Museus: arte e memória em exposição

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TUNGA: A POÉTICA DA MATÉRIA E EXPERIMENTAÇÕES ESCULTÓRICAS

MUSEUS: ARTE E MEMÓRIA EM EXPOSIÇÃO

CADERNO DO PROFESSOR ARTES VISUAIS

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) / Itaú Cultural

PALADINO, Luiza Mader

Museus: Arte e memória em exposição / São Paulo : Itaú Cultural , 2024. (Cadernos do professor) 19 p. : PDF.

Inclui bibliografia.

ISBN:978-65-88878-84-2

1. Museus. 2. Arte e Memória. 3. Artes Visuais. 4. Pedagogia. 5. Plano de aula.  I.Fundação Itaú. II.Itaú Cultural. III.Enciclopédia Itaú Cultural. IV.Título.

CDD 306.3

Bibliotecária Ana Luisa Constantino dos Santos CRB-8/10076

guia de ícones

analisar, questionar, elaborar hipóteses, comentar (questionando)

apresentar, relatar, compartilhar em voz alta

assistir, apresentar (vídeo)

comentar, explicar dica

discutir, conversar ler

observar, ver (imagens)

observar, ver (obra de arte)

ouvir, colocar (música) para tocar

pesquisar, aprofundar, procurar recuperar, retomar, relembrar registrar

título

Museus: arte e memória em exposição

apresentação

Este plano de aula apresenta um breve histórico dos museus de arte, desde os gabinetes de curiosidades do século XVI até a fundação dos primeiros museus modernos e contemporâneos no Brasil. Ao longo desse percurso, busca-se refletir sobre memória, patrimônio e diferentes práticas museais e artísticas no país. Como proposta prática, sugere-se a ida a um museu e, por fim, a audiodescrição de uma obra observada durante a visita.

objetivos

• Apresentar um breve histórico sobre a origem dos museus.

• Exibir as diferentes funções e práticas museais.

• Relacionar museus e proposições artísticas.

• Desenvolver a leitura e a descrição de imagens.

• Refletir sobre recursos de acessibilidade nos museus.

áreas do conhecimento

Artes visuais.

segmento(s) e habilidades da BNCC

Ensino Médio: EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604.

duração

De 5 aulas

recursos necessários

• Projetor

• Computador

• Lousa

• Caneta de feltro

• Meio de transporte

• Caixa de som

• Celular

São Paulo, 2023

desenvolvimento

1º MOMENTO

As origens dos museus

Para introduzir o tema da aula, formule algumas perguntas norteadoras, tais como: o que é um museu? Para que serve um museu? Quem tem costume de ir ao museu? Quais foram os museus que já conheceram? O que despertou a atenção no museu visitado?

Aproveite essas perguntas para dialogar com a turma. Faça um diagrama na lousa e, a partir das respostas dadas, solicite aos estudantes que escrevam no quadro uma palavra-chave referente à temática da aula. Amplie o diagrama com outros termos importantes, como memória, patrimônio, acervo, conservação, exposição, educação, acessibilidade. Instigue a turma a estabelecer relações críticas entre o tema norteador e todas as palavras incluídas na lousa.

Para aprofundar o assunto, apresente o verbete sobre museu da Enciclopédia Itaú Cultural, com ênfase no primeiro parágrafo do texto. Para demonstrar diferentes interpretações, usos e funções dos museus ao longo da história, comece pela origem da palavra – Mouseion, denominada pelos gregos como templo das musas, era considerado uma espécie de guardião da memória. Na Antiguidade Clássica, os museus eram espaços de contemplação, criação e prática da música e da poesia. Todavia, o museu nunca foi um lugar estático e, ao longo dos séculos, passou por diversas transformações e exerceu diferentes papéis sociais.

Pergunte se na turma há algum colecionador. A partir desse questionamento, introduza o próximo tema da aula: gabinete de curiosidades. O colecionismo está na origem dos gabinetes de curiosidades, locais privados que armazenavam uma diversidade de objetos raros. Colecionar algo significa armazenar, organizar, inventariar objetos de diferentes origens e funções. Para conservar essa multiplicidade de artefatos, os colecionadores organizavam os acervos a partir de tipologias provenientes do campo das ciências naturais (naturalia e exótica: animalia, vegetalia e mineralia), bem como da ação humana (artificialia e scientifica).

Para adentrar no tema, mostre como era um gabinete de curiosidades e peça para os estudantes descreverem o que estão vendo. Tente mediar essa descrição com algumas perguntas: quando será que essa gravura foi feita? Qual

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era a função desse local? Vocês são capazes de identificar os objetos e as espécies com base nas tipologias: animalia, vegetalia, mineralia, artificialia e scientifica? Qual é a relação entre os gabinetes de curiosidades e os museus?

Com base nas respostas, conduza o debate e contextualize o período histórico em que os gabinetes de curiosidades foram predominantes, entre os séculos XVI e XVII, associando a disseminação desses espaços aos processos de colonização europeia. Parte dos objetos que integrava as coleções dos gabinetes era oriunda das expedições coloniais e incluía artefatos, pinturas, registros científicos sobre a flora e a fauna das colônias, entre outros objetos.

Por fim, acrescente que esses gabinetes podem ser considerados como precursores dos museus tradicionais, além de terem contribuído para o avanço da ciência moderna. Gradualmente, o colecionismo privado dos gabinetes desenvolveu-se e culminou na abertura dos primeiros museus públicos na Europa, sobretudo depois da Revolução Francesa (1789). No século seguinte, observou-se o fenômeno de expansão dos museus, bem como de seus acervos. Essa difusão possibilitou a criação de variadas tipologias e, pouco a pouco, os museus se especializaram com base em critérios estéticos e científicos. Assim, proliferaram em diferentes latitudes do globo museus de todos os tipos – artísticos, científicos, históricos, etnológicos, arqueológicos, entre outros gêneros –, cada qual com coleções e interesses específicos.

Ferrante Imperato

Dell’Historia Naturale

Gravura, 1599

Reprodução Wikimedia Commons

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2º MOMENTO

Os primeiros museus no Brasil

Para retomar os principais pontos da aula anterior, pergunte à turma: como deve ser um museu? Qual deve ser a aparência dele? O que um museu deve expor e conservar? Depois dessa etapa, mostre algumas imagens de museus incluídas na Enciclopédia Itaú Cultural, como Escadarias do Museu (1898), de Guilherme Gaensly (1843-1928); Museu do Ipiranga I (1965), de Agostinho Batista de Freitas (1927-1997); O Museu Imaginário (1997), de Nelson Screnci (1955).

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Helio Nobre Escadaria Monumental do Museu do Ipiranga, 2023 Agostinho Batista de Freitas Museu do Ipiranga I, 1965 Óleo sobre tela 60 cm x 75 cm

Peça que a turma descreva as imagens projetadas Inicie uma conversa e ressalte as técnicas empregadas, as datas das obras e o modo como cada artista interpretou os espaços museais. Pergunte se a ideia que a turma tem sobre museus se assemelha aos trabalhos apresentados. Em seguida, verifique se há algum ponto de confluência entre as imagens e enfatize que as obras exibidas representam modelos mais convencionais de museus.

As perguntas têm o objetivo de confrontar como o senso comum considera o que deve ser um museu: uma espécie de mausoléu que abriga apenas obras consagradas e distantes do dia a dia do cidadão comum. Assinale que essa concepção tradicional de museu passou por transformações

Nelson Screnci

O Museu Imaginário, 1997

Acrílica sobre tela

190 cm x 140 cm

Foto Nelson Screnci

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significativas a partir da segunda metade do século XX. Desde então, os espaços museais têm experienciado uma série de reformulações para se aproximarem da sociedade.

Faça uma breve introdução sobre os primeiros museus no Brasil, inaugurados ao longo do século XIX. Como ponto de partida, destaque o papel da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) e depois apresente o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), fundado no período republicano, ambas as instituições localizadas no Rio de Janeiro, nossa antiga capital.

