A explosão do EaD

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Entrevista Presidente da Rhodia revela como a empresa driblou a crise mundial

Aprendiz Legal Cresce o número de jovens em capacitação e a adesão de empresas


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EaD VEIO PARA FICAR Modalidade de ensino ganha cada vez mais adeptos no país, e democratiza acesso ao ensino superior. Se existe uma novidade na área do ensino nos últimos anos, sem dúvida ela passa pela educação a distância. Impulsionada pela internet, a nova modalidade vem caindo no gosto popular e cresce em ritmo acelerado no Brasil, que já somava 2,64 milhões de alunos em 2008. Desses, 1,07 milhão estava matriculado em cursos autorizados pelo Ministério da Educação (MEC); 1,07 milhão em cursos livres; e 498 mil em iniciativas corporativas, segundo o último levantamento do Censo EaD.br, divulgado em setembro de 2009. A graduação participava do total com 761 mil alunos, ante 369 mil no ano anterior – um aumento 20

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de mais de 100% – e há estimativas bem fundamentadas de que as matrículas já tenham ultrapassado um milhão neste início de 2010. A tendência de crescimento também é verificada no programa de educação a distância do CIEE, voltado à preparação para a delicada fase de ingresso no mercado de trabalho. Em novembro de 2009, a procura pelos 28 cursos da grade, ofertados gratuitamente aos estudantes cadastrados no portal www.ciee.org.br, ultrapassou a marca histórica de um milhão de matrículas. A facilidade de acesso, os preços mais em conta em relação aos cursos presenciais e, principalmente, a flexibili-

dade de horário são os pontos positivos mais citados pelos estudantes. “Se não fosse a educação a distância, dificilmente conseguiria fazer um curso de graduação”, afirma Márcia de Fátima dos Santos Dias, estudante do curso de EaD em Pedagogia, da Faculdade COC, de Ribeirão Preto/SP. Moradora de Osasco, na Grande São Paulo, e mãe de duas crianças, ela resolveu apostar nas aulas pela internet para complementar o curso de magistério que fez no ensino médio e se capacitar para dar aulas de educação infantil. “O fato de poder organizar o próprio tempo para assistir às aulas é um chamariz impor-


cia assustou-se com o volume de material para ler e aulas para acompanhar. “Achei que fosse mais fácil, porém o curso exige muita dedicação e disciplina”, ressalta. Apesar da praticidade, a futura pedagoga sabe que não pode se acomodar. Perfil diferenciado. Os alunos de EaD precisam ser muito bem organizados para criar um sistema de estudos com responsabilidade em relação ao aprendizado. O esforço e a disciplina devem nortear as ações para o aluno atingir resultados satisfatórios. “Apesar de oferecer maior flexibilidade do que um curso presencial, a EaD exige esforço extra do estudante, por ter de ser ele o próprio regente do estudo”, diz Carlos Alberto Chiarelli, ex-ministro da Educação e atual presidente da Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância (Aced). “Acima de tudo, para se dar bem, o aluno precisa querer aprender.” O perfil do estudante dos cursos a

distância é bem diferente daquele do jovem que frequenta aulas presenciais. Com 80% concentrados na região Sudeste, os alunos de EaD estão, em sua maioria, na faixa dos 30 aos 34 anos, enquanto nos cursos presenciais ficam entre 19 e 24 anos; 46% ganham até três salários mínimos, índice que cai para 26% no ensino presencial. O censo EaD.br mostra ainda que 37% fazem pós-graduação, 26,5% estão na graduação e 34,6% em cursos tecnológicos ou de complementação pedagógica. No Sudeste, 80% frequentam escolas particulares. Já no Norte e Nordeste, ocorre o contrário: 80% dos alunos pertencem a instituições públicas. Aluna de EaD de Pedagogia e Ciências Sociais, Maria da Conceição Longuinhos Vallagão é carioca, mora em Aracaju/SE e estuda na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), sediada em Canoas/RS. Mãe de dois filhos, está aprovando as aulas: “é como se eu tivesse a faculdade dentro de casa”. Segundo ela, sem a EaD seria impossível conciliar os trabalhos de mãe, dona de casa e ainda

tante”, diz. Segundo Márcia, se tivesse de seguir um curso presencial, a criação dos filhos ficaria comprometida. Mas quem pensa ser mais fácil chegar à graduação a distância pela ausência da cobrança direta do professor, engana-se redondamente. No início do curso, Már-

neCessidade márcia: sem ead não faria faculdade. jan/fev 2010

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capa na mOsCa renata: “Fui buscar um curso forte no mercado, e não me arrependo.”

atualizados do que o professor, principalmente pelo uso da tecnologia”, afirma. Segundo ele, a EaD abre espaço para a construção de novas práticas e altera o paradigma que ainda conduz a formação acadêmica. Ela inclui uma diversidade de possibilidades de usos criativos das tecnologias, viabilizando novas formas de contato com as mais variadas fontes do conhecimento e a interação entre os usuários. “Isso pode qualificar a relação de aprendizagem sem se desfazer das metodologias que o sistema presencial de ensino já consolidou.” fazer os dois cursos de graduação. No entanto, dedicação não lhe falta. “Tudo para poder realizar o sonho de trabalhar com crianças.” A mobilidade da EaD em um paíscontinente como o Brasil chama atenção nos dados do censo: 42% dos alunos matriculados estão em outro estado que não o da faculdade. Levando-se em conta apenas as graduações – setor em que mais cresceu a procura e oferta – as áreas com maior número de cursos são de Educação e Pedagogia (552), Administração, Recursos Humanos e Gestão (345), Computação e Tecnologia (118) e Direito (105). Em 2008, foram lançados 269 novos cursos de EaD, 90% a mais do que o verificado um ano antes. Para Eduardo Sakemi, superintendente de Tecnologia de Informação e da Educação do CIEE, a EaD tem a vantagem de trabalhar com custos mais reduzidos, o que favorece o surgimento de cursos novos a cada ano. “É o uso da tecnologia da informação facilitando e levando conhecimento às pessoas”, diz. Já o diretor-adjunto de Educação a Distância do Grupo Anhanguera Educacional, Lucia22

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no Sathler, acredita que os custos podem ser uma barreira para o crescimento da EaD, se os investimentos não forem feitos com responsabilidade e critério. “É preciso ter cuidado com os profissionais de TI, pois sempre querem o mais atual, o mais seguro e o mais controlável, ou seja, geralmente o mais caro”, brinca. Para Sathler, a escola no Brasil passa por um momento de crise e a EaD pode ser um caminho para a recuperação. “Hoje é muito comum os alunos estarem mais

Carlos Chiarelli: esforço extra do estudante de ead.

Resistência e preconceito. No entanto, essa mudança de paradigma, que traz um novo papel tanto para o aluno como para o professor, ainda sofre resistências. O preconceito contra o diploma de cursos de educação a distância, embora tenha diminuído nos últimos anos, ainda existe. “Quem discrimina é quem não conhece”, enfatiza Ricardo Holz, presidente da Associação Brasileira dos Estudantes de EaD (ABE-EaD). O questionamento sobre a qualidade dos cursos de EaD sempre

Luciano sathler: alunos estão mais atualizados.


Frederic Litto: 30 mil profissionais em ead.

aumEnto EXprEssivo, mas nÃo dEsEnfrEado Secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação, Carlos Eduardo Bielschowsky acredita que ainda há espaço para cursos de EaD no país. E para garantir a qualidade das ofertas, o MEC está redesenhando a regulação e a supervisão dos cursos e universidades.

ZENiTE MACHADO

está na pauta de quem rejeita a nova modalidade. Porém, um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep) com base no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), mostrou que alunos de EaD tiram as mesmas notas emplacadas por seus colegas das aulas presenciais. O estudo analisou jovens formados com características semelhantes – idade, renda, estado civil, se trabalha ou não – para que as variáveis não atrapalhassem a comparação entre os dois tipos de alunos. Utilizando as notas do Enade de 2005, 2006 e 2007, os pesquisadores analisaram quatro cursos a distância: Administração, Pedagogia, Matemática e Serviço Social. Na comparação dos dois grupos isolados, a diferença entre os estudantes de mesmo perfil foi de 0,23 a favor dos presenciais, um índice que estatisticamente é considerado igual a zero. Já no quesito notas médias, considerando todos os alunos dos dois grupos, os do ensino a distância ficaram à frente, por 6,7 pontos. Um relatório do Departamento de Educação dos Estados Unidos, do ano passado, também mostrou que os alunos de EaD se saem melhor que os demais ou se igualam a eles, porque de-

rem uma metodologia na qual eles têm mais autonomia. Eles ficam menos tempo assistindo a uma aula, e mais tempo discutindo e construindo seu conhecimento.

Agitação – A qualidade dos cursos ainda é uma preocupação do MEC? Bielschowsky – Estamos redesenhando toda Carlos Bielschowsky: autonomia. Agitação – Quais os cuia regulação e supervisão dados que o aluno deve ter na escolha de para alcançar um patamar de qualidaum curso de EAD? de dentro de critérios que aprendemos Bielschowsky – Recomendo aos estumais recentemente: atuar no setor públidantes, ao procurar uma instituição de co financiando, incentivando para que EAD, que observem a qualidade da enele cresça, e atuar tanto no setor público tidade como um todo. Sempre uma boa quanto no privado, exigindo qualidade, instituição tende a oferecer um curso elevando a EaD a um patamar de quapresencial ou a distância de boa qualidalidade para que ela cresça e se estabeleça de. O segundo ponto é buscar na página definitivamente. do MEC (siead.mec.gov.br) se a instituição e o polo de apoio presencial está Agitação – Como diminuir o preconceito credenciado. Recomendo também que em relação ao ensino a distância? visitem o polo, porque, para o curso de Bielschowsky – Acreditamos que o pregraduação, o estudante vai obrigatoriaconceito está diretamente ligado ao desmente estar vinculado ao polo, onde conhecimento e temos ótimos exemplos deverá contar com toda infra-estrutura de universidades no país com cursos de – com computadores, biblioteca e laboqualidade. Além disso, 2009 foi excepratórios. cional para a EaD, com grandes avanços quantitativos e qualitativos. ConseguiAgitação – Cerca de 80% dos alunos de mos um aumento expressivo da oferta EAD estão na região Sudeste. Como fade cursos, mas o aumento expressivo zer para universalizar a modalidade pelo não foi desenfreado. Segundo os resultapaís? dos do Enade, das 13 áreas em que se poBielschowsky – No início, as pessoas dem comparar estudantes da educação procuraram a EaD porque não tinham presencial com aqueles a distância, oboutra opção. Estavam no interior e não servamos que em sete – administração, tinham uma universidade de qualidade biologia, ciências sociais, física, mateonde moravam ou trabalhavam, e não mática, pedagogia e turismo – os alunos conseguiam frequentar a universidade. de EaD foram melhores. Ou seja, não Agora, cada vez mais, cresce o número houve nenhuma diferença significativa de pessoas que optam porque gostam entre a formação de alunos do ensino da do método. De alguma maneira, prefeeducação a distância para os presenciais. jan/fev 2010

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maria de Campos maia: liderança brasileira em mídias digitais.

dicam mais tempo às atividades online do que às tarefas presenciais. Para o ex-ministro Chiarelli, esses dados, além das boas colocações de estudantes de EaD no rigoroso exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), demonstram que existem instituições sérias e comprometidas com a educação. “É uma ideia errônea, tanto cultural como histórica, que o ensino deve ser exclusivamente presencial, pois a primeira professora sempre foi a mãe; o ensino começa em casa.” Segundo ele, o avanço da tecnologia gera essa sensação de insegurança nas pessoas que não conhecem a estrutura nem a dinâmica dos cursos a distância. “Toda mudança é recebida com temor, mas a educação a distância será essencial no futuro.” Um futuro que talvez não esteja tão distante como possa parecer, levandose em conta a curta história da internet e seu espantoso sucesso no Brasil. Em fevereiro de 1995 – há 15 anos, portanto –, a Embratel selecionava 250 usuários para participar do projeto piloto do primeiro provedor comercial de acesso do país, iniciando o processo de democratização que transformaria os brasileiros nos campeões mundiais tanto de navegação em páginas quanto de tempo de permanência. Hoje, o ins24

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airton Camargo, da CVC: foco nos negócios e aprendizagem contínua.

tituto de pesquisas Ibope Nielsen Online calcula que, considerando todos os ambientes (casa, trabalho, escola, lanhouses, telecentros), perto de 65 milhões de brasileiros podem se conectar à rede mundial, e desses, mais de 42 milhões têm computador em casa e o encaram cada vez mais como um facilitador da vida moderna. Portanto, não é preciso grandes rasgos de imaginação para vislumbrar as perspectivas da fun-

ricardo Holz, da aBe-ead: “quem discrimina não conhece a ead.”

ção “escola” do computador. Reprovação em massa. A baixa qualidade de ensino não é um problema exclusivo dos cursos de EaD. É uma realidade vivida também no ensino presencial brasileiro. Recentemente, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP) reprovou 56% dos alunos de sexto ano de universidades paulistas. O exame é voluntário e não impede o exer-

Ferramenta de dimensão nacional O 7º Dia Nacional de Educação a Distância foi comemorado em 27 de novembro no Teatro CIEE, em São Paulo, durante o 4º Encontro CIEEABED de EaD, que teve como tema central a Educação a distância no universo corporativo. Especialistas de várias áreas de atuação no segmento de EaD compareceram ao seminário, aberto por Eduardo Sakemi, superintendente de Tecnologia da Informação e da Educação do CIEE, e por Frederic Litto, presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Litto apresentou a expansão do setor, que teve

um crescimento em torno de 1.000% em matrículas nos últimos seis anos. “Hoje, 30 mil profissionais trabalham com educação a distância no Brasil”, disse. Acrescentou que, para qualificar os profissionais, a Abed criou uma certificação de competências, que será uma espécie de título de especialista concedido aos profissionais que passarem por uma prova teórica e prática. “Assim, estaremos contribuindo para aprimorar a qualidade dos serviços.” Ao receber o prêmio Abed-Senai de Jornalismo para EaD – por uma série de reportagens que foram ao ar no Jornal Nacional, da TV Globo –, o re-


cício da medicina, mas mostra um dado preocupante. Essa tendência também é verificada em outros cursos, como o de direito, no qual o exame da OAB-SP reprovou quase 90% dos candidatos na primeira fase, em maio de 2009. O presidente da ABE-EaD admite que algumas instituições que oferecem cursos a distância estão com problemas. “O papel da nossa instituição é identificar os problemas e ajudar essas instituições”, diz Holtz. No entanto, ele reclama da postura muitas vezes autoritária do governo. “O MEC fechou o curso da Unitins (Fundação Universidade de Tocantins), deixando 60 mil alunos a ver navios, de forma rápida, sem dar um tempo para que a instituição pudesse implementar melhorias. Não vemos isso acontecer no ensino presencial.” De acordo com Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de Educação a Distância do MEC, a EaD cresceu muito rápido e necessitou de um processo de supervi-

são. “Estamos fazendo a supervisão em todas as universidades; atualmente em 23 universidades que representam quase 85% de todos os alunos, olhando os polos, o material didático, estudando profundamente cada instituição”, diz. Segundo o secretário, as universidades estão se adaptando e investindo pesadamente. “Acredito que no fim desse processo, teremos uma boa oferta, para que o aluno receba seu diploma e possa exercer sua profissão com dignidade e qualidade.” Para ajudar na busca pela melhor qualidade de ensino dos cursos, a ABE-EaD fez uma pesquisa com cerca de 15 mil estudantes de EaD, que responderam a um questionário com quarenta perguntas técnicas, para avaliar a qualidade das aulas, do tutor, do atendimento via telefone, via e-mail e sobre o curso em si. Das respostas, surgiu um ranking das melhores instituições de EaD, segundo a ABE-EaD. A primeira colocada foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV), seguida pela Faculdade da Associação Inter-

nacional da Educação Continuada (Aiec), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), PUC-MG e Uninter/PR. A Unitins ficou na última colocação, no ranking que listou 56 instituições. A engenheira agrônoma Renata Rodrigues Vidal experimentou o curso de extensão de EaD em Gestão Ambiental da FGV-RJ. Foram dois meses de atividades online com muitas leituras, resenhas e trabalhos pela internet. “Fui buscar a especialização em uma instituição forte no mercado e não me arrependo”, afirma. Segundo ela, o curso despertou o interesse sobre o assunto e abriu as portas para buscar consolidar-se na área.

