Dossiê Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012

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DossiĂŞ

Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012



DossiĂŞ

Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 Carteira Professor e Carteira Estudante


Expediente Direção editorial:

Claudiney Ferreira Coordenação:

Babi Borghese Revisão:

Isabel Cury Produção editorial:

Jahitza Balaniuk Textos

Angélica de Moraes Antonio Prada Babi Borghese Isabel Travancas João Luís Gago José Castello Nísio Teixeira Ricardo Mello Fotos

Rubens Chiri Projeto gráfico e design

Bruno Thofer

Jornalista responsável

Claudiney Ferreira MTB 12742


DossiĂŞ

Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 Carteira Professor e Carteira Estudante

sĂŁo pau lo 2 01 2



Os bastidores da edição 2011-2012 do Rumos Itaú Cultural - Jornalismo Cultural de ambas as carteiras (Estudante, com o Laboratório Online de Jornalismo Cultural, e Professor, com o Fórum Virtual de Discussão), bem como as metodologias usadas em cada uma estão registrados neste Dossiê, junto com uma relação de todas as pessoas envolvidas no trabalho deste biênio: seja na pesquisa e nas reportagens ora publicadas, seja em 2011, na fase de divulgação das inscrições, quando o núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural percorre o Brasil com profissionais que ministram oficinas e proferem palestras, depois na seleção, em que as comissões de cada carteira fazem seu julgamento, e no final do ano, quando os selecionados se encontram no II Seminário Internacional de Crítica Literária, ou agora em 2012, para o lançamento do Mapeamento dos Programas de Treinamento das Empresas de Comunicação em 2012 e do contemporaneo.singular durante o 4º Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural. Muita gente se articulando e dialogando, do jeito que a gente gosta!

Itaú Cultural


Sumário 1. o mapa dos inscritos............................................................................................................................................. 08 2.

tempos contemporâneos Por Babi Borghese....................................................................................................................................................................................36

3. Amálgama de Experiências, Interseções Possíveis

Por Nísio Teixeira............................................................................................................................................................................................................................42

4. Diário de uma aventura

Por José Castello......................................................................................................................................................................................44

5. quem é quem.......................................................................................................................................................................48



capĂ­tulo 1

O Mapa dos Inscritos


O

Rumos Jornalismo Cultural atua na formação e no entendimento da atividade de um profissional importante para a cadeia produtiva da economia da cultura do país: o jornalista. Em sua quarta edição, o programa contribui com estudantes que queiram se especializar na editoria de cultura e com professores interessados em pesquisar os programas de treinamento dos veículos de comunicação. Rumos Jornalismo Cultural corrobora com os objetivos de formação, fomento, criação de rede, difusão e articulação a que o programa Rumos Itaú Cultural como um todo – atualmente formatado para dez segmentos diferentes – se propõe. Passar por uma lupa o mapeamento das inscrições do Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 é o objetivo deste capítulo, realizado a partir de análise das informações das fichas de inscrição de ambas as Carteiras do programa – Professor e Estudante. Para se inscrever na primeira carteira era necessário que o professor universitário do curso de comunicação social, de graduação ou pós-graduação, comprovasse experiência como docente por pelo menos dois anos e apresentasse um ensaio inédito e individual sobre parcerias entre a academia e o mercado (consolidadas ou ainda no âmbito das ideias) para o desenvolvimento desses programas. Já para a Carteira Estudante, o aluno de comunicação social que estivesse cursando comprovadamente do terceiro ao quinto períodos de graduação no primeiro semestre de 2011 se inscrevia com uma reportagem para a editoria de cultura em pelo menos uma de quatro categorias: Reportagem para Mídia Impressa, Mídia Audiovisual, Mídia Sonora e Web. Nesta breve avaliação do painel de inscritos, são levadas em conta todas as inscrições válidas, ou seja, fichas cujas informações se alinham – pelo menos, numa primeira vista – com as regras do Edital. Foram automaticamente canceladas deste quadro inscrições de peças repetidas ou cujas informações, de imediato, se conflitavam com o regulamento. O registro mostra onde residem as pessoas interessadas no Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012, em qual instituição lecionam ou estudam, onde está localizada a sede dessa instituição, que tema ou pauta escolheram para se inscrever.

No caso da Carteira Professor, acrescenta-se ainda outro dado: disciplina(s) que lecionam. É, assim, importante instrumento para reflexão, seja para radiografar as instituições de ensino superior cujos professores e/ou alunos tem particular interesse pelo programa, retratar o público inscrito neste biênio para resgate futuro da memória do Rumos ou para pensar em melhorias dos próximos editais. É importante ressaltar que as cidades estão mapeadas de acordo com o município de residência do inscrito, não sendo, necessariamente, a cidade-sede da instituição de ensino a ele vinculada. O município onde o curso se localiza aparece no quadro ao final do capítulo ao lado do nome da instituição, para simples conhecimento. O total geral de inscrições validadas foi 180, oriundas de 18 estados, 70 municípios (incluindo Distrito Federal) e 81 instituições espalhadas em 86 campi.

A Carteira Professor A Carteira Professor recebe um total de 24 inscrições de 13 municípios de 9 estados, docentes de 21 instituições. São contemplados oito professores de seis municípios de quatro estados, representando sete cursos. O estado cujos professores manifestam maior interesse por esta edição é o Rio de Janeiro, com seis inscrições (cinco da capital e uma de Niterói). Minas Gerais figura em segundo lugar na base de dados, com cinco ensaios inscritos (dois de Belo Horizonte, dois de Uberlândia e um de Juiz de Fora). Curioso perceber que os estados do Maranhão e de Santa Catarina tiveram inscrições apenas de professores do interior (Imperatriz e Itajaí, respectivamente), sem despertar interesse de docentes das capitais, que costumam concentrar maior número de inscrições. Integram a Comissão de Seleção os professores Ricardo Mello, da Universidade Católica de Pernambuco (UCP), como representante do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) - parceiro do Itaú Cultural na divulgação das inscrições - e Nísio Teixeira, professor e atual coor9


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

denador do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), selecionado no Rumos Jornalismo Cultural 2007-2008, além do jornalista Claudiney Ferreira, gestor no Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, área responsável pelo Rumos Jornalismo Cultural.

fessores-assistentes, 18 professores, quatro coordenadores de curso e três coordenadores de laboratórios de jornalismo. Na pós-graduação lecionam três professores. Não raro as funções são cumulativas, especialmente entre professores e coordenadores de curso.

De acordo com o edital, cada professor selecionado ganha, entre outros prêmios, 30 livros escolhidos a partir de uma lista elaborada pela Comissão de Seleção e apoio financeiro para o Mapeamento dos Programas de Treinamento nas Empresas de Comunicação em 2012, realizado em grupo, via internet, pelo Fórum Virtual de Discussão mediado pelo professor Nísio Teixeira.

A grande maioria dos docentes inscritos leciona mais de uma disciplina, quatro, em média. As cadeiras campeãs são as relacionadas a teoria (tanto da comunicação quanto da cultura), montagem de projetos, como TCCs e monografias, e as que tratam de redação, seja para rádio, jornal ou de âmbito mais genérico (sete inscrições de cada). É curioso notar que professores de redação estão no rol dos que mais se interessam pelo Rumos Jornalismo Cultural, enquanto o levantamento resultante do trabalho dos docentes contemplados no programa, aponta justamente a redação como um dos principais problemas para a admissão de alunos formandos e jornalistas recém-formados nos veículos de comunicação.

Assuntos Abordados nos Ensaios Inscritos

Certamente, nesta edição, os ensaios inscritos não apresentam muita variedade de temas, visto que desta feita o assunto pedido em edital era mais focado na relação entre academia e mercado – nas edições anteriores, o proposto era dissertar sobre a formação do aluno e/ou o aperfeiçoamento do professor em jornalismo cultural, o que dava mais abertura de explanações. Contudo, observa-se alguma variação de enfoques. Entre os 24 ensaios validados, dez são relatos de experiências laboratoriais dos cursos em parcerias com veículos (a grande maioria em jornalismo cultural, o que já era esperado, visto o próprio DNA do programa, que tem a editoria de cultura como expertise). Outros textos, porém, tratam dos desafios para a formação do jovem profissional na construção da carreira (oito), de reflexões acerca de uma relação direta entre academia e mercado de trabalho (quatro) e dois mais específicos, ao versarem sobre a obrigatoriedade do diploma para obter emprego e sobre o programa ideal de estágio. O Papel do Docente em sua Faculdade

Entre os autores dos 24 ensaios inscritos, observa-se que a maioria vem dos cursos de graduação, sendo dois pro10

Nesta edição, do total de inscrições válidas de professores, nota-se que matérias recorrentes são ainda as relacionadas ao jornalismo nas corporações (assessoria de imprensa, comunicação interna etc.), com seis incidências.

7

Projeto interdisciplinar; projetos de monografia; projetos experimentais; projetos de TCC

7

Redação criativa; redação em radiojornalismo; redação jornalística; texto jornalístico

7

Teoria da comunicação; teoria do jornalismo; teoria da cultura contemporânea

6

Assessoria de imprensa; comunicação empresarial; comunicação interna; estratégia de comunicação

5

Antropologia cultural; comunicação e sociedade; psicologia da comunicação; sociedade e cultura; sociologia geral e da comunicação

5

Comunicação comparada; comunicação e arte; comunicação e cultura; comunicação e educação


4

Crítica teatral; jornalismo cultural; jornalismo e literatura

4

História da comunicação; história da imprensa; história do jornalismo

4

Produção de áudio digital; prática de radiodifusão; radiojornalismo

4

Técnicas de apuração; técnica de projetos em jornalismo; técnicas de reportagem

3

Cultura brasileira; economia e política contemporânea; realidade brasileira

3

Criação promocional; equipe criativa nos processos de comunicação; pesquisa como ferramenta para a criação

3

Ética da modernidade; ética e legislação em jornalismo

3

Pesquisa em comunicação; pesquisa em jornalismo

2 2 2 2 2 2 2 2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Arquitetura da informação Captação e edição em jornalismo Design informacional Entrevista Estética e comunicação de massa Fotografia História da arte Jornalismo impresso Jornalismo local e jornalismo global Jornalismo sindical e institucional Organização de programas de RTV Planejamento gráfico

Conceitos e gêneros jornalísticos Edição em jornalismo impresso; edição jornalística Iniciação ao conhecimento científico; jornalismo científico Introdução ao jornalismo Jornalismo especializado Jornalismo on-line Oficina básica de teatro; oficina de comunicação Realização de filmes; tópicos especiais em cinema Tecnologias da comunicação 11


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Os Selecionados na Carteira Professor e suas Instituições

Alexandra Aguirre – Universidade Castelo Branco (UCB), Rio de Janeiro/RJ, por Das Disciplinas ao Estágio: Percepções dos Alunos sobre Esta Relação. Celso Gayoso – Universidade Federal de Rondônia (Unir), Vilhena, atualmente residindo no Rio de Janeiro/ RJ, por Jornalismo Cultural para Além das Regiões Metropolitanas. Everton Cardoso – Universidade Vale do Rio dos Sinos (UniSinos), São Leopoldo/RS, residente em Porto Alegre/RS, por Formação em Jornalismo Cultural: Produção de Conhecimento e Mediação. Izaura Rocha – Faculdade Estácio de Sá (FES-JF), Juiz de Fora/MG, por Jornalismo em Tempos Hipermidiáticos: Repensar a Formação do Jornalista no Diálogo AcademiaMercado. Lorena Tárcia – Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), MG, por Parceria Empresa/Entidade de Classe/Escola para a Formação de Jornalistas em Tempos de Convergência das Mídias Digitais. Marcos Santuario – Universidade Feevale, Novo Hamburgo/RS, residente em Porto Alegre/RS, por Frequência Livre e Mídia em Foco Unindo Teoria e Prática. Maria Cristina Leite Peixoto – Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), MG, por Jornal da Rua: Informação e Boas Histórias. Thaísa Bueno – Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Imperatriz, por Ferramentas de Interação em Sala de Aula: Como Manter Vivo o Diálogo com o Mercado e com a Cultura do Ciberespaço.

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A Opinião da Comissão de Seleção

O intrínseco, o comparativo e o diverso Nísio Teixeira

Cerca de duas dezenas de propostas foram apresentadas nesta edição do Rumos Jornalismo Cultural – Carteira Professor, com amplo espaço de tempo para leitura e avaliação. À comissão julgadora, o desafio de selecionar e definir aqueles que participarão do novo grupo dessa carteira. E, como bem frisou o professor Marcos Palácios em suas considerações acerca do processo seletivo na última edição do programa, temos como desafio não avaliar o proponente e seu percurso, mas sim a peça proposta, a qual, por isso mesmo, carrega o peso avaliativo de, pelo menos, duas leituras: um exame intrínseco do projeto, seguido de inevitável viés comparativo de cada um deles em relação aos demais. Na primeira, em profundidade, verifica-se em que medida a proposta apresentada atende aos requisitos solicitados pelo edital – desde a solicitação básica do regulamento em questão, passando pelos critérios de clareza, argumentação, uso correto da língua, até aspectos da formatação, entre outros. Na segunda leitura, em paralelo e, obviamente, a posteriori, concatena-se cada proposta junto às demais para definir uma hierarquização qualitativa destas. A essas duas leituras, agregarei uma terceira, que considera a diversidade das propostas como fator importante para a criação, ao final, de um grupo heterogêneo de trabalho. Assim, parti da solicitação básica para este edital do Rumos, que foi a de apontar propostas que evidenciassem as relações entre cursos e empresas de jornalismo e, nesse processo de parceria e capacitação entre universidade e mercado, aquelas que destacassem aspectos referentes à formação desses futuros profissionais. O edital, sabiamente, não fechou questão apenas em textos que analisassem estágios, trainees e outros processos colaborativos, mas ampliou o le-

que para outros relatos e análises de casos sobre o assunto e, mais ainda, reflexões sobre o tema. Como avaliador, considerei que a minha seleção deveria seguir essa diversidade, não priorizando apenas, por exemplo, análises de casos, mas também textos mais reflexivos. Posso afirmar que foi muito interessante constatar como cada proposta abordou essa perspectiva de diversidade. Certamente, muitos relatos e análises de casos surgiram, boa parte deles envolvendo precisamente processos colaborativos – e neles, experiências de blogs, veículos impressos, rádio e TV. Aqui, enquanto uns se detiveram mais na explicação e detalhamento dessas atividades no âmbito escolar, outros avançaram mais em direção à proposta, procurando estabelecer e, mais ainda, discutir e problematizar as linhas efetivas de contato e comunicação da universidade com instâncias do mercado respectivo para cada uma dessas experiências. Por isso mesmo, adotei aí novamente o critério da diversidade neste grupo de trabalhos, no sentido de também chegar ao final com uma seleção de candidatos provenientes de experiências variadas – seja no jornalismo impresso, rádio, TV, internet – procurando, como dito, promover ao final uma heterogeneidade e, consequentemente, maior possibilidade de troca no grupo. Como exposto, além desses relatos de experiências, também muitas reflexões apareceram. Como era de se esperar, algumas examinaram a questão do jornalismo cultural e até mesmo partiram de uma perspectiva mais ambiental, enquanto outras partiam explicitamente para um mergulho mais profundo e direto sobre a proposta solicitada dessa relação empresa-escola, seja sob uma perspectiva histórica, seja sob uma perspectiva do impacto das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) na relação professor-aluno, bem como na própria relação entre universidade e mercado. Em menor quantidade, mas absoluta e igualmente pertinentes, outras propostas examinaram a questão a partir de relatos que lembravam que nem só de TICs vive essa relação, mas de toda palavra e pressupostos caros ao jornalismo tradicional, como o prosaico exercício de sair e percorrer as ruas e aproximar-se de experiências aparentemente distantes do jornalista. 13


