Jornal Artefato 03/2018

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Clube do livro O incentivo à leitura com criatividade Pág. 6 e 7

Busca fé

Junina evangélica une Bíblia e festa Pág. 14 e 15

Cine fusca

A magia do cinema nas comunidades distantes Pág. 22 e 23

Orar(Ação)

Adultos, jovens e crianças, juntos para ajudar o próximo independentemente da religião, levam carinho e apoio em diversos locais Pág. 12 a 13 Ano 18 - N° 14 - Jornal-Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília - Distribuição Gratuita - junho/julho/agosto de 2018


EDITORIAL Na terceira e última edição do primeiro semestre de 2018, o Artefato conclui mais uma etapa. Jornada que trouxe dúvidas, preocupações, desafios e, principalmente, maturidade. Proporcionou momentos inesquecíveis para cada os envolvidos neste jornal laboratório. O trabalho foi coletivo sempre: da elaboração de pautas à produção até edição. Aqui nos despedirmos da disciplina, mas com perspectivas mais otimistas sobre a profissão e o mundo. Nesta edição decidimos focar no tema “boas ações”. Atos que fazem a diferença na vida das pessoas, que envolvem, por vezes, magia, mas não aquela que tira o coelho da cartola e, sim a que consegue superar a angústia e dor com motivação, fé e altruísmo. Tais ações levam à reflexão: o homem quando cura o outro está curando a si mesmo? Será que nos curamos quando tratamos as dores dos outros? O altruísmo também está presente na mitologia grega, quando Anteros, irmão de Eros, punia os que desprezavam o próximo. Não é preciso levar os princípios de Anteros a ferro e fogo, mas deixar fluir o que temos para oferecer, como ler um material de estudo para um deficiente visual, abraçar um desconhecido, traduzir documentos para o português no caso de imigrantes que buscam refúgio no Brasil e atuar como suporte para crianças que querem estudar, mas não têm apoio em casa. Da elaboração da pauta à produção das reportagens, o aspecto humano se sobrepôs a todas as dificuldades com o intuito de apresentar alternativas que buscam fazer o bem ao próximo. Na arte, aparece quando o incentivo à leitura nos clubes do livro, envolvendo criatividade e cultura. Na dança, deficientes têm a chance de perceber que podem ir além com aulas específicas e descobertas pessoais. Um grupo de evangélicos criou uma quadrilha junina que mescla passagens bíblicas e festa para demonstrar que fé e alegria andam juntas. É a religião também que aparece em destaque nesta edição. Não a religião que tem uma única interpretação. Mas a do sentido da ligação com o divino e do fazer o bem ao outro. Um grupo de jovens católicos lidera ações no Distrito Federal e convida voluntários de diferentes credos para que participem de distribuição de sopa e da visita a orfanatos e asilos. Além de escrever sobre fazer o bem ao próximo, nós conseguimos sentir isso na pele. O Artefato não teria dado tão certo sem a colaboração de colegas de outros semestres que se prontificaram a ajudar uma turma com apenas oito alunos. Foi assim que nasceram três edições de 24 páginas cada uma delas. Superamos a correria, as responsabilidades com outras disciplinas, estágios e trabalhos de conclusão de curso para esta aventura. A sensação é vitória e de gratidão. A equipe Artefato está pronta para a próxima aventura.

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EXPEDIENTE Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília Ano 18, nº 14, junho/julho/ agosto de 2018 Reitor: Prof. Dr. Gilberto Gonçalves Garcia Pró-Reitor Acadêmico: Dr. Daniel Rey de Carvalho Pró-Reitor de Administração: Prof. Dr. Dilnei Lorenzi Chefe de Gabinete da Reitoria: Prof. Dr. Dilnei Lorenzi Diretora da Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação: Prof. Msc. Anelise Pereira Sihler Coordenador de Curso de Jornalsimo: Prof. Dr. Leandro Bessa Professora Responsável: Profa. Drª. Renata Giraldi Professor Auxiliar: Fernando Esteban Orientação de Fotografia: Felipe Castanheira Apoio: Fernanda de Sá Apoio Técnico: Sued Vieira Monitoras: Germana Brito e Layla Andrade Editores-chefes: trabalho coletivo Editores de arte: Iago Kieling Diagramadores: Ana Cláudia Alves, Iago Kieling, Emanuelly Fernandes, Francyellen Magalhães, Gabriela Anacleto, Larissa Lago, Matheus Dantas, Poliana Fontenele, Tuanny Carvalho e Verônica Holanda. Editores de fotografia: Poliana Fontenele Editor de web: Layla Andrade e Lukas Soares Social mídia: Karyne Nogueira Repórteres: Ana Cláudia Alves, Diana Bispo, Emanuelly Fernandes, Francyellen Magalhães, Gabriela Anacleto, Larissa Lago, Matheus Dantas, Poliana Fontenele, Tuanny Carvalho e Verônica Holanda. Checadores: Ana Cláudia Alves, Emanuelly Fernandes, Francyellen Magalhães, Gabriela Anacleto, Larissa Lago, Matheus Dantas, Poliana Fontenele e Verônica Holanda. Fotógrafos: Allan Costa, Alessandra Miranda, Diana Bispo, Fernanda Bueno, Flavia Brito, Isabella Carvalho, Laila Menezes, Mariana Nobrega, Nathalia Teles, Pedro Nascimento, Renato Santana e Tuanny Carvalho. Ilustrações: Freepik.com Tiragem: 1 mil exemplares Impressão: Gráfica Athalaia Universidade Católica de Brasília EPTC QS 7, Lote 1, Bloco K, Sala 212 Laboratório Digital Águas Claras, DF Telefones: 3356-9098/9237 Leia o Artefato também na web. Acesse nossas redes sociais e site. E-mail: artefatoucb1@gmail.com Jornal online: issuu.com/jornalartefato Facebook: facebook.com/jornalartefato Site: artefatojornal.wordpress.com Snapchat: @artefato Instagram: @jornalartefato


MIGRAÇÃO

Sonhos traduzidos Voluntários com domínio de idiomas ajudam imigrantes que pedem refúgio no Brasil Tuanny Carvalho

A chegada ao Brasil para muitos estrangeiros que pedem refúgio além das dificuldades naturais de quem abandona seu país, está o português. Ser compreendido vira um desafio. Aí entram os colaboradores ou voluntários, que ajudam aqueles que querem reconstruir a vida em território brasileiro. O trabalho alia a tradução ao apoio contínuo. Carlos Baby é responsável por agendar as entrevistas dos refugiados de todas as unidades do Comitê Nacional de Refugiados (Conare), e disse que pelo menos um terço dos imigrantes que buscam refúgio faltam às entrevistas já marcadas. Ele não soube dizer o que motiva a ausência. O agendamento é feito pela internet. Por mês o órgão

recebe em médio 200 processos com pedidos, mas poucos são levados adiante pelos interessados. A entrevista é a segunda etapa. A maior demanda de pedidos de refúgio vem de imigrantes da Venezuela. Pela Convenção das Nações Unidas, o refúgio é concedido ao imigrante por queixa de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade ou opiniões políticas. Enquanto tramita um processo de refúgio, pedidos de expulsão ou extradição ficam em suspensos. Por semana, são mais de 20 entrevistas. As atividades estão sob responsabilidade do Conare, ligado aos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, que tem parceria também com a Universidade de

Brasília. Os voluntários devem ser fluentes em línguas estrangeiras. A transcrição de áudios faz parte das atividades que visam facilitar a comunicação dos servidores do órgão com os refugiados no processo da entrevista. A atividade deve ser realizada por cerca de três meses, após a conclusão, o voluntário recebe um certificado de extensão da UnB. Paralelamente há uma equipe de 20 tradutores (foto) que auxilia no agendamento e marcação de entrevistas com os oficiais de elegibilidade que emitem o parecer sobre o pedido de refúgio. As entrevistas são feitas por meio de Skype ou pessoalmente pelo Conare de Brasília e de Porto Alegre.Já em São Paulo são realizadas apenas por Skype. Foto: Tuanny Carvalho

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EDUCAÇÃO

Afago solidário Projeto recebe crianças e adolescentes para mantê-los longe dos perigos da rua

Foto: Nathália Teles

Larissa Lago

Estudantes, de 6 a 15 anos, aguardam o momento para entrar na sala de monitoria, na associação, no Gama, em que passam parte do dia do contra turno da escola regular

Há seis anos, Maria Elisângela de Lima, 38 anos, tem uma mesma rotina: receber crianças e adolescentes de famílias carentes, de 6 a 15 anos, no contra turno da escola. “Essas crianças são o nosso futuro, e não vamos aceitar um futuro sem amor, carinho e compreensão”, costuma repetir a coordenadora-geral da Associação de Apoio à Família, ao Grupo e à Comunidade (Afago) no Gama (DF). A associação foi criada a partir do apelo de Chiara Lubich, uma italiana

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fundadora do Movimento dos Focolares, um movimento ecumênico com base na Igreja Católica. Em um evento para as famílias participantes, na década de 90, Chiara relatou a dor de ver crianças em orfanatos, sem suas famílias e pediu apoio. O pedido foi atendido. “A Afago atua apoiando as famílias de baixa renda que precisam trabalhar e não tem onde ou com quem deixar seus filhos, para que eles não fiquem sozinhos em casa ou na rua, correndo o

risco de serem denunciados aos órgãos de proteção à criança, e assim podendo perder a guardar da criança”, disse.

Desafio Maria Elisângela de Lima disse que o desafio não é fácil, pois são 60 crianças e adolescentes matriculados na instituição que estão em situação de risco e vulnerabilidade social. “Mantêlos interessados é uma luta diária,


Foto: Nathália Teles

precisamos que eles voltem todos os dias para que não fiquem sozinhos por ai.” A instituição oferece atividades socioeducativas distribuídas ao longo da semana, como dança, música, esportes, inclusão digital, leitura e arte. Além das atividades, as crianças e adolescentes também recebem refeições que são preparadas de forma saudável e nutricional. A rotina do dia a dia é acompanhada e amparada por três monitoras. “Nosso trabalho não é só oferecer atividades e refeições para eles. Sabemos que muitos não recebem amor e atenção desejada em casa, muitos não têm uma família estruturada, então buscamos sempre demonstrar o quanto eles são importantes para nós, para a Afago”, definiu a coordenadora-geral do Afago.

Apoio Doações dos padrinhos italianos, brasileiros e da sociedade civil em geral mantêm a Afago e conta ainda com algumas parcerias com o governo e da atuação de voluntários. É possível colaborar por meio de doação e apadrinhamento - quando se torna padrinho ou madrinha de uma criança ou adolescente. O padrinho e a madrinha devem acompanhar o desenvolvimento de seu afilhado. Há, ainda, a opção da ajuda financeira, com custo médio mensal de R$ 160.

Como ser um voluntário • Disponibilidade: boa vontade e tempo • Você também pode ser um parceiro apadrinhando uma criança ou ajudando financeiramente. • Conta corrente: 425612-3, agência: 2944-0, do Banco do Brasil • Contato: (61) 33840156

Com instrumentos feitos pelas crianças, o monitor Welton Carlos faz atividades lúdicas e musicais semanalmente

HISTÓRIAS TRANSFORMADAS, RELATOS DE VIDA No último ano do Ensino Médio, Nathanael dos Santos Lopes, 19 anos, frequentou a Afago por uma década e meia e atribui à experiência aos rumos que deu na vida. “Sem dúvidas, se não fosse investido o meu tempo na associação, teria conhecido e ou deslumbrado o mundo das drogas e ilicitudes do gênero”, afirmou. Ele fala com de quando era criança e brincava na Afago com os monitores o orientando nas atividades e a atenção que recebia: “Lembro do momento das brincadeiras lúdicas, a simplicidade com que eram ministradas. Naquele momento por alguns instantes esquecíamos da pressão familiar, pois nem todas eram estruturadas”. Determinado a retribuir o carinho e amor que recebeu na Afago, Nathanael se tornou voluntário e deu aula de dança na associação, mas seu objetivo principal era debater com os adolescentes sobre assuntos importantes como o uso de drogas, profissionalização e os desafios do futuro. A funcionária Sheila Martins cresceu fazendo parte do projeto, aos 29 anos e formada em pedagogia, faz parte do quadro de funcionários da Associação e retribui todo seu aprendizado do tempo que era atendida pelo projeto. “Foi uma experiência muito boa o tempo que frequentei quando era criança, eu me divertia muito, adorava as festas e os passeios. Agradeço muito pela Afago ter feito parte da minha juventude”, contou. Em seguida, Sheila acrescentou que: “Eu acredito muito no projeto, pois já fui parte dele e conheço pessoas que realmente aproveitaram as oportunidades e ensinamentos que a Afago oferece. Por isso, decidi voltar e não pretendo sair tão cedo”.

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LITERATURA

Criatividade, sem preconceito Projeto incentiva a leitura de forma temática e atrai a atenção de distintos públicos

O preço de ser diferente. Este é o nome do livro o qual Giulia Pereira, de 27 anos, mais se identifica. Extremamente tímida desde pequena, Giulia sempre encontrou nos livros um lugar de refúgio, característica que permanece com ela até a vida adulta. Mas a partir do momento em que descobriu o projeto Clube do Livro, no ano de 2017, a jovem confessa que parou de ver o mundo como algo assustador e percebeu que era capaz de encontrar pessoas semelhantes a ela. “Eu sempre fui muito reservada, não conseguia conversar com as pessoas. Só quando eu comecei a participar do Clube do Livro e vi a quantidade de gente disposta a compartilhar a paixão pela leitura comigo, que me senti à vontade para ser eu mesma”, disse. Para Christine Carvalho, coordenadora do curso de pedagogia da Universidade Católica de Brasília (UCB), muitas pessoas buscam refúgio nos livros para fugirem dos problemas que possam enfrentar durante a vida, sejam eles pessoais ou familiares. Algumas vezes, essa fuga pode acabar se acomodando na companhia da leitura e desenvolver dificuldades de socialização com as demais pessoas.

Clube O Clube do Livro do Distrito Federal, que tem menos de sete anos, reúne cerca de 200 membros frequentes. São crianças, adolescentes, jovens, adultos e famílias com um único objetivo: tornar a leitura em diversão. Christine Carvalho diz que projetos como o Clube do Livro podem ser não só grandes incentivadores da leitura, mas também um lugar de encontro de afinidades.

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Foto: Clube do Livro

Poliana Fontenele

Integrante do Clube do Livro participa, ao ar livre, de partida do Quadribol, jogo baseado na saga Harry Potter

“O contato com outros leitores pode despertar esse interesse e desenvolver nos jovens habilidades e competências para lidar com os conhecimentos compartilhados, sejam de ordem linguística, sócio-cognitiva ou discursiva, e participar, de forma ativa, da construção dos sentidos para os textos”, disse Christine Carvalho. As reuniões são marcadas via WhatsApp definidas, sempre, uma vez por mês a partir da escolha do livro. Porém, o clube é mais conhecido por seus eventos temáticos, em que os leitores vivem uma experiência realista das histórias.

Imersão As atividades temáticas do Clube do Livro incluem duas sagas literárias

internacionais: Harry Potter e Percy Jackson. A primeira, que conta a história de um menino que se descobre bruxo, tem o seu evento realizado anualmente, sempre em julho, chamado Mês Potter, que proporciona aos fãs um mês inteiro de imersão no mundo das poções e feitiços o qual os personagens dos livros vivem. Vestidos a caráter, os participantes presenciam “aulas” de magia, aprendem a jogar Quadribol – esporte criado pela J.K. Rowling, autora do livro – e competem entre si pela Taça das Casas, tudo inspirado pelas histórias contadas nos livros. A segunda saga, Percy Jackson, história baseada na mitologia grega de um garoto semideus (metade humano, metade deus), ganhou projetos recorrentes, como As Caçadoras de Ártemis.


Jogos

Foto: Clube do Livro

Foto: Pedro Nascimento

Nos livros, o grupo é composto apenas por garotas guerreiras e praticantes do arqueirismo, lideradas pela deusa da caça, Ártemis. No projeto do Clube do Livro, as meninas classificam o seu próprio grupo como um jogo de RPG live-action, ou seja, um jogo prático de interpretações de personagens. Ana Brandão, 28 anos, é uma das caçadoras e conta que cada garota interpreta uma personagem e, durante os treinos, elas têm que assumir completamente os seus papéis. “Não podemos usar os nossos nomes reais e, por exemplo, a minha personagem é escocesa, eu criei ela por causa de outro livro que eu amo, ‘Outlander’, então quando eu estou com o grupo, eu tenho que falar sempre com um sotaque escocês”, disse. Para os jogos, elas aprenderam a usar o arco e flecha e simulam missões de caça semelhantes às que acontecem nos livros. “É um projeto que faz você se sentir dentro daquele universo dos livros. É tudo o que eu queria quando era adolescente e não tinha”, disse Ana Brandão.

Atividade de arco e flecha é praticada em campo aberto pelo grupo de meninas chamado ‘As Caçadoras de Ártemis’

Inspiração em Harry Potter Idealizado por Diego Batista, servidor público de 27 anos, um ávido amante da literatura, resolveu criar o Clube do Livro Distrito Federal, em 2011. A ideia surgiu após o fim da renomada saga Harry Potter, qual ele se inspirou e decidiu que grandes obras literárias jamais poderiam cair no esquecimento. “Eu participava de um fã-clube de Harry Potter que encerraria as atividades após o final da saga. Mas eu queria mais, achava que poderíamos explorar outros universos e até mesmo continuar a falar de Harry Potter. Esse desejo me motivou a criar o Clube do Livro, um lugar para se discutir leituras de todos os gostos e fazer amigos”, disse Diego. Com mil e uma ideias na cabeça, o jovem começou a divulgar o projeto em comunidades da antiga rede social Orkut e, aos poucos, foi conseguindo tornar o Clube do Livro no que ele é hoje.

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CIDADANIA

Histórias com final feliz Voluntários auxiliam deficientes visuais para cursinho e pré-vestibular Gabriela Anacleto

Com cerca de 1500 mil livros em braile e 750 audiolivros, ministrados por professores treinados no Instituto Benjamin Constant que fica no Rio de Janeiro, a Biblioteca Braille Elmo Luz, no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais- CEEDV, na Asa Sul, é referência no Distrito Federal. O Clube do Ledor é um dos projetos da biblioteca. Inaugurada em 1992, a biblioteca leva o nome do idealizador, que queria ver os deficientes visuais inseridos na sociedade como um simples cidadão, que trabalha, estuda, viaja e realiza seus sonhos. No local, há uma estrutura organizada para os deficientes visuais com notebooks e celulares, além de máquina de braille e papel de braille.

“Fiquei descrente, fiz muitas perguntas pra Deus e até cheguei a pensar que eu não merecia entrar na universidade”, afirmou a estudante que passou no vestibular e cursa Letras Inglês na Universidade de Brasília (UnB). “Eu gosto da saga Crepúsculo, e também de séries em inglês, eu não sei dizer, mas gosto muito da língua inglesa, quero muito estudar na Inglaterra, e quem sabe morar lá um dia.” Mesmo com tantos cortes, o clube do ledor continua dando asas aos sonhos dos seus alunos, como é o caso do Geovane Alziro que participa do clube desde criança. “Quando a gente era criança, na minha turma tinha um voluntário que gostava muito de ler histórias infantis”, afirmou o

Alziro, que na adolescência continuou participando.

“Fiz perguntas pra Deus e pensei que não merecia entrar na universidade”, Viviane Queiroz Geovane cursa Psicologia no Centro Universitário do Distrito federal (UDF), e está no 8º semestre, pois acredita que assim pode ajudar o próximo. “Eu sempre tive vontade de realizar algo bom para as pessoas, e contribuir para o bem estar, a psicologia me proporciona isso”, afirmou o estudante.

Sonhos O clube de leitura que funciona dentro do único colégio para deficiente visuais do DF, recebe desde recémnascidos a idosos, como é o caso da Viviane dos Santos Almeida Queiroz, que chegou à instituição ainda bebê e desde criança participa do projeto Clube do Ledor. Viviane perdeu a visão logo que nasceu, com seis meses de vida, e desde a descoberta da deficiência foi acolhida no projeto, e agora com 21 anos tem vários sonhos para realizar. Após muitas lutas, teve que enfrentar outro obstáculo próximo ao período de vestibular, uma cirurgia nos olhos.

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PARA SER VOLUNTÁRIO Os voluntários podem atuar desde que entrem em contato com o Clube do Ledor e agendar o dia e horário. Endereço: SGAS II Quadra 612 Sul - Asa Sul, Brasília - DF Telefone: (61) 3901-7607 Denúncias: http://denuncia.pf.gov.br/ http://new.safernet.org.br/denuncie http://cidadao.mpf.mp.br/


Sonhos e determinação que fazem o Clube do Ledor seguir adiante, recentemente o governo federal cortou investimentos na Fundação Dorina Nowill e o Instituto Benjamin Constant, que são responsáveis pela distribuição do material usado pelos alunos. A biblioteca Elmo Luz atende deficientes visuais e com baixa visão, que precisam fazer trabalhos da faculdade e estudar para o pré-vestibular, com auxílio dos voluntários. E seguem todo um ritual, é preciso agendar o horário de acordo com a necessidade do aluno, ter boa leitura e não pode ler rápido, a biblioteca possui cabines de leitura, para assim ter mais privacidade e aproveitamento do estudo.

Foto: Isabella Carvalho

Determinação

Viviane Queiroz, deficiente visual, escuta aulas traduzidas por voluntarios para se preparar de forma adequada

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SOCIEDADE

COMPORTAMENTO

Casa Frida Trabalho que une feminismo, diversidade e amor Diana Bispo

A estudante de pedagogia Hellen Cristhian, 27 anos, e a artista e estudante de artes visuais Xibi, 24, se uniram para dar vida a um lema que conduz a vida delas: “Transformar a dor em arte, espalhar amor por toda a parte”. Assim nasceu a Casa Frida, nome escolhido em homenagem à artista mexicana que revolucionou as artes e o modo de vida no século passado. O local, Vila Nova, em São Sebastião, com muros coloridos respira arte e cultura é abrigo para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Semanalmente são realizados eventos como saraus, exposições, debates, palestras e atendimento psicológico na casa. Com apoio da comunidade e das vendas de artesanato, produzidos pelas próprias integrantes, a Casa Frida desde 2014 tem sido um ponto de resistência feminina e promoção cultural.

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Fotos: Diana Bispo

Foto: Tatiana Castro

Pesquisa realizada em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, em 10 anos, o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solteiras. Hellen faz parte dessa estatística, é mãe solo assim como muitas outras mulheres no Brasil. Ana Frida de 1 ano e 11 meses, filha de Hellen, nasceu em 6 de Julho de 2016, dia em que Frida Kahlo faria 109 anos.

B es el q


Baiana, Hellen Cristhian veio para o Distrito Federal em 2014 estudar na Universidade de Brasília. Moradora de São Sebastião, ela percebeu a carência dos jovens da cidade por espaços em que pudessem se expressar. A Casa Frida concretizou o desejo.

Xibi, estudante de artes visuais, tem orgulho do trabalho desenvolvido na Casa Frida: “Vejo que a arte que produzimos aqui hoje é muito diferente do que acontece em Brasília e eu gosto que seja diferente”.

Foto: Diana Bispo

Ester Araújo, 21 anos, está no projeto desde que a Casa Frida começou em 2014. “Resolvi mudar pra cá e agora não sou apenas uma frequentadora, moro do lado, integro, faço tudo aqui.”

Ana Frida, 1 e 11 meses, com a mãe Hellen Christian e Xibi à vontade no lugar que é para todos sem discriminação. “Todas abraçaram a Aninha com muito amor, foi adotada no coração de cada uma.”

Frases de resistência e empoderamento também dominam o ambiente. Frida Kahlo está em todos os locais do espaço: nas cores fortes e na liberdade de expressões artísticas ali presentes.

Endereço: Rua 30 Casa 121, Vila Nova, São Sebastião (DF) Contato: casafridadf@gmail.com Facebook: Casa Frida DF Instagram: @Casafridadf

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SOCIEDADE

Orar (Ação)

Jovens transformam a fé em ações sociais que vão além das portas da igreja Emanuelly Fernandes

São Francisco de Assis, o santo católico que abriu mão da nobreza e do dinheiro em favor dos mais necessitados, deixou também o legado dá evangelização além da igreja. Ele dizia: “Evangelize sempre, se necessário use palavras”. A inspiração na mensagem de São Francisco que levou o grupo Pastoreio Jovem, fundado há 28 anos, pelo então arcebispo militar do Brasil, Dom Geraldo Ávila, a criar, em 2012, uma equipe de Ação Social. Com sede no Santuário do Santíssimo Sacramento, na 606 Sul, o Encontro Pastoreio Jovem (EPJ) atua em distintas ações sociais desde visitas a orfanatos, creches e asilos à socialização com as pessoas e doações de alimentos, produtos de higiene e brinquedos. “Percebemos que falávamos muito de Deus e praticávamos pouco. O objetivo da criação da equipe era justamente começar a colocar em prática, o que víamos nas reuniões de formação e no nosso encontro semestral. A caridade é um dos pilares da igreja católica, e a Ação Social nós fez um grupo mais completo”, observou Diego Casrilevitz, um dos fundadores da equipe de ação social do Pastoreio e membro do grupo há 10 anos. A organização não governamental (ONG) Sonhar Acordado foi uma das inspirações para o Pastoreio. Alguns membros do grupo participavam de ações organizadas pela ONG, e após uma reunião com um dos seus coordenadores, tiveram a ideia de levar esse trabalho para o EPJ. O diferencial da Ação Social do Pastoreio é se envolver nas mais variadas atividades, para que os membros do grupo possam ver que existem várias formas de caridade, e assim cada um se dedica a de sua preferência.

Atividades O Free Hugs (foto ao lado), do inglês, significa “oferecer abraços grátis”

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acompanhados de conversas e palavras de apoio, faz sucesso e tem como alvo locais públicos e movimentados, como o Parque da cidade e a Rodoviária do Plano Piloto. Sérgio Suguino disse que a ação simples gera muitos frutos para quem recebe e quem participa: “O Free Hugs, foi uma das melhores experiências que tive. No começo é estranho até pra gente que está participando. Na correria da vida, muitas vezes a gente nem olha pra quem passa do nosso lado, imagina abraçar”. Em seguida, Sérgio Suguino acrescentou que: “Mas um simples abraço pode melhorar o dia de muita gente. Ouvi de pessoas, que elas não eram abraçadas há anos. A intenção nessas situações é mostrar Cristo, sem precisar falar do nome dele”.

Visitas e Oração Nós últimos seis anos, o Pastoreio visitou o Lar dos Velhinhos Maria Madalena, o Hospital de Base, a Vila do Pequenino Jesus, o Lar Jesus Menino, o Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes e a Creche Alecrim na Estrutural. Nas visitas, há brincadeiras para as crianças e dia de beleza para os idosos, além da distribuição de alimentos, matérias escolares, brinquedos e produtos de higiene pessoal. A advogada Tatiana Rossi, 26 anos, entrou no Pastoreio em 2011, e suas ações favoritas envolvem crianças. A vocação em lidar com os pequenos, acabou levando-a a realizar um sonho, desde 2017, iniciou a faculdade de pedagogia. “Eu tenho grande apego pela área da


pedagogia. Visitar creches e orfanatos me fez ter coragem de começar essa segunda graduação. As visitas são uma oportunidade de colocar em prática a teoria que vejo no curso e na doutrina católica”, afirmou Tatiana. A Oração do Terço na Rodoviária do Plano Piloto, e no cemitério Campo da Esperança também faz parte das atividades do Pastoreio. Na rodoviária atrai os mais variados perfis, de moradores de rua, até não católicos. Já no cemitério, a intenção é confortar as pessoas que acabaram de perder um ente querido. O grupo também organiza doações de sangue e de medula óssea. Contam com o auxílio do próprio Hemocentro, que disponibiliza uma van para buscar os doadores.

Como participar As atividades da equipe de Ação Social do EPJ costumam acontecer mensalmente. Em algumas situações existe um limite de pessoas que podem se inscrever para participar. Casos como visitas de creches e asilos, que os locais limitam o número de visitantes. É necessário fazer a inscrição e as informações são divulgadas na página do grupo nas redes sociais. Não existe impedimento para a participação, inclusive não católicos também são bem-vindas, informam os coordenadores. O importante é ter vontade de praticar o bem para o próximo. “A ação social é ir além das doutrinas e crenças, é literalmente viver como Jesus viveu, estando sempre disponível para quem precisar”, afirmou Danilo Ferreira, ex-coordenador da equipe. *Para se tornar integrante do grupo, basta encaminhar as inscrições na secretária do Santuário do Santíssimo Sacramento. O limite de idade é de 16 a 30 anos. Para as ações sociais, não existe limite de idade e nem obrigatoriedade de ser membro. A Cidade Estrutural recebe a ação social que reúne crianças e adolescentes

Fotos: Allan Costa/ Arquivo

Outras iniciativas Sonhar Acordado A ONG Sonhar Acordado é uma organização internacional sem fins lucrativos, chegou ao Brasil em 2000. É baseada na formação de jovens líderes para incentivar à consciência social por meio de ações positivas. Atua em parceria com instituições, orfanatos, casas de apoio e hospitais. Em Brasília há ações o inteiro, as mais conhecidas são o Dia do Sonho e a Festa de Natal. Endereço: http://sonharacordado.org.br/ Casa de Ismael A Casa de Ismael – Lar da Criança surgiu integrado ao Centro Espírita O Consolador em Taguatinga. Fundada em 1964 pelo senhor Adelmo das Neves, atende gratuitamente cerca de 600 crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social, de 2 a 21 anos. Endereço: SGAN 913, Conj. G. Brasília- DF Telefone: (61) 3272-4731

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MOBILIDADE RELIGIÃO

Muito além da dança

Fotos:Arquivo Pessoal

Busca Fé, a junina evangélica, reúne passagens bíblicas e cultura popular

Matheus Dantas

Símbolo de alegria e animação, as quadrilhas juninas são o ponto alto das noites de São João, muitas vezes associadas ao catolicismo em decorrência de festas que vinculam a motivos religiosos católicos, como São Pedro, Santo Antônio e São João. Criada há 13 anos, a junina Busca Fé (fotos), é a primeira quadrilha evangélica do Brasil. Idealizada pelos pastores Edivaldo César e Bruno Anderson, o grupo surgiu a partir da proposta de levar entretenimento para a igreja na época dos festejos. No entanto eles perceberam que deveriam quebrar paradigmas e, assim o que nasceu para ser apenas uma atividade de diversão virou muito mais. "Mas vimos que aquele momento de alegria sobre os olhos de muitas outras famílias que nos assistiam, poderia se transformar em uma possibilidade de alcançarmos vidas e irmos além, levando os ensinamentos deixados na Bíblia para os arraiás. Não pregando uma religião, mas sim o amor e a

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compaixão com o próximo que jesus nos ensinou", disse o idealizador Edivaldo César. Mensagens Para transmitir mensagens de paz, esperança e amor, a Busca Fé virou referência nas quadrilhas juninas ao evangelizar, mesclar orações e passagens bíblicas com música e danças. Iniciativa esta, que mudou a vida dos dançarinos Diones Cavalcante, Walisson e Krika, entre tantos outros que hoje compõem o grupo. "Meu primeiro contato com a Busca Fé foi em 2012, quando eles [os integrantes da quadrilha] fizeram uma visita no ensaio e conversaram com a gente, oraram, falaram um pouco sobre Deus”, contou Diones Cavalcante, um dos quadrilheiros. Para Diones, a Busca Fé tem uma aura especial. “O que mais me chamou atenção foi a alegria e o amor que tinham por levar a ‘palavra’. Eu fiquei tão apai-

xonado, impactado e instigado a querer aprender mais sobre Jesus, que eu passei a frequentar a igreja e me converti.

"Graças a Busca Fé, continuo inserido no meio junino, com uma nova visão, novos valores e levando uma mensagem na qual um dia mudou minha vida”, Diones Cavalcante *Fotos cedidas pela produção da quadrilha Busca Fé em apresentações diferentes temporadas no Distrito Federal.


Mudanças

Fotos:Arquivo Pessoal

Walisson Mota se emociona ao falar da Busca Fé. A junina é mais do que uma quadrilha, a a partir do que aprendeu e viveu no grupo, mudou completamente de vida. Segundo o promotor de vendas, foi submetido a “tratamento”: entrou para igreja, recuperou o casamento e foi batizado ao lado da mulher. “Agora temos uma família.” “Nessa época os festejos juninos estavam para começar e eu e a Krika [mulher], não estávamos bem: eu bebia, usava drogas e estava com meu casamento muito abalado. Foi a partir daí que o pastor Bruno [um dos idealizadores da Busca Fé] começou a me aconselhar e evangelizar”, afirmou Walisson.

O presidente da quadrilha Pau Melado, Hamilton Tatu, disse que a Busca Fé é uma inspiração para todas as quadrilhas do Distrito Federal. "A mensagem que a Busca Fé traz especialmente no final de sua apresentação é uma mensagem muito boa. Ela consegue comover e tocar em quem está assistindo, seja no pai ou na mãe de família, no filho, e até mesmo em uma pessoa que conhece muito pouco sobre Jesus. Eles conseguiram marcar cada quadrilheiro de Brasília."

Da produção da Busca Fé, Ana Cristina Pereira que está desde o começo no grupo, não esconde o entusiasmo ao falar da Busca Fé. "A Busca Fé surgiu com o propósito de levar a palavra de Deus para o movimento junino por meio da dança, com histórias da Bíblia com cultura popular para inserir nas coreografias e temáticas”, disse. A produtora é outra entusiasta do projeto. “Nossa maior ação social é falar sobre o amor de Deus, poder dar um abraço nessa pessoa e dar carinho, atenção, fazer ela se sentir especial, e mostrar para ela que existem sim pessoas que a amam, e não há recompensa maior do que ver uma pessoa aceitando jesus, querendo saber mais sobre o que estamos falando.”

Planos para 2018 Para 2018, a junina Busca Fé, de Taguatinga, apresenta o espetáculo Bem Querer em que conta a estória de um sertanejo de muita fé e amor que embarca em uma viagem em busca de virtudes preciosas, como compaixão e esperança. Os personagens centrais são Zé e Sara. "Zé e Sara. O casal de noivos se uniu sob a bênção de Deus, há ainda um misterioso amigo, o marcador, que se torna cúmplice dos dois, conduzindoos a este caminho de poesias e verdades da vida até o seu destino final", explica Bruno Anderson, presidente e marcador da junina.

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ARTES

Nos

DANÇA MOVIMENTO LIBERDADE P PERSEVERANÇA AMOR DANÇA MO movimentos, MOVIMENTOa liberdade LIBERDADE PERSE Bailarina promove projeto só para deficientes PERSEVERANÇA AMOR DANÇA M MOVIMENTO LIBERDADE PER PERSEVERANÇA AMOR DANÇ DANÇA MOVIMENTO LIBE LIBERDADE PERSEVE PERSEVERANÇA AMO AMOR DANÇA MOV MOVIMENTO LIB LIBERDADE PER PERSEVERANÇA A AMOR DANÇA MO MOVIMENTO LIB LIBERDADE PERS PERSEVERANÇA AM AMOR DANÇA MOVIMEN Ana Cláudia R. Alves

O sonho de dançar vai além das limitações físicas. É o que pensa a bailarina Juliana Castro, que desenvolveu na sua pós-graduação um projeto destinado a pessoas com delimitações, e depois resolveu colocar em prática a

proposta. Assim nasceu o Projeto Up: aulas de dança para pessoas que têm deficiências físicas e intelectuais. No começo do projeto Juliana enfrentou várias dificuldades que depois foram superadas. “Encontramos professores dispostos a ensinar estes alunos, mas encontrar os alunos foi um pouco difícil. Hoje o projeto conta com 20 alunos que fazem aulas em grupo ou em atendimentos especializados”. Segundo o professor Eduardo Landívar, que dá aula para as pessoas com deficiência intelectual há 8 anos, a dança ajuda na motivação e melhora da qualidade da saúde mental e social. “A motivação que eles têm na dança faz com que levem também para outros campos da vida, qualquer coisa, seja fazer outras atividades físicas ou mesmo levar a dança para o dia deles”, disse o professor. Vida Nova

Para Kátia Torres, mãe de Mariana (foto ao lado), 13 anos e há 8 aluna do instituto e uma das mais assíduas nas aulas de Landívar, a experiência é positiva e vai além da terapia. “Eu acho que é terrível quando os jovens que têm alguma dificuldade maior passam sua vida só em espaços terapêuticos, a vida toda em terapia, a gente é mais do que isso”, disse. Nas aulas, Mariana escolhe ficar sempre em frente ao espelho. Olhando-se no reflexo da imagem, ela se solta. A dança, segundo o professor e a mãe, ajudou a adolescente a se relacionar socialmente, na coordenação motora e a ter foco. “Uma combinação delicada que é muito benigna”. “A dança é uma porta de comunicação entre pessoas e da pessoa com ela mesma, uma alegria verdadeira”, disse Kátia.

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Jazz , ballet clássico, dança do ventre e sapateado, além de perspectivas para dança para candeirantes Horários:

Para deficientes intelectuais, há aulas a partir das 9h, aos sábados Serviço:

Crédito: Pedro Nascimento

Instituto de Dança Juliana Castro Endereço: 508 Sul/ Bloco D/ W3 Sul Telefone: (61) 3244-4142

Após a aula de dança, o professor reúne a turma para um abraço coletivo para incentivar a afetuosidade e a parceria entre os alunos

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TRABALHO

Quando a diferença ensina Oficinas e cursos profissionalizantes mudam a vida de pessoas com deficiência Francyellen Magalhães

Inclusão A coordenadora pedagógica da Apae, Iris Lima, afirmou que a meta das atividades é garantir a inclusão profissional de pessoas com deficiência intelectual e múltipla. “Buscamos primeiro trabalhar as habilidades básicas, para depois indicarmos eles para o mercado de trabalho, contribuir com o aprendizado e a inserção deles com certeza é o mais gratificante.” Contribuições sócios, doações diretas

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Foto: Arquivo pessoal

Sorridente e falante, Kleislane de Souza, 16 anos, faz o curso de confeitaria na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Nem de longe faz lembrar a jovem introvertida e de baixa auto-estima do passado. “Tenho vontade de ir para o mercado de trabalho, ganhar meu próprio dinheiro para ajudar minha família”, disse a estudante, uma das 730 alunas da Apae no Distrito Federal. No curso de panificação, Ana Noaly, 17 anos, é destaque e conta que foram as aulas que a permitiram voltar a sonhar e fazer planos. O objetivo dela é trabalhar como autônoma e produzir mercadorias próprias para comercialização. Já Nayra Francisco, 15 anos, que faz o curso de salgaderia disse que sua maior vontade é se inserir no mercado de trabalho e conquistar a independência financeira. Essas são algumas histórias cotidianas da Apae-DF, em funcionamento há quase 54 anos, sem fins lucrativos, é destinada a pessoas com deficiências acima dos 14 anos. A organização tem unidades no Plano Piloto, Ceilândia, Sobradinho e Guará, que oferecem educação profissional, oportunidades de inserção e acompanhamento no trabalho e o atendimento, além de projetos de arte, esporte, cultura e lazer.

Na cerimônia de certificação anual, a emoção e o carinho predominam no momento da entrega do diploma

da comunidade, arrecadações do serviço de telemarketing, realização de campanhas e eventos, comercialização de produtos e prestação de serviços sustentam as atividades da Apae-DF. A entidade também possui convênios com a Secretaria de Educação do Distrito Federal para a cessão de professores e com a Secretaria de Desenvolvimento Social que cobre parte das despesas com aprendizes de baixa renda. Parcerias Há também parcerias específicas com outros órgãos do governo, empresas pri-

vadas e organismos internacionais. Alan dos Santos é professor e diz que não participados projetos somente para ensinar, mas para aprender, pois a troca de experiência é motivacional tanto pra ele quanto os alunos. A metodologia de trabalho desenvolvida desde 1989 pela associação envolve algumas etapas, entre elas a de formação básica para o trabalho, que visa desenvolver nos aprendizes habilidades gerais, como: pontualidade, assiduidade, higiene pessoal, respeito à hierarquia, organização no trabalho, cooperação, cordialidade, respeito ao próximo, noções de direito do trabalhador e de segurança no trabalho.


Foto: Arquivo pessoal Em apoio aos projetos, famílias, amigos e colaboradores participam das reuniões de conclusão de curso na Apae-DF, enquanto os alunos acompanham atentamente as exposições

Conheça os cursos oferecidos pela Apae-DF • • • • • • • • • • • • • • •

Serviços Administrativos; Cozinha Industrial; Copa; Panificação; Salgaderia; Confeitaria; Processamento de Alimentos; Artesanato; Vendas e Atendimento ao Público; Horticultura; Produção de Mudas; Jardinagem; Lavanderia; Limpeza Cursos de Informática no Telecentro Acessível da Sede.

Inclusão no Mercado de Trabalho A instituição visa garantir ao aprendiz já qualificado as condições para ingresso e permanência no mundo do trabalho. Nesta etapa, o aprendiz é acompanhado pela equipe do SIAP – Serviço de Inserção e Acompanhamento Profissional. Conforme a oferta de vagas existente no mercado, a inserção pode ocorrer em três possíveis modalidades. O emprego competitivo aberto, a pessoa com deficiência já qualificada é inserida com qualquer profissional, sem a necessidade de apoios especiais, exceto o acompanhamento do próprio SIAP. No emprego competitivo apoiado, os participantes com deficiência que já são qualificados são contratados (individualmente ou em grupo) junto com um profissional orientador, responsável por reforçar os comandos e garantir ritmo ao trabalho. Já no trabalho autônomo eles passam a trabalhar por conta própria, como trabalhador autônomo, numa empresa caseira ou mesmo numa cooperativa.

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MUNDO

O bem em qualquer lugar

Crédito: Pedro Nascimento

Instituição estimula jovens para que se integrem a ações sociais pelo mundo

Graduada em design de interiores, Thayza Benetti, 20 anos, é uma das voluntárias selecionadas para desenvolver projetos na Argentina

Ana Cláudia R. Alves

Aos 20 anos, Thayza Benetti, formada em design de interiores, busca sempre ajudar o próximo, sem se limitar somente a áreas brasileiras. Preocupada com o que vê no noticiário sobre países vizinhos do Brasil, passou a fazer pesquisas para saber mais sobre como realizar um trabalho voluntário fora do país e foi assim que conheceu a AIESEC, um programa de intercâmbio voluntário para jovens dispostos a fazer o bem como também ganhar mais experiência de vida.

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Na Argentina, a design de interiores participará do Projeto Educar, que ajuda e dá apoio a educação para crianças e adolescentes por um mês e meio. Também está com planos de participar de outros projetos quando retornar. Aqui em Brasília, a jovem fez parte de ações voltadas para crianças especiais em escolas. “Primeiro, a gente sai completamente da nossa zona de conforto e também encara uma realidade que é muito diferente da nossa e é bom, saber que você vai estar

mudando a vida de alguém, nem que seja por pouco tempo, deixa o coração quentinho”, disse Thayza. AIESEC A AIESEC, em português Associação Internacional de Estudantes em Economia e Comércio, atualmente está presente em pelo menos 120 países. Com escritórios no Brasil e em vários países de todos os continentes, espalhados por todo o país em


que atendem os interessados em participar dos projetos. Ao Artefato, Rivânia de Souza, exfuncionária da instituição, lembrou que a AIESEC é uma organização internacional que utiliza o intercâmbio como uma ferramenta de desenvolver a liderança em jovens com projetos sociais em distintas áreas e países. “O objetivo é o engajamento desses jovens em causas sociais pelo mundo e

todos os projetos de voluntariado são voltados para os 17 objetivos da ONU de desenvolvimento sustentável”, afirmou. Segundo Rivânia Souza, as pessoas selecionadas para fazer parte dos projetos passam por um treinamento no qual aprendem sobre o funcionamento da organização, áreas e cargos existentes, detalhes sobre os projetos e como fazer parte do programa independentemente da formação e do país em que esteja.

Além do projeto de intercâmbio social (Voluntário Global), há o Empreendedor Global em que o jovem tem a oportunidade de participar de Startups internacionais e exercer habilidades de liderança para ter condições de ingressar no mercado de trabalho, o Talentos Globais que oferece oportunidades de trabalho em empresas estrangeiras, vivenciando culturas e experiências em diferentes países nas Américas, na Europa, África e Ásia.

Participe Também Para saber sobre os projetos e como participar é só ligar para: (61) 33443700 ou entrar em contato pelo e-mail: brasilia@aiesec.org.br Endereço: Setor Comercial Residencial Norte 716 Bloco B, Entrada 34, sala 105/107 Asa Norte Brasília

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CINEMA

Luz, câmera... Fusca

Dupla de artistas leva na bagagem sonhos e cultura Verônica Holanda

Dois artistas viajam pelo interior do país com uma missão: dar a chance para quem teve poucas ou nenhuma oportunidade de assistir filmes. É o Cine Fusca, criado pela dupla Rafael e Lelê, em 2014, como parte do projeto Semente da Sorte. Com espetáculos de circo, intervenções urbanas, oficinas e cinema, já passaram por mais de 100 municípios em 15 estados. Nas viagens, Lelê é a motorista e Rafael faz as vezes de porta-voz e garotopropaganda: ele sobe no teto do carro e anuncia o espetáculo que chega à cidade. O tom é sempre mágico e encantador. Faz lembrar o Brasil de antigamente. A página dos artistas no Facebook é recheada de comentários de gratidão e apoio do público. “É admirável vocês arrancarem tantos sorrisos no mundo de tecnologia que a gente vive, adorei de verdade, nunca percam essa essência”, comentou uma internauta. Entusiasmo Depois de quatro anos como saltimbancos, o ator, produtor e cineasta Rafael Trevo não perde o entusiasmo: “Queríamos levar o projeto a lugares extremos, a cultura é fundamental para o desenvolvimento humano”. Em seguida, Rafael acrescentou que, durante as viagens, descobriu que poderia ser um agente de mudança na vida dos outros, incentivando-os a buscarem os próprios sonhos: “Apresentamos em comunidades, assentamentos, vilarejos, e sempre somos recebidos de braços abertos pelas pessoas. Elas querem te dar todo o carinho e amor, demonstrar a gratidão por irmos até lá mostrar nossa arte”. Dados Estudo de 2010 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que 54% dos brasileiros nunca foram ao cinema por causa do preço e da falta de acesso aos locais

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com equipamentos culturais. Com um veículo improvável transportando o equipamento e casa improvisada, Rafael está convencido que é possível promover debates, incentivar discussões e ajudar na conscientização. “Todos os curtas que exibimos tem algum teor de reflexão para gerarmos uma discussão, para pensar, refletir. As crianças são sempre nosso público-alvo, pensamos nelas como a esperança da humanidade”, disse Rafael. Financiamentos Para as viagens, Lelê e Rafael buscam apoio do Fundo de Apoio à Cultura e a colaboração do público, tanto com a caixinha de dinheiro quanto com hospedagem e alimentação. Os destinos são escolhidos conforme surge oportunidade ou necessidade. Um exemplo foi a visita à cidade de Mariana (MG), após o rompimento da barragem, quando a dupla levou o Cine Fusca para as comunidades mais afetadas. A comunidade quilombola de Sambaíba, a aproximadamente 80 km da sede de Caetité na Bahia, que desconhecia televisão e cinema, encantou-se pelo Cine Fusca. “Pegamos alguns vídeos cheios de ação, e eles ficaram encantados, se perguntando se aquilo tudo seria de verdade, se era realmente possível fazer tudo que estavam vendo na telinha. Sempre é surpreendente ver a reação das pessoas”, contou Rafael. Recentemente o Cine Fusca se uniu ao Festival de Cinema do Paranoá. A parceria levou à exibição, em quatro sessões gratuitas, de 79 filmes independentes, selecionados em uma mostra competitiva. “Descobri o festival em uma matéria da revista Traços, e quando pesquisei encontrei a página do projeto no Facebook. Enviei uma mensagem para eles com as fotos do Cine Fusca propondo uma parceria e amaram a ideia. O pessoal do Paranoá foi muito acolhedor, parecia que nos conhecíamos há muito tempo, foi incrível”, observou Rafael.


Festival de Cinema do Paranoá

Cultura e amizade, tudo junto

Colaborando com o projeto

O Festival de Cinema do Paranoá é um projeto da Oitava Arte Produções, núcleo Cinema da Sete (#CinemaDaSete), em parceria com o Centro de Desenvolvimento e Cultura do Paranoá (Cedep), que aproveita o embalo do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A proposta é dar continuidade, no entorno do Distrito Federal, à difusão de atividades e processos cinematográficos, que refletem a atualidade do audiovisual contemporâneo em curta-metragem nacional e candanga. Pretende-se assim aproximar a comunidade do cinema nacional, estimular a formação de platéia, promover o debate e a reflexão sobre os temas abordados nas diversas obras da produção nacional, distrital e entorno.

O futuro do Cine Fusca já está traçado: Rafael e Lelê planejam manter um lugar físico para apresentar com regularidade os filmes e criar um público e ampliar o projeto para lugares mais isolados. Porém, dependem de financiamento. “O foco é unir as pessoas que por vezes são vizinhas, mas não conversam entre si. Queremos bombar o projeto, atrair pessoas que amem a sétima arte e fazer as pessoas interagirem mais entre si. Juntar pessoas que morem no mesmo bloco para ver um filme, conversar, criar amizades”, disse Rafael.

Para saber como colaborar com Lelê e Rafael e o itinerário de apresentações do Cine Fusca e da Cia da Sorte pelo Brasil, acesse a página da dupla no Facebook pelo endereço facebook.com/sementedasorte/.

ADMIT ONE

ADMIT ONE

PLEASE TURN OFF YOUR MOBILE PHONES DURING THE SHOW

PLEASE TURN OFF YOUR MOBILE PHONES DURING THE SHOW

Série de exibições do Cine Fusca em diferentes regiões do DF

Fotos: Vladimir Luz

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SERVIÇO

Universidade e comunidade

Equipe Artefato

Foto: Natália Valarini

A Universidade Católica de Brasília (UCB) se propõe a ir além da sala de aula, pois defende que a formação acadêmica reúne um conjunto de ações, como o bem-estar individual e a cooperação com a comunidade e a participação social. Assim, na prática, a UCB desenvolve uma série de projetos em parceria com a comunidade e entidades sociais no esforço de integrar a universidade e a sociedade buscando alternativas para melhorar o cotidiano das pessoas. A seguir, alguns dos projetos desenvolvidos pela UCB em parceria com estudantes, colaboradores e voluntários.

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Celebrações e Reflexões

O Serviço de Orientação Inclusiva tem como objetivo desenvolver ações de apoio didático e pedagógico. Os interessados podem procurar contato na própria UCB. SERVIÇO Telefone: 3356-9724 Localização: Campus I, Bloco L, Sala 26

Foto: Faiara Assis

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Na tál

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O projeto dispõe de espaços para a comunidade educativa para ajudar a planejar as suas ações pastorais, dar sugestões para aperfeiçoar as já existentes, a criação de novas e a desenvolver a vivência da espiritualidade cristã.

Va lar in

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SERVIÇO Contatos: (61) 3356-9275 Localização: Câmpus I, Bloco A, Sala 14

CCI

Educação Ambiental O projeto reúne um conjunto de atividades para incentivar ações que promovam hábitos sustentáveis de uso dos recursos naturais, como coleta seletiva, práticas com tecnologias sociais e construção da agenda ambiental . SERVIÇO Contatos: nilo@ucb.br / (61) 3356-9094 Localização:Câmpus I, Bloco L – Sala 005 B

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CB

ão U

gaç ivul

O Centro de Convivência do IdosoO projeto é de extensão e propõe um espaço de convivência em que os idosos participam de atividades recreativas, de lazer, de aprendizagem e artísticas culturais, garantindo o atendimento às necessidades básicas, de proteção integral e promoção da qualidade de vida. SERVIÇO Contatos: (61) 3356-9084 Localização:Câmpus I, Bloco L, Sala 11


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