AH - Conexão | 24 de dezembro de 2014

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ESPECIAL DE NATAL ANDERSON LOPES

Magia e reflexão A chegada do Natal aproxima as pessoas e aflora sentimentos reprimidos. Mais do que uma troca de presentes, a data convoca para uma reflexão individual, a partir do comportamento pessoal que nos caracteriza. Espetáculos alusivos se multiplicam pela região. Artistas amadores e voluntários assumem protagonismo nas encenações que remetem ao real sentido natalino. As páginas a seguir contam histórias de vida, de crenças, de gratidão e de sensibilidade, fortalecidas no período em que o espírito de fraternidade costuma invadir o coração das pessoas.


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A força dos espetáculos Encenações natalinas atraem milhares de visitantes às cidades da região e artistas locais exportam talento para cidade central do estado com aporte do Ministério da Cultura. A emoção tomou conta neste mês e sensibilizou moradores de Taquari, Arvorezinha, Forquetinha, Muçum, Venâncio Aires e Santa Maria. Vale do Taquari

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om a chegada do dia 25, muitas pessoas buscam conforto e reflexão espiritual na arte. É uma forma de satisfazer o anseio pelo real motivo das festas de fim de ano. A passagem do Natal provoca reflexão e nada melhor do que se emocionar com espetáculos repletos de luzes, fogos e encenações. Durante todo mês, cidades da região realizaram uma intensa programação, atendendo uma demanda cada vez mais crescente: espetáculos natalinos. Desde o dia 1º, Taquari, por exemplo, segue com atrações – a maioria concentrada na Lagoa Armênia. No dia 23, ocorreu a mais esperada noite com a encenação do nascimento de Jesus. Uma história mesclada com a do

Estamos tendo um cuidado com as cenas para levar paz, sublimidade, esperança e fé ao público. Antonio Lopes diretor

surgimento da cidade. Índios e açorianos se encontram pela primeira vez. Atores e atrizes caracterizam tais personagens, precursores habitantes da região. Um navio foi o palco, e a lagoa iluminada, o cenário para os fogos de artifício que encerraram a noite.

Arvorezinha. O tradicional Natal do Morro chegou à 22ª edição. O temporal do sábado dia 20 interrompeu a apresentação. Foram apenas 15 minutos de espetáculo. O temporal destruiu o cenário. Mas a magia da apresentação se manteve e emocionou fiéis e visitantes.

Espetáculo Luzes do Deus Menino mesclou atores de Teutônia, Santa Cruz

A IV Forquetinha Weihnachtsfest– festa natalina da cidade –, em Forquetinha, oferece aos visitantes cenários de diferentes tipos. O Parque de Exposições Christoph Bauer abriga um Papai Noel de quase dez metros. Coqueiros, casas em estilo enxaimel, paradas de ônibus e

pontes estão decoradas com as cores de dezembro. A casa do Papai Noel no alto do morro virou atração garantida para as crianças. De um lado elas sobem para visitar a casa e os pertences do bom velinho e, do outro lado, descem por num grande escorregador. Tudo iluminado.

Pelo estado Venâncio Aires e Santa Maria receberam, por meio do Ministério da Cultura, o Projeto Lu-


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ESPECIAL DE NATAL Reportagem: Anderson Lopes

TRIPOP/DIVULGAÇÃO

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do Sul e Santa Maria. Projeto ganhou apoio do governo federal

zes do Deus Menino – A História do Nascimento em Grande Produção. Com direção de Antonio Lopes e com a participação de atores de Teutônia e outras cidades do Vale do Taquari, o espetáculo integra toda comunidade. O espetáculo foi apresentado em diversos municípios do estado e agora, com aporte do governo federal e de empresas locais, apresenta um espetáculo diferente dos anos anteriores – levando em conta a comoção local, após o episódio da Boate

Kiss, em janeiro de 2013. O Luzes do Deus Menino – A História do Nascimento em Grande Produção foi apresentado nos dias 10 e 13, na Viação Férrea de Santa Maria. A encenação foi a principal atração da programação natalina da cidade. A peça é montada faz 13 anos, num trabalho de constantes pesquisas sobre o texto Alexandrino (tipo textual do Novo Testamento grego que predominou nos primeiros documentos bíblicos).

O espetáculo resgata a poesia no teatro e envolve boa parte da comunidade onde é apresentado. A programação conta com uma passagem em procissão em frente à Boate Kiss, local onde 242 pessoas morreram no incêndio. Segundo o sociólogo e diretor, Antonio Lopes, o texto foi alterado preservando a essência, mas levando em consideração o fator emotivo do acontecimento que chocou o mundo. “Estamos tendo um cuidado com as cenas para levar paz, sublimidade, esperança e fé ao público”, afirma. O projeto prepara atores locais com oficinas, montagem de cenário, confecção de figurinos, incluindo centenas de pessoas no elenco. Participantes de diferentes idades atuaram junto à equipe principal. Noventa atores ganham a cena. Conforme o diretor, mais de cem mil volts de luz estarão disponíveis e prometem encantar o público a cada espetáculo. Em 2013, a apresentação realizada no Centro Administrativo de Teutônia atraiu cerca de quatro mil pessoas. Houve queima de cidade cenográfica, cavalaria e fogos de artifício. O Luzes do Deus Menino é apresentado com profissionais e amadores no elenco principal. A maioria é das próprias cidades onde circula. Isso ajuda a formação de novos grupos culturais, garante Lopes. Em Venâncio Aires, este espetáculo ocorreu no dia 21, no Parque Municipal do Chimarrão. Milhares de pessoas acompanharam a encenação que envolveu cerca CONTINUA > de 80 pessoas.

Primeira encenação do Natal no Morro, em Arvorezinha, ocorreu dia 13 DIVULGAÇÃO

A apresentação Um Sonho de Natal ocorreu nesse fim de semana BRUNO LABRES/DIVULGAÇÃO

O Natal Açoriano, em Taquari, celebra a data e revive a tradição


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BRUNO LABRES/DIVULGAÇÃO

Lagoa Armênia pulsa arte Taquari. O 23º Natal Açoriano em Terra Gaúcha promete encantar o público. A programação iniciou no dia 1º e se estende até o dia 4 de janeiro. Todas as noite haverá atividade e evento especial. A parada natalina foi realizada no dia 5 e atraiu duas mil pessoas. As escolas municipais de educação infantil e ensino fundamental fizeram parte das sete alas do desfile que contaram com três carros alegóricos. Houve participação da banda marcial da Escola Municipal de Ensino Fundamental Osvaldo Ferreira Brandão. O tema escolhido deste ano é a “Natureza”. Durante a noite houve apresentações do Instituto Cultural e Artístico Raízes, no Palco Barco da Lagoa Armênia. Bailarinos executaram coreografias típicas do México, Argentina, Bolívia, Peru e Brasil. O dia 23 foi o mais esperado. De manhã, os motociclistas Açorianos do Asfalto se encontraram e confraternizaram com os visitantes, realizando um almoço na lagoa. Na noite – principal mo-

Em 2013, a Lagoa da Armênia, em Taquari, virou palco para boa parte das apresentações de Natal. Local também é ponto turístico durante o ano

mento da programação – ocorreu a encenação do presépio vivo. Um espetáculo repleto de luz conta com a participação de cerca de 230 pessoas e dura 1 hora

20 minutos. Tem como palco o barco Tia Helena – nome dado a professora Helena Silveira (morta), criadora do espetáculo desde a época em que o teatro era en-

cenado no Instituto Estadual de Educação Pereira Coruja. A conexão entre a história do município e do nascimento de Jesus se fundem. Hoje quem dirige

a peça é a coordenadora do Departamento de Cultura, Sabrina Pereira de Freitas, com a professora Nilda Rita que auxiliou na elaboração do texto.

Natal no Morro brilha Conhecida como a Capital da Erva-mate, Arvorezinha realizou o 22º Natal no Morro – um dos maiores eventos da região. O morro bor-

dado de hortênsias abriga no cume a Igreja Matriz construída pelos primeiros imigrantes italianos e portugueses. Este foi o palco da en-

cenação, devidamente decorado e preparado pela comunidade local. Nos dias 13 e 20, ocorreu os Autos de Natal. Artistas interpretam

figuras bíblicas contabilizando cerca de cem atores. O tema deste ano foi “Todo menino é um anjo de Deus”. Um presépio em ma-

deira pintado nas duas faces com figuras bíblicas contam a história da anunciação, o nascimento e a visitação ao Menino Jesus.


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FOTOS LAURA MALLMANN

Voluntárias decoram o Natal Luz e Vida Durante três meses, mulheres se dedicaram para confeccionar a ornamentação da cidade Colinas

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receptiva ornamentação natalina do município, com papais noéis de 1 metro 50 centímetros, montados em bicicletas, posicionados desde a entrada da cidade, levam os turistas até o centro. A tradicional decoração é elaborada por voluntárias da comunidade faz três anos. A cada edição

a procura para a produção aumenta. Neste ano, os bonecos foram reformados e o trabalho manual ganhou a vez. O projeto de ornamentação despertou a curiosidade da aposentada Ivone Schaffer, 62, moradora do centro. Em agosto deste ano, não perdeu tempo. Assim que abriram as inscrições garantiu a sua vaga. “Logo me matriculei.” Todo conhecimento e habilidades na costura

são postas à prova e ainda aproveita para integrar esse grupo seleto de costureiras. Quando é necessário, Ivone auxilia nas demais etapas. Para ela, o trabalho em grupo fortalece as amizades. “Além de me ocupar, fico próxima das minhas amigas.” Além disso, se diz alegre por passar na rua e reconhecer os bonecos que ajudou a confeccionar na oficina. Orgulhosa do seu feito, Ivone não

Cerca de 80 bonecos, de quase 1,5 metro, estão espalhados pelo centro


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ESPECIAL DE NATAL Reportagem: Laura Mallmann

esquece um episódio que presenciou enquanto se deslocava de ônibus. Uma senhora dentro do coletivo comentou: “será que existe uma fábrica na cidade que faz essa decoração?” Ivone não exitou e logo respondeu: “não. Uma equipe de voluntárias que faz. E eu sou integrante”, relembra. Mesmo ainda sendo alvo de críticas por parte de alguns conhecidos, Ivone não esmurece. “Faço esse trabalho voluntário com prazer.” Para ela, o passatempo também funciona como uma terapia e se sente recompensada. “Quando passo pelos bonecos, ainda arrumo, se precisar.” O trabalho continua em casa. Antes da participação no projeto, integrava cursos de artesanato e decoração e arrumava tempo e disposição para decorar o jardim. E com bonecos menores, conta. “Com a prática, produzo para a cidade e para minha casa.”

A união de mãe e filha Regina Beatriz Soares Neves, 52, conheceu o projeto neste ano. Co-

meçou a participar das oficinas e depois de alguns encontros convidou a filha, Vitória Gabriela Neves, 13, para integrar o grupo. Regina relata que além de auxiliar na ornamentação da cidade, o trabalho voluntário ainda aproxima as duas. Mãe e filha auxiliam na finalização dos bonecos.

