Viver cidades - 30/04/24

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SEMEAR, CULTIVAR E COLHER:

São José de Conventos, em Lajeado, tem

compostagem, e manutenção de espaços, entre eles jardim

“Para onde corre

o Rio Taquari”

é tema de concurso estudantil

Na segunda edição do concurso Viver Cidades, o desafio para os alunos do Ensino Médio é produzir um vídeo criativo e disruptivo. Para os estudantes do 5º ao 9° ano, o regulamento prevê a escrita de “Uma carta para o futuro”. Para embasar os trabalhos, os concorrentes terão acesso às informações sobre a qualidade da água do manancial apontada nas análises feitas pelo Laboratório Unianálises, encomendadas pelo Grupo A Hora.

Páginas 4 e 5

Escola da Água vai ao encontro dos alunos

A proposta, lançada durante a ação Viva o TaquariAntas Vivo, leva voluntários às escolas de Ensino Fundamental para ministrar oficinas de música, arte e outros segmentos. O requisito é ter a água como assunto principal.

Nem toda a vegetação é apropriada à mata ciliar. Guia elaborado em projeto de pesquisa auxilia a identificar as espécies adequadas e inadequadas que ocorrem nas margens do Rio Taquari. Página 8

Guias trazem plantas invasoras e nativas

Páginas 12 e 13

CADERNO ESPECIAL ABRIL E MAIO | 2024
TAÍSA LOCATELLI/DIVULGAÇÃO
EDUCAÇÃO
AGROECOLOGIA
PRÁTICA Escola Municipal
no currículo a disciplina de agroecologia. Outras práticas ambientais, como
proporcionam a conexão das crianças e adolescentes com a natureza.
AMBIENTAL E
NA
de flores,

Olhar ao Rio Taquari

Oprojeto Viver Cidades – como somos, o que temos e para onde vamos tem como principal ação o monitoramento da qualidade da água de rios e arroios da região. Pudera, o Rio Taquari e seus afluentes são o bem natural mais precioso da nossa região, muito embora não sejam tratados como tal. A estrada é longa. Para trás, temos um ‘trajeto’ de águas limpas, natureza exuberante, fauna diversificada – um ambiente intacto.

O manancial, margeado por terras férteis e próprio para navegação, atraiu imigrantes. Os povoados foram se formando com base na agricultura, serviços e comércio. A indústria se instalou e cresceu.

Na linha do tempo, a evolução, a economia crescente, assim como a população, foram aos poucos mudando o cenário. Inerente ao desenvolvimento, a geração de resíduos domésticos e industriais começaram a impactar o meio ambiente e o nosso Rio Taquari. Por muito tempo, a degradação ocorria sem que os geradores se dessem conta ao ponto que poderia chegar. E chegou a um cenário crítico.

Repensar a cidade

ONossas águas recebem grande carga de esgoto doméstico por conta da falta de saneamento básico. O tratamento de efluentes industriais, hoje obrigatório, veio a passos lentos desde o final do século XX. A Política Nacional de Resíduos Sólidos é desde século, mais precisamente de 2010.

s povoados do Vale do Taquari se desenvolveram à beira de rios, pois, para os colonizadores, essas vias fluviais permitiam maior trafegabilidade, tanto de mercadorias como de pessoas. Mesmo após inúmeras décadas terem se passado e com o surgimento de alternativas de tráfego, concomitante a criação de legislações, tanto no campo construtivo como no ambiental vislumbra-se ainda um crescimento desordenado de povoados nestas encostas.

Enquanto o Rio Taquari corre veloz, assim como o crescimento urbano e o desenvolvimento tecnológico. Nós, cidadãos e poder público, andamos a passos lentos. Temos acesso às informações. Mas entre saber e fazer... Nosso papel, enquanto projeto Viver Cidades, é informar, é mostrar como estamos e para onde vamos. O nosso rio é poluído, sim. Nos propomos a apresentar o que temos. Neste Viver Cidades, você vai conhecer uma escola exemplo de ações de sustentabilidade e educação ambiental; um comitê formado por mais de cem integrantes da sociedade interessado em melhorar a bacia Taquari-Antas; uma empresa que envolve funcionários em práticas socioambientais dentro e fora do local de trabalho; uma escola que trabalha só o tema água; um guia específico sobre plantas de mata ciliar; e ainda técnica sustentável na construção civil e profissão voltadas às ciências da natureza. Para finalizar, fazemos um convite aos alunos dos ensinos Fundamental e Médio a participarem de concurso de redação e de vídeo, como uma forma de estimular o olhar para o nosso Rio Taquari.

Boa leitura!

A ocupação urbana perto de rios (fundos de vale) cresceu quatro vezes mais entre 1985 a 2022, de acordo com o levantamento do MapBiomas, rede colaborativa , formada por ONGs, universidades e startps de tecnologia, favorescendo assim a maior incidência de desastres naturais, que cresceu cinco vezes desde 1991.

A regulamentação para proteger as áreas de proteção permanente (APPs) de regiões urbanas existe e tem sido discutida, no entanto sua aplicação é difícil, pois implica em desapropriações, financiamentos, projetos de reocupação e projetos de gestão dessas novas áreas destinadas ao uso público. Enfim, cidades e seus habitantes buscam reconciliar-se com seus rios. Mas para que haja a concretização desses projetos há uma necessidade de recursos federais.

“Um dos projetos é a  instalação de um parque linear multifuncional com bacia de retenção junto à rua dos Marinheiros.

Diante deste cenário, aliado aos desafios impostos pelas mudanças climáticas cada vez mais acentuadas, o município de Estrela vem repensando o seu planejamento no que diz respeito às áreas alagáveis, vem sendo pioneiro no Vale em projetos com soluções baseadas na natureza (SBN).

