OJB Edição 30 - Ano 2015

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ISSN 1679-0189

o jornal batista – domingo, 26/07/15

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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira

Fundado em 1901

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Ano CXIV Edição 30 Domingo, 26.07.2015 R$ 3,20

Barco Missionário dos Batistas avança proclamando o Evangelho na Amazônia


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o jornal batista – domingo, 26/07/15

reflexão

EDITORIAL

Barco Missionário Batista e o desafio Amazônico

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Vanderlei Batista Marins DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Paloma Silva Furtado (Reg. Profissional - MTB 36263 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio

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Amazônia continua sendo considerada um tremendo desafio, não só pelos aspectos políticos sociais, mas, para nós, Convenção Batista Brasileira, quanto a nossa responsabilidade de realizarmos a obra de evangelização entre todos os povos que vivem nesta imensa e rica região do nosso país. A década de 70 foi o período de uma espécie de redescoberta da Amazônia, em que teve início a construção da rodovia transamazônica; neste tempo, os Batistas também se fizeram muito presentes com um Projeto Missionário que ainda hoje ressoa em nossos corações,

quando jovens seminaristas, moças e rapazes, se envolveram na Operação Transtotal, coordenada pela Junta de Missões Nacionais, com objetivo de evangelizar as comunidades circunvizinhas da nova rodovia e outras comunidades ribeirinhas. Estes desafios não mudaram. Ainda hoje, alcançar todos os moradores da região está no plano da Convenção, dentro de uma das macrodiretrizes do nosso plano estratégico: Grande Comissão. Estamos certos de que essa nossa responsabilidade está definida no que aprendemos com Jesus nos últimos dias do seu ministério terreno, quando deu uma determina-

Ca do rtas s le ed ito ito r@ ba r tis tas es .co m

As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser encaminhadas por e-mail (editor@batistas.com), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Caixa Postal 13334, CEP 20270-972 - Rio de Janeiro - RJ).

ção a cada um de nós individualmente, mas também a nós como Igreja, que tem sido conhecida como a Grande Comissão, e está registrada no Evangelho de Mateus: “Foi me dada toda a autoridade no céu e na terra, portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a observar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.18-20). Como Igreja temos a responsabilidade de cumprir esta determinação. Nesta direção, durante o mês de junho deste ano, um

ousado grupo de pastores e líderes missionários de Igrejas da Convenção Batista Carioca e Fluminense, utilizando o nosso barco missionário, esteve envolvido na Operação Trans-Riberinhos, trabalhando intensamente em sete comunidades ribeirinhas e três municípios do Amazonas, alguns ainda sem trabalho Batista; foram distribuídas toneladas de material evangelístico; inúmeras pessoas ouviram a Palavra de Deus; houve 207 decisões ao lado de Jesus Cristo. Nesta edição, na página de Missões Nacionais (pág 07), apresentaremos um pouco dos frutos dessa viagem missionária.

Esclarecimento, informação e gratidão

por quantos se aproximam dele. Zezé lutou muito, sempre firme na fé em Cristo Jesus. Venceu. Hoje, merecidamente aposentado, mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com sua querida esposa Denilza, e cercado do amor e carinho dos seus filhos Hilana, Tales e Mirela, e a filhinha desta, sua primeira netinha. Tenho prazer em dar este esclarecimento e fornecer essas informações, patenteando a minha profunda gratidão. Zezé, que o nosso Pai Celeste continue com sua amorosa mão divina sobre você e sua maravilhosa família. Muito obrigado,

Refiro-me ao Artigo: “Pastor Humberto Viegas Fernandes, 45 anos pastoreando ovelhas” (OJB, l4/06/20l5), escrito por José Alberto Drumond Borges, a quem carinhosamente chamo de Zezé. Ele escreveu esse artigo quando completei 45 anos de ministério, em 2004, e o leu no culto em que a Igreja Batista do Alto da Lapa - SP comemorava a data. Hoje, estou com 56, ainda na ativa. Só agora, porém, ele o deu à publicação, homenageando-me no Dia do Pastor. Zezé é filho e neto de pastores que os honra em sua vida cristã. Cristão raro, de personalidade equilibrada. Marido exemplar, pai e avô amoroso. Zezé se faz amar

Humberto Viegas Fernandes, pastor da Igreja Batista no Alto da Lapa - SP


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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches

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le tentava justificar a sua saída da igreja para acompanhar um grupo dissidente com o argumento da não existência de amor na Igreja local. “A Igreja não ama”; “Não é acolhedora”. Embora ele nunca dera boas-vindas aos que visitavam a Igreja, sentia-se no direito de exigir isso dos demais membros. Não conhecia a todos, não sabia como viviam os demais membros da comunidade. Mas, julgava-se no direto de julgá-los. “Eles não amam”. Atitude infantil. Desconhecia o que era ser Igreja. Esperava receber sempre. Caso não fosse atendido em suas carências errôneas, rotulava os demais como não comprometidos com o mandamento bíblico e o amor de Cristo. Não lhe foi ensinado, talvez, a verdadeira definição de Igreja. Considerava a Igreja como um templo localizado. Rua, número, CEP, nome da

A Igreja sou eu cidade e estado. Por isso, ia sair daquela localidade e procurar outra onde o amor fosse vivenciado em sua inteireza. O grupo dissidente tinha a mesma opinião. Ainda não encontrou a igreja perfeita, pois tal igreja não existe. Continua procurando. A Igreja é mais do que templo ou um grupo dissidente que só espera receber algum beneficio. Coitado, não conhecia a parábola do bom samaritano. O homem que desejava saber quem era o seu próximo, na verdade, não estava interessado em conhecer o próximo. Ao ser confrontado por Jesus a responder quem era o próximo daquele que fora espancado pelos salteadores, respondeu que era o que havia usado de compaixão com o ferido. Jesus o incita a ser próximo daqueles que precisam de ajuda independente da nacionalidade, segundo Lucas 10.25-32. “Vai e faze o

mesmo,” recomendou Jesus. Quer receber amor, ame primeiro, diz Jesus aos salvos, em Mateus 7.12. Paulo, ao escrever aos Coríntios, ensina que a Igreja são todos aqueles que tiveram uma real experiência com Cristo, como Salvador e Senhor. Portanto, todos os salvos somos a Igreja de Cristo, unidos como os vários membros do corpo. Somos todos iguais com a mesma responsabilidade e o mesmo objetivo. A Igreja sou eu e, como tal, responsável por fazer fluir o amor. Dizer que a Igreja não ama, não evangeliza, não contribui para a expansão do Reino de Deus significa confessar e admitir publicamente a ausência do amor no meu viver prático. Como sou a Igreja cabe-me amar, independente do proceder dos demais membros. O salvo egocêntrico não consegue ver amor na comunhão com os demais salvos.

Como não consegue amar, conclui que ninguém é capaz de amar. Desconhece o significado do servir, ajudar os outros e seguir o exemplo de Jesus ao dizer: “Eu vim para servir e não para ser servido” (Mt 20.28). Esse é o verdadeiro espírito da vida cristã. A Igreja seria bem diferente se cada salvo se preocupasse mais em doar-se, amar, compreender, perdoar o irmão fraco, servir sem esperar retorno. Estar pronto a ouvir a voz do Espírito. Poder repetir a experiência do apóstolo Paulo ao afirmar: “Mas em nada considero a minha vida como preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da Graça de Deus” (At 20.24). Isto deve nortear a vida de todos os salvos: disposição em servir sem esperar recompensa e capacidade de

amar mesmo quando não se é amado. O verdadeiro salvo não está preocupado em receber amor, mas, em doar amor, mesmo quando não há reconhecimento. Esta foi a experiência de Paulo ao evangelizar Corinto: “Eu, de muita boa vontade gastarei o que tenho, e me deixarei gastar pela vossa vida. Se vos amo mais intensamente, serei eu menos amado?” (II Co 12.15). Não é o amor que recebemos da Igreja que conta, mas, o amor que dedicamos à Igreja de Cristo é que torna a vida cristã diferente. O amor leva-me a não desistir da Igreja, apesar das imperfeições que ela tem. Mesmo não sendo perfeita, a Igreja me desafia a amar, como Cristo a ama. Não há justificativa para abandonar a Igreja e seguir grupos dissidentes. Caso haja falta de amor devo preencher esta lacuna como o meu sincero amor à Igreja de Cristo.


4 Integralmente submissos a Cristo: eu me importo com a Grande Comissão o jornal batista – domingo, 26/07/15

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GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia

Eu não sei falar Levir Perea Merlo, pastor da Primeira Igreja Batista em Belo Jardim - PE “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.15-16)

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grande desafio dos Batistas brasileiros no mês de julho é com a obra de Missões Estaduais. Aquela oportunidade de continuar refletindo e praticando missões, que é a razão de ser da Igreja do Senhor nesta terra, aliás, toda igreja local que se envolve de verdade e se doa na obra missionária, sempre será grandemente abençoada. Não entendo

esse mistério, mas não conheço nenhuma igreja envolvida em missões que não receba bênçãos sem medidas do Senhor. Uma Igreja integralmente submissa ao senhorio de Jesus Cristo jamais deixará de se importar com essa missão gloriosa de falar, orar, contribuir e enviar, seja ofertas monetárias ou vidas aos campos do Senhor. Por que devemos nos importar com a obra missionária seja mundial, local ou nacional? Porque é o caminho que o Senhor traçou para sua Igreja: levar o Seu nome até os confins da terra. A missão é de abrangência mundial, a toda criatura, ou seja, seres humanos, criados a imagem e semelhança de Deus. Quando proclama-

“E estendeu o Senhor a Sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que mos Jesus em nosso estado ponho as Minhas palavras na cumprimos também essa tua boca” (Jr 1.9). ordem, pois aqui também eus convocou Jetemos vidas sedentas e faremias para pregar mintas do verdadeiro aliao povo de Judá mento, que sacia a sede e uma mensagem a fome dos corações. Se importar com a grande co- dura e desagradável. Quando missão é entender profun- o jovem vocacionado tentou damente que está em jogo se esquivar por causa da sua vidas preciosas, que podem pouca idade e a sua pobre ir para uma eternidade sem oratória, o Senhor resolveu Cristo, portanto, para a per- o assunto, declarando: “O dição eterna. Mas, sabemos Senhor estendeu a Sua mão, pela Palavra, que a vontade tocou a minha boca e dissedo Senhor é que todos se- -me: “Agora ponho em sua jam salvos, e se apropriem boca as Minhas palavras” (Jr da vida eterna que é dada 1.9). Nós, como discípulos de pela graça daquele que foi morto antes da fundação Cristo, recebemos a ordem do mundo, de acordo com de anunciar uma mensagem que o mundo acha desagraApocalipse 13.8. Avante irmãos! Cada cristão dável. Quanto a isso, Jesus autêntico se importando sim, foi simples e direto: o mundo Me rejeitou, portanto, recom a Grande Comissão.

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jeitará vocês. Então, por que pregar? Simples: o próprio Deus nos manda anunciar as palavras que Ele põe em nossos lábios. O importante não é a maioria que rejeita o Senhor. O importante é a maioria, que aceita o Senhor. É o plano do Senhor vocacionar testemunhas que, do ponto de vista humano, não sabem falar. Porque a mensagem que restaura o coração humano é aquela que nos é dada por Deus. Jeremias pregou durante 40 anos, sabendo que seria rejeitado. Entretanto, Jeremias insistiu 40 anos em pregar, porque sempre contou com a mensagem e o poder de Deus. Nosso problema não deve ser se sabemos ou não falar. Nosso problema é o de aceitar o senhorio do Cristo, para que a mão de Deus toque a nossa boca.

“Dai-lhes vós de comer” Francisco Mancebo Reis, colaborador de OJB

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ara os Batistas brasileiros não deve existir igreja que ignore sua missão missionária integral. Uma visão de conjunto. Que providência é essa recomendada por Jesus em Mateus 14.16? De ordem material? Espiritual? Uma e outra? Vamos a uma breve reflexão. A tendência tradicional para “espiritualizar” textos bíblicos permite ao intérprete esquivar-se de responsabilidades com o social. Uma boa amostra é a parábola do bom samaritano. Mais cômodo é dizer que o bom samaritano aponta para Jesus, e construir uma alegoria que se afaste da mensagem central. Bem mais cômodo do que assumir o

compromisso desconfortável de cuidar dos socialmente marginalizados. Não é o que fazemos, por vezes, com a ordem divina para distribuir o pão? Oferecemos apenas o Pão da Vida. Note-se que o contexto bem próximo de Mateus 14.16 mostra Jesus curando os enfermos entre aquela multidão faminta. Dois benefícios materiais o Senhor fez: da saúde e do alimento. Uma prova de interesse pelo bem-estar social do ser humano. Na verdade, Ele se preocupava com o todo, visto que o homem é corpo e alma - “A síntese de dois seres criados por Deus: materiais e espirituais” (expressão de certo conferencista discorrendo a respeito de Educação Moral e Cívica). Os extremos resultam na incoerência. Pregar que bas-

ta ao pecador a salvação da alma, de olho apenas no céu; ou motivá-lo a buscar o bem somente para aqui e agora - duas visões distorcidas à luz da Bíblia. A Teologia da Libertação revolucionou países do terceiro mundo carregando na ênfase à justiça social, mas omitindo o lado transcendente dos humanos. Disso decorre que a salvação, restrita a esta vida, seria por mérito da Sociologia, não de Cristo. Neste barco furado navegam e naufragam os que se encantam com a Teologia da Prosperidade e se esquecem de valores maiores na vida cristã. Mais vale ter do que ser? Na parábola da grande ceia, descrita em Lucas 14, a fartura da graça está simbolizada na provisão de um banquete recheado. O Mestre

instruiu que “Nem só de pão viverá o homem”, mas ensinou também a pedir “O pão de cada dia”. Vale lembrar que, como está escrito em João 6, Jesus multiplicou pães sem cobrar a obediência ao Evangelho – uma espécie de paga ou recompensa. Quando, porém, percebeu que iam após ele para proclamá-lo um rei político, lamentou que O buscassem apenas por causa da “comida que perece”. Então lhes disse: “Eu sou o Pão da Vida”. Harmonizar esses textos significa compreender a simetria na constituição humana, a unidade que requer equilíbrio entre o temporal e o eterno, ficando entendido que a prioridade consiste em anunciar o Salvador. Não é fora de propósito que nossa denominação vem ressaltando o social, espe-

cialmente de alguns anos para cá. Digno de louvor é o expressivo número de igrejas engajadas em projetos que minimizam o sofrimento de marginalizados (cognominados excluídos). Estamos seguindo o exemplo de cima. A fome de pão e de paz coincide com a dupla dimensão do homem, que não vive sem pão, mas não vive só de pão. Carece, sobretudo, da nutrição básica e imperecível - o pão que elimina a fome espiritual, que desconhece prazo de validade; refeição que jamais se deteriora, como diz João 6.35-50. Somos ministros de bênçãos terrenas e celestiais. Ao praticarmos missões, temos pão para o corpo e para a alma. Assim vêm procedendo nossas Juntas missionárias. Vamos repartir?


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Desejos x necessidades Cleverson Pereira do Valle, colaborador de OJB

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ia 31 de maio recebi uma mensagem no meu WhatsApp de um pastor amigo dizendo: “Desejos não são o mesmo que necessidades. Todo pedido feito em cima das necessidades tem o cuidado de

Deus, até porque é promessa dEle”. Em seguida citou o versículo de Filipenses: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Fp 4.19). Deus não tem compromisso com os nossos desejos, precisamos entender que desejos não são o mesmo que neces-

sidades. Os nossos desejos quase sempre são egocêntricos, desejamos sempre ter mais que o próximo, fruto de cobiça, inveja e desejos vãos. A Bíblia ensina que devemos amar o próximo, ajudar e desejar o bem dele. Muitas pessoas para conseguirem realizar os seus desejos agem com falta de ética e fazem

de tudo para derrubar o próximo. Por isso que Deus não tem compromisso com os nossos desejos, mas Ele promete suprir as nossas necessidades. A Palavra de Deus diz que nunca viu o justo desamparado e nem a sua descendência mendigar o pão. O que são necessidades? É algo que precisamos para

viver, por exemplo: água, alimento, ar, enfim, se faltar um desses ítens não conseguiremos continuar vivos. Por isso, quem é filho de Deus pode descansar em sua promessa, Ele suprirá todas as nossas necessidades. Como é bom saber que Deus está cuidando de cada detalhe das nossas vidas.

A oração de Jabez Roberto do Amaral Silva, professor do STBG, pastor, membro da Segunda Igreja Batista de Goiânia - GO

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i mais de uma vez o estimulante livrinho “A Oração de Jabez”, de Bruce Wilkinson, que trata de uma das mais interessantes orações da Bíblia, relatada em I Crônicas 4.9-10. Em meio a nomes estranhos de genealogias, nos primeiros nove capítulos, lá está Jabez, em uma das mais resumidas biografias da Bíblia, nos encorajando à oração vitoriosa. Há homens de quem se fala muito, porém, valem pouco. De Jabez se diz pouco, mas, o pouco é muito. Por quê? Vejamos! Quem foi Jabez? - O que sabemos é que Jabez era da tribo de Judá, segundo I Crônicas 4.1, e foi o mais ilustre de sua família, embora o nome Jabez tenha sentido negativo; significa “dores” em hebraico. O texto sugere que seu nascimento lembrava um parto difícil e doloroso, por isso, “Sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo:

Porque com dores o dei à luz” (I Cr 4.9). Apesar dessa carga negativa em seu nome, Jabez não aceitou passivamente a derrota em sua vida. A maioria das pessoas aceita que algo negativo seja determinante na vida, mas Jabez não pensava assim. Ele confiou no Deus que tudo pode mudar na vida de qualquer um de nós. Jabez orou a Deus pedindo-lhe bênção - Conforme a fé que lhe foi transmitida, Jabez invocou o Deus de Israel, o Deus vivo, e não um ídolo sem vida. Ele se dirigiu à fonte certa, com o pedido certo e a motivação certa. Sua oração, aparentemente simples, apresentava um clamor profundo: “Oh! Tomara que me abençoes!”. Somente a súplica pela bênção de Deus pode nos tirar da mesmice dessa vida. Pode nos curar os traumas do nosso passado, ou de situações antigas que nos infelicitam o tempo presente, comprometendo nosso futuro e levar-nos a uma vida livre, abundante e feliz. Parece que Jabez sabia que

“A benção do Senhor enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto” (Pv 10.22). O nosso Deus e Pai é quem hoje nos abençoa com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo, de acordo com Efésios 1.3, sem contar (é claro!) as bênçãos materiais. Jabez pediu a Deus o alargamento de suas fronteiras - Jabez não era uma pessoa acomodada e pessimista. Era otimista. Ele olhava para frente e queria conquistar mais espaço, ao contrário dos que se acomodam com o que já sabem e acreditam que não precisam de mais nada. Em nossas igrejas, às vezes, nos acomodamos com o que achamos ser o que Deus tem para nós. Será que não há bênçãos espirituais destinadas a nós que nos farão crescer e frutificar mais? Deus tem preparado muito mais para aqueles que o amam, conforme diz em I Coríntios 2.9. Se amamos o Senhor é certo que ele vai alargar nossas fronteiras espirituais. Façamos como Jabez: queiramos ampliar nossa visão e

conquistar novas fronteiras. Não basta nos livrar das correntes que nos prendem ao passado, que nos impedem de voar mais alto em direção ao futuro como igreja. Como Jabez, precisamos ganhar mais espaço, influência e conquistas espirituais. Sonhemos mais alto e ousadamente. Não percamos o que Deus tem para nós. Jabez suplicou pela presença de Deus - Jabez entendeu que seus sonhos só seriam possíveis se Deus estivesse presente na vida dele. Muitos querem progredir, mas sem Deus presente. O certo é querer primeiramente a Deus; depois o que ele tem para nos dar. A presença de Deus é que nos satisfaz a alma. Sem Deus não há caminhada vitoriosa. Nossa maior necessidade é a presença de Deus, como nos lembra o voto de Jacó: “Se Deus for comigo...”. Nossa caminhada só será vitoriosa se Deus for conosco. Como Deus guiou o povo de Israel pelo deserto 40 anos, de acordo com Exôdo 13.21-22, assim também é a

presença de Deus conosco hoje. A promessa de Jesus é: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). Jabez clamou pela proteção de Deus - Essa vida é cheia de perigos. Necessitamos da proteção divina. Jabez pede livramento do mal e do maligno porque só Deus pode nos livrar dos laços malignos. Jabez sabia que não se pode vencer sem a proteção do Altíssimo, por isso clama pelo livramento. Não somos fortes o suficiente para a batalha contra o mal. Mas com o poder de Deus somos revestidos de sua armadura com a qual podemos vencer. Qual o resultado da oração de Jabez? “E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido” (I Cr 4.10). Nosso Deus é o mesmo de Jabez; ele responde nossas orações. Ele muda nossa sorte, transformando nosso choro em riso, nossa tristeza em alegria, nossa desespero em esperança. Façamos o que Jabez fez. Clamemos ao Senhor as bênçãos reservadas para nós.


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Visitar e amar Jeferson Cristinini, colaborador de OJB

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pós-modernidade chegou, se acomodou e tem transformado nossa sociedade e nossos relacionamentos. Nossa vida, cada vez mais digital, exige conectividade, interatividade e velocidade. Vivemos uma época onde a tecnologia é celebrada, as agendas lotadas de compromissos são almejadas, e uma “vida na correria” é venerada. Estar ocupado dá a impressão de que somos pessoas im-

portantes nessa sociedade secularizada. Os aparatos tecnológicos, a conexão da web, o trânsito carregado, as grandes aglomerações, e as muitas atividades da vida urbana e moderna têm suprimido alguns valorizados importantes e fundamentais. O paradoxo da internet é que ela nos aproxima das pessoas distantes e nos afasta das pessoas que estão inseridas em nosso contexto diário. O povo de Deus não pode ser sugado para este conceito mundano de conexão e interação. É bom estar virtualmente conectado com

as pessoas via redes sociais, mas, nada supera os relacionamentos que são forjados a partir da interação humana. Deus não nos criou para a solidão, segundo Gênesis 2.28. O povo de Deus não pode assimilar este conceito de vida individual e egocêntrica. Jesus ao falar do grande julgamento cita várias situações do cotidiano que refletem nosso amor a Deus e ao próximo. Ele disse: “Porque estive enfermo e me visitastes; preso e fostes me ver” (Mt 25.36). Ao ouvir essas palavras, perguntaram: “Quando te vimos enfermo

ou preso e te fomos visitar?” (Mt 25.38). Ao que Ele respondeu: “Sempre que fizestes a um destes pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40). Jesus visitou várias famílias e seus primeiros discípulos aprenderam esse princípio. A Igreja Primitiva era uma comunidade dinâmica. Os irmãos estavam sempre no templo e também uns nas casas dos outros. As portas se abriam para que o povo de Deus se reunisse. As refeições eram momentos de comunhão e louvor. As visitas eram frequentes. A edificação

era real e intensa. Essa virtude e lição da Igreja Primitiva deve ser copiada por nós, do século 21. Depois de tantos anos, a visitação ainda é uma ferramenta poderosa nas mãos de Deus. Visitar é uma forma de amar. Quem visita doa amor. E quem recebe, sente-se amado. É tempo de investirmos em visitas. É tempo de deixarmos de lado o egoísmo e o comodismo e demonstramos o amor de Deus através de uma visita. Se semearmos visitas, colheremos uma igreja acolhedora, com ênfase nos relacionamentos.

de Presidente Venceslau SP, comandada pelo pastor Jaime Deocleciano, se dirigiram até a vizinha cidade de Presidente Epitácio para visitar uma enferma muito querida, a irmã Márcia Gomes Talavera, que está acometida por uma doença chamada “ELA” - Esclerose Lateral Amiotrófica -, que provoca paralisia progressiva. Os cultos a Deus ali realizados foram emocionantes. Márcia, embora com grande dificuldade de falar e respirar, demonstrou ter uma fé inabalável no Deus Eterno. Há quase um ano venho com alguns outros parentes dando atenção ao meu sogro, o ex-pedreiro Pedro Masselani, afetado por um derrame e que está acamado. O “Seu Pedro” está chegando aos 80 anos. Uma ou duas vezes por dia passo em sua residência para ajudá-lo a fazer a higiene. Nesta labuta diária e constante, minha sogra, Altamira Braz Masselani, a “Dona Miriam”, tem sido uma mulher guer-

reira, valente e dedicada. Além de cuidar do esposo de cama, ainda tem sob sua responsabilidade uma filha com mais de 50 anos, a Izildinha Masselani, que também necessita de cuidados especiais e depende dela pra tudo. Tudo! Compreendo que cada um de nós tem os seus problemas. Sei que muitas pessoas hoje são vítimas da estafa, da ansiedade, do estresse e da depressão, porém, quando eu observo minha sogra, a dona Miriam, que veio ao mundo para, literalmente, viver para uma outra vida, percebo que algumas delas possam ser apenas egoístas. Eu mesmo me calo, vermelho de vergonha, diante do pouco, do quase nada que faço pelos outros. Minha sogra sim é uma celebridade. A dona Miriam é uma pessoa extraordinária. Aos domingos, não perde um culto em sua Igreja. Jesus teve compaixão dos enfermos. Trouxe consolo, cura e os livrou da pior doença: o pecado.

Você já visitou pessoas enfermas? Paulo Francis Jr., colaborador de OJB

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nquanto você faz a leitura destas linhas eu me encontro bem próximo à Sorocaba, em Boituva. Estou em uma missão especial: visitando meus pais. É na cidade dos paraquedas e dos balões que eles vivem. De alguns anos para cá, ambos adoeceram. Não é fácil chegar aos 69 ou 78 anos sem que alguma enfermidade surja. Por sinal, vez por outra, somos surpreendidos quando pessoas ainda jovens são também acometidas por alguma moléstia crônica. Porém, o que proponho a você, ao seu coração hoje, é lançar um desafio: com que frequência você visita pessoas doentes? Neste ano de 2015, quantas vezes você fez isso? Ou jamais fez? Que tal começar neste instante, agora mesmo! Sempre há alguém esperando. A minha experiência neste campo teve início em

1998 quando precisei ouvir diversos enfermos em Presidente Venceslau, ao elaborar um levantamento para o Jornal. Alguns em estado delicadíssimo, estavam com câncer. Desde então, basicamente, não parei mais. A Associação Venceslauense de Combate ao Câncer (AVCC) forneceu os dados e as condições para que uma boa e bem fundamentada pesquisa na época fosse elaborada. Desde então, em razão também da vida cristã e da Igreja, tenho a oportunidade de entrar em contato e ouvir muitos enfermos, compartilhar experiências, sorrir junto. Observei como as pessoas nestas condições são tolhidas na liberdade de ir e vir, de cuidar da higiene pessoal, de um carinho. Do que eu vi, uma das visitas mais marcantes que enfrentei foi dentro da família. Um primo sofreu um grave acidente e visitá-lo foi uma das grandes barreiras que enfrentei na vida. Temia não saber o que dizer. Não

sei de onde vieram forças para ir até sua casa. Por quê? Porque, quando pequenos, brincávamos juntos, correndo para lá e para cá. Quando cheguei à porta de sua casa, quase desisti de entrar. Pedi ao Criador que, literalmente, me ajudasse. Ele havia chegado a pouco mais de duas semanas do hospital. Em um acidente com um trator, se não me engano ocorrido na cidade de Lins, acabou tendo que amputar uma das pernas na metade do fêmur. Na verdade, eu estava bem triste. Porém, meu primo não demonstrou estar abatido. De maneira calma e por iniciativa dele mesmo, me contou todo o drama que envolveu a perda do membro. Como se encontrava em um sítio, pelo celular, ele mesmo chamou os bombeiros para socorrê-lo. Ficou em coma por 33 dias. Sem dúvida, a sua recuperação foi pela mão de Deus. Um milagre. Por três vezes neste ano de 2015 vários membros da Primeira Igreja Batista


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missões nacionais

Amazônia em Foco

Redação de Missões Nacionais

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ida dos pastores cariocas e fluminenses ao estado do Amazonas, entre os dias 23 e 30 de junho, continua gerando frutos. Todos os integrantes da viagem voltaram impactados e seguem mobilizando suas Igrejas para ofertar e doar barcos em prol de ajudar na locomoção dos missionários Radicais do Projeto Amazônia nas comunidades ribeirinhas. Deus falou profundamente aos corações, principalmente das 207 vidas que se converteram a Cristo. Também durante a viagem, graças ao apoio de uma dentista voluntária, Adriana Me-

deiros, da Primeira Igreja Batista de Irajá, 104 pessoas receberam atendimento odontológico. O pastor Josué Valandro, da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca - RJ, doou dois barcos. Os demais, além de suporte financeiro ao Projeto, também estão levantando recursos para compra de barcos, e também firmaram parcerias para contribuir mensalmente com o sustento dos Radicais por meio do Programa de Adoção Missionária (PAM Brasil). No grupo estava também o pastor Vanderlei Marins, presidente da Convenção Batista Brasileira, que destacou sua emoção por ter conhecido uma realidade que até en-

tão não conhecia e também sua gratidão a Deus por ter permitido que ele estivesse naquele estado. Ele pôde orar pela turma de Radicais e ver batismos e vidas se rendendo a Cristo. Os pastores visitaram sete comunidades ribeirinhas, e três municípios, compartilhando o Evangelho e tendo a oportunidade de conhecer o Projeto Amazônia, que abrange os demais estados da região Norte, que também fazem parte da Região Amazônica. Pastor Samuel Moutta, gerente-executivo de Missões, que também participou da expedição, ressaltou que não se pode pensar no Projeto Amazônia de forma isolada, mas, sim, levando

em consideração tudo o que envolve o Projeto. O barco ‘O Missionário’ viabiliza a chegada das caravanas às comunidades ribeirinhas, os Radicais também são de grande importância para a expansão do Evangelho, bem como todos os outros missionários que atuam nos outros estados da região. A viagem, que foi marcada por vários momentos emocionantes, também possibilitou o encontro com um jovem missionário em formação, chamado Gutenberg Oliveira, que foi um dos primeiros frutos do Projeto Cristolândia. Hoje, ele está ganhando vidas para Cristo no estado do Amazonas e foi para o projeto missionário

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dele que o pastor Josué Valandro doou um dos barcos. “Eu sonhava com este momento. Foi uma alegria ver os Radicais trabalhando em tantas comunidades. Ainda há muitas vidas para serem alcançadas. Eu espero que Deus mande mais Radicais e mais missionários para esta região. Nossa gratidão ao povo Batista, às Igrejas Batistas que têm sustentado esta obra”, declara o pastor Fernando Brandão. Essas foram algumas ações realizadas após a visita dos pastores ao Amazonas. Para saber os detalhes de como foi a viagem, acesse a edição de O Jornal Batista do dia 12 de julho, onde publicamos uma matéria completa a respeito.

Participe do Dia Continental de Oração Redação de Missões Nacionais

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primeiro domingo do mês de agosto será marcado pelo Dia Continental de Oração, uma realização da União Batista Latino-Americana (UBLA), apoiada por Missões Nacionais, visto que o Brasil faz parte deste grupo de países.

O objetivo é que todos os batistas latino-americanos se unam em oração pelos motivos que não podem ser ignorados, mas levados a Deus em oração e clamor. “Convido todos os líderes das convenções, associações, uniões e fraternidades a difundirem esta convocação em suas igrejas”, declara o pastor Parrish Jacome, diretor-geral da UBLA. Ele espera

um grande mover nesta data (02/08/2015), que marcará também o término da campanha dos 100 Dias de Oração Pela América Latina, ação organizada pela UBLA em prol das famílias de todo o continente. Além das famílias, outros motivos de oração como autoridades governamentais, obreiros para a Obra do Senhor, povos indígenas,

abertura de novas igrejas, entre outros, serão colocados diante do trono de Deus. Segundo a diretoria da UBLA, a oração também tem o objetivo de que Deus sensibilize seu povo e direcione propostas que combatam a pobreza, desigualdade, marginalidade, corrupção e exclusão. “Nossa oração busca mobilizar a Igreja a olhar com

os olhos de Jesus para as multidões. Queremos orar com compaixão, amor, fé e compromisso”, explica pastor Parrish. Divulgue e faça parte deste movimento que convida a todos para clamar e agir pelo nosso continente. Contamos com a participação de todas as Igrejas Batistas brasileiras realizando esta programação no dia 02 de agosto.


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Evangelismo Estratégico: cumprindo Ide de Jesus Elias Gomes de Oliveira, pastor da Primeira Igreja Batista Missionária em Parque das Missões Duque de Caxias - RJ

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nacreditável, indescritível, maravilhoso, espetacular, muito bom. Foram esses os sentimentos vivenciados no fim de semana do dia 23 de maio na Casa de Recuperação chamada de Jacó, pelo pessoal da Primeira Igreja Batista Missionária em Parque das Missões, Duque de Caxias – RJ, em parceria com o Grupo Missionários com Alegria, na ação social e no evangelismo pessoal na área. Houve um planejamento de mais de um mês para esta tarefa, no sentido de montar toda uma estrutura operacional que resultaria no maior número possível de pessoas ganhas para Jesus. Em uma casa carente e com muitas pessoas que são consideradas dependentes químicas, precisaríamos estar preparados para tal missão. Fizemos no turno da manhã a aferição de pressão arterial e teste de glicose, ofertados sem custo para rastreamento nos internos com suspeita de hipertensão e diabetes; outra

para distribuição de kits de odonto contendo escova e creme dental. Tinha, no momento da ação, 15 internos com idade de 24 a 55 anos, além do pessoal que ajuda a manter a Casa de Jacó em ordem. Ainda, nesse turno, foi realizada uma devocional para levarmos o alimento espiritual falando do Jesus que liberta do poder das drogas. Ouvimos relatos de várias pessoas desviadas, viciadas e que ainda não tinha recebido a Jesus dizendo que aceitavam orações a seu favor. Vimos pessoas necessitadas de atenção e assistência pessoal. Para exemplificar, pregamos para um jovem de

20 anos, que nos disse que sua mãe era da Igreja e que ele e seus irmãos estavam desviados e fazendo coisas erradas. Relatou que já tinha ouvido falar de Jesus, mas ainda não tinha se decidido. Foi uma tarde marcante, pois após um longo tempo evangelizando aquele jovem, ele aceitou a Jesus. Sou muito grato a Deus por esta oportunidade, de nos permitir realizar este evento com tamanha dimensão. Em um momento de pouca s pessoas par a trabalharem na seara, Deus abençoou a PIB Missionária enviando irmãos para auxiliar-nos em mais um evangelismo. Agradeço ao

irmão Márcio, líder do grupo, pela disposição e afeto com todos os membros do Grupo Missionários com Alegria. À minha esposa,

que esteve comigo em todas as horas daquele dia árduo, aos irmãos da PIB e as muitas doações recebidas. Glória a Deus, Ele é fiel!


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Associação Batista Centro Norte Goiano realiza Projeto Missionário em várias cidades; confira!

Marcos José Rodrigues, seminarista da Igreja Batista Israel em Anápolis - GO

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Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. É tempo de colheita. “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara” (Lc 10.2). Com o coração compungido pelo Espírito Santo de Deus e em obediência a Sua Palavra, o secretário-executivo da Associação Batista Centro Norte Goiano - ABCNG, pastor Wilton Soares da Silva, tendo como companheiros de trabalho os irmãos seminarista Marcos José Rodrigues e o obreiro Aluísio Carlos, empreenderam uma viagem missionária a várias cidades do norte goiano. No afã de servir ao Senhor, atendendo o seu Ide, de levar a Palavra de Deus através do Evangelho da salvação em Jesus Cristo, comunhão, adoração, crescimento espiritual e multiplicação de discípulos, foi realizado o Projeto Missionário abcng 2015. O Projeto visitou as cidades: Uruana, Carmo do Rio Verde, São Luiz do Norte, Uruaçu, Mara Rosa, Santa Teresa e cominou em Minaçu. Esta foi à localidade onde o grupo concentrou mais esforços no trabalho de evangelização e de apoio ministerial a coirmã. A Associação Batista Centro Norte Goiano está ligada a Convenção Batista Goiana e é uma das moires do Centro-Oeste brasileiro e talvez até do país, em extensão territorial. Mas, apesar de sua grande dimensão espacial, reúne apenas 33 Igrejas e 17 Congregações. O tema da Campanha de Missões Estaduais 2015, promovido pela Convenção Batista Goiana – ABG: Salvação de Goiás nossa missão, chega a boa hora, diante dos grandes desafios da região. Goiás necessita de 312 Igrejas para cumprir a meta de uma Igreja para mais de 20.000 habitantes, conforme o relatório do Projeto Visão 2020 (pesquisa@ missoesnacionais.org.br). O ponto de partida do Projeto foi a cidade de Anápolis, região metropolitana de Goiás. A viagem durou aproximadamente três dias. Teve início às 08h do dia 04 de julho e encerrou aos 20 minutos do dia 07 de julho de 2015. Ao todo foram percorridos cerca de 1.000 Km compreendidos entre a ida e volta. A primeira

cidade visitada foi Uruana, o pastor Geciraldo Quintino é o líder da Igreja Batista. Após um momento de conversa e aconselhamento, iniciou-se um período de oração, súplica a Deus pela obra Batista na cidade. Carmo do Rio Verde foi a segunda parada do grupo; a cidade ainda não possui trabalho Batista. Na ocasião foram feitas visitas aos moradores da cidade, evangelismo através de testemunho e orações. Seguiu-se para a terceira parada, na cidade de São Luiz do Norte, onde foi celebrado um culto muito concorrido nas dependências da Igreja Batista, com mais de 100 presentes. A referida Igreja é liderada pelo pastor Dilson. A quarta parada foi a cidade de Minaçu, ponto mais ao norte onde a viagem alcançou. A Primeira Igreja Batista da cidade aguarda um pastor definitivo. O obreiro e bacharel em teologia Jarle Cardoso, a esposa Cristiane e suas três filhas lideram o trabalho atualmente. A Igreja é antiga na cidade e possui ótima estrutura física, inclusive com casa pastoral. Apesar da ausência de um pastor definitivo há alguns anos, os poucos membros remanescentes lutam para manter a obra. Com a chegada dos obreiros de Anápolis, o grupo local foi animado e aconselhado pelo pastor Wilton a permanecerem na fé, no amor e na esperança. Após realização

da Escola Bíblica Dominical, o grupo da Igreja marcou três visitas, o que resultou em uma conversão (Maria Silva) e duas marcações de cultos nos lares durante a semana (nas residências da senhora Genilda - “Branca” e senhora Norma). A quinta parada foi na cidade de Santa Tereza, local sem trabalho Batista. Na ocasião foram realizadas visitas que resultaram em uma conversão, o senhor Édio. Para a nossa alegria e do Senhor com os anjos lá no céu, após ouvir a Salvação em Jesus Cristo e ser indagado se gostaria de receber Jesus Cristo, o senhor Édio respondeu: “Como não gostaria de receber uma coisa tão boa assim?!”. O grupo anotou o número de celular do senhor Édio, para mesmo à distância acompanhá-lo em oração e, futuramente, visitá-lo. A viagem seguiu para a cidade de Mara Rosa, a penúltima parada do Projeto, onde foi visitado o templo Batista fechado na cidade, e antigos irmãos que faziam parte da Igreja: a irmã Divina e seu esposo, senhor Eterno. Estes contaram que houve algumas tentativas de reabertura do trabalho Batista na localidade, porém, sem sucesso. A última parada foi em Uruaçu, cidade onde recentemente foi reaberta uma Congregação Batista pela Primeira Igreja Batista em Uruaçu. O pastor Fernando é o líder da Primeira Igreja e a pastora

Luciana foi recém-convidada para dirigir o trabalho da Congregação. O trabalho Batista é bem promissor na cidade, que concentra ótima infraestrutura e vem crescendo demograficamente nos últimos anos. Quando nos envolvemos na Obra do Senhor percebemos que a causa do Reino é mais desafiadora ainda do que pensamos, igreja sem pastor, igreja desativada, igrejas frias de amor, de compaixão uns pelos outros, ausência do ardor missionário, e o sono da razão teológica que nas palavras do pastor Luiz Sayão, produzem “monstros”. Como por exemplo: “O monstro da beligerância. Como é assustador descobrir a rispidez e a agressividade que permeia certos desencontros de uma comunidade que deveria ser marcada pelo amor. Quando grupos estão em verdadeira guerra uns contra os outros, e muitas vezes por motivos políticos de poder. É de chorar”. Precisamos deixar os nossos interesses pessoais de lado e vivermos integralmente submissos a Cristo. Em uma prática que seja contagiante. Para sermos relevantes precisamos multiplicar o Reino de Deus e proclamar a salvação a todos os contos. Olhemos para as testemunhas a semelhança do pastor Daniel Frank Crosland, grande pioneiro e inigualável bandeirante evangélico, vindo a proporcionar um grande

impulso na obra Batista do estado de Goiás. Algumas vezes os cristãos se justificam por não testemunharem, dizendo que sua família ou seus amigos não estão prontos para crer. Jesus, no entanto, deixou claro que à nossa volta há uma colheita contínua que aguarda para ser ceifada. Não deixe que Jesus o surpreenda em suas desculpas. Olhe à sua volta. Você encontrará pessoas prontas para ouvir a Palavra de Deus. Meditemos nas palavras escritas pela historiadora Maria Sebastiana Francisca da Silva, quando disse: “Será que no futuro alguém vai escrever que a partir de 2007 os Batistas goianos se uniram como nunca tinha ocorrido e fizeram uma revolução missionária, evangelizando e alcançando todo o estado de Goiás?”. “Para que algum historiador escreva isso precisamos ser humildes, homens e mulheres de oração entregues ao Serviço do Rei e Senhor Jesus Cristo, o Filho do Deus Altíssimo” (Maria Sebastiana Francisca da Silva). Concluo lembrando a letra da primeira estrofe do hino do Cantor Cristão nº 450 - Igreja, Alerta: “É tempo, é tempo, o Mestre está chamando já! Marchar, marchar, confiado em seu amor! Partir, partir, a salvação a proclamar, com a Palavra Santa do bom Salvador!”


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Cuba: liberação para distribuir Bíblias Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais

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notícia de que o governo de Cuba liberou a circulação de exemplares da Bíblia na Ilha foi confirmada na prática pela International Mission Board (IMB, agência missionária da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos), parceira de Missões Mundiais, que conseguiu distribuir mais de 80 mil Livros Sagrados no país. Uma fonte da IMB confirmou à JMM que enviou três contêineres com 83 mil Bíblias que, apesar de terem passado algumas semanas presas na alfândega, foram finalmente liberadas. “Os contêineres passaram várias semanas aguardando a liberação. Uma parte foi dedicada à Comissão Bíblica (órgão estatal cubano) e todas as outras foram divididas entre as duas Convenções Batistas com as quais trabalhamos diretamente”, explicou o missionário da IMB. O coordenador de Missões Mundiais para a América Latina, pastor Ruy Oliveira Jr., disse que a JMM está avaliando o impacto da

remessa de Bíblias enviadas a Cuba e acrescentou que está pessoalmente em contato com os missionários americanos e representantes das duas Convenções Cubanas para definir como os Batistas brasileiros participarão do envio de Livros Sagrados à Ilha. “Atuaremos fortalecendo e formando novas parcerias estratégicas para ações conectadas, para otimizar os custos e potencializar os benefícios nesses tempos de crise econômica no nosso país”, afirmou pastor Ruy. A recente abertura política de Cuba e a aproximação com os Estados Unidos colocaram a Ilha em um caminho sem volta, segundo o pastor Ruy. Essa opinião também é compartilhada pelo pastor Antonio Galvão, missionário da JMM que desde 1995 realiza visitas periódicas ao país caribenho. “O povo ansiava por uma abertura por parte do governo. As famílias viviam sufocadas, não tinham recursos e, tampouco, havia o que comprar. O boicote dos americanos era atroz para a população. Por outro lado, era a desculpa que o governo cubano tinha para se jus-

tificar com o povo. Agora, com o diálogo aberto entre os dois países, isso (abertura do regime) era esperado”, comenta o pastor Galvão. “Creio firmemente que, em breve, as coisas melhorarão muito”, acrescenta. Cuba recebe primeiro casal de missionários brasileiros ainda este ano A JMM está vivendo um tempo de novos investimentos na obra missionária. E o pastor Ruy confirma que a JMM enviará ainda este ano o primeiro casal brasileiro ao campo cubano para colaborar com a capacitação de vocacionados. Trata-se de Claudinei e Priscila Godoi, que até o início de 2015 estavam servindo em Arica, norte do Chile. “Nossos obreiros possuem experiência e capacitação para essa missão. Essa capacitação presencial e contínua visa colaborar com o desenvolvimento e preparo dos vocacionados para seguirem para campos transculturais. As Convenções Cubanas já estão trabalhando com seus primeiros missionários de Missões Mundiais. Creio que poderemos dar uma contribuição significativa nesse

processo”, explica o pastor a missionários plantadores de igrejas, o que gerou muiRuy. tos frutos. Entre templos e Parceria com batistas ‘casas culto’, há quase mil cubanos começou Igrejas plantadas, entre as há 20 anos duas Convenções Cubanas, Já se passaram 20 anos a Oriental e a Ocidental”, desde o envio da primeira conta o pastor Ruy. caravana de pastores e líAlém disso, hoje são mais deres voluntários a Cuba. de 200 missionários da terra Essa viagem, organizada (cubanos) sustentados pelos pela JMM, formou laços que Batistas brasileiros. “E trabalharemos para ir perduram até os dias atuais. “Ainda hoje somos agrade- além. Queremos também cidos com fervor por sermos colaborar com a organizaos primeiros irmãos Batistas ção da Junta de Missões a apoiarem nossos irmãos Mundiais cubana e, além Batistas cubanos. E, no início da capacitação, do envio de 2016, completaremos 20 de missionários cubanos a anos desde que iniciamos outras nações”, conclui o nosso convênio de apoio pastor Ruy.

Radical: processo seletivo para novas turmas dura 24 meses, em uma nova proposta de Missões Mundiais para jovens com idade entre 18 e 30 anos. Todos os tempos de duração incluem o treinamento no Brasil, que está previsto para começar em fevereiro de 2016 na sede da Junta de Missões Mundiais, no Rio de Janeiro. O envio também acontecerá no primeiro semestre do próximo ano.

Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais

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Programa Radical, de Missões Mundiais, está com inscrições abertas para as turmas com início de treinamento previsto para 2016. Mas, os interessados devem se apressar, pois o prazo para entrar no processo seletivo termina no dia 31 de julho deste ano. As turmas com inscrições abertas são as dos Projetos Radical África 12, Ásia 2, Latino-Americano 11 e Luso-Africano 5. Se você tem o desejo de se inscrever ou conhece alguém que gostaria muito de participar desse Projeto que leva jovens evangélicos para sinalizar o Reino de Deus em várias partes do mundo, não perca o prazo e escreva agora mesmo para crh@jmm. org.br. Para participar do processo seletivo da décima segunda turma do Radical África, da segunda do Radical Ásia, da décima primeira do Ra-

dical Latino-Americano ou da quinta do Radical Luso-Africano é necessário ser solteiro e membro atuante de uma mesma Igreja Batista por, no mínimo, dois anos. As exigências de escolaridade variam segundo o Projeto. O Radical África exige ensino médio completo, mesmo nível educacional

requerido para o Radical Luso-Africano, que também permite a participação de pessoas que já tenham concluído o ensino superior. Para o Radical Ásia é necessário ter formação superior, enquanto o Radical Latino-Americano busca vocacionados que estejam cursando o nível universitário.

Novidade no Radical África é o tempo de duração O tempo de duração depende da cada Projeto, podendo ir desde 12 meses nos casos do Radical Latino-Americano e Luso-Africano até dois períodos de 24 meses no Radical Ásia. A novidade é que o Radical África, antes com quatro anos de duração, agora

Terceira turma do Radical Haiti também recebe inscrições, que podem ser feitas até início de 2016 O Radical Haiti enviou sua segunda turma ao campo este ano, e as inscrições apenas para a terceira turma deste Projeto de Missões Mundiais também podem ser feitas até 18 de março de 2016. Segundo a supervisão do Programa Radical, o começo do treinamento dessa nova turma acontecerá em agosto de 2016. Portanto, não perca o prazo para se inscrever nas novas turmas do Radical. É só até o dia 31 de julho deste ano, apenas pelo e-mail crh@jmm.org.br.


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Primeira Igreja Batista em Pajuçara - CE: 10 anos de amor e restauração de vidas para o Senhor

Nonato Almeida, assessor de comunicação e vicepresidente da Primeira Igreja Batista em Pajuçara - CE

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uantas histórias, quantas bênçãos, quantas dádivas, quantas alegrias. Nos últimos dias 30 e 31 de maio celebramos nossos dez anos de caminhada, tendo Deus à frente, comandando o seu povo nesta comunidade. Um tempo de celebração, pois, ao olharmos no retrovisor do tempo, vemos que, desde o princípio de nossa história, nesta localidade, Ele nos apoia e nos capacita para fazer muito mais além do que podemos imaginar. Contamos com a participação de preletores de peso: pastor Nonato Gaspar, da Igreja Batista de Antonio Bezerra, e pastor Ésio Almeida, da Igreja Batista Kháris. E, ainda, a participação especial da Banda Candeias, que conduziu o louvor de sábado, em um intenso momento de louvor, adoração e agradecimento ao Senhor Jesus. Um pouco da nossa trajetória Tudo teve início em dezembro de 2004, quando membros da Igreja Batista em Monte Castelo (IBMC), de Fortaleza-CE, decidiram enviar uma comissão de 12 membros para este local, a fim de avaliar as possibilidades de reconstruir o templo em ruínas e reativar um trabalho que não mais existia ali. A primeira expedição missionária foi marcada para o dia 08 de janeiro de 2005, sob a liderança do então diácono daquela Igreja - e, hoje, pastor - Manuel

Messias Rodrigues de Almeida. Na manhã daquele sábado, a comitiva chegou ao local. Ao verificar as reais condições físicas do prédio, a triste constatação: quase tudo (95%) teria de ser demolido. Portas quebradas, piso estragado pelo tempo; nada pode ser aproveitado. O desafio foi lançado: reerguer um santuário, mas sem recursos e prazo certo para término, além da previsão de dois longos anos de construção. Contudo, os irmãos não desanimaram, e a IBMC abraçou o desafio, mesmo diante das dificuldades. Naquele dia, ainda, toda a cobertura - ameaçada de desabamento - foi retirada e poucas paredes ficaram em pé. Contrariando a previsão da obra concluída (dois anos), Deus comprimiu este tempo a menos de cinco meses. O primeiro culto em ação de graças inaugurou o novo templo no dia 28 de maio daquele ano, que contou com a presença da liderança da Convenção Batista Cearense (CBC) e da IBMC. Nascia, assim, a Primeira Igreja Batista em Pajuçara. Quem faz parte, ou já caminhou juntamente conosco, pode confirmar o aconchego dos irmãos, o acolhimento dos que fazem a Primeira Igreja Batista em Pajuçara um lugar em que sentimos que somos queridos, importantes e somos amados. Um lugar onde percebemos a mão do Senhor na vida de cada membro, e a seriedade de um ministério conduzido por um Deus real, justo e verdadeiro. Sejamos eternamente gratos ao Senhor.


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OBITUÁRIO

Erly Barros Bastos, uma saudosa lembrança Othon Ávila de Amaral, colaborador de OJB

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egistramos com profunda tristeza o “até logo” a irmã Erly, ao mesmo tempo gratidão a Deus, por ter convivido com ela, dando-me privilégio de relatar um pouco desta grande serva de Deus. A irmã de saudosa lembrança, Erly Barros Bastos, foi, para nós, eu e Jane (minha esposa), excelente amiga e mui prezada irmã. No decorrer de mais de 40 anos era certo nos encontrarmos em solenidades diversas: Bodas e Jubileus de Ouro, Assembleias de Associações, Convenções Estaduais, Assembleia da Convenção Batista Brasileira, consagrações de pastores e diáconos, casamentos e falecimentos; enfim, qualquer acontecimento envolvendo os Batistas se tornava mais uma oportunidade que tínhamos de nos abraçar e desfrutar do carinho, do sorriso, da palavra amiga. Irmã Erly foi uma mulher muito sábia e buscava viver a graça de Deus em sua vida. Firmou seu lar na rocha, e a cada caminhar junto ao seu esposo, fazia questão de

ajudá-lo em seu ministério, presente quando possível e em oração quando se tornou impossível, mas não deixou de ser sua fiel ajudadora. A vontade de Deus era visível em sua conversão, batismo, juventude, casamento, nascimento dos filhos, sorrisos, lágrimas, lutas, vitórias, e fazia seu coração transbordar de amor e gratidão. No retorno de cada gesto em sua vida, nos momentos difíceis, amenizados pela atenção de seu esposo, filho, nora, neta e demais familiares, entrelaçamento familiar que fez questão de plantar baseado na Palavra de Deus, onde a verdade e o amor era o essencial, o que pode confirmar no seu último decênio. Em tudo Deus cuidou, quando ela mais careceu dEle, ela sentiu e viveu sua presença constante, desde o cantar dos pássaros ao cacarejar das aves, Ele estava ao seu lado até o anoitecer de mais um dia. Pastor Judson por vezes em semanas, meses, anos que a acompanhou, fosse a uma consulta ou uma breve visita a seu filho (raro, pois ficava mais em sua casa) muitas lágrimas ficaram ocultas, mes-

mo sendo visível o sofrimento de sua amada esposa que, jamais lamuriou a provação pela qual passou, ela apenas serviu para aproximá-la mais do seu Salvador. Erly Barros Bastos foi uma crente que onde atuou deixou as marcas de sua dedicação. Foi uma das primeiras mulheres, sendo bem preciso, a terceira mulher a fazer parte da Diretoria da Convenção Batista Fluminense. Sempre ensinando, liderando organizações, palestrando, redigindo atas de reuniões pequenas ou grandes, tudo ela fazia buscando fazer o melhor, com zelo, com amor, com excelência. Erly era estimada por todos: pastores, diáconos, senhoras, moças, jovens, adolescentes, crianças, regentes, músicos, coristas e todos que se aproximavam dela. Sua palavra mansa, seu sorriso espontâneo, seu tempo sempre dividido com quem precisasse, era sua marca registrada, a todos conquistava. Soube compartilhar com Judson e Maurício (esposo e filho), com Patrícia e Beatriz (nora e neta), o privilégio que Deus lhe concedeu, amar com sabedoria; fortalecen-

do-os no exercício de seus compromissos e de seus relacionamentos, testemunhando que tudo que Deus faz é bom, mesmo quando não entendemos. Por ocasião da 87ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, em Florianópolis - SC, foi a última vez que a vi em um trabalho denominacional; estávamos sentados, eu ao lado esquerdo do pastor Judson e ela ao lado direito, no primeiro banco estofado, assistindo uma reunião da Assembleia da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil. Observei atentamente o seu semblante que era de uma pureza inigualável, pude contemplar e sentir algo diferente, reluzia a verdadeira essência de uma cristã autêntica. Sem qualquer dúvida, Erly fazia questão de viver o ensinamento do Mestre, deixando sua pequena luz brilhar, com seu “eu” diminuído e que Cristo fosse engrandecido. Um dos exemplos permiti que o Espirito Santo agisse em sua vida, quando pelo vale começou a passar, foram várias cirurgias e soube resistir, contornar as situações com impressionante

resignação pelos sofrimentos delas decorrentes. Não poucas as vezes foram as vigílias intermináveis de seu esposo ao seu lado, mas sempre com muita devoção e amor. Pedindo que Deus fizesse a Sua vontade no tempo e momento certo e, enquanto aqui estivesse, fosse na alegria ou na doença, que a gratidão em cada segundo, minuto, hora, dia, semana, mês e/ou anos fosse algo constante, não deveria ter qualquer questionamento. Deus é bom, independente das situações. Assim foi até o derradeiro momento da despedida final. Uma existência conjugal que durou 54 anos. E os senões deste ciclo foram insignificantes gotas de orvalho, que as plantas recolheram no transcurso das madrugadas invernosas, e que os raios solares os desfizeram no florescer de cada novo dia. Até logo, Erly! Valeu fazer parte da sua vida, mulher abençoada de bondade, a lhaneza, o amor que a marcou de forma tão condizente, eternamente lhe fará presente em nossas vidas. Obrigado Erly por ter me permitido ser seu amigo!

Erly Barros Bastos - escolhida para servir União Feminina Missioná- ca, era composta de meninos e meninas até a adolescênria Batista Fluminense cia. Aos 15 anos descobriu a “O justo florescerá como o Organização Mensageiras do Cedro no Líbano” (Sl 92.12). Rei e apaixonou-se por ela. Foi enviada pela Igreja para m 07 de janeiro de fazer o Curso de Liderança 1942 chegou ao Lar com a líder Nacional de MR, de Emerencio Botelho Minnie Lou Lanier. OrganiBarros e Ormy Pires zou, então, em sua Igreja, Barros uma linda e delicada as MR, novidade em todo o menina, que recebeu o nome norte do estado do Rio de de Erly. Janeiro. Com que alegria levaSeus pais, dedicados servos va “suas” Mensageiras, bem de Deus, procuraram criá-la treinadas, para apresentações nos caminhos do Senhor. O nas Igrejas na Associação culto doméstico tinha lugar Extremo-Norte. Logo, outras de destaque naquele lar, as- organizações foram surgindo. sim a pequena Erly logo co- Aos 16 anos foi eleita líder meçou, também, a envolver- associacional e, até hoje, sua -se nas atividades da Igreja. influência de líder dedicada Muito talentosa e incentivada é inspiração para todos que a pela mãe, desde cedo se re- conheceram. Aos 19 anos casou-se com velou excelente declamadora. Sua linda e delicada voz o jovem Judson Garcia Basfazia-se ouvir frequentemente tos, aspirante ao ministério, em solos, duetos e no Coral como se dizia na época. Em da Igreja. 1954 tornou-se esposa de Líder nata, aos 14 anos foi pastor, ministério que exereleita para liderar a Sociedade ceu com dedicação, seriedade Crianças que, naquela épo- de e prazer. Nas Igrejas ser-

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vidas e pastoreadas por seu esposo, foi sempre ajudadora fiel e disposta, se envolvendo nas atividades da Igreja e suas organizações. Poetisa, escritora; seus poemas e peças despertaram muitos, principalmente as mulheres. Hospitaleira, seu lar, sempre acolhedor, recebia pastores e líderes com simpatia, amabilidade, discrição e carinho. Deus deu ao casal três filhos, dos quais dois já estão com o Senhor. Maurício, filho querido, sempre sua alegria e realização, casou-se com Patrícia, recebida como filha extremosa que lhe deu o melhor presente: Beatriz, a Bia, neta da qual falava com admiração, amor e carinho, com muita “corujice” de avó. Mãe, esposa, sogra e avó extremada, sempre contribuiu para a união da família e consequente glória de Deus. Erly sempre foi uma mulher singular, forte, alegre. Brilhou na sua trajetória de vida cristã

e líder atuante nas várias áreas da denominação. Exerceu com dedicação na secretaria de Atas, no Conselho Administrativo da Convenção Batista Fluminense, nas Juntas e Coordenadorias. Apaixonada pela obra educacional e evangelística, razão de ser da União Feminina Missionária dedicou-se de coração e alma às suas atividades em todos os âmbitos. Foi presidente da União Feminina Missionária Batista Fluminense, por três mandatos. Atuou como coordenadora estadual de MCA, promotora regional, auxiliar da coordenadora estadual de MCA, e fez parte de várias comissões nas atividades da UFMB Fluminense. Na Assembleia da UFMB Fluminense, em 2014, recebeu a honra com o Título de Coordenadora Emérita de MCA. A graça da liberalidade, amor e serviço cristão foram sua marca. Conhecia os líderes batistas fluminenses como poucos.

Foi abençoada e abençoadora, firme nas promessas de Jesus. Veio a enfermidade, mas continuou atuando com esmero, dedicação e amabilidade; enquanto pôde. Enfrentou dores, cirurgias, com fé e confiança no Deus que nos salva, nos liberta e nos conduz ao lar celestial. No dia 04 de maio deste ano, quis Deus convocá-la para junto de Si, aliviando assim todo o sofrimento, recebendo-a em seus braços, e certamente ouvindo: “Filha, foste fiel, entre no gozo do Seu Senhor”. Deixou uma lacuna, um vazio em nossos corações, mas as memórias de uma líder capaz, inesquecível, uma mulher sonhadora, amiga é inspiração para todas nós, que ficamos saudosas. “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” (II Tm. 4.5). Louvado seja Deus pela vida da Erly Barros Bastos, uma vida, inspiração para toda mulher batista fluminense.


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A

ponto de vista

Que tipo de pessoa você é?

lguém já afirmou categoricamente que há três tipos de pessoas neste mundo: pequena, média e grande. Achei muito interessante a afirmação. Pensei: é verdade! Partindo da referida afirmação, podemos discorrer acerca desses três tipos de pessoas na sociedade hoje. Em um mundo tão complicado vemos as pequenas e as médias pessoas dominando, estabelecendo o tom. Sabemos que a pequena pessoa fala de pessoas de forma negativa, semeia discórdia, usa de maledicência, politicagem. A média pessoa fala de coisas e tem o foco em carros, casas, roupas de grife, consumismo, celular, IPad, jogos de computador, futebol, UFC e status. A grande pessoa discorre acerca de projetos que contribuam para ajudar substancialmente o povo, são solidárias e servidoras, são proativas e geradoras de mudanças positivas na sociedade visando sempre o bem comum. São despidas de si mesmas. Agora, vejamos detalhadamente as diferenças entre a pequena pessoa, a média pessoa e a grande pessoa. A pequena pessoa vive em função de falar mal dos outros, semear contendas, insatisfação, confusão e insegurança nos relacionamentos. É terrorista que causa destruição das amizades e compromete a família, o ambiente de trabalho e quaisquer outros grupos onde está inserida. A pequena pessoa tem uma

disfunção emocional muito séria. Está doente emocional, moral e espiritualmente. Está praticando obras da carne, de acordo com o texto de Gálatas 5.19-21. A especialidade desta pessoa é prejudicar o próximo, esquecendo-se que prejudicará a si mesma. O veneno que ela espalha vai voltar para a si mesma. Ou seja, ela toma o próprio veneno. Diz a Palavra de Deus que o Senhor abomina “O que semeia inimizade entre irmãos” (Pv 6.19). A pequena pessoa deve ser evitada (se ela não quer mudar de atitude), pois o Senhor declara: “Quem vive falando revela segredos, por isso, não te envolvas com quem fala demais” (Pv 20.19). O Senhor continua falando: “O mexeriqueiro, o que fala demais, revela segredos, mas o fiel de espírito guarda segredo” (Pv 11.13). É muito pequeno falar da vida alheia, fazer comentários maldosos, que denigrem as pessoas. Jesus nos ensina: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque sereis julgados pelo critério com que julgais e sereis medidos com a medida com que medis. Por que vês o cisco no olho de seu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” (Mt 7.1-3). É muito triste lidar com uma pequena pessoa e ainda mais com um grupo de fofoqueiros, de pequenas pessoas. Geralmente a pessoa que leva e traz não é amiga. Não conviva com gente assim. Não deixe entrar em sua casa, a não ser que haja mudança de atitude. O apóstolo João se re-

fere a um tal de Diótrefes, de Éfeso, que proferia palavras insensatas e maldosas contra ele, segundo III João 10. Que o Pai nos livre de sermos esta pequena pessoa. A média pessoa também é de difícil convivência, pois só fala de coisas, de bens materiais, prosperidade material, roupas de marca, carros, comenta acerca do carro que o outro comprou, fala demais de futebol, internet, viagens, artistas, novelas, etc. A média pessoa está preocupada com o seu desempenho financeiro e com a sua desenvoltura profissional. Focada no sucesso da família. Geralmente a média pessoa é desatenta em relação às coisas mais profundas, às coisas espirituais, às campanhas de ajuda aos necessitados. A média pessoa está mais preocupada com o seu emprego, com o seu status profissional do que com qualquer outra coisa. Este tipo de pessoa olha muito para a aparência e não para o coração. É estilista. É o tipo de pessoa dispersa, que não lê e não tem interesse em assuntos que a levam para a reflexão, para um olhar introspectivo. Aprecia as revistas que falam dos ricos, de moda, de carros, e gosta de novelas. Gasta o seu dinheiro naquilo que não é pão, naquilo que não pode satisfazer o coração. Portanto, a média pessoa está focada no que se pode ver, com as coisas desta terra, na contramão das coisas do alto, como exemplifica Colossenses 3.1-4. A média pessoa vive pelo ter e não

pelo ser. A grande pessoa é aquela que está focada em projetos, movimentos e mobilizações para a mudança positiva da sociedade. Esse tipo de pessoa geralmente é proativo. É agente de transformação. O seu interesse é ajudar pessoas pobres, organizações humanitárias, juntas missionárias, crianças em alto fator de risco. A grande pessoa promove a melhoria da qualidade de vida da população nas áreas de saúde, educação, segurança, transporte, meio ambiente e toda uma gama de demandas da sociedade. Geralmente é solidária e desapegada das coisas materiais. Segue a Pessoa de Jesus Cristo, o nosso modelo de Grande Pessoa. Afirmo que é difícil encontrar uma grande pessoa. Geralmente encontramos muito mais pessoas reativas do que proativas. Nós temos alguns exemplos de grandes pessoas: Francisco de Assis, Martinho Lutero, William Wilberforce, Blaise Pascal, William Carey, John e Charles Wesley, Charles Spurgeon, Alexander Fleming, C. S. Lewis, Martin Luther King, Maria Tereza de Calcutá, Charles Colson, Billy Graham, Bob Pierce (fundador da Visão Mundial Internacional), Bernard Kouchner (médico francês, fundador da organização humanitária Médicos sem Fronteiras), e muitos outros. Homens e mulheres que foram grandes pessoas, que deixaram suas marcas indeléveis. Dou graças a Deus pelas

grandes pessoas. Não posso dizer o mesmo das pequenas e médias pessoas. O nosso grande desafio é sermos grandes pessoas que fazem toda a diferença neste mundo. Lendo os evangelhos, especialmente, aprendemos com a Grande Pessoa – o Senhor Jesus – a servir e a influenciar positivamente. Somos chamados à mudança do nosso contexto imediato. Devemos ser formadores de grandes pessoas, de cidadãos que fazem toda a diferença. A meditação nas Escrituras, a leitura de biografias, de leitura de livros de grandes pessoas e a convivência com elas, certamente contribuirão para que sejamos grandes pessoas, conformadas com Cristo e inconformadas com o mundo. Conformadas com a justiça e a verdade, e inconformadas com a injustiça e a mentira ou o erro. Que Deus nos livre de sermos pequenas e médias pessoas, nos livre de recebermos sua influência, mas nos dê a graça de aprendermos com as grandes pessoas, que nutrem amor a Deus e ao próximo. Não glorificamos a Deus sendo pequenas e médias pessoas, mas sendo grandes pessoas. Prossigamos no caminho da mudança de mentalidade e de percepção. Sejamos grandes pessoas, filhos de um Grande Deus, Bendito eternamente. Respondo à pergunta-tema dizendo que aspiro ser uma grande pessoa para abençoar o meu próximo e, acima de tudo, para glorificar a Deus, nosso Pai.

