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O racismo na política brasileira

(*) HORTÊNCIA CARVALHO

Dia 21 de março é considerado o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. Apesar de ser crime inafiançável, o racismo ainda é patente dentro da sociedade em que vivemos. No Brasil, ele se materializa no preconceito contra os pretos e pardos. Trata-se de uma sequela deixada pelo regime escravocrata que vigorou no nosso país de seu descobrimento até 1.888. Durante mais de três séculos cerca de 4 milhões de africanos foram traficados para o Brasil para trabalharem como escravizados em nossas lavouras, minas, residências dentre outras tantas atividades consideradas pouco dignas para um europeu.

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Lá se foram 135 anos da abolição da escravatura, mas os encalços do preconceito ainda persistem fortemente entre nós. Evidências do preconceito estão à nossa volta. Basta olhar para dentro de um ônibus e dentro de um avião e contar quantos são os brancos e quantos são os pretos ou pardos num e noutro. Observe uma escola pública e uma escola privada de primeiro grau que perceberá também essa discrepância, ou mesmo dentro das faculdades, principalmente se federais, o que é um contra sensu. Ou seja, o racismo se acentua ainda mais diante da injusta distribuição de renda entre as raças em nosso país, legado do abandono dos escravos pós fim da escravidão.

O fato é que hoje o racismo é estrutural, e está entranhado na nossa sociedade de uma forma velada, que dificulta a ascensão social dos pardos e pretos, por estarem marginalizados em todas as esferas e estruturas de poder. O problema é que, por está incorporado no funcionamento de nossas instituições, o racismo tende a se reproduzir em gerações futuras, o que levará à perpetuação dessa desigualdade material entre raças se nada for feito.

Para impedir isso e interromper o ciclo vicioso do preconceito, é preciso haver políticas públicas de inserção dos negros em todos os setores socioeconômicos. Na política, os pardos e pretos estão sub-representados, em que pese serem mais da metade de brasileiros.

Segundo dados do TSE, divulgados em matéria do g1.globo. com, de 19/08/2022, pretos e pardos foram 47% dos cerca de 10 mil candidatos nas eleições de 2022, porém o resultado do pleito não seguiu essa proporcionalidade. Na Câmara dos Deputados, os eleitos que se declararam pretos ou pardos representam só 25% de todos os parlamentares. Já no Senado, são 6 dos 81 senadores. Fica então a pergunta: falta interesse dos pretos e pardos de participarem da política ou o que falta é incentivo para se elegerem?

Para minorar esse disparate, políticas públicas são necessárias e uma delas foi destinar parte do fundo partidário e do fundo especial de financiamento de campanha para as candidaturas dos pretos e pardos. Outra foi dividir o tempo de TV da propaganda eleitoral gratuita também na mesma proporção. Isso ocorreu em 2020, quando o TSE acatou, pela primeira vez, esse pedido de quota racial. Desde então, os recursos financeiros públicos e o tempo de TV foram distribuídos proporcionalmente à quantidade de candidatos pretos ou pardos registrados em cada legenda. É preciso criar mecanismos assim que façam a diferença na prática, para que os pretos e pardos consigam alcançar as mesmas condições socioeconômicas de outras raças. Na medida em que mais pretos e pardos tenham condições financeiras melhores, mais irá se colorindo a nação em todas as suas esferas políticas, econômicas e sociais, de maneira a ir diluindo o preconceito.

Foi em nome da Justiça Eleitoral que o então Ministro do TSE Luís Roberto Barroso, no encerramento daquela sessão histórica disse que “estamos do lado dos que combatem o racismo e que querem escrever a história do Brasil com tintas de todas as cores. Com atraso, mas não tarde demais, estamos empurrando a história do Brasil na direção da justiça racial”. Que venham outras forças somar a essa corrente.

(*) HORTÊNCIA CARVALHO é chefe do Cartório Eleitoral. Instagram: @hortenciacarvalho2009

A operação Apocalipse, a maior do ano, deflagrada pela Polícia Militar e Ministério Público em João Monlevade e região, levou 17 para a cadeia, e estourou um esquema de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro. Foram apreendidos mais de R$100 mil, entre cheques e moeda corrente, armas de fogo, veículos e entorpecentes como há muito não se via. Decerto, muitos estão intranquilos, temendo o tocar da próxima trombeta .

Turismo

Enquanto Monlevade engatinha no assunto, o setor de turismo em Minas Gerais está em expansão e as projeções são de mais crescimento em 2023.

Segundo a Fundação João Pinheiro (FJP), no ano passado, o estado teve sua maior participação no PIB brasileiro das duas últimas décadas, cerca de 9,3%, com um volume de aproximados R$925 bilhões. Por aqui, ainda se discute criação de Conselho Municipal e Fundo Municipal de Turismo. Mas antes tarde do que mais tarde... E os potenciais são muitos, basta saber explorar.

Dengue

A cidade já registra mais de 250 casos de dengue contra sete do ano passado, além de uma notificação da febre Chikungunya no bairro Laranjeiras. Segundo relatado ao vereador Vanderlei Mirando (PL), uma rua do bairro Novo Cruzeiro já teve cerca de 10 casos. Esses números podem ser ainda maiores, em virtude da subnotificação, já que muita gente não procura as UBS para atendimento. É papel de cada um cuidar para que o mosquito transmissor não se reproduza e evite novos casos. A dengue pode matar. Cada um pode fazer a sua parte. Esse é um compromisso de todos.

Igualdade

Pela segunda semana consecutiva, o projeto que dá cotas a negros e pardos em concursos públicos da Prefeitura de João Monlevade adiado. A matéria é importante elemento para a inclusão, justamente, na semana em que se celebra o Dia de Combate à Discriminação Racial. O vereador Pastor Lieberth (União) foi quem pediu a suspensão da votação alegando necessidade de melhor avaliar a proposta, já implantada em diversas cidades brasileiras.

Enquanto isso...

Itabira anuncia Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial, um projeto com várias medidas que deverão ser adotadas pela administração municipal para combater o racismo no município.

Escolas

Nas últimas semanas, apa- receram várias denúncias de agressões dentro ou à porta de escolas de João Monlevade. Tapas, puxões de cabelo, humilhações, chutes, gritos e outras formas de intimidação foram registrados e compartilhados nas redes sociais, muitas vezes, com colegas rindo e incentivando a violência. Situação absurda e que precisa ser encarada com um trabalho sério da Secretaria Municipal de Educação.

Famílias

A escola é responsável por manter a ordem e a disciplina dentro de seus portões, educando, ensinando e punindo as agressões para prevenir o comportamento violento de estudantes. Mas é dever das famílias, dos pais e mães, ensinarem e orientarem seus filhos a se tornarem pessoas civilizadas. Não se pode abandonar os filhos para que somente a escola dê conta deles. Educar envolve vários fatores e agentes e a família tem papel central nesse processo.

Bombeiros

Os bombeiros militares estiveram em reunião nesta semana com a Prefeitura de João Monlevade para viabilizar a implantação de um quartel na cidade. Atualmente, dizem os combatentes, o processo está na fase de escolha do local. Em julho do ano passado, dois terrenos no loteamento Alphaville já haviam sido visitados. Devagar e sempre. Será que sai? Água

A Prefeitura de João Monlevade realizou nesta quarta-feira (22) as comemorações do Dia Mundial da Água. Brincadeiras, atividades culturais, música, dança e iniciativas de conscientização na praça do Povo. Mas o povo, obviamente, não perdoou. A constante falta de água, principalmente nos bairros mais altos, foi exibida em contraste com a comemoração. Vox Populi, vox Dei.

Páscoa Solidária

O projeto Arte e Vida, da Cáritas Diocesana de Itabira, está realizando uma ação em prol da Páscoa de crianças carentes de João Monlevade. Através da campanha Páscoa Solidária, cidadãos podem doar chocolate, que será destinado aos pequenos necessitados.

As doações podem ser deixadas aos sábados, das 14h30 às 16h, na rua Telécio Batista, 90, no bairro Nova Monlevade, onde está a igreja Nossa Senhora do Lírio. Mais informações podem ser obtidas com a missionária Helen, pelo telefone (31) 98532-6233

TemParticipe desta coluna mandando sua foto para o e-mail redacao@anoticiaregional.com.br ou se preferir faça a denúncia através do telefone (31) 3851-1791. WhatsApp: (31) 99954-1111

João Monlevade possui caminhos tortuosos, até em ruas retas. Um exemplo está na rua Vicente Alves da Silva, no bairro Nova Esperança. Enquanto a calçada de um lado da rua está regularmente conservada, a outra está intransitável, com mato alto e restos de areia e de construção. Para o pedestre, resta ter de desviar e caminhar pela pista, disputando espaço com os veículos. Monlevade precisa dar mais atenção à mobilidade urbana com respeito às pessoas.

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