Mostre algumas obras que integram os acervos dessas instituições, como Batalha do Avaí (1877), de Pedro Américo (1843-1905) e Primeira Missa no Brasil (1860), de Victor Meirelles (1832-1903). As duas pinturas e o museu estiveram, de modo semelhante, fortemente atreladas à consolidação do Estado-Nação, contribuindo para a formação da identidade nacional do país naquele momento. Tente conduzir o diálogo e associe a ideia de identidade a uma determinada nação: o que define, por exemplo, a identidade do Brasil? Explique que a identidade nacional não tem sentido único, ou seja, ela não é imutável, mas uma construção social que costuma servir a governos e instituições de um país em diversas ocasiões.

Retome as duas obras citadas e aponte que ambas foram realizadas no período conhecido como Brasil Império (1822-1889) e atendiam ao projeto imperial de constituição de tradições nacionais. A partir desse propósito, inúmeros artistas vinculados às entidades oficiais de arte, como a Academia Imperial de Belas Artes, buscavam reconstituir passagens históricas e resgatar, por exemplo, a figura do indígena, emblema brasileiro para o governo imperial, com o objetivo de forjar a identidade nacional – ainda que os povos originários fossem considerados cidadãos de segunda classe. Ressalte que um país não é apenas um território com fronteiras demarcadas, mas também um projeto que recorre a imagens, costumes e símbolos forjados para compor uma nacionalidade, com suporte do Estado, de suas instituições, como os museus, e também dos artistas.

Para concluir, proponha uma visita virtual pelo acervo do Museu Nacional de Belas Artes, por meio do Google Arts & Culture, plataforma digital que permite conhecer acervos de inúmeras instituições museológicas pela internet. Divida a turma em pequenos grupos e peça que escolham uma sala e percorram os trajetos virtuais, chamando a atenção para a arquitetura expositiva, as técnicas predominantes (pintura e escultura), o modo como as obras são expostas e dispostas no espaço, além de apresentar outros artistas importantes da coleção, como os irmãos João Timotheo da Costa (1879-1932) e Arthur Timotheo da Costa (1882-1922), pintores negros que frequentaram a Escola Nacional de Belas Artes (Enba).

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Os diferentes papéis dos museus

Comece a aula com os principais pontos abordados no encontro anterior. Depois desse diálogo inicial, mostre uma vista da obra Batalha do Avaí (1872), de Pedro Américo, no Museu Nacional de Belas Artes, e o Aparelho Cinecromático (1969), de Abraham Palatnik (1928-2020). Peça à turma que descreva as imagens e destaque as principais diferenças entre as obras, como técnica, pormenores da composição, entre outras características. Pontue que obras como as de Palatnik, cujas experiências pioneiras com a cor ultrapassavam o limite da pintura, impuseram aos museus, a partir da década de 1950, inúmeros desafios.

Foi justamente nessa década que surgiram no Brasil as primeiras instituições de arte moderna, como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e os Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e de São Paulo (MAM/SP). Pergunte à turma o que é moderno e em qual situação os estudantes costumam utilizar essa palavra. Aproveite para relacionar o que havia de moderno nos museus daquele período. Naquela ocasião, os museus transcenderam os papéis de meros expositores de obras de arte e ampliaram sua função social e pedagógica. Gradualmente, tornaram-se ativadores do processo educativo, por meio do fomento de ações multidisciplinares que envolviam cinema, cursos livres, mediação com o público e, por vezes, mostras itinerantes que tinham como missão a descentralização cultural.

Leonardo Martins

Batalha dos Guararapes de Vitor Meireles, 1879

Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil

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3º MOMENTO

Abraham Palatnik

Aparelho Cinecromático, 1969

Madeira, metal, tecido sintético, lâmpadas e motor 111 cm x 68,5 cm

Foto Renato Parada

Ademais, os museus tinham como objetivo divulgar as novas tendências artísticas das décadas de 1940 e 1950, como o abstracionismo, representada, por exemplo, por Plano em Superfícies Moduladas Nº 2 (1956), de Lygia Clark (1920-1988), pintura composta por formas geométricas. Mostre a imagem aos estudantes e pergunte qual é a diferença entre arte figurativa e arte abstrata. Por fim, explique a importância do abstracionismo para o programa dos museus naquele momento. A arte abstrata era sinônimo de modernização; logo, para se atualizarem, as entidades museais e artísticas promoveram amplamente obras filiadas a esse movimento, a exemplo da escultura Unidade tripartida, de Max Bill (1908-1994), artista contemplado com o principal prêmio da I Bienal Internacional de São Paulo, evento vinculado ao MAM/SP, em 1951.

Nas décadas seguintes, as linguagens artísticas contemporâneas propiciadas pelo advento das novas mídias, como a videoarte , a performance , a intervenção urbana, a instalação , entre outras expressões, demandaram o reposicionamento dos espaços museais. Instigue a turma a refletir sobre as características dessas linguagens experimentais e oriente o debate para a análise crítica das práticas artísticas contemporâneas.

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Mostre a instalação Derrapagem (2004), de Regina Silveira (1939), presente no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Peça para os estudantes descreverem o que estão vendo: qual a técnica utilizada pela artista? Será que os museus tiveram que mudar o estatuto para acolher obras de caráter efêmero, como essa instalação? Explique o que é uma instalação e os modos como os museus tiveram que se reinventar para acolher propostas cujas fronteiras entre objeto cotidiano e objeto artístico foram diluídas. Caso a turma tenha dúvidas, apresente outras instalações incluídas na Enciclopédia Itaú Cultural.

Para conduzir o debate sobre a relação entre arte contemporânea e museus, cite Mário Pedrosa (1900-1981), quando o crítico de arte apontou que museus tinham que ser como uma “luva elástica para o criador livre enfiar a mão”. O que será que o crítico quis dizer? Pedrosa defendia que esses espaços não deveriam apenas armazenar e conservar obras de arte consagradas, mas também – e em especial – acolher os artistas. Pouco a pouco, o museu passou a ser utilizado como local de encontro, criação e trocas mais efetivas com o público.

Para aprofundar o tema , dê como exemplo a associação entre museu e laboratório experimental, comparação utilizada por outros autores, como o historiador e diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de

Lygia Clark Plano em superfícies moduladas, n.2, 1956

Tinta industrial sobre celotex, madeira e nulac

90,10 cm x 75,30 cm

Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)

Foto autoria desconhecida

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Regina Silveira

Derrapagem, 2004

Projeto Parede, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil vinil adesivo e carrinho de madeira

Foto de João Musa

São Paulo (MAC/USP) , Walter Zanini (1925-2013), entre 1963 e 1978. Pergunte se alguém sabe qual é a diferença entre moderno e contemporâneo. Para abordar esse tema, acesse o verbete sobre Arte Contemporânea da Enciclopédia Itaú Cultural.

Para finalizar o debate, cite como exemplo de proposição experimental em museus de arte contemporânea o caso da 6ª Jovem Arte Contemporânea (VI JAC), exposição vanguardista realizada no MAC/USP em 1972. Essa mostra se tornou emblemática, especialmente, por transformar o espaço expositivo do museu em lotes sorteados entre os artistas interessados. Foram sorteados 84 lotes entre os 210 inscritos e, no decorrer dos 14 dias de processo, esses espaços poderiam ser negociados, trocados e até vendidos. Enfatize como essas experiências estão distantes das concepções museais tradicionais apresentadas nos encontros anteriores, como o do Museu Nacional de Belas Artes.

4º MOMENTO

Saída de campo

Como parte das atividades, proponha à turma a ida a um museu da cidade. Aproveite para explorar os espaços do local , aponte as diferentes frentes de trabalho que envolvem uma exposição, como curadoria, montagem, iluminação, conservação, programa educativo, entre outras atividades. Tente estabelecer uma inter-relação entre o museu visitado e os debates feitos em

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sala de aula. Peça para a turma que selecione uma obra exposta e faça uma breve pesquisa em casa sobre a imagem.

Caso a visita não seja possível, escolha com a turma um museu como estudo de caso. Uma sugestão é trabalhar com o Museu de Imagens do Inconsciente, criado pela psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999). Leia os verbetes sobre o assunto com a turma e trabalhe algumas imagens dos “clientes”, modo como Nise chamava os pacientes. Para finalizar, peça para os estudantes selecionarem uma obra do acervo disponível no verbete.

5º MOMENTO

Atividade prática: leitura de imagem

Inicie o último encontro com o que mais despertou a atenção da turma na visita ao museu e projete a imagem escolhida pelos estudantes

Pergunte como uma pessoa cega ou com baixa visão pode ter uma experiência estética nos museus. Escute as respostas e apresente alguns recursos de acessibilidade utilizados em museus, como piso tátil, pranchas táteis, legendas em braile, visita mediada em libras e audiodescrição. Explique rapidamente a função de cada recurso, com foco na audiodescrição, mecanismo que possibilita a tradução de elementos visuais em palavras. Explique que os grupos devem gravar uma audiodescrição com base na imagem escolhida na exposição.

Separe a turma em grupos e solicite que descrevam de maneira sucinta a imagem escolhida, a partir da pesquisa feita em casa. Peça que cada grupo elabore um roteiro escrito com as principais informações da obra. A descrição formal deve apresentar formato, dimensão, técnica, ano, nome do/a artista, além de outras características que compõem a obra: figurativa ou abstrata, cores, formas, linhas, perspectiva, profundidade (se houver). As gravações devem ter até dois minutos.

Um integrante do grupo deve registrar o roteiro por meio de algum aplicativo de gravação disponível para celular. Por fim, os estudantes devem trocar as gravações, de modo que todos escutem e compartilhem o trabalho realizado. Estimule a turma a refletir sobre a importância dos recursos de acessibilidade para criação de museus mais acolhedores e inclusivos.

Caso a turma não tenha ido ao museu, a atividade pode ser realizada por meio de alguma obra selecionada no verbete sobre o Museu de Imagens do Inconsciente

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reflexão final

Éconsenso para museólogos, gestores, curadores, artistas e demais profissionais dessa área que é necessário ampliar o papel dos museus para que contribuam efetivamente para a construção de uma sociedade mais igualitária. O museu deve ser ponto de encontro, trocas e, em especial, desenvolvimento da imaginação. Estimule a turma a refletir como devem ser os museus no futuro, levando em consideração todas as etapas discutidas ao longo das aulas.

Como provocação, cite o caso do Museu das Remoções, cujo emblema é “Memória não se remove”. Busque promover uma reflexão sobre o papel dos museus comunitários, cuja finalidade vai além da exibição de obras consagradas, e reforce o compromisso social e político de muitas instituições museológicas na atualidade. Antes de abordar brevemente esse estudo de caso, apresente algumas imagens dessa iniciativa e pergunte à turma se alguém já viu algum museu como esse, a céu aberto.

Após o diálogo, fale sobre a centralidade da memória para o Museu das Remoções, cujo acervo abrange a história dos moradores, as lembranças, os elos afetivos e comunitários tecidos ao longo de décadas, bem como os destroços das casas destruídas e os restos da praça pública e de outros locais de encontro dessa entidade localizada na Vila Autódromo, no Rio de Janeiro.

sugestões complementares

Atualmente, há inúmeros gêneros de museus: comunitários, de ciências, de tecnologia, de história, de história natural, de etnologia, de arqueologia, de arte e, ainda, dos direitos humanos. É importante ressaltar que, mundo afora, diversos museus têm repensado seu legado em um esforço de dialogar e incluir efetivamente obras e saberes não eurocêntricos. Tem-se observado uma política de aquisição de obras e concepções estéticas de países africanos, latino-americanos, asiáticos e de outras culturas fora do crivo ocidental. Esse empenho de renovação vem na esteira dos debates decoloniais, uma perspectiva teórica e política que, em linhas gerais, busca reposicionar a produção e a circulação de imagens e conhecimentos para além das diretrizes hegemônicas dos países economicamente desenvolvidos.

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Conclua o ciclo de aulas enfatizando algum gênero museal. Trabalhar com museus da memória, por exemplo, é uma boa oportunidade para exercitar a cidadania e a vocação democrática dos estudantes.

Os museus da memória costumam ser locais de exibição, educação e pesquisa, cuja missão se ampara na defesa da democracia e da cidadania plena. Esses espaços estão focados em episódios históricos de violações dos direitos humanos cometidos por regimes autoritários. Pergunte se alguém já foi a algum local que abordasse o tema. Em São Paulo, há o Memorial da Resistência de São Paulo, lugar de preservação das histórias de repressão e resistência política durante a ditadura civil-militar no país. Esse museu funciona na antiga sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), centro de repressão e tortura durante o governo militar.

referências

ARANTES, Otília (Org.). Acadêmicos e Modernos: Mário Pedrosa – Textos escolhidos III. 1. ed. São Paulo: Edusp, 2004.

BODADO, Diana. Museu das Remoções da Vila Autódromo: resistência criativa à construção da cidade neoliberal.  Cadernos de Sociomuseologia, v. 54, n. 10, pp. 3-27, 2017.

FREIRE, Cristina. Walter Zanini: escrituras críticas. São Paulo: Annablume; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), 2013.

LOUZADA, Heloisa. Contrastes na Cena Artística Paulistana: MAC USP e MAM SP nos anos 1970. Dissertação (Mestrado em Estética e História da Arte) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

PALADINO, Luiza Mader.  Opção museológica de Mário Pedrosa: solidariedade e imaginação social em museus da América Latina. Tese (Doutorado em Estética e História da Arte) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.

SANTOS, Suzy da Silva. Ecomuseus e Museus Comunitários no Brasil: estudo exploratório de possibilidades museológicas. Dissertação (Mestrado em Museologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

SOTO, Moana. Dos gabinetes de curiosidade aos museus comunitários: a construção de uma concepção museal a serviço da transformação social. Cadernos de Sociomuseologia, v. 48, n. 4, pp. 57-81, 2014.

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Sites

ROBERTSON, Cerianne. A luta só começou: o Museu das Remoções da Vila Autódromo apresenta seu plano estratégico. RioOnWatch, Rio de Janeiro, 2 set.2017. Disponível em: https://rioonwatch.org.br/?p=28438 Acesso: 29 jul. 2023.

MUSEU Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Google Artes Arts & Culture. Disponível em: https://artsandculture.google.com/partner/museu-nacional-de-belas-artes. Acesso em: 29 jul. 2023.

verbetes utilizados

• Museu

• Escadarias do Museu

• Escadaria Monumental do Museu do Ipiranga

• Guilherme Gaensly

• Museu do Ipiranga I

• Agostinho Batista de Freitas

• O Museu Imaginário

• Nelson Screnci

• Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)

• Museu Nacional de Belas Artes (MNBA)

• Batalha do Avaí

• Pedro Américo

• Primeira Missa no Brasil

• Victor Meirelles

• João Timotheo da Costa

• Arthur Timótheo da Costa

• Escola Nacional de Belas Artes (Enba)

• Aparelho Cinecromático

• Abraham Palatnik

• Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)

• Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)

• Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)

• Abstracionismo

• Plano em Superfícies Moduladas Nº 2

• Lygia Clark

• Arte Figurativa

• Max Bill

• Bienal Internacional de São Paulo

• Videoarte

• Performance

• Intervenção

• Instalação

• Regina Silveira

• Mario Pedrosa

• Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)

• Walter Zanini

• Arte Contemporânea

• 6ª Jovem Arte Contemporânea

• Museu de Imagens do Inconsciente

• Nise da Silveira

• Memorial da Resistência de São Paulo

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