TCC arqurbuvv - Requalificação da praia da costa ensaio na praia da sereia vila velha es

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UNIVERSIDADE VILA VELHA-ES ARQUITETURA E URBANISMO

ISADORA LAÍS KLEIN

REQUALIFICAÇÃO DA ORLA DA PRAIA DA COSTA: Ensaio na Praia da Sereia, Vila Velha-ES

VILA VELHA 2013


ISADORA LAÍS KLEIN

REQUALIFICAÇÃO DA ORLA DA PRAIA DA COSTA: Ensaio na Praia da Sereia, Vila Velha-ES Trabalho de conclusão de curso II apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profª. Larissa Leticia Andara Ramos Co-orientadora: Profª. Liziane Jorge

VILA VELHA - ES 2013


Dedico este trabalho à minha família, Adriana minha mãe, Abel meu pai, Isabela minha irmã e Eustáquio meu padrasto, que foram minha fonte estimuladora durante todo o caminho que percorri para chegar até aqui.


Agradeço a Deus por ter me sustentado até aqui e por todas as oportunidades e vitórias que me concedeu durante a minha caminhada. À minha família, meu porto seguro e alicerce que me apoiou durante toda a minha trajetória e me proporcionou a oportunidade de aprender e ir além do que eles podiam me ensinar. À minha orientadora Larissa Letícia Andara pela dedicação com que norteou o meu trabalho e compartilhou o seu conhecimento com generosidade. À minha co-orientadora Liziane de Oliveira Jorge que disponibilizou o seu tempo para contribuir com as minhas pesquisas. Aos meus colegas e professores que colaboraram com o meu crescimento pessoal e profissional. Aos colegas que se tornaram amigos que estarão para sempre em minhas lembranças. Ao meu colega, amigo e parceiro de todas as horas, Alan Kaizer, que me acompanha e apoia nas atividades profissionais e pessoais. A todos que acreditaram e contribuíram de alguma forma com este trabalho e para minha evolução pessoal e profissional, aqui vai meu muito obrigado!


"A complexidade, (...), é um meio de cativar o olhar. É uma dimensão extra que apenas se manifesta como resultado do reconhecimento e experiências de um verdadeiro profissional, e não através dos expedientes grosseiros do amador." CULLEN, 2008


SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................ 15 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 19 1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 19 1.3 METODOLOGIA .......................................................................................... 20 2

A PAISAGEM COMO ELEMENTO DE REQUALIFICAÇÃO URBANA ............ 22 2.1 A PERCEPÇÃO DA PAISAGEM E SEUS ELEMENTOS VISUAIS ............. 22 2.2 QUALIDADE VISUAL E PERCEPÇÃO DA PAISAGEM .............................. 28 2.3 O DESENHO URBANO E SEUS ELEMENTOS BÁSICOS ......................... 31 2.3.1

O desenho urbano como recurso de criação da paisagem.......................................... 31

2.4 TURISMO E PAISAGEM .............................................................................. 34 2.4.1

3

A paisagem como recurso do turismo.......................................................................... 34

DETERMINANTES DE USO E OCUPAÇÃO PARA PROJETO DE ORLAS .... 36 3.1 DETERMINAÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO EM ORLAS NO ÂMBITO NACIONAL.......................................................................................................... 37 3.1.1

Projeto Orla ................................................................................................................... 37

a)

Manual de gestão .......................................................................................................... 38

b)

Fundamentos para gestão integrada ............................................................................ 40

3.2 DETERMINAÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO EM ORLAS NO ÂMBITO ESTADUAL ......................................................................................................... 48 3.2.1 Diretrizes para elaboração de Projetos de Urbanização na Orla Marítima – Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) ............................................................................................. 48 a)

Implantação .................................................................................................................. 49

b)

Projeto Arquitetônico .................................................................................................... 52

c)

Projeto hidrossanitário .................................................................................................. 54

d)

Sanitários e Chuveiros ................................................................................................... 55

e)

Vias litorâneas/calçadão ............................................................................................... 55

f)

Projeto paisagístico ....................................................................................................... 57

g)

Projeto de gestão de resíduos sólidos ........................................................................... 57

h)

Determinações para áreas destinadas a eventos e práticas esportivas ....................... 58

3.3 DETERMINAÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO EM ORLAS NO ÂMBITO MUNICIPAL ........................................................................................................ 60


3.3.1 Plano Diretor Municipal de Vila Velha ................................................................................ 60 3.3.2

Código de Obras Municipal .......................................................................................... 61

4 ESTUDO DE CASO DE PROPOSTAS INDIVIDUAIS DE INTERVENÇÃO APLICADAS EM ORLAS.......................................................................................... 61 4.1 Vias litorâneas .............................................................................................. 62 4.2 Mobiliário urbano .......................................................................................... 67 4.3 Estacionamentos .......................................................................................... 73 4.4 Elementos arquitetônicos: quiosques, estabelecimentos comerciais informais e banheiros ......................................................................................................... 74 4.5 Vegetação .................................................................................................... 82 5

CONTEXTUALIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ORLA DA PRAIA DA COSTA . 85 5.1 Classificação da orla .................................................................................... 86 5.2 Vias litorâneas .............................................................................................. 87 5.3 Mobiliário urbano .......................................................................................... 92 5.4 Estacionamentos ........................................................................................ 100 5.6 Vegetação .................................................................................................. 109 5.7 Uso e ocupação ......................................................................................... 112 5.8 Gabarito ..................................................................................................... 112

6. ENSAIO PROJETUAL ..................................................................................... 114 6.1 PARTIDO PROJETUAL ............................................................................. 114 6.2 IMPLANTAÇÃO ......................................................................................... 115 6.3 AMPLIAÇÕES ............................................................................................ 117 6.3.1

Área de ampliação 1 .......................................................................... 117

6.3.2

Área de ampliação 2 .......................................................................... 118

6.3.3

Área de ampliação 3 .......................................................................... 119

6.4 CAMINHOS E ACESSOS .......................................................................... 120 6.5 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS: QUIOSQUES, ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS INFORMAIS E BANHEIRO ....................................................... 122 6.5.1

Quiósques no subsolo ................................................................................................. 122

6.5.2

Posto de salva-vidas ................................................................................................... 124

6.5.3

Módulo SOE................................................................................................................. 127

6.5.4

Pescadores .................................................................................................................. 127

6.5.5

Feira Livre .................................................................................................................... 128


6.6 MOBILIÁRIO URBANO .............................................................................. 129 6.6.1

Módulo de estar.......................................................................................................... 129

6.6.2

Abrigo de transporte coletivo .................................................................................... 130

6.6.3

Bancos ......................................................................................................................... 131

6.6.4

Guarda-corpo .............................................................................................................. 131

6.6.5

Playground .................................................................................................................. 132

6.7 ACADEMIA AO AR LIVRE ......................................................................... 133 6.8 REVESTIMENTOS..................................................................................... 134 6.9 PAISAGISMO ............................................................................................. 136 6.10

ESTACIONAMENTOS ......................................................................... 137

6.11

APLICAÇÃO DO PROJETO NA PRAIA DA COSTA ........................... 138

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 139 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 141 7. APÊNDICES ..................................................................................................... 144 Prancha 1/6 - Implantação da proposta de desenho urbano ............................ 144 Prancha 2/6 - Ampliação área 1........................................................................ 144 Prancha 3/6 - Ampliação área 2........................................................................ 144 Prancha 4/6 - Ampliação área 3........................................................................ 144 Prancha 5/6 - Quiósque no subsolo do calçadão.............................................. 144 Prancha 6/6 - Módulo Posto Salva vidas .......................................................... 144


RESUMO

A Orla Marítima é um importante elemento no cenário paisagístico de uma cidade. Trata-se de um espaço público especial, pois propõe uma relação de integração do homem com o meio ambiente através de seus componentes naturais. A Orla Praia da Costa, situada no município de Vila Velha - ES, além de um cenário turístico rico, trata-se de uma área litorânea com urbanização consolidada e com adensamento muito próximo a faixa litorânea. Este trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de requalificação e ordenamento, considerando melhor uso e ocupação, do trecho da Orla da Praia da Sereia, situada na Orla na Praia da Costa, Vila Velha – ES, buscando conciliar o meio natural com as atividades antrópicas que vem alterando a paisagem da cidade. Propõe ainda aprofundar a temática da Paisagem Urbana e da requalificação Urbana; Identificar determinantes vigentes para uso e ocupação em Orlas Costeiras; Identificar atuais usos e ocupação, dentre outros. São utilizadas fontes bibliográficas de importância e relevância que resgatam os conceitos de requalificação do espaço público, consulta aos planos e diretrizes disponíveis para projeto em orlas, análise de experiências nacionais e internacionais de projetos de requalificação de orla em cidades costeiras, além de visitas ao local, levantamento fotográfico e técnicas de entrevistas semi-estruturada.Com os resultados dessas pesquisas e levantamentos, será possível dar embasamento a uma proposta de requalificação que permita resgatar a identidade local, visando evidenciar os potenciais que esta área possui, devolvendo um espaço de qualidade aos moradores, vizinhos e turistas.

Palavras chaves: Paisagem, Orla, Praia da Costa, Requalificação.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Construção da Terceira Ponte .................................................................. 17 Figura 2 - Praia da Costa antes da construção da Terceira ponte ............................ 18 Figura 3 - Evolução do setor imobiliário após a Construção da Terceira Ponte ........ 18 Figura 4 - Linha marcante entre água e a terra ......................................................... 24 Figura 5 - A água refletindo o céu ............................................................................. 24 Figura 6 – Composição entre arquitetura e vegetação .............................................. 25 Figura 7 – O contraste destaca a casa entre as demais ........................................... 26 Figura 8 – Passeio marcado por linhas que favorecem a continuidade .................... 26 Figura 9 – Textura presente nos ambientes .............................................................. 27 Figura 10 – A flor metálica no parque argentino demonstra monumentalidade ........ 28 Figura 11 – Repetição de elementos arquitetônicos ................................................. 29 Figura 12 – O edifício sendo revestido pela vegetação ............................................. 29 Figura 13 – A linha do horizonte demonstrando o infinito das águas ........................ 30 Figura 14 - Esquema de definição de “Orla Marítima” ............................................... 38 Figura 15 - Classificação da orla segundo sua forma ............................................... 43 Figura 16 - Perfil de uma Orla não urbanizada.......................................................... 44 Figura 17 - Perfil de uma área com processo de urbanização .................................. 44 Figura 18 - Perfil de uma área com urbanização consolidada .................................. 45 Figura 19 - Acesso direto à praia .............................................................................. 46 Figura 20 - Acesso indireto à praia............................................................................ 46 Figura 21 - Alerta para evitar problemas de Poluição e degradação......................... 49 Figura 22 - Estabelecimento de faixa de segurança para a construção em orlas ..... 50 Figura 23 - Acréscimo da faixa de segurança caso haja ocorrência de ecossistema 50 Figura 24 - Acréscimo da faixa de segurança ao prever a ocorrência de erosão ..... 51 Figura 25 - Área máxima para a construção na Orla marítima .................................. 52


Figura 26 - Estabelecimentos geminados podem possuir até 30 m² ......................... 52 Figura 27 - Definição das áreas a serem ocupadas .................................................. 53 Figura 28 - Trilhas para a passagem de pedestres evitando a degradação da restinga ..................................................................................................................... 56 Figura 29 - Exemplo da orientação do traçado das trilhas de acesso à praia ........... 56 Figura 30 - Ilustra a locação de estruturas de eventos e esportes na Orla ............... 59 Figura 31 - Criação do novo passeio que cria a interface entre a área urbanizada e a praia .......................................................................................................................... 63 Figura 32 - O conceito do projeto, modelado a partir do desenho das águas nas areias ........................................................................................................................ 63 Figura 33 - Passeio da Orla....................................................................................... 64 Figura 34 - Pavimentação utilizada nos passeios ..................................................... 64 Figura 35 - Vista da Praia .......................................................................................... 65 Figura 36 - Vista da Praia à noite .............................................................................. 65 Figura 37 - Rampas com inclinações amenas........................................................... 66 Figura 38 - Detalhe da pavimentação ....................................................................... 66 Figura 39 – Pavimentação das calçadas na Praia de Copacabana .......................... 67 Figura 40 – Combinação de pavimentações diferentes e canteiros na Praia de Camburi ..................................................................................................................... 67 Figura 41 – Mobiliário urbano especificado no projeto de Revitalização da Orla da Praia de Copacabana ................................................................................................ 68 Figura 42 - Nova cobertura de lona ........................................................................... 68 Figura 43 - Lixeiras implementadas pelo Projeto de Revitalização da Orla de Copacabana .............................................................................................................. 69 Figura 44 - As lixeiras do térreo são interligadas ao subsolo .................................... 69 Figura 45 - Bancos instalados no limite da plataforma de quiosque com a areia ...... 70 Figura 46 – Banco nos Passeios em Vancouver ....................................................... 70


Figura 47 - Pergolado na praia de Camburi .............................................................. 71 Figura 48 - Revitalização da Orla do Pôr do Sol - Aracaju/SE .................................. 72 Figura 49 - Passeio à beira ....................................................................................... 72 Figura 50 - Chuveiros na Barceloneta ....................................................................... 73 Figura 51 - Estacionamento ocupando uma área nobre ........................................... 73 Figura 52 - Estacionamento próximo a área costeira ................................................ 74 Figura 53 - Vista da Torre de TV para a Feira antes da intervenção ......................... 75 Figura 54 - Feira da Torre de TV em Brasília/DF ...................................................... 75 Figura 55 - Quiosques da Orla de Copacabana ........................................................ 76 Figura 56 - Novo quiosque ........................................................................................ 76 Figura 57 - Planta baixa do subsolo da plataforma de quiosques ............................. 77 Figura 58 - Acesso independente para a área de apoio ............................................ 77 Figura 59 - Grade de segurança da área de apoio .................................................... 78 Figura 60 - Monta carga para o transporte da mercadoria do quiosque – Térreo e subterrâneo respectivamente .................................................................................... 78 Figura 61 - Armários e banheiros do vestiário de funcionários.................................. 79 Figura 62 – Comunicação visual que indica o acesso aos banheiros públicos no subsolo ...................................................................................................................... 79 Figura 63 - Escada de acesso aos banheiros ........................................................... 80 Figura 64 - Controle de acesso aos banheiros .......................................................... 80 Figura 65 - Controle de acesso através de câmeras e lockers.................................. 80 Figura 66 - Módulo de orientação à atividades físicas .............................................. 81 Figura 67 - Posto de Salvamento .............................................................................. 82 Figura 68 - Playa de Cubelles em Barcelona ............................................................ 83 Figura 69 – Beira mar em Valencia ........................................................................... 83 Figura 70 - Orla de Santos ........................................................................................ 84


Figura 71 - Mapa da área de estudo ......................................................................... 85 Figura 72 - Ilhas que abrigam a praia ........................................................................ 86 Figura 73 - Urbanização próxima à Orla ................................................................... 87 Figura 74 - Trecho da Praia da Sereia ...................................................................... 88 Figura 75 - Via litorânea de pedestres ...................................................................... 88 Figura 76 - Área de prática de esportes na faixa de areia ......................................... 89 Figura 77 - Rampas de integração entre o calçadão e a areia .................................. 89 Figura 78 - Rampa de acesso à praia ....................................................................... 90 Figura 79 - Escada de acesso à praia ....................................................................... 90 Figura 80 – Ciclovia da Orla ...................................................................................... 91 Figura 81 - Posto de salva-vidas desativado ............................................................. 92 Figura 82 - Playgroud da Praia da Sereia ................................................................. 93 Figura 83 - Cercado do playgraund rompida ............................................................. 93 Figura 84 - Playground da praia ................................................................................ 93 Figura 85 - Playground da Praia da Costa de dia...................................................... 94 Figura 86 - Lanchonetes na orla................................................................................ 94 Figura 87 - Bancadas dos pescadores ...................................................................... 95 Figura 88 - Lixo na via litorânea ................................................................................ 95 Figura 89 – O banco de madeira instalado recentemente e o banco tradicional em concreto existente ..................................................................................................... 96 Figura 90 - Bancos em concreto mantidos ................................................................ 96 Figura 91 - Chuveiro na Praia da Sereia ................................................................... 97 Figura 92 - Marcação dos Quilômetros ..................................................................... 97 Figura 93 - Academia popular ................................................................................... 98 Figura 94 - Aparelhos para a prática de exercícios físicos na areia .......................... 98 Figura 95 - Posto de guarda-vidas ............................................................................ 99


Figura 96 - Guarda-corpo na curva da sereia.......................................................... 100 Figura 97 - Bicicleta presa na placa ........................................................................ 100 Figura 98 - estacionamento paralelo ao canteiro .................................................... 101 Figura 99 - Bolsão de estacionamento .................................................................... 101 Figura 100 - Bolsão de estacionamento voltado para o público alvo do Projeto Praia Legal ....................................................................................................................... 102 Figura 101 - Recuo para acesso de ônibus ............................................................. 102 Figura 102 – Quiósques Asa delta .......................................................................... 103 Figura 103 - Poluição visual causada pelos quiósques e seus mobiliários ............. 104 Figura 104 - Cadeiras presas de forma improvisada ............................................... 104 Figura 105 - Equipamentos e mobiliários do quiosque sem depóstito próprio no interior do estabelecimento ..................................................................................... 105 Figura 106 - Barracas de acordo com o padrão da PMVV ...................................... 105 Figura 107 - Ambulante fora da padronização da Prefeitura ................................... 106 Figura 108 - Pedra onde existia uma base em concreto que servia como trampolim ................................................................................................................................ 106 Figura 109 - Pórtico com uma plataforma ............................................................... 107 Figura 110 – Visual do mirante e pórtico Laramar................................................... 107 Figura 111 - Mobiliário do Projeto Praia Legal ........................................................ 108 Figura 112 - Perspectiva do Novo Projeto Praia Legal, pós APO ........................... 108 Figura 113 - Canteiro com arbustos e árvore .......................................................... 109 Figura 114 - Castanheiras e Coqueiros na via litorânea ......................................... 110 Figura 115 - Árvore semicaducifólia em local de permanência ............................... 110 Figura 116 - Canteiros sem forração ....................................................................... 111 Figura 117 - Gola da árvore fora do padrão de acessibilidade ................................ 111 Figura 118 - Mapa de uso e ocupação urbanística ................................................. 112 Figura 119 - Mapa de usos na Orla ......................................................................... 113


Figura 120 - Usos públicos mapeados na área de estudo ...................................... 114 Figura 121 - Proposta de Desenho urbano (Apêndice – Prancha 1/6) .................... 115 Figura 122 – Recuos e sombras ............................................................................. 116 Figura 123 - Iluminação para o passeio noturno ..................................................... 116 Figura 124 - Área de ampliação 1 (Apêndice – Prancha 2/6) .................................. 117 Figura 125 - Playground da área de ampliação 1.................................................... 117 Figura 126 - Área de ampliação 2 - (Apêndice – Prancha 3/6) ............................... 118 Figura 127 - Praça Principal e Feira Livre ............................................................... 118 Figura 128 - Área de ampliação 3 (Apêndices - Prancha 4/6) ................................. 119 Figura 129 - Mobiliários da área de ampliação 3..................................................... 119 Figura 130 - Acesso pela faixa de pedestres .......................................................... 120 Figura 131 - Estacionamento .................................................................................. 120 Figura 132 - Faixa elevada para pedestres na ciclovia ........................................... 121 Figura 133 - Faixas que compõem o calçadão........................................................ 122 Figura 134 - Localização da estrutura dos restaurantes ......................................... 123 Figura 135 - Quiósque da praça central (Apêndice - Prancha 5/6) ......................... 123 Figura 136 - Área de atendimento dos quiosques ................................................... 124 Figura 137 - Posto de salva-vidas (Apêndice - Prancha 6/6) .................................. 124 Figura 138 - Posto de salva-vidas ........................................................................... 125 Figura 139 - Planta baixa do 1º pavimento - (Apêndice - Prancha 6/6) ................... 125 Figura 140 - Localização dos postos de salva-vidas (Apêndice – Prancha 6/6) ..... 126 Figura 141 - Depósito no nível da areia(Apêndice – Prancha 6/6) .......................... 126 Figura 142 - Módulo SOE ........................................................................................ 127 Figura 143 - Localização da atividade dos pescadores na área de estudo ............. 128 Figura 144 - Feira Livre (Apêndice - Prancha 3/6) .................................................. 128 Figura 145 - Feira livre entre as faixas de passeio .................................................. 129


Figura 146 - Módulo de estar entre as linhas do calçadão (Apêndice – Prancha 2/6) ................................................................................................................................ 129 Figura 147 - Módulo de estar .................................................................................. 130 Figura 148 - Abrigo de ônibus ................................................................................. 130 Figura 149 - Banco na gola da árvore ..................................................................... 131 Figura 150 - Guarda-corpo ...................................................................................... 131 Figura 151 - Playground .......................................................................................... 132 Figura 152 - Playground na praça central (Apêndice - Prancha 3/6)....................... 132 Figura 153 - Playground próximo ao módulo SOE e à academia (Apêndice – prancha 4/6) .......................................................................................................................... 133 Figura 154 - Academia ao ar livre e playground ...................................................... 133 Figura 155 – Playground, academia e Módulo SOE ............................................... 134 Figura 156 - Texturas diferenciadas conforme o uso de cada faixa de passeio ...... 134 Figura 157 - Piso de madeira plástica ..................................................................... 135 Figura 158 - Plantas especificadas (Apêndice – Prancha 1/6) ................................ 136 Figura 159 - Rampas ligam as vagas à calçada...................................................... 137 Figura 160 - Trecho da Proposta de estudo preliminar ........................................... 138


LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas APO – Avaliação Pós-Ocupação CREFES – Centro de Reabilitação Física do Estado do Espírito Santo. GERCO – Unidade de Gerenciamento Costeiro GRPU – Gerencia Regional do Patrimônio da União IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade IDAF – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente MOVIVE – Movimento Vida Nova Vila Velha PMVV – Prefeitura Municipal de Vila Velha SOE – Serviço de orientação ao exercício SPU – Secretaria do Patrimônio da União ZEIA – Zona Especial de Interesse Ambiental


INTRODUÇÃO Esta breve introdução resgata a contextualização do Município de Vila Velha onde se encontra a área de estudo em questão, a fim de identificar a importância da orla nesse contexto. Com essa contextualização é possível identificar os problemas da área de estudo a serem solucionados, desenvolvidos no subitem, “Objetivos”. A importância do espaço público para a cidade de Vila Velha é uma justificativa para a realização deste estudo, que aborda à temática da paisagem, a requalificação da mesma, dentre outros assuntos dispostos nos capítulos à seguir. Assim, este capítulo apresenta a metodologia com que serão abordados os diversos assuntos referentes à paisagem urbana, abordando autores referência nesse tema, diretrizes municipais, estaduais e federais, estudos de caso, diagnóstico da área em questão e um estudo preliminar apresentando a proposta de requalificação.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O Brasil possui uma região costeira com uma extensão de 8.500 quilômetros, onde os índices demográficos são mais elevados, em decorrência da colonização que se deu a partir das áreas litorâneas, seguindo o sentido da costa para o interior. (BRASIL, 2002)a. Salvador e Rio de janeiro já foram capitais do Brasil, e Brasília foi uma tentativa de urbanização no interior do Brasil, levando infraestrutura para a região afastada do litoral com o objetivo de implementar um modelo modernista como partido, tornandoa capital do poder. Apesar da tentativa de expandir a urbanização para as regiões interiores, aproximadamente um terço da população brasileira reside à beira-mar, e quase metade dessa população ocupa áreas que se encontram a 200 quilômetros da costa, sendo assim, grande parte dos equipamentos da urbanização (unidades multi familiares, escolas, indústrias, etc.) estão também localizados próximos a esses espaços. (BRASIL, 2002)a. Assim, percebe-se a pressão que a urbanização e suas atividades econômicas, culturais, turísticas exercem sobre as orlas. Em contrapartida, o Brasil possui uma 15


diversidade muito grande de ecossistemas que ocupam essas áreas, que representam recursos altamente valiosos dos pontos de vista ecológicos, sociais e econômicos. (BRASIL, 2002)a. Desta forma, os conflitos entre as atividades de urbanização sem controle e os ecossistemas que compõem litoral do país tem aumentado, causando riscos de degradação ambiental. (BRASIL, 2002)a. A Orla Marítima é um importante elemento no cenário paisagístico de uma cidade, trata-se de um espaço público especial, pois propõe uma relação de integração do homem com o meio ambiente através de seus componentes naturais. A relação homem-ambiente torna as áreas litorâneas espaços livres, de lazer, democráticos, de rica contemplação da paisagem que é responsável por uma especial demanda turística (IEMA, 2009). A Orla Praia da Costa, situada no município de Vila Velha - ES, além de um cenário turístico rico, trata-se de uma área litorânea com urbanização consolidada, ou seja, mesmo nas épocas de baixa temporada, essa área é sempre muito utilizada, pois funciona como um espaço público destinado às atividades de lazer e entretenimento, além de ser palco de manifestações e eventos culturais, a Orla da Praia da Costa, é uma das principais praias que atrai, durante os finais de semana e feriados, usuários de outros bairros e municípios próximos, que a utilizam como área única de lazer. Assim, percebe-se que a Orla da Praia da Costa é um espaço público muito frequentado nas baixas temporadas e essa demanda aumenta nas altas temporadas, o que faz com que esse espaço necessite de qualificação de sua infra estrutura, ordenamento de uso e constante manutenção. Além disso, as determinações do Instituto Estadual de Meio Ambiente, do Projeto Orla e do Gerenciamento Costeiro do Patrimônio da União, são superficiais e, em muitos casos, não delimitam diretrizes que alcancem objetivos concretos quanto à ordenação do uso e ocupação das áreas costeiras, e nem quanto a projetos de requalificação dessas áreas. É necessário aplicar conceitos em que haja harmonização dos fatores econômicos, sociais e ecológicos, pois esses são interdependentes.

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Vila Velha é a cidade mais antiga e o segundo município mais populoso do Estado do Espírito Santo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano 2012. A cidade possui aproximadamente 414 mil habitantes (IBGE, 2012) e faz parte da Região Metropolitana da Grande Vitória, juntamente com os municípios Fundão, Serra, Vitória, Cariacica, Viana e Guarapari. O principal indício do crescimento imobiliário do município de Vila Velha foi identificado após a construção da Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça, mais conhecida como Terceira Ponte, construída entre 1985 e 1987. A cidade deixou de ser cidade dormitório e passou a ser cidade-residência com a ligação da Praia do Canto com a Praia da Costa (SANTOS, 2010).

Figura 1 - Construção da Terceira Ponte Fonte: Santos, 2010.

A construção da Terceira ponte, ilustrada pela figura 1, é uma das maiores obras no Espírito Santo e com essa nova ligação houve uma valorização da área resultando em um boom imobiliário. Esta evolução percebe-se através das figuras 2 e 3.

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Figura 2 - Praia da Costa antes da construção da Terceira ponte Fonte: Santos, 2010.

Figura 3 - Evolução do setor imobiliário após a Construção da Terceira Ponte Fonte: Santos, 2010.

Vila Velha tem sofrido com o crescimento rápido e desordenado nesses últimos anos, com surgimento de novos bairros, dinamização do mercado imobiliário e a verticalização junto à Orla. O resultado desse crescimento tem sido a redução dos espaços públicos livres, que interfere diretamente, de forma negativa na relação dos habitantes com o meio em que vivem. Assim, com a escassez dessas áreas na cidade, espaços existentes e consolidados ficam cada vez mais valorizados, embora se encontram em escassa manutenção. Exemplo disso é a orla da Praia da Costa, espaço público importante no município, mas que em meio às prioridades emergenciais da cidade ficam em segundo plano. Em Vila Velha, a Orla da Praia da Costa é um dos cenários paisagísticos e espaços públicos de lazer mais evidentes do município. É uma Orla urbanizada e com adensamento muito próximo a faixa litorânea. 18


1.2 OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo geral elaborar uma proposta de requalificação, considerando melhor uso e ocupação, do trecho da Orla da Praia da Sereia, situada na Orla na Praia da Costa, Vila Velha – ES, visando aplicar os resultados obtidos no trecho em estudo nas demais áreas da Praia da Costa e da Praia de Itapuã. O Trabalho ainda tem como objetivos específicos: a) Aprofundar a temática da Paisagem Urbana e da requalificação Urbana; b) Identificar determinantes vigentes para uso e ocupação em Orlas Costeiras; c) Identificar atuais usos e ocupação do meio ambiente que estão conflitando com o ecossistema e com a faixa litorânea do trecho da Orla da Praia da Sereia; d) Identificar usos que possam se consolidar como potenciais turísticos e de lazer existentes; e) Incrementar atividades culturais, esportivas e turísticas que geram economia e inclusão social para a cidade; f) Realizar tratamento paisagístico a fim de resgatar a qualidade visual para a cