevão Júlio Cesario Roza (Reg. Profissional - MTB 0040247/RJ) CONSELHO EDITORIAL Francisco Bonato Pereira; Guilherme Gimenez; Othon Ávila; Sandra Natividade

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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA


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BILHETE DE SOROCABA

A serpente “santificada” Pr. Julio Oliveira Sanches O livro de Números 21.4-9 registra um momento triste na experiência do povo de Deus a caminho da Terra prometida. Eles reclamaram contra Deus, contra Moisés e chamaram de pão vil o maná que o Senhor providenciava a cada nova manhã. Hoje, não é diferente. Reclamações e mais reclamações são colocadas a cada momento no altar do Senhor. Deus poderia ter suspendido a dádiva do Maná. Em Sua grande misericórdia, o Senhor usou um método especial para trazer o povo ao exercício da fé. Mandou serpentes ardentes entre a comunidade. Uma vez mordido, o indivíduo passaria a sofrer as consequências do veneno mortal. Como sempre, o povo recorreu a Moisés pedindo oração. Que Deus tirasse as serpentes. O Senhor não removeu as serpentes. Mandou Moisés fazer uma serpente de metal e colocá-la numa haste à frente do povo. Uma

vez mordido pelo peçonhento réptil, a vítima devia olhar para a serpente de metal e seria curada. O texto não fala no exercício da fé, mas no ato de olhar estava implícito a fé na palavra empenhada pelo Senhor. Ao ser mordido, cabia à vítima a escolha de olhar ou não olhar. O povo creu na palavra do Senhor e foi além. Passou a oferecer à haste de metal culto, queimando-lhe incenso. No reinado de Ezequias (640-649 a.C), aconteceu a restauração do verdadeiro culto ao Senhor. O rei “tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques; e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã” (II Rs 18.4). A mente voltada à idolatria leva o idólatra a prestar cultos a objetos, em lugar de adorar o Criador do objeto. A única maneira de mudar a mente idólatra do povo é destruir o objeto da adoração. Foi o que Moisés fez com

o bezerro de ouro feito por Arão, no Sinai. A Arca do Concerto foi destruída, a partir do momento em que o povo passou a considerá-la objeto sagrado, levando-a para os campos de batalhas. Não temos informações precisas sobre o seu desaparecimento. A serpente de metal foi feita em pedaços pelo rei Ezequias. O suntuoso templo de Salomão foi destruído. O segundo templo também foi destruído e não ficou pedra sobre pedra, profetizou Jesus. Ao conversar com a samaritana, Jesus a questionou sobre a verdadeira adoração. “Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em Espírito em verdade” (Jo 4.24). A nossa tendência pecaminosa é adorar objetos. Adoramos santuários, templos grandiosos, seminários. Eloquentes pregadores. Grandes empresas que com o tempo desaparecem, deixando prejuízos e lições não aprendidas. Esquecemos da verdadeira adoração ao Senhor de todas as coisas.

Na História dos Batistas no Brasil temos exemplos e mais exemplos de entidades que não mais existem. Foram destruídas e seus grandes líderes deixaram de existir. Deixaram apenas um rastro de dores e amarguras, que o tempo não consegue esquecer. Algo está errado no culto que prestamos a Deus, ao não saber discernir o objetivo de tais empreendimentos. A serpente era um desafio à fé na palavra de Deus. O desafio de apenas olhar e crer na Palavra oferecida pelo Senhor em um momento de crise. Jesus usa o exemplo da serpente levantada por Moisés para dizer a Nicodemos que Ele seria levantado no calvário e “Todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.15). Muitos adoram a cruz. Fazem o sinal da cruz, carregam a cruz no peito como amuleto declarando-a santificada, quando o desafio é olhar para Jesus e crer nEle como único Salvador e Senhor. n

Famílias disfuncionais, eis um dos sinais Nédia Galvão

membro da Igreja Batista do Centenário - Congregação em Areia Branca - SE; professora de EBD; especialista em Ciência da Religião; bacharel em Teologia

Quando se fala sobre sinais dos últimos dias, isso mexe com o interesse das pessoas. Uma mescla de medo, atenção, expectativa atinge o imaginário. Logo se pensa em guerras, fomes, terremotos, perseguição, falsos líderes religiosos, escândalos, grande tribulação, sinais miraculosos, como descrito em Mateus 24. Esses sinais são factuais, mas parecem ficar velados outros sinais por não ganharem projeção e serem aceitos com certa naturalidade, como

o egoísmo, a avareza, a presunção, a arrogância, a desobediência aos pais, a ingratidão, a ausência de afeto, a calúnia, a falta de domínio próprio, a crueldade, a traição, o hedonismo, como descritos em II Timóteo 3.1-4. Esses fenômenos sobrevirão nos últimos dias, dizem as Escrituras, mas quero chamar a atenção do estimado leitor a um desses sinais: a ausência de afeto natural. Temos contemplado um cenário de famílias disfuncionais, doentes e problemáticas, fora e dentro das Igrejas. Famílias em que os relacionamentos estão quebrados, vidas destroçadas, com escassez de diálogo, desrespeito mútuo, autoridade dos pais minada, filhos revoltados… Escrevo este texto com o coração pesado, pois, ao con-

templar tal cenário, sou tomada por uma profunda tristeza devido a essa realidade e às mentes cauterizadas que não conseguem enxergar. Famílias doentes, sociedade doente. Famílias cristãs doentes, Igreja doente. Esse é o resultado! Sem falar que essa disfuncionalidade familiar, nessa grande proporção, é um dos sinais dos últimos dias. Pois é, às vezes, não nos damos conta deste sinal e atentamos só para aquele de grande projeção midiática. No texto de II Timóteo 3.3, a Nova Tradução Internacional (NVI) é a tradução que mais se aproxima do texto grego quando diz: “sem amor pela família”. O termo grego ἄστοργος (astorgos), que significa “desafeiçoado”, é relativo à falta de amor às pessoas da própria

família, que não demonstra afeto. E eis um dos sinais: famílias disfuncionais! A falta de amor, de afeto, tem sido uma realidade nas famílias, inclusive no nosso meio. O nosso Deus, na Sua infinita sabedoria e presciência, já sabia que isso nos sobreviria. Contudo, nos esforcemos para fazer parte de um remanescente que tem uma família ajustada, saudável e regida pelos princípios e valores da Palavra de Deus. Que a nossa família leve o remédio para as famílias enfermas e que estas entendam que em Cristo há restauração, transformação e salvação. E, se a nossa família está doente, que possamos colocar ordem em nossa casa, antes que venha o dia do Senhor. Famílias disfuncionais, eis um dos sinais! n


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REFLEXÃO

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Identidade Batista, Sola Scriptura e unidade missional

Olavo Feijó

pastor & professor de Psicologia

Fazer a vontade de Deus “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou” (Jo 5.30). Quando perguntado sobre a qualidade espiritual da Sua pregação, Jesus revelou: “Eu não posso fazer nada por minha própria conta, mas julgo de acordo com o que o Pai me diz. O Meu julgamento é justo porque não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade Daquele que

Wanderley Lima Moreira

pastor da Igreja Batista Nova Esperança, em Marataízes - ES; bacharel em Teologia e Administração; mestre em Teologia; pós-graduado em Hebraico e Grego; pós-graduado em Administração e Finanças

Deus tem guiado Seu povo na longa peregrinação que inclui restauração de famílias, libertação de vidas e salvação de almas. Porém, o notável crescimento das Igrejas evangélicas no Brasil fez crescer o pragmatismo sincrético e religioso, tornando nossas doutrinas vulneráveis. Sem identificação doutrinária, o membro da Igreja busca respostas às suas inquietações existenciais em músicas e pregações do tipo coaching via Instagram e YouTube. Interpretações estranhas sobre o credobatismo trinitário, justificação pela fé, doutrina da redenção e suficiência de Cristo abrem espaço para novas e

(de)formadas doutrinas em nossas Igrejas. É no contexto da Igreja local que a relativização da fé e da verdade têm seu nascedouro e é nela que nossa identidade deve ser resgatada. A unidade missional e a catolicidade Batista - com muita oração e moderação do Espírito - sempre foram pontos de “religação ética” na relação pastor-Igreja-Convenção, possibilitando a ordem doutrinária. Somente pela Escritura - cantada, lida, vista e pregada será possível evitar ou retardar a (des) institucionalização da fé Batista e o deslocamento de nossa identidade. Está escrito: “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo” (cf. Rm 10.17). Significa que seu rigor escriturístico e transformador não pode ser atualizado no sentido medieval recipitur ad modum recipientes, mas vivido e obedecido em seu rigor doutrinário, nela implícito, que se opõe à cosmovisão pós-secular relativista