Tais ações visam proteger e gerenciar de forma sustentável, restaurando ecossistemas naturais e modificados. Um dos projetos é a  instalação de um parque linear multifuncional com bacia de retenção junto à rua dos Marinheiros. Este local foi um dos mais afetados nas cheias de 2023. Projeto foi protocolado no Novo PAC – Cidades Sustentáveis e Resilientes.

O momento histórico atual serve para repensar e incentivar mudanças de paradigma como o desenvolvimento de cidades inteligentes e mais inclusivas.

” 2
TEXTOS Luciane Eschberger Ferreira
PRODUÇÃO EXPEDIENTE FOTOS IMPRESSÃO ARTE E DIAGRAMAÇÃO Lautenir Azevedo Junior
Luciane Eschberger Ferreira Grafica Uma/ junto à Zero Hora
EDITORIAL ARTIGO
Rosangela Selli Johann Bióloga e secretária do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Estrela

Verde do chão ao telhado

Sistema de cobertura vegetal reduz a amplitude térmica e auxilia na drenagem de água da chuva

Ainda pouco utilizado na região, o telhado verde ou ecotelhado vem no caminho da arquitetura e engenharia civil assim como o uso de materiais ecológicos e reutilizáveis. Conforme a presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Taquari (Seavat), Evelise Ribeiro, há cerca de 20 anos começou a surgir a construção sustentável. Há duas décadas, os profissionais da área passaram a ter novos desafios. Entre eles, a demanda de clientes com olhar voltado ao meio ambiente e a atualização de planos diretores exigindo novas práticas à construção civil, como índice de permeabilidade de solo, por exemplo. “A ideia do telhado verde veio para ajudar a solucionar estes desafios que foram surgindo.” Segundo a arquiteta, neste sistema, um pouco da água da chuva é absorvida, diferente

Uma

do telhado comum. Então é possível contabilizar esta parte no índice de permeabilidade que exige o plano diretor. Evelise explica que o telhado verde é uma camada de solo sobre o contrapiso, onde são plantados tipos específicos de vegetação. Parece simples, mas requer muitos cuidados. “Para que a água da chuva não infiltre, é preciso

uma manta de isolamento. São tipos específicos de plantas que podem ser utilizadas”, destaca. “Os benefícios são a redução da amplitude térmica no interior do imóvel, o auxílio na qualidade do ar e a drenagem da água da chuva.

De forma simplificada, o escoamento ocorre por calhas para cisternas ou para tubulação pluvial.

Embora o telhado verde tenha entre seus propósitos o ambiental, há muitas possibilidades de exploração estética. Começa pelo local onde aplicar o

conceito. Pode ser no telhado principal, cobertura de áreas abertas, em terraços. “Pode compor área de lazer, jardim, espaço gourmet, play”, sugere. Importante, destaca a arquiteta, é planejar, acompanhar a execução do projeto, para garantir o acesso à poda, caimento e outros aspectos técnicos.

Sustentabilidade

A construção civil consegue fazer e resolver muitas coisas tecnicamente visando à preservação ambiental. Evelise cita como exemplo dar preferência a materiais recicláveis e reutilizáveis, usar peças de demolição, buscar madeiras certificadas, explorar novas técnicas construtivas, observar a posição solar, etc. “Nós, como profissionais, temos o desafio de equalizar qualidade, custo e a vontade do cliente.”

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das referências em telhado verde é a sede da Unisinos, em Porto Alegre, com técnica aplica em 2016 Evelise Ribeiro arquiteta

Vídeo e ‘Carta para o Futuro’ são os

desafios do concurso estudantil deste ano

O projeto Viver Cidades promove a segunda edição do certame destinado a alunos dos ensinos Fundamental e Médio das redes pública e privada

Aqualidade da água do Rio Taquari é o assunto base do 2º Concurso Viver Cidades.

O desafio para os jovens do Ensino Médio é produzir um vídeo com o tema “Para onde corre o Rio Taquari”.

Os estudantes do 5º ao 9º ano do Fundamental concorrem com a redação “Uma Carta para o Futuro”.

A participação é gratuita e abrange alunos das escolas das redes pública e privada do Vale do Taquari. As inscrições estão abertas até o dia 10 de julho.

A 2ª edição do concurso Viver Cidades tem a intenção de mobilizar

um número de estudantes, escolas e professores ainda maior do que na edição de 2023, quando contabilizou a inscrição de 76 projetos elaborados por mais de 300 crianças e adolescentes.

A bióloga Edith Ester Zago de Melo compôs a comissão julgadora no ano passado. Para ela, estimular crianças e jovens a pensar sobre soluções para o meio ambiente é fundamental. “Os concursos, desafios e gincanas podem ser o ponto inicial para fomentar a inovação e o pensamento em prol de uma sociedade melhor.” Segundo a bióloga, a criatividade unida com o conhecimento gera resultados muito interessantes e podem inspirar a vontade de transformação e ação nos alunos, além de trazer uma maior consciência sobre as questões ambientais locais. “Este ano, a temática de se pensar sobre qualidade da água do Rio Taquari, com certeza trará muito conhecimento para os participantes. Parabenizo os alunos e professores que topam se desafiar”, finaliza Edith.

Os concursos podem ser o ponto inicial para fomentar a inovação e o pensamento em prol de uma sociedade melhor.”

Produções selecionadas irão à votação popular

Redação

A participação dos estudantes do Ensino Fundamental será dividida em duas categorias: EF-5-6 (alunos de 5ª e 6º ano) e EF-7-8-9 (alunos de 7º, 8 º e 9º ano). As redações devem ser em estilo carta, que sugere uma abordagem direta do autor para o interlocutor. As marcas de oralidade podem estar presentes. A estrutura é mais fluida e envolve a expectativa de uma resposta. Os textos devem ter entre 20 e 30 linhas.

