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Energia&Recursos Naturais BlueBio Alliance

Lançamento oficial em Cascais Wave Glider

Recolher informação com energia das ondas O Wave Glider é um equipamento de recolha de informação, movido a energia das ondas, colocado a navegar nas águas da Nazaré em Abril. O objectivo é analisar as informações recolhidas e procurar locais bons para projectos futuros. Vai percorrer o território nacional de Peniche até S. Pedro de Moel. Tem dois metros de comprimento, 60 centímetros de largura, com composição semelhante à das pranchas de surf e pesa 150 quilos. «É realmente muito inovador», comenta Francisco Campuzano, o responsável português do projecto, «pode atingir os três a quatro nós de velocidade». De acordo com o investigador, é capaz de estar um ano sem intervenção, mas só estará na água um mês. Vai ser vigiado pela Capitania do Porto da Nazaré, para evitar colisões com embarcações. Custou até agora cerca de 200 mil euros e a manutenção, enquanto no mar, tem o custo estimado em cerca de 60 mil euros. Tudo financiado com fundos europeus. O robot é controlado remotamente e desloca-se de acordo com a força das ondas, recolhendo dados sobre as mesmas, as correntes, condições climáticas e a presença da fauna local. Está equipado com um hidrofone, câmara, sensores atmosféricos, equipamento de medição das correntes e sensor de agitação. De acordo com Francisco Campuzano, o Wave Glider era para ir inicialmente para a Escócia, mas houve uma insistência para permanecer em Portugal. O projecto é feito em parceria com Espanha, Escócia, França e Reino Unido, enquadrado no Turnkey (Transforming Underutilised Renewable Natural Resource into Key Energy Yelds), focado nas energias marinhas, para assim dar uma resposta sobre a necessidade de tornar as energias das ondas como uma alternativa renovável.

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Numa cerimónia que teve a presença do presidente da Câmara de Cascais e os secretários de Estado da Ciência e do Mar, a rede foi lançada, com cerca de 80 parceiros O próximo passo da Bluebio é, de acordo com Helena Vieira, a selecção dos projectos âncora, conseguir os financiamentos e a internacionalização, com projectos direccionados para o mercado. Em termos de competitividade, os maiores desafios são «escala e cooperação». «Não temos escala para competir e para produzir a um nível competitivo, não temos escala para competir por financiamento, ainda, e ainda é um sector nascente em Portugal», explica. «Portugal tem condições climatéricas especiais que são muito favoráveis para crescer a aquacultura de algas, micro e macroalgas. Pode ser um campeão para a produção de produtos ligados a estes recursos. Já temos empresas que produzem estas algas e também os produtos de valor acrescentado» como bebidas, bolachas, chocolates, gelados, «e empresas que usam macroalgas para pão, sal e cosméticos». Também existem empresas nacionais que usam bactérias, fungos marinhos para produção de compostos para a cosmética e farmacêutica. Outra grande aposta na agenda da Bluebio Alliance são os subprodutos. «Visto que temos em Portugal um processamento de pescado tão grande, gostaríamos de ter alguns exemplos de subprodutos de valor acrescentado» que ainda não temos. A escala é global, por isso o País pode vender para muitos países fechados, ou países como os EUA, África e Europa Central. A Bluebio procura unir as empresas que trabalham com os bio-recursos marinhos, criando massa crítica e emprego, partilhando conhecimentos, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis e contribuir para uma economia azul sustentável em Portugal. A secretária de Estado da Ciência, Leonor

Parreira, afirmou no seu discurso que o investimento público nesta área está a ter um impacto positivo, com 147 projectos apoiados e 20 milhões de euros distribuídos, incluindo em bolsas de doutoramento. A secretária de Estado afirma que a economia azul é uma área desafiante, e que Portugal mostra uma «capacidade acima da média europeia», com um bom uso dos fundos europeus e financiamentos bem negociados. «Há fundos substanciais no sector empresarial» com cerca de 4 mil milhões de euros para o crescimento azul, em áreas relacionadas com a vida marinha, os recursos marinhos e as energias offshore. «É um imperativo moral» concorrer aos fundos, afirma, pois «conseguimos no FP7 42%, e conseguimos mais no 2020!». De acordo com Leonor Parreira, Portugal já excedeu o retorno para a Europa, no dinheiro que recebeu. «Estamos a ir muito bem, não há razão para não conseguirmos». Já o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, disse que está muito animado com o que pode resultar da aliança, sendo uma «cadeia que só pode dar certo», realçando também as oportunidades para os fundos europeus, para assim Portugal enfrentar a concorrência. «É uma marca fundamental, para deixar marca no mar!» O secretário de Estado afirma que outras actividades relacionadas com a economia azul estão na sua agenda, como os cruzeiros científicos e a própria Semana Azul, que vai ocorrer no início de Junho. O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, acredita que os bio-recursos marinhos podem tornar-se dos sectores mais importantes de Portugal e está orgulhoso pelo papel de Cascais na iniciativa.


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