OJB EDIÇÃO 02 - ANO 2024

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ANO CXXIII EDIÇÃO 02 DOMINGO, 14.01.2024

R$ 3.60 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901

O Jornal Batista 123 anos

o privilégio de ser parte e escrever a história dos Batistas brasileiros

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Observatório Batista

Nosso brilho é real

Natal dos Missionários

Direto da redação

Mensageiras do Rei completam 75 anos de organização em 2024

Iniciativa dos Batistas do Rio Grande do Norte completa 20 anos

Estevão Júlio, jornalista da CBB, fala sobre o trabalho em O Jornal Batista

O fundamental para a Educação na Igreja

pág. 08

pág. 10

pág. 12

Lourenço Rega apresenta novos paradigmas da Educação pág. 15


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 14/01/24

EDITORIAL

123 anos de muitas histórias

Mais um 10 de janeiro passou e O Jornal Batista completou mais um aniversário. Agora, o órgão oficial da Convenção Batista Brasileira (CBB) tem 123 anos de criação. Quantas notícias, artigos, comunicados, histórias foram publicados durante este período todo, nestas páginas. Sem dúvidas, momentos importantíssimos da história de nós, Batistas brasileiros.

No dia em que este Editorial foi redigido, recebemos aqui na redação de OJB o irmão Antônio Lopes, filho de um dos secretários de redação, que tinha o mesmo nome, e sobrinho de Rubens Lopes, que foi presidente da CBB. Ele nos contou que o seu nascimento e casamento foram noticiados em O Jornal Batista em pequenas notas. Ao visitar o acervo, também encontramos um

texto em homenagem a sua avó. Assim como um pouco da história da família deste irmão está aqui, a de muitas outras também foi registrada. Mais uma vez,, queremos lembrar e agradecer a Deus pela vida daqueles que passaram por O Jornal Batista e fizeram este trabalho se manter até hoje. Diretores, secretários de redação, jornalistas, estagiários, colaboradores,

colunistas: todos foram e são fundamentais para este centenário jornal. Nesta edição, nosso estagiário, Sebastian Zanuncio, trouxe a ideia de entrevistar o atual editor, Estevão Júlio, que fala um pouco sobre o seu tempo como estagiário e os cinco anos que está à frente da produção de OJB. Você pode ler na página 12. Vida longa, OJB! n

( ) Impresso - 160,00 ( ) Digital - 80,00

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Hilquias da Anunciação Paim DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Estevão Júlio Cesario Roza (Reg. Profissional - MTB 0040247/RJ)

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A direção é responsável, perante a CONSELHO EDITORIAL lei, por todos os textos publicados. Francisco Bonato Pereira; Guilherme Gimenez; Othon Ávila; Sandra Natividade Perante a denominação Batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e EMAILs não representam, necessariamente, a Anúncios e assinaturas: opinião do Jornal. jornalbatista@batistas.com Colaborações: decom@batistas.com DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, REDAÇÃO E fundador (1901 a 1919); CORRESPONDÊNCIA A.B. Detter (1904 e 1907); Caixa Postal 13334 S.L. Watson (1920 a 1925); CEP 20270-972 Theodoro Rodrigues Teixeira Rio de Janeiro - RJ (1925 a 1940); Tel/Fax: (21) 2157-5557

Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA


REFLEXÃO

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BILHETE DE SOROCABA

Quero misericórdia Pr. Julio Oliveira Sanches Jesus defendeu Seus discípulos da crítica dos fariseus, que os acusavam da quebra do sábado. O pecado dos discípulos consistia em colher espigas, num dia de sábado, e comer seus grãos. A Lei permitia colher as espigas e comer seus grãos, mesmo no sábado. Não permitia, porém, colher as espigas e levá-las. Ao defender os discípulos, Cristo cita os profetas Oseias 6.6 e Miqueias 6.6-8. Jesus diz: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia, quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes” (Mt 12.7). Jesus sempre defendeu os mais fracos, os desprovidos de proteção da sociedade. Bem diferente da atual sociedade, que desconhece a misericórdia em seus atos cotidianos. Basta guindar uma pessoa à liderança de alguma entidade, e, logo,, você verificará que o orgulho e a vaidade orientarão as suas decisões. Vemos isto acontecer todos os dias. Aquele líder que se mostrava humilde se transforma em

carrasco contumaz, pronto a acionar a guilhotina nos pescoços dos melhores amigos. O sentimento de misericórdia é substituído pelo sanguinário espírito de vingança. Misericórdia significa sentir a miséria do outro. É a empatia ensinada e vivida por Cristo ao longo de seu ministério entre os homens. O Evangelho de Cristo produz na vida do pecador convertido este sentimento. Por misericórdia, o salvo, que experimentou a ação do novo nascimento, passa a ser habitado pelo Espírito Santo, e, automaticamente passa a agir dominado pela misericórdia em seus atos diários. Jesus, ao ver a multidão como ovelhas desgarradas, revelou misericórdia e compaixão. Orientou os discípulos a orarem para que nascessem mais vocações para o ministério: “Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 10.38). Ao ver a multidão que O ouvia com alegria, disse aos discípulos: “Não quero despedir a multidão sem

alimentá-la.” “[...] dai-lhes vós de comer” (Mt 14.16). Tomando o lanche de um menino, orou agradecendo ao Pai aqueles peixinhos e os pães, repartiu-os pelos discípulos e estes à multidão. Todos comeram e ficaram satisfeitos. Fruto da misericórdia de Cristo, que nunca deixa faltar em nossas mesas o pão de cada dia. O universo inteiro revela a misericórdia divina a cada novo dia, em nosso viver prático. A chuva que molha a terra, as flores que brotam em nossos jardins, são frutos da misericórdia divina. Tenho profunda admiração pelas rosas. Mas revelo cuidado com os espinhos que as roseiras têm. Eles sempre deixam marcas, disse em um sermão na primeira Igreja em Indaiatuba - SP. Ao despedir as ovelhas queridas, uma irmã, idosa, disse-me: “Pastor, vou lhe trazer uma muda de roseiras sem espinhos”. No domingo seguinte recebi a muda. Plantei-a com carinho no meu jardim. O tempo todo, a roseira sem espinhos me ofe-

rece graciosamente lindas rosas, que mudam de cor, pigmentação, com a passagem dos anos. Aquela roseira, sem espinhos, me faz lembrar daquela ovelhinha querida. Atrai a atenção dos vizinhos e dos que passam em frente ao jardim. Graciosamente, ela me diz que a graça divina é assim, sem nada cobrar. Misericórdia, compaixão, gratidão e amor são frutos da misericórdia de Deus que oferece graciosamente às Suas criaturas a beleza de um universo colorido, sempre pronto a gerar gratidão nos corações salvos por Sua graça. O carinho de uma ovelhinha que compartilha uma muda de roseira com seu pastor, revelando em seu ato de bondade o carinho pelo ministro do Senhor. Os transeuntes que param para admirar a roseira colorida, o cuidado divino que tudo provê aos seus escolhidos, a gratidão por servir ao Senhor. Conclui que tudo provê da misericórdia divina, sempre abundante na vida dos seus servos. Grato ao Senhor por sua crescente misericórdia. n