Igrejas atuais Manoel de Jesus The, colaborador de OJB

U

m famoso escritor do momento, Zygmunt Bauman, escreveu sobre os problemas eclesiásticos dos nossos dias. Ele escreveu um livro chamado: “Amor Liquido”. Das igrejas que ocupam os horários na TV, a maioria delas é fruto de divisão. Líderes, não sabendo trabalhar ombro a ombro, separam-se e criam seu próprio segmento eclesiástico. O trabalho ombro a ombro perdura enquanto há lucros em vista. Um modelo de igreja dos nossos dias está presente na história infantil que todos conhecem: Branca de Neve e os Sete Anões. Cada um dos

anões representa uma personalidade humana. Zangado, Dunga, Feliz, Atchim, Mestre, Soneca, Dengoso. Como lembram nossas igrejas! Cada um tem uma personalidade. Parecem tanto com nossas igrejas, que só não brigam quando marcham cantando juntos. Como parecemos com eles. Não cantamos juntos todos os domingos? Dizia o filósofo russo, Tchekov, professor de filosofia da Sorbonne, que o “Homem é o lobo do homem”. As igrejas são compostas de homens. Quando os anabatistas defenderam o livre arbítrio ou o sacerdócio dos crentes, enfatizando que cada um responderá por si mesmo diante de Deus, e que a ideia de salvação é estar sob “o

guarda-chuva” de uma religião (o catolicismo romano seria o único guarda-chuva), surgiu o individualismo. Esse individualismo não é o individualismo vigente em nossos dias, defendido pelo existencialismo, que preceitua que cada um tem a sua verdade, dando liberdade para o cidadão impor sua vontade pessoal sobre os outros. Não, não era. Pelo contrário. O indivíduo assumia a sua responsabilidade diante de Deus. O existencialismo colocou na boca do filósofo Sartre, a máxima: “Cada um é livre para escolher aquilo que quer ser”. Mas, como o homem nasce pecador, ele só irá escolher o pecado. Deu no que deu. O mundo está multifacetado, em pedaços, e cada vez mais surge pedacinhos menores e

mais perigosos. O EI que o diga. O evangelicalismo brasileiro que o diga. O mundo político mundial, e também o nacional. Uma pergunta: Hoje há alguém que confia em alguém? Os anõezinhos eram, como nossas igrejas, um corpo composto de várias personalidades, mas na hora de salvar Branca de Neve, estavam todos de acordo. Nesse ideal, seus comportamentos eram contidos. Será que nossas igrejas aprenderam alguma coisa com os anõezinhos? Quantas se unem em torno dos planos e objetivos das Convenções? Temos a Convenção Nacional, Estadual, e as Associações, mas, o Zangado continua zangado, o Dunga continua mudo, o Atchim espirra na

hora errada, o Mestre quer mandar em todo mundo, o Soneca continua dormindo, e o Feliz está feliz mesmo que haja erros a corrigir. Tenho sonhado e orado pelo dia em que nossas igrejas serão libertas da cultura de nossos dias. Do separatismo, da crítica exacerbada como desculpa para justificar seu separatismo (as desculpas apontam motivos banais), como no passado houve divisão quando surgiu invenção chamada rádio, cinema, TV, altura da roupa, coisa que ninguém mais nota. Isso nos mostra que continuamos os humanos que Zigmunt Bauman menciona em seu livro. Será que não é tempo das Igrejas Batistas atuais, tornarem-se atuais?


o jornal batista – domingo, 26/07/15

ponto de vista

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observatório batista LOURENÇO STELIO REGA

Abortamento (5) O abortamento eugênico: é lícito?

A

palavra “eugênico” vem da formação de duas palavras gregas “eu” (bem ou bom) mais “gennao” (nascer) e etimologicamente significaria bom nascimento. O abortamento eugênico é assim considerado ao se desejar evitar um nascimento quando ocorre má formação do feto, que pode ser provocada por diversas causas, entre elas: causas químicas, tais como a contaminação com agentes espalhados na atmosfera pela poluição ou mesmo por agentes químicos presentes em alimentos ou medicamentos; causas biológicas, como a contaminação por enfermidades contagiosas, como a rubéola (até o terceiro mês da gravidez) ou viral como a AIDS; e causas genéticas, tal como a Síndrome de Down. No passado, os pais só sabiam que havia alguma anormalidade fetal após o nascimento. Hoje, com o avanço no diagnóstico pré-natal, é possível descobrir isso durante a gravidez, com elevado grau de certeza. Isso já coloca os pais diante de um complexo dilema ético durante o período gestacional, pois, se houver alguma anormalidade na formação fetal, poderá trazer certo grau de frustração à expectativa da vinda de um filho idealizado. O que fazer? Em primeiro lugar, é preciso levar em conta que uma vida não pode

ser avaliada a partir do que poderá produzir nem quanto custará à sociedade para sobreviver, pois tem ela significado maior. Em segundo lugar, é importante considerar que a redução potencial de recursos em uma pessoa não a torna menos importante que uma considerada normal. Terceiro, o sofrimento provocado pelo processo de adaptação de uma pessoa com menos recursos físicos, psicológicos ou mentais não pode ser fator de sua eliminação mesmo na fase formativa, pois quem estabeleceria a linha limítrofe entre o normal e o anormal? Vamos lembrar aqui do regime nazista. Em quarto lugar, se a contaminação bacteriológica ou viral (rubéola, AIDS, respectivamente) não puder reduzir em termos totais a capacidade de viver de uma criança, será preciso optar pela manutenção da gravidez, pois quem garantirá que, de fato, aquele feto terá impossibilidade de viver, ainda que possa ter reduzidas algumas funções de sua vida? Hoje, inclusive, sendo a gestante portadora de AIDS já não tem sido motivo para a indicação ao abortamento. É claro que ainda sobra a questão de uma criança anencefálica. A anencefalia é uma palavra geralmente utilizada para caracterizar a má-formação fetal do cérebro, em que o bebê pode apresentar apenas algumas partes do

tronco cerebral funcionando, garantindo algumas funções vitais do organismo. Mas, há graus variados de anencefalia. Uma criança nestas condições dificilmente viveria por muito tempo. É uma questão crucial em que pode haver medicamente a orientação para o abortamento. Mas, outra opção pode ser considerada se o bebê pode ser mantido até o nascimento de modo que, após a sua morte, pudesse doar órgãos para crianças necessitadas. Alguém poderia dizer que isso seria manipulação de uma vida, mas a interrupção da gravidez, neste caso, não seria a eliminação de uma vida? Aqui entra o que chamamos em ética de “duplo efeito”, seja qual for a decisão não se conseguirá alcançar um ideal perfeito. Voltando às outras situações que mencionamos no começo do artigo, vamos pensar que mesmo tendo limitadas as potencialidades de vida por causa de sua formação gestacional, uma pessoa poderá adaptar-se à vida e viver muitas vezes de modo exemplar para nós que nos imaginamos “normais”. Amitai Etzioni, um sociólogo germano-estadunidense-israelense, em seu livro Genetic Fix, afirmou que os pais de uma criança que estiver se desenvolvendo anormalmente no período de gestação, deveriam assinar um

termo de responsabilidade assumindo todo custo para a manutenção deste filho, em vez de lançá-lo sobre o Estado. Vemos assim uma visão utilitarista que mais considera o ser humano como agente produtivo, em vez de sujeito histórico, ainda que não seja possuidor de todas as potencialidades que seriam consideradas normais. Bancaremos Deus determinando o que é normal e o que é anormal? Qual a linha divisória entre estes dois polos? Não há como negar as dificuldades que os pais e familiares terão que enfrentar quando há o nascimento de uma criança com estas caraterísticas. Dificuldades no atendimento médico, social, afetivo, educacional são reais, mas, cabe ao Estado prover meios para que essas crianças sejam atendidas. Graças a Deus hoje já se torna presente o conceito de inclusão em que estes atendimentos já começam a se fazer presentes. As igrejas também podem ser inclusivas se tornando instrumento para o alívio destes dilemas. Embora não há notícias de que o autismo possa ser descoberto ainda no período gestacional, já está se tornando um grave quadro neste período. Estatísticas alarmantes já germinam preocupações. Na plataforma TED - uma plataforma que começou em

1984 e divulga temas importantes para o mundo atual para ideias. A sigla significa Tecnologia, Entretenimento e Design, distribuindo seu material em mais de 100 idiomas - houve a divulgação de que em 1975, estimava-se 01 autista em 5.000 crianças. Hoje, 01 criança em 68 está no espectro do autismo. Embora não seja um tema diretamente ligado ao abortamento, leva-nos a considerar a inclusão como uma das prioridades no cumprimento de nossa missão como igreja. Voltando ao tema do abortamento eugênico será preciso considerar que o feto, mesmo sendo uma vida potencial, é uma vida, e enquanto há vida, há esperança. Volta aqui a pergunta fatal que apresentei no artigo anterior: para Deus o feto não seria gente? O Salmo 139 nos ensina “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.16). Em outras palavras, como um conjunto celular ainda sem forma definida, Deus já nos considera e tem a visão de como serão nossos dias, dentro do seu atributo da presciência. Como então descartar este ser, ainda que em seu início de vida? Deve, portanto, haver oportunidade para a construção de uma história.



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