O Arauto 12

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dezembro de 2009 www.arauto.info circulação em Salto e Itu distribuição gratuita O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP

Nº 12

Completamos

Criado com o desafio de informar e propor debates, este jornal completa 12 edições. Leia e participe da festa de aniversário!

Foto/Arte: Murilo Santos

1 ANO

Máscaras caíram!

2009 termina e deixa para trás acontecimentos importantes que marcaram a virada 1969-1970.

Muita arte e energia uniram quem participou ou foi assistir o ‘Talentos CEUNSP 2009’: veja como foi a “festa” no Teatro Escola.

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40 anos de...

Veja no Jornal do Ceunsp:

Fashion Show 2009

TCC de Moda é diferente: formandos apresentaram coleção/criação no salão Palma de Ouro.

Por que o salto alto fascina tanto as mulheres? (e os homens também...)

Solidariedade

Como a alimentação afeta o padrão de beleza.

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A sabedoria de um dos maiores empreendedores da região.

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Triângulo amoroso: pai-filho-cinema

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Motociclistas da região vão arrecadar donativos para promover “Natal de Paz”. Detalhe: Papai Noel vai de moto...

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Olhando por cima

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DA MESA DO REDATOR Finalizando o ano. Nosso primeiro ano... “Professor… nem bem comecei a ler o jornal e já encontrei erros...” Ou então: “Por que tem tanto branco nO Arauto?”. Teve quem não gostou de certa foto... Questionamentos como esses são comuns quando a edição deste periódico chega da gráfica. Normal. E sadio. Crítica (desde que bem feita) ajuda a melhorar o produto. E confessamos: temos de melhorar bastante! Sempre. E por que estamos falando disso e não de nascimento importante, Papai Noel ou reveillon” - como manda o mês. Porque é época de falar de O Arauto. Afinal, doze edições foram concebidas. Ou seja, comemoramos 1 ano do lançamento do jornal. Aí alguém pode perguntar: “Mas se há motivo para comemoração por que começar o editorial falando em erros?” Primeiro, porque, como bons jornalistas, não escondemos a realidade. Também para que ninguém diga que somos soberbos ao afirmar: “Nossa produção é muito útil”. Ajudamos a melhorar o processo de comunicação do CEUNSP. Estabelecemos um elo entre o Centro Universitário e a comunidade. Enriquecemos debates, não apenas no ninho, a FCA, mas em toda a região (este jornal é

distribuído em escolas públicas). Lucram estudantes e professores, que exercitam a prática da comunicação.

Depois de explicado que “só reclamamos do que sentimos” e que “criticamos aquilo que gostamos ou queremos gostar”, vamos aos destaques deste mês. No fim de 2009, devemos lembrar do ano que foi de muitas datas comemorativas. Em edições anteriores, mostramos a importância de Darwin, Carmem Miranda, Woodstock e outras efemérides. Em dezembro, vamos lembrar acontecimentos do mundo artístico, como discos importantes de Elvis, Beatles e Michael Jackson (que perdemos este ano). Também lembraremos uma época difícil da política brasileira, que O Pasquim tentava ironizar. Mais recente, mas também data importante: 20 anos da queda do Muro de Berlim, marco do fim da Guerra Fria.

Mas não é só isso não! Tem salto alto, viagem ao Chile, dicas de empreendedorismo, o padrão de beleza pela (falta de) alimentação, Atlética, a arte de flanar e outros. Feliz Natal! E que o melhor de 2009 seja apenas o pior de 2010. (Pedro Courbassier)

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Salto recebe Festival de Viola Pela segunda vez Salto vai ter o “Festival Paulista de Viola Caipira – Violas e Ponteios”. Uma opção para quem gosta do chamado som de raiz. Será nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, na Praça XV de Novembro (Centro), que receberá um grande palco. Além da atração musical, o local terá tendas para artesãos exporem produtos da luteria, a arte de produção de instrumentos de corda. O evento não vai ocorrer apenas na praça. A Sala Palma de Ouro, no Centro de Educação e Cultura, também abrigará rodas de viola, nas mesmas datas do festival. (Paulo Inácio)

Ops...

(As mancadas da edição anterior.)

- Por erro deste editor, que após a revisão do jornal inseriu material editorial a mais, alguns erros de digitação apareceram: No editorial; na reportagem sobre o encontro de Relações Públicas; da programação da Mostra de Cinema; e na da visita de estudantes de Jornalismo à Folha de SP; em Videogame; e no texto “Bjomeliga” . - A grafia correta do sobrenome da estudante autora do texto “Bjomeliga” é Takeno.

ACONTECE NA FCA

A Faculdade de Comunicação e Artes do CEUNSP mostra todo o repertório de atividades:

Alma Corsária, de 1993, é um dos principais trabalhos de um dos principais diretores brasileiros contemporâneos. No filme, dois amigos de infância lançam um livro de poesia. Enquanto a festa de lançamento rola, a mais variada fauna humana aparece para o evento, incluindo um suicida. Viaduto do Chá e a década de 1950 são mostrados durante a história, levando a um final de expectativa e grandes surpresas. O debate sobre as intenções desse filme foi apenas uma das pautas da palestra dada por Carlos Reichenbach (foto), em visita ao Cineclube da FCA, na noite do dia 17 de novembro.

Angela Trabachini/O Arauto

Mas o diretor gaúcho tem outros filmes, como Dois Córregos, Anjos do Arrabalde e Meninas do ABC. Participou também de trabalhos como ator. Todas essas experiências foram passadas aos alunos, principalmente aos de Cinema. (da Redação)

Carlos Oliveira/O Arauto

Cineclube mostra filme e traz Reichenbach junto a público

Palestra explica arrecadação de direito autoral Promovido pelo estudante Fernando Mauri Branco, do curso de Eventos, a pedido da professora Maria Regina, de Ética e Legislação, representantes do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), estiveram no dia 24 de novembro na FCA, para o evento denominado “Mundo Ético”. O palestrante foi o gerente da filial Campinas, Fausto Remédio (foto).

Após didática apresentação de dados sobre a instituição, bem como de alguns aspectos da Lei do Direito Autoral, Fausto respondeu perguntas do público, principalmente sobre a arrecadação e distribuição de renda advinda da execução pública de músicas. (da Redação)

Blog: arautomania.blogspot.com

expediente

Trabalho da Agência Experimental (AECA) da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Pastrocínio (CEUNSP). Jornalista Responsável: Pedro Courbassier (MTb.: 23.727). Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos. Revisão e normatização da língua: Profª Maria Regina Amélio. Coordenador de Imagens e Fotografia: Carlos Oliveira (Arfoc-SP 23.862). Conselho Editorial: Prof. Amauri Chamorro; Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho. Projeto da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA): Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez. / Coordenador da AECA: Prof. Amauri Chamorro. / Coordenação Empresa O Arauto: Prof. Esp. Pedro Courbassier. Alunos participantes: Amanda Duarte, Ana Paula Oliveira, Daniele Bellani, Francis Cunha, Jean Pluvinage, Jéssica Bonatti, Lígia Martin, Luana Silva, Luiz Pesseudônimo, Marcos Freddi, Mariana Campos, Mariana Sugahara, Melissa Castro, Nelson Lisboa, Pedro Brito, Rosana Beatriz Silva, Thuany Martins, Tiago Rodrigues (pautas e textos); Adriane Souza (coordenação web); Angela Trabachini, Joseane Carvalho e Marcelino Carvalho (fotos).

Tiragem: 20.000 exemplares

Contatos: redator@arauto.info

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Todos os textos são de responsabilidade de seus autores.


DEBATE

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A Herança da Memória Recentemente acabei de ler o livro O Clube do Filme, 2009, do crítico de cinema canadense David Gilmour – o autor é homônimo, mas não é o guitarrista da banda de rock progressivo Pink Floyd. É interessante ver como Gilmour fez concessões, por vezes descabidas, com o intuito de fazer com que seu filho Jesse se encaixasse na sociedade, talvez da maneira mais torta possível, como ter permitido que o mesmo deixasse os estudos formais e se dedicasse somente aos filmes para construir seu aprendizado. A partir daí a relação entre pai e filho toma um novo rumo, vai se construindo e fortalecendo em torno dos filmes assistidos nas sessões da tarde onde se realizava o clube. Mais tocante ainda é reconhecer como os filmes escolhidos pelo pai - em módulos temáticos e aleatórios - embasaram por alguns anos discussões pertinentes ao crescimento de ambos, sim, porque não somente Jesse aprendeu com Gilmour, mas este também cresceu enquanto seu filho saia da adolescência para a vida adulta. É fato de que quando ensinamos também aprendemos. Minha crônica, porém, não se baseia no corajoso relato de vida encontrado no livro de Gilmour e sim na relação entre pais e filhos, melhor, na relevância do cinema para a fortificação desta relação, por mais latente que esta possa parecer. Lembro-me como se fosse hoje quando meu pai levou a família a um passeio cinematográfico a São Paulo para assistirmos Superman – O Filme, realizado por Richard Donner em 1978. Na época os filmes lançados nos EUA demoravam um pouco mais para chegar ao Brasil, sobretudo nas pequenas cidades do interior como era Salto no final na década de 70. Era na Capital do estado onde as novidades desembarcavam antes e meu pai cultuava o gosto pela metrópole, por seus restaurantes, seus hotéis e pelas salas de cinema da região da Praça da República ainda mantenedoras do glamour de outrora... Mais uma herança da memória passada de geração para geração, mas essa é história para outra crônica. A herança a que me refiro agora diz respeito à paixão pelo cinema que ambos, eu e meu pai, nutríamos, mesmo em silêncio ou em breves conversas sabíamos que o cinema formava um elo entre nós. Meu pai era um cinéfilo de carteirinha, daqueles de frequentar sessões ininterruptas pelas salas dos cines

Comodoro, Ipiranga, Marabá e Olido seguidamente, às vezes até com uma mania irritante de entrar com a exibição já iniciada, para não perder tempo, e ver o início do filme na sessão seguinte, após ter visto o final. Para ele pouco importava se o filme já estivesse começado porque o final era seguramente previsível. Alguns anos depois, na década de 80, nossa peregrinação era feita pelos cinemas de Campinas, sobretudo no Windsor situado em frente ao Largo do Rosário, sempre com um bom restaurante por perto. Hoje eu o entendo. Como professor de Estética e Teoria Cinematográfica tenho ciência que o encerramento de uma trama no cinema de gênero hollywoodiano, daqueles clássicos que meu pai gostava de assistir, já se define nos primeiros minutos de sua exibição e que o sentido de sua narrativa é estabelecido por uma divisão em etapas que nos permite identificar claramente seus acontecimentos. Essa regra, que estabelece uma estrutura básica para o cinema de gênero, foi definida por D. W. Griffith no início do século XX e meu pai sabia disso, seguramente por

Por Prof. Ms. Ricardo Zani

intuição e não através dos livros e das aulas na academia como eu sei hoje, mas o fato é que ele sabia e dominava essa estrutura como poucos. Voltemos então àquele final de semana de 1979 onde começamos a ver o filme desde o início. Por menor que eu fosse e não somente na idade, mas também na estatura - o oposto do meu irmão mais velho -, o encantamento que senti por esse filme foi arrebatador, fiquei fascinado pela história do garoto órfão, colocado por seu pai Jor-El (Marlon Brando) ainda bebê dentro de uma nave, que viaja pelo espaço até chegar a terra e que aqui, por meio da radiação amarela do sistema solar terrestre, desenvolve superpoderes que o tornam capaz de combater as artimanhas do seu grande rival Lex Luthor (Gene Hackman). Embora a origem do herói remonte aos quadrinhos, foi por meio de Superman - O Filme que descobri a aura deste personagem vindo de Krypton para ajudar a humanidade, sempre vestindo uma roupa colante com as cores da bandeira dos Estados Unidos da América. E mais, a presença de Lex Luthor como o grande antagonista do filme ressalta sobremaneira a estrutura

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clássica da obra e as qualidades inquestionáveis do bom moço Superman, ou seria melhor dizer Clark Kent ou ainda Kal-El (Christopher Reeve). Lembro-me de termos saído da sala de cinema e parado na primeira banca de revistas para comprarmos o álbum de figurinhas do filme e uma espécie de marionete de papelão do personagem Superman que, quando montada, ficava maior do que eu, com seus braços, pernas e pescoço moduláveis. As bugigangas de plásticos ou as eletrônicas eram capazes de me entreter muito mais do que uma barra de chocolate, mas nesse caso não era só o brinquedo que me interessava e hoje eu sei o porquê. A identificação com o herói me remete à descoberta de um mundo diferente, lúdico e, sobretudo, impregnado de valores que marcaram a minha experiência de vida, a infância principalmente. Foi uma época indescritível, feliz, onde nós quatro (eu, meu pai, minha mãe e meu irmão) curtíamos cada final de semana intensamente e numa união de dar inveja. Hoje não temos mais isso, tenho uma nova família e vejo em meu filho a projeção do que melhor poderei fazer. Meu pai não conheceu esse neto, talvez o bajulasse tan-

to quanto fez com os outros que viu nascer, mas o fato é que não o conheceu. Eu mesmo não sei se conheci meu pai como deveria ou se ele me conhecia de fato. Quando olho para meu filho Pedro e procuro vislumbrar tudo de bom que eu poderei deixar a ele, relembro minha relação com meu pai e o quanto ela foi surda e muda na maioria das vezes, o quanto nós éramos teimosos e ao mesmo tempo compartilhávamos os gostos pelas mesmas coisas que não conseguíamos dizer. Retorno ao livro de Gilmour e em como foi superada a distância existente entre ele e o filho, uma superação real que não aconteceu entre meu pai e eu. Talvez este texto não seja de fato uma discussão sobre um dos filmes que mais me agradam na história do cinema e sim somente uma crônica de redenção ao avô que não conheceu seu neto, que herança este poderia ter deixado a ele. A mim isto já está claro, para além de toda a influência que a postura e os ensinamentos de um personagem/super-herói possam exercer sobre uma criança, é a herança da memória que me envolve mais, aquela que dinheiro algum pode comprar e que só pode ser legada quando algo em comum foi vivido.


VIDA UNIVERSITÁRIA

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Estudantes se unem e organizam a primeira ATLÉTICA do CEUNSP da Redação

Você sabe o que é uma Atlética? Atlética... Associação Acadêmica... são as entidades responsáveis em promover e coordenar as atividades esportivas de cada faculdade, organizando treinos e campeonatos externos e internos em diversas modalidades esportivas.

Um dos objetivos desses times esportivos é participar do Juca – os Jogos Universitários de Comunicação e Artes. Esse é um dos maiores encontros universitários do estado, que, em 2010, chega a 16ª edição. O principal objetivo é a convivência e o fortalecimento da amizade entre os estudantes de oito das mais conceituadas Faculdades de Comunicação e Artes de São Paulo: Belas Artes, Cásper Líbero, ECA-USP, FAAP, Mackenzie, Metodista, Puccamp e PUC-SP. Como? Por meio de competições esportivas. Como surgiu a Atlética FCA-CEUNSP - A Atlética da FCA-CEUNSP surgiu de uma conversa entre dois alunos, pelo MSN (rede social disponível em computadores conectados a internet, para troca de mensagens): Mayara Calixto e Guilherme Brozoski. Ambos concordaram que faltava uma atlética no Centro Universitário. A criação de uma entidade voltada ao esporte ajudaria no reconhecimento do CEUNSP perante outras instituições de ensino. Daí, conversando com outros colegas de faculdade, pedindo a aprovação dos coordenadores de cursos e passando da teoria à prática, a Atlética foi criada. “É um movimento estudantil, como um grêmio escolar, que representa os alunos, mas dirigido para o lado esportivo de sua faculdade. No começo serão formados times masculinos e femininos de handebol, vôlei, basquete e futsal. E um time masculino de futebol. E também haverá a formação de uma bateria para a torcida, e de um grupo de dança, com líderes de torcida. Todos os alunos da FCA-CEUNSP interessados em jogar, ajudar ou participar das atividades e das reuniões

serão bem-vindos”, informa Mayara Calixto.

Para participar os estudantes devem se inscrever com os representantes da Atlética da FCA: Mayara Calixto e Pedro

Baptistella do 2º semestre de RTV; Tatiana Leutewiler, Guilherme Brozoski, Lucas Formenton, Fernando Reis, Everton Thadeu, Renan Pianucci e William Nagasi, do 2º semestre de PP. Contatos – Atividade de jovens, não pode ficar de fora das redes sociais da internet. “Já estamos no Orkut, com a comunidade Atlética FCA-CEUNSP e também respondendo dúvidas pelo email atleticafca.ceunsp@hotmail.com”, informa Guilherme Brozoski. Professores entram “na dança”- Segundo os criadores da Atlética FCA, os professores serão importantes para o funcionamento da entidade. “Contamos com o apoio deles. Já temos parcerias, por exemplo, com o professor Murilo, de Computação Gráfica, que vai mexer nas artes, criando um desenho de mascote, definindo o padrão visual da Atlética. A bateria contará com a colaboração do professor Alexandre Caetano, de Teatro. E esperamos ter parceria de todos. Também há a possibilidade, se houver interesse, que os professores treinem os times”, comentam Mayara e Guilherme.

Entidade será a responsável por agitar a vida esportiva dentro da FCA. Treinos já começaram. Participe!

Angela Trabachini/O Arauto

A entidade também é responsável pela integração e interação dos alunos de cada faculdade. Para isso, organizam festas, confeccionam e comercialização produtos como canecas e camisetas (normalmente relacionando o produto ao curso).

Inscrições abertas: - Handebol: masculino/feminino

- Basquete: masculino/feminino

- Futebol: masculino

- Líder de torcida: feminino.

- Futsal: masculino/feminino - Vôlei: masculino/feminino

Não há envolvimento com notas. A Atlética é uma atividade extraclasse. É um projeto de alunos. Tanto que os treinos serão aos sábados à tarde e as reuniões em horário de intervalo, para que nada atrapalhe as aulas.

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- Bateria: masculino/feminino


TRILHANDO

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Obsevações de um estudante de Publicidade no Chile... por (texto e fotos) Dyego Bendassoli (8º semestre de PP)

Frio. Muito frio. Esse é o único pensamento que tomou minha cabeça ao desembarcar no Aeroporto Arturo Merino Benitez, no Chile, em junho deste ano. A sensação de estar dentro de um refrigerador gigante demorou um pouco a passar: saí de uma São Paulo com aproximadamente 23º C para pousar numa Santiago quase perto de 0ºC. Depois de uns minutos respirando fundo, me acostumei com o novo oxigênio e me apressei para tomar um táxi. Ah... que quentinho: ar-condicionado abençoado!

Ao “retomar a consciência”, passei a ver as primeiras características desse país comprido geograficamente e muito bem estruturado economicamente. O Chile está entre as potências da América Latina, ocupando importante papel no cenário comercial mundial. Sua política de exportação favorece a realização de parcerias com países europeus e asiáticos. Segundo a Fundação Heritage, dos Estados Unidos, o país é uma das dez economias mais abertas do planeta. Todo esse resultado só foi possível a partir de medidas econômicas impostas pelo governo de Augusto Pinochet, que é lembrado por muitos como um ditador sanguinário, e por outros como o líder que plantou as primeiras sementes para o país ser o que é hoje: se até 2012 a economia chilena crescer no ritmo dos últimos tempos, alcançará renda superior a US$ 21 mil

per capita, índice padrão de país rico. Nem mesmo a crise mundial abalou essa perspectiva, que poderá tornar o Chile a primeira nação da América Latina a alcançar o status de país de Primeiro Mundo. Muito diferente da nossa realidade tupiniquim... Andando pelas ruas do centro de Santiago, pouca coisa nos reporta ao Brasil. Muitos ângulos lembravam filmes guardados em meu incosciente, com edificios modernos contrastando com o design europeu. Não é à toa. Em comum com o Brasil, posso dizer que vi no Chile três coisas que encontramos em qualquer outro lugar do mundo: pombas, Mc’Donalds e... brasileiros! Não é difícil topar com alguns deles, que em geral são turistas muito bemhumorados e falantes. Mas há muitos que vão atrás de objetivos profissionais e acabam ficando por lá.

A publicidade está em toda parte. De maneira sutil, parece que há tempos adotaram ali a “Lei da Cidade Limpa”, sendo que não existe poluição visual em nenhuma parte externa. Outdoors são poucos, a maioria em estradas e em outros locais distantes da área urbana central. O campo de trabalho para um publicitário é amplo, principalmente nas revistas e nos ‘periódicos’, que se utilizam tanto do formato standart quanto do tablóide. As propagandas externas são bem utilizadas nos ônibus e estações de metrô, tal como no Brasil.

Os anúncios em gigantocromia diminuem gradualmente à medida que nos aproximamos das regiões mais ricas, tal como Vitacura e Las Condes. E é nessa região que está sendo construído aquilo que será o maior edifício da América Latina, o Gran Costanera, com 70 andares e 300 metros de altura. Toda essa imponência do Chile é reflexo de uma economia invejável, servindo de modelo para países do Mercosul. Conheci também algumas regiões litorâneas, como Viña del Mar e Valparaíso, banhadas pela maré forte e gelada do Pacífico. Existem ali regiões mais pobres, com menos recursos, mas nada que venha intervir no alto índice de desenvolvimento nacional.

Em linhas gerais, o Chile tem inúmeras oportunidades profissionais, principalmente na área da Comunicação. E podemos facilmente nos sentir em casa: a receptividade do povo chileno é um artigo à parte. São calorosamente encantados por brasileiros. Descobre-se num breve diálogo muitas afinidades,

como futebol, o gosto pelo litoral nos feriados e finais de semanas e, claro, a relutância em chamar argentino de “hermano querido”...rs.

Viva a Globalização.!

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COMPORTAMENTO

Sapatos podem guardar lembranças dos momentos em que foram usados, memórias vivas como de um álbum de fotografias; como o primeiro sapatinho de uma criança ou de uma noiva.

História - A origem se perde no tempo. Devido a sua simplicidade, as sandálias foram os primeiros calçados feitos pelo homem, substituindo as primitivas peles de animais enroladas nos pés. Cada civilização antiga adotou um modelo. Perto de 3500 a.C. eram usadas no Egito como proteção às areias escaldantes. Foram adotadas também pelos romanos, japoneses, persas, indianos e africanos. A maioria revelava a posição social de quem as usava como símbolo de prestígio, nobreza, castidade ou luxúria. O “verdadeiro salto” para o mundo aconteceu em 1533, por motivo de vaidade, quando Catarina de Médicis trouxe sapatos de salto para Paris e utilizou em seu casamento com o duque de Orleães, lançando moda, entre os pés ricos da época. Já o modelo de salto ‘Louis’, muito famoso, nasceu na corte francesa de Luís XV e tem sido usado até os dias atuais. Dois grandes acontecimentos tiveram papel fundamental na popularização da peça: a Revolução Industrial e a 2ª Guerra Mundial. Mulheres, em busca de independência, abandonaram a rotina doméstica e migraram para as fábricas. Neste período de mudanças, o salto passa a ganhar espaço nos trajes femininos. Tamanhos e gostos – Ele, o salto alto, ainda não reina absoluto em todos os pés, mas é difícil ir a algum lugar e não ver ao menos uma mulher desfilando com seus centímetros a mais de altura. Geralmente, os modelos mais baixos variam de 4 a 5 centímetros e os maiores superam os 12 cm. “Acho que não existe regra para usá-lo. No meu caso, prefiro saltos mais baixos para o dia-a-dia e abuso dos saltos mais altos nos finais de semana”, diz a consultora de vendas Michelle Cristina Pereira, 20 anos. Mas, existem também as que não gostam, nada havendo que as façam mudar

de ideia. É o que conta a estudante Ana Paula Stahl, de 18 anos. “Gosto de tênis, pois prefiro conforto. Em 2007, deixei de ir à formatura de minha irmã porque tinha que usar salto. Ela ficou muito chateada, não conversamos durante seis meses”, lembra a jovem. Sempre na moda - O tempo passa, as estações do ano mudam e ele não sai de cena. No verão aparece nos tamancos e sandálias; no inverno, nas botas e scarpins. Para a designer de acessórios de moda, Érika Matheus, “o salto alto, juntamente com aquele pretinho básico do guardaroupa feminino, formam bons coringas da moda, dão um “up” final no look seja ele casual ou fashion”.

Impulso - Mulheres e seus sapatos mantêm uma relação de amor, poder e desejos. É o que revela uma pesquisa realizada em cinco estados brasileiros, que aponta: as mulheres têm em média 32 pares de sapatos, sendo que em 89% dos casos, o impulso da compra nada tem a ver com necessidade. Na hora de decidir entre conforto e beleza, 99% delas preferem a estética. A responsável pela pesquisa, a professora universitária Vanessa Guimarães Tobias, afirma que elas estão dispostas a gastar em média até R$ 215,00 num par de sapatos, independentemente de quanto ganham. “Adoro comprar sapatos de salto, eles me fazem sentir sensual, uma mulher mais segura. Vejo sapatos nas vitrines e meus olhos brilham. Na dúvida escolho sempre o que achei mais bonito, afinal, um sapato novo nunca é demais”, confessa Michelle Pereira.

Uma paixão chamada

Salto Alto...

por Beatriz Silva

conhecemos hoje surgiu na Inglaterra no século XIX. Derivado do português, o termo feitiço se relaciona à fantasia de uma atração ou fixação incontrolável por situações diversas, como praticas sexuais em locais públicos, carros e elevadores ou parte do corpo, cabelos, mãos, pés ou por objetos como roupas, jóias, tatuagens e sapatos.

Lima, 25 anos, casada há 10 meses.

O salto stilleto, também conhecido como salto agulha, foi inventado na década de 50, tornou-se símbolo de sedução provocante, ‘sex appel’ e a marca das meninas mal comportadas da época. Sua aparência delicada proporciona à mulher um andar sinuoso e, quando acompanhado de roupas ultrafemininas (vestidos e saias), dá origem ao que é considerado pelos homens como o campeão de preferência fetichista. “Com o passar dos anos, fui ficando mais velho e começando a admirar mulheres que usam salto alto. Ele realça as pernas, parte do corpo que eu mais gosto, deixando-as mais belas, despertando todo tipo de fantasias, desejos e maior sensação de prazer. Gosto de beijar os pés e as pernas de uma mulher que esteja usando salto alto”, revela Kroth.

Dores da beleza - Um argumento sempre usado pelas mulheres para justificar as dores, é que é possível suportar e se acostumar a elas. Mas em decorrência desse hábito podem surgir alguns problemas, é o que alerta a fisioterapeuta Maria Regina de Moraes Peres. “O uso prolongado do salto alto pode provocar mudanças na musculatura, encurtamento na panturrilha, danos à coluna, aumento da lordose, dores nos joelhos, pelve em anteversão (bumbum empinado), joanetes, calosidades, unhas encravadas, joelho em valgo (joelhos aproximados) e favorecer o surgimento de varizes. A melhor forma de evitar dores e prejuízos à saúde é manter uma postura correta, não utilizá-los por muito tempo e intercalar o uso com modelos mais baixos”.

A adoração por pés recebe o nome de podolatria e pode levar a práticas de sadomasoquismo e voyeurismo (busca de prazer pela observação de pessoas). “Alguns homens têm fixação a se sentirem excitados quando há contato sexual com uma mulher que estava ou continua usando sapatos de salto. Os fetiches são saudáveis. Apenas quando exclusivista (só gosta do fetiche) provocará limitações nos relacionamentos”, afirma psicólogo Rodrigues Jr.