Participação O projeto de voluntariado motivou Iara Maria Hauschild, 63, aposentada, a participar. Esse é o primeiro ano. Sempre participou de cursos de artesanato e agora pode aproveitar as habilidades na oficina. Ali, faz a parte inicial de montagem dos bonecos. Corta os tecidos para a costura. Depois das roupas confeccionadas, veste os bonecos para garantir que está tudo certo. Para ela, ouvir as pessoas comentando sobre o projeto é o que gratifica o trabalho. Conta que convida amigos e familiares de cidades distantes para conhecer o Natal em Colinas. “Até então, todo mundo aprovou a decoração”, brinca.

O projeto Em função da grande procura por cursos de artesanato, a administração municipal, por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), desenvolveu uma atividade para envolver as mulheres aposentadas com habilidades em costura. Com a proximidade do Natal, o Cras ofereceu oficinas de ornamentação natalina. Quando foram divulgadas as primeiras inscrições, em 2012, cerca de 20 voluntárias se matricularam. A média de participação se mantém até hoje. As oficinas começaram em agosto com duas turmas, uma com aulas de manhã e outra à tarde. Durante os três meses de oficina, as mulheres se dedicam na ornamentação da cidade.

Grupo se concentra na costura das roupas dos bonecos

Outras voluntárias finalizam os detalhes das roupas


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O encanto de gerações Com um motor de caminhão Mercedes Benz 1113, o veículo adaptado percorre as rotas natalinas faz mais de 22 anos. Procurado por escolas e grupos, o Cedelinho perpassa gerações que hoje se reencontram para um passeio repleto de entusiasmo e brilho. FOTOS ANDERSON LOPES

Vale do Taquari

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arli Freitas, 52, realizou um sonho ao andar pela segunda vez com o Cedelinho, que estava cheio de crianças. Há 22 anos, ela saía do mesmo lugar, em frente onde hoje é a Casa de Cultura, levando a filha Priscila para andar pelas ruas do centro e observar os enfeites natalinos. Passadas mais de duas décadas, não imaginava que levaria o neto Pietro, de 3 anos, na mesma rota e passeio. Considerada uma escola de campo, os alunos da Escola de Ensino Fundamental Itaipava Ramos, de Linha São Miguel, interior de Cruzeiro do Sul, realizaram pela primeira vez um passeio deste tipo. Os cerca de 50 estudantes vibravam a cada toque da buzina e a cada ponto onde o Cedelinho passava. Acompanhadas dos pais, as crianças observavam as luzes nas vitrinas e postes enfeitados. Conforme a diretora Eloisa Freitas, muitas famílias estão abandonando o campo por falta de condições. Para ela, passeios como esse incentivam os pais a levarem mais os fillhos ao centro. “Fazem com que não sintam a necessidade de se mudar de casa, mas, sim só, passear. Esta foi uma experiência única. Nunca viram nada parecido. São estudantes entusiasmados com as novidades e isso foi bem marcan-

O Cedelinho circula por Lajeado faz mais de 22 anos. No Natal, durante a programação do Lajeado Brilha, ele é a grande atração

te para eles”, afirma. A criação da CDL Lajeado é reconhecida como um dos principais atrativos turísticos da cidade, além de ser um diferencial para quem vem conhecer Lajeado. O veículo é atração para aqueles que moram no município e apenas querem fazer um passeio e observar o trajeto de

um jeito diferente. Seu maior período de circulação é no Natal, quando funciona durante toda a programação do Lajeado Brilha. O carro tem dois andares, espaço para 60 pessoas e iluminação interna, o que torna o passeio noturno ainda mais bonito. Foi reformado recentemente, custando cerca de R$ 30 mil.

São estudantes entusiasmados com as novidades e isso foi bem marcante para eles. Eloisa Freitas diretora


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ESPECIAL DE NATAL Reportagem: Anderson Lopes

Na direção faz 16 anos Motorista do Cedelinho faz 16 anos, Rogério Dullius, 66, fica, nesta época do ano, cerca de dez horas diárias dirigindo. Para ele, é um ótimo passatempo. O caminhão de cinco marchas não ultrapassa os 30 km/h. O motor veio de um caminhão Mercedez Benz 1113, datado de 1992. A frente foi modificada e adicionado o segundo andar. “Sei que as ruas são estreitas e isto pode causar uma certa lentidão, mas os motoristas, geralmente, relevam, muito mais pelo espírito natalino e pela alegria que as crianças demonstram abanando e gritando”, diz. Nos primeiros anos de funcionamento, o Cedelinho era só utilizado em dezembro. Tempos depois, passou a realizar passeios para grupos fechados durante o ano, passando pelos pontos turísticos da cidade. “Já teve gente da Alemanha e Canadá andando comigo e conhecendo a cidade de Cedelinho”, conta. Outros municípios, como Cruz Alta e Chuí, trouxeram alunos dos colégios municpais para conhecê-lo.

Além do simples passeio Diversos pontos turísticos são visitados, partindo da Casa de Cultura, em direção ao Museu Histórico Bruno Born, Ciclovia na rua Oswaldo Aranha, belvedere do Rio Taquari, Igreja Matriz Santo Inácio de Loyola, Parque do Engenho, Parque Professor Theobaldo Dick, Jardim Botânico e Parque Histórico.

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Reportagem: Laura Mallmann

Recuperação motiva dedicação ao Natal Estrelas e globos iluminados fazem parte da decoração na propriedade de Immich FÁBIO KUHN

Lajeado

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o passar pela BR-386, à noite, no bairro Conventos, chama a atenção casa e pátio iluminados. A propriedade é de Edemar Immich, 60, que enfeita o local durante os meses de dezembro e janeiro em homenagem ao Natal. Mais de 70 mil lâmpadas de LED estão espalhadas por 350 metros quadrados de sua propriedade. O trabalho de enfeitar a casa iniciou faz quase oito anos. No início, conta que a decoração era só na parte interna da casa, mas já ganhava elogios de quem visitava. Há seis anos expandiu para a parte externa. Tudo começou após superar o vicio do álcool e cigarro. “Precisava de um passatempo.” Hoje a dependência foi substituída pela decoração do pátio. É o momento que mais traz felicidade durante o ano, diz. Para criar as ornamentações, Immich utiliza sucatas, bonecas e ferro-velho. A experiência como funileiro também foi essencial para dar início ao trabalho. Faz questão que tudo esteja bem iluminado. Para isso utiliza mais de oito mil metros em cabos para interligar a decoração. Quando percebe defeito em uma lâmpada ou em um objeto, não perde tempo. Logo descobre o que causou e soluciona o problema. A ornamentação é elaborada durante todo o ano. Conta que ao sair do serviço, às 18h, inicia o

Immich dedica sete horas por dia, durante todo ano, para produzir a ornamentação natalina

trabalho com a decoração natalina. E segue até a 1h, todos os dias do ano. Relata que sempre há trabalho e algo para melhorar. O mês de dezembro é dedicado só à decoração. As férias começam no início do mês, quando Immich ocupa o tempo para acertar os detalhes da abertura da temporada da Aldeia de Natal.

A temporada O local funciona a partir da segunda quinzena de dezembro e segue até a metade do mês de janeiro. Quando começa a escurecer os primeiros visitantes já aparecem na propriedade de Immich. O horário oficial de abertura é às 21h, mas pode ser visitada antes.

E o local só é fechado quando o último visitante for embora. “Normalmente fechamos após a meia-noite”, diz orgulhoso. Mais de 960 estrelas iluminadas

Ser reconhecido por isso é minha recompensa.

Edemar Immich Funileiro

estão espalhadas na propriedade. Pinheiros natalinos, globos, ovelhas, manjedouras, presépios e castelos também compõem o espaço. O movimento é uma marca registrada do funileiro. A maioria dos objetos se mexe, tornando a decoração mais real. Para este ano, a novidade é uma orquestra formada por nove bonecos vestidos de papai noel. Esta foi elaborada durante três meses. Os bonecos em tamanho real tocam instrumentos e se movimentam. Instrumentos também estão disponíveis para os visitantes acompanharem a banda tocando musicas.

Dedicação e amor Todo o trabalho é custeado e

desenvolvido por ele. Immich preza pela segurança com seus visitantes. Para isso, conta com o apoio da Certel com a estrutura elétrica. Neste ano, foram instalados cabos aéreos e maior alcance de iluminação. A entrada para a aldeia é gratuita. Immich tem um local para contribuições espontâneas, mas não conta com isso para realização do Natal em sua casa. Um DVD que mostra a todas as ornamentações sendo posicionadas e a aldeia, também é comercializado para auxiliar nos custos. Nos últimos anos, a visitação vem sendo expressiva. Estimou que em 2012, cerca de 12 mil pessoas passaram pela aldeia. Em 2013 e 2014, a visitação superou o número. Recebe excursões de todo o Estado e até do país. Recepcionou grupos de Tocantins, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. Um grupo de Sinimbu visitou a aldeia em uma sexta-feira, e antes de deixar a região, no domingo, visitou de novo o local. “Isso gratifica.” Segundo ele, a tradição do natal foi passada pela mãe e sempre foi cultivada entre a sua família. O que o motiva a realizar todos os anos esse trabalho é o sorriso e alegria daqueles que visitam a propriedade. As pessoas quando o encontram na rua, perguntam quando começa o Natal na Aldeia, e ser reconhecido por isso recompensa, analisa Immich. Pretende continuar com a iluminação até quando a idade permitir.


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Natal em casa nova Poder comemorar a data entre familiares faz com que o momento seja repleto de amor Vale do Taquari

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vazio que antes entristecia a família Rückert, de Westfália, hoje não existe mais. Faltava-lhes filhos. Como não puderam tê-los, decidiram adotar. Uma criança completaria a vida amorosa e daria sentido à sua existência. Sandra Rückert procurou as autoridades competentes. Durante três anos, transitou entre fóruns, Conselhos Tutelares e Assistências Sociais. Foi um processo complicado, cheio de trâmites que impuseram uma espera angustiante. “Não escolhi raça ou sexo, apenas queria uma criança

com menos de 4 anos. A Livia foi a primeira a ser adotada. O Guilherme veio depois”. Livia morava com a avó, em uma cidade da Região Metropolitana. Quando foram conhecê-la no terceiro dia de 2005, a criança não estava em casa. O rancho de madeira abrigava muita gente. Humilde, a avó lhes atendeu e disse que não dava conta de sustentar os netos desprezados pela mãe. A criança tinha 2 anos e 10 meses de vida. “Ao chegar da creche, toda suja e com roupas rasgadas, ela olhou para mim e disse: tu vai ser minha mãe?” Com os olhos marejados, Sandra a abraçou. Foi assim o primeiro encontro.

Coroa do advento é montada todos


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Reportagem: Anderson Lopes FOTOS ANDERSON LOPES

os anos no mês de dezembro, antecedendo o Natal com pedidos e boas vibrações para o próximo ano

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Coincidências do destino Tudo começou quando a avó da menina chegou em uma casa, lá na Região Metropolitana, para pedir trabalho. A proprietária amiga de Sandra não precisava, pois tinha quem fizesse o serviço. No dia seguinte, aquela mesma senhora voltou à casa pedindo, humildemente, um trabalho. A resposta negativa foi imperativa. Preocupada com o futuro da neta, voltou mais uma vez em busca de auxílio. A proprietária da casa questionou o motivo de tanto desespero. “Esta senhora então contou sua história, que estava sem emprego e precisava sustentar a neta de 2 anos, abandonada pela mãe.” Os inúmeros problemas daquela velha senhora sensibilizaram a dona da casa. Ficou sabendo dos filhos desamparados da família, das dificuldades de alimentação, higiene – subsistência básica da vida. Vendo que os irmão estavam em lares de adoção à espera de uma família, decidiu avisar a Sandra. Apesar de a mãe e a avó consenti-

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rem a adoção da criança, isso não bastava. Era preciso seguir trâmites legais, que duraram mais três anos. Quando, enfim, receberam o telefonema tão esperado, foram de imediato a Porto Alegre. Antes de chegar em casa, roupas e brinquedos foram comprados. Quando chegaram em casa, toda a família estava à espera. Irmãos, tios e avôs aguardaram a chegada de Livia com festa e emoção. Ela foi batizada e recebeu presentes. Todos abraçaram dando as boas-vindas. Sandra tirou dois meses de licença para adaptação. Com a voz embargada, conta que no início foi difícil, pois a pequena perguntava muito da avó. Mas depois foi esquecendo. Aos 3 anos, Livia teve sua primeira festa de aniversário. “Desde o início deixamos claro que era adotada. Tinha uma mãe da barriga, mas não morava com a família. Que a mãe dela era a Sandra porque sua mãe de barriga não tinha como cuidá-la.” Sandra diz ter notado claramente a evolução da filha. “Era insegura e nervosa e hoje é uma

pessoa calma e muito inteligente.” No primeiro Natal, foi notável a sua felicidade. Seguiram a tradição de enfeitar árvores e dar e receber presentes – o primeiro foi um bebê com carrinho. Quando ela tinha 4 anos, receberam o aviso de que havia um menino de 2 dias que precisava ser adotado. Chegou, então, o Guilherme, que hoje tem 7 anos. Livia ajudou a escolher o nome. “Ela sugeriu Gilherme Elias e nós achamos justo colocar.” O processo para registrar as crianças foi penoso. Mesmo a mãe assinando que entregava o bebê, havia um período a ser respeitado, uma vez que ela tinha um prazo para desistir da doação. A Justiça procurou a mãe para ver se não haveria arrependimento. Ela queria mesmo o melhor para o filho. A amamentação foi com leite Nam. Hoje diz que o filho Guilherme é muito inteligente e interessado na escola. Esta segunda adoção ajudou a Livia a


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Reportagem: Anderson Lopes

Processos burocráticos não impediram que casal ganhasse outro sentido à vida após a adoção das duas crianças

entender que ela não era a única. “Ela ajudava a esclarecer ao Guilherme que, assim como ela, também tinha uma mãe da barriga.” Aos 11 anos, Livia se adaptou bem à nova realidade. Guilherme, aos 7, está no primeiro ano de escola. Os colegas questionam como é ser adotado e ele conversa

tranquilamente sobre isto. As apresentações natalinas da cidade contam com a participação dos irmãos. “O Guilherme fez um pastor a Livia, um anjo”, conta. Uma tradição natalina seguida pela família é a coroa do advento. São quatro velas em uma guirlanda que representam cada

domingo que antecede o Natal. Enquanto fazem orações e pedidos, as velas são acesas. “Sempre deixamos a ilusão do Papai Noel, mas reforçamos um poder invisível que é a magia do Natal. Não importa os presentes, mas a espírito natalino que deixa as pessoas mais sensíveis”, conclui.

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Solidariedade emociona atividades natalinas Entidades do Vale realizam projetos para arrecadar presentes e doar àqueles que necessitam Vale do Taquari

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Rotaract Club de Lajeado tem 14 anos de existência. Destes, dez são dedicados à arrecadação e doação de presentes de

Natal. Neste ano, a Escola Municipal Pedro Welter foi contemplada no dia 9, enquanto a Escola Estadual São João Bosco e a Casa Geriátrica Jo Barth, em Cruzeiro do Sul, receberam as doações em 16 e 19, respectivamente.

Sabemos que algumas crianças sofrem [...] com violência e grande carência financeira. Darlan Bald presidente do Rotaract

Os locais são indicados por conhecidos ou são lugares com os quais já realizaram algum projeto. A Escola Estadual São João Bosco é conhecida dos voluntários. “Sabemos que algumas crianças de lá sofrem com violência e grande carência financeira”, diz Darlan Bald, presidente do Rotaract Club de Lajeado. Na Escola Municipal Pedro Welter, a maioria dos pais dos alunos trabalha em fábricas, e os filhos passam lá tempo integral. Essa é a escola com o menor número de alunos no município. A casa geriátrica, apesar de particular, sempre tem necessidades. Porém, o mais importante

Crianças da Pedro Welter ensaiaram com


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ESPECIAL DE NATAL Reportagem: Tammy Moraes FOTOS TAMMY MORAES

é a visita ao local. No total, o número de contemplados pelo projeto neste ano foi de 220 pessoas. Nas escolas, depois do contato com os diretores, geralmente escolhem crianças com até 10 anos, dependendo das séries dis-

poníveis no local. Os professores pedem então aos alunos que escrevam suas cartas. As opções de presentes são três: brinquedos, material escolar ou roupas. Algumas crianças pedem até comida, diz Bald.

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as professoras uma música de Natal para receber o Papai Noel no dia da entrega dos presentes


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Quando as cartas das crianças são entregues aos voluntários, estes vão em busca dos padrinhos. Os amigos e familiares sempre participam. Além disso, a divulgação mais efetiva é a feita pelo boca a boca. Às vezes, deixam também algumas cartas em estabelecimentos parceiros que têm árvore de Natal na decoração, para que os clientes possam participar. No dia da entrega, um dos voluntários se veste de Papai Noel para deixar a ocasião ainda mais especial. Todos vão até a escola e chamam cada criança para receber os presentes. As fotos desse momento são enviadas posteriormente aos padrinhos.

Preocupação com o próximo Darlan e os outros voluntários do Rotaract buscam sempre deixar claro para os padrinhos que a importância do presente é ínfima diante do gesto. Por isso, pedem que sempre que possível, compareçam à entrega dos presentes. Isso até para criar um contato

diretora, de não excluir o trabalho dos voluntários foi dizer que eles eram intermediários do Papai Noel. Assim, recebem o valor que merecem, avalia. Também não se pode criar fantasias muito fora da realidade, diz. A dedicação dos voluntários ganha o reconhecimento. Nessa época, o desprendimento e a preocupação com o próximo afloram. A realização de sonhos, principalmente os das crianças, é o que move os integrantes do Rotaract, diz Ruth.

CONTINUA >

As fotos dos momentos da confraternização serão enviadas aos padrinhos que “adotaram” as cartas

maior com a escola, acredita. Para Darlan, ver uma criança que talvez não fosse ganhar nada, recebendo um presente, é um momento único. A criança sabe que alguém se preocupou com ela, diz. Os presentes são sempre cheios de

carinho, finaliza. “Nessa época, as pessoas estão mais propensas a ajudar”. Na Escola Municipal Pedro Welter, a expectativa das crianças começou cedo, logo no início de novembro, quando souberam que

poderiam escrever cartas pedindo presentes. Alguns quiseram deixar o encontro mais marcante, então confeccionaram, com ajuda das professoras, colagens e recortes para entregar ao Papai Noel. A maneira de Ruth dos Santos,

Nessa época, as pessoas estão mais propensas a ajudar.

Darlan Bald presidente do Rotaract


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MONIQUE MENDES/DIVULGAÇÃO

Rock e solidariedade Do hábito de frequentar um bar de rock em Lajeado veio uma motivação para a solidariedade. Um grupo resolveu ocupar seu tempo livre para, além de apreciar o estilo musical, demonstrar uma outra vertente da atitude rock and roll. No dia 18, ocorreu a entrega dos presentes arrecadados pelo Clube do Rock do Vale do Taquari, em parceria com a Rádio Univates, no abrigo Trezentos de Gideon, de Lajeado, e no Projeto Saber Viver, de Cruzeiro do Sul. A prioridade é por entidades realmente carentes, diz César Bittencourt, que cuida do marketing do Clube. A escolha dos locais depende da quantidade de brinquedos arrecadados. Quanto mais doações, mais lugares contemplados. No caso do abrigo, já conhecem a rotina das crianças e sabem o quanto valorizarão os presentes. O Clube sempre vai prezar por isso, conta. A mobilização para arrecadar artigos infantis veio da necessidade de realizar uma filantropia de

“Estamos juntos nessa e o rock é o que nos une.”

Planos e união As ações do Clube ocorrem desde julho, em algumas datas comemorativas. Entre os planos, está um projeto para atender asilos. A repercussão positiva dá o gás que

os integrantes precisam para dar início a outras atividades, diz. A ambição do grupo é atingir todo o Vale do Taquari. E esperam que os roqueiros de outros municípios também se juntem ao clube, não só na questão da solidariedade, mas também no desenvolvimento da cultura.

Presenteando alguém que nunca ganhou nada

O Clube do Rock quer proporcionar mais momentos de solidariedade

efeito rápido: doa-se um brinquedo e recebe-se um sorriso. O grupo é pequeno e não tem verba para realizar ações maiores. Pelo projeto ter iniciado neste ano, se optou pelo mais singelo. Mesmo em número pequeno, cada integrante se compromete verdadeiramente com as ações, diz.

Os integrantes do grupo buscam desmistificar a ideia de que o rock esquece das atividades sociais. O estilo não é o mais importante nesses casos e sim a atitude, considera Bittencourt. Os participantes tem as mais variadas ocupações: administradores, advogados, profissionais liberais, jornalistas e outros.

Os participantes do Clube ficam satisfeitos ao perceberem o comprometimento das pessoas que doam os brinquedos. Muitos deles, mesmo tendo filhos em casa com brinquedos usados, preferem comprar novos. Isso mostra a dedicação, diz Monique Mendes, assessora de imprensa do Clube. Antes da entrega, os integrantes embalam todos os presentes que estavam sem papel de presente e checam os que já vieram embalados. Tiago José Kuhn, mais conhecido como TJ, é o promotor de eventos do Clube. Antes do projeto, não tinha o hábito de realizar ações de solidariedade. O sentimento é ímpar. “Me sinto gratificado.” Nessa época do ano, tudo se volta ao consumismo, avalia Monique. A maioria das pessoas ao seu redor tem condições de comprar presentes, mas voltam sua preocupação àqueles que não podem e nem ganham nada, finaliza. Todos os fins de ano, Monique faz um balanço de tudo que conquistou. E aquelas pessoas que não têm nem oportunidade, questiona.


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ESPECIAL DE NATAL

Reportagem: Laura Mallmann

Um sorisso vale por mil palavras Voluntariado move a vida de França LAURA MALLMANN

Faz 13 anos que França doa seu tempo para visitar escolas e entidades

Lajeado

O

espírito natalino e a crença religiosa motivam Ilceu Inácio Dresch, 71, o “França”, a se caracterizar de Papai Noel. Neste ano, completa 13 anos de fantasia e pretende continuar o trabalho voluntário até quando a idade permitir. A ideia de se vestir como Papai Noel surgiu por meio de um convite que recebeu da Escola Municipal de Educação Infantil Fazendo Arte, do bairro Florestal, onde a neta, Maria Eduarda, estudava em 2002. Na ocasião, pegou a fantasia emprestada, usou máscara e animou os alunos durante a entrega dos presentes. Conta que no início as crianças se assustavam. E, esperando o convite para o ano seguinte, Dresch deixou a barba crescer para o personagem parecer mais real. A atividade encantou as crianças e o próprio Papai Noel, que ganhou a companhia da neta como ajudante.

Após as primeiras experiências na escola infantil, percebeu que poderia continuar com o trabalho beneficente. Em 2003, além da visita à escola, Dresch e Maria Eduarda visitaram os doentes do Hospital Bruno Born (HBB). A partir daí, parceiros começaram a convidar para mais trabalhos voluntários em entidades assistenciais.

Preparação A cada ano que passava, França se sentia mais realizado com o trabalho voluntário e, hoje, acredita que continuará por mais tempo. Desde 2002 até 2011 deixou a barba crescer e só a aparava. Em 2012, raspou toda barba pela primeira vez. “Incomoda um pouco, mas o trabalho compensa.” A preparação para este Natal iniciou em maio. Conta que esse trabalho proporciona momentos únicos, que influenciam os sentimentos e a

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na formação das crianças. Em um evento na Slan, uma criança acariciou a barba de Dresch e perguntou se ele era de verdade. “Essas situações me emocionam.” As histórias que coleciona compensam. Segundo ele, a felicidade proporcionada pela figura do Papai Noel faz o esforço valer. Em um evento em Gramado, duas meninas lhe pediram presentes. E Dresch, para garantir a felicidade delas, pediu aos pais que as presenteassem. Solicitou também, que as meninas escrevesse uma carta fazendo o pedido. No outro dia de manhã, entre 60 papais noéis, as meninas procuraram Dresch e lhe entregaram a carta. A surpresa é que as meninas moravam no interior da Bahia. Como deixaram seu endereço, Dresch mandou um cartão de Natal, pedindo se tinham recebido os presentes. “É isso que me traz felicidade”, completa. Dresch relata situações e brincadeiras que são dirigidas a ele no cotidiano. Lembra de uma situação, quando estava em um ponto de ônibus, uma mulher ficou o

Eventos

França e a Neta, Maria Eduarda, visitam lares de idosos. Para ele, ver um sorriso recompensa todo trabalho

observando. Para descontrair, perguntou a ela. “Me achou parecido com alguém?”. Ela espantada, ficou sem resposta. E Dresch confirmou. “Eu sou o Papai Noel”, ri. O sentimento de alegria é o retorno que recebe quando alguém sorri ao ver o Papai Noel. Ele diz que nunca quis cobrar pelo trabalho, pois, para ele, não existe

preço para a felicidade de alguém. Acredita que o trabalho beneficente se mantém pelo seu espírito de criança. Na sua época, o momento mais esperado do ano era o Natal, que simboliza o nascimento de Jesus. O Papai Noel sempre foi a marca registrada para essa data, considera. Para ele, quando as crianças acredi-

tam na figura do bom velhinho, faz com que a crença religiosa permaneça com elas. Por onde passa coleciona presentes e cartas. Guarda todas que recebe. Na última escola que visitou, ganhou guirlandas e enfeites de jardim, todos feitos por alunos. “Não tem valor que pague esse momento.”

Nos eventos onde passa, gosta do contato com as crianças. Já tem um roteiro: quando as crianças solicitam os presentes, pergunta aos pais se pode prometer que o Papai Noel trará o presente sem decepcionar a criança. Participa da Aldeia do Papai Noel, em Gramado. Um parque, que cria um ambiente natalino conta com a participação de papais noéis de todo o Estado. A primeira participação de Dresch ocorreu em 2012, desde lá, é convidado todos os anos. Passa por entidades assistenciais. Participa da programação natalina no Lar de Idosos Vovolar, onde ocorre missa, apresentação de músicas e entrega de presentes. Na Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan) também entrega presentes. Visita Lar de Idosos em Cruzeiro do Sul, além de visitas aleatórias em casas no interior.


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Reportagem: Tammy Moraes

Ceia natalina completa celebrações A hora do jantar marca o momento mais esperado do Natal: a confraternização, costume que vem dos europeus. Família e amigos fazem parte do momento Vale do Taquari

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ceia natalina está ligada à última refeição de Jesus ao lado de seus discípulos. Com o tempo, cada lugar do mundo acrescentou uma variedade que faça parte da cultura local ao cardápio. A adição do peru no jantar começou nos Estados Unidos, e se espalhou para o Brasil. Apesar disto, em meio à variedade de opções, há quem prefira fugir do tradicionalismo. No começo do mês, a Univates realizou o curso de Ceia Natalina – Peixes. Foi ministrado pela docente Ardhemia Thomas, formada pela Escola Italiana de Gastronomia Icif. Na programação da noite, foram desenvolvidos

pratos que podem ser servidos tanto na ceia natalina como na de Ano- -Novo. De entrada, foi elaborada uma redução de frutas vermelhas, a qual deve ser servida em taça com espumante. Ela deixa a bebida saborizada e com aparência degradê. Na sequência, foi preparado um salmão marinado com ervas frescas e vinho branco, depois gratinado com base de legumes. Estes devem ser cortados a julienne e branqueados para, em seguida, montar o prato. Depois, foi a vez do camarão, levado ao fogo em uma frigideira com azeite e manteiga. Deve-se tomar cuidado para

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prepará-lo em fogo alto, e não ultrapassar em três minutos o tempo de cozimento. Tudo para manter a maciez e sabor. Como acompanhamento, um molho picante foi o escolhido. O bolinho de bacalhau pode ser servido como aperitivo. Como guarnição, o arroz negro (selvagem) lembra a cozinha contemporânea. A salada de folhas e frutas tropicais leva molho refrescante de abacate. Como sobremesa, um zambaione gratinado de espumante brut com frutas frescas. Os alunos participantes do cursos de Ceia Natalina do ano anterior contaram as experiências que fizeram em casa utilizando o aprendizado. Os curso busca proporcionar aos alunos o aprendizado de técnicas de preparo, para desenvolver melhor e com mais sabor os pratos feitos em casa.