Base de dados

O regulamento, tanto do Ensino Médio quanto do Fundamental, apresenta um resumo das condições atuais da qualidade da água do Rio Taquari. Contratado pelo Grupo A Hora, o Laboratório Unianálises faz a coleta e análise de amostras periodicamente desde 2022. O monitoramento é uma das principais ações do Viver Cidades.

Na categoria Ensino Médio, os vídeos devem ser produzidos por equipes de dois a quatro integrantes. A intenção é que os jovens captem imagens e elaborem um conteúdo criativo e disruptivo. Conforme o regulamento, o material deve ter no mínimo 30 e no máximo 60 segundos. A seleção dos dez melhores trabalhos ficará a cargo de profissionais da área. Depois, a votação para definir o primeiro, segundo e terceiro colocados será por meio de curtidas nas postagens na página do Instagram do Grupo A Hora.

Confira os regulamentos do concurso no Qr-code

Edith Ester Zago de Melo Bióloga
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Relembre os projetos vencedores do ano passado

Em 2023, os estudantes do Ensino Médio apresentaram soluções ambientais que pudessem ser aplicadas nas escolas, empresas e instituições. Para os alunos do 6º ao 9º ano, a proposta era criar peças com materiais recicláveis. Os jurados consideraram inovação, sustentabilidade, ineditismo, originalidade e aplicabilidade.

Nicolas Koch, então aluno do 7º ano na Escola Estadual de Educação Básica São Francisco, em Progresso, ficou em 1º lugar com o carrinho reciclável movido a água.

Yasmin Emanuely Lenhart Oestreicher e Franciele Elisabete Alves ficaram em 3º lugar com o jogo Matemática Divertida. Na época, cursavam o 9º ano, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Frei Henrique de Coimbra, de Santa Clara do Sul.

Vicente Ribeiro da Rocha, Heitor Aguiar Martins e Murilo Wendt, então estudantes do 7º ano, no Colégio Martin Luther, de Estrela, conquistaram o 2º com o brinquedo carro de lançamento.

Eduarda Goetz Cardoso, Eloísa Paulina Gregory e Eduarda Gil da Rocha ficaram em 2º lugar na categoria Ensino Médio, com o projeto “Descarte correto de medicamentos e suas embalagens”. Elas cursavam 3º ano na Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich, de Estrela.

Ana Paula Luzzy Vogt, Daniély Vitória Schwambach e Evelyn Scherer, com a participação de Thaís Roberta Mendes de Lima e Franciele Freitas de Lima, desenvolveram o projeto Clima e Tempo, a partir de uma Estação Meteorológica Experimental. O trabalho rendeu o 3º lugar no concurso Viver Cidades, em 2023. Elas estavam no 3º ano na Escola Estadual Ensino Médio Estrela.

Lucas Lottermann construiu uma canoa ecológica. Na época, estava no 3º ano no Colégio Evangélico Alberto Torres, de Lajeado. A embarcação foi produzida com reaproveitamento de materiais e tinha o objetivo de auxiliar o projeto Remada Ecológica, para recolhimento de resíduos sólidos encontrados próximo das margens do rio Taquari.

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Pátio da escola é oficina de agroecologia e preservação

Área de 6 hectares da Emef São José de Conventos, em Lajeado, é explorada em diversas ações de sustentabilidade e educação ambiental

Horta, pomar, jardim de flores, corredor ecológico e espaço de convivência são utilizados como oficinas na disciplina de agroecologia. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental São José de Conventos, em Lajeado, o tema é curricular e ofertado em aulas práticas, conforme a faixa de idade. Basta dar um breve passeio pela área nativa e espaços construídos para perceber as ações de preservação e incentivo à sustentabilidade.

Conforme a diretora Sandra Feil, as aulas de agroecologia abrangem todos os alunos. O rodízio de participação recomeça a cada dois meses, o que garante diversificação de atividades. A professora Taísa Locatelli leciona para grupos de quatro a cinco estudantes de cada vez e os leva à prática – sempre quando os demais colegas estão nas aulas de ciências.

“A grande maioria, adora. Eles saem da sala, vão para o ambiente natural, têm contato com a terra, plantam, colhem,” comenta a diretora Sandra. Na jornada em que todos dedicam alguns minutos por mês a pôr as mãos na terra, a pegar a enxada, a escola mantém horta, pomar e os demais espaços verdes. Os alunos experienciam o plantar, colher e comer, aprendem a preservar o meio ambiente e enriquecem seus conhecimentos sobre sustentabilidade.

Sandra conta que apenas 20 estudantes moram em Alto Conventos, em propriedades rurais. Os demais 210 residem em loteamentos novos, com pouca vegetação. “Em casa, a maioria não tem contato com a terra.”

Ciclos

Um dos projetos que enche a escola de orgulho já foi apresentado na Feira de Ciências da Univates. Por meio de uma maquete, os estudantes mostraram o plantio de hortaliças, a colheita, a preparação do alimento na cozinha e o consumo por todos no refeitório. Da cozinha, as cascas são levadas à composteira. De lá sai o adubo que volta para a horta.

Enfrentar desafios, buscar soluções e ter persistência fazem parte dos

O Espaço de Convivência será mais um ambiente junto à natureza onde poderemos desenvolver inúmeras atividades com os alunos.”

processos, assim como alcançar o sucesso. Sandra relembra os primeiros plantios de hortaliças, devoradas pelas formigas, motivaram a pesquisa para encontrar um produto ecológico, o replantio e a colheira farta.

A vice-diretora Elisete Inês Schmidt recorda a história do pé de feijão, que foi tema interdisciplinar. Um aluno levou uma semente crioula. Plantada, germinou. O pé cresceu ao ponto de tomar conta da cerca frontal. No tempo certo, as sementes foram colhidas, preparadas e saboreadas. Todo o processo rendeu atividades na disciplina de agroecologia. Levou a uma viagem na literatura dos anos 1800, com o conto de fadas João e o Pé de Feijão. E chegou à atualidade com vídeo nas redes sociais.

Estações

No pomar, além de ajudar nas podas, no controle de insetos – de forma biológica, os estudantes colhem os frutos e consomem à sombra das árvores. Pitanga, laranja, bergamota e amora são algumas variedades disponíveis. Nesta aula de sabores, as crianças compreendem os ciclos desde a floração até o amadurecimento. Entendem o “trabalho” das abelhas sem ferrão e a reprodução dos pássaros.

Na mesma sintonia, acompanham o trabalho da professora Jussara Bald, responsável pelo jardim e cultivo de flores e folhagens, e do zelador

Osmar Andrade, que recentemente construiu o espaço de convivência e a churrasqueira.

Convivência

O novo espaço, conta a professora Taisa Locatelli, surgiu da demanda de ter um lugar em meio à natureza para

conversar, sentar e saborear alimentos, fazer uma leitura, debater um assunto, ouvir o canto dos pássaros. Tanto alunos quanto professores e funcionários vão poder usufruir do local, que ainda receberá pintura e decoração. “Será mais um ambiente junto à natureza onde poderemos desenvolver inúmeras atividades com os alunos.”

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Taísa Locatelli professora Contação de história do João e o Pé de Feijão Colheita do feijão resultado do plantio de apenas uma semente Turma bergamoteando no pomar Alunos ajudam no plantio de hortaliças Cuidado com as flores
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Escola das Águas leva conhecimento aos estudantes

Nova proposta encurta caminho entre oficineiros voluntários e estudantes

“Era uma casa

Muito engraçada

Não tinha teto

Não tinha nada

Ninguém podia

Entrar nela, não

Porque na casa

Não tinha chão

Ninguém podia

Dormir na rede

Porque na casa

Não tinha parede

As três primeiras estrofes da música “A Casa”, de Vinicius de Moraes, combinam muito bem com a Escola das Águas, salvo que na escola tudo é possível. Não há estrutura física, porque não precisa entrar nela para aprender. Não tem paredes, pra não dormir na rede e pra não limitar os horizontes quando se fala no tema ambiental “água”.

A Escola das Águas tornou-se realidade no dia 23 de março, durante a ação 17ª Viva o Taquari-Antas Vivo em Lajeado e outras seis cidades. A primeira roda de conversa foi conduzida pela professora e voluntária Ana Cecília Togni e a bióloga Cátia Viviane Gonçalves e reuniu integrantes do Grupo Escoteiro Tibiquari.

A dinâmica ocorreu logo depois do descerramento da placa do Recanto Viva o Taquari-Antas Vivo – espaço que reconhece a ação e o início da Escola das Águas – no Parque Ney Santos Arruda.

O coordenador da ação Viva o Taquari, Gilberto Soares, e Ana Cecília Togni são os idealizadores da escola. Em entrevista a seguir, eles contam como surgiu, a que se propõe e quem pode participar das atividades da nova escola.

Viver Cidades: Como surgiu a ideia de criar uma escola para trabalhar especificamente o tema “água”?

Ana Cecília Togni – Há anos, o Gilberto teve a ideia da escola. Primeiramente pensou-se numa escola como usualmente conhecemos, com prédio, currículo, diretor etc. Mas chegou-se à conclusão que isto seria quase impossível perante a burocracia a ser enfrentada e a falta de recursos.

Assim, no final do ano passado, Gilberto e eu chegamos à conclusão que poderíamos ter uma escola “sem muros” e que atendesse os alunos das escolas regulares como complementação de seus estudos.

Viver: Qual a intenção em levar aos estudantes questões relacionadas ao tema?

Gilberto Soares: A resposta tem a simplicidade da lógica. Salvo exceções, poucas pessoas se interessam por aquilo que não conhecem. E a água, por incrível que pareça, ou é a fórmula H2O massificada em aula, embora pouco compreendida, ou é um recurso – e não uma riqueza – tratado como inesgotável. Porém, é infinitamente mais. É única, e nossos jovens precisam saber, para que se importem e defendam o elemento que torna nossa Terra rara.

Viver: A escola não tem sede física. Como o tema será levado aos estudantes?

Ana Cecília - As escolas (regulares) serão contadas para que se organizem, e seus alunos possam participar das oficinas, como currículo complementar.

Viver - Quem serão os oficineiros?

currículos escolares, as relações professor/aluno também se modificaram. Então é preciso que os professores estejam atentos a essas situações e procurem atrair os alunos de forma que estes vejam que a escola é tão interessante quanto o mundo fora dela.

Creio que crianças e adolescentes estão sempre interessados em “coisas novas.” E se for possível oferecer isto a eles, com certeza estarão acessíveis para a proposta educacional e para as aprendizagens.

Viver: Atividades lúdicas e de experiência, como, por exemplo, a ação Viva o Taquari-Antas Vivo, facilitam a formação de consciência ambiental?

Chica - Penso, que sim, pois ao longo do tempo, desde a primeira Ação Viva o Taquari Vivo, em 2007, e depois transformada em Viva o Taquari-Antas Vivo, com a aderência do Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, temos oferecido sempre atividades na linha do lúdico, do participativo.

Assim é possível perceber na participação das crianças e adolescentes, como ocorreu nas oficinas do dia 23 de março desde ano, que eles têm consciência de evitar desperdício de água, não jogar lixo em lugares impróprios, não desperdiçar alimentos, preservar o rio para que os peixes e animais que circundam ou vivem nele permaneçam saudáveis e não se extingam.