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Aqui, uma curiosa constatação: alguns trabalhos apontam as TICs sob uma perspectiva mais otimista e progressista ante o quadro tradicional e mais fechado do ambiente universitário e também movem uma espécie de novo perfil discente emergente nesse quadro de embates. Da mesma forma, alguns trabalhos preferiram não correr o risco de cair em estereótipos e optaram por avançar com exemplos de pesquisas e trabalhos que evidenciassem melhor o próprio argumento. Para mim, sempre foi gratificante ouvir essa perspectiva mais inclusiva, em que alguns trabalhos explicitam as vozes dos alunos e dos profissionais de jornalismo, comentando, discutindo e até mesmo revendo e questionando as próprias experiências e premissas à luz dos argumentos e reflexões propostas. Mas, novamente, procurei estabelecer aqui o critério da diversidade, selecionando os trabalhos assumidamente mais teóricos como também incluindo aqueles que partiam mais diretamente para esse exame de campo. Também procurei definir tanto aqueles que investigavam mais, por exemplo, aspectos que se referem ao jornalismo de hoje e amanhã, como o citado caso do impacto das TICs, como aqueles que consideravam que, não importando o jornalismo do futuro, há lições já consagradas no exercício da profissão que devem ser consideradas – sempre no viés da discussão da formação profissional à luz dessa relação entre universidade e mercado. Obviamente, não sem alguma dificuldade e com duas abstenções (segundo o Manual Interno para Seleção, atitude que obrigatoriamente deve ser tomada pelo avaliador, quando, por exemplo, pelo assunto se identifica o autor do trabalho – o que não causa impacto positivo ou negativo nessas propostas, pois elas hão de ser consideradas pelos outros integrantes do comitê: tanto que ambas acabaram sendo selecionadas) cheguei à minha lista final de oito projetos e dois excedentes, conforme solicitado aos avaliadores. Definida essa lista, chegou a hora de, numa reunião em uma manhã paulistana de outubro de 2011, compará-la com a dos outros integrantes e, não sem surpresa, constatar coincidências positivas na seleção de boa parte dos projetos. Os demais foram definidos após a exposição das argumentações de escolha de cada um (e aí apresentei a linha que expus aqui, buscando, além dos critérios do edital, ainda um 14

aspecto voltado para contemplar a formação de um grupo com características diversas). Finalizando, o arremate conclusivo quase desnecessário dessa seleção foi catalisado novamente pelos critérios do Rumos: só aí é que finalmente conhecemos o nome do autor do texto e sua procedência, no sentido de detectar se havia mais de uma proposta feita pelo mesmo autor e, eventualmente, assegurar também alguma diversidade geográfica. Ao Itaú Cultural e a todos os proponentes meu muito obrigado pela enriquecedora oportunidade e aos selecionados meus sinceros votos de boa sorte.

Rumos para o Jornalismo Ricardo Mello

São próprios do jornalismo o saber pensar e o fazer pensar. Sempre debati, sobretudo em sala de aula, essa necessidade de o jornalista jamais se contentar com a quase automática tarefa do repassador de informações. Há quem defenda essa lógica, de um jeito até sofisticado, às vezes, sob a aura de imparcialidades ou isenções. Prefiro acreditar em um jornalismo comprometido, sim. Com a sociedade. E, portanto, com a verdade. Sobretudo com as aspirações e inspirações de um mundo mais humano e questionador, porque se quer sempre melhor. E é justamente um jornalismo sempre melhor – a favor das necessárias transformações – que parece motivar a existência do Rumos Jornalismo Cultural. O entusiasmo dos que conduzem este barco, numa viagem surpreendente e instigante por todo o Brasil, é o primeiro estímulo. Este que, por si só, é a razão maior do projeto: estimular. E isso dá certo. E do melhor jeito. Porque provoca e “faz pensar” o jornalismo autêntico, aquele que se impregna como sentimento nos estudantes, amadurecendo reflexões e experiências práticas na relação de professores e alunos com o mundo de verdade (o que a gente sonha mais humano, e questionador, porque se quer mais hu-


mano). Desse jornalismo não se pode abrir mão, porque ele alimenta as pessoas. É também assim que elas se fortalecem, com palavras, imagens, sons, informações que nos fazem sentir e pensar. Ajudando-nos a entender a vida e seus movimentos. E a agir. Quando o campo é cultural, então, é produção de vida pura. Foi o que encontrei nos objetos e sujeitos desta edição, na qual fui chamado a mergulhar. E ao me deparar com os trabalhos de todos os que aceitaram o convite, ou a saudável provocação para expor ideias e experiências, vi serem renovadas minhas esperanças no jornalismo que harmoniosamente envolve formação e informação. Estimulante. Motivador o contato com tantos que acreditam e praticam o aprendizado jornalístico dentro das universidades, ou mais precisamente a partir delas e no meio do mundo. Esse mesmo aprendizado que foi agredido por decisão judicial, mas sobreviveu e, de certa forma, até se fortaleceu durante a inusitada crise de identidade. Porque jornalismo não pode temer crises. Jornalismo não pode ter medo. Os trabalhos que li me diziam isso o tempo todo. Olhando de frente para questões desafiadoras. Estão presentes ali as relações que nos colocam em rede, em teia, e nos fazem responsáveis pelo novo: professor-aluno, universidade-mercado. É preciso reconhecer onde e como estamos nós diante das tecnologias que se transmutam em ritmo alucinante. É preciso se posicionar. O Rumos indiretamente nos lança perguntas. Talvez as principais interrogações que o cotidiano nos impõe. E é inerente aos jornalistas a busca por respostas. Ali, em dezenas de trabalhos, orientados por uma linha que o programa aponta, estão mobilizadas energias de reflexão e ação, dentro e fora da internet, da sala de aula, dos grandes centros urbanos. Iluminadas por um chamado que procura rumos, com foco e liberdade criativa. Pautado na essência dos seus princípios, observa-se processos de renascimentos do jornalismo – ou reencontros com ele mesmo. Em um conjunto repleto de originalidades, que ao mesmo tempo sugere o quanto do mesmo jornalismo se quer e se exerce nos mais diversos recantos do país. Aqui está a riqueza do descobrir e reafirmar caminhos. Consolidando rumos. De maiores ou menores portes, todas as experiências se mostram grandes,

na capacidade de revitalizar, cumprir papéis, coletivizar e, também por meio do programa que os acolhe, compartilhar resultados efetivos. Inclusive merece mesmo referência essa característica marcante: ao aproximar, ao permitir diálogos, o Rumos Jornalismo Cultural capilariza-se, espalha-se ao disseminar boas novas, e se torna irreversivelmente mais consistente. Simultaneamente cresce enquanto fortalece, a cada passo, o jornalismo profissional, com formação universitária. Participar do programa, na condição de jurado da Carteira Professor, representando o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), levou-me a reencontrar os mais fortes argumentos a favor do jornalismo profissional. Eles estão em cada trabalho, justificativa, depoimento, produto. Nessas experiências vive o compromisso com o outro, o ar que o (bom) jornalismo respira, quando olha para a sociedade. O Rumos nos apresenta um registro atualíssimo do que se trata e do que trata o jornalismo. Uma profissão admitida como instrumento e processo fundamentais, porque o mundo busca respostas e jornalistas sabem fazê-lo. Em teoria e prática. Em escolas e veículos de comunicação espalhados pelo Brasil inteiro. As experiências que conheci são, a meu ver, um reconhecimento dos compromissos do jornalismo e, também, dos compromissos de cada um dos envolvidos com o jornalismo. Estejam no pequeno jornal de bairro ou imersos em mutantes recursos tecnológicos, em metrópoles ou cidades interioranas, professores e estudantes investiram no tal saber pensar e fazer pensar. Propuseram-se a isso, racionalmente, querendo entender e avaliar passos, construindo conhecimento – por essa razão estamos nas universidades. Compartilhando informações e descobertas, de todos nós, compreendemos melhor o papel mediador e processador do jornalista profissional, que acaba por torná-lo um ser social peculiar, no desenvolvimento das suas tarefas, com uma espécie de cotidiana função reveladora. Daí pode vir o estímulo a reflexões e atitudes transformadoras. Para mim, fica a certeza de que é isso também o que o Rumos pretende. E consegue. Melhor para todos nós, jornalistas ou não, comprometidos com um mundo que se quer sempre melhor. Mais humano e questionador. Ou questionador para ser mais humano. 15


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Os Livros Escolhidos pelos Professores Contemplados

Título

Autor

30.000 km pelo Brasil Rumos Brasil da Música – Pensamentos e Reflexões

Núcleo de Música do Itaú Cultural (org.)

50 Contos de Machado de Assis

John Gledson (org.)

A Ditadura Derrotada

Elio Gaspari

A Ditadura Encurralada

Elio Gaspari

A Ditadura Envergonhada Elio Gaspari A Ditadura Escancarada

Elio Gaspari

A Era dos Extremos

Eric J. Hobsbawm

A Era dos Festivais

Zuza Homem de Mello

A Feijoada que Derrubou o Governo

Joel Silveira

A História da Arte

E. H. Gombrich

A Noite da Madrinha

Sergio Miceli

A Sangue Frio

Truman Capote

A Televisão Levada a Sério Arlindo Machado ABC da Literatura

Ezra Pound

Apocalípticos e Integrados

Umberto Eco

As Cem Melhores Crônicas Brasileiras

Joaquim Ferreira dos Santos (org.)

As Melhores Crônicas de Zuenir Ventura

José Carlos de Azeredo (org.)

As Penas do Ofício – Ensaios de Jornalismo Cultural

Sergio Augusto

Brasil Século XX – Ao Pé da Letra da Canção Popular

Luciana Salles Worms e Wellington Borges

Chatô, o Rei do Brasil

Fernando Morais

Chega de Saudade

Ruy Castro

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Título

Autor

Contos Completos de Lima Barreto

Lilia Schwarcz (org.)

Crítica Cultural – Teoria e Prática

Marcelo Coelho

Da Diáspora – Identidades Stuart Hall e Mediações Culturais Dialética do Esclarecimento

Theodor Adorno e Max Horkheimer

Dicionário do Teatro Brasileiro: Temas, Formas e Conceitos

Jacob Guinzburg e outros (org.)

Diferentes, Desiguais e Desconectados

Néstor García Canclini

Dois Irmãos

Milton Hatoum

Dos Meios às Mediações

Jesús Martin-Barbero

Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana

Nei Lopes

Ética, Jornalismo e Nova Mídia Uma Moral Provisória

Caio Tulio Costa

Fama & Anonimato

Gay Talese

Filme

Lílian Ross

Hamlet no Hollodeck

Janeth Murray

História da Literatura Ocidental (4 vol.)

Otto Maria Carpeaux

Hiroshima

John Hersey

Homem Secreto – A História do Garganta Profunda

Carl Bernstein e Bob Woodward

Inventário das Sombras

José Castello

Jornalismo Cultural

Daniel Piza

Jornalismo e Literatura

Antonio Olinto


Título

Autor

Lado B

Sérgio Augusto

Mário Pedrosa: Itinerário Crítico

Otília Beatriz Fiori Arantes

Muito Além do Espetáculo Adauto Novaes Na Pior em Paris e Londres George Orwell Nove Noites

Bernardo Carvalho

O Afeto Autoritário: TeleRenato Janine Ribeiro visão, Ética e Democracia O Berro Impresso das Manchetes – Crônicas Completas da Manchete Esportiva 55-59

Nelson Rodrigues

O Cinema Brasileiro Moderno

Ismail Xavier

O Grande Livro do Jornalismo - 55 Entrevista com Grandes Escritores Jornalistas

Jon E. Lewis

O Homem sem Qualidades Robert Musil O Imperador

Ryszard Kapuscinski

O Leitor Comum

Virginia Woolf

O Livro dos Insultos

H. L. Mencken

O Livro no Jornal – Suplementos Literários dos Jornais Franceses e Brasileiros nos Anos 1990

Isabel Travancas

O Olho da Rua

Eliane Brum

O Pianista no Bordel

Juan Luis Cebrian

O Planeta Mídia: Tendências da Comunicação na Era Global

Título

Autor

Os Melhores Jornais do Mundo

Matías M. Molina

Páginas Ampliadas Jornalismo Literário

Edvaldo Pereira Lima

Papel-jornal – Artigos de Jornalismo Cultural

Marcelo Rollenberg

Pena de Aluguel – Escritas Cristiane Costa Jornalísticas 1904-2004 Por Trás da Entrevista

Carla Mühlhaus

Radical Chique e o Novo Jornalismo

Tom Wolfe

Realidade Re-vista

José Carlos Marão e José Hamilton Ribeiro

Redes da Criação – Construção da Obra de Arte

Cecilia Almeida Salles

Revisão Crítica do Cinema Brasileiro

Glauber Rocha

Rumo à Estação Finlândia

Edmund Wilson

Seis Propostas para o Próximo Milênio

Ítalo Calvino

Sem Trama e sem Final 99 Conselhos de Escrita

Anton Tchekhov

Sobre a Televisão

Pierre Bordieu

Sobre Ética e Imprensa

Eugênio Bucci

Tristes Trópicos

Claude Lévi-Strauss

Um Bom Par de Sapatos e Anton Tchekhov um Caderno de Anotações Um Diário Russo

Dênis de Moraes

John Steinbeck e Robert Capa

Uma História da Leitura

Alberto Manguel

O Povo Brasileiro

Darcy Ribeiro

O Prazer do Texto

Roland Barthes

Uma História Social da Mídia

Asa Briggs e Peter Burke

O Super-homem Vai ao Supermercado

Norman Mailer

Videologias

Maria Rita Kehl e Eugênio Bucci

Operação Massacre

Rodolfo Walsh

Os Dez Dias que Abalaram o Mundo

John Reed

Vultos da República – Os Melhores Perfis Políticos da Revista Piauí

Humberto Werneck (org.)

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capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

A Carteira Estudante A Carteira Estudante tem um total de 156 reportagens inscritas validadas, de universitários residentes em 66 municípios de 17 estados, matriculados em 74 cursos de 77 campi. São selecionados 12 universitários de 11 municípios e oito estados, matriculados em dez cursos. A Comissão de Seleção é formada por Angélica de Moraes, curadora, crítica de artes visuais e jornalista da revista seLecT; Antonio Prada, diretor global de conteúdo do Portal Terra (parceiro do Itaú Cultural na criação, desenvolvimento e gerenciamento da Categoria Reportagem para Web), a professora Isabel Travancas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), representante da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (parceira do Itaú Cultural na divulgação das inscrições), e João Luís Gago, professor da Universidade Nove de Julho (UniNove), além do jornalista Claudiney Ferreira, representando o Itaú Cultural. Já os destaques da premiação são um Laboratório Online de Jornalismo Cultural, para produção de reportagens ora exibidas sob orientação e edição do jornalista e escritor José Castello, com direito a bolsa mensal, além de uma coleção de 20 livros – para o aluno e para a biblioteca de sua faculdade – indicada pela Comissão de Seleção. Categoria Mídia Impressa

Inscrição: 101 inscritos de 44 municípios e 16 estados, matriculados em 50 cursos de 51 campi. Seleção: seis selecionados de cinco municípios e quatro estados, matriculados em quatro cursos. Estado, Cidade, Instituição

Desta vez, Minas Gerais é o estado de onde vem o maior número de inscrições – num total de 20 (12 da capital). Paraná e São Paulo empatam com 16 ocorrências, seguidos por 12 do Rio de Janeiro, nove da Paraíba e 18

cinco do Rio Grande do Norte. A UFMG é a instituição campeã de alunos interessados por essa categoria, com sete reportagens inscritas. As Pautas

A exemplo do biênio 2009-2010, os perfis são a preferência de pauta (30 ao todo, entre músicos, grupos de teatro, escritores, artistas visuais). Temas que tratam do comportamento – incluindo tendências da vida contemporânea como moda e tecnologia – aparecem com 19 inserções, empatados com os que referenciam a cultura popular, tratando da memória e da identidade cultural nas mais diversas regiões do Brasil. O que chama a atenção nesta edição é um maior interesse pela economia da cultura – como políticas públicas, de inclusão social ou mesmo incentivo ao turismo cultural, com 15 reportagens. Nesta edição, também a exemplo da anterior, matérias de agenda são as que menos aparecem – apenas sete (entre shows, exposições, artes cênicas). A salientar a total exclusão de reportagens sobre cultura estrangeira no Brasil e cultura como instrumental na educação, que pela primeira vez não figuram no mapa de inscrições.

30

Perfil (de artistas, grupos ou instituições das mais diversas expressões artísticas)

19

Comportamento (moda, música, internet, sexo, televisão etc.)

19

Cultura popular, memória, identidade cultural

15 11 7

Políticas públicas, economia da cultura, inclusão social Crítica (cinema, música, teatro etc.) Agenda (festas populares, shows, espetáculos de artes cênicas etc.)


Os Selecionados

As Pautas

Antonio Laudenir – Faculdade Cearense (FaC), Fortaleza/CE, selecionado por A Palavra como um Abraço.

Na produção audiovisual, os perfis também se destacam – sete. Mas nessa categoria, matérias de agenda sobem para o segundo lugar no interesse geral, com quatro produções, empatando com pautas sobre a economia da cultura – nunca antes listada nessa categoria. Curiosamente, reportagens que tratam de cultura popular ficam na lanterninha do ranking, com apenas três vídeos, igualando-se com os de comportamento. Vale ressaltar, ainda, o total desinteresse por reportagens que tratam de mídia e mercado, que até a última edição aparecia nessa categoria.

Bárbara Altivo – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, por Juventudes Ocupam a Cidade: Cultura e Cidadania em BH. Guilherme Magalhães – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, por Distraídos nos Perderemos. Karen Araujo – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), residente em São João do Meriti/RJ, por Literatura de Mulherzinha. Luiza Miguez – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por Eles Escrevem sem Papel: a Literatura Eletrônica Brasileira e seus Autores. Saulo Pereira Guimarães – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por Do Oculto ao Cult – a Vida Secreta de Alcides Caminha ou Carlos Zéfiro. Categoria Mídia Audiovisual

Inscrição: 21 inscritos de 17 municípios de 11 estados, matriculados em 20 faculdades Seleção: duas estudantes de municípios, estados e faculdades diferentes Estado, Cidade, Instituição

Minas Gerais e Rio de Janeiro empatam na maior incidência de inscrições, com quatro cada (a cidade mineira Juiz de Fora e as cariocas Duque de Caxias e Rio de Janeiro, com duas ocorrências; Ouro Preto e Uberlândia, em Minas, com uma). São Paulo ocupa o segundo lugar, com três inscrições (em Campinas, Guarulhos e na capital). Todos os cursos tiveram apenas um aluno inscrito nessa categoria, exceção feita à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), MG, com dois.

7 4 4 3 3

Perfil Agenda cultural Economia da cultura Comportamento Cultura popular e identidade cultural

As Selecionadas

Allana Meirelles – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), MG, contemplada por Trilha Sonora. Carolina Fasolo – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, por Como Ser Feliz Ganhando Pouco: o Lado B do Pop/Rock em Campo Grande. Categoria Mídia Sonora

Inscrição: 16 inscritos de 14 cidades de oito estados, matriculados em 14 faculdades Seleção: duas estudantes de cidades, estados e faculdades diferentes

19


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Estado, Cidade, Instituição

As Selecionadas

São Paulo é o estado que mais desperta o interesse de estudantes nessa categoria, com seis inscrições: Bauru, Campinas, Ibiúna e São Bernardo do Campo com uma inscrição e São Paulo, com duas. Bahia, Maranhão e Rio de Janeiro aparecem logo depois, com duas inserções. Vale destacar que nessa categoria, o número geral de inscrições válidas vem, na maioria, do interior do país: além das já mencionadas cidades do interior paulista, aparecem Lauro de Freitas e Vitória da Conquista (BA); Juiz de Fora (MG), Teutônia (RS), Magé e Rio de Janeiro (RJ). Somente nos estados do Maranhão, Paraná e Santa Catarina as inscrições aparecem exclusivamente de suas capitais (duas de São Luís e uma de cada um dos outros estados). Vale ressaltar que apenas a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), de São Luís, aparece com duas inscrições. Todas as outras instituições tem apenas uma ocorrência.

Amanda Cotrim – Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC/Camp), SP, contemplada por Comunidade Jongo Dito Ribeiro.

As Pautas

Agenda

O Rio de Janeiro lidera essa tabela, com cinco inscrições, nenhuma da capital (duas de Duque de Caxias e Nova Iguaçu e uma de Resende). Minas Gerais e Rio Grande do Sul aparecem empatados em segundo lugar, com três inserções (as cidades mineiras de Belo Horizonte, com duas inscrições, e Uberlândia, com uma; as gaúchas Independência, com uma, e Porto Alegre, com duas). Bahia e São Paulo ficam em terceiro lugar, com duas ocorrências (para as baianas Cachoeira e Feira de Santana junto com as paulistas Jundiaí e São Paulo). Apenas três cursos aparecem com duas inscrições cada: Faculdade Pinheiro Guimarães e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ambas com sede na capital carioca, e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), em Porto Alegre.

Crítica

As Pautas

Cultura e educação

Os blogs que perfilam artistas e instituições das mais variadas expressões artísticas são os campeões absolutos, com oito ocorrências. Outros assuntos quase não merecem destaque: apenas dois blogs falam de cultura popular, economia da cultura, crítica e mídia e mercado. Já comportamento e agenda aparecem em terceiro lugar, com apenas uma inscrição cada.

Como no último biênio, temas da cultura popular despertam mais o interesse dos aficionados do rádio, com um total de cinco inscrições, seguidas por matérias de comportamento, em número de três. Agenda cultural e crítica são temas de duas reportagens cada. Já as pautas de economia da cultura, perfil, mídia e mercado e cultura e educação ganham apenas uma inscrição cada.

5 3 2 2 1 1 1 1 20

Cultura popular e identidade cultural Comportamento

Economia da cultura Mídia e mercado Perfil

Amy Loren – Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, por Divinas Caixeiras. Categoria Reportagem para Web

Inscrição: 18 inscritos de 14 cidades de oito estados, representantes de 15 faculdades Seleção: duas estudantes de cidades, estados e faculdades diferentes Estado, Cidade, Instituição


8 2 2 2 2 1 1

Perfil Cultura popular e identidade cultural Crítica Economia da cultura Mídia e mercado Agenda Comportamento

As Selecionadas

Bárbara Pustai – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), Porto Alegre, selecionada por Cinemateca Capitólio: um Patrimônio Cultural para Porto Alegre. Cíntia Carvalho – Faculdade Campo Limpo Paulista (FaCamP), SP, residente em Jundiaí/SP, por Claudio Albuquerque, o Grande Arteiro Jundiaiense. Vale observar que Cíntia Carvalho se desligaria do programa antes de seu término.

21


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

A Opinião da Comissão de Seleção

O Voo Vitorioso dos Besouros Angélica de Moraes

Jornalismo cultural, no Brasil, é desafio profissional constante. Coisa para teimosos e obsessivos. Ao contrário de outras áreas da cobertura jornalística (como a econômica, por exemplo) não há muitas premiações ou incentivos. Não há, em geral, políticas editoriais específicas, mesmo nos grandes veículos de comunicação. Predomina a mentalidade extrativista da época do Ciclo do Ouro do Brasil Colônia: havendo talentos, são colhidos. Não se investe no setor, apenas se colhe. Aliás, até se prejudica o plantio, espalhando-se a falácia de que jornalismo não precisa de diploma. Certamente essa é ótima tese para achatar a remuneração dos profissionais e dar falsas pistas de ascensão aos recém-chegados. Em nome da competência universal para área tão específica, criam-se as bases para a reposição acelerada de mão de obra. Mesmo quando (e isso é raro) há boa oferta de formação cultural nos cursos de jornalismo, o recém-diplomado só costuma ter como incentivo no ambiente de trabalho seu próprio e puro instinto de sobrevivência. Nesse contexto, Rumos Jornalismo Cultural é a exceção que confirma a regra. O programa organiza e desenvolve há várias edições diversos mecanismos eficazes de apoio. Um deles é a seleção dos inscritos na Carteira Estudante, para abrir oportunidades a jovens talentos. Emergi dessa experiência na comissão de seleção com uma radiografia pouco animadora dos resultados do ensino na área. Ou, pior, sobre os reflexos de uma estrutura de ensino precária desde seus alicerces. Sabemos que é difícil escrever texto de leitura fácil. Mais difícil ainda é fazer isso sem abrir mão do conteúdo, apren22

dendo a traduzir complexidades em transparências, sabendo perguntar e anotar respostas. Essa tarefa se tornou ainda mais difícil, ironicamente, nesta época em que todas as respostas parecem estar na internet. Parecem. Esta é armadilha que derrubou muitos candidatos. Há, ainda, universitários que fazem pesquisa escolar e acham que estão fazendo reportagem cultural. A transcrição escamoteada de trechos da Wikipédia demonstra que o suposto autor do texto não soube digerir as informações copiadas para transformá-las em conclusões próprias. Há quem confunda release com informação final. Há quem entreviste apenas as fontes oficiais, esquecendo que jornalismo é atividade propositiva e não meramente reativa. Burocracia e bom jornalismo são como água e óleo: não se misturam. As versões oficiais devem apenas servir de pauta para muitas e até incômodas perguntas cujas respostas é que vão se constituir em reportagem. Há muito bom-mocismo entre os inscritos para esta seleção de Rumos. Se a autoridade da área falou, está falado. Não há o contraditório, não há o outro lado. Parece haver enorme vocação para o conto de fadas e os óculos cor de rosa. Tudo tem de terminar bem. A conclusão da reportagem deve ser “positiva” mesmo que se atropele a capacidade de raciocínio do leitor. Há, no máximo, o relato do “jeito que as coisas são” e escassos trabalhos têm um questionamento do que pode vir a ser. Mesmo quando um problema é identificado, a maioria “espera” (sic) uma solução oficial. Como esperaria o maná caído dos céus. Seria redundante falar em maus tratos ao idioma pátrio. Quando não se sabe pensar, não se sabe escrever e vice-versa. Acho preocupante que a maioria dos inscritos tenha confundido cultura geral com cultura popular e folclore. Certamente o folclore faz parte da cultura, mas a insistência nesse viés de produção nos faz concluir que a formação cultural dos estudantes está, em grande parte, subordinada a preconceitos que só contribuem para a elitização da cultura. Como se ao povo só fosse aberta a oportunidade de vivenciar o folclore e não toda a vasta e rica produção da cultura nacional


e internacional, um patrimônio da humanidade e não apenas de certas camadas sociais. Na área de artes visuais, por exemplo, há raríssimos trabalhos inscritos e a maioria deles demonstra um conhecimento rudimentar do que seja criação artística. Ainda reverberam o lugar comum da “inspiração” vigente no século XIX, como se a produção artística não fosse capacitação profissional que depende de estudo teórico e técnico. Os estudantes selecionados, assim, ganham relevância ainda maior. São vencedores no significado mais profundo da palavra. Porque venceram um enorme conjunto de fatores que fazem de suas vitórias algo como o voo dos besouros. A aerodinâmica diz que os besouros não podem voar. Mas eles voam. Meu especial abraço à representante da Universidade Federal do Maranhão, instituição que pela quarta vez consecutiva (em quatro edições, diga-se) está presente entre os vencedores. No Maranhão, construir essa vitória é bem mais difícil.

Em Busca do Rumo Antonio Prada

O Rumos Jornalismo Cultural chega à quarta edição e algumas reflexões importantes se fazem necessárias. O programa do Itaú Cultural tem o mérito de ler a produção universitária e discutir o conteúdo do ponto de vista prático e crítico, tentando compreender os papéis e as funções da mídia, da academia e das instituições culturais no jornalismo de cultura brasileiro. Mas como qualquer programa do gênero carrega os vícios de uma tradição que vem derrapando na fórmula fácil e na burocracia de intenções. O que primeiro incomoda a bancada responsável por avaliar os trabalhos é o já tradicional conforto dos participantes, na Carteira Estudante, em buscar quase sempre temas ligados ao que se convencionou chamar de cultura popular. É como se o fazer jornalístico tivesse uma dívida eterna com um tipo de cultura que parece fadada ao marginalismo dos

meios. Sempre a pobre coitada. Devem imaginar que há algum apelo emocional ou de “raiz” para fazer aflorar o tema de forma tão recorrente. Ou, mais filosófico, uma questão de atitude nobre de um aspirante de jornalista para defender a fragilizada cultura nacional, representada por artesãos e artistas que lutam para sobreviver em condições precárias. É hoje, sem dúvida, a síndrome de McDonald’s que assola programas do gênero voltados a estudantes. O que está por trás, na verdade, em primeiro lugar, é a falta de fato em si, algo que no jornalismo é básico. Mais: o fato, no caso de um estudante de jornalismo, poderia estar conectado diretamente ao seu cotidiano na faculdade e à sua vida social. Há alguma dúvida de que o universo é vasto, rico em texturas e variado? Pouco se viu disso nos trabalhos apresentados em 2011. Preferiram, a maioria, temas obsoletos, muitos da dita cultura popular, sem o crivo da qualidade, em que tudo vale. Outra reflexão que veio à tona no processo de avaliação dos trabalhos foi o tsunami do cut and paste. Se isso já é uma realidade no cotidiano de trabalhos escolares, parece ter invadido sem cerimônia também a seara dos programas para estudantes. Textos longuíssimos que foram recortados, colados e alterados para dar a ideia de “grande e sólido conhecimento” na exploração do tema. Um tiro pela culatra, fácil de identificar. Óbvio que os meios digitais e o Google em particular são fontes relevantes de informação. Mas tornou tão abundante e onipresente a informação que deixou jornalistas e leitores reféns. No mau sentido. Além, é claro, das óbvias questões éticas, que são a base do bom jornalismo. No que tange exclusivamente à categoria web reportagem há uma compreensão errônea do conceito. Ou talvez o próprio conceito já esteja desgastado e sem sentido, já que o jornalismo é um só. Sim, o meio é digital. O tipo de consumo de informação é novo. Se o usuário hoje se relaciona com a informação através de um PC, de um celular ou de um tablet, cabe a quem produz para as plataformas entender o meio, os recursos e a linguagem e fazer o melhor uso. No caso do Rumos o meio da web reportagem é o blog. O blog, por natureza, une linguagens e permite texto, foto, vídeo e interatividade. As ferramentas de web per23


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

mitem apresentar uma reportagem de maneira diversa e mais completa do que outros meios. Permitem construir uma pauta de forma interativa, através de redes sociais, por exemplo. Permitem a tradução de dados de forma dinâmica e gráfica. Poucos participantes foram além do óbvio na categoria. Com exceção de links de referencias externos e alguns vídeos embeded, os inscritos se resumiram a reportar de forma convencional e sem interagir com o meio e o novo consumidor de informação. Não é uma tarefa fácil, visto que as próprias universidades e o mercado de trabalho ainda engatinham na conjugação dos verbos digitais. Mas esse é o principal mérito do Rumos: trazer à tona a realidade da universidade e discuti-la. Sem medo. Em busca de um rumo. Ou, melhor, de vários rumos.

Aprendizes de Jornalismo Cultural Isabel Travancas

Participar como jurada do programa Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 – Carteira Estudante foi uma alegria e um aprendizado. A indicação do meu nome pelo professor Antonio Hohfeldt como representante da Intercom foi uma honra para mim e para a Escola de Comunicação da UFRJ onde leciono. Entrar em contato com o trabalho de estudantes de todo o Brasil e saber o que andam produzindo foi muito rico e saciou uma parte de minha enorme curiosidade sobre isso. Quando estou em sala, falando com meus alunos, sempre me pergunto o que estarão pensando e fazendo os estudantes de outras regiões do país, assim como quais seriam seus interesses e como escreveriam. Pude ler, ver e ouvir esses muitos trabalhos, principalmente de jornalismo impresso, o que deixou claro para mim que há um grande universo de estudantes interessados na cultura brasileira. Essa, eu diria, foi a parte positiva. Por outro lado, fiquei triste ao perceber o quanto 24

ainda escrevem mal. Erros de português de várias espécies – revisão, concordância e ortografia – apareceram, infelizmente, em grande quantidade. E com mais intensidade nos textos de web jornalismo. O que me fez pensar em o quanto a internet “liberou” essa juventude levando-a a escrever do jeito que quiser. Mas escrever corretamente continua sendo condição fundamental para os futuros jornalistas. Precisamos também ponderar que esses jovens não vieram de Marte. São fruto de um país que durante um longo período da sua história não investiu em educação, não estimulou a leitura, nem exigiu conhecimento de português de seus nativos. Esse aspecto também foi percebido pelos outros membros do júri. Aliás, um dado interessante e estimulante foi que, embora eu não conhecesse nenhum dos jornalistas participantes e estivesse ali como representante do campo universitário e acadêmico, surpreendeu-me a sintonia e a afinidade na análise dos textos, na seleção dos melhores trabalhos e nos itens que deveriam ser priorizados. Um dos pontos privilegiados por todos nós foi a ideia de potencial do aluno presente na matéria. Perceber que o estudante estava interessado em inovar, em ser criativo pesou na seleção. E, pensando que o objetivo do programa Rumos é ajudar os jovens selecionados a desenvolver suas capacidades e aptidões, corrigindo suas falhas e inexperiências, esse foi um critério importante. Notamos também em várias reportagens um certo “engajamento” desses estudantes. Tomam partido de seus objetos, elogiam os trabalhos, reclamam da falta de incentivo aos artistas e produtores culturais Brasil afora. Por um lado esse idealismo e esse envolvimento juvenil tão distantes do ar blasé dos veteranos da profissão me encantam. Entretanto, também acho importante que eles possam refletir, tanto sobre o papel do jornalista na sociedade quanto sobre o texto que estão produzindo. Não se espera deles press releases adjetivados, nem “adesão” à causa cultural, ainda que muitas vezes “o mundo” espere isso deles. A função do jornalista, a meu ver, é ser capaz de se envolver, de se apaixonar pelo tema e por seus entrevistados, sem deixar de manter um distanciamento que o fará refletir e não só se


emocionar. E, mesmo acreditando nos seus entrevistados, não deixará de checar suas afirmações. Estudantes do Rio de Janeiro e de São Paulo não foram maioria no projeto e isso me surpreendeu positivamente. Esses dois estados concentram universidades, verbas, editoras, cinemas, shows, livrarias e teatros, mas muita coisa interessante acontece fora desse eixo e essas matérias são a expressão disso. Estudantes das cinco regiões do Brasil se inscreveram e os 12 selecionados também representam essa diversidade, pois são alunos de Porto Alegre e Juiz de Fora, de São Luís e Campo Grande, Campo Limpo Paulista e Fortaleza, fato que só reforça a importância e a abrangência do Rumos Jornalismo Cultural. O número reduzido de reportagens sobre o livro e a literatura me chamou atenção. Infelizmente não causou surpresa. Só confirmou o quanto esse segmento da cultura não é privilegiado. Por isso fiquei especialmente contente com duas matérias de jornalismo impresso selecionadas. Foram elas: Eles Escrevem sem Papel: A Literatura Eletrônica Brasileira e seus Autores, de Karen Araujo, e Literatura de Mulherzinha, de Luiza Miguez. E fiquei mais contente ainda quando descobri que as autoras eram alunas da ECO/UFRJ, depois da seleção. Por fim, gostaria de elogiar o programa que já está completando quatro edições e enfatizar a necessidade de sua ampla divulgação em todas as universidades brasileiras para que, cada vez mais, seus excelentes resultados se multipliquem.

UMA CARTOGRAFIA DA PRODUÇÃO UNIVERSITÁRIA João Luis Gago

Após duas temporadas como consultor para a área de TV do programa Rumos Jornalismo Cultural, recebi o

honroso convite para ser integrante da comissão de seleção da carteira Estudante. E foi com a vertigem da polifonia que encarei as dezenas de produções para jornalismo impresso, além das criações para rádio, televisão e web. Absorver essa cartografia, assim, de um só gole, me fez refletir sobre o sentido da cultura, aquela que, para Jean-Luc Godard é regra, sendo a arte exceção. Um autor também polifônico, Néstor García Canclini, nos ensina que já em 1952 havia quase 300 formas de se definir cultura. Em 2001, Melvin Lasky escrevia sobre a banalização do conceito de cultura e apontava 57 usos diferentes do termo. Essa face múltipla fica evidente na produção dos inscritos para o Programa Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012: a cultura sem subvenção; a cultura que não existe mais, a que está morrendo, que deixou de interessar aos habitantes de uma pequena cidade; a cultura como forma de resistência, choque, enfrentamento, negociação; a cultura enquanto raiz; a cultura como antena para captar o que está aí, no ar, palpitando; a cultura no bizarro, no diferente, no que destoa do lugar comum, a do louco de esquina; a cultura enquanto pele e camisa, hoje mais camisa do que pele, conforme nos alerta Hobsbawm; as novas tecnologias possibilitando formas inéditas de produção cultural – tudo isso está nos trabalhos inscritos, como um vitral do hibridismo social. A diversidade de abrangência da cultura fica evidente em alguns dos temas inscritos: é jornalismo cultural uma reportagem que retrata os mendigos de uma cidade? E o intercâmbio universitário globalizado? E um travesti que se transforma em pastor e promete a “cura” para a homossexualidade? Dona Beja, esse personagem que virou até tema de telenovela, é história ou é jornalismo ou é as duas coisas ao mesmo tempo? Cultural? A diversidade de “culturas” ou identidades de povos colonizadores de um bairro, ou ainda a vida de um grupo de imigrantes na grande metrópole, é cultura ou é sociologia ou são as duas coisas ao mesmo tempo? E uma estranha matéria para a categoria audiovisual que ensina a preencher currículo – preencher currículo é cultura? Bem, talvez ela possa ser incluída numa das quase 300 formas usadas para se definir cultura nos anos 1950. 25


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Durma-se com um barulho desses: entender a produção em jornalismo cultural hoje é admitir que o embargo, aquela estranha prática adotada pelas majors do mercado de entretenimento e pelos grandes jornais e revistas, faz parte do jogo; é admitir que a distribuição de bens de consumo culturais exerce uma influência muito maior do que a própria produção. É admitir, ainda, que a internet está aí, para, paradoxalmente, furar esse bloqueio e, por outro lado, confirmá-lo. É levar em conta que o conceito de “notícias que você pode usar” envolve também a área de cultura e confirma o entrelaçamento econômico e ideológico do jornalismo e da publicidade. Um aspecto fundamental do Rumos Jornalismo Cultural é mostrar através das frestas, das brechas, o que pensa um garoto ou uma garota do Maranhão, da Paraíba, do Mato Grosso, do Rio Grande do Sul etc. Como um estudante de jornalismo articula sua produção com a cultura e o que essa garotada considera cultura. Poder ter acesso a esse painel foi um privilégio. Tomara tivéssemos programas similares espalhados por todo o país.Dura constatação: a triste performance com a língua portuguesa, padrão quase comum a todos os inscritos e mais ou menos esperado a quem leciona numa universidade como eu. É importante salientar que a verdadeira tragédia que se dá, hoje, na educação brasileira não pode e não vai ser corrigida pela universidade. O ensino de base no Brasil é tão ruim, mas tão ruim que não há universidade que dê jeito nisso. Outro detalhe: alguns dos melhores trabalhos selecionados têm como pauta o fazer literário, o que é muito significativo. Jornalista tem de saber estabelecer relações cognitivas, tem de saber escrever bem – e a literatura é a base para isso. Fica como sugestão: o Programa Rumos Jornalismo ser estendido a outras áreas da produção jornalística – a econômica, a política, a científica e a ambiental, por exemplo. E que ele seja divulgado com mais intensidade em nossas universidades. Por fim, umas palavras aos estudantes participantes, principalmente aos que ficaram de fora – elas são de uma velha canção de Galvão, dos Novos Baianos: “Mesmo que não dê em nada/quero seus lábios abertos/numa sugesta geral”. 26

Coleção de 20 livros sobre jornalismo e cultura enviada aos universitários selecionados e também às bibliotecas de seus cursos

Título A Sangue Frio Apocalípticos e Integrados As Cem Melhores Crônicas Brasileiras As Penas do Ofício – Ensaios de Jornalismo Cultural Dialética do Esclarecimento Dois Irmãos Fama & Anonimato Hiroshima Inventário das Sombras Nove Noites O Berro Impresso das Manchetes – Crônicas Completas da Manchete Esportiva 55-59 O Livro no Jornal – Suplementos Literários dos Jornais Franceses e Brasileiros nos Anos 1990 O Olho da Rua Papel-jornal – Artigos de Jornalismo Cultural Pena de Aluguel – Escritores Jornalistas 1904–2004 Seis Propostas para o Próximo Milênio Sobre a Televisão Sobre Ética e Imprensa Um Bom Par de Sapatos e um Caderno de Anotações Uma História Social da Mídia

Autor Truman Capote Umberto Eco Joaquim Ferreira dos Santos (org.) Sergio Augusto Theodor Adorno e Max Horkheimer Milton Hatoum Gay Talese John Hersey José Castello Bernardo Carvalho Nelson Rodrigues

Isabel Travancas Eliane Brum Marcelo Rollenberg Cristiane Costa Italo Calvino Pierre Bordieu Eugênio Bucci Anton Tchekhov Asa Briggs e Peter Burke


Estados com maior número de inscrições:

8

10

33 20 o mapa do brasil

31

29

15

Inscrição: 180 inscritos de 71 municípios de 18 estados, provenientes de 74 cursos espalhados em 77 campi. Seleção: 20 contemplados de 12 municípios de oito estados, provenientes de 16 cursos em 17 campi. Nas próximas páginas há um grande painel com todas as inscrições validadas da quarta edição do programa Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012, com dados das duas carteiras unificados por estado, município de residência declarado pelo inscrito e instituição (com marcação de sua cidade-sede). A Carteira Estudante apresenta as quatro categorias, uma ao lado da outra, para melhor visualização – reportagem em mídia impressa (MI), mídia audiovisual (MA), mídia sonora (MS) e web (WR). A Carteira Professor (CP) não é dividida em nenhuma categoria. Conforme informado no início desta radiografia, a cidade listada é sempre o município declarado como o de residência do inscrito, não sendo, necessariamente, a cidadesede/estado da instituição em que trabalha ou estuda.

Minas Gerais é o estado campeão de inscrições, com 33 ocorrências, seguido por São Paulo (31), Rio de Janeiro (29), Paraná (20), Rio Grande do Sul (15), Paraíba (10) e Maranhão (8). Quatro capitais figuram como municípios que mais tiveram inscrições – Belo Horizonte (16), São Paulo (14), Rio de Janeiro (13) e Porto Alegre (10). Entre as instituições de ensino, três lideram o ranking com oito inscrições: UFMA, sendo cinco do campus São Luís e três do Imperatriz; e as belorizontinas UFMG e UniBH. Logo atrás empatam a PUC/RS, UFJF e UFRJ, todas com seis ocorrências. Nesta quarta edição do programa, nove estados não tiveram inscritos neles residentes: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Goiás, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins. Há de se observar, porém, que Rondônia aparece no mapa das inscrições como estado-sede da instituição de ensino de um inscrito, que atualmente não reside em sua zona de atuação. 27


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Bahia Cidade de Residência do Inscrito Cachoeira Feira de Santana Lauro de Freitas Malhada de Pedras Vitória da Conquista

Instituição (Cidade/Estado) CP MI Univ. Fed. do Recôncavo da Bahia (Cachoeira/BA) Fac. Anisio Teixeira (Feira de Santana/BA) Unibahia (Lauro de Freitas/BA) Uesb (Vitória da Conquista/BA) 1 Uesb (Vitória da Conquista/BA)

MA

MS WR 1 1 1

Instituição (Cidade/Estado) CP MI Fac. Cearense (Fortaleza/CE) 1 Fac. Integrada da Grande Fortaleza (Fortaleza/CE)

MA MS WR Total 1 1 1

1

Total 1 1 1 1 1

Ceará Cidade de Residência do Inscrito Fortaleza

Distrito Federal Cidade de Residência do Inscrito Brasília Taguatinga

Instituição (Cidade/Estado) Univ. Católica de Brasília (Taguatinga/DF) Univ. Católica de Brasília (Taguatinga/DF)

CP MI MA MS WR Total 1 1 2 2

Instituição (Cidade/Estado) Ufes (Vitória/ES)

CP MI MA MS WR Total 1 1

Instituição (Cidade/Estado) UFMA (Imperatriz/MA) UFMA (São Luís/MA)

CP MI MA MS WR Total 1 2 3 2 2 1 5

Espírito Santo Cidade de Residência do Inscrito Serra

Maranhão Cidade de Residência do Inscrito Imperatriz São Luís 28


Minas Gerais Cidade de Residência do Inscrito Belo Horizonte

Frutal Itajubá Juiz de Fora Mariana Ouro Preto Pedro Leopoldo Ubá Uberaba Uberlândia

Instituição (Cidade/Estado) PUC/MG (Belo Horizonte/MG) UniBH (Belo Horizonte/MG) UFMG (Belo Horizonte/MG) Uemg (Frutal/MG) Univ. do Vale do Sapucaí (Pouso Alegre/MG) Estácio de Sá (Juiz de Fora/MG) UFJF (Juiz de Fora/MG) Ufop (Mariana/MG) Ufop (Ouro Preto/MG) UniBH (Belo Horizonte/MG) Fac. Gov. Ozanam Coelho (Ubá/MG) Uniube (Uberaba/MG) UFU (Uberlândia/MG) Univ. Católica de Uberlândia (Uberlândia/MG)

CP MI MA MS 1 2 4 7 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1

WR Total 1 1 7 1 8 1 1 1 5 1 1 1 1 1 1 3 1

Mato Grosso do Sul Cidade de Residência do Inscrito Campo Grande Dourados

Instituição (Cidade/Estado) UFMS (Campo Grande/MS) Uniderp (Campo Grande/MS) Unigran (Dourados/MS)

CP MI MA MS WR 1 1 1 1 1

Total 3 1 1

Instituição (Cidade/Estado) UFMT (Barra do Garças/MT) UFMT (Cuiabá/MT)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 1 2

Mato Grosso Cidade de Residência do Inscrito Barra do Garças Cuiabá

29


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Pará Cidade de Residência do Inscrito Belém

Instituição (Cidade/Estado) Unama (Belém/PA)

CP MI MA MS WR Total 1 1

Instituição (Cidade/Estado) UEPB (Campina Grande/PB) UFPB (João Pessoa/PB)

CP MI MA MS WR Total 5 5 1 4 5

Paraíba Cidade de Residência do Inscrito Campina Grande João Pessoa

Paraná Cidade de Residência do Inscrito Curitiba

Foz do Iguaçu Londrina Paranaguá Ponta Grossa

Instituição (Cidade/Estado) CP MI MA MS WR Total Facinter (Curitiba/PR) 1 1 2 PUC/PR (Curitiba/PR) 1 1 UFPR (Curitiba/PR) 2 2 UniBrasil (Curitiba/PR) 1 1 Univ. Positivo (Curitiba/PR) 2 2 União Dinâmica Fac. Cataratas (Foz do Iguaçu/PR) 1 1 UEL (Londrina/PR) 1 1 Unopar (Londrina/PR) 4 4 UTP (Curitiba/PR) 1 1 UEPG (Ponta Grossa/PR) 5 5

Pernambuco Cidade de Residência do Inscrito Agrestina Caruaru

30

Instituição (Cidade/Estado) Favip (Caruaru/PE) Favip (Caruaru/PE)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 1


Piauí

Cidade de Residência do Inscrito Teresina

Instituição (Cidade/Estado) UFPI (Teresina/PI)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 3

Instituição (Cidade/Estado) Uerj (Rio de Janeiro/RJ) Unigranrio (Duque de Caxias/RJ) Univ. Castelo Branco (Rio de Janeiro/RJ) UFRJ (Rio de Janeiro/RJ) UFRRJ (Rio de Janeiro/RJ) Fac. Pinheiro Guimarães (Rio de Janeiro/RJ) UFJF (Juiz de Fora/MG) UFRRJ (Rio de Janeiro/RJ) Estácio de Sá (Rio de Janeiro/RJ) Uerj (Rio de Janeiro/RJ) UFF (Niterói/RJ) UFRJ (Rio de Janeiro/RJ) UFRRJ (Rio de Janeiro/RJ) Unasp (Engenheiro Coelho/SP) Unir (Vilhena/RO) Unisuam (Rio de Janeiro/RJ) Univ. Castelo Branco (Rio de Janeiro/RJ) UFRJ (Rio de Janeiro/RJ)

CP MI MA MS WR 1 2 1 1 1 1 3 2 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 2

Rio de janeiro Cidade de Residência do Inscrito Duque de Caxias Magé Mesquita Niterói Nova Iguaçu Petrópolis Resende Rio de Janeiro

São João de Meriti

Total 3 1 1 1 1 5 1 1 2 1 1 3 1 1 1 1 2 2

Rio grande do norte Cidade de Residência do Inscrito Natal Parnamirim

Instituição (Cidade/Estado) UFRN (Natal/RN) UFRN (Natal/RN)

CP MI MA MS WR Total 2 2 3 3

31


capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

rio grande do sul

Cidade de Residência do Inscrito Frederico Westphalen Ijuí Independência Porto Alegre

Santa Maria Teutônia

Instituição (Cidade/Estado) Cesnors/UFSM (Frederico Westphalen) Unijui (Ijuí/RS) Univ. Reg. do Noroeste do Est. do RS (Ijuí/RS) Feevale (Novo Hamburgo/RS) PUC/RS (Porto Alegre/RS) UFRGS (Porto Alegre/RS) Unisinos (São Leopoldo/RS) Unifra (Santa Maria/RS) Univates (Lajeado/RS)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 1 1 1 2 2 4 2 6 1 1 1 1 1 1 1 1

Instituição (Cidade/Estado) Univali (Itajaí/SC) Uniarp (Caçador/SC) UFSC (Florianópolis/SC) Univali (Itajaí/SC)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 1 1 1 1 1

Instituição (Cidade/Estado) Unesp (Bauru/SP) PUC/Camp (Campinas/SP) Unasp (Engenheiro Coelho/SP) Univ. Braz Cubas (Mogi das Cruzes/SP) Fac. Anhanguera (Guarulhos/SP) Unip (Campinas/SP) Unasp (Engenheiro Coelho/SP) Unesp (Bauru/SP) FacCamP (Campo Limpo Paulista/SP) USP (São Paulo/SP)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 1 1 3 3 3 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

santa catarina Cidade de Residência do Inscrito Balneário Camboriú Caçador Florianópolis Itajaí

São Paulo

Cidade de Residência do Inscrito Bauru Campinas Engenheiro Coelho Ferraz de Vasconcelos Guarulhos Hortolândia Ibiúna Itu Jundiaí São Bernardo do Campo

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São Paulo

Cidade de Residência do Inscrito São Paulo

Taubaté Votuporanga

TOTAL

Instituição (Cidade/Estado) Fac. Cásper Líbero (São Paulo/SP) ESPM (São Paulo/SP) Fiam/Faam (São Paulo/SP) Paulus (São Paulo/SP) PUC/SP (São Paulo/SP) Senac (São Paulo/SP) SP Escola de Teatro (São Paulo/SP) Umesp (São Bernardo do Campo/SP) Unip (São Paulo/SP) USJT (São Paulo/SP) USP (São Paulo/SP) Unitau (Taubaté/SP) Unifev (Votuporanga/SP)

CP MI MA MS WR Total 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 1 3 1 1 1 1 1 1

24

101 21

16

18

180

Curiosidades em relação às edições anteriores:

Entre as peculiaridades desta edição do Rumos Jornalismo Cultural, está a seleção de inscritos pela quarta vez consecutiva da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), desta vez com uma estudante do campus São Luis e uma professora do campus Imperatriz, e pela terceira vez consecutiva, a Carteira Professor elege profissionais do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), desta vez, duas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aparece pela terceira vez seguida na Carteira Estudante, e nesta edição, com três universitários. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) também marca sua terceira vitória, agora com uma estudante.

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capítulo 1 | O Mapa dos Inscritos

Carteira professor

Alexandra Aguirre

Celso Gayoso

Everton Cardoso

Izaura Rocha

Lorena Tárcia

Marcos Santuario

Maria C. L. Peixoto

Thaísa Bueno

Nísio Teixeira, mediador Fotos: Rubens Chiri

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Carteira Estudante

Antonio Laudenir

Bárbara Altivo

Guilherme Magalhães Karen Araujo

Luisa Miguez

Saulo P. Guimarães

Allana Meirelles

Carolina Fasolo

Amanda Cotrin

Amy Loren

Bárbara Pustai

Cíntia Carvalho

José Castello, editor

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capĂ­tulo 2

Tempos Contemporâneos Babi Borghese


U

ma reta deixou de ser o caminho mais curto entre dois pontos. O Laboratório Online de Jornalismo Cultural oferecido pelo Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 aos universitários da Carteira Estudante só precisou de um click para ligar pessoas dos estados do Ceará, do Maranhão, do Mato Grosso do Sul, de Minas Gerais, do Paraná, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de São Paulo – que ao longo do período deram lá suas esticadinhas pela Alemanha e Dinamarca, além de outras localidades do Brasil, a título de viagens de trabalho, férias, estudos ou mesmo para a produção das reportagens realizadas naquela redação virtual. O mesmo click numa tecla de computador uniu profissionais da Carteira Professor no Fórum Virtual de Discussão para fazer pesquisas, gente do Maranhão, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Rondônia e de São Paulo. A exemplo dos estudantes, os professores também tiveram que se deslocar de suas cidades vez por outra (com direito até a uma voltinha pelo Canadá), ficando à mercê de fusos horários insones para os chats, lan houses desconfortáveis e bandas não muito largas de hotéis. Neste biênio, o ponto de ligação que tornou ambos os trabalhos possíveis foi o software Pátio, da CiaTech Soluções Digitais, o antigo b2learn da Zaine Software que ao mudar de mãos deixou de ser uma ferramenta de educação à distância para se tornar uma rede social corporativa aplicada à gestão de conhecimento coletivo. Trocando em miúdos, o que o Rumos Jornalismo Cultural já fazia experimentalmente com a Zaine passou a ter chancela institucional na CiaTech, demonstrando uma evolução de mercado a uma direção em que o Itaú Cultural já trilhava desde 2004.

Um Pátio com Duas Salas

Em dezembro de 2010, por ocasião da reunião de todos os selecionados desta quarta edição na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, os 12 universitários e os oito professores contemplados são apresentados à plataforma e, a partir de março de 2012, começam os trabalhos via

internet, sob as batutas do escritor e jornalista José Castello (editor do Laboratório Online de Jornalismo Cultural, para a Carteira Estudante) e do também jornalista e professor – atual coordenador de curso – Nísio Teixeira (mediador do Fórum Virtual de Discussão da Carteira Professor), que mata saudades do programa, já que foi selecionado em 2007 e retorna agora como colaborador, acabando por se empolgar e se envolver no trabalho prático de pesquisa. O trabalho no Laboratório é produzir as reportagens culturais ora publicadas na revista eletrônica contemporaneo.singular, além de fazer reflexões críticas sobre o jornalismo cultural e leituras comentadas. O do Fórum é manter um canal aberto de articulação entre os docentes, para fazer pesquisas que resultam no Mapeamento dos Programas de Treinamento das Empresas de Comunicação em 2012. Os processos de ambas as empreitadas – cada uma em sua sala específica - estão devidamente registrados passo a passo no Pátio, para manter a memória da edição entre seus participantes. O Fórum

Para realizar o terceiro mapeamento do programa – o primeiro foi o Mapeamento do Ensino de Jornalismo Cultural no Brasil em 2008 e o segundo, Mapeamento do Ensino do Jornalismo Digital no Brasil em 2010 – neste ano de 2012 os professores selecionados vencem um desafio a mais: ultrapassam os limites da academia e invadem os veículos de comunicação. Metodologia

1. Levantamento do objeto de pesquisa (a partir de mailing da assessoria de imprensa do Itaú Cultural). 2. Divisão de tarefas por grupos de trabalho. 3. Criação e produção de um questionário no Google Docs (com posterior envio, tabulação e análise de dados). 37


capítulo 2 | Tempos Contemporâneos

4. Seleção e convites para Grupo Focal para aprofundamento de questões relevantes descobertas no questionário (com acompanhamento in loco). 5. A partir dos conteúdos reunidos, definição de temas adjacentes para textos autorais e criação do projeto editorial para a publicação. Para um trabalho sistêmico como fazer uma pesquisa assinada por profissionais de todo o Brasil, o Pátio é usado da seguinte forma: registrar o processo do mapeamento, passo a passo, na ferramenta Fórum – que também serve para abrigar todos os capítulos do e-book, tópico a tópico; postar documentos de leitura, consulta rápida, links referenciais etc. na ferramenta Assuntos; e chats quinzenais, que otimizam as decisões de maneira rápida e precisa.

38

O grande destaque do trabalho, certamente, é o Grupo Focal, numa segunda-feira, 30 de julho. Para ele são convidados representantes de veículos que são diretamente responsáveis pelo treinamento de jovens para o futuro – do próprio treinando e também do grupo de comunicação, já que muitos são contratados e até fazem carreira onde começaram. Pela primeira vez o Itaú Cultural reúne a grande imprensa para participar de um encontro que não seja coletiva ou seminário de jornalismo. Inclusive, no grupo formado por diretores, gerentes e coordenadores não há repórteres em busca de notícias, a trocar figurinhas com colegas que se encontram a toda hora por aí. Gestores que nem se conheciam logo na primeira hora de conversa se tornam, se não amigos, pelo menos bons colegas de profissão. No dia seguinte, de volta às suas vidas cotidianas, solicitam amizade no Facebook.


Cronograma

Março – preparação da pesquisa com leituras referenciais e discussões. Abril – divisão de tarefas e formação de mailing para pré-teste do questionário. Maio – preparação e envio dos questionários de préteste; formação de mailing geral para envio do questionário aprovado no pré-teste. Junho – início da tabulação e análise de dados; montagem do projeto editorial. Julho – seleção de nomes para montar o Grupo Focal a partir das respostas mais relevantes dos questionários e posterior convite, além da formatação e realização do encontro; contratação da jornalista e editora Maria José Silveira para consultoria editorial da publicação. Agosto – redação e edição dos capítulos do livro, incluindo o de ensaios individuais; preparação dos textos por parte da consultora editorial. Setembro – fechamento dos textos da publicação. Outubro – avaliação crítica do trabalho; início da produção editorial do e-book. O Laboratório

O editor José Castello propõe no início do ano que as reportagens tratem da cultura contemporânea. Ao longo do primeiro mês, discute-se em chats o que é e a que veio esse tal século XXI para que, em seguida, os universitários busquem suas pautas. A primeira conversa trata da modernidade líquida de Zygmunt Bauman, numa tentativa de refletir sobre os limites que se desfazem e a incapacidade de se apropriar dos conhecimentos sobre arte contemporânea, armazená-los e mantê-los em mente, num momento mais do que veloz em que as ex-

pressões artísticas se misturam; as ideias não tem começo, meio e fim; e tudo é processo e experimentalismo. O sujeito de hoje é complexo, fragmentado, contraditório. Tudo em sua volta se torna qualquer coisa. Todos fazem tudo. Artista multimídia, jornalista multimeios, consumidor de multiarte, pensador de multitudo, “fazedor” de multicoisas, num multitempo que se esvai a cada multissegundo. Os jovens “repórteres-rumeiros” foram às ruas – a pé, pela cidade; a dedo, pela internet – em busca de fenômenos da cultura contemporânea e acharam pautas assustadoramente inovadoras. Do fenômeno Creepypasta que idolatra a lenda urbana em que Mickey Mouse comete suicídio à corrida frenética pelas ruas de Fortaleza em busca de 13 obras de arte que você não teria na sua casa, mas que o Facebook te impulsiona a caçá-las, fato é que, ao final do Laboratório, em novembro de 2012, ainda não se tem explicações consolidadas que justifiquem esse efêmero comportamento do ser humano do novo milênio, mas embasados pelas ricas reflexões que fizemos juntos, saímos desta edição do Rumos Jornalismo Cultural com uma conclusão reveladora: tal como Heráclito (535 a.C. – 475 a.C.) antevê em tempos nada contemporâneos, “tudo flui, nada é”. Metodologia e Cronograma

A ideia é usar a ferramenta Chat do Pátio para as discussões práticas, os debates sobre a apuração, a argumentação e produção de pautas, visando o trabalho de construção objetiva das reportagens. Em Assuntos, são postados documentos como Referências Bibliográficas, Manual de Redação, Guia da Nova Ortografia etc. A ferramenta Fórum detém as discussões teóricas, com comentários sobre leituras, além das correções dos rascunhos e roteiros das reportagens – versão a versão. As leituras são selecionadas com base em nove dos 20 livros escolhidos da lista oferecida aos selecionados como parte do prêmio. A saber: Março – discussões sobre o conceito de contemporâneo. Leitura do mês: Um Bom Par de Sapatos e um Caderno de Anotações, de Anton Tchekhov. 39


capítulo 2 | Tempos Contemporâneos

Abril – apuração, definição e aprovação da pauta para uma reportagem preliminar. Leitura do mês: O Olho na Rua, de Eliane Brum. Maio – realização da reportagem preliminar a título de exercício. Leitura do mês: As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, de Joaquim Ferreira dos Santos (org.). Junho – avaliação da primeira reportagem; orientações jurídicas para licenciamento. Leitura do mês: As Penas do Ofício: Ensaios de Jornalismo Cultural, de Sérgio Augusto. Julho – ampliação da primeira reportagem para transformá-la em reportagem final para publicação; início das consultorias especializadas de Eduardo Baszczyn (mídia sonora) e Everton Constant (mídia audiovisual), para produção das reportagens eletrônicas (até setembro); contratação do quadrinista Bruno Ortiz para desenhar a reportagem em quadrinhos do blog. Leitura do mês: Pena de Aluguel: Escritores-Jornalistas 1904-2004, de Cristiane Costa. 40

Agosto – realização das reportagens; contratação dos fotógrafos Bruno Senna (MG), Marília Camelo (CE) e Tom Cabral (PE) e do cartunista Emílio Damiani (SP) para ilustrar as reportagens. Os paulistas André Seiti (Itaú Cultural) e Richner Allan (Auditório Ibirapuera) também fotografam e gravam vídeos; contratação da Libero+ para montar o multisite Rumos Jornalismo Cultural. Leitura do mês: O Berro Impresso das Manchetes: Crônicas Completas da Manchete Esportiva 1955-1959, de Nelson Rodrigues. Setembro – fechamento das reportagens. Leitura do mês: Inventário das Sombras, de José Castello. Outubro – fechamento e montagem do multisite. Leitura do mês: O Livro no Jornal: Suplementos Literários dos Jornais Franceses e Brasileiros nos Anos 1990, de Isabel Travancas. Novembro – avaliação geral do laboratório; consultoria de Lincoln Miyahara (libero+) para montagem do blog; testes do multisite. Leitura do mês: Seis Propostas para o Próximo Milênio, de Italo Calvino.



capítulo 3

Amálgama de Experiências, Interseções Possíveis Nísio Teixeira


Q

uase um ano depois, impressiona olhar agora a formatação da pesquisa e perceber como ela nasceu do primeiro encontro presencial entre este mediador e os professores selecionados em uma reunião de dezembro. Aí já foi gerada uma pequena ata, que se tornou um primeiro documento-síntese da proposta. Em janeiro, começava o ano e testávamos nosso primeiro chat integrando comentários provenientes de vários pontos do país entre os colegas para, já no papo on-line seguinte, iniciarmos a formatação da pesquisa. Esse primeiro momento da discussão foi bastante enriquecedor em especial para a formatação final do roteiro; a divisão do trabalho e o respectivo cronograma de atividades. Aqui, em especial, destacaria as conversas em torno do foco da pesquisa, crucial ao seu próprio desempenho: a escolha pelas empresas de comunicação que ofereciam programas de treinamento ou estágio para estudantes recém-formados. Chegar a cada um dos substantivos que compõem a frase anterior foi objeto de muita boa conversa em torno da cena comunicacional brasileira, mas também do método de pesquisa. Outro momento-chave foi a experiência do questionário, não só a sua formatação como a plataforma escolhida e, em seguida, a divisão do trabalho. Apesar dos temores iniciais de viabilidade e resposta, além de alguns problemas operacionais e da decepção pela ausência do retorno de algumas empresas, ter metade das respostas recebidas propiciou um momento de ânimo importante ao grupo e a certeza de que estávamos no rumo certo. Mais que isso, evidenciou como valeu a pena ir e voltar, chat após chat, texto off-line após texto off-line, na criação das perguntas. Exercício sempre marcado aqui e ali pela dica de um texto, livro, tese, que pudesse efetivamente contribuir uns com os outros na construção do trabalho. As respostas, ao evidenciar um universo ainda mais intrigante, permitiram enxergar como as empresas apontavam esse desafio do treinamento na direção das escolas, mas inclusive sobre elas mesmas. A experiência do grupo focal veio confirmar como as inquietações eram partilhadas, de

fato, por ambas as esferas e, novamente, apontar a necessidade de compreensão e entendimento de ambas as partes – que, ao final, não se mostraram nem tanto à parte assim... Comecei a coordenar esse diálogo entre academia e mercado primeiro com o olhar de um professor universitário que passou pela vivência profissional da reportagem e edição; ex-diretor sindical e, também, como ex-participante da primeira experiência do Rumos Jornalismo Cultural – Carteira Professor. Cabe destacar que, no meio do percurso de nossa pesquisa, assumi a função de coordenador do curso de comunicação social da UFMG – e também no meio de duas greves e, em nosso caso, na transição entre dois currículos e dois sistemas operacionais. A carga de trabalho foi intensiva, mas pude acompanhar ainda mais de perto muitas das questões e problemas levantados pelos representantes das empresas, pelos coordenadores e, sempre importante, entender melhor como tudo isso repercutia nas experiências vivenciadas pelos próprios alunos, confirmar algumas decisões internas – como não permitir o estágio no primeiro ano do curso e criar uma comissão de professores supervisores para a questão – e programar alguns ajustes no percurso. Por refletir, de certa forma, esse amálgama de vivências, acredito que a pesquisa quer agora se desdobrar em outras: por isso, esperamos que representantes sindicais; dos programas de treinamento e estágio de empresas; coordenadores de curso e, claro, estudantes encontrem nesse mapeamento questões importantes para ser incorporadas às suas próprias indagações e experiências. A trajetória e os méritos desse trabalho, contudo, só foram possíveis graças ao esforço e desempenho do conjunto dos professores, da consultora Maria José Silveira, do suporte do pessoal do Itaú Cultural a quem agradeço aqui, representados pelos nomes de Babi Borghese e Claudiney Ferreira. A todos, meus sinceros agradecimentos!

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capítulo 4

Diário de uma Aventura José Castello


O

Laboratório Online de Jornalismo Cultural de 2012 foi, como nas edições passadas, uma inesquecível aventura. O sentimento se repetiu nessa nova edição, que teve como tema o contemporâneo. O mundo contemporâneo é fluido, impreciso, vago. É um mundo repleto de armadilhas e de paradoxos. Começamos a trabalhar, por isso, cheios de cuidados e de suspeitas. Seria possível dar conta, através do jornalismo, de algo que apenas começa a se esboçar? E que, apesar disso, já acontece de forma tão inexorável e veloz?

2001, com o atentado de Nova York, mas no ano de 1970, em São Paulo, quando ela lançou o seu Fluxo-floema. Mas não foi fácil admitir que Hilda incorporava, de fato, um mundo que ainda estava por vir. Amanda ouviu opiniões contraditórias a respeito. Lutou muito, esbarrou em muitos obstáculos, até nos convencer de que Hilda foi, de fato, uma espécie mundana de anjo anunciador. Sua escrita fluida, traçada em uma rede de vozes, é a prova maior disso. Amanda chegou a outras. Hilda foi uma mulher interessada na ciência. Estudou física quântica quando os leigos ainda não lhe davam grande importância. Via para além de seu tempo. Não precisou se valer do avanço técnico para isso. Muitas vezes, o contemporâneo se expressa para além da técnica. Se expressa em coisas mais simples, como um livro.

Quando Allana, de Juiz de Fora, nos apresentou a proposta de uma reportagem sobre a “arte pelo celular”, a primeira sensação foi a de que a experiência não passava de uma simples brincadeira. No máximo um jogo, como tantos outros que se aproveitam do avanço tecnológico. Há, de fato, um aspecto de jogo – de desafio – na “arte pelo celular”. A começar, porque ela faz uma parceria decisiva com o instantâneo e o acaso – dois elementos fundamentais de nosso século XXI. Largado em um lugar inesperado, por exemplo, em uma cesta deixada no chão, um celular pode registrar cenas inesperadas. Pode fixar o imprevisível. Eles capturam, para nosso espanto, parte daquilo que parece não só fluido, mas impossível de registrar. Essa “arte portátil” entra em sincronia com um mundo no qual o avanço da técnica deixa tudo “à mão”. O imediato, o instantâneo e o veloz também podem se transformar em arte e em invenção, Allana conseguiu demonstrar com sua reportagem.

Foi também o que nos mostrou Amy, de São Luís, com a descoberta de seus “imaginautas”. Artistas que vivem em rede e criam em rede, reproduzindo, assim, em seu processo criativo, muitos dos princípios de nosso tempo. Embora eles não a descartem, a tecnologia não lhes parece fundamental. Não: não é apenas nos avanços técnicos e nas novas máquinas – também Amy nos levou a aceitar – que detectamos sinais consistentes do contemporâneo. Apesar de nossas resistências iniciais, ela nos mostrou que eles se espalham pelo mundo cotidiano e que podem tomar formas, na aparência, comuns. O espírito do contemporâneo se infiltra em nossas vidas e em nossos pequenos atos. Os “imaginautas” provam isso.

É muito difícil delimitar o que é o contemporâneo. Dispomos de algumas impressões, algumas intuições, e pouco mais. Quando o mundo contemporâneo começou? Já afirmaram que a era moderna se encerrou com o atentado às torres gêmeas em Nova York no ano de 2001. Ali, nossas ilusões se esfarelaram. Entramos, então, em um período de pulverização e instabilidade planetária. Uma era líquida, disforme. Contudo, bem antes dela, alguns personagens – que tiveram a sabedoria de viver além de seu tempo – já a anunciaram. Foi o que Amanda, de Campinas, descobriu na figura da escritora Hilda Hilst (19302004). Se usarmos a obra de Hilda como parâmetro, talvez o mundo contemporâneo tenha começado não em

Por vezes, os personagens adquirem aspectos tensos, de aparência até mesmo paranoica. Transformam-se em pura correria e perseguição. Foi o que viu Antonio quando descobriu, em Fortaleza, o projeto Monstra. Telas são espalhadas, aleatoriamente, pela capital cearense. Através da internet, é possível acessar algumas pistas. Inicia-se, assim, uma caça ao tesouro. Estranho tesouro, que rompe com os padrões modernos de bom gosto, reunindo quadros que “você jamais teria em sua casa”. Ainda assim, ou por isso, eles são perseguidos, conquistados e, logo em seguida, deslocados para outros cenários. É uma arte móvel e persecutória, que se parece muito com o desaguar de janelas que observamos nas telas dos computadores. An45


capítulo 4 | Diário de uma Aventura

tonio transpôs essa atmosfera para sua reportagem, exibindo assim aspectos bastante incômodos da atmosfera contemporânea. Não é fácil viver em nosso tempo. O que será do velho jornalismo diante de um mundo que se esquiva e que não se deixa capturar? Ainda será possível falar em notícia, ou em manchete, em um mundo que se desenrola em tamanha velocidade e no qual os acontecimentos se empilham de modo simultâneo e aterrador? Novas formas de jornalismos, porém, começam a se esboçar na esperança de dar conta desses novos tempos. Elas são o objeto da reportagem de Bárbara Pustai, de Porto Alegre. Esse novo jornalismo não se limita a incorporar os avanços da tecnologia, como no caso dos newsgames, uma das novidades mostradas por Bárbara. Mas recupera antigas estéticas, como a dos quadrinhos. Bárbara soube neles identificar um esforço importante, ainda que insipiente, para dar conta do contemporâneo. Tudo é ainda muito precário. A reportagem de Bárbara – como quase todas as outras – trabalha, apenas, com esboços. O importante, porém, é a luta para a invenção de novos caminhos, que sincronizem com os tempos difíceis, mas fascinantes, em que vivemos. Tempos em que também a vida diária se torna veloz e asfixiante, exigindo a criação de respiradouros que ventilem nossas rotinas. Daí a importância, hoje, dos coletivos que se dedicam à arte urbana. Em Belo Horizonte, outra Bárbara, de sobrenome Altivo, flagrou um desses esforços pequenos, mas luminosos, para recuperar algum sentido em um mundo que se caracteriza pelo dispersar dos fragmentos. Descobriu o projeto Travessão – Coletivos em Conversa, que transporta as artes visuais para o suporte banal das traseiras dos ônibus. Com ele, obras de arte em forma de busdoors transformam a cidade em uma galeria a céu aberto. Lançando seu olhar para além das fronteiras de Minas, Bárbara Altivo descobriu ainda, em Salvador, o Grupo de Interferência Urbana (GIA), que pretende recuperar a identidade pública de uma urbe cada vez mais privada. Em meio aos outdoors de publicidade, por exemplo, o grupo promove ações artísticas que pregam a “não propaganda”. De volta a Belo Horizonte, Bárbara encontrou, ainda, o grupo Perca Tempo que – na contra46

mão da ideia dominante de que nunca temos tempo a perder – distribui panfletos pelas ruas que, em um retorno à lentidão do passado, ensinam “dez maneiras incríveis de perder tempo”. Essas intervenções são sinais sutis, mas importantes, de que, em meio à rapidez do contemporâneo, um rumor delicado ainda pode ser entreouvido. Algumas vezes, o contemporâneo, por estranho que pareça, remete não para o futuro, mas para o passado. Como é difícil perceber isso! Foi o que conseguiu, contudo, Carolina, de Campo Grande, quando nos propôs uma reportagem sobre o projeto Memórias do Futuro. No início, tivemos dificuldades para aceitar. Um projeto de resgate de velhas brincadeiras de infância? Não: a proposta de Carolina não parecia em sincronia com nosso tema. No entanto, para recuperar essas velhas brincadeiras, entra em cena a nova tecnologia. Para retornar ao passado, as crianças precisam lidar, ao mesmo tempo, com o futuro. Eis uma característica forte do contemporâneo: a superposição de tempos ou, vendo de outra maneira, o esgotar de todos os tempos. Só com o manejo da nova tecnologia (marca do futuro) as crianças puderam recuperar, e perpetuar, suas fantasias mais antigas (restos do passado). Aos poucos, Carolina nos fez entender que o contemporâneo também estava presente ali. Levounos a perceber que o mundo contemporâneo é muito mais amplo e complexo do que, em geral, supomos. Quando Cintia, de Jundiaí, nos apresentou a ideia de uma reportagem sobre o Facedrama, ela nos soou, igualmente, inverossímil. Será mesmo viável um teatro que usa o Facebook como cena? A nós, ainda hoje impregnados pela associação inevitável entre o teatro e o “palco italiano”, a existência de tal drama não parecia possível. Desde os primeiros momentos, e apesar de nossas desconfianças, contudo, Cintia – como fazem os repórteres verdadeiros – acreditou em sua pauta. Infelizmente, ela teve que desistir do Laboratório, não por não ter conseguido fazer sua matéria, mas por motivos pessoais. O esforço para sincronizar com os novos tempos, na maior parte das vezes, é árduo. Não é automático, tampouco é natural. O contemporâneo não nos é oferecido “de bandeja”. Foi o que percebeu Guilherme, de Curiti-


Ainda será possível falar em notícia, ou em manchete, em um mundo que se desenrola em tamanha velocidade e no qual os acontecimentos se empilham de modo simultâneo e aterrador?

ba, em seu esforço para capturar novas formas de “livros aplicativos”, ou “app-books” – livros que empurram os e-books para um súbito passado. São experiências que ainda engatinham. Não é fácil chegar a elas. Houve momentos em que o próprio Guilherme julgou que nem as encontraria. Mas, depois de muito batalhar, os primeiros esboços de “app” apareceram e foram capturados. Os novos livros incorporam imagens, sons, recursos que, por hábito, deles excluímos. Sua execução ainda envolve muitos desafios técnicos. Mas o futuro já está aí – e nada mais contemporâneo do que isso. O cotidiano em rede, que define nosso mundo, extrapola, outras vezes, o domínio da técnica para se instalar, por exemplo, na esfera da economia. Foi o que descobriu Karen, do Rio de Janeiro, quando chegou aos “financiamentos coletivos”. Trata-se de uma forma contemporânea da velha “vaquinha”, que usa a internet como veículo. Fãs querem trazer um artista ao Brasil. Não há dinheiro. Através da web, formam correntes de admiradores que se juntam para bancar seu sonho. Foi mais uma pauta que, a princípio, despertou alguma suspeita. A “vaquinha” é um procedimento antigo. Que novidade haveria ali? Karen nos convenceu, porém, de que o importante é o modo como a tecnologia se apropria de velhos procedimentos para transformá-los em novos aparatos. É o modo – mais uma vez – como o passado alimenta o futuro. Essa apropriação nem sempre se faz de modo tranquilo. Foi o que descobriu Luiza, do Rio de Janeiro, quando nos propôs uma reportagem sobre o “remix literário”. Todos conhecemos os DJs das discotecas e o modo como eles misturam, a bel-prazer, suas músicas favoritas. Ao contrário da música pop, porém, a literatura é conside-

rada um mundo “sério”. No entanto, descobriu Luiza, já existem autores, aqui e no exterior, que nela repetem os procedimentos dos DJs, trabalhando na técnica de colagem de textos alheios. Persistente, Luiza chegou a descobrir que isso já foi feito, até, por Mário de Andrade com seu célebre Macunaíma. Teria o contemporâneo começado no século XX? Eis uma pergunta, surpreendente, que sua reportagem nos oferece. Maleável, transparente, caracterizado por uma grande mobilidade, o mundo contemporâneo aprecia esses deslocamentos radicais. Tudo o que há de radical o interessa – a começar pelos sentimentos mais arcaicos, como o medo. A descoberta é de Saulo, do Rio de Janeiro, quando chegou ao estranho mundo do “creepypasta”. Um universo de narrativas de terror, construídas a partir de cenas do cotidiano, todas elas pescadas, ao acaso, nas janelas da internet. Faminto, insaciável, o mundo contemporâneo se autodevora. Nele, tudo se transforma com impressionante rapidez. É na onda da inconstância que o “creepypasta” encontra sua matéria-prima. O que, a princípio, parecia uma brincadeira tola, nos provou Saulo, é um pouco mais que isso: é um jogo às vezes maldoso, às vezes sádico, que reconstrói – com rapidez e risco – a realidade atual, expondo seus receios e suas feridas. Como em qualquer aventura, nas primeiras semanas estivemos cheios de temores e de suspeitas. O chão parecia vacilar. Nosso tema, o contemporâneo – embora nós estejamos dentro dele! – inalcançável. Aos poucos, contudo, graças à persistência dos alunos, as primeiras imagens começaram a se esboçar. Finda a aventura, e graças à luta dos meninos, podemos oferecer um painel variado e surpreendente do mundo que nos cabe viver. 47


capítulo 5

Quem É Quem 2011 - 2012


O

Rumos Jornalismo Itaú Cultural 2011-2012 contou com a participação de jornalistas, acadêmicos, universitários, técnicos... O instituto agradece a colaboração de todos, independentemente do papel que tiveram ao longo desta edição – selecionados, debatedores, consultores... Entre parênteses relacionamos a atividade que o profissional exerceu no programa. Alex Primo (debatedor) é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui mestrado em jornalismo (Ball State University) e doutorado em informática na educação (UFRGS). Autor de Interação Mediada por Computador e organizador do Mapeamento do Ensino do Jornalismo Digital no Brasil em 2010. Mantém o blog http://alexprimo.com. Vive em Porto Alegre (RS).

blog http://bloguelado.blogspot.com e participa de projetos culturais ligados à universidade. Estagiou no jornal O Imparcial e na Rádio Universidade FM. É assessora de imprensa e produtora cultural da Independente Assessoria. Selecionada pela reportagem Divinas Caixeiras. Vive em São Luís (MA). André Luiz Marchioni (técnico de som) é operador de gravação na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e possui um estúdio de som. Músico, já foi cantor e apresentador de TV. Vive em Campinas/SP André Seiti (editor de foto) é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Atualmente é fotógrafo e editor de fotografia do Itaú Cultural. Vive em São Paulo (SP).

Alexandra Aguirre (professora selecionada) é doutoranda em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), tem graduação e mestrado em comunicação social, é especialista em história da arte e arquitetura e leciona na Universidade Castelo Branco. Selecionada pelo ensaio Das Disciplinas ao Estágio: Percepções dos Alunos sobre Esta Relação. Vive no Rio de Janeiro (RJ).

Angélica de Moraes (integrante da comissão de seleção da Carteira Estudante e debatedora) é jornalista cultural, crítica de artes visuais e curadora. Nos anos 1990, cobriu para o jornal O Estado de S. Paulo as principais mostras internacionais de arte (Kassel, Veneza, Madri, Berlim, Tóquio, Nova York, Washington), atividade que mantém em revistas como Wish Report e seLecT. Vive em São Paulo (SP).

Allana Meirelles (estudante selecionada) estuda comunicação social na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Foi bolsista da Produtora de Multimeios da UFJF, atuando no programa Mosaico, veiculado pela TVE. Estagiou no portal Ecaderno. Selecionada pela reportagem Trilha Sonora. Vive em Juiz de Fora (MG), mas atualmente faz intercâmbio na Universidade de Aarhus, Dinamarca.

Antonio Laudenir (estudante selecionado) estuda jornalismo na Faculdade Cearense. Cursou filosofia na Universidade Estadual do Ceará (Uece), mas não concluiu. Colaborou para agências de publicidade como designer gráfico e integrou a 11ª turma do programa Novos Talentos do jornal O Povo. Selecionado pela reportagem A Palavra como um Abraço. Vive em Fortaleza (CE).

Amanda Cotrim (estudante selecionada) estuda comunicação social na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Já passou pelas rádios CBN e Globo Campinas e atualmente colabora para a revista Caros Amigos. Estudou roteiro cinematográfico na Escola de Cinema em Cuba e realiza um documentário sobre Mazzaropi. Selecionada pela reportagem Comunidade Jongo Dito Ribeiro. Vive em Campinas (SP).

Antonio Prada (integrante da comissão de seleção da Carteira Estudante como representante do Terra) é diretor de mídia do Terra Latam & US, parceiro do Itaú Cultural no Rumos Jornalismo Cultural. É diretor global de conteúdo e produto do Terra (18 países da América Latina, Estados Unidos e Espanha). Foi diretor de novas mídias e editor-chefe do Diário do Grande ABC e colaborador das revistas Bravo! e República. Vive em São Paulo (SP).

Amy Loren (estudante selecionada) estuda jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Mantém o

Armando Antenore (debatedor) é jornalista com pósgraduação em jornalismo literário. É redator-chefe da 49


capítulo 5 | Quem É Quem

revista Bravo!. Foi um dos coordenadores da Associação de Incentivo às Comunicações Papel Jornal, ONG que ajudou a implantar e promovia oficinas de texto, foto e design gráfico para jovens do Jardim Ângela, bairro da zona sul da capital paulista. Vive em São Paulo (SP). Arthur Protasio (debatedor) é escritor e designer de narrativas, graduado em direito com domínio adicional em Mídias Digitais e mestrando em design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Coordena o CTS Game Studies da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é presidente da Associação Internacional de Desenvolvedores de Jogos. Também é criador da série LudoBardo. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Augusto Paim (pauteiro) é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), de onde foi selecionado na edição 2004-2005 do Rumos Jornalismo Cultural. Faz mestrado em escrita criativa na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É curador dos Encontros Internacionais de Jornalismo em Quadrinhos. Mantém o blog www.cabruuum.blogspot. com. Vive em Porto Alegre (RS). Babi Borghese (coordenadora) é publicitária e jornalista. Membro do Who’s Who Historical Society (EUA), trabalhou nos departamentos de comunicação e jornalismo da Rede Record e atualmente coordena a área de literatura do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, responsável pelo Rumos Jornalismo Cultural e pelo Rumos Literatura, entre outros programas da instituição. Vive em São Paulo (SP).

Benny Cohen (integrante do grupo focal) é jornalista pósgraduado em marketing pela Fundação Dom Cabral, com especialização em jornalismo digital pela UFMG. Foi repórter da Band Minas, repórter e apresentador da Globo Minas e repórter e editor do SBT/Alterosa. É editor-geral dos portais Uai, Superesportes e EM Online. Vive em Belo Horizonte (MG). Bernardete Toneto (debatedora) é jornalista, professora na Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), de onde foi selecionada para o Rumos Jornalismo Cultural 20092010. Mestre em comunicação e cultura pelo Programa de Pós-graduação em Integração da América Latina, pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc). Vive em São Paulo (SP). Bruno Araujo (debatedor) é jornalista que já trabalhou com tecnologias, games e cidades. Atualmente, é repórter de Novas Mídias no G1. Vive em São Paulo(SP). Bruno Ortiz (quadrinista) é professor de história, graduando em artes visuais e mestrando em história. Participante de vários Salões de Humor no Brasil e em Portugal. Mantém o blog www.brunortiz.blogspot.com. Vive em Porto Alegre (RS). Bruno Senna (fotógrafo) é fotógrafo e videomaker. Colabora para a Revista Ragga e para o Estado de Minas, além de produzir fotos publicitárias. Foi diretor de fotografia do curta “+” e, em 2008, fez a sua primeira exposição, Paris Toujours. Vive em Belo Horizonte (MG).

Bárbara Altivo (estudante selecionada) estuda comunicação social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Selecionada pela reportagem Juventudes Ocupam a Cidade: Cultura e Cidadania em BH. Vive em Belo Horizonte (MG).

Bruno Thofer (designer gráfico) é fotógrafo e designer. Trabalhou para revistas como Bravo!, Exame e Gloss – nesta última tendo participado do projeto gráfico da revista impressa e digital no iPad –, além de colaborar para o File e Senac. Suas especialidades são nas áreas de identidade visual, editorial, caligrafia e fotografia. Vive em São Paulo (SP).

Bárbara Pustai (estudante selecionada) estuda jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Selecionada pela reportagem Cinemateca Capitólio: Um Patrimônio Cultural para Porto Alegre. Vive em Porto Alegre (RS).

Caio Palazzo (fotógrafo) é fotógrafo que já trabalhou com colegas como Gui Paganini, Luís Crispino e Paulo Vainer no início da carreira. Hoje segue trilha própria fotografando basicamente shows, eventos, natureza e aventura. Vive em São Paulo (SP).

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Carla Miranda (integrante do grupo focal) é coordenadora de desenvolvimento editorial do Grupo Estado, além de ajudar a planejar todas as ações de treinamento para jornalistas que já estão trabalhando no grupo. É, também, coordenadora do curso História do Jornalismo – FOCA, do qual é oriunda. Vive em São Paulo (SP). Carlos Oliveira (debatedor) é jornalista com atuação na área de tecnologia e games. Atualmente, trabalha no G1 Mundo. Toca teclado e arrisca trilhas e conceitos para jogos eletrônicos. Vive em São Paulo (SP). Carolina Fasolo (estudante selecionada) estuda jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Atualmente estagia na Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social. Selecionada pela reportagem Como Ser Feliz Ganhando Pouco: O Lado B do Pop/Rock em Campo Grande. Vive em Campo Grande (MS). Celso Gayoso (professor selecionado) é jornalista, ator e produtor cultural. Chefia o departamento de jornalismo da Fundação Universidade Federal de Rondônia (Unir). Selecionado pelo ensaio Jornalismo Cultural para além das Regiões Metropolitanas. Vive em Vilhena (RO), mas atualmente faz doutorado em comunicação e cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Christina Rufatto (fotógrafa) é fotojornalista. Trabalhou em jornais e revistas e hoje dirige a Agência Rufatto Press, produzindo material editorial e institucional. Vive em São Paulo (SP). Cia. de Foto (fotógrafos) é um coletivo de produção de imagens com forte pesquisa teórica e experimental. Representado pela Galeria Vermelho, produz basicamente ensaios fotográficos assinados em grupo. O coletivo vive em São Paulo (SP). Cíntia Carvalho (estudante selecionada) estuda jornalismo na Faculdade Campo Limpo Paulista (SP), mas desligou-se do Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 antes de seu término. Selecionada pela reportagem

Claudio Albuquerque, o Grande Arteiro Jundiaiense. Vive em Jundiaí (SP). Claudiney Ferreira (gestor) é jornalista, radialista, produtor e gestor cultural, com passagens por revistas do Grupo Abril, Fundação Roberto Marinho, TV Cultura, BBC de Londres, CBN. Atualmente é gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, responsável pelo Rumos Jornalismo Cultural, Rumos Cinema e Vídeo e Rumos Literatura, entre outros programas da instituição. Vive em São Paulo (SP). Claudio Sambuichi (suporte técnico) é engenheiro de produção graduado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Trabalha com e-learning desde 2004 e atualmente é gerente de interação da Ciatech. Vive em São Paulo (SP). Cristiane Costa (curadora) é jornalista. Atualmente é pesquisadora do pós-doutorado do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordena o curso de jornalismo da mesma universidade, onde fez doutorado em comunicação e cultura. Foi editora do Ideias do JB e do Portal Literal. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Daniel Lourenço (assessoria jurídica) é advogado especializado em propriedade intelectual. Formado em direito pelo Centro Universitário Unifieo, trabalha na consultoria jurídica do Itaú Cultural e atua no terceiro setor desde 2008. Vive em São Paulo (SP). Deize Novello (participante do grupo focal) é administradora; especialista em gestão estratégica de pessoas e negócios, educação a distância e docência para educação profissional. Atua na área de gestão de pessoas, na coordenação da educação corporativa do Grupo RBS. Vive em Porto Alegre (RS). Eduardo Baszczyn (consultor) é jornalista e escritor. Trabalhou na Rádio CBN como repórter, editor e apresentador. Foi âncora dos jornais da Rádio Bandnews FM, locutor dos programas de literatura e música da web Rádio Itaú Cultural e fez reportagens para o canal Futura. Vive em São Paulo (SP). 51


capítulo 5 | Quem É Quem

Eliane Brum (oficineira) é repórter, escritora e documentarista. Colunista do site da revista Época, tem quatro livros sobre jornalismo publicados, além do romance Uma Duas. É codiretora e corroteirista do filme Uma História Severina e codiretora de Gretchen Filme Estrada. Vive em São Paulo (SP). Emicida (debatedor) é músico considerado uma das maiores revelações do hip hop nacional, acumulando milhões de acessos no YouTube e em seu perfil no MySpace. Seu esquema faça-você-mesmo de mixtapes vende cópias de CDs de mão em mão e pela internet. Vive em São Paulo (SP). Emilio Damiani (ilustrador) é desenhista e caricaturista. Formado em comunicação visual, trabalhou na Folha de S.Paulo, no jornal Shopping News, na editora Brasiliense e nas revistas semanais IstoÉ, Veja e Exame. Vive em São Paulo (SP). Ercilene Oliveira (integrante do grupo focal) é jornalista, pós-graduada em teoria da comunicação e possui MBA em gestão empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Rede Amazônica de Rádio e Televisão, foi editora de textos do telejornal Jornal do Amazonas. Integrou a equipe que implantou o sistema de televisão digital na TV Amazonas, onde atualmente é gerente de jornalismo. Vive em Manaus (AM). Espen Aarseth (debatedor) é professor do departamento de Media and Comunication da Universidade de Oslo. Autor de Cybertext: Perspectives on Ergodic Literature, criou conceitos fundamentais para a teoria dos games e da literatura eletrônica. É editor chefe do Game Studies. Vive Dragør, Dinamarca. Everton Cardoso (professor selecionado) é jornalista, mestre e doutorando em comunicação e informação. Atua como repórter no Jornal da Universidade (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS) e leciona na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS). Selecionado pelo ensaio Formação em Jornalismo Cultural: Produção de Conhecimento e Mediação. Vive em Porto Alegre (RS). 52

Everton Constant (consultor) é jornalista. Gerente de conteúdo do portal Terra, é responsável pelo gerenciamento do serviço de conteúdo e operação de internet TV do Terra na América Latina. Tem passagens pelas Redes Bandeirantes, Record, Globo e Manchete, além do jornal Gazeta Mercantil. Foi professor dos cursos de jornalismo do Senac e Faculdade Cásper Líbero. Vive em São Paulo (SP). Fábio Malini (oficineiro e curador) é doutor em comunicação, professor de jornalismo na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e ativista do Fórum de Mídia Livre e da Universidade Nômade. Consultor do Onda Cidadã – Mapeamento do Midialivrismo no Brasil para o Itaú Cultural e mantém o blog http://fabiomalini.wordpress.com/. Vive em Vila Velha (ES). Flávio Motonaga (webdesigner) é publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Iniciou carreira em agências off-line e há 12 anos dirige a líbero+, empresa de webmarketing, atendendo clientes como Nestlé, Philips, Leroy Merlin, Saint-Gobain e Redecard, além de colaborar com a formação de identidades para ONGs e projetos sociais. Vive em São Paulo (SP). Giselle Beiguelman (debatedora) é editora da revista seLecT. Midiartista e professora universitária da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Atua nas áreas relacionadas à criação, curadoria e crítica de artemídia. Foi curadora do Nokia Trends e diretora artística do Instituto Sergio Motta. Vive em São Paulo (SP). Gonzalo Frasca (oficineiro) é desenvolvedor de games, tendo assinado o primeiro videogame oficial para uma campanha presidencial americana. Foi diretor criativo da PowerfulRobot Games, estúdio que trabalhou para clientes como Pixar e Disney. É PhD e titular da cadeira de Videogames da ORT Universidade de Montevideo (Uruguai), onde vive. Guilherme Magalhães (estudante selecionado) estuda comunicação social na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e trabalha no jornal Rascunho. Selecionado pela reportagem Distraídos Nos Perderemos. Vive em Curitiba (PR).


Gumersindo Lafuente (debatedor) é professor da Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, presidida por Gabriel García Márquez, e membro da Red Iberoamericana de Periodismo Cultural. Foi diretor de mídia digital do jornal El País, transformando seu desenho e organização da redação, num processo que se tornou referência mundial e colocou o jornal entre os líderes da internet. Vive em Madri, Espanha. Humberto Werneck (oficineiro) é escritor e jornalista com passagens por Jornal da Tarde, Veja e IstoÉ. Entre seus livros, destacam-se O Desatino da Rapaziada; o songbook Chico Buarque Letra e Música, revisto, ampliado e relançado como Tantas Palavras; O Santo Sujo; e Esse Inferno Vai Acabar. É cronista do jornal O Estado de S. Paulo, no qual escreve aos domingos. Vive em São Paulo (SP). Isabel Cury (revisora) é bacharel em letras pela Universidade de São Paulo (USP) e atua como preparadora e revisora de livros. Jornalista, fez revisão na revista Veja, tendo trabalhado na IstoÉ e em publicações de empresas como Bayer e Rhodia. Atualmente, presta serviços para as editoras Companhia das Letras, Cosac Naify e Globo, entre outras. Vive em São Paulo (SP). Isabel Travancas (integrante da comissão de seleção da Carteira Estudante como representante da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação) é jornalista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É autora de livros como O Livro no Jornal e Juventude e Televisão. Sócia da Intercom, parceira do Itaú Cultural no Rumos Jornalismo Cultural. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Izaura Rocha (professora selecionada) é jornalista. Atualmente coordena a Agência Experimental de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora, onde também leciona e é editora da revista Estação Científica. Selecionada pelo ensaio Jornalismo em Tempos Hipermidiáticos: Repensar a Formação do Jornalista no Diálogo Academia-Mercado. Vive em Juiz de Fora (MG). Jahitza Balaniuk (produtora) é formada e Rádio e Televisão pela Fundação Armando Álvares Penteado. Atual-

mente é produtora no núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural. Vive em São Paulo (SP). Javier Celaya (debatedor) é criador do portal cultural dosdoce.com, fundado para incentivar entidades do setor como editoras, bibliotecas, museus e fundações a utilizar as novas tecnologias sociais. Esteve à frente de mais de 20 estudos sobre o tema, como Las Galerias de Arte en la Web 2.0 e Industrial Editorial 2.0. Vive em Madri, Espanha. João Luís Gago (integrante da comissão de seleção da Carteira Estudante) é professor de várias disciplinas de jornalismo da Universidade Nove de Julho (Uninove). Foi editor de texto e pesquisa de projetos especiais na Rede Globo e produtor, roteirista e pesquisador na TV Cultura. Foi, também, correspondente da revista londrina Leros no Brasil. Vive em São Paulo (SP). José Castello (editor do Laboratório, oficineiro e debatedor) é jornalista, escritor, crítico literário, biógrafo e colunista do suplemento Prosa & Verso, de O Globo. Publicou vários livros, entre eles Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixão, João Cabral de Melo Neto – O Homem sem Alma, Inventário das Sombras, Ribamar e As Feridas de um Leitor. Vive em Curitiba (PR). José Geraldo Couto (curador) é jornalista, tradutor, crítico de cinema e literatura. Trabalhou na Folha de S.Paulo e na revista Set. Escreveu, entre outros, Brasil: Anos 60 e André Breton: A Transparência dos Sonhos. Colabora com as revistas Bravo! e Carta Capital e mantém uma coluna no blog do Instituto Moreira Salles (http://blogdoims.uol.com.br/jose-geraldo-couto-no-cinema/). Vive em Florianópolis (SC). Karen Araujo (estudante selecionada) estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Selecionada pela reportagem Literatura de Mulherzinha. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Leo Cunha (debatedor) é jornalista, escritor e professor do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), de onde foi selecionado na edição 2009-2010 do Rumos Jornalismo Itaú Cultural. Faz doutorado em cinema na 53


capítulo 5 | Quem É Quem

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Autor de mais de 40 livros, de literatura infantil e juvenil e de crônicas. Vive em Belo Horizonte (MG). Letícia Queiroz (divulgadora) é jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), de onde foi selecionada na edição 2009-2010 do Rumos Jornalismo Cultural. Atualmente é gerente de conteúdo da agência de comunicação Núcleo da Ideia. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Lincoln Miyahara (webdesigner e consultor) é webdesigner formado pela UMC – Universidade Mogi das Cruzes. Iniciou sua carreira em 2002 na líbero+ como aprendiz e hoje é sócio diretor com a função de gerenciamento de projetos e criação. Vive em São Paulo (SP). Lobão (debatedor) é músico, cantor, compositor, apresentador de televisão e escritor. Criou e editou a revista Outracoisa, virou um autor best-seller com a autobiografia 50 anos a Mil e atualmente escreve um guia politicamente incorreto da cultura brasileira: O Manifesto do Nada na Terra do Nunca. Vive em São Paulo (SP). Lorena Tárcia (professora selecionada) é jornalista. Formada em convergência de mídias pelo Ifra Newsplex, Universidade da Carolina do Sul, EUA, leciona no Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), onde coordena o Laboratório de Convergência de Mídias. Selecionada pelo ensaio Parceria Empresa/Entidade de Classe/Escola para a Formação de Jornalistas em Tempos de Convergência das Mídias Digitais. Vive em Belo Horizonte (MG). Lucia Santaella (debatedora) é professora titular na pósgraduação em Comunicação e Semiótica e coordenadora da pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Publicou, entre outros livros, Mapa do Jogo: a diversidade cultural dos games. Vive em São Paulo (SP). Luiz Ruffato (oficineiro) é escritor e jornalista. Publicou, entre outros, os livros Eles Eram Muitos Cavalos, De Mim Já Nem se Lembra e Estive em Lisboa e Lembrei de Você. Tem obra publicada em vários idiomas e diversos países, 54

como Portugal, Argentina, México, Colômbia, França, Itália e Alemanha. Vive em São Paulo (SP). Luiza Bravo (cinegrafista) estuda comunicação social na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Participou do programa de treinamento profissional para o Mosaico, veiculado pela TVE, e para a secretaria de comunicação da universidade. Atualmente estagia em uma empresa de consultoria empresarial, monitorando mídias sociais. Vive em Juiz de Fora (MG). Luiza Miguez (estudante selecionada) estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde pesquisa literatura, comunicação e tecnologia pelo Pacc (Programa Avançado de Cultura Contemporânea). Estagia na revista piauí e coordena as redes sociais do Bloco do Sargento Pimenta. Selecionada pela reportagem Eles Escrevem sem Papel: A Literatura Eletrônica Brasileira e Seus Autores. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Mànya Millen (debatedora) é jornalista que trabalha n’O Globo, para o qual já cobriu as áreas de televisão, dança, artes plásticas e teatro. Atualmente é editora do suplemento literário Prosa. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Marcos Belfort (editor de som) é radialista graduado em RTV pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É sonoplasta na Rádio Universidade FM. Participa do Éguas Coletivo Audiovisual. Foi editor de áudio na Rádio Univima, assessor de comunicação no Sindicato dos Bancários e repórter no jornal Folha do Maranhão. Vive em São Luís (MA). Marcos Cuzziol (debatedor) é engenheiro de software, desenvolvedor de games e doutor em artes visuais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é gerente do núcleo de Inovação do Itaú Cultural. Vive em São Paulo (SP). Marcos Santuario (professor selecionado) é jornalista. Atualmente é professor na Universidade Feevale em Novo Hamburgo (RS), onde coordena o curso de pós em jornalismo e convergência de mídias. Pesquisador do projeto Mídia em Foco, é ainda editor de cultura do jornal


Correio do Povo em Porto Alegre (RS). Selecionado pelo ensaio Frequência Livre e Mídia em Foco Unindo Teoria e Prática. Vive em Porto Alegre (RS). Maria Cristina Leite Peixoto (professora selecionada) é doutora em sociologia e professora do curso de jornalismo do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), além de sócia diretora do Instituto Kapta – Pesquisa e Consultoria. Selecionada pelo ensaio Jornal da Rua: Informação e Boas Histórias. Vive em Belo Horizonte (MG). Maria José Silveira (consultora) é escritora, tradutora e editora. Foi sócia fundadora e diretora da Editora Marco Zero e trabalhou na Editora Cosac Naify. Escreveu os romances A Mãe da Mãe de Sua Mãe e Suas Filhas e Pauliceia de Mil Dentes, entre outros, e livros para jovens e crianças, entre eles O Voo da Arara Azul, Uma Cidade de Carne e Osso, e a coleção Meninos e Meninas do Brasil. Vive em São Paulo (SP). Marília Camelo (fotógrafa) é jornalista e fez os primeiros cliques em redações de jornal impresso, ingressando no fotojornalismo. Vive em Fortaleza (CE). Nelson Visconti (revisor) é formado em letras com habilitação em tradução e intérprete na Universidade Paulista (Unip). Atualmente integra a equipe do núcleo de Comunicação e Relacionamento do Itaú Cultural, colaborando na revisão da revista Continuum e de outras peças gráficas da instituição. Vive em São Paulo (SP). Nísio Teixeira (integrante da comissão de seleção da Carteira Professor e mediador do fórum) leciona na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde coordena o curso de comunicação social. Foi selecionado na edição 2007-2008 do Rumos Jornalismo Cultural, quando lecionava no Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). É membro do U-40 World Forum para promoção da Convenção da Diversidade Cultural pela Unesco. Vive em Belo Horizonte (MG). Pablo Miyazawa é editor da Rolling Stone Brasil e autor do blog Gamer.br. Foi editor de publicações infan-

to-juvenis da editora Conrad. Colaborou com a Folha de S.Paulo, Set, Revista da MTV e Play, e assinou uma coluna televisiva no Notícias MTV. É um dos criadores do coletivo Gardenal.org e colunista na EGM Brasil e na revista ESPN. Vive em São Paulo(SP). Plínio Bortolotti (integrante do grupo focal) é jornalista. Diretor institucional do Grupo de Comunicação O Povo. No jornal do grupo foi repórter, editor e ombudsman. Atualmente integra o conselho editorial e coordena o conselho de leitores. Foi diretor da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) entre os anos de 2008 e 2011. Vive em Fortaleza (CE). Renan Fattori (produtor) é músico e atua como produtor no Itaú Cultural. Possui formação em comunicação social e marketing pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação em Campinas (SP). Organiza eventos musicais desde 2004 e, como músico, tem discos lançados no Brasil e América do Sul. Vive em São Paulo (SP). Reuben da Cunha (blogueiro) é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), de onde foi selecionado para o Rumos Jornalismo Cultural 2004-2005. Poeta, ensaísta e tradutor, publicou nas revistas Coyote e Cult, entre outras. Doutorando em ciências da comunicação pela ECA/USP, é um dos editores da revista semeiosis e da revista Pitomba!. Vive em São Paulo (SP). Ricardo Mello (integrante da comissão de seleção da Carteira Professor como representante do FNPJ – Fórum Nacional de Professores de Jornalismo) é jornalista, professor e escritor. Foi coordenador do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Integra o conselho do FNPJ, parceiro do Itaú Cultural no Rumos Jornalismo Cultural. Vive no Recife (PE). Ricardo S. Tayra (produtor) é produtor cultural no Itaú Cultural, no núcleo de Audiovisual e Literatura. Jornalista e roteirista, criador e editor do blog sobre histórias em quadrinhos SaposVoadores.net. Colaborou como rotei55


capítulo 5 | Quem É Quem

rista com o estúdio Impacto Quadrinhos e para veículos diversos como jornalista, como Canal de São Paulo e o site Universo HQ. Vive em São Paulo (SP). Richner Allan (fotógrafo) é publicitário e atualmente trabalha como fotógrafo no Auditório Ibirapuera. Vive em São Paulo (SP). Rubens Chiri (fotógrafo) é fotojornalista. Foi editor de fotografia e fotógrafo do Anuário do Futebol Brasileiro, do Anuário do Turismo Paulista e do Banco de Imagens da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo. Foi presidente da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (Arfoc-SP) e integrou a equipe de fotojornalistas do Diário Popular. Vive em São Paulo (SP). Sandra Gonçalves (integrante do grupo focal) é jornalista. Cursou o master em gestão de empresas jornalísticas e o master em jornalismo digital no Instituto Internacional das Ciências Sociais (IICS), ligado à Universidade de Navarra. Na Gazeta do Povo foi repórter, subeditora, editora e chefe de redação. Atualmente é diretora de jornalismo dos jornais Gazeta do Povo, Jornal de Londrina e Gazeta Maringá. Vive em Curitiba (PR). Sandra Machado (debatedora) é redatora e editora de jornalismo na MultiRio – Empresa Municipal de Multimeios. Já atuou na revista Manchete, no jornal Extra, na TV Globo, no site do Shoptime e na rádio SFB4 de Berlim. Lecionou na Universidade Veiga de Almeida, de onde foi selecionada para o Rumos Jornalismo Cultural 2009-2010. Mantém o blog www.quasesociopata.com. br. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Saulo Pereira Guimarães (estudante selecionado) estuda comunicação social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Teve trabalhos publicados no Overmundo e crônicas selecionadas para a coletânea Cronicidades. Estagia na assessoria de imprensa da Fundação Biblioteca Nacional. Selecionado pela reportagem De Oculto a Cult – A Vida Secreta de Alcides Caminha ou Carlos Zéfiro. Vive no Rio de Janeiro (RJ). 56

Sergio Rodrigues (debatedor) é escritor e jornalista, autor de Elza, A Garota e Sobrescritos, entre outros livros. Edita os blogs Todoprosa, sobre literatura, e SobrePalavras, sobre a língua portuguesa, no portal Veja.com. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Sergio Vilas-Boas (oficineiro) é jornalista, escritor e professor de pós-graduação em narrativas do real. Foi editor e repórter especial de cadernos de cultura de vários jornais. Autor de Biografismo, O Estilo Magazine e Perfis, entre outros. Cofundador da ABJL – Academia Brasileira de Jornalismo Literário, também colabora para o jornal Rascunho. Vive em São Paulo (SP). Soraya Venegas (debatedora) é jornalista e professora e coordenadora do curso de comunicação da Universidade Estácio de Sá (Niterói/RJ), de onde foi selecionada para a edição 2009-2010 do Rumos Jornalismo Cultural. É tutora do FGV Online e desenvolveu pesquisa de pós-doutorado no PPGCom-UFF. Vive no Rio de Janeiro (RJ). Thais Caselli (cinegrafista) estuda comunicação social na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Participou do programa de treinamento profissional como editora de imagens na secretaria de comunicação da UFJF e atualmente é editora de imagens e apresentadora do programa Mosaico, veiculado pela TVE, e editora de imagens e cinegrafista do portal Ecaderno.com. Vive em Juiz de Fora (MG). Thaísa Bueno (professora selecionada) é jornalista com especialização em artes visuais e mestrado em letras. Atualmente é professora-assistente do curso de jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Selecionada pelo ensaio Ferramentas de Interação em Sala de Aula: Como Manter Vivo o Diálogo com o Mercado e com a Cultura do Ciberespaço. Vive em Imperatriz (MA). Tom Cabral (fotógrafo) é fotojornalista. Trabalhou no Jornal do Commercio e atualmente integra o coletivo O Santo Ateliê, que entre outras ações mantém um laboratório P&B e monta editoriais de fotografia em grandes festivais como: MIMO, Fliporto, Pernambuco Nação Cultural e FITO. Vive no Recife (PE).


Vivian Belochio (debatedora) é jornalista e doutora em comunicação e informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em comunicação midiática pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Vive em São Borja (RS).

MIS/MS – Museu da Imagem e do Som (Campo Grande/MS)

Parceiros

UEL – Universidade Estadual de Londrina (PR)

O Rumos Jornalismo Cultural 2011-2012 contou com a colaboração de instituições, empresas e entidades que de alguma forma tornaram possível a realização do programa neste biênio, seja sediando atividades regionais do programa, divulgando as ações, dando suporte técnico e/ou logístico etc. O Itaú Cultural agradece o apoio de:

Uerj – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (RJ)

Portal Terra Rede FolkCom

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso (Cuiabá/MT) UFPB – Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa/PB)

BPR – Biblioteca Pública do Paraná (Curitiba/PR)

UFT – Universidade Federal de Tocantins (Palmas/TO)

Cesmac – Centro de Ensino Superior de Maceió (AL)

UFV – Universidade Federal de Viçosa (MG)

Ciatech

Unisc – Universidade de Santa Cruz do Sul (RS)

Faculdade Atual da Amazônia (Boa Vista/RR)

Vila das Artes (Fortaleza/CE)

Fecap – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (São Paulo/SP) FNPJ – Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Fundação Catarinense de Cultura (Florianópolis/SC) Fundação Semear (Aracaju/SE) IAP – Instituto de Artes do Pará (Belém/PA) Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

apoio

líbero+

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