‘do tudo pode’. Logo, a essência das doutrinas Batistas está na Bíblia - nossa “regra de fé e prática”. Ficaremos omissos diante do crescimento da liquidez doutrinária que faz a Bíblia se amoldar ao gosto do cliente? Não é o ser humano o convidado a se amoldar ao rigor doutrinário dos Antigo e Novo Testamentos? Não é da Palavra de Deus a autoridade e a suficiência? Sim, porém a liquefação doutrinária e emergente está batendo nas portas de nossas Igrejas para derrubar as colunas que sustentam nossa fé. Hermenêuticas carregadas de sincretismos convenientes estão subindo nossos púlpitos e entrando em nossos gabinetes. Por isso, as respostas para estas perguntas devem ser respondidas por meio de ações firmes e concretas no contexto de cada Igreja Batista, sem abdicar da essência doutrinária, sem perder de vista o resgate da tradição Batista, para evitarmos a instalação definitiva do que Stuart Hall chamou de “identidades descentradas” – um caminho perigoso que leva à fragilização. Quanto mais frágil a sociedade julgar uma Igreja Batista, mais a atacará com as armas do secularismo e do ceticismo. A Bíblia é a Palavra de Deus inspirada que transforma a existência, pois é “viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes; penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é capaz de perceber os pensamentos e intenções do coração” (cf. Hb 4.12). Assim posto, fica evidente que este é o tempo de preocupar-se com a identidade Batista e com as convic-

Me enviou” (Jo 5.30). Fazer Teologia nem sempre tem sido a simples busca da vontade do Senhor, revelada através das Escrituras Sagradas. Por causa disso, o currículo estudado na maioria das escolas teológicas tem sido composto principalmente pelo posicionamento filosófico prevalente entre os bastidores. Faz sentido, então, a postura assumida por C. S. Lewis, quando escolheu o título da sua principal obra. Nossa religião deve ser um “Cristianismo puro e simples”.

ções teológicas, desconstruindo o comportamento fluido, descentrado e conveniente que tenta (des)regular nossa denominação, nossa filosofia e modus operandi. É preciso pisar nos freios dos discursos que fragilizam nossa fé, nossos princípios e nossas doutrinas! Como fazer isso? Inserindo as sólidas doutrinas Batistas nas EBDs, células, PGs, música, púlpitos e seminários. Finalmente, vale ressaltar que o princípio de autonomia de cada Igreja local não implica em autonomia doutrinária. É tempo de deixar de lado as divergências periféricas e lutarmos pela essência da nossa identidade Batista. Para isso, temos o que precisamos: a unidade missional (cf. Mt 28.19,20). E, de acordo com Rosa (2003, p.79), “o ideal [...] será sempre tomar Deus como ponto de partida, o Espírito de Deus como norma de reflexão para o estabelecimento de nossa fé”, nossa identidade e DNA que estão expressos e impressos na Palavra de Deus inspirada, infalível e inerrante. Ela nos fortalecerá! Referências BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. BÍBLIA ALMEIDA SÉCULO 21. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 14 ed. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: Lamparina, 2019. ROSA, Merval. O ministro evangélico, sua identidade e integridade. 3 ed. Recife: Edições STBNB, 2003. n


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A Igreja e sua missão educadora em promover o ensino da graça e da justiça de Deus

Gleyds Silva Domingues

professora na Faculdades Batista do Paraná

Na carta do apóstolo Paulo aos Romanos, no capítulo 6, é evidente como a graça de Deus se manifesta sobre o pecado na vida do ser humano em Cristo Jesus, que fez nova todas as coisas. Essa graça traz vida, redenção, perdão, justiça e liberdade para agir, na medida em que se tem consciência de que se vive em Cristo. Assim, não se é mais escravo do pecado, porque ele não tem domínio sobre a nova vida concedida por Deus em Cristo Jesus. A graça de Deus expressa a Sua justiça, que é boa, perfeita, objetiva e presente. Nela, se pode contemplar uma mudança real da condição humana, que agora é liberta das amarras do pecado. Não se vive mais sob a mentira, mas sob a verdade de Cristo, por isso que nele se tem novidade de vida. O chamado é para viver para Deus em Cristo Jesus, na medida em que se obedece com inteireza de mente e coração ao ensino da verdade. Esse ensino faz toda a diferença, visto que promove paz, retidão, esperança e submissão à vontade de Deus. Afinal, não se vive para si, mas para a glória de Deus. Talvez, a pergunta que você esteja fazendo neste momento guarda relação com a missão educadora da Igreja, visto que é por seu intermédio que o ensino das verdades eternas ganha vida, movimento e significação. Por esse motivo, a resposta pode até soar simples, mas ela remete ao ato de pensar sobre o processo de formação a ser desenvolvido e que tem tudo a ver com crescimento da fé. A formação a ser desenvolvida precisa ser uma prioridade da Igreja, principalmente porque é por intermédio do seu ensino que ela transmite a mensagem sobre o Reino de Deus, que requer decisão e comprometimento com a verdade abraçada. A formação é intencional e tem um objetivo a ser

atingido. Não existe formação neutra, mas que produz posicionamento e convicção. A Igreja, ao assumir o processo formativo, está sendo obediente à missão que lhe foi confiada pelo Senhor Jesus. Essa missão envolve ações específicas que envolvem o ensinar, batizar e fazer discípulos de todas as nações. Então, há uma intenção declarada, o que indica que não é desconhecida e nem está escondida. A Igreja tem uma missão educadora. A missão educadora da Igreja não pode ser limitada ao espaço de culto, antes precisa ter uma proposta que conduza à maturidade da fé. Aqui entra o papel da educação cristã que se pauta no único fundamento, Cristo Jesus, para transmitir, testemunhar e viver a verdade do Evangelho. É preciso ensinar sobre a nova condição que se tem em Cristo. Essa condição é a prova incontestável da transformação vivida e que precisa ser aperfeiçoada e alimentada dia após dia. Quando se fala da missão educadora da Igreja, é claro que se pensa no cerne do seu ensino e que está associado com graça e justiça. Não se pode distanciar-se disso, porque é nele que se pode encontrar o plano providencial de Deus para toda a humanidade e que, quando aceito de mente e coração, produz, sim, novidade de vida. Vida em plenitude. Viver a fé não pode ser visto como um ritual, um modismo ou uma tradição. Viver a fé é evidenciar a transformação em Cristo. É testemunhar do amor incondicional de Deus. É manifestar o desejo de compartilhar e comunicar a nova vida, ou seja, é ser e fazer discípulos em todo tempo. Isso indica que a missão educadora da Igreja é contínua, pois acompanha o processo da formação do discípulo, seus primeiros passos até a maturidade. A Igreja não pode desprezar o processo da formação discipular, nem o propósito da Educação Cristã no contexto do desenvolvimento e crescimento

da fé. Não pode, ainda, pensar que esse desenvolvimento é automático, mecânico e que ocorrerá sem investimento em vidas. Não. A Igreja precisa assumir a sua missão de promover a graça e a justiça de Deus por intermédio do ensino bíblico saudável e significativo. Quando a Igreja reconhece sua missão, possibilita não apenas a formação, mas a continuidade de sua missão, por intermédio daqueles que são convocados para o serviço e ministério. Ela se preocupa em evidenciar a relevância do chamado e da vocação para o ministério da Palavra. Ela forma discípulos para serem discipuladores. É assim que o Reino de Deus se expande sobre a terra. Falar sobre a missão educadora da Igreja é reconhecer a sua continuidade e permanência até que Cristo venha. É assumir a sua responsabilidade e

compromisso de ser fiel à verdade. É proclamar com convicção sobre o plano providencial de Deus. É instruir e possibilitar o crescimento na fé em Cristo Jesus. É se apresentar como instrumento vivo da verdade. É testemunhar sobre a graça e a justiça de Deus. É ser luzeiro e farol que irradia a luz da verdade ao mundo. É apoiar o trabalho da educação cristã no processo formativo. É ser obediente no cumprimento do seu chamado. A missão educadora da Igreja requer que ela viva por Cristo, em Cristo e para Cristo. Que isso verdadeiramente se cumpra, por ser a verdade que move o seu existir. Afinal, “[...] o pecado não terá domínio sobre vós (Igreja), pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Ro 6.14). Aleluia, por tão grande verdade. Que a Igreja continue firme na observância de sua missão. n