Viver: O Viva o Taquari-Antas Vivo tem uma história de 17 edições e hoje mobiliza diversos municípios da bacia. A Escola das Águas tem a pretensão de seguir os mesmos passos? Qual a perspectiva para o futuro?

Integrantes do Grupo Escoteiro Tibiquari foram os primeiros a participar de roda de conversa

Ana Cecília - Serão profissionais de diferentes áreas que tenham a água em seu foco de trabalho profissional. Serão convidados pela Comissão Organizadora e deverão apresentar um projeto acerca da oficina a ser ministrada.

A periodicidade das oficinas é quinzenal e acontecerão em quartas e quintas-feiras, pela manhã e à tarde.

Viver: Com tantos anos de magistério, como percebes a transformação de conceitos e ideias na fase escolar?

Ana Cecília: Nós últimos anos, com a evolução da tecnologia e as mudanças ocorridas nos

Gilberto - A Escola das Águas é o vértice de uma construção que se apoia na educação. A inexistência até hoje de uma instituição voltada para a união de saberes em torno do tema diz muito sobre o comportamento, muitas vezes, mesquinho e errático do ser humano. Afirmo e confirmo nossa estupidez com este exemplo: sabemos, viramos “experts” em pré-sal e extraímos petróleo das profundezas do oceano. No entanto, conhecemos pouco nossos mares e não desenvolvemos um efetivo programa nacional para cuidar da água doce.

Esperamos construir o conceito da escola para que se espelhe e se multiplique pelo país. Seria, para nós, o melhor dos futuros.

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Gilberto Soares e Ana Cecília Togni são os idealizadores do projeto
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Comitê Taquari-Antas completa 25 anos

Foco é finalizar o plano de bacia e elencar as ações prioritárias com destaque à qualidade da água e à gestão de eventos climáticos extremos

OComitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas completa 25 anos com o propósito de finalizar o plano de bacia. As etapas A e B, que apontam o diagnóstico e a proposição de cenário para corrigir os passivos, estão concluídas. A fase C, que elencará as ações prioritárias, começa a ser construída este ano durante uma série de eventos. Entre eles, a oficina destinada aos integrantes de entidades representadas no comitê e o 1º Fórum Técnico Científico, que permitirão elaborar planos de ação voltados à boa gestão dos recursos hídricos e prevenção e mitigação de impactos. “Acreditamos que fazer a junção do conjunto de trabalhos técnicos desenvolvidos pelas instituições de ensino, pesquisa e extensão no âmbito da bacia também possa contribuir na construção de propostas efetivas auxiliando o plano de bacia”, destaca a presidente Adelaide Juvena Kegler Ramos.

A bacia hidrográfica Taquari-Antas é composta por 119 municípios – do Vale do Taquari, Serra e Campos de Cima da Serra, que ocupam cerca de 10% da área física do estado, onde residem 1,4 milhão de pessoas e geram 17% do Produto Interno Bruto (PIB) do RS. Conforme Adelaide, as regiões abrangidas têm geografia e realidades econômicas e sociais diversas. “Por isso é importante fazer a gestão, con-

siderando as diferenças, visando ter água com qualidade e em quantidade em todos os períodos do ano no âmbito da bacia.”

O cenário atual apresenta a baixa

qualidade da água, especialmente pelo despejo de carga orgânica, e os eventos climáticos extremos, tanto excesso quanto escassez de chuva. A mata ciliar, por exemplo, é um dos subtemas a serem trabalhados. “É um conjunto de ações para sanarmos os passivos ambientais, validadas pela sociedade. Por isso, é muito importante a participação de todos, não só a plenária, mas das entidades representadas.”

Formação

Conforme a presidente Adelaide, a formação do comitê se deu por meio de uma mobilização social, tanto na parte alta quanto na parte baixa da bacia Taquari-Antas com o objetivo de formar comitês independentes. “No decorrer destas mobilizações, as pessoas se deram conta que o rio era o mesmo e que era melhor juntar forças e criar um único comitê”, lembra. A entidade foi criada por decreto junho de 1998. A partir de então ocorreram as primeiras reuniões para criar o comitê em janeiro de 1999.

Saiba mais

- O Comitê Taquari-Antas tem sede na Universidade de Caxias do Sul.

- A diretoria é composta pela presidente, Adelaide Juvena Kleger Ramos, representante do Grupo da População e da categoria Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão; vice-presidente, Júlio César Salecker, representante do Grupo Usuários da Água e da categoria Geração de Energia; e secretária executiva, Maria do Carmo P. Quissini, da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

- Comitê conta com um grupo de 50 titulares e 50 suplentes, divididos entre os seguintes grupos:

Representantes dos Usuários: 20 vagas divididas em Abastecimento Público, Indústria, Produção Rural, Esgotamento sanitário e Drenagem Urbana, Geração de Energia, Transporte Hidroviário Interior e Mineração, e Esporte e Turismo.

Representantes da População: 20 vagas divididas em Legislativos Municipais, Organizações Ambientalistas, Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão, Associações Comunitárias e Clubes de Serviços Comunitários, Associações Profissionais e Organizações Sindicais.

Representantes do Estado: dez vagas divididas em Órgãos Públicos Estaduais e Órgãos Públicos Federais.

Da nascente à foz

O rio Taquari nasce no extremo leste do Planalto dos Campos Gerais, com a denominação de rio das Antas, até a confluência com o rio Carreiro, nas imediações do município de São Valentim do Sul. A partir daí passa a denominar-se Taquari, desembocando no rio Jacuí, junto à cidade de Triunfo. Seus principais afluentes pela margem esquerda são os rios Camisas, Tainhas e Lajeado Grande e São Marcos, e pela margem direita, os rios Quebra-Dentes, da Prata, Carreiro, Guaporé, Forqueta e Taquari-Mirim.

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Adelaide Juvena Kegler Ramos. Presidente do Comitê Taquari-Antas
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TAIOBA

AMORA PRETA

neração natural.

CARRAPICHO

Compete com espécies nativas e agrícolas por espaço, umidade e nutrientes.

IPEZINHO-DE-JARDIM

Compete com espécies nativas no processo de regeneração natural em áreas degradadas. Forma aglomerados, o que leva ao sufocamento de plantas nativas.

Cartilhas apresentam plantas nativas e exóticas invasoras

Ocupa locais de espécies nativas, promovendo a lenta redução da biodiversidade

MAMONA

Perda de biodiversidade em ecossistemas abertos e em áreas degradadas. Perda de áreas agrícolas e pastagens.

GOIABA

Invade áreas em vários graus de degradação. Suprime a flora nativa nos estágios iniciais.

ALFENEIRO

Compete com espécies de plantas nativas, impedindo sua regeneração, reduzindo a biodiversidade. Altera o funcionamento de ecossistemas.

Documentos digitais elaborados em projeto de pesquisa auxiliam a identificar as espécies adequadas e inadequadas que ocorrem nas margens do Rio Taquari

As matas ciliares dos rios da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas, até meados do ano passado, se resumiam a estreitas faixas e se mostravam insuficientes para a proteção das margens. Depois da enchente de 2023, a situação piorou, elas praticamente desapareceram. Do que resta, é importante preservar as nativas de florestas ribeirinhas e fazer reposição de mudas. Além disso, é prudente retirar as espécies exóticas invasoras. Para tanto, dois guias estão disponíveis de forma digital e podem servir para orientar ações. As publicações foram elaboradas por pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação em Biotecnologia e em Tecnologia e Gestão Sustentáveis e ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), da Univates.

Sem imaginar o quanto pioraria cenário das matas ciliares, os pesquisadores, coordenados pela professora doutora Elisete Maria de Freitas, inciaram os trabalhos ainda na década passada. “De 2014 a 2016 realizamos estudos nas margens do rio Taquari e, posteriormente, nos anos de 2017 a 2019 foram vários levantamentos nas margens do arroio Forquetinha”, relembra. O trabalho, a partir de abril de 2021, resultou na elaboração dos dois guias, lançados em março.

O Guia ilustrado de plantas exóticas invasoras nas margens de rios e arroios da Bacia Hidrográfica do rio Taquari apresenta 15 espécies e Guia ilustrado de espécies vegetais nativas de florestas ribeirinhas da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari mostra 17 tipos de plantas. Disponibilizados no formato digital, os guias constituem uma estratégia de transferência de conhecimento científico para simplificar e divulgar informações técnicas de forma acessível e prática para produtores rurais, técnicos da área ambiental e prefeituras municipais, destaca Elisete. A docente ressalta que correta identificação das espécies é essencial para o sucesso dos projetos de recuperação dessas áreas quando degradadas, pois nem todas as plantas sobrevivem à presença constante de água ou às inundações e enchentes. “Ou seja, existem espécies que não são eficientes na contenção dos processos erosivos nas margens de rios. Então, o guia serve para que as pessoas (proprietários de terras e técnicos das áreas ambientais) tenham como se orientar na escolha das espécies. Além disso, deve orientar a coleta de sementes por parte de viveiristas, já que é rara a existência de mudas de espécies nativas de beira de rios e arroios”, detalha. Outra motivação para a elaboração dos guias, de acordo com Elisete, é a necessidade de controlar a presença de espécies exóticas invasoras, já que são muito prejudiciais aos ecossistemas.

“Espécies invasoras

Como os guias podem colaborar na prática de recuperação de florestas ribeirinhas?

Além de favorecer a identificação das espécies, no guia de Plantas Nativas são descritas as formas de dispersão e propagação das espécies com o intuito de favorecer a produção de mudas em viveiros e propriedades rurais, bem como em escolas.

Conhecer as plantas exóticas invasoras têm a mesma importância de conhecer as nativas?

Com certeza. É um conhecimento essencial, pois ocupam ambientes degradados e dificultam (ou impedem totalmente) a germinação, o crescimento e o desenvolvimento das plantas nativas, se tornando dominantes nos locais que invadem. Elas são muito prejudiciais, pois competem com as espécies nativas com maior eficiência e tendem a homogeneizar os ecossistemas, se tornam únicas em determinados ambientes, causando a redução da biodiversidade. Espécies exóticas invasoras estão entre as principais

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Invasoras

Levantamentos nas margens do arroio Forquetinha ocorreram entre 2017 a 2019. Hoje, próximo da ponte, é visível a falta de cobertura vegetal

são uma ameaça à biodiversidade”

Elisete Maria de Freitas professora doutora

ameaças à biodiversidade do mundo hoje.

Ao identificar plantas invasoras, o que deve se fazer?

Ao identificar invasoras, precisamos cortar (caso de arbóreas como uva-japonesa, amora-preta, pinus, cinamomo, entre outras) e, em alguns casos, fazer o manejo (roçadas) para que as nativas possam se desenvolver. As nativas, quando bem estabelecidas, tendem a reduzir gradativamente algumas invasoras como as gramíneas, por exemplo.

Os agricultores têm papel funda-

ARATICUM

Floresce nos meses de outubro a fevereiro. Frutifica nos meses de novembro a maio

SARANDI-AMARELO

Floresce de setembro a janeiro. Frutifica de outubro a janeiro

mental na preservação das margens. Como você percebe a conscientização dos proprietários de áreas?

Encontramos agricultores muito interessados em reverter o atual quadro de degradação das margens em suas propriedades, querem restaurar e só não o fazem por falta de recursos.

No entanto, a maioria é resistente, por vários motivos.

Quais são os motivos que levam a esta resistência?

Talvez porque não acreditam que é possível reverter a atual condição de degradação das margens, ou porque, por muito tempo se exigiu que eles simplesmente plantassem as mudas nas margens sem preparar o terreno, resultando no fracasso com perda das mudas e continuidade dos processos erosivos. Outro fator que influencia muito na resistência são os interesses econômicos, pois essas margens aqui no nosso Vale são muito produtivas. Assim, não querem perder essas áreas, utilizadas há tanto tempo, para cultivo agrícola ou para a pecuária.

Acesse os guias completos com as 32 espécies identificadas.

BRANQUILHO

Floresce de setembro a janeiro. Frutifica de outubro a fevereiro.

TOPETE-DE-CARDEAL

Floresce e frutifica praticamente quase o ano todo.

Floresce de fevereiro a abril. Frutifica de maio a julho

SARANDI-DE-ESPINHO

Floresce de setembro a janeiro. Frutifica de outubro a janeiro

PATA-DE-VACA

Floresce de outubro a maio. Frutifica de abril a dezembro

TOPETE-DE-CARDEAL (FLOR VERMELHA)

Floresce e frutifica praticamente quase o ano inteiro.

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LOURO
Nativas

Investimentos e ações alinham a Docile aos conceitos ESG

Com 33 anos de fundação e quase 90 de história, empresa desenvolve práticas nas áreas ambiental, social e de governança com vistas a deixar um planeta melhor para as futuras gerações

Há nove décadas, Natalício Heineck introduziu a família na produção de guloseimas. Os filhos Nestor e Paulo deram segmento e, hoje, a terceira geração da família, formada pelos irmãos Ricardo, Fernando e Alexandre, dá continuidade ao dom dos Heineck em produzir doces. De lá pra cá, a dedicação, o comprometimento, a inovação e o respeito às pessoas e ao meio ambiente estão presentes dentro e fora da fábrica. Tanto na matriz, em Lajeado, quanto na unidade de Vitória de Santo Antão (PE), a marca pratica a sustentabilidade diariamente. As fábricas são projetadas para ter ventilação e iluminação natural, reciclam mais de 97% dos resíduos sólidos

gerados, tratam e reutilizam água e deixam de emitir mais de 750 toneladas de CO² no meio ambiente todos os anos. A unidade pernambucana possui mais de 1,1 mil placas fotovoltaicas, capazes de abastecer 100% da fábrica com energia solar.

A Docile investiu mais de R$ 3 milhões na ampliação da capacidade de tratamento de efluentes da empresa prevendo a ampliação do sistema de reúso de água para fins não industriais e mantém outros projetos internos para aumento da captação de água da chuva, mutirões de combate ao mosquito da Dengue, treinamentos de conscientização para os colaboradores e o movimento Plogging (um projeto que alia a coleta de resíduos a realização de exercícios físicos). Além disso, destina 98% dos resíduos gerados de maneira ecologicamente correta por meio de processos de reciclagem, reúso/ reaproveitamento e co-processamento.

A empresa se prepara para a certificação dos processos da gestão ambiental de acordo com a Norma NBR ISO 14001, um objetivo do Comitê de Sustentabilidade.

entrevista

Dociecoponto recebe materiais recicláveis

Viver Cidades - A partir de quando e como foram inciadas as iniciativas voltadas às políticas de meio ambiente, responsabilidade social e governança (ESG) na empresa?

Keli Hepp - A Docile sempre desenvolveu processos voltados ao cuidado com o meio ambiente, como a coleta seletiva de resíduos, desde o início das suas atividades, há mais de 30 anos. Há uma área específica de Meio Ambiente na empresa para cuidar desses temas. Em março de 2021, formalizamos a criação do Comitê de Sustentabilidade Docieco, que conta com a união de vários profissionais de diferentes áreas com o objetivo de ter um olhar ambiental mais abrangente e fomentar a sustentabilidade em todas as atividades da empresa.

Viver - Docile atua na importante ação externa Viva o Taquari-Antas Vivo. Quais são as principais ações ambientais dentro da empresa, além daquelas que atendem à legislação vigente?

Keli - O Comitê de Sustentabilidade da Docile é responsável por liderar as ações ambientais promovidas pela empresa, entre elas a distribuição de mudas realizada anualmente aos colaboradores e à comunidade em geral na Blitz de Conscientização do Maio Amarelo, que fortalece os laços entre as áreas de Segurança e Meio Ambiente; e a instalação de um ponto fixo “Dociecoponto” para recebimento de resíduos recicláveis (como eletrônicos, óleo de cozinha, tampinhas e embalagens de aerossol) que os colaboradores trazem de casa para o descarte adequado e ajuda aos projetos sociais da região.

Viver - Funcionários e suas famílias são envolvidos em projetos e ações promovidos pela empresa? Quais são?

Keli - Sim, muitas das atividades ambientais incluem os familiares, que são convidados. Acreditamos na importância de disseminar essa cultura para além dos limites da empresa, conscientizando o maior número possível de pessoas. A principal mobilização ocorre no Viva Taquari Antas Vivo.

Viver - A Docile tem uma unidade em Lajeado e outra em Vitória de Santo Antão (PE). São culturas, história, clima, hábitos diferentes. Como o ESG é trabalhado na unidade no Nordeste?

Keli - A Unidade Docile Nordeste também possui integrantes no Comitê Docieco, precursores para a realização de ações similares às promovidas na unidade de Lajeado. Um exemplo é a participação no Projeto Renasce Itapacurá, realizado no principal rio do município de Vitória de Santo Antão. O trabalho foi no Projeto Viva Taquari Antas Vivo e em 2024 está indo para sua 3ª edição.

Viver - Quais são os ganhos, ou frutos, colhidos pela empresa a partir de uma política que engloba meio ambiente, governança e responsabilidade social?

Keli – O cuidado com o meio ambiente, com a governança e o olhar voltado à responsabilidade social estão no DNA da Docile. Acreditamos que englobar essas premissas na condução do negócio traz benefícios para a Docile, para os nossos colaboradores, para a comunidade no nosso entorno e para o planeta, o que já é um ganho imensurável. Percebemos que o mercado e os consumidores estão cada vez mais atentos às empresas que têm ESG como prioridade e conduzem inclusive suas preferências de consumo de produtos e serviços colocando isso na balança, um passo importante para que todas as empresas caminhem nessa direção.

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Equipe da Docile de Lajeado participou da 17ª ação do programa Viva Taquari Antas-Vivo realizado no mês de março Projeto Renasce Rio Itapacurá na cidade de Vitória de Santo Antão-PE Plantio de mudas de árvores nativas Keli Hepp, Supervisora de Meio Ambiente da Docile

doutora em ciências biológicas

Nome: Bruna Laindorf

Idade: 33 anos

Formação: licenciada em Ciências Biológicas (2015), pela Unisc; e mestre em Ciências Biológicas (2017) e doutora em Ciências Biológicas (2021), pela Unipampa.

Quais outras formações você fez neste período?

Durante o período da graduação tive meu primeiro contato com a pesquisa, sendo bolsista de Iniciação Científica e Extensão, no laboratório de Botânica. Também pude explorar a docência na área das Ciências da Natureza, como bolsista PIBID, participando de atividades em Escolas de Educação Básica. Tive a oportunidade de conhecer diversas instituições de pesquisa em vários estados brasileiros, por meio de intercâmbios e apresentações de trabalhos em congressos. Enfim, o período da graduação foi uma grande oportunidade para conhecer as possibilidades relacionadas à profissão.

Cursei mestrado e doutorado em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

Desenvolvi minha dissertação e tese investigando a Biologia Molecular de Plantas (arecaceae). Nesse período, participei de projetos de pesquisa envolvendo a flora Antártica. Como pesquisadora

onde ir...

polar, tive a oportunidade de realizar coletas no continente gelado, nas Missões Antárticas realizadas pelo governo Federal em parceria com a Marinha do Brasil, em 2018 e 2020.

Por que você escolheu cursar biologia?

Sou natural de um pequeno município da região dos vales, caracterizado pelas belezas naturais, chamado Boqueirão do Leão. Filha de agricultores, cresci em meio à natureza, vivenciando a importância do clima, do cuidado com

TRILHA DO FRITZ

a terra, plantas e animais, e o árduo trabalho para extrair a subsistência da terra. Além disso, estudei em uma pequena escola do interior, onde a metodologia de ensino se baseava em projetos ambientais. Professores muito comprometidos me apresentaram as possibilidades sobre o futuro a partir dos estudos. Dessa forma, não poderia ter feito outra escolha; a Biologia atendia a todos os requisitos para se tornar minha profissão.

Quais as áreas que você já atuou?

Já atuei na área da pesquisa científica, Laboratório de Biologia Molecular, área ambiental, docência em nível Superior, docência em PósGraduação e em Ensino Técnico.

Em qual área você trabalha atualmente?

Atualmente, sou docente na Educação Básica, atuando como professora de Biologia (Sesi e Seduc), professora de Ciências (Município de Lajeado) e na formação de professores.

Quais áreas da biologia você considera promissoras profissionalmente?

A Biologia se expandiu muito nas últimas décadas, julgo a Biotecnologia a mais promissora e inovadora delas.

Hoje praticamente tudo que a agricultura e pecuária produzem passa por um processo de avaliação ou melhoramento genético. No Brasil, temos uma empresa pública referência mundial nesta tecnologia, que é a Embrapa. Graças às descobertas

Estrutura metálica permite ver a vegetação rasteira e preservar as árvores pelo caminho

científicas nesse campo, hoje podemos cultivar em praticamente todos os biomas brasileiros, a produtividade aumentou exponencialmente e a qualidade do que é produzido também.

Na área da saúde, a biotecnologia hoje é responsável por tratamentos inovadores como as Terapias Gênicas (utilizadas no combate de doenças ainda sem cura), e os testes genéticos (utilizados para avaliar a probabilidade de uma pessoa desenvolver determinada doença que apresenta fator hereditário).

Na área da conservação, a Biologia Molecular tem papel fundamental ao avaliar a diversidade genética de uma espécie e assim inferir seu grau de ameaça.

Como os biólogos podem fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade?

Acredito que o principal desafio ainda esteja na base, na educação de crianças e adolescentes, cidadãos que irão constituir nossa sociedade do futuro. Os avanços tecnológicos e econômicos estão acontecendo, o grande diferencial será ter uma sociedade com discernimento suficiente para entender nosso papel na manutenção do Equilíbrio Ambiental. Estamos vivenciando eventos climáticos cada vez mais frequentes e extremos que afetam nossas vidas diretamente, como as enchentes, secas, e infelizmente ainda existem muitas pessoas que desacreditam que isso seja causado pelo nosso estilo de vida atual. A escola desempenha um papel crucial neste contexto, sendo fundamental para moldar um futuro sustentável.

A Trilha do Fritz é um espaço de lazer e contemplação da natureza junto ao Rio Taquari, em Estrela. O trecho de 300 metros liga o Parque da Lagoa à Escadaria da Polar. O percurso conta com estrutura metálica suspensa,

mirante ao rio, píer e espaços de convivência em meio às árvores. A trilha foi projetada para causar o mínimo de impacto ambiental e para suportar a força das águas nos períodos de cheia.

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