Sem deixar a dieta de lado Evitar excessos durante as festas de fim de ano parece tarefa impossível por conta da variedade de comidas e bebidas à disposição. Mas, seguindo dicas simples, pode-se começar uma mudança de hábitos. O nutricionista Bruno Machado diz que preparar-se antes é uma boa saída. Para quem pratica atividade física, o ideal é manter o ritmo

de exercícios ainda mais intenso uma semana antes do início das comemorações. Para quem é sedentário, essa pode ser a oportunidades de iniciar a prática de atividades. Esqueça o jejum. Antes da festa, o ideal é comer um lanche natural com frutas, sucos ou biscoitos integrais. É preciso evitar que se chegue à ceia com muita fome e exagere na alimentação na noite. Antes de 30 minutos da ceia, comer um prato de salada, com variedade de vegetais crus e cozidos, ajuda a se manter saciado e ter controle na hora de montar o prato principal. Evite saladas muito elaboradas, com molhos ou queijos, pois apresentam grande quantidade calórica e não favorecem o controle de excessos. Antes de montar o prato, observe as opções disponíveis para fazer escolhas corretas, optando por alimentos mais saudáveis. Evite pegar um pouco de tudo. Sua grande aliada nestes dias é a água. Sempre ter um copo em mãos evita ceder às tentações e o exagero no consumo de bebidas alcoólicas. Para quem não dispensa o álcool durante as festas, o importante é intercalar com água e limitar o consumo a uma taça de champanhe ou uma garrafa de cerveja. Lembre-se que as bebidas alcoólicas têm grande FOTOS TAMMY MORAES

A docente Ardhemia Thomas ministrou o curso de Ceia Natalina


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quantidade de calorias. Tirar o foco das comidas e bebidas, interagindo com os outros convidados, ajuda a distrair. Se, mesmo assim, o saldo for negativo ao fim da noite, não se desespere ou tente compensar os excessos com dietas restriti-

vas. O recomendado é voltar à rotina normalmente, seguindo a dieta de antes da festa, somada a atividades físicas. Lembre-se de sempre se hidratar, afinal, a água é o elemento mais forte para limpar o organismo.

Receitas Salmão gratinado com legumes Ingredientes – 1,5 g de filé de salmão – 2 cenouras – 2 talos de aipo – 2 abobrinhas zuchini – 20 g de tomilho fresco – 20 g de alecrim fresco – 10 g de gergelim – 100 ml de vinho branco – Sal e pimenta a gosto Preparo Temperar o salmão com sal e pimenta, acrescentar o tomilho e alecrim. Deixar marinar por duas horas na geladeira. Cortar os legumes a julienne e branquear. Forrar o fundo de uma forma com os legumes. Reservar. Tirar o salmão da geladeira e acrescentar o vinho branco. Colocar o mesmo sobre os legumes e acrescentar o gergelim. Levar para assar em forno 200 Co pré-aquecido por 20 minutos com o dourador ligado. Servir quente. Zambaione gratinado com frutas Porção: 10 pessoas Cozinha: italiana Categoria: sobremesa Período: o ano todo Tempo de preparo: 60 minutos Ingredientes – 100 g de açúcar de confeiteiro – 200 g de gemas (10 unidades) – 100 ml de espumante – 400 g de abacaxi em calda – 600 g de morangos – 400 g de maçã Preparo Colocar as gemas, o açúcar e o espumante em uma tigela. Levar ao fogo em banho-maria sem parar de mexer até formar um creme. Picar as frutas e colocar em pratos refratários e cobrir com o zambaione. Levar ao forno em 250 Co para gratinar. Servir quente.

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Uma forma de agrado Presentear familiares e amigos representa um modo de gratidão Vale do Taquari

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tradição de se presentear no Natal surgiu no nascimento de Jesus, quando os três reis magos levaram presentes após o nascimento. Além dessa história, conta-se também que o bispo São Nicolau, que viveu no século IV, presenteava crianças carentes e jogava sacos de moedas pelas chaminés das casas. Com o tempo, o hábito se difundiu pelo mundo. Mas com o consumismo da vida moderna, em meio à diversidade de itens e gostos, o

que se sobressai é o esforço para achar o presente perfeito. Presentear é tarefa árdua. Brincadeiras características da época, como o amigo oculto, servem como integração, mas podem mostrar que apesar de se conviver junto durante a semana, sabe-se pouco sobre o colega de trabalho e amigo. Nessas horas, as listas de presentes salvam. Além de dar algo que realmente é desejado, também se aprende mais sobre os gostos daqueles que estão ao redor. Se ainda não escolheu ou deixou para última hora, ainda dá tempo. Confira as dicas.

Vale-presente em Va di dinheiro, da Clínica Sant Santuário do Corpo

Vale-presente em procedimento, da Clínica po Santuário do Corpo

Comedouro de Co Cerâmica, R$ 58,99, Ce do Atacado Avenida


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Fotos e reportagem: Tammy Moraes

Pote de CafĂŠ com Po Ta Tampa, R$ 49,99, do Atacado Avenida

Caneca Decorada de Natal, R$ 13,75, do a Atacado Avenida

Ca CaminhĂŁo Robust Ba Basculante, R$ 27,50, da Arla

Boneca Thaily, R$ 99,50, da Arla

Re Regata Donna Pimentha, R$ 29,90, da Ousadia

Vestido Florido, R$ 129,90, da Ousadia

Ca Camiseta da MC Happy, R$ 179, da Camisaria do Ho Homem

Be Bermuda Jeans Docthos, R$ 149, da Camisaria do Homem

Chinelo Masc Pipper, R$ 189, da Camisaria do Homem

Organizador de Fotos, R$ 65,99, do Atacado Avenida 65


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