Sedução – Mulher usa o corpo para seduzir o sexo oposto. Com o salto e, consequentemente, maior altura, o poder de atração pode aumentar. Fica mais “vista” e pode parecer a ‘femme fatale’, despertando a libido. “Ao observar uma mulher andando pela rua, percebo o poder de atração que seu sapato exerce. O ritmo de seus passos é auditivo e visual. Todas as Associados à fantasia de mulheres deveriam usar saluma mulher bonita, os pés to”, afirma o jogador de futee os saltos são idealizados, bol Daniel Kroth, de 19 anos. despertando diversas formas de simbolismo erótico para “Do ponto de vista psicolóo fetichista. “Quando conheci gico, a pessoa que usa sapato meu marido ele logo pediu de salto alto encontra a idenpara ver os meus pés, pois tificação social de ser mulher. achava lindos os pequenos, Se sua busca particular for a delicados e com salto alto. de sentir-se integrante do gêMeses antes de nossa união, nero feminino, usá-lo (o salto ele sugeriu que eu mostrasse alto) pode ter essa importânos pés em nosso casamento, cia”, explica o diretor do Instidecidi usar um vestido na altuto Paulista de Sexualidade, tura dos joelhos e com uma INPASEX, o psicólogo Oswalsandália alta. Foi a combinado Rodrigues Junior. ção perfeita. Os saltos seduzem sim e muito”, declara a Fetiche - Os adoradores de professora de Educação Físisapatos existem desde a antica Monique de Campos Souza guidade; o fetichismo como

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A pornografia, frequentemente, rotula a mulher de salto alto com vulgaridade, como um objeto sexual acessível, ao contrário do discurso das revistas de moda feminina que se concentra na fantasia de que os homens, apenas, veneram os pés, como um príncipe encantado, seduzido pela Cinderela com seu sapatinho de cristal. “Ele deixa a mulher mais elegante, embora, dependendo da ocasião, possa parecer vulgar, pois em alguns momentos ele é desnecessário. A mulher pode ser atraente sem o salto, aliás, se ela não souber combinar o que está usando poderá até causar um efeito contrário. Beleza vai muito além do sapato, o que conta mesmo é como ela se sente”, comenta a estudante de rádio e TV do CEUNSP Lea Cogo, 26 anos.

Agora, você mulher, deve estar pensando em fazer um motim em prol da boa saúde e jogar fora todas as suas sandálias, scarpins e botas de salto alto no lixo? Não, o segredo depois de um dia inteiro de uso é relaxar, “sempre ao final do dia tirar o calçado e elevar as pernas, pois os pés podem ter inchado. Os tratamentos para alívio das dores podem ser de fisioterapia ou reeducação postural global, (RPG). Em determinados casos é necessário o uso de medicamentos e a duração de cada tratamento vai depender do problema que a pessoa apresenta e de uma avaliação físi-

Carlos Oliveira/O Arauto

Sinônimo de elegância e sensualidade. Variedade de modelos, cores e formatos. Agrada aos mais diversos gostos e estilos. Para andar nas alturas é preciso equilíbrio, feminilidade e, ainda, manter uma postura imponente, charmosa e sofisticada como a da boneca Barbie, que já nasceu usando salto alto, peça importante do universo feminino.


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ca”, destaca a fisioterapeuta Morais Peres.

usado diariamente, é de até 4 cm de altura, não deve ser muito fino, Boa Notícia - Sempre considerado vilão e inimigo garantindo assim mais estabilidados médicos e ortopedistas, ele pode estar próxi- de. O uso continuo é perigoso e mo da redenção. Um estudo realizado pelo pro- deve ser usado com moderação. fessor e cirurgião vascular João Potério Filho e sua equipe da Universidade Estadual de Já que a recomendação, sauCampinas, Unicamp, revela uma exceção à dável, é variar o salto, algo que a regra de que ‘usar salto alto faz mal a saú- maioria das mulheres adora, está de’. A tese foi comprovada por um novo aí um bom motivo para usar um método denominado “Estudo de Mar- diferente a cada dia, em um concha” que mede a pressão interna das junto de elegância e beleza onde veias. Por meio de um exame feito vestuário, educação, e conforto com mulheres usando saltos de 7 podem caminhar juntos. “A impora 10cm de altura, foi constatado tância dos saltos para a moda está que o uso reduz a pressão nas na postura imponente que eles veias e uma melhor circulação propõem, até porque uma mulher do sangue, impedindo que as que calça um sapato de salto difipernas fiquem inchadas. O pro- cilmente não deseja ser vista, ou fessor Potério diz, também, seja, mulheres seguras costumam que o uso do salto proporcio- usar saltos com maior frequência. na maior contração muscu- Lembre-se sempre de usar um callar, o que aumenta em até çado discreto, que não chega antes 30% o bombeamento do de você, já que ele te faz ser percesangue, diminuindo a bida primeira”, diz a profª. Luciane chance de edemas (in- Panisson, coordenadora do curso chaços). de tecnologia em Design de Moda Para a ortopedis- do CEUNSP. ta Evelin Goldenberg, doutora em reumatoSolte-se. Sinta-se livre para sulogia pela Universidade bir de vez no salto. Federal de São Paulo, Unifesp, o tamanho do salto ideal, para ser

Dicas para comprar um calçado novo: ° Compre pelo conforto. Pode ser difícil, mas pense o quanto você terá que aguentar em cima do salto; ° Não compre apenas pela beleza, na esperança de que ele fique confortável depois de usar várias vezes; ° Experimente o sapato no fim da tarde, quando os pés estão mais largos ou inchados; ° O calçado não deve ser feito de material duro.

Como combinar saltos, roupas e ocasiões? Salto Plataforma Use em ocasiões bem informais; Evite usar em casamentos; Lembre-se: o plataforma distribui bem o peso do corpo; Atente para a existência do meia-plataforma.

Salto Sabrina Fino e delicado; Tamanho médio; Elegante com calças curtas, saias e vestidos na altura dos joelhos.

Salto Anabela É parecido com o plataforma, de solado reto ou curvo; Pode ser usado no dia-a-dia e com roupas mais finas; Segundo especialistas, são considerados uma boa opção, menos prejudicial à saúde.

Salto Stiletto ou Agulha Extremamente fino, geralmente bem alto; Está sempre presente na moda; Tem diversas opções de uso: versátil durante o dia e sofisticado à noite.

Salto Luis XV ou Carretel Alto ou baixo, sua forma lembra um carretel; Ideal para usar com calças, vestidos, shorts, minissaias e vestidos longos.

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COMEMORAÇÃO

O Arauto / dez.09 pág.08

O Arauto completa

Mauricio Bueno /O Arauto

Prof. Pedro Courbassier

1 ANO!

Integrantes do quadro de colaboradores de O Arauto debatem edição.

ados Assim

Um velho jornalista foi convidado a dar uma palestra para focas que participavam do Curso de Treinamento de Jovens Jornalistas do Estadão. Depois do “bom dia!” e das apresentações, ele perguntou: “Qual é a função do jornal?”.

?

PM 12/2/08 6:27

novembro de 2009 www.arauto. info circulação em Salto e Itu distribuição gratuita Nº 11

Atire a prim eira pedra que m nunca brin cou seriamente ou tentou entend er o

Foto: Marcelo

Baptista / Arte:

Murilo Santos

Videogame

Robson Nascime

pág.10

nto/O Arauto

Promessa paga Morre o únic o laureado com brasileiro a Palma de Ouro de Can nes Anselmo Dua . Cineasta rte recebeu homenagens (foto do velór io) na terra natal: Salto.

Debate 2: O que criança deve assistir na TV?

Pedagogia

Vida universitária fala sobre mudan ça de curso

Enxergando long e!

Eventos e Moda se unem e produzem desfil e beneficente e in-pág.03 clusivo: porta dor de neces sidade especial em visão participou.

pág.04

Vinícius Corrêa/O

pág.02

Debate 1: A usuabilidade na web

Conheça as várias oportunidades da faculdade com voltada ao merca tecnologia do.

Curso ganho u três estre las de qualidade no Guia do Estud ante.

prós e con do polêmico tras pro de ensino sem cesso das escolas repetência paulistas.

pág.03

pág.08

Arauto

Progressão cont inuada? Os

Veja no Jorna l do Ceunsp:

Fatec

Braços se levantaram (sabe como é: jovem jornalista, em empresa que pode se tornar empregadora.. “empolga”, né...). Muitos tinham respostas. O experiente foi apontando o dedo: “Você.” E o foca respondia: “Ajudar a melhorar o mundo.” O jornalista apontava para outro, que respondia: “Levar informações a milhares de pessoas.” E respostas seguiam ditas uma atrás da outra: “Ser o Quarto Poder.”; “Mostrar o que está errado na sociedade.”; “Ajudar a população a entender o mundo.” Após umas quinze respostas o profissional da informação respirou fundo e disse que todos estavam errados. A sala ficou em silêncio, mas era possível sentir que palavras foram abafadas. Antes que alguém pudesse protestar, o velho (não porque era de idade avançada, mas porque a idade dele era mais velha em relação a da média da plateia...) disse, firme: “A função do jornal é estar na banca, cedinho, para o leitor comprá-lo.” Mais silêncio.

Sem análises filosóficas ou com intenções de “autoajuda” (argh!), o que o profissional experiente quis mostrar aos novatos é que, antes de qualquer pretensão profissional de inovação ou sucesso, é necessário conhecer as técnicas e manhas do processo de produção. E é sobre esse ponto que quero falar de O Arauto.

O jornal era um velho sonho da Faculdade de Comunicação e Artes e de um dos seus idealizadores, o próreitor administrativo e professor Rubens Anganuzzi Filho. Com a chegada deste “que vos escreve” e do professor Edson Cortez à coordenação da FCA, começou-se a montar o projeto que deu cara à publicação. Eu tive de sair por uns meses desse processo, mas os que ficaram - entre eles o estudante Jean Pluvinage e o professor Amauri Chamorro - deram ao sonho uma impressão em papel. O jornal começou devagar, mas já com conteúdo diferenciado. Voltei e outros colaboradores ajudaram a melhorar - prncipalmente nosso “artísta”, o professor Murilo Santos, the designer off the all - o produto (que tem de estar na gráfica em prazo certo, como no caso citado no início do texto). N’O Arauto, os estudantes sentem, dentro do possível, toda a pressão que é trabalhar numa redação. São cobrados... ouvem que o texto está “ uma porcaria”... aprendem qual a melhor abordagem... recebem a gratificação de ver o nome estampado na reportagem. Enfim, repito aqui o dito no editorial: precisamos melhorar cada vez mais, mas já ajudamos no processo de formação de novos focas.

Para terminar, parabéns a todos que ajudaram ou ajudam no processo de fechamento do jornal. Que venham décadas... Ah, foca, para quem não sabe, é o jornalista recémformado, inexperiente.

O ARAUTO COMPLETA ANO! “A função de um jornal é estar1na banca, cedinho.” www.ceunsp.edu.br


LIÇÃO Carlos Oliveira/O Arauto

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Nossos ascendentes sempre dizem: “Respeitem os mais velhos”, não é mesmo? Pois é bom aproveitar as palavras de um engenheiro aposentado/empreendedor na ativa de 83 anos. Por que? Porque ele somou conquistas ao longo da vida e soube enfrentar dificuldades para realizar o sonho de trazer ao Brasil empreendimentos imobiliários de excelência.

Falamos de Jacob Ferdemann, paranaense de Ponta Grossa, formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Começou a trabalhar jovem, primeiro como balconista e depois como caixeiro viajante das Lojas Pernambucanas. Durante os estudos, passou a vender seguros de vida. “Nesse contato adquiri a autoconfiança necessária para vender”, explica o mestre. Quer saber por que o chamamos de mestre. Calma. Leia o resto da reportagem e verá.

Construtor - Em 1954 mudou-se para São Paulo, cidade que então crescia sem parar. Montou uma empresa (a Senpar Ltda. – Terras de São José) que contratava obras governamentais, principalmente asfaltamento ou duplicação de rodovias. Isso com o sócio, o advogado também formado pela UFPR, Rosaldo Malucelli.

Jacob Ferdemann: décadas de histórias e bons conselhos para dar pela Câmara dos Vereadores. Administra os negócios num belo escritório, localizado na entrada do condomínio que criou, o Terras de São José I (está entendendo porque ele “ sabe o que faz”?). O local começou a sair da teoria quando a empresa de Jacob comprou a área - então um sítio - do colégio Nossa Senhora do Patrocínio (hoje, CEUNSP).

Antes, numa viagem aos Estados Unidos, em 1972, Jacob teve contato com “uns tais de condomínios fechados”. Ele explica: “O conceito de loteamento e urbanização em áreas verdes fechadas, próximo a grandes centros, me pareceu uma boa idéia para o futuro que estava para chegar”, conta Jacob. No Terras tinha tudo isso e uma ótima ligação para São Paulo, a Castello. “Nesse tipo de condomínio que pensei, você tem de oferecer todo o tipo de conforto que existe na Capital, como lojas, clubes de serviços, escolas. E tem de mostrar ao morador que não vai encontrar os mesmo problemas: violência, trânsito ruim, poluição.”

A viagem ao Texas também fez Jacob pensar em questões até que então não eram presentes nos meios de comunicação como hoje: ecologia e segurança. “Disse para o norte-americano que me mostrava o projeto. Violência não tem no Brasil (nota do editor: pelo menos nesse aspecto, pode-se dizer: “boa época, não?”). Mas faça por que o Foram essas obras, prin- brasileiro aprende rápido”, cipalmente a construção da recomendou o gringo. Castello Branco e o prolonE deu certo? Jacob resgamento da Anhanguera, que mostraram o interior paulista ponde com o mesmo tom de para Jacob. Depois de desco- voz, calmo e passando a imbrir Itu e Salto comandando a pressão de que nada pode pavimentação da rodovia que abalá-lo, afinal tem vasta exliga as duas cidades, pensou periência adquirida ao longo em agir além da Engenharia dos vários negócios (bem) fechados: “A coisa deu cerCivil. to. Hoje o Terras é o maior Em Itu, o surgimento do empregador da região. São “Terras” - Desde a década de quatro mil empregos diretos. 1970 tem laços com Itu - é Desde prestadores de servicidadão ituano, reconhecido ço, como faxineiras e jardineiros, às profissões ligadas à

da Redação

construção civil”, gosta de frisar. O realizador faz questão de lembrar: “´Nosso empreendimento é economicamente correto.”

Meio ambiente - Correto é um adjetivo que costuma, atualmente, vir acompanhado a outra palavra: “ecologicamente”. E a preocupação com o meio ambiente, já presente no Terras I, foi destacada no segundo Terras de São José. “Lá já funciona uma rede subterrânea de fibra óptica. O abastecimento de água é totalmente feito por poços artesianos. Pode abrir a torneira e tomar sem medo. Além disso, todos os resíduos são tratados e reaproveitados. A reutilização da água serve para irrigar os jardins – e voltar à natureza. Nosso empreendimento é tão bem feito que é constantemente visitado por técnicos estrangeiros e é sempre fiscalizado pelo pessoal da Cetesb.

Quem realiza sabe Serra Azul – Mas quem disse que Jacob e o sócio se contentaram em serem os “criadores do estilo Terras de São José de morar”. Não se contentaram. Também baseado em projetos vistos nos Estados Unidos, tiveram a idéia de criar um megaespaço de serviço, compras e entretenimento às margens de um dos sistemas de rodovias mais importantes e movimentados do país, a AnhangueraBandeirantes. Aliás, no quilômetro 73 da Bandeirantes, funciona o maior complexo de entretenimento e serviços da América Latina: Lá estão, entre outros empreendimentos, o Hopi Hari, o Wet’n Wild e o Outlet Premium, por onde circulam seis milhões de pessoas por ano. Foram muitos desafios para vencer a burocracia, mas conseguiram inaugurar o “shopping aéreo”, nome dado ao Serra Azul por ter restaurantes construídos sobre a rodovia. “Empreendedor tem de procurar o que está acontecendo de melhor no mundo. Quando vi um projeto parecido no exterior, pensei – podemos fazer isso no Brasil também”, diz o realizador de 83 anos.

mas fiz que eles procurassem especialização.”

E como fazer para liderar? Para Jacob, nem todo mundo vai conseguir ser líder: “Nem todo soldado vai ser general”, costuma dizer. Para ele, liderar é desenvolver a equipe de trabalho, motivá-la. “E selecionar bem os parceiros. A intuição também é muito importante. Tente ter seu próprio negócio e – importante – evite passar pela frente da porta do banco”, brinca, se referindo aos juros cobrados em empréstimos. “Mas tem de arriscar. Só faça as contas direito e tente não precisar que o banco te dê todo o dinheiro. Tenha sempre algum”, ensina.

Privado x Público - Outra área que Jacob conhece bastante é a entranha do poder público. Afinal, durante anos, teve de lidar com vários níveis de autoridades (federais, estaduais e municipais) para poder por em prática seus projetos e construir. “Gostaria de ver uma máquina pública mais ágil”. Eu pago taxas e impostos e tudo demora. Deveria ter reciprocidade. Tenho deveres, certo? Cumpro todos. Então o Estado tem de cumprir com a parte dele também. Órgão público deveria ter prazo. Para o Terras de São José-2 foram sete anos de burocracia. “Mas, com trabalho e paciência, vencemos”, diz, criticando a morosidade presente em alguns órgãos públicos.

Uma Itu diferente – Costuma-se dizer na cidade que Itu tem duas histórias. Um antes e outra depois do surgimento do Terras de São José. Os US$ 500 milhões investidos no condomínio atraíram uma população diferente para a cidade e criaram empregos. “Negócios surgiram a partir do Terras: escolas e lojas foram abertas para atender Dicas - Realizadores noressa demanda”, afirma Jacob. malmente são bons conselheiros. E quais seriam as Além da ebulição na eco- dicas dadas por Jacob para nomia, os empreendedores os jovens estudantes que sotambém deram uma força à nham com o brilhantismo emeducação de parte dos mora- presarial no futuro? “No meu dores da cidade. “Todo fun- tempo se fazia a faculdade e cionário que veio trabalhar estava com a vida ganha. Hoje conosco era incentivado a não. Qualquer um conhece fazer os filhos em idade apro- tecnologia. Então se diferenEsse foi um pouco de Jacob priada estudar. A bolsa era cie. Quem não sabe inglês Ferdemann, um exemplo de bancada por nossa empresa, é analfabeto. Portanto, faça sucesso da região. Para termesmo que não tivesse rela- mandarim, além do inglês, já minar, mais uma dele: “Uma ção com nosso negócio. Então que a China vem com tudo. Se não eram só futuro engenhei- prepare, pois o mercado está casa construída e um ros sendo ajudados, mas en- exigente.” Sábios conselhos, filho crescido são bem fermeiros e outros”, comenta, não? Ele tem outros. “Meus diferentes dos projecom orgulho, o engenheiro três filhos são engenheiros tos originais.” civil. civis. Eu acredito na carreira.

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COMPORTAMENTO

Você tem fome de quê? Marcelino Carvalho/O Arauto

A busca pelo padrão de beleza (imposto) e o melhor acesso dos humanos às calorias transformaram o alimento num mal... Ou tudo não passa de exagero e desequílibrio de alguns?

X por Thuany Martins

O que vem a ser a perfeição? A Vênus de Michelangelo? Ou Gisele Bündchen? O tempo passa, mas a busca pelo “belo” não para. O mundo está cada vez mais “entupido” de remédios que prometem milagre. A ideologia de um corpo magro e perfeito trouxe consigo doenças e transtornos incuráveis como bulimia, anorexia, ortorexia e compulsão alimentar. Ataca homens e mulheres independentemente da idade.

te fome, podendo levar a doenças, principalmente a obesidade), Tudo começou em 2006 quando iniciou a faculdade de Educação Artística. “Essa obsessão por comida veio quando vim morar sozinha em Itu para estudar. Era uma cidade totalmente estranha. Por ficar só e não conhecer ninguém, não tinha nada para fazer e passava meu tempo comendo”, lembra. Bulimia - Além da compulsão alimentar, outro transtorno que muito abordado pela mídia, é a bulimia nervosa. A pessoa ingere uma grande quantidade de comida, mas depois purga-a, quer induzindo vômitos, quer tomando laxante ou diuréticos. “Quando eu tinha 12

utilização de medicamentos, até mesmo de forma ilegal. “Eu procurei médicos e nutricionistas, mas não quiseram me receitar remédios para emagrecer, mas eu conseguia de forma ilegal. Tem farmácia que vende remédio sem receita pelo dobro do preço. Tomei por muito tempo, mas já não fazia mais efeito, meu corpo se adaptou, então parei de tomar. Hoje tomo apenas antidepressivo”, denuncia J.O.

“Quando eu me alimentava eu enfiava não só o dedo na O transtorno alimentar garganta, mas escova, pente, pode ocorrer de diversas mapresilhas, tudo o que eu via neiras, seja por conta da anna minha frente. Com o passiedade, solidão, outros tipos sar do tempo não precisava de doenças ou até mesmo em mais disso, só o fato de comer razão da mídia, que comunica já me fazia vomitar, cheguei a ao ser humano a falsa constomar até remédios para dorciência que a beleza está em um corpo magro, um padrão anos comecei a prestar mir para ficar sem comer”, conta L.O.. quase inalcançável. “Existem fatores que chamamos de predisponentes, ou seja, fatores que predispõe o organismo ao aparecimento do transtorno alimentar (TA), como por exemplo: baixa auto-estima, perfeccionismo, instabilidade afetiva, impulsividade, depressão, ansiedade, desarranjo familiar e o culto à magreza presente na sociedade moderna”, explica a coordenadora do curso de Nutrição do Ceunsp, Carolina de Souza.

Caso - Para J.O., 23 anos, a compulsão alimentar (transtorno em que o indivíduo consome uma grande quantidade de comida de uma só vez, mesmo quando não sen-

atenção no meu corpo, e era bem na época em que as modelos estavam cada vez mais magras. Quando comia me sentia a menina mais gorda do mundo. Então comecei a tomar remédios e diuréticos. Aos 14 anos foi quando enfiei o dedo na garganta pela primeira vez. Foi a forma mais rápida que encontrei para se livrar da comida”, relata a estu-

dante L.O., de 19 anos.

Tais transtornos levam os doentes a cometerem atos impensáveis, como a “mutilação” do próprio corpo e a

Família - Na maioria das vezes os portadores desses transtornos não acreditam que estão doentes. Acham normal essa loucura e obsessão pelo corpo. Por esse motivo que a família é de extrema importância, pois muitas crianças e jovens só percebem a gravidade do problema com a ajuda dos pais e familiares que acabam sendo fundamentais para o inicio de um tratamento que longo e cansativo, mas pode salvar muitas vidas. “Faço tratamento a dois anos e meio, época em que meus pais descobriram minha doença. Se não fosse por eles, não teria feito tratamento ne-

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nhum, porque, para mim, não estava doente. Já cheguei ver minha mãe chorar na igreja e pedir que acontecesse qualquer coisa com ela, mas que me livrassem disso. Hoje só tomo remédios para dormir. Estou sem tomar diuréticos a uma ano, e faz dois meses que não vomito, isso para mim é uma vitória”, desabafa L.O. .

“Quando ia para casa de meus pais, minha mãe sempre falava que eu estava muito gorda, por isso fui ao médico que me indicou a nutricionista na qual faço tratamento”, diz J.O..

Tratamento - Alguns desses transtornos podem não ter cura, mas o tratamento é essencial para conseguir um autocontrole e levar uma vida normal. “Quando há indícios de que a pessoa sofra de TA um médico deverá ser consultado e, se for realmente diagnosticado o distúrbio, o tratamento deverá ser feito por uma equipe multiprofissional, constituída por médico psiquiatra, psicólogo e nutricionista”, diz Carolina do Santos. “Por causa dessa doença perdi as coisas que mais gostava como as lembranças que todos têm de uma adolescência feliz. Minha vida inteira foi do quarto ao banheiro, lagrimas, psicólogos e médicos”, lamenta L.O.. “O pior é quando a gente entra em uma loja e pede o tamanho GG, e a roupa não fica boa”, descontrai J.O..


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l a t a s s e d é l a Qu

? ” a z e r g a m a d a “estétic por Amanda Duarte

William de Moraes/O Arauto

O padrão de beleza estabelecido pela mídia faz com que as pessoas, principalmente as mulheres, tenham problemas alimentares, que podem levar a morte. “Quando falamos em estética corporal pensamos em um corpo magro e perfeito como é mostrado na televisão e em revistas”, comenta Aline Reis, dona de casa. É verdade. Ao folhearmos revistas e assistirmos comerciais de TV percebemos que o modelo do belo corpo humano está relacionado a músculos no lugar de gordura. Faça uma experiência: observe dez peças publicitárias e conte quantas pessoas são gordas e quantas são magras. Mas nem sempre foi assim. “Até o século XX as mulheres eram retratadas mais ‘cheinhas’. Esta era a beleza da época. Isso mudou quando chegou a Jovem Guarda e surgiram as propagandas com mulheres magras”, explica o professor de História da Arte, Ricardo Zani. Para realizar o sonho de ser “clicada” e estar na ‘telinha’ como uma modelo famosa, muitas meninas simplesmente param de comer. Aí o sonho vira um pesadelo. O que é para ser apenas uma dieta vira uma obsessão. E aí, nos faz refletir: Até onde vai a busca pela estética corporal? Pesquisas mostram que apenas 2% das mulheres do planeta estão satisfeitas quando se olham no espelho. E que 60% delas se sentem deprimidas com o corpo. Não é para menos, a maioria se compara com imagens de mulheres perfeitas exibidas em propagandas de beleza. Mudanças - Mas essa tendência pode estar mudando. A Unilever, grande empresa de produtos para o lar e cuidados pessoais, proibiu em suas propagandas mulheres extremamente magras. Uma das marcas da multinacional, a Dove, trocou as “fininhas” por mulheres com curvas, retratando a ‘mulher real’ e criou o programa “Dove pela autoestima”, que tem como objetivo fazer as consumidoras se aceitarem - e se amarem - como elas realmente são. Outro exemplo é a foto que rendeu aplausos na edição de setembro da revista Glamour, isso por que a modelo Lizzie Miller apareceu nua com uma barriguinha mais saliente. “A imagem mostra a mulher como ela realmente é, com imperfeições. É muito da Redação bom as revistas mostrarem a realidade das mulheres. Isso ajuda a aumentar a autoestima”, diz Lígia Martin, estudante de jornalismo. Segundo os editores da revista, foram muitos comentários positivos. E a edição de novembro teve sete mulheres nuas. Todas “gordinhas”, como julga o mundo da moda, mas que não passam de mulheres normais. Referencial – A Medicina usa o Índice de Massa Corporal (IMC) para estabelecer padrões de magreza, normalidade ou obesidade. O IMC relaciona o peso com a altura do indivíduo. Para estar no peso ideal e saudável, o índice tem que estar entre 18 e 24,9. O cálculo do IMC é feito pela equação:

PESO ALTURA O que é beleza do corpo? - Algumas pessoas opinaram: • “Cada um é belo do jeito que é. O importante é se sentir bem com seu corpo, independentemente do que os outros pensam.” - Jaqueline Santos, estudante de Jornalismo. • “Mulher tem que ter onde pegar. Prefiro picanha a costela.” – Davi Morijo, estudante de Direito. • “A estética é uma questão de ponto de vista. O que é belo pra mim pode não ser belo para você. A estética da magreza é ditatorial. É o que Hitler fez na Alemanha. Você não tem escolha, tem que ser do jeito que um grupo de pessoa determina. A mídia expõe corpos quase anorexos e se você não seguir este padrão de beleza será excluído.” – Professora Paula Piotto. • “Beleza corporal é se sentir bem. Mas o que importa mesmo não é a casca é o conteúdo.” – Alessandra Martins, assessora de imprensa.

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ESPECIAL (1969-2009)

O fim do ano que comemorou muitos

por Thales Puglia

O que será de você daqui a 40 anos? Essa pergunta foi feita no ano de 1969. Na TV, o desenho animado Os Jacksons mostrava “o futuro” da sociedade. Mas e a política? O mundo? Desde um ano antes a humanidade estava em ebulição (1968 foi ano da grande manifestação estudantil na França, da Primavera de Praga e da criação do terrível AI-5, no Brasil). Em 1969, o mundo girou mais rápido. O homem dava passos importantes. E não eram apenas os passos do astronauta Neil Armstrong, que pisava na lua em julho, nem a passada de Pelé, em outubro, rumo à cobrança do pênalti do milésimo gol, num Maracanã lotado. O fim da década de 60 ficou marcado pelas mudanças radicais. A contracultura hippie se confrontava com intelectuais de bata preta que saiam dos conservatórios musicais. Época de fazer rock de cores psicodélicas. Os iê-iê-iês e os Mike Jaggers começam a dar lugar aos loucos viajantes do rock progressivo. Tudo ao mesmo tempo - E não foi só na música que tudo começava a ficar mais preto e

Stones, Brian Jones, que foi encontrado morto na piscina de sua casa. Várias teorias foram criadas em cima do fato. Exemplo: no final do filme Stoned (feito em 2005) é revelado que a morte de Brian foi causada por Frank Thorogood, um dos empreiteiros que trabalhava na reforma na casa do guitarrista. No filme Thorogood assume a culpa em frente do túmulo do músico (confissão feita em 1993). E o futebol? Essa é para todos os corinthianos: há 40 anos foi fundada a maior torcida organizada do país, a Gaviões da Fiel. Agora, para alegrar mais torcidas: a Argentina ficava fora de sua primeira Copa do Mundo (1970), ao perder a vaga nas Eliminatórias, em 1969, para o Peru. No dia 28 de julho de 1969 houve a primeira ação de resistência dos homossexuais. No bar nova-iorquino Stonewall, policiais (que eram acostumados a usar muita violência) foram dar “uma batida” e, ao entrar, foram recepcionados com garrafadas.

branco. O mundo estava todo virado. Woodstock chegava ao fim. A guerra no Vietnã estava a todo vapor. Nixon renunciou. Golpes militares derrubavam governos a todo instante. Guerra Fria e corrida espacial. Exílios políticos. Novos tipos de droga. Meu Deus do céu! ...Parece que tudo aconteceu nesse ano! No Brasil, os “anos de chumbo” não perdoavam. Exílio de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, de pensadores como Paulo Freire e o sociólogo Betinho. Muitos outros foram mandados embora. Até um certo deputado, de nome Mário Covas, que na época fez um discurso de oposição no Congresso Nacional. O embaixador americano no Brasil Charles Burke Elbrick foi sequestrado pelo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), do qual fazia parte o atual deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ)... “O que é isso, companheiro?” Os anos 60 foram singuUm ano cheio de pergun- lares e ponto de partida para tas até hoje sem respostas. É o novos costumes, assim como caso do guitarrista do Rolling também foi uma panela de

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pressão. Se de um lado fechava uma década das mais criativas e bagunçadas, do outro abria uma época cheia de esperanças aonde as coisas começaram a se encaixar, organizando uma salada de frutas de 40 anos.

Na música, o começo, o recomeço e o fim

De cabeça para baixo, a virada da década (1969-1970) também virou palco para muitos fatos históricos. As portas se abriram para muitos. A banda de “um tal” garoto Michael Jackson (ex-Jackson Five) aproveitava a chance. O futuro rei do pop dava seus primeiros passos com muito estilo, sem contar as musas/divas negras, como a cantora e atriz Diana Ross, madrinha de Michael. Aliás, foi com o disco ‘Diana Ross presents The Jackson Five’ que o grupo teve o primeiro grande êxito, com o single “I want you back” - apenas o primeiro de muitos (para Michael) sucessos. Enquanto o Rei do Pop dava seus primeiros passos, o Rei do Rock se ergue novamente em um recomeço devastador para quem estava a sua volta: ‘From Memphis to Vegas/From Vegas to Memphis’ foi o primeiro - e único - disco duplo de Elvis Presley, depois de um descanso de 7 anos: e mais, quebrou o monopólio que se instalou de 65 até 69 (by Beatles, Bob Dylan e Beach Boys) da ponteaérea Londres/Los Angeles, deixando o mundo de boca

aberta. O álbum começou a ser gravado como um especial de fim de ano, ao vivo (após 8 anos sem se apresentar), com sua antiga banda - que o acompanhara nos anos 50. O formato deu origem ao famoso “acústico” usado décadas depois pela MTV. Se uns levantam, outros jogam a toalha. Foi o caso dos Beatles. Fabfour (os quatro fabulosos), como eram conhecidos, estavam cansados. Os nervos estavam à flor da pele: Paul não aceitava o novo empresário da banda, Allen Klein. George Harisson não aguentava mais Yoko Ono (mulher de John Lennon). Depois do fracasso no projeto Get Back (disco lançado como Let Be), Paul sugeriu ao produtor George Martin que o grupo se reunisse e fizesse um disco “como no velhos tempos... como a gente fazia antes”. Isso parecia não ser apenas a vontade do baixista. John Lennon adorou a ideia e os meninos de Liverpool (cidade natal da banda) foram para o estúdio, elaborando um álbum magistral, cheio de paixões, angústias, nostalgia e muitas mágoas: Abbey Road. George Martin confessou que considerava Abbey Road “o melhor disco que os Beatles fizeram.” Melhor do que dar a volta por cima é fechar com “chave de ouro”. E os três – Michael Jackson, Elvis Presley e os Beatles - fizeram bem mais que isso. Sucesso ao fechar uma década, deixando gosto de quero mais e se tornando imortais.

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40 Enquanto isso, no Jornalismo do Brasil...

Há quatro décadas o jornalismo nacional passava por uma de suas fazes mais criativas. No meio da bagunça, a resistência aos atos políticos autoritários do ano de 1969 surtia efeito no Brasil. A mudança de identidade era visível. “O Pasquim” vinha chutando todas as portas das bancas com sua primeira edição, enquanto o telejornalismo brasileiro chegava à maioridade com o Jornal Nacional. Não havia melhor final de década para a de 60 do que essa: de um lado o Pasquim, de humor ácido em forma de tablóide, do outro a seriedade servil do Jornal Nacional. O Pasquim surgiu com uma linguagem humorística e irônica, dando um impulso inovador à imprensa que se via enforcada pelos anos de chumbo e sua censura implantada. Foi um veiculo importante, de criticas sempre dissimuladas à ditadura. Além de criticar os costumes da época. Seus integrantes eram: Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Millôr Fernandes, Paulo Francis, Ivan Lessa, Ziraldo e Henfil - gente boa, heim? A partir da edição número 39 o jornal passou a sofrer censura prévia. No ano de 1970, a redação toda foi presa depois que eles publicaram uma sátira do quadro de Dom Pedro às margens do rio Ipiranga. A intenção dos militares, com a prisão dos integrantes de O Pasquim, era que o semanário, saindo de circulação, entrasse no esquecimento. Mas o que aconteceu foi o contrário. Único que havia escapado da prisão, Millôr Fernandes assumiu a editoria e contou com a ajuda de vários intelectuais da época (Chico Buarque, Glauber Rocha, Antonio Callado, Odete Lara)

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anos...

para continuar lançando o jornal. Assim, só fez aumentar a popularidade do semanário. O Jornal Nacional foi o criador de uma nova linguagem jornalística no Brasil. Foi o primeiro a ser transmitido em todo país. Com um texto de palavras simples e a frases curtas, sempre procurou uma linguagem clara, com grande objetividade. Teve também ao longo dos anos acusações de manipulação da notícia, como no caso da apuração para o governo do estado do Rio de Janeiro, em 1982, a primeira para governador desde a Ditadura Militar, na qual houve acusação de fraude: o JN simplesmente ignorou a denúncia. Muitos dizem que o fato foi causado pela grande rivalidade entre o dono da emissora, Roberto Marinho, e o candidato que ganhou a eleição, Leonel Brizola. Ou o famoso caso de 1984, quando o jornal foi acusado de omitir informações sobre a campanha das Diretas Já. Além disso, muitos dizem que manipulou a edição do último debate entre os então presidenciáveis Fernando Collor e Lula, em 1989, favorecendo o primeiro, sócio na retransmissora Globo de Alagoas. Hoje o Jornal Nacional conta como apresentadores o casal Willian Bonner e Fátima Bernardes. Bem diferente de seu começo, quando contava com Cid Moreira e Hilton Gomes (depois substituído por Sérgio Chapelin, atual apresentador do Globo Repórter), dupla que apareceu diariamente nos lares brasileiros por 11 anos consecutivos. Enfim, tanto com bom humor ou com um formato de seriedade profissional, a década de 60 acaba disfarçando o que se passava no Brasil.

Foto de Caetano Veloso e Gilberto Gil no exílio estampa capa de revista

E os 20 anos do fim de um muro e de um mundo.. O fim de Segunda Guerra Mundial (1945) fez surgir dois grandes jogadores no planeta, que entraram em campo para o “clássico das potências”. Do lado ocidental, adotando o sistema capitalista, os Estados Unidos da América. Do lado oriental, com um estatismo totalitário, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A disputa pela hegemonia mundial dessas duas “filosofias” - seja na corrida espacial (O Arauto publicou em Julho os 40 anos da chegada do homem à lua...) ou quem ganhava mais medalhas nas olimpíadas – tinha um marco: o Muro de Berlim, imposto pelos soviéticos no meio da capital alemã.

A chegada de Ronald Reagan ao comando dos EUA e de Mikhail Gorbachev, com sua política do binômio Glasnot-Perestroika (transparênciareconstrução), fez os mais otimistas sonharem com o fim da divisão e a reunificação alemã. E não é que o sonho se concretizou!

Em 1987, Reagan teria dito a Gorbachev: “Tear down this wall!”, em um discurso no Portão de Brandemburgo, na comemoração ao 750º aniversário de Berlim. Medidas políticas e econômicas tomadas a seguir fizeram com que, em novembro de 1989, protestos e pessoas chegassem mais perto da infame construção do que nunca antes haviam feito. Mais, carros conseguiram passar de um lado para outro sem que o Exército Vermelho ligasse. A seguir, com picaretas na mão, os alemães (e turistas) derrubaram os tijolos e iniciaram a festa. O premier alemão, Helmut Kohl, conduziu o processo de unificação, que em 2009, completou duas décadas. (Pedro Courbassier)

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REALIDADE

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Marcelino Carvalho/O Arauto

Profissões Noturnas por Tiago Rodrigues

Será que algum dia você parou para pensar que enquanto você dorme outros trabalham? Para desvendar as atividades profissionais noturnas O Arauto foi às ruas e descobriu que nem todos dormem “horário comum de sono” das 23h às 6h. Ou, vendo por outro lado, nem todos “picam o cartão” às 7h ou às estuprada pelo ex-namorado sional, simplesmente diz: “JÁ pontos bons e outros ruins, 18h. Podem ser considera- da filha. Ela não tinha sido PRESENCIEI DE TUDO NA no dia-a-dia, como todos. Mas

das profissões noturnas as que envolvem plantões, como as de policial, bombeiro e médico; as que “não podem deixar o mundo parar”, como taxistas, funcionários de rádio e televisão, aqueles que pegam o chamado terceiro turno das fábricas; e as do ramo de entretenimento, como barmen, DJs e - por que não? - dragqueens e prostitutas. Plantão em delegacia Um dos locais com grande quantidade de profissionais que se esforçam durante a madrugada é a delegacia de polícia. Delegados, carcereiros, investigadores, policiais militares (que se dirigem ao local para registrar a ocorrência) e escrivães fazem parte desse rol. Ver viaturas policiais cruzando ruas e avenidas pela noite é normal, é um trabalho de 24 horas. Mas enquanto as sirenes estão ligadas, alguém fica na delegacia registrando o que acontece fora. É o trabalho dos escrivães. Quem encara a madrugada, normalmente começa a jornada às 20h, que só se encerra às 8h da manhã seguinte. Eles elaboram os boletins de ocorrências, atendem aos policiais militares, trabalham com a elaboração das peças dos flagrantes, entre outras atividades. “As ocorrências mais frequentes são de embriaguês ao volante, furtos a residências e tráfico de entorpecentes”, conta o escrivão Cláudio de Campos que atua na área à cerca de 20 anos, e que atualmente está no 11º DP na cidade de Sorocaba. Na rotina, eles ouvem histórias tristes. A escrivã Suely de Camargo Santos, que trabalhou durante 11 anos na capital paulista, no bairro do Jaçanã, lembra da história ocorrida durante um plantão: “Chegou uma senhora de seus 80 anos de idade, que foi

socorrida, estava em choque, arranhada e com marcas de mordida”, lembra. Passado o trauma, ela disse que vivia em um barraco com a filha e o acusado, e eles brigavam o tempo todo. Por esse motivo, a filha colocou o rapaz para fora. Ele se revoltou e voltou a casa num dia em que a filha estava no forró. Por causa disso, ele praticou o crime, alegando que o ato era uma vingança contra a filha. Suely comenta que a vida dentro de uma delegacia não tem a mesma intensidade da rua, mas nem por isso é menos triste e desgastante: “Coisas absurdas acontecem durante a noite nas cidades e sempre estamos prontos para ajudar quando possível, mas nem sempre isso é possível, como no caso de uma moça de seus 25 anos, que chegou em estado deplorável após ser espancada pelo marido. Tomou doze pontos no rosto. Pior, no outro dia, ela mesma pagou a fiança dele, alegando gostar do marido.” Diversidade na noite Há outros profissionais que trabalham nas ruas e que chamam a atenção de quem passa, por causa da forma de agir e de se vestir. São pessoas extravagantes: é caso - e o mundo - das dragqueens, nome “específico” para uma espécie de ator performático (do inglês, “rainha dragão” na tradução literal, ou homem fantasiado de mulher, no contexto mais amplo). As “drags” preferem ser chamadas por nomes de guerra. Como da Candice Kay, de 28 anos, profissional que atua em casas noturnas, festas e eventos. Candice diz que não existe horário fixo de serviço. “Atuamos durante toda a noite”, diz. Quando “cutucada” para falar algo inusitado, que já tenha presenciado na atividade profis-

NOITE, MAS DRAG NÃO TEM há o risco da violência urbaOLHOS,BOCA E OUVIDOS.”¬¬ na, cada vez mais presente. Afinal, há risco nas ruas, Trabalho na diversão - Já principalmente para quem como outras profissões que trabalha com dinheiro vivo o não se lida com proteção de tempo todo. No entanto, a expessoas, mas lida com ser- periência pode ajudar “Quem viços aos frequentadores de está na rua sabe quem é ruim festas de aniversários, casaPorque alguns deles já pasmentos, bodas, os garçons saram pelo banco de traz de nem sempre são notados em seu carro”, explica João Batismeio a uma festa. Ao menos ta, 57 anos, sendo 30 deles que se queira uma dose de dedicados à profissão. uísque ou uma garrafa de cerJoão diz que “para quem veja geladinha pra animar a dirige o tempo todo tem que noite, ou aquele refrigerante pelo menos amar dirigir”. Que para se refrescar. Parece ser continua: “Quem lida com púfácil ser garçom, mas quem blico o tempo todo e com fica em média dezesseis hotrânsito tem que ter pelo ras em um salão antes da fes- menos um mínimo de paciênta mostra que não é assim. cia e carisma.” Então é fácil só O garçom e maitre Jonas dirigir falar um bom dia, boa Rodrigues descreve passo a tarde, boa noite e sorrir? passo como é o trabalho e a Não. Ser taxista é muito função correta de um garçom mais. É saber que é ruim não dentro de uma festa: “Primei- ter o tempo mínimo para firo, chegamos ao buffet , carre- car com a família: “Deixo eles gamos nosso caminhão com em casa de tarde e chego no as coisas necessárias, logo outro dia, de manhã. Não ter depois vamos ao salão e des- muito tempo nos finais de secarregamos, esterilizamos os mana, não poder curtir os fitalheres, louças, arrumamos lhos direito. Esse é um dilema as mesas como a etiqueta que só um bom taxista conhemanda, tomamos banho, ser- ce”, explica João. vimos. Temos de preencher a festa inteira. Em cada espaço do salão não pode deixar faltar nada. E tem a questão de limpeza: ao final da festa Comentário do repórter limpamos tudo que usamos e carregamos de volta para o Noite é boa para sair/passear/ dormir. Mas buffet, descarregamos o cae quando se trabalha, se torna chata? Não. minhão novamente e, por fim, Podemos falar que a noite serve sustentar vamos para nossas casas. Isso vidas e mostra que o mundo não para. Nesjá no início da manhã.” Tarese movimento, pessoas mostram seu valor, fa cansativa para uma pessoa mas quase ninguém repara. Na verdade é que saiu de casa no dia antecomo se fosse uma simples tarde de serviço. rior, por volta das 15h. Rotina Na noite, os profissionais vivem situações de todos os fins de semana. que muitos de nós nem imaginamos. Motorista - Aquele que leva todos a todos os lugares: Ao fazer esta reportagem, observei que traos inquietos taxistas. Uma balhadores tem os mesmos princípios, indevida profissional que não pendentemente do horário em que trabalha. permite ócio, folga ou inércia. “Parado não rende”, diz um Tenham uma boa noite! experiente motorista “de praça”. O motorista é um autônomo. Como toda função, tem

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GALERIA

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A arte de flanar: o olhar vagabundo

texto e fotos: Carlos Oliveira

Quando me pediram um texto sobre Fotografia, fiquei pensando: nossa do que vou falar? Afinal, são tantos assuntos, tantos temas. Falo das novas tecnologias, das novas câmeras digitais que a cada mês são lançadas? Falo dos megapixels? Mas, revirando minhas fotos, meus livros, para ver se encontrava algo que pudesse sugerir assunto, me deparei com uma publicação que nada tem a ver com o assunto. É do escritor João do Rio, que escreveu sobre a alma encantadora das ruas, lá em 1907. Ele fala de uma nova maneira de descrever as cidades (no caso dele: o Rio de Janeiro do século XIX) ao “flanar” pelas ruas.

Mas o que quer dizer FLANAR? Olhando no dicionário, seria andar ociosamente sem rumo certo; vaguear, perambular. Flanar é ser vagabundo, refletir, ter o olhar da curiosidade. FLANAR é ir por aí de manhã, de tarde ou de noite, observar o mundo que está ao redor. FLANAR é visitar a cidade que você mora. Posso aqui dizer alguns nomes da fotografia que tinham esse “olhar vagabundo”, descompromissado: Henri Cartier-Bresson, que fotografou pelo mundo; Flávio Damm, que na época da revista O Cruzeiro saiu fotografando por todos os cantos do Brasil; Cristiano Mascaro, que retrata São Paulo como ninguém; e, nos tempos digitais, podemos citar Klaus Mitteldorf, que com sua pequena máquina digital sai em busca de imagens únicas da periferia paulistana. Vamos esquecer um pouco o lado tecnológico. Vamos, cada um, pegar a câmera fotográfica - seja ela ainda analógica ou digital, pequena ou grande - e vam’bora sair fotografando com esse “Olhar Vagabundo”, que o escritor João do Rio criou para escrever o citado livro. Nós podemos fazer imagens!

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