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Arrependimento, o caminho para a restauração Ulicélio Valente de Oliveira

coordenador Acadêmico na Faculdade Teológica Batista Equatorial

Certamente, em algum momento de nossa vida, todos nós já nos sentimos num beco sem saída, em um escuro da vida. Às vezes, é um problema que nos assola, algo tão grande que parece não ter mais jeito, algo tão gigante que não há como vencer. Sabe aquela situação que parece desesperadora, aquela crise que nos abate? Inúmeras perguntas fazemos em momentos delicados da vida. O que devemos fazer? Que rumos devemos tomar? Até o poderoso Rei Davi passou pelo vale das dificuldades. Destarte, as atitudes de Davi nos ajudam e nos mostram como devemos agir em situações extremamente delicadas. Quando lemos o Salmo 51, nos deparamos com uma situação bastante delicada. Na verdade, Davi estava pecando contra Deus e Ele, contudo, não estava cego. Deus sabe de todas as coisas e a Bíblia registra que “… porém esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor” (II Sm 11:27). Nesse contexto, o profeta Natã, enviado do Senhor, aparece a Davi e lhe conta uma parábola (cf. II Samuel 12. 1-5). O rei, com o seu senso de justiça

apurado, condena o sujeito da parábola. No entanto, o profeta, contrariando todas as expectativas do Rei, diz que ele era a pessoa. Nesse interim, podemos observar que Davi passar a ter um sentimento de culpa e justamente nesse ambiente é que ele descreve esse Salmo. Devemos aprender ao analisar bem o texto. O rei se arrependeu dos seus pecados, o que iniciou um processo de restauração; arrependimento é o caminho para isso. Enquanto Davi escondeu o seu pecado, a sua vida não cresceu, a sua alegria de servir ao Senhor foi embora, a ira de Deus pesava de dia e de noite sobre ele. Por isso, não há libertação, cura e restauração sem um genuíno arrependimento. É necessário reconhecer e abandonar o pecado praticado. Davi escondeu suas práticas pecaminosas, mas não tinha paz, pois sabemos que o pecado é um ladrão de alegria. O reconhecimento é um passo importante e o arrependimento é fundamental. Não há esperança de perdão e restauração enquanto não reconhecermos os nossos pecados. Não busquemos culpados para os nossos pecados. Não condenemos os outros. Sejamos como Davi, que disse: “Eu conheço as minhas transgressões”

(v.3). Dessa maneira, precisamos entender que todo pecado é contra Deus (v.4a). Davi não era inocente quando participou da morte de Urias, contudo seu pecado era contra o Senhor antes de ser contra qualquer pessoa. Davi exclamou: “Contra ti somente pequei”. Todo pecado contra alguém é um pecado contra Deus. Não há méritos em nós (vv. 4b-5), não temos qualquer justificativa ou direito diante dAquele que tudo vê. Não temos como reivindicar nada diante do Pai, devemos reconhecer que não temos qualquer forma de nos desculpar diante do Soberano. O arrependimento é o reconhecimento de que você não merece nada, senão o juízo. Devemos sempre lembrar que o nosso maior problema não é o outro, não são as coisas, somos nós. Quando percebemos essa verdade a nosso respeito, a única coisa que nós podemos fazer é clamar como Davi: “Tem misericórdia de mim, ó Deus”. Se arrepender é de fato ter uma nova postura diante do pecado. Ter um novo coração, como diz o salmista (vv. 6-15). Necessitamos de um novo coração, voltado para Deus, que queira viver de acordo com a Sua Palavra. Nosso problema é o nosso coração enganoso. Somos maus terapeutas de nós mesmos, por isso perdemos a

alegria de servir ao Senhor (vv. 8-15). Essa falta de alegria é a alegria de Deus, de sentir Sua falta. O pecado rouba a nossa alegria, tira a nossa paz e nos esconde dentro de nós mesmos. Quando o Rei reconheceu sua falta, experimentou novamente a alegria de viver para o Senhor. Davi não quer mais viver na escuridão do pecado. Ele quer mostrar a luz a todos e pregar as Boas Novas de salvação a todos. Para que tudo isso aconteça, precisamos ter consciência de nossa total impotência, da nossa miserabilidade (v.16). É preciso ter uma nova atitude para com Deus (v. 17). A pessoa a quem Davi desagradou foi a Deus, no entanto a pessoa que ele mais procura é o próprio Deus. Apesar da antiguidade do salmo, sua atualidade e utilidade não podem ser, de modo algum, desprezadas. Temos de, como Igreja de Deus, recorrer sempre à promessa de perdão e de purificação por meio da obra redentora do Senhor Jesus Cristo (I João 1.9). Ninguém sabe tão bem o valor de tal promessa como aquele que quer ser fiel a Deus. De coração ele busca o perdão, já que no versículo 17 o salmista diz: “sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado”. Deus não despreza um coração. n


MISSÕES NACIONAIS

Redação de Missões Nacionais Durante a Ação Jesus Transforma Cracolândia São Paulo, de 1 a 3 de novembro, vimos muita tristeza, dor e sofrimento, mas também vimos o poderoso agir de Deus. Vimos a alegria renascer, a esperança aparecer e a vontade de viver reviver! Mais de 300 voluntários estiveram nas ruas do centro de São Paulo anunciando que “Jesus Transforma”. A ação contou com evangelismo nas ruas, atendimentos sociais na Carreta Missionária e muito mais. Foram três dias de ação, 79 pessoas resgatadas e centenas de atendimentos realizados e alimentos distribuídos. A voluntária da Cristolândia, Fernanda Borges, foi totalmente impactada, após passar 3 dias na Cracolândia de São Paulo. “Caminhei ao lado de uma mulher, da Cracolândia até a base da Cristolândia. Ela me disse que tomou essa decisão porque queria recuperar seus cinco filhos. À medida que íamos caminhando, ela ia falando aos conhecidos que estava indo embora se cuidar e ia distribuindo seus poucos pertences. Para mim, foi o momento mais emocionante e difícil de esquecer. Não existe foto pra mostrar, mas nunca vou esquecer”, conta. A Ação Jesus Transforma Cracolândia foi uma bênção e não impactou apenas a cidade de São Paulo. No Distrito Federal, no Espírito Santo, em Pernambuco e na Bahia, as equipes missionárias das Cristolândias também se mobilizaram para compartilhar a mensagem do Evangelho e transformar realidades. Pela graça de Deus, vidas que pe-

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Jesus transforma! Você crê nisso?

A ação impactante de Missões Nacionais na Cracolândia paulistana resgatou 79 pessoas das drogas

A Cristolândia SP também marcou centenas de vidas com cuidado, atenção e alimentos reciam nas drogas agora sabem que 40 unidades espalhadas pelo Brasil e Cristo é a solução. Mas o trabalho con- você pode fazer com que o trabalho tinua! A Cristolândia segue com sua avance cada vez mais. rotina intensa de trabalho em mais de Nosso desejo é ver as cracolândias

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se tornando Cristolândias! Contamos com você. Participe, ore e faça a diferença na vida dos dependentes químicos: www.cristolandia.org.br n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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Associação Batista Feirense - BA celebra 67 anos Tema da celebração destaca a comunhão entre as Igrejas Batistas da região. Alex dos Reis

pastor, presidente da Associação Batista Feirense

A Associação Batista Feirense (ASBAF) foi criada em 26 de setembro de 1956. Hoje, com sede em uma das dependências do Seminário Teológico Batista do Nordeste (STBNE) em Feira de Santana - BA, é uma associação forte, grande e com um enorme potencial de crescimento. Somos aproximadamente 65 Igrejas, 15 Congregações e estamos presentes em 20 municípios e três distritos da micro e macrorregião de Feira de Santana - BA. No dia 26 de setembro, completamos 67 anos de existência. No entanto, o culto de gratidão a Deus foi realizado nos dias 30 de setembro e 01 de outubro, na capela do Seminário, com o tema “Somos um só corpo”. Tivemos como orador o pastor e doutor Luiz

Celebração do 67º aniversário da ASBAF aconteceu em dois dias, na capela do Seminário Teológico Batista do Nordeste Nascimento, que, iluminado pelo Espírito Santo, ministrou de forma graciosa aos nossos corações. Nossa gratidão a Deus pela diretoria da ASBAF, que sempre se une para servir da melhor maneira possível; a cada Igreja associada, cada irmão, líder, pastor; ao nosso querido casal, pastor Geremias Bento, diretor Geral do

nosso Seminário, junto com a querida professora Ester, que estão sempre de corações abertos para a abençoar a Associação; ao pessoal de apoio do Seminário, sempre com boa vontade e muita disposição para servir a Deus também dando suporte nas programações da ASBAF. Continuamos insistindo na comu-

nhão, na reaproximação, no compartilhamento de vida, na celebração em cada encontro, aniversário e programação que acontecer dentro do espaço de vivência da nossa querida ASBAF. Em nome de Jesus, chegaremos cada vez mais longe, porque andaremos juntos. n

Pastores Batistas de Goiás Promovem a 5ª edição do Cajado & Churrasco Projeto nasceu em 2019 para aproximar pastores e famílias, com foco em relacionamento e comunhão. Ezequiel Brasil pastor

Pastores Batistas de Goiás promoveram a 5ª edição do encontro de comunhão de pastores e famílias, “Cajado e Churrasco”, no dia 07 de setembro, no Espaço Freitas, na Cidade de Senador Canedo - GO. O encontro, que teve a participação de 100 pessoas, contou com tempo de testemunho, meditação e confraternização, dividido entre homens, mulheres e crianças. Há pesquisas que indicam que 70% dos pastores não possuem um amigo íntimo. São solitários, e a solidão é uma das feridas emocionais mais dolorosas. E como resposta a essa situação, segundo depoimento do pastor Lucena, pastor da Primeira Igreja Batista em Aparecida de Goiânia - GO, um dos principais idealizadores do encontro, “em 2019, um grupo de pastores sentiram-se sensibilizados com o sofrimento no ministério pastoral, em razão de burnout, stress e ideação suicida entre pastores, e como um forma de aproximar pastores e famílias, organizaram o Cajado e Churrasco, com foco em relacionamento e comunhão”. Ainda segundo o pastor Lucena, “a ideia é de se promover uma ou duas

Pastores Batistas goianos se reúnem para um dia de comunhão com famílias. Homens, mulheres e crianças tiveram programações especiais

O encontro contou com tempos de testemunho, meditações e confraternização, com direito a churrasco vezes ao ano, um encontro leve, informal e alegre para assar uma carne, passando um dia junto. Conversar uns com os outros, brincar e orar; pode parecer pouco, mas tem sido benção”.

Para Jeam Machado, pastor da Comunidade Batista Sal e Luz, em Anápolis - GO, “participar do Cajado e Churrasco sempre é um toque especial do cuidado de pastores com pastores, um momento informal de comunhão e

edificação. E o que encanta é a organização despretensiosa e que no final dá tudo certo! Outro ponto chave é a mensagem compartilhada por pastores envolvidos no Cajado e Churrasco, homens que amam a Deus”. n


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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“Expectativas foram criadas” Líderes Batistas compartilham o que esperam da 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira. Estevão Júlio

net, mais especificamente nas redes sociais, quando algo importante e grandioso pode acontecer. E com as Assembleias da Convenção Batista A expressão utilizada no título des- Brasileira não é diferente. Todos os ta matéria é muito utilizada na Inter- anos, Batistas de todo o país aguarjornalista da Convenção Batista Brasileira

dam esse momento tão importante para a nossa denominação. Por isso, aproveitamos a reunião do Conselho Geral da CBB, que aconteceu de 06 a 09 de novembro (leia a matéria completa na edição 47, de

12/11/2023) para perguntar a alguns líderes sobre as suas expectativas para o maior encontro anual dos Batistas brasileiros. Confira, a seguir, as respostas.

“Olá, meus irmãos! Estamos aqui, participando da reunião do conselho preparatório para a Assembleia da Convenção Batista Brasileira em Foz do Iguaçu. Estamos com uma grande expectativa, otimista, por ser uma cidade muito atraente, um clima bom. E o momento que estamos vivendo está convergindo para que em Foz do Iguaçu tenhamos uma grande celebração de comunhão inspirativa e também deliberativa, com assuntos importantes. Participe desse momento histórico da Convenção” (Pr. César Brito, membro do Conselho Geral da CBB na Comissão de Finanças).

“Nossa expectativa com relação à Assembleia da Convenção em 2024 são as melhores. “Os Batistas paranaenses esperam de braços abertos os Batistas brasileiros para essa Assembleia e temos a certeza de que faremos o nosso melhor para glorificar a Deus nessa grande festa dos Batistas. A Primeira Igreja Batista em Foz do Iguaçu também os recebe com muito amor, carinho e alegria. Estamos certos de que será uma festa” (Pr. Rafael Tomazini, presidente da Convenção Batista Paranaense e pastor da Primeira Igreja Batista em Foz do Iguaçu - PR).

“Meus amados irmãos, para mim é uma alegria muito grande. Estamos com grandes expectativas desta Assembleia da nossa CBB em Foz do Iguaçu. Será um tempo de congraçamento dos Batistas, um tempo muito especial de crescimento, de avanço da obra missionária, além de ser um tempo muito bom entre nós, de crescimento de aprendizado, de fortalecimento dos nossos vínculos como irmãos Batistas brasileiros. Então, a expectativa é enorme para esse tempo e conclamamos a todos que estejam presentes nesta Assembleia que será um marco nos Batistas brasileiros. Que Deus nos abençoe e conduza todo o trabalho da nossa Convenção Batista” (Pr. Luís Claudio Pessanha, diretor-executivo da Convenção Batista do Planalto Central).

“As expectativas são muito boas, sobretudo, por aquilo que nós estamos acompanhando nas decisões do Conselho. São decisões importantes para os Batistas no Brasil e, obviamente, que a expectativa da Assembleia é uma expectativa de sonhos, de projetos, de olhar para frente e de avançar. Então, eu tenho uma boa expectativa da próxima Assembleia” (Pr. Carlos Enrique Santana Rocha, presidente da Convenção Batista Goiana).

“A nossa expectativa para a 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira é que seja um tempo abençoador, um tempo de grande comunhão e que aquelas decisões ali tomadas possam abençoar a nossa obra Batista em todo o Brasil” (Pr. Newton Bastos, diretor-executivo da Convenção Batista Goiana).

“Minha expectativa é que a Assembleia seja inspirativa, por mais que ela seja deliberativa, mas que a sua inspiração supere a toda deliberação e a gente entenda o mover de Deus na vida das Igrejas, das lideranças” (Pr. Gilvan Barbosa, presidente da Convenção Batista Piauiense).

“Estou com uma grande expectativa em Foz do Iguaçu. Primeiro, porque que é uma cidade maravilhosa, e o espaço do Rafain será muito aconchegante. Mas vejo como um grande encontro de celebração dos Batistas brasileiros. E você pode esperar uma música de qualidade, com os músicos de todo o Brasil participando. Então, vai ser mais uma experiência de adoração comunitária incrível em Foz do Iguaçu” (Samuel Barros, presidente da Associação dos Músicos Batistas Brasileiros).

“Minha expectativa é que nós tenhamos uma Assembleia cheia de educadores cristãos, vibrantes, prontos para agir, transformando a sociedade, as nossas Igrejas e a nossa denominação. Vai ser uma bênção. Vai ser um sucesso. Espero vocês lá” (Elana Ramiro, diretora executiva da Ordem dos Educadores Cristãos Batistas do Brasil). E a nossa expectativa é encontrar você em Foz do Iguaçu. Garanta agora mesmo a sua inscrição através do site cbb-2024.convencaobatista.com.br/ ou aponte seu celular ou tablet para o QR Code. n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

Pastor da Convenção Batista Pioneira recebe honraria internacional na área da tecnologia Hartmut Richard Glaser é homenageado por atuação em favor da internet no Brasil. Redação de O Batista Pioneiro O pastor, ex-presidente da Convenção Batista Pioneira do Sul do Brasil e professor Hartmut Richard Glaser foi incluído no Hall da Fama da Internet, em cerimônia realizada no último dia 26 de setembro. A homenagem é uma iniciativa da Internet Society, que reconhece a atuação de indivíduos que desempenharam papel importante na construção, no desenvolvimento e no avanço da rede de internet em escala global. Entre as Igrejas da Convenção Batista Pioneira, ele é mais conhecido como pastor Glaser, que presidiu a CB Pioneira em dois períodos (19791993 e 2002-2010). Sua liderança foi marcada por muitas inovações e crescimentos, como se pode ler no livro Os pioneiros, a obra que comemora o centenário da Convenção. Sua congregação local, a Igreja Batista Alemã de São Paulo, desfruta até hoje de seu envolvimento ativo, sempre preocupado com o bem e o crescimento da Igreja como um todo. Mas poucos conhecem o lado acadêmico de Hartmut Glaser. Assim como depende da coopera-

72ª Assembleia, dirigida pelo pastor Glaser, ao centro ção bem ajustada de diferentes tipos de tecnologia, a internet requer a colaboração de vários grupos e pessoas de organizações governamentais, industriais, acadêmicas e da sociedade civil. Foi nessa área que o trabalho do professor Glaser deixou marcas, ao ajudar a criar um modelo de gestão multissetorial. O padrão possibilitou e sustentou o desenvolvimento da conexão internética no Brasil e na América Latina, além de influenciar a governança da internet em nível mundial. Seu primeiro envolvimento com a internet aconteceu na Universidade de São Paulo (USP), onde era professor. A USP abrigou um dos primeiros

O seminarista Hartmut Glaser, primeiro da direita para a esquerda núcleos de acesso à internet no Brasil e, em 1996, o Hartmut assumiu a coordenação da Academic Network at São Paulo (ANSP), rede acadêmica responsável pela administração deste ponto de acesso. Ao longo de sua atuação na área, o pastor Batista contribuiu para o desenvolvimento do programa de registro de domínios no Brasil, a organização de diversos órgãos relacionados à gestão da internet, como o NIC.br e o LACNIC (sigla em inglês para Registro de Endereços da Internet para a América Latina e o Caribe). Glaser também representou a América Latina em conferências e encontros

Hartmut Glaser

no mundo inteiro, contribuindo com seu conhecimento, influência e estilo cooperativo para o desenvolvimento das políticas mundiais da internet. Atualmente é o secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), entidade responsável pelo controle de serviços a nível nacional. Alegramo-nos junto com o professor Glaser pela justa homenagem recebida por seu trabalho. Contudo, como ele, sabemos que a melhor recompensa vem do Senhor. Desejamos que Deus ainda o abençoe e use muito para o crescimento de Seu Reino, onde quer que estiver. n

Igreja Batista no Bairro Matadouro, em Itaperuna - RJ, completa 4 anos Celebração de aniversário teve extensa programação.

Marcos Vinicio Dias Ribeiro

Departamento de Comunicação da Associação Batista Extremo Norte Fluminense

A Igreja Batista no Bairro Matadouro (IBBM), localizada em Itaperuna - RJ, no noroeste Fluminense, completou seu 4° aniversário, no dia 14 de outubro. Dirigida pelo pastor Fagner Dias, a Igreja filiada à Associação Batista Extremo Norte Fluminense teve uma extensa programação comemorativa incluindo um concerto de violinos e violoncelo com os Clássicos do Cantor Cristão e do Hinário para o Culto Cristão. No dia 21 de outubro, a celebração contou com a participação especial da cantora Kelly Cristina, da Igreja Batista Cehab, também de Itaperuna. Na ocasião, o pregador foi o pastor Waxuel Pereira Rodrigues que falou sobre a seara e colheita, com enfoque em Mateus 9.35-38. “A missão da Igreja é fazer discípulo. Devemos nos mover em direção à multidão de acordo com o modelo

Concerto de Violinos e Violoncelo de Cristo. Não tem nada meu ou seu que vai fazer a diferença na vida de alguém. É o Evangelho de Cristo que transforma e faz diferença na vida das pessoas”, disse o pastor Waxuel Pereira Rodrigues. No dia 22 de outubro, o Ministério de Louvor da IBBM iniciou o culto. Naquele dia, pregou o pastor Leanderson Zanon, da Igreja Batista em Laje do Muriaé - MG, que falou sobre a missão da Igreja.

IB Bairro Matadouro, em Itaperuna - RJ

“A missão da Igreja de Cristo é ter o desejo ardente e atraente de ganhar pessoas para Jesus. Em compromisso com esta visão, a nossa missão deve ser um chamado de todos e para todos no amor ao próximo e da Grande Comissão. Cada membro deve cumprir o envio de Jesus e não ser omisso. O importante é gerar muitos frutos. Devemos ser produtoras e não consumidores. A nossa casa deve ser a Igreja. Devemos levar o Evangelho às casas

e até os confins da terra, portando a Palavra que transforma os corações dos homens. Fazendo de cada mesa um púlpito. O nosso papel é fazer discípulos”, disse o pastor Leanderson Zanon. A Igreja Batista no Bairro Matadouro tem feito vários trabalhos de assistência à comunidade, principalmente com base na formação de crianças, jovens e adolescentes, trabalhando com vários projetos. n


MISSÕES MUNDIAIS

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A alegria de ter uma Bíblia traduzida

Alessandro Nunes

missionário em Papua Nova Guiné

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mat 28.19,20). Ainda este mês, vamos imprimir algumas cópias dos livros bíblicos para enviá-las ao povo Maiwala, a fim de que verifiquem se ficou tudo correto. Finalizamos o curso de Computação Básica e os alunos agora aprendem a usar o programa específico para tradução bíblica, o “Paratexto”. Estamos com 18 alunos na turma, vindos de oito etnias diferentes, e que estão em diferentes estágios da tradução da Bíblia para sua língua materna. Abaixo, uma carta que recebemos de uma mulher que retornou para a comunidade Maiwala depois de se aposentar. Ela participou da consultoria e ficou muito impactada com o que presenciou. “Eu me sinto realmente honrada

por fazer parte da equipe de verificação. Eu não sabia o que era estar envolvida na tradução da Bíblia, e quão desafiador seria. Sempre pensei em conhecer e entender a Bíblia. Há mais de 40 anos sou parte da Igreja de Cristo, mas eu afirmo, honestamente, que eu não sei nada. A leitura do Evangelho de Lucas e das cartas a Filemon e Judas, versículo por versículo na minha língua, me fez entender que a Bíblia tem muito mais do que eu entendia dela. Isso me deu uma nova perspectiva de como estudar a Palavra. Não creio que a conheça totalmente, e não me tornarei perfeita; ao menos, eu começo de alguma maneira a crescer no conhecimento de Deus através das minhas leituras diárias e devocionais. E ela em minha língua me ajudará muito nesse processo de crescimento pessoal e em comunidade. Agora, eu entendo a palavra de Deus com meu coração e não somente pela leitura simples e em outra língua. Muito Obrigada, Sheila Gori”. Este é mais um resultado do nosso ministério. Muito obrigado pelas orações. Vocês fazem parte do nosso sucesso!

Ore agradecendo a aprovação dos livros de Lucas, Filemom e Judas; o clima favorável para a consultoria; a proteção divina em nossas viagens; por nossa saúde; por nossos intercessores e mantenedores; e o avanço da tradução da Bíblia; e interceda pela edição e impressão dos livros consultados; pela gravação dos áudios dos livros; pela edição dos vídeos; pelas aulas do Gabriel, que recomeçam este mês; por nossa saúde e a de nossos familiares; e pela tradução da Bíblia na Papua e no mundo. Você pode transformar uma nação inteira com a sua doação. Para celebrar o Dia da Bíblia, estamos realizando uma arrecadação de ofertas para o projeto Bíblias Para os Povos, pois é por meio deste projeto que as Bíblias são traduzidas e alcançam os povos não alcançados. Contamos com a sua contribuição para completar esta missão. Doe BÍBLIAS PARA OS POVOS Pix: bibliasparaospovos@doeagora. com

Contas Bancárias Junta de Missões Mundiais // CNPJ: 34.111.088/0001-30 Bradesco Ag: 1125-8 cc: 59000-2 Banco do Brasil Ag: 3010-4 cc: 141900-5 Itaú Ag: 9218 cc: 65100-9 Santander Ag: 3894 cc: 13001270-8 Caixa Econômica Federal Ag: 0201 cc: 1165-4 op:003 Adote este projeto


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

“Não desistamos de procurar a excelência. Não desistamos de fazer sempre o melhor” Eloisa Baldin relata experiência na conciliação entre a música na Igreja e nos palcos. Priscila Slobodticov Saffiotte

história, tive muita resistência. Diziam que eu não sabia o que fazer, que não tinha certeza de meu chamado etc. O mais engraçado é que nunca parei de trabalhar com a música na Igreja. Trabalhei até muito mais do que muitos dos que se formaram comigo. Alguns, inclusive, abandonaram sua fé. O Senhor foi bondoso, me conservou e sustentou em períodos difíceis e desafiadores.

jornalista, educadora e musicista

No mês de novembro, os Batistas comemoram o mês da música. Para este ano, em especial, estamos realizando uma série de entrevistas com nossos principais músicos e maestros, que tanto se destacam profissional e espiritualmente. Para encerrar essa série, teremos a participação da maestrina Eloisa Baldin. Nascida em São Paulo, iniciou sua carreira em 1978, no Theatro Municipal de São Paulo, e fez a sua estreia na ópera como Suor Genovieffa, na “Suor Angelica”, de Puccini, em 1981. Desde então, se apresentou nas temporadas desse teatro regularmente, como também em teatros pelo Brasil, tendo cantado sob a regência de renomados maestros. Dentre os vários prêmios, destacam-se o Prêmio no Concurso Jovens Concertistas, de 1978 e 1979, como melhor cantora, promovido pela OSESP e pelo maestro Eleazar de Carvalho; “Melhor Cantora Brasileira”, no XII Concurso Internacional de Canto do Rio de Janeiro; o Prêmio APCA, de 1987, e o Prêmio de Melhor Voz Feminina no Concurso Carlos Gomes de Campinas, em 1996. Bacharel em Música Sacra com especialização em canto e regência coral na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, é regente coral desde 1976, tendo regido corais da Igreja Batista da Liberdade, Igreja Batista Ebenézer, Igreja Batista em Planalto Paulista, Faculdade Teológica Batista de São Paulo, Seminário Mizpá e Madrigal Vozes da Cidade. Diretora de óperas e espetáculos, trabalhou no Theatro Municipal de São Paulo (TMSP), foi coordenadora e fez a direção e concepção do espetáculo de 70 anos do Coral Lírico. Tem quatro CD’s gravados ao vivo, foi cantora do Coral Lírico do TMSP de 1978 a 2013 e professora da Escola Municipal de Música de 2014 a 2016. Desde 2019, é a regente dos corais (Coro Principal, Infantil e Jovem) e Orquestra da Igreja Batista em Perdizes, em São Paulo - SP. Como foi para você dividir os palcos de importantes teatros e lidar com a realidade de um ministério de música dentro de uma Igreja? O contraste sempre foi muito grande. De um lado, um trabalho totalmente profissional. Do outro, nossas limitações na Igreja, o lidar com o povo, as lutas espirituais, que são sempre grandes! O Senhor sempre deu a graça de conseguir fazer as duas coisas e o meu comprometimento com o trabalho do Senhor sempre teve prioridade.

Entrei no Teatro Municipal de São Paulo quando estava no meu último ano da faculdade. Tive que optar, porque os horários eram conflitantes. Estava na Igreja Batista da Liberdade e, no começo, foi um pouco difícil conciliar as duas coisas, mas Deus foi dando soluções. Quando meu marido assumiu o ministério da Igreja Batista em Planalto Paulista - SP, já estava mais adaptada e conseguia me organizar para fazer os ensaios e trabalhar com o coro da Igreja. Aprendi muito no teatro e fazia sempre o possível para trazer o que tinha de bom para o trabalho na Igreja. Fizemos muitas montagens de musicais de Natal e de Ópera de Natal com o que eu aprendia e ficava perguntando aos técnicos de palco como era feito. Foram anos de aprendizagem e consegui usar muito de tudo isso nas produções em nossa Igreja. Até hoje, uso tudo o que aprendi

Compartilhe um pouco sobre os impactos do louvor no púlpito e na teologia. Quais os cuidados e os pontos de atenção sobre esse assunto? A música na Igreja tem mudado muito. Temos mais um louvor com cânticos, quase não usamos hinos. Os corais estão diminuindo. Infelizmente, muitas Igrejas nem sabem mais o que é isso. Ao invés de influenciarmos positivamente com a música de qualidade que nossas Igrejas sempre tiveram, as “novas tendências” vindas de Igrejas neopentecostais foram mais fortes. Nada contra o novo, mas para o novo existir não precisamos extinguir o tradicional. Podemos fazer uma fusão e conservar o que é bom. As letras dos cânticos têm erros crassos teológicos e doutrinários. A repetição, muitas vezes leva as pessoas a um êxtase que não tem nada de espiritual, e estamos nos deixando levar por tudo isso. Sou a última a ser contra as mudanças. Temos muitas novidades na área musical, mas o que vemos hoje vai muito além disso. O pior de tudo, sem base doutrinária ou teológica. A minha maior tristeza no momento é ver a queda do trabalho coral nas Igrejas, do programa de coros graduados, tão importante na educação e formação de crianças e jovens. Tudo na Igreja, para sempre fazer o melhor tem que ser rápido e fácil e isto está para o Senhor! “emburrecendo” nossa juventude. Tão capazes para tantas outras coisas, Quais foram as principais dificul- mas na área musical estão cada vez dades que você enfrentou em sua vida mais rasos. e quais os principais ensinamentos que você gostaria de registrar? Qual o conselho que você deixaria O ambiente de um teatro de ópera para músicos Batistas, principalmente profissional é um ambiente de artistas aos líderes? “loucos”. Precisamos de muita sabeNão desistamos de procurar a excedoria do Senhor. É difícil permanecer lência, o ensino e ajudar nossas crianfirme, porque o nosso inimigo tenta ças e jovens a serem mais profundos de tudo para nos distanciar de Jesus! em seus pensamentos e conhecimento Fui agraciada com um marido mara- musical. Busquemos o ensino musical, vilhoso, que me ajudou, me apoiou e a excelência, a formação dos coros, nunca me deixou sozinha. Ele foi o para que entendam que nosso commeu esteio durante esse tempo todo, promisso com Deus é a única coisa que foi bem longo. Um marido como o que realmente vale a pena nesta vida. que o Senhor me presenteou fez toda Ele é tudo em nós e deve ser tudo para diferença! Ele me deu filhos abençoa- nós. Nada mais é importante. Só Ele é dos, que hoje têm suas famílias firmes a fonte da vida, do louvor e da músino Senhor e servem em suas Igrejas ca! Não desistamos de fazer sempre no Ministério de Música. Em minha o melhor para Sua honra e Glória! n


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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JUVENTUDE BATISTA BRASILEIRA

Um encontro inoxidável Vinicius Vargas

pastor, conselheiro emérito da Juventude Batista Brasileira

Líderes de juventudes de todo o Brasil se reuniram para um encontro de alinhamento, estreitamento de laços e capacitação, entre os dias 02 e 05 de novembro. Estavam presentes representantes de várias juventudes Batistas do país, os coordenadores das diversas áreas de atuação da Juventude Batista Brasileira (JBB), os representantes regionais, que formam o Conselho da JBB, e a coordenadora nacional, Jéssica Martins. O encontro foi fruto de uma parceria entre a Juventude Batista Brasileira, a Convenção Batista do Planalto Central (CBPC) e a LifeShape Brasil. O ponto de encontro foi a Segunda Igreja Batista do Plano Piloto - DF, onde nos reunimos para almoçar. De lá, seguimos para uma visita à sede da Convenção Batista do Planalto Central. Fomos recebidos calorosamente pelo executivo, pastor Luís Cláudio Pessanha, que nos apresentou a sede da Convenção, onde, juntos, oramos pelo Brasil. Partimos para onde seria nossa estadia durante aqueles dias, a fazenda Água Viva, propriedade da LifeShape Brasil, onde os líderes receberam capacitação, puderam celebrar juntos e formar novas conexões entre lideranças das juventudes Batistas (Juba) estaduais Foi um tempo precioso de mesa (e que mesa farta tivemos!) de conversas, de ajustes e de troca de ideias e experiências. Já na noite de abertura, o diretor-executivo da LifeShape Brasil, pastor Heber Aleixo, nos inspirou e nos desafiou a continuarmos a crescer em nossa atuação de liderança seguindo o exemplo de Jesus. Na noite seguinte, esteve conosco o vice-presidente da CBB, pastor Raphael Abdalla, que muitos nos abençoou com uma poderosa mensagem que ressaltou a importância do perdão. Ainda fomos abençoados com mensagens ministradas pelo pastor Guilherme Ferrarezzi, diretor da Juventude Batista do Planalto Central, e pelo pastor Júlio Taveira. Durante as manhãs, logo depois da devocional que fazíamos individualmente espalhados pelas belas paisagens da fazenda, fomos apresentados ao modelo Serve, utilizado pela LifeShape. Os facilitadores Silas Dutra, Jetro Coutinho, Carlos Roberto Júnior, Bruna Lima e Augusto Júnior ministraram as palestras de maneira bastante dinâmica e didática. A JBB teve um tempo de reunião com apresentação de trabalhos relevantes que a Jubas estaduais tem feito pelo Brasil. Os representantes das Jubas do Maranhão, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Pará (uma de cada região) fizeram uma apresentação de sua atuação de mobilização das juventudes e os desafios que enfrentam.

Líderes de juventudes de todas as regiões do Brasil estiveram em comunhão durante três dias, na fazenda Água Viva

O encontro entre as lideranças regionais contou com momentos de busca coletiva e individual

Nesse período de imersão, os líderes foram capacitados com treinamento e alinharam seus objetivos Pastor Thiago Mercedes, coordenador de adolescentes da JBB, também apresentou os projetos para a sua área de atuação. Na última noite, após o culto, participamos de um momento de partilha em volta da fogueira, conduzido por Débora Xavier, da Coordenadoria de Saúde Mental e Emocional da JBB. Ali, cada um pôde expressar aquilo que estava sentindo naquele momento em relação ao que foi o encontro. As ava-

liações foram todas muito positivas. É um consenso de que este feriado foi um renovo para os ministérios e atuações na liderança de todos os presentes: o contato pessoal entre líderes fortalece laços e cria pontes. A capacitação oferecida pela LifeShape certamente fez rever conceitos e rumos, levou a reafirmar convicções e abriu ainda mais as mentes e os corações para aquilo que o Senhor tem chamado cada líder a fazer.

Cremos que o Reino de Deus é um Reino de Amigos e tivemos uma reunião de bons amigos. Como bem definiu o representante do Norte do país, Frédyson Flexa, os laços que criamos são “inoxidáveis”, ou seja, não se desgastam nem sofrem com a ação do tempo. Que esse seja o primeiro de muitos encontros do tipo e que traga vitalidade e renovo necessários para que as juventudes pelo Brasil sejam alcançadas e abençoadas! n


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PONTO DE VISTA FÉ PARA HOJE

Cartas do amor de Deus (5) Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob “O Pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comemos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se” (Lc 15.22-24). O texto mostra a reação do Pai do filho pródigo quando este, depois de gastar todo o dinheiro da sua herança (1/3) e virar mendigo, voltou para a casa paterna. Na volta do filho maltrapilho, temos duas reações: a do Pai, que esbanjava amor, e a do irmão mais velho, que era altamente legalista e não admitia que a festa para o irmão mais novo fosse financiada pela sua herança (2/3). Temos, então, a receptividade amorosa do pai e a rejeição legalista do irmão mais velho. Somos filhos de um Deus de amor pródigo,

extravagante. Deus, que em Seu grandioso amor, nos aceitou como filhos, nos acolheu, nos pôs o anel da filiação, nos deu as melhores vestes, sandálias novas e promoveu um banquete matando o melhor novilho preparado para ocasiões especialíssimas. O filho mais novo não tinha mérito, mas a graça e o amor do Pai o receberam. Este é o ensino paulino (Efésios 2.8-10). Na expressão do verdadeiro amor, há profunda alegria. Os relacionamentos são renovados e fortalecidos. Há um movimento de empatia, harmonia, sintonia e sinergia. O amor de Deus é incondicional. O Seu amor nos aceita. A Sua graça é melhor do que a vida. Somos atraídos por Seu imenso amor em Cristo Jesus. O nosso Pai é que toma a iniciativa da nossa reconciliação com Ele (2 Coríntios 5.18-21). O amor de Deus não vê mérito, mas o valor do ser. Ele não nos ama porque temos alguma coisa para oferecer. Não, Ele nos ama pelo que somos. Não ama por performance ou desempenho.

Deus nos criou e nos salvou em Cristo Jesus. Somos do Senhor por direito de criação e de redenção. Fomos aceitos no Amado, ou seja, em Cristo Jesus (Efésios 1.6). O Seu amor é perfeito em toda a Sua expressão e em Seu alcance. Onde o Deus de amor age, há plena alegria. O ambiente é altamente saudável. O amor de Deus produz paz, satisfação, gratidão, reconciliação, comunhão e contentamento. O amor de Deus não é meramente emocional, mas espiritual. Não age simplesmente na mente, mas no coração, nas entranhas do ser. O Espírito de Deus é o Espírito do amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. É o amor que jamais acaba (I Coríntios 15.4-8). Este mesmo amor é terapêutico, encorajador, criativo e interativo. É o amor que perdoa e faz festa à semelhança do pai que recebeu o filho maltrapilho. O amor de Deus está na contramão do ódio, da intolerância, do preconceito, da violência e da indiferença. O

Deus de amor nos ensina a amar os nossos inimigos, a bendizer os que nos maldizem e a abençoar os que nos amaldiçoam e nos perseguem. O amor de Deus é o remédio que cura a alma ferida. O Deus de amor nos ensina a estender as mãos aos que mais precisam. A investir em pessoas. É o amor do acolhimento festivo. Bendito o Deus de amor que nos alcançou para Si mesmo segundo o bom prazer da Sua vontade em Cristo Jesus. Ele nos incluiu no verdadeiro irmão mais velho, o Senhor Jesus Cristo, que deu a Sua vida para que a nossa festa da nossa salvação fosse garantida no céu (Lucas 15.7). Ele nos vivificou estando nós mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2.1-2). O Seu amor revelado em Cristo Jesus, em Sua morte substituta, em Seu sangue derramado na cruz, é a base da nossa redenção. Vivamos dEle, sob Ele, nEle, por Ele e para Ele. Ao Deus de amor devemos sempre dar glória. Louvá-lo em todo o tempo. n

Teologia da Adoração: O compromisso bíblico do adorador com o Ministério da Igreja Local Jonathan Gomes Souza

ministro de Música da Segunda Igreja Batista de São Luís - MA; professor no Seminário Teológico Batista em São Luís - MA

À luz das Escrituras, entende-se que os servos do Senhor foram criados por Ele para o louvor da Sua glória, conforme o bom propósito da Sua vontade (Efésios 1.11). Os cristãos creem nos dons do Espírito Santo e que Ele concede ao Seu povo dons e talentos para a edificação do corpo de Cristo (I Coríntios 12. 7 e 11). Faz-se necessário compreender que adoração não é música e artes. Estas são um meio para que se alcance o propósito da adoração. Para Allen e Borror, “adoração é uma reação ativa a Deus pela qual declaramos a sua dignidade”. 1 Com base nesta compreensão, entende-se que a adoração é uma resposta do indivíduo à grandeza de Deus. Por isso, todo ato de adoração sempre será ativo e jamais passivo. Isso já denota um compromisso firmado de uma vida de adoração. Shedd, ao explicar o conceito de adoração afirma que ela “significa uma atribuição de honra e glória a quem ou ao que o adorador considera de valor supremo”. 2 Quando o cristão reconhece esse valor, a adoração passa a ter

uma expressão visível e prática de ritos que vão identificar sua forma. Diante disso, tem-se então o compromisso do adorador firmado com Deus e através do Ministério de Adoração da sua Igreja local. Esse compromisso é expresso pelas práticas de adoração, tais como: música, teatro, dança, mídia, escrever roteiros, entre outras práticas que resultarão na glória de Deus e edificação da Igreja através do serviço ministerial. Para tanto, é necessário que haja um preparo do adorador, tanto espiritual como técnico, pois servir através das artes exige dedicação. Ao compreender essa preparação, o compromisso que o adorador tem no ministério é muito importante, pois o servo adorador precisa se dedicar ao serviço ministerial, entendendo que tudo que faz é para a glória de Deus. Quando se fala de compromisso com o Ministério, enfatiza-se primeiramente um compromisso firmado com Deus e com o Seu chamado para cada pessoa a desempenhar na causa do Reino. Alguém que serve no ministério de adoração presta culto a Deus através do seu serviço ministerial, afinal o culto implica também em serviço. Shedd explica que Paulo, em Romanos 12.1, emprega o termo “latreia”, que significa culto, serviço religioso, que era o mesmo termo empregado no Antigo

Testamento para definição dos atos de adoração a Deus. Diante disso, o serviço ministerial realizado com compromisso requer responsabilidade de cada servo adorador em expressar o seu melhor a Deus. Quando o cristão serve assim, está suprindo as necessidades do povo de Deus e, em qualquer ministério que esteja, será bênção para a vida da Igreja, glorificando a Deus por meio do serviço ministerial. Entendendo a realidade de cada Igreja local, é necessário que os líderes estabeleçam valores que firmem o compromisso de seus liderados com o ministério, entendendo que este é consequência de uma vida de adoração, compromissada com o próprio Deus. Diante disso, é muito importante que o compromisso também seja um valor inegociável de um Ministério, pois isso denotará em servos adoradores que entendem que Deus requer de Seus discípulos o melhor em todas as áreas da vida, o que, muitas vezes, exigirá renúncia. Diante de todo exposto, nesta ênfase do compromisso com o Ministério de Adoração, os envolvidos no ministério na Igreja do Senhor precisam compreender que, em qualquer ministério, são servos chamados por Deus e precisam ter um coração de servo, humilde e submisso ao Senhor. Piragine Ju-

nior ensina em suas palavras que “ser servo é dar passos contínuos de fé, é fazer entregas que representam nossa submissão a Deus. Não nos tornamos servos em um único ato. Isso terá de acontecer durante toda a nossa vida. Sempre haverá algo para entregar no altar de Deus”.3 Nesta compreensão, entende-se que o compromisso do adorador está em permanecer sempre diante do altar de Deus que é um local de sacrifício, de ofertar a própria vida a Ele. Um compromisso ministerial verdadeiro, assumido com o Senhor, sempre terá a vida no altar e revelará a todos que o cercam o seu compromisso com a Palavra de Deus, que ensina seus discípulos a serem verdadeiros adoradores. Esta postura vai gerar naqueles que veem ações de graças e testemunho de uma vida ministerial de um servo consagrado ao Senhor, assim como vê-se em II Coríntios 9.12-13. Que possa ser visualizado, nas Igrejas locais, servos e servas adoradores compromissados com o Senhor e com o ministério para o qual Ele os chamou. Esta é a proposta bíblica ensinada e deixada por Jesus Cristo para seus seguidores. A Igreja do presente século também tem a incumbência de vivenciar estes ensinamentos e praticá-los em seu ministério. n

1 ALLEN, Ronald; BORROR, Gordon. Teologia da Adoração: o verdadeiro sentido da adoração. São Paulo: Edições Vida Nova, 2002, p. 16. 2 SHEDD, Russell P. Adoração Bíblica: os fundamentos da verdadeira adoração. 2. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 12. 3 PIRAGINE JR, Paschoal. O líder espiritual: lições práticas de liderança extraídas da vida de Moisés. Curitiba: Editora Águas Profundas, 2021, p. 84.


PONTO DE VISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/11/23

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OBSERVATÓRIO BATISTA

Missão e missões são a mesma coisa? Lourenço Stelio Rega Este artigo busca, de certo modo, resumir, mas também destacar dois pontos que compuseram a série de artigos que concluímos há pouco. Estas duas palavras podem ser consideradas semelhantes, mas possuem grandes diferenças. Nem uma das duas figuram no Novo Testamento. O mesmo que ocorre com a palavra “Trindade”, igualmente de elevado significado. São palavras sinônimas? Não são! Vamos explicar e demonstrar enormes desafios que as duas palavras nos apresentam. Em primeiro lugar, a palavra “missão” vem do latim “missĭo”, que significa “enviar”. No grego, a palavra é “apostello” (αποστελλω), com o mesmo significado. Daí, o Novo Testamento mencionar o dom do apóstolo, que em latim fica como missionário. Tudo para identificar alguém que é enviado ou que vai para algum lugar. Em segundo lugar, “missão” passou a estar ligada a alvos, objetivos a serem alcançados. É uma palavra muito difundida nos meios organizacionais. Por exemplo, a missão de uma organização responde à pergunta “para que ela existe?” Um soldado, por exemplo, é enviado (missĭo) para cumprir sua missão (objetivos) determinada pelo seu comandante. Aqui unimos os dois significados. Com o tempo, foram criados significados que podem estar nos dificultando a ver esses enormes desafios que as duas palavras representam. Mas missões seriam a nossa missão como Igreja? Se aplicarmos estas palavras para a Igreja, teremos de nos aprofundar um pouco mais. A missão da Igreja tem a ver tanto com a finalidade para a qual ela existe, como pelo fato dela ter sido enviada por Deus ao mundo como seu instrumento. De um tempo para cá, ressurgiu no meio teológico a discussão sobre a missão de Deus, representada pela expressão latina “missĭo Dei”, procurando demonstrar que, depois da rebelião no Éden (Gênesis 3), Deus se projeta diante da criação com o objetivo de recuperá-la. Alguns missiólogos chegam a mencionar que Deus se lança como missionário (Se envia) para esse empreendimento de restauração de toda criação decaída. Então, Deus, como missionário, estabelece a missão de restituir à criação os destinos para os quais foi criada. Fazendo uma avaliação mais acurada, é possível notar que a “missĭo Dei” se inicia logo após a rebelião de Adão e Eva no Éden, quando Deus demonstra que o descendente de Eva venceria a serpente, Satanás (Gênesis

3.15). Isso tem sido conhecido como “protoevangelho”, isto é, o primeiro Evangelho. Se você puder fazer um “voo panorâmico” em toda história narrada na Bíblia, notará Deus cumprindo Sua missão, que pode ser chamada de “A grande narrativa de Deus” (Christopher Wright). Essa percepção, ao longo do tempo, tem perdido o seu brilho quando há ênfase em estudos seccionados ou particularizados de livros bíblicos, seja pelo campo da introdução bíblica, e até mesmo pela teologia bíblica. Mas também quando buscamos compreender a Bíblia pela lente temática, como pela teologia sistemática. Tudo isso é importante, mas precisamos cuidar em considerar a Bíblia como um livro uno, inspirado por um só autor que se valeu de cerca de 40 escritores humanos por Ele guiados. Então, se partirmos da compreensão da unicidade da revelação divina, precisaremos recuperar a Bíblia como uma só narrativa. Assim, conseguimos alinhar a visão de um Deus que se lança no Universo para recuperá-lo, tendo enviado por amor Seu filho como instrumento para o cumprimento dessa missão (Romanos 5). Depois disso, até poderemos construir uma teologia bíblica ou mesmo sistemática, contudo com essa lente ou matriz hermenêutica. Uma importante indagação surge: de fato a Igreja tem em si mesma uma missão ou a missão que ela possui foi dada por Deus para que ela cumpra? Novamente, Wright nos ajuda a responder a essa questão ao afirmar que “não é tanto que Deus tenha uma missão para sua Igreja no mundo, mas que Deus tenha uma Igreja para sua missão no mundo. A missão não foi feita para a Igreja; a Igreja [é que] foi feita para a missão: a missão de Deus.” Levando em conta a narrativa bíblica - a grande narrativa de Deus -, não é difícil deduzir que a missão que Deus havia dado para Abraão em ser bênção para todas as nações (Gênesis 12; 15) vai perpetrando na história para o povo Israel, como descendência de Abraão, que deixa de cumprir seu papel de ser uma nação espelho de Javé diante de outras nações. Depois, segue para Judá, que igualmente não cumpre seu papel. Até que chega à Igreja, que Deus a constitui de dois povos um só povo (judeus e gentios - Efésios 2; Romanos 9-11). Em outras palavras, a Igreja não surge do nada, como, muitas vezes, podemos imaginar em livros de teologia sistemática no capítulo de eclesiologia. Ela é o instrumento da continuação da promessa do protoevangelho que Deus fez logo após a rebelião no Éden. Talvez, a preocupação organizacional sobre a Igreja,

que é importante e necessária, tenha nos tomado ao longo do tempo como um tema matricial. Porém, a matriz sobre a existência da Igreja não pode dispensar essa sua conexão com a história de um “Deus missionário”, que se lança para restaurar a criação decaída, inclusive o ser humano. Assim, “missão, a partir do ponto de vista de nosso esforço humano, significa a participação comprometida do povo de Deus nos propósitos de Deus para a redenção de toda a criação. A missão é de Deus” (Wright). Quando pensamos que missões são a missão da Igreja, estamos reduzindo todo esse significado. Se missões se refere a levar as Boas Novas aonde ainda não foram alcançadas, estaremos mostrando apenas um aspecto de toda a missão que Deus tem nos dado. Infelizmente, restringimos essa missão de Deus com ênfase na pregação ou proclamação verbal do Evangelho. Sobre isso, Robert Martin-Achard nos lembra que “a evangelização do mundo não é principalmente uma questão de palavras ou ações: é uma questão de presença - a presença do Povo de Deus no meio da humanidade e a presença de Deus no meio do Seu Povo”. John Piper nos alerta que “as missões não são o alvo fundamental da igreja. A adoração é. As missões existem porque não há adoração. A adoração é fundamental, não as missões, porque Deus é essencial, não o homem. Quando esta era se encerrar e os incontáveis milhões de redimidos estiverem perante o trono de Deus, não haverá mais missões. Elas são uma necessidade temporária. A adoração, porém, permanece para sempre”. Isso nos ajuda a perceber a profundidade da missão de Deus por um lado e a profundidade da missão que Ele nos delega. Não basta levarmos pessoas a Cristo, garantindo-lhe como que uma apólice contra o incêndio do inferno. Essa é uma visão reducionista, por ser individualista e escatológica. Individualista, porque ultrapassa a concepção bíblica de que a salvação é individual, projetando a percepção de que Cristo morreu apenas para o indivíduo, retirando de sua morte e ressurreição a vitória cabal contra Satanás e a redenção de toda a criação (Efésios 1). Mas também reducionista, por ter ênfase escatológica, pois leva a pessoa convertida a pensar em geral apenas na Nova Jerusalém. Pode até estar promovendo a preparação da pessoa para a morte, mas pouco para a vida antes da morte e para viver, enquanto isso, na vida interna e ocupada da Igreja aos domingos, em

que, novamente, a pessoa não é lançada a viver o Evangelho no mundo, a ser um cristão sem fronteiras. Martin-Achard nos desafia a proclamarmos o Evangelho, como também vivermos por meio de ações referenciadas nos valores do mesmo Evangelho. E, mais ainda, demonstrar a presença de Deus em nosso modo de vida. A missão que Deus nos delega pode ser ilustrada como que por dois trilhos de uma ferrovia. Onde um trilho fica sozinho, a viagem se paralisa. Assim a compreensão entre as duas palavras iniciais fica mais clara quando pudermos relembrar esses dois “trilhos” a partir da “missĭo Dei” em que somos todos enviados em missão, como missionários (enviados), para cumprirmos nosso papel missional diante do mundo, impactando-o pela demonstração concreta em nossas vidas da realidade das mesmas Boas Novas. Para que isso se cumpra, a intencionalidade missionária que envolve o alcance do anúncio das Boas Novas aonde não chegaram, se referindo ao trabalho missionário do qual deduzimos a palavra “missões” envolvendo a atuação missionária, evangelística. E temos a dimensão missional, que envolve o papel e atuação de cada cristão manifestando, no ambiente em que vive, a presença de Deus em sua vida, em suas ações, decisões, relacionamentos, convivência à luz dos ideais divinos, e para além do espaço em que está sua Igreja ou comunidade. É como viver sem fronteiras. Esses dois aspectos mobilizam a Igreja a cumprir a “missĭo Dei” como uma comunidade atrativa e de contraste, um povo modelo, uma vitrine do que o Plano da Criação, diante do mundo sem Deus e sem coração, demonstrando o que é viver por meio do poder transformador das Boas Novas. Em resumo, “missões” está incluída em “missão”. É uma das partes da missão que Deus tem dado à Igreja, não a única, nem a mais importante, mas o recurso que Deus providenciou para que a parte mais importante pudesse ser cumprida - viver para a glória dEle, nosso Criador e Redentor. Sem missões, continuaríamos sem a oportunidade de sermos recuperados para cumprirmos o foco central da missão. Uma boa oportunidade para refletirmos sobre estes grandes desafios que temos pela frente a partir dessa visão mais ampla sobre a finalidade para a qual existimos como Igreja, como cristãos. Continuamos à disposição: E-mail: rega@batistas.org Instagram: @lourencosteliorega n



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