Tente outra vez Roberto Celestino

Assim como aquela noite não foi próspera para aqueles pescadores, o ano que passou pode ter sido difícil para muitos. Muitas expectativas foram perdidas ao longo do ano, pois “E, respondendo Simão, disse-lhe: cada dia que passava parecia com Mestre, havendo trabalhado toda a uma rede puxada sem peixes, vazia. noite, nada apanhamos; mas, sobre a A única opção era desistir e lavar as tua palavra, lançarei a rede” (Lc 5.5). redes. vice moderador e diácono da Primeira Igreja Batista em Taquaritinga do Norte - PE

Tem muita gente hoje fazendo isso, lavando as redes sem terem uma perspectiva para o ano que inicia. Naquela ocasião, Jesus entrou no barco e deu nova esperança aos pescadores. Eles entenderam, creram e tentaram novamente sobre a ordem de Cristo. Não é isso que temos de fazer? Deixar o medo e a decepção de

lado, olhar para o ano novo com esperança, enxergando uma nova oportunidade e agir com fé. Assim como essa passagem é conhecida como “a pesca maravilhosa” de Cristo podemos ter um ano maravilhoso, diferente de todos os que passamos, para a honra e glória do nosso Deus. n


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REFLEXÃO

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Autossuficiência ou suficiência do alto Nédia Galvão membro da Igreja Batista do Centenário - Congregação em Areia Branca - SE; professora de EBD; especialista em Ciência da Religião; bacharel em Teologia

O sofrimento é universal, acomete pessoas de todas as faixas etárias, classes sociais e raças. Ninguém está livre do sofrimento, pois ele advém por perdas de entes queridos, catástrofes ocorridas, por enfermidades, por decepções, por violência física e/ ou psicológica, por perseguição, por desprezo, devido a guerras etc. Na passagem de I Coríntios 12.7, o apóstolo Paulo fala de algo que o fazia sofrer, que ele descreve como “espinho na carne”, isto é, uma extrema dificuldade. Vale ressaltar que, apesar do apóstolo saber que seu sofrimento tinha origem em Satanás, ele sabia que Deus é soberano e controla toda situação. Aprendemos neste texto que, até quando existe uma ação por parte do reino das trevas, Deus permanece no controle e impõe limites para o Diabo, pois até “o Diabo é o diabo de

Deus”, como já disse Martinho Lutero. Retornando para o sofrimento do apóstolo Paulo, não se pode falar com exatidão acerca do seu espinho na carne, porque não há consenso do que se tratava. Uns dizem ter sido uma enfermidade, outros apontam para a depressão. Há aqueles que defendem ter sido os grandes sofrimentos vividos pelo apóstolo e até quem defenda que era algum tipo de tentação. É possível que alguém, ao se deparar com essa realidade de Paulo, se identifique e diga: “Eu tenho uma séria dificuldade”, “passo por um grande sofrimento”, “tenho um espinho na carne”. E em tal situação onde buscamos socorro? É a fragilidade da autossuficiência ou a suficiência do Alto que nos socorre? Neste texto de I Coríntios 12, vejo uma das passagens mais belas, mais incríveis da Palavra de Deus. O apóstolo roga, pede, ora a Deus para que aquele espinho fosse retirado (I Coríntios 12.8), mas a resposta de Deus não corresponde às expectativas humanas. No verso 9 deste capítulo, a resposta de Deus é: “Minha graça é sufi-

Olavo Feijó

pastor & professor de Psicologia

Com a força que Cristo nos dá “Posso todas as coisas em Cristo Deus, que é nosso por meio de Cristo que me fortalece” (Fp 4.13). Jesus, o nosso Senhor” (Rm 8.3839). O Salmo mais conhecido, escrito Escrevendo aos cristãos filipen- por Davi, declara: “O Senhor é meu ses, o apóstolo Paulo revela como Pastor: nada me faltará. Ele me faz aprendeu a se beneficiar do poder descansar em pastos verdes e me de Cristo: “Com a força que Cristo leva a águas tranquilas. O Senhor me dá, posso enfrentar qualquer si- renova as minhas forças e me guia tuação” (Fp 4.13). por caminhos certos, como Ele mesA revelação bíblica é definida e mo prometeu” (Sl 23.3). Com Cristo, definitiva: “Eu tenho a certeza de que somos fortalecidos e podemos ennada pode nos separar do amor de frentar as dificuldades. ciente a você [...]”. Quer dizer que você vai conviver com este sofrimento, com esta dificuldade, com este incômodo, com este espinho; mas será sustentado, fortalecido pela graça de Deus, pela suficiência do Alto. É impressionante que do alto vem a graça que nos sustenta e ajuda em meio às mazelas e infortúnios que nos ferem tal como um espinho cravado

em nossa carne. Somos tão pequenos e frágeis para encontrar suficiência em nós mesmos. A autossuficiência é enganosa; mas a suficiência do Alto é certa, pois é o que nos dá graça para suportarmos os inevitáveis espinhos que nos ferem e, ainda assim, convivermos com um contentamento que só têm os que confiam na suficiência do Alto. n

Qual o remédio para a angústia das nações? Marinaldo Lima

partem Para os campos de batalhas, sem saber se voltarão. Vemos o crescimento da angústia das Deixam para trás seus sonhos, suas nações: famílias, Guerras, muita fome, pandemia e so- Vivendo na incerteza, em completa frimento. aflição. Fenômenos climáticos extremos impactando Vemos a angústia de homens e de A vida de bilhões, em completo de- mulheres salento. Vendidos como peças pelo tráfico humano, Ao fio da espada ou com balas mor- Enganados por promessas de falsos benfeitores; rem tantos Nos campos de batalha espalhados Entregues a tratamentos muito mais que desumanos. pelo mundo. Em nome do poder, de ambições e Vemos a angústia de mulheres abuvaidade, Os poderosos tornam cidadãos em sadas, moribundos. Escravas do sexo em vis cárceres priVemos a angústia dos soldados que vados. pastor, colaborador de OJB

Perderam o direito à própria dignidade, Aviltadas numa rede de crimes e pecados.

No Único que pode trazer paz e salvação. Pois só o Senhor, que reinará eternamente, Quando entronizado em bilhões de Vivemos a angústia de em meio a uma corações, guerra Tendo derrotado o acusador de nosVermos outra começar, devastado- sas almas, ramente, Vai trazer a sua paz e a saúde das Com sequestro de civis gritando denações. sesperados, Levados e arrastados tão impiedoJesus Cristo é a fonte da saúde das samente. nações. Vemos a angústia de irmãos em Jesus Nele está a vida, pois da vida é o Criador. Cristo Sendo perseguidos, condenados à Ele é o remédio para todas as angústias, prisão. Outros são mortos por confessarem De todo este mal, é o Único Salvaa fé dor! n


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O bom proveito do amor verdadeiro

Levir Perêa Merlo

pastor, colaborador de OJB

“Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6.7,8). Novo ano, vida nova! O tema da CBB para 2024 é muito significativo: “Vivamos o Verdadeiro Amor”, baseado em João 13.35, principalmente se posto em prática. Falar, declamar, cantar o amor é muito bonito e, muitas vezes, até comovente. Mas nada disso terá sentido se o amor não for vivido no dia a dia. O amor é

um sentimento que só tem sentido se vivenciado, é o testemunho mais profundo que um verdadeiro cristão pode demonstrar. O mês de janeiro é o mês de O Jornal Batista, que completa 123 anos; da 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, em Foz do Iguaçu PR; e da Confraternização Universal, que soa mais como ironia e hipocrisia neste momento. Lembro aqui as guerras entre Ucrânia e Rússia, entre Israel e o grupo palestino Hamas e tantos outros conflitos pelo mundo afora. Como ter um mundo fraterno universal num mundo tão caótico? A solução está no amor verdadeiro que não mata, não sequestra e, muito menos, comete genocídio. O amor verdadeiro, ensinado por Jesus, ama

sem ser amado. Ele manda amar e orar pelos inimigos. Mas como tirar o bom proveito do amor verdadeiro? Vivendo! No hinduísmo, existe uma doutrina chamada de “Karma”, que significa literalmente “ação”. “A lei do Karma é a lei da consequência moral, ou o efeito de qualquer ato da pessoa no passado, no presente ou mesmo em uma existência futura”. De certa forma, temos em parte essa lei na Palavra de Deus, ou seja, tudo o que o homem semear, ele colherá. Deus governa este mundo de uma forma que somos recompensados ou punidos de acordo com o que fazemos nesta vida. Deus tem todo o comando, conhece-nos completa e claramente, e nos faz prestar contas a Ele.

A graça de Deus dada a nós em forma de perdão e salvação não nos livra da necessidade de uma vida responsável e fiel. A graça aumenta a nossa responsabilidade, não a diminui. Só podemos tirar um bom proveito do amor verdadeiro se formos verdadeiramente bons. Nossa semeadura deve ser de paz e justiça. Então, nos apropriamos sempre das coisas boas, que podemos traduzir por bênçãos, e bênçãos espirituais! Que o portão de entrada para o novo ano seja para produzirmos coisas boas, fruto digno de arrependimento. Uma abençoado Ano Novo para todos os homens e mulheres de boa vontade neste mundo. n

Vivamos o verdadeiro amor Raimundo Rodrigues Guimarães Filho

diretor-executivo da Convenção Batista Piauiense (adaptado)

Meus queridos e amados irmãos, é muito oportuno e, ao mesmo tempo, desafiador o tema proposto aos Batistas neste ano de 2024, se levarmos em consideração a atual conjectura marcada por guerras, que são uma clara demonstração da ausência do verdadeiro amor na forma de viver das pessoas. Esse quadro deve nos fazer compreender, enquanto discípulos de Jesus, que somos as pessoas certas para este tempo. Viver o verdadeiro amor, ensinado

e vivido por Jesus, é a maneira que nós, enquanto sua Igreja, temos de demonstrar a todos que somos discípulos de Cristo. Creio que assim como no início da sua história, esse modo de viver fará com que a igreja conte “com a simpatia do povo” e, com isso, o Senhor acrescentará dia a dia os salvos (Atos 2.47). Glória a Deus! Meus queridos irmãos, vejamos 2024 como tempo de oportunidade, como dias de boas novas. Façamos com que tudo quanto se opõe à missão de vivermos o verdadeiro amor torne-se oportunidades de permitirmos o “querer e o realizar” de Deus em nós e através de nós. Essa atitude, ressalto ser imprescindível para trans-

formação de homens e mulheres em discípulos de Jesus Cristo. Viver o verdadeiro amor é desafiador, o que é visto em toda a história. E quanto a nós, discípulos, muito mais, pois nos é exigido um padrão elevado, semelhante ao amor de Deus, “que não depende de reciprocidade, não depende de elogios; é imparcial e é parte essencial daqueles que são discípulos de Jesus”. Para nós, não se trata de uma opção, é uma exigência do Mestre para que o mundo nos reconheça como seus discípulos. Conclamo, portanto, a todos e todas, a consideramos como oportunidade o desafio de vivermos o verdadeiro amor. Considere que pessoas,

para se achegarem a Cristo, dependem de seu modo de viver o amor de Deus na simplicidade de seu dia a dia. O Profeta Eliseu e quatro leprosos, homens indignos e improváveis, nas mãos de Deus, movidos pelo amor, salvaram uma nação. “[...] é dia de boas-novas, e nós nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos por culpados; agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do rei” (II Rs. 7.9). Que este seja o nosso sentimento para com homens e mulheres que ainda não são discípulos de Jesus. Vamos, pois, com urgência anunciar-lhes o grande amor de Deus. Deus nos abençoe, juntos vamos avançar! n


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REFLEXÃO

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Magnificat Alan Senceita Mendes pastor

A história da redenção começa no jardim do Éden, quando o homem pecou e Deus declarou a sentença devida a cada um. Ele disse à serpente: “Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3.15). Ele providenciou para Si um povo, separado, exclusivo, agraciado com a promessa desde seus pais Abraão, Isaque e Jacó. Um povo que em Moisés encontrou seu libertador, em Samuel seu juiz, em Davi seu rei, em Elias seu profeta, e pela boca de um de seus profetas foi dito: “O povo que anda na escuridão verá grande luz. Para os que vivem na terra de trevas profundas, uma luz brilhará [...] Pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros, e ele será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz. Seu governo e sua paz jamais terão fim. Reinará com imparcialidade e justiça no trono de Davi, para todo o sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará

que isso aconteça!” (Is 9.2, 6-7). E por outro de seus profetas completou-se: “Mas você, ó Belém Efrata, é apenas uma pequena vila entre todo o povo de Judá. E, no entanto, um governante de Israel, cujas origens são do passado distante, sairá de você em meu favor” (Mq 5.2). Esta é a história do plano de Deus para a humanidade e Suas promessas ao Seu povo escolhido. Essas promessas não ficaram na antiguidade, antes se cumpriram no tempo eterno determinado por Deus, como Ele havia descrito. Em Jesus, vemos todas as promessas de Deus convergindo e se cumprindo. Em sua vida encontramos a glória de Deus entre os homens e o caminho sendo aberto até o Pai. Quantas vezes não louvamos a Deus pelas coisas que Ele faz em nossa vida, não é mesmo? Pelo que Ele nos provê e contempla com Suas bênçãos e Sua graça constante. Um dos louvores mais conhecidos e aclamados das Escrituras, reconhecido por inúmeros credos por sua inspiração, é o texto de Lucas 1.46-55, conhecido como o cântico “Magnificat” de Maria. Inspirada no cântico de Ana (I Samuel 2.1-10) e no

Salmo 113.5-9, Maria louva ao Senhor pelo que Ele já estava fazendo ao mundo através dela. Mesmo não compreendendo tudo, nem sabendo quais seriam os próximos passos, ela crê que o Criador estava providenciando algo grande para o Seu povo. Ela engrandece (Magnificat) ao Senhor por Sua santidade, bondade e fidelidade com Seu Israel. Ele virou o mundo de cabeça para baixo e cumpriu Suas promessas. Não somente com a sua voz, ou o que ela poderia fazer, mas o mais profundo do seu ser engrandece ao Senhor. Precisamos reconhecer as grandes coisas que Deus tem feito em nossa vida, as grandes maravilhas que o Senhor opera em nosso meio também por intermédio de nós, como Ele não deixa faltar nada para nossa vida, como Ele cuida de nós e está conosco sempre. Ele cumpre Suas promessas, cumpriu todas elas para fazer o Seu plano de redenção para a humanidade que Ele tanto amou. Ele foi fiel a Abraão, Isaque e Jacó, a Davi e a todo Israel, e Ele é fiel também às promessas que tem feito a cada um de nós. De tudo que podemos aprender com o cântico de Maria, uma coisa

deve ficar clara em nossa mente para toda nossa vida. Uma coisa que deve nortear nossa oração, uma coisa que deve estar presente sempre em nosso louvor, uma coisa que deve ser a marca de nossa vida nesta terra e para toda a eternidade, uma única coisa que deve entranhar em nosso ser, a ponto de sermos transformados completamente naquilo para o que fomos criados para ser e que não consigamos mais deixar de ser: a adoração! A nossa adoração, assim como a de Maria, deve ser sincera, simples, entregue a Deus em total submissão e fé. Assim como os anjos adoraram dando glória a Deus nas maiores alturas” (Lucas 2.14), nós também devemos adorá-lO com a nossa vida sempre. Assim como os céus brilharam iluminando o caminho até o Salvador, nossa vida deve resplandecer a glória de Deus em tudo que somos e fazemos. Assim como os rios e mares, terras e montes glorificaram a Deus sob o comando do Seu Cristo, devemos estar prontos a adorar ao Senhor como Ele nos mandar. Louve ao Senhor, adore ao Senhor, engrandeça o nome do Senhor nosso Deus hoje e sempre. n

Só eu posso, mas não posso sozinho... Rogério Araújo (Rofa)

colaborador de OJB

Este é slogan do grupo Na-Anon, de apoio aos familiares de usuários de drogas. A ideia funciona assim: a própria pessoa precisa querer se tratar e assim contar com todo o apoio, no caso da família e do grupo de especialistas e ex-viciados, que no fundo serão totalmente ex, devido a sempre esta-

rem com o vício de maneira iminente. Não parece algo semelhante à vida cristã? Precisamos querer a salvação, pois Deus nos dá total livre arbítrio e, assim, o Espírito Santo tocará nessa disposição o coração e os irmãos da Igreja apoiarão os primeiros passos. “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”, diz Filipenses 4.13. Esse versículo parece meio deturpado por alguns que parecem dizer “eu pos-

so todas as coisas” e se esquecem do principal: Deus. Em todos os momentos, devemos nos lembrar e buscar ao Senhor, e não somente naqueles complicados e difíceis. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl 46.1), diz o salmista nesta passagem que demostra o quanto Deus é onde precisamos nos esconder dos perigos, porque nos protegerá com

Sua força. Não um socorro qualquer, mas um real e que resolve a situação, dando alívio, cura ou paz. “Deus é Deus”, como diz a letra de um cântico: “Não o adoro pelo que Ele faz/Eu o adoro pelo que Ele é/Haja o que houver sempre será Deus”. Coloque-se diante de Deus, em oração, e diga para Ele: “Senhor, tu sabes que eu nada posso sozinho, mas com Tua ajuda tudo posso”. n


MISSÕES NACIONAIS

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“É proibida a entrada de pessoas perfeitas”

Ricardo Amaral

pastor da Missão Batista Underground Church

Adaptação

Redação de Missões Nacionais

Esse é o lema da Missão Batista Underground Church (MBU), mais uma Igreja organizada em nossa nação! Missão Batista Underground com apoio da Igreja Batista do Brooklin SP, teve seu início no final de 2011, com o objetivo de tornar o Evangelho acessível às diversas Tribos Urbanas da comunidade do Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo. Com linguagem própria, esse trabalho começou com os missionários da Junta de Missões Nacionais (JMN) Leandro Poçam e Vania Poçam. Desde o início, a finalidade principal da MBU foi a proclamação do Evangelho a “toda criatura”, visando a expansão do Reino de Deus, cumprindo “A Grande Comissão” de Cristo, baseada em Mateus 28.18-20. A prioridade sempre foi evangelizar as cidades, realizando “Missões Urba-

nas”, e tornando eficaz e contextualizada a mensagem de Cristo para o fácil entendimento de todos. O objetivo é evangelizar e discipular todas as pessoas, de forma estratégica e leve, mas responsável. No dia 09 de dezembro de 2023, a Missão passou a ser oficialmente Igreja, seguindo com a mesma visão Underground, que nunca deixará de existir. A frase na placa da Igreja: “proibida a entrada de pessoas perfeitas” ainda causa desconforto e até mesmo debates, mas ela faz todo o sentido para o povo que vive onde a Igreja está instalada, um povo que, muitas vezes, é excluído em e por muitas Igrejas. Hoje, pastor da MBU Church, Ricardo Amaral é fruto do trabalho da missão. Atuante desde o início, ele conheceu o Senhor, passou por um Seminário Teológico e foi consagrado ao Ministério Pastoral em 2021, pela Igreja Batista do Brooklin - SP, em parceria com a Junta de Missões Nacionais. Com a dinâmica dos Pequenos Grupos Multiplicadores, as pessoas

A Missão Batista Underground tem como foco alcançar pessoas no espaço urbano, na cidade mais populosa do país foram chegando e a MBU foi crescendo. Para o futuro, os mesmos planos do início: evangelizar as cidades realizando “Missões Urbanas”, tornar eficaz e contextualizada a mensagem de Cristo para o fácil entendimento

de todos, evangelizar e discipular todas as pessoas, e multiplicar Igrejas com princípios bem definidos: Oração, Evangelização Discipuladora, Plantação de Novas Igrejas, Formação de Líderes e Compaixão e Graça. n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

Natal dos Missionários, da CB Norte Riograndense, completa 20 anos Atividades acontecem durante três dias.

Convenção Batista Norte Riograndense organiza um momento de lazer e arrecada doações para seus missionários, em todo final de ano Convenção Batista Norte Riograndense A Convenção Batista Norte Riograndense tem dedicado seus esforços para celebrar o Natal de uma maneira especial e significativa, ao longo de duas décadas. E caminhamos visando otimizar cada vez mais, entendendo que a missão de cuidar é uma necessidade vital para nossos missionários. O propósito do nosso Natal dos Missionários vai para além das festi-

vidades de fim de ano. É uma atividade que abraça o propósito de cuidar daqueles que se dedicam incansavelmente ao serviço missionário. Oferecemos não apenas momentos de lazer, mas também de alegria, generosidade relaxamento e cuidado. Durante três dias, a Convenção Batista Norte Riograndense conta com a parceria de uma variedade de profissionais voluntários que somam forças conosco, oferecendo atendimento médico, estética, barbearia, fisioterapia, entre outros serviços.

Além dos serviços oferecidos, também organizamos uma noite especial e temática, em que os missionários têm a oportunidade de se divertir e interagir em um ambiente descontraído. A celebração é marcada momentos de risos, comunhão e conexão entre essas famílias que, muitas vezes, estão distantes de suas próprias comunidades. O tema desta vez foi “Anos 80”. Não podemos deixar de reconhecer, valorizar e agradecer o compromisso e empenho das nossas Igrejas e promotores de missões do estado, agin-

do juntos com a Convenção Batista Norte Riograndense, na confecção de cestas natalinas, tornando possível e otimizando essa celebração de amor e cuidado! Queremos incentivar os Batistas de todo o Brasil a fazerem o mesmo em seus respectivos estados. Que Deus os abençoe! “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal” (Rm 12.10). n

Pastor Batista desperta consciências sobre saúde mental em instituições religiosas

Rafael Dantas

Marcos Lima aborda alienação emocional dos líderes cristãos.

jornalista, membro da Primeira Igreja Batista em Dois Unidos - PE

Chegamos ao primeiro mês do ano, quando o país trata a pauta do “Janeiro Branco”, com foco nos desafios da saúde mental. Com sua experiência de atuação na rede de ensino de Rio Formoso- PE e na Primeira Igreja Batista em Tamandaré-PE, o pastor e psicanalista Marcos Lima ministrou uma aula na 11ª Formação de Capelania Escolar de Missões Nacionais. O encontro, que aconteceu de forma virtual no mês passado, tratou sobre a urgência de debater a saúde mental nas instituições religiosas. O pastor pernambucano expressou sua preocupação, destacando dados alarmantes na sociedade mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – apresentavam algum transtorno mental. O suicídio foi responsável por

mais de uma em cada 100 mortes, e 58% desse infortúnio ocorreu antes dos 50 anos de idade. A depressão e ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. “Mesmo após a pandemia, as instituições religiosas ainda não reconheceram a relevância desse debate, contribuindo para o aumento dos transtornos mentais. Precisamos desconstruir paradigmas e preconceitos propagados por séculos”, alerta o pastor. No Brasil, a situação é crítica, conforme indicam dados do IBGE e da OMS, compartilhados pelo pastor na aula: “Com mais de 11 milhões de brasileiros depressivos, lideramos o ranking mundial de transtornos de ansiedade”. Segundo levantamento de dados realizado pela Pesquisa Vigie, do Ministério da Saúde, em 2021 cerca de 11,3% dos brasileiros receberam um diagnóstico médico da doença. Um número superior à média apontada pela OMS para o país, que é de 5,3%. A preocupação do pastor Marcos

Lima vai além dos números: “No meio cristão, a saúde mental é ainda mais ignorada. Líderes religiosos também enfrentam desafios significativos, com 70% dos pastores lutando contra a depressão e 80% acreditando que o ministério afeta suas famílias”. Os dados são do Instituto Schaeffer. O pastor trouxe à tona eventos trágicos de 2017, quando vários líderes religiosos tiraram a própria vida, ressaltando a necessidade urgente de debates e discussões informais no meio religioso. Ao abordar a alienação emocional enfrentada pelos líderes cristãos, o pastor destacou a influência negativa das redes sociais e influenciadores digitais. “Vivemos numa geração influenciada pelo marketing propagandeado pelas redes sociais, cujo contexto exige de todos os seguidores apresentar sempre um bem-estar sorridente, como sinônimo de felicidade, com postagens de possíveis conquistas amorosas e materiais, onde não se revela o verdadeiro “eu”, o qual, geralmente, se esconde por trás de um

O pastor e psicanalista Marcos Lima ministra aula na Formação de Capelania da JMN travesseiro de lágrimas”, ressaltou. O pastor destaca que enquanto houver pouco ou quase nenhum espaço para o debate, continuaremos a nos deparar com números cada vez mais alarmantes de ansiedade, depressão e suicídio entre os cristãos. “Faz-se necessário cuidar da saúde física, espiritual e também mental. Cuidar da mente é cuidar da vida”, concluiu. n


MISSÕES MUNDIAIS

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Sonhos realizados em Moçambique Eli Costa e família missionários em Moçambique

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Nossa palavra sempre será de gratidão ao Senhor por nos permitir passar todo o ano de 2023 e vivenciar tantas bênçãos, tantos milagres, tanto cuidado. Louvamos a Deus, também, por sua vida, que a cada mês contribuiu para que a missão fosse realizada. Ainda não completamos a missão, há muito para fazer. Por isso, devemos caminhar juntos, sabendo que o Senhor é quem nos ajuda, provê e restaura. Novembro foi um mês intenso e de muito trabalho. Organizamos e planejamos o Projeto Ummi, com destaque para as oficinas, em que as meninas têm aprendido habilidades e instrumentos novos que permitirão que elas façam e ajudem as suas famílias. Elas participaram da oficina para aprender a fazer bolo e confeitar. Uma das nossas jovens fez o bolo da graduação do Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE) e já conseguiu até uma encomenda. Deus é fiel. E agradecemos à missionária Ludmila, parceira do projeto UMMI. Continuamos com as avaliações no Projeto English For Life e o fortalecimento da Congregação local. Nosso estudo bíblico com mulheres se intensificou. Trouxemos temas que confrontam a cultura e vemos Deus libertando nossos jovens. Rosa compartilhou o seu testemunho e disse que, a cada estudo, ela aprende mais sobre Deus e que nEle pode confiar, não buscando mais as soluções na feitiçaria. É algo para glorificarmos! Tivemos, também, um grande livramento. Uma das nossas meninas, ao brincar, caiu de uma árvore, de uma altura considerável. Ela foi levada imediatamente ao hospital e, graças ao nosso bom Deus, não teve fratura. É o Senhor quem guarda e protege! Tivemos mais um sonho realizado, para a glória de Deus. Você com certeza já ouviu falar do PEPE, da Junta de Missões Mundiais. É um programa que tem o objetivo de levar ensino e princípios cristãos, principalmente às crianças mais vulneráveis da sociedade. Em todo Moçambique, há esco-

las do PEPE. Só não havia em nossa província, Ummi,, onde há presença muito forte do islamismo. Oramos ao Senhor e Ele nos enviou um jovem moçambicano, chamado Ezequiel,q ue aceitou o desafio de implementar o primeiro PEPE aqui e dirigi-lo. Mesmo diante dos enormes desafios, não desistiu e o nosso PEPE começou com 40 crianças matriculadas. Agora, comemoramos nossa primeira graduação com os alunos de cinco anos. Ficamos impactados ao ver que todos escreviam seus nomes comple-

tos e respondiam questões de ciências, matemática e até da história de Moçambique. E o mais importante: aprenderam sobre o amor de Deus. Uma das mães, muçulmana, disse que está encantada com o ensino que a filha recebe e que ela vai fazer propaganda da escola. Ore conosco para que, através dessas crianças, todas as suas famílias sejam salvas. E celebrem conosco o PEPE Ummi, levando esperança ao coração da criança. Recebemos, de presente, duas máquinas de costura, para iniciar uma nova oficina com as jovens do Projeto

Ummi que completam 18 anos. Ore pela expansão do Projeto Ummi; pelos novos crentes; pela consagração da missão para Igreja e o concílio do teólogo Ezequiel; pela plantação de novas Igrejas e pequenos grupos de estudos bíblicos; pelo fortalecimento e provisão para os projetos Ummi e English for Life; pela paz em Moçambique; pelo PEPE em Lichinga; pela expansão do PEPE no país; e pelo envio de uma das nossas obreiras YAO para o seminário teológico. No Poder do Espírito, Vamos completar a Missão! n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

“Nossa vontade é que tenhamos cada vez mais notícias de todo o nosso Brasil Batista” Estevão Júlio, o rosto por trás do maior jornal Batista no país. Sebastian Zanuncio

inclusive com os nossos colunistas e colaboradores. Além da comunicação e relacionamento, acredito que o respeito também deve fazer parte desta equação. Em alguns momentos já aconteceram, sim, alguns desencontros, ruídos de comunicação, mas que prontamente foram resolvidos. Como disse, quando comunicação, relacionamento e respeito andam juntos, tudo flui da melhor maneira.

estagiário do Departamento de Comunicação da Convenção Batista Brasileira*

O Jornal Batista (OJB) é o órgão oficial da Convenção Batista Brasileira (CBB) há 123 anos. Pela lógica, ele deveria ter sido criado pela CBB para publicar seus pronunciamentos e notícias. Contudo, o maior periódico dos Batistas no Brasil surgiu no primeiro ano do século XX, seis anos antes da própria organização ser fundada. O amor pelo registro da obra Batista tem tanto tempo quanto a unidade denominacional. Os missionários pioneiros Zacarias Taylor e Salomão Ginsburg possuíam jornais: “Echo da Verdade” e “As Boas Novas”, respectivamente. Ambos decidiram doar todo o maquinário e patrimônio das publicações para criar OJB, na cidade do Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 1901. Este é um texto metalinguístico, bem como este jornal. Assim opina Estevão Júlio, responsável por coordenar o periódico há mais de cinco anos. Na verdade, ele trabalha no semanal desde a época em que sentava na minha cadeira, como estagiário no Departamento de Comunicação (Decom) da CBB. O jornalista compartilhou suas vivências como editor-chefe e contou suas percepções sobre o jornal para os Batistas Brasil afora. Desde 2018, você coordena o Departamento de Comunicação da CBB. Mas você já atuava como estagiário desde 2016. Compartilhe as experiências mais marcantes desse período de estágio. Sim! No dia 1º de junho de 2024, completarei oito anos subindo as colinas do Centro Batista e atuando no Departamento de Comunicação da CBB. Bom, são muitos momentos marcantes neste período, mas quero destacar, em primeiro lugar, a cobertura do culto em comemoração aos 110 anos da CBB e suas juntas missionárias, realizado na capela do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Eu tinha pouco mais de um ano como estagiário e minha chefe, Paloma Furtado, me confiou a responsabilidade de escrever esta matéria para O Jornal Batista. O conteúdo foi capa daquela edição e fiquei muito feliz

com a oportunidade de colocar em prática o que aprendia na faculdade de Jornalismo e no dia a dia no Decom CBB. Outra experiência marcante foi quando a minha chefe saiu de férias por 15 dias. Foi um período pequeno, mas nunca tinha assumido algo tão importante e sozinho. Fiquei bem apreensivo, ainda mais porque, para tirar minhas dúvidas com ela, era um pouco difícil, tendo em vista que ela estava em outro país. Mas, graças a Deus, tudo deu certo e isso me preparou para o futuro como coordenador do Decom CBB, quando, em várias ocasiões, precisei trabalhar em “carreira solo”.

Igreja Batista inclusive, para tirar do papel o que planejamos. O objetivo era trazer algo mais moderno, mais “clean” para o jornal, que conversasse mais com o tempo em que vivemos. O Jornal Batista existe antes mesmo da Convenção Batista Brasileira e permanece atuante. Para você, qual é a importância do periódico para a denominação? O fato de O Jornal Batista existir antes mesmo da organização da Convenção Batista Brasileira, organizada em 1907, já mostra a importância que os Batistas brasileiros sempre deram a sua doutrina, estudos bíblicos e sua tão rica história. Penso que OJB é um veículo metalinguístico, ou seja, um jornal dos Batistas contando a história dos Batistas. As páginas deste periódico são riquíssimas quando se trata da nossa história. Vez ou outra, através do acervo online, visito as antigas edições para conhecer mais do nosso passado. Então, acredito que preservar e escrever os feitos dos Batistas brasileiros seja a sua principal função.

No segundo ano em que você estava à frente do Departamento de Comunicação, O Jornal Batista passou por uma repaginação na sua identidade visual. Qual foi a ideia dessa mudança? A mudança foi concretizada em 2019, logo após a 99ª Assembleia da CBB, mas, muito antes - acho que em 2018 -, já trabalhávamos nesta atualização. A ideia partiu de Paloma e ela permitiu que eu participasse ativamente Comunicação e relacionamento deste processo. Então, busquei diver- dependem um do outro. Enquanto jorsas referências para que chegásse- nalista da CBB, como tem sido sua mos ao que temos hoje. Lembro que relação com os leitores? É bem tranquila, graças a Deus, convidamos um designer, membro de

OJB reúne notícias de todas as partes do país. De que forma os conteúdos chegam no Departamento de Comunicação? As notícias chegam de diversas maneiras. Através dos e-mails do Departamento de Comunicação da CBB: editor@batistas.com e decom@ batistas.com. Temos também um WhatsApp para receber as notícias, o que acelerou bastante a chegada de conteúdos para OJB. O número é 21 9-7291-4938. Além disso, constantemente visitamos as redes sociais e site das Convenções Estaduais e organizações para pesquisarmos conteúdos para O Jornal Batista. Nossa vontade é que tenhamos cada vez mais notícias de todo o nosso Brasil Batista. Pela quantidade de Igrejas que temos em nosso país, ainda recebemos pouco material. Então, peço, convoco, você que lê esta entrevista, a enviar as atividades da sua Igreja para nós. Será um prazer ler e publicar. O centenário O Jornal Batista viu muitas mudanças tecnológicas desde sua fundação. Como OJB se relaciona com este novo espaço digital? O relacionamento é o melhor possível. Muito antes de eu chegar aqui, as pessoas já podiam, por exemplo, acessar a versão digital de O Jornal Batista. E mais do que isso, realizarem assinatura neste formato. Imagino também que, há muitos anos, o tempo para produzir as edições era maior, pois nada era digital. Hoje, em poucos dias, conseguimos preparar todo o material. Os tempos mudaram e OJB acompanhou as novas estações da Comunicação. E é muito bom fazer parte disso. n *Sob supervisão de Estevão Júlio, jornalista responsável pelo Departamento de Comunicação da CBB


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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CB Alagoana realiza última reunião do Conselho do Planejamento e Coordenação de 2023 Presidente da CBAL expressa sua gratidão pelo trabalho desempenhado no ano. Carlos Ruben

pastor, presidente da Convenção Batista Alagoana

Realizamos a última reunião do Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Alagoana em 2023, no dia 12 de dezembro. No encontro, foram encaminhados e discutidos assuntos importantes da nossa denominação. Como atual presidente, quero registrar a minha gratidão a todos que se fizeram presentes, não apenas neste dia, mas durante os trabalhos e muitas reuniões realizadas no decorrer do ano. Destaco os membros da Diretoria Estatutária, que sempre ao serem convocados, muitas vezes de última hora, prontamente se fizeram presentes, com disposição e alegria em servir. Os membros do Conselho, que mesmo morando em bairros e cidades distantes, tiveram uma boa frequência em nossas reuniões. Agradeço a todas as Igrejas que compõem nossa Convenção, que se fazem presentes nas tomadas de decisões, na fidelidade ao Plano Cooperativo e ofertas missionárias.

Diretoria da Convenção Batista Alagoana Também estendo, de forma especial, minha palavra de gratidão à toda a equipe do escritório: pastor Djalma Inoue, Pedro Cruz, Izabela de Oliveira e João Vitor. Eles não medem esforços para servir em tempo e fora de tempo, até nos expedientes estendidos para além do horário, e em viagens e eventos externos, em que chegam a passar dias fora de casa. Que Deus continue abençoando cada Igreja, pastor e líder do nosso estado. Que continuemos a avançar neste mesmo espírito de parceria, colocando em primeiro lugar o Reino de Deus. n

Conselho de Planejamento e Coordenação da CBAL

Diretoria da Convenção Batista Alagoana e Conselho de Planejamento e Coordenação

Convenção Batista Baiana atualiza gerência de Expansão Missionária Novo gerente deixa um legado de sete anos como pastor da PIB em Santo Antônio de Jesus - BA. Departamento de Comunicação da Convenção Batista Brasileira (com informações da Convenção Batista Baiana) O Conselho Geral da Convenção Batista Baiana (CBBA) aprovou o nome do pastor Francisco Lima para o cargo de gerente de Expansão Missionária, durante reunião dos conselheiros, no dia 01 de novembro de 2023. Francisco deixou a liderança da Primeira Igreja Batista em Santo Antônio de Jesus - BA para assumir a nova função, a partir deste mês. Durante seu pastoreado de sete anos na PIB em Santo Antônio de Jesus - BA, pastor Francisco marcou a Congregação com avanços. Entre eles, implementou a Embaixada Zachary Clay Taylor, em homenagem

Nomeação aconteceu na reunião do Conselho Geral da CBBA ao missionário americano e à sua 2023. No Conselho Geral da CBBA, contribuição para a obra Batista na ele já atuou como relator do Comitê região. Além disso, presidiu a Asso- de Administração e Finanças. ciação Batista Nazarena de 2022 a Louvamos a Deus por isso e dese-

Pr. Francisco Lima jamos que o Senhor abençoe o pastor Francisco e sua família neste novo momento ministerial, na área de Missões no estado da Bahia. n


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PONTO DE VISTA FÉ PARA HOJE

Como ser solidário num mundo marcadamente egoísta e alienado Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus era com Ele” (At 10.38). Martin Luther King afirmou: “A questão mais urgente da vida é o que você está fazendo para os outros”. Bob Pierce, quando fundou a Visão Mundial Internacional nos Estados Unidos, compartilhava da mesma visão do doutor King, líder negro norte-americano que lutou pacificamente pela igualdade racial em seu país. A história da Visão Mundial Internacional, que está em cerca de 100 países levando água potável, trabalhando fortemente para a erradicação da fome e a desnutrição, em projetos de educação e levando saúde para as populações muito pobres é um modelo de instituição solidária bem-sucedida. Na Bíblia, temos alguns casos de solidariedade e ajuda aos que mais precisam: a ordem de Deus aos israelitas quando colhiam os frutos da terra (Levítico 23.22); a oferta de Barnabé (Atos 4.36-37); o trabalho de Dorcas em favor das viúvas e dos pobres (Atos 9.36, 39-40); e a assistência das Igrejas da Macedônia em favor das Igrejas da Judéia no período da seca (II Coríntios 8 e 9). Destaca-se II Coríntios 8.5: “E não somente fizeram o que esperávamos, mas primeiramente

deram a si mesmos ao Senhor, e a nós pela vontade de Deus”. Paulo, por meio de Timóteo, manda um recado aos mais abastados: “Ordena aos ricos deste mundo que não sejam orgulhosos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede amplamente todas as coisas para delas desfrutarmos; que pratiquem o bem e se enriqueçam com boas obras, sejam solidários e generosos” (II Timóteo 6.17,18). Este texto nos motiva a agir em favor dos que mais precisam de atos de misericórdia. Há muita gente com fome, experimentando miséria, doentes física, emocional e espiritualmente que carecem de práticas de amor profundo - o amor de Cristo em nós. O que nos ajuda a aumentar a sensibilidade em relação aos que sofrem é a leitura de biografias de homens e mulheres de Deus que estavam comprometidos como servos entre os pobres. Eles amavam Deus mais do que a si mesmos. Por também amarem o próximo, pensavam mais nos outros do que em si mesmos. Eles são chamados de revolucionários do bem. A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem uma história interessante: criada em 1971, na França, por jovens médicos e jornalistas. Desde então, MSF leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres na-

turais, epidemias, desnutrição ou sem qualquer acesso à assistência médica. Além disso, a organização busca chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos, dando visibilidade a realidades que não podem permanecer negligenciadas. Outro caso muito interessante é o da doutora Zilda Neumann Arns: em 1983, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a doutora Zilda Arns criou a Pastoral da Criança com Dom Geraldo Magela Agnello, cardeal Arcebispo Primaz de São Salvador da Bahia, que na época era Arcebispo de Londrina - PR. Foi então que desenvolveu a metodologia comunitária de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra João 6.1-15. A educação das mães por líderes comunitários capacitados revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças facilmente preveníveis e a marginalidade das crianças. Após 30 anos, a Pastoral acompanha mais de 1,2 milhão de crianças menores de seis anos, 72 mil gestantes e 1 milhão de famílias pobres, em 3.881 municípios brasileiros. Seus mais de 205 mil voluntários levam fé e vida, em forma de solidariedade e conhecimentos sobre

saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres. Em 2004, a doutora Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar, organizar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Mais de 163 mil idosos são acompanhados todos os meses por aproximadamente 19 mil voluntários. Infelizmente, ela faleceu em 12 de janeiro de 2010, em consequência de um terremoto na cidade de Porto Principe, no Haiti, onde onde estava a serviço da organização. À luz dessas experiências muito positivas, quais devem ser as nossas atitudes como Batistas brasileiros? Primeiro, precisamos olhar para os ensinos e exemplos das Escrituras. Segundo, devemos nos colocar à disposição de Deus para exercermos a solidariedade, o exercício da misericórdia. Terceiro reunir mais pessoas com a mesma visão. Quarto, ler muito sobre esse assunto. Quinto, formar uma equipe cujos membros tenham o dom da misericórdia e estejam dispostos a ajudar as pessoas carentes. Sexto, colocar as mãos na massa. Sétimo avaliar e buscar sempre a excelência no projeto de solidariedade, criando uma rede de solidariedade. Não se esqueçam: onde há pessoas solidárias não existem pessoas solitárias. Onde há pessoas que amam com o amor de Cristo não haverá pessoas sem serem atendidas. n


PONTO DE VISTA

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OBSERVATÓRIO BATISTA

Novos paradigmas para a educação na Igreja Lourenço Stelio Rega Na realidade não são completamente novos, mas, talvez, novos para uma reengenharia e aprofundamento dessa tão importante e estratégica área em uma Igreja. Poderemos começar com alguns detalhes sobre fundamentos ou alicerces que venham a dar suporte para os pilares e demais componentes do “edifício” funcional e existencial da educação na Igreja. Pode ser até natural que venhamos pensar que a educação ou outra área da Igreja existam para compor a sua estrutura ou mesmo atender demandas institucionais-denominacionais. A partir disso, viriam os seus demais componentes, tais como currículo, estrutura organizacional, objetivos educacionais a isso alinhados, literatura, capacitação docente etc. Seria como que transformar estas áreas em fim, e não em meios ou ferramentas para o Reino de Deus. Na realidade, esses fundamentos possuem diversos coloridos ou matrizes que vão direcionar os demais componentes que constituem a educação na Igreja. Se houver algum equívoco ou ausência entre eles, o “edifício” educacional não conseguirá cumprir seu papel. Para simplificar, os fundamentos devem partir da Bíblia, mas também ao que é a essência técnica da área educacional. E, da mesma forma, temos o fundamento filosófico-teológico, que dá suporte às questões essenciais entre a educação, a vida e a Bíblia. O ponto de partida de tudo deve ser Deus e Seus propósitos para a criação, que podemos chamar de Plano da Criação (Gênesis 1-2). Os estudos bíblico-teológicos e missiológicos atuais nos levam a refletir que, quando falamos em Deus, estamos falando na Trindade. Não há como pensar em Deus à parte disso. Assim, a educação, seja na Igreja, seja teológica, seja na educação civil, deverá ser trinitária, pois isso tem uma visão de historicidade da ação divina em toda linha do tempo como resultado do que chamamos de triunidade. Se focarmos apenas em uma pessoa da Trindade (por exemplo, educação cristocêntrica), poderemos fracionar ou segmentar todo significado da ação divina na história. Felizmente, esse tema já tem sido superado no campo dos estudos teológicos e missiológicos. Temos, assim, fundamentos bíblico-teológicos, como a Teologia (dou-

trina de Deus) e a Cosmologia (doutrina da criação e do cosmos). Dentro desse cenário, podemos avançar historicamente e apontar para o fato da queda ou rebelião contra o Criador (Gênesis 3) que levou a raça humana a se desviar do Plano da Criação. Temos aqui a Hamartiologia (doutrina do pecado). A partir desse destrutivo fato histórico, Deus, logo no início, Se move para restaurar toda criação ao declarar o primeiro Evangelho (protoevangelho em Gênesis 3.15). A isso chamamos de missĭo Dei, isto é, a missão de Deus (Trindade) em restaurar tudo, inclusive a vida humana. Então, Ele Se lança a si mesmo como “missionário”, em direção ao cosmos e à humanidade rebelde, para que possam ser recuperados. E este é um sólido fundamento para tudo o que fazemos como Igreja, pois Deus nos chama, como cristãos, para sermos emissários dEle nesse papel missionário. Interessante notar, nesse momento, a necessidade de aprofundarmos nossa compreensão sobre o conceito de missão e, pois “[...] não é tanto que Deus tenha uma missão para sua Igreja no mundo, mas que Deus tenha uma Igreja para sua missão no mundo. A missão não foi feita para a Igreja; a Igreja é que foi feita para a missão: a missão de Deus [missĭo Dei]. Missão, a partir do ponto de vista de nosso esforço humano, significa a participação comprometida do povo de Deus nos propósitos de Deus para a redenção de toda a criação. A missão é de Deus” (Christopher Wright). Assim, a educação, seja qual a sua forma, tem de partir da missĭo Dei como ferramenta para trazer de volta a pessoa ao Plano da Criação (II Coríntios 5.17) e, quando alguém aceita o Evangelho, deve receber da Igreja suporte para ser transformado e não apenas educado. Educação na Igreja orientada pela missĭo Dei supera questionamentos do tipo: se pregamos um Evangelho que transforma, por que não tem transformado pessoas que se convertem? Por que ainda há muitas mazelas, política, maledicência em nosso meio? Uma educação assim é radical, não apenas sendo um meio de transmissão de conhecimento (saber), mas também na formação ministerial e de prática de vida dentro e fora do ambiente eclesiástico (fazer), assim como na formação afetiva (sentir), relacional (conviver) e interior da pessoa, em seus impulsores de caráter (ser).

Educação, mais do que preparar a pessoa a ser um bom membro envolvido nas atividades dominicais da Igreja, tem o papel de preparar o cristão a ser uma tradução do Plano da Criação, por meio da verbalização (falar) das Boas Novas, mas, muito mais, pela transformação de seu caráter (ser) que vai se refletir em suas ações e decisões diárias no ambiente em que está, sendo sal, luz e embaixador do Reino (fazer). Quando pensamos em educação apenas como uma área institucional sem estas conexões, estamos considerando a formação da Igreja como um corpo religioso. Somos mais do que isso. A Igreja é “a nova humanidade que é uma imagem da vontade de Deus no final da história universal para trazer unidade a todas as coisas no céu e na terra sob Cristo (Efésios 1.10; 2.11- 22). É somente quando o mundo vir um corpo unido que acreditará que o Pai enviou Jesus” (Goheen). Qualquer plano ou projeto educacional que busca modelar a educação apenas de forma estrutural e institucional sem ser necessidade instrumental da missĭo Dei, leva a educação a ser apenas coligada à vida dominical, deixando de lado que a “Igreja é um povo enviado ao mundo sete dias por semana como testemunhas do reino de Deus, em contraste com a Igreja como um povo reunido um dia para adoração [e ocupação religiosa]” (Goheen). A educação na Igreja é fundamental e estratégica, pois é a ferramenta prioritária para cumprir o que chamamos em missiologia de mandato cultural (tema para futuro artigo) que está ligado ao papel do cristão no mundo como povo de Deus, povo de contraste, vitrine, encarnação dos valores e ideais do Evangelho, espelho de Deus para refletir o que seria hoje o Plano da Criação que foi abandonado no Éden, sendo um povo atraente e atrativo para que as pessoas que ainda não foram alcançadas pelas Boas Novas as vejam concretas na vida diária de uma pessoa que por elas foi transformada. A compreensão do mandato cultural de Deus na Criação aponta para o fato de que “somos chamados a participar da obra de criação contínua de Deus, para sermos seus mediadores na execução do projeto de sua obra-prima até o fim” (Albert Wolters). Gênesis 1.26ss mostra que Deus nos escolheu como agentes humanos para realizar o potencial inerente da criação

que “é o que Deus faz; cultura é o que o ser humano faz com a criação!” (John Frame). A rebelião no Éden (Gênesis 3) exige um novo tipo de mediação (B. R. Ashford) que só é possível àquele que é restaurado pelas Boas Novas. E, para isso, a pessoa necessita passar por profunda transformação de vida, para que possa refletir o caráter real de Deus diante da criação e da criatura sem Cristo e rebelde Então, a salvação é muito mais do que a oferta de um cartão magnético para alguém abrir a porta da Nova Jerusalém. Na verdade, envolve conduzir a pessoa salva de volta ao Éden para, a partir dali, reconstruir a sua vida (II Coríntios 5.17). E é nesse momento que entra a educação na Igreja como fundamental e estratégica. Cenário que ultrapassa apenas o aspecto estrutural, institucional da educação, como salas de aulas, currículo, docência, literatura. Um importante detalhe que tenho mencionado em diversos artigos é que necessitamos ampliar a intencionalidade missionária, despertando e investindo mais no trabalho missionário, plantação de Igrejas, evangelizando onde ainda as Boas Novas não foram alcançadas. Mas não podemos deixar de investir na dimensão missional, que tem a ver com o papel de cada cristão, também como enviado ao mundo, exercendo seu papel como sal, luz e embaixador do Reino. Novamente, a educação na Igreja entra como ferramenta estratégica e fundamental. Assim, a educação, além de radical, busca a transformação de todo o ser, como bem nos ensinou o Pacto de Lausanne (1974), o “Evangelho todo, para toda pessoa e a pessoa toda!”. Não há como construir um projeto ou plano da educação na Igreja sem ter como matrizes referenciais fundamentos como estes que vão desenhar objetivos educacionais (Benjamin Bloom) seguros de que irão, por sua vez, modelar matrizes curriculares, formação docente, elaboração de literatura e outros materiais, processos avaliativos, estrutura e processos educacionais etc. Sem isso tudo, a educação na Igreja será apenas o cumprimento de rotina dominical de transmissão de conhecimento, um tipo de educação bancária (Paulo Freire). Voltaremos com mais detalhes, no âmbito dos fundamentos da prática educacional. n



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