pórter Alan Severiano confessou: “Por meio dessas matérias percebi a dimensão da EaD e o que ela pode fazer pelo Brasil, tornando-se essencial para democratizar nosso ensino”. Zélia Ribas Varajão Teixeira Soares, gerente educacional do CIEE, liderou um painel sobre culturas digitais e o avanço de EaD nas empresas. “O que me espanta é que em 2009 ainda estamos falando em restrições”, ressaltou, referindo-se a possí-

veis discriminações que estudantes de EaD sofrem em algumas empresas. Maria de Campos Maia, professora da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e da FGV, trouxe um panorama sobre o mundo digital no Brasil. Segundo ela, o país é o líder em mídias digitais no mundo, além de ser o campeão mundial de tempo de navegação, com média de 22 horas e 47minutos por mês, e um dos países onde há mais lançamentos de cursos em âmbito corporativo – foram dois mil no ano passado, com o objetivo de melhorar o projeto de ensino e aprendizagem e manter o aprendizado ativo. Supervisora de EaD do CIEE, Rosa Maria Simone destacou a importância da nova modalidade frente às necessidades do mercado atual. “A EaD tem crescido

no mundo corporativo para aprimorar as competências dos seus colaboradores, deixando-os atualizados e mais preparados para as exigências do mercado.” Quem não se atualizar, não terá condições de acompanhar a velocidade das mudanças exigidas no mundo corporativo. Na CVC, empresa brasileira líder no mercado de viagens e turismo, a Universidade CVC surgiu para atender a área comercial da empresa, capacitando os funcionários espalhados pelo país. “Fazemos uma aprendizagem contínua com autodesenvolvimento e foco nos negócios”, revela Airton Camargo, gerente de Recursos Humanos. jan/fev 2010

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CIEE atinge um milhão de matrículas na EaD, em quatro anos. “No meu estágio, estava com problemas de relacionamento. Entrei no site do CIEE e fiz o curso de Relacionamento interpessoal, que melhorou minha relação com as pessoas no ambiente da empresa; depois, para participar de uma dinâmica e concorrer a um emprego, recorri aos módulos Dinâmicas e testes e Entrevista: como encará-la. Fui selecionada e hoje trabalho na recepção de uma faculdade, e sou muito grata ao CIEE por oferecer esses cursos tão importantes para mim e para todos que constantemente buscam o aprimoramento.” Esse é o relato de Sara Sindy, de Natal/RN, uma das alunas do programa de Educação a Distância do CIEE, que em novembro ultrapassou a marca de um milhão de matrículas, auxiliando estudantes em busca de qualificação para o mercado de trabalho. Criado em 2005, o programa veio ampliar o alcance dos cursos gratuitos presenciais desenvolvidos pelo CIEE,

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estendendo a estudantes do país inteiro o acesso à sua expertise de 46 anos no delicado processo de inserção do jovem no mundo do trabalho. Os resultados demonstram que a iniciativa alcançou o sucesso desejado, na opinião dos maiores interessados, que são os alunos. Para 72% dos 5.405 estudantes que responderam a uma enquete postada no portal do CIEE no início de 2009, os cursos contribuíram para a aprovação nos processos seletivos a estágio. André Bastos Rios de Melo, 19 anos, credita grande parte do seu direcionamento profissional ao EaD do CIEE. Ele conseguiu um estágio no Banco do

Temas valorizados. A cada ano, novos cursos são lançados atendendo à demanda de mercado, bem como o número de usuários. Em 2009, quatro novos temas enriqueceram a grade, elevando para 28 o leque de opções oferecidas aos estudantes interessados em estágio ou no programa Aprendiz Legal: Métodos e técnicas de pesquisa, Apresentações em PowerPoint, Novo acordo ortográfico: o que mudou, e Programa Estagiário CIEE – este último destinado exclusivamente

BOns resuLtadOs andré Bastos, conquista de estágio após cursos de educação a distância.

RENATO FERNANDES ALvES

sucesso comprovado

Brasil, depois de ter complementado seus conhecimentos com os cursos a distância Fundamentos de rede e Flash. Na época, era estudante do curso técnico de Administração de redes. “Sempre gostei da área de TI, mas depois do EaD fiquei ainda mais interessado”, diz o jovem, que hoje já está no curso superior de Análise de Sistemas e trabalha numa empresa de software em Brasília/DF.


aos estudantes que assinaram pela primeira vez um contrato de estágio por intermédio do CIEE. O número de matrículas nos cursos cresceu 8% em 2009. Os cursos abordam temas valorizados pelas empresas na linha comportamental, técnica e conceitual. O mais procurado é o Microsoft Excel com 68.677 matrículas desde o seu lançamento em setembro de 2006, seguido por Atualização gramatical, com 68.006 matrículas. Para obter os certificado nesse curso específico, o aluno deverá passar pela prova final, cujo resultado contará pontos no seu currículo como candidato a estágio por intermédio do CIEE. Caso não obtenha aprovação, terá uma segunda chance de avaliação. Nos demais, os alunos são submetidos a desafios para checar a assimilação do conteúdo e só avançam para as etapas seguintes depois de acertar os testes. Os bastidores. Para oferecer mais esse serviço gratuito aos estudantes, o CIEE conta com uma equipe de 16 profissionais vinculados à Gerência Educacional, que é subordinada à Superintendência de Tecnologia e Educação. São especialistas em educação a distância – pedagogos, psicólogos, web designers e estagiários. Eles são responsáveis pelo desenvolvimento do conteúdo, design e tutoria. “Para manter a atualidade dos temas e o padrão de qualidade, a equipe está sempre em contato com instituições de ensino, empresas e os próprios estudantes, visando criar e desenvolver módulos que atendam às reais necessidades de mercado”, destaca o superintendente Eduardo Sakemi. “Há todo um cuidado especial para que esses conteúdos sejam transmitidos com clareza e objetividade, por isso a linguagem utilizada é a mais próxima possível da realidade do estudante”, acrescenta Rosa Maria Simone, supervisora do Programa EaD do CIEE. Ao se conectar ao programa num cam-

dicas para o sucEsso da aprEndizagEm 1 Interagir sempre com o seu tutor e nunca se sentir sozinho; 2 Dar valor ao estudo e às tarefas a serem cumpridas; 3 Manter viva a autoestima e confiar na sua própria capacidade; 4 Definir os melhores locais de estudo e se dedicar em média 30 minutos diários ao curso para melhor assimilação do conteúdo; 5 Sempre será necessário disciplina, capacidade de organização e vontade de aprender, receita básica das pessoas bem sucedidas.

po específico do site www.ciee.org.br, o usuário pode visualizar a relação dos cursos, informações gerais e alguns slides-shows, com demonstração do conteúdo. Além de apostila para download, os alunos contam com monitoria on-line, esclarecimento de dúvidas em salas de bate-papo, chats, FAQs (frequent asked questions ou dúvidas mais frequentes) e a possibilidade de trocar e-mail com seus tutores. Todos os cursos oferecem certificados para os aprovados. “Há várias maneiras de se comunicar para que o estudante

tenha motivação para dar sequência ao curso”, destaca a psicóloga Juliana Braga, uma das tutoras do programa. O EaD tem uma metodologia própria, diferente de estar numa sala de aula presencial, peculiaridades que são apontadas nos manuais fornecidos aos usuários. “Em 1978, a revista inglesa Change publicou uma matéria dizendo que a educação a distância é a única inovação educacional do século e nossos dados comprovam; é a saída”, conclui Zélia Ribas V. T. Soares, gerente educaA cional do CIEE. jan/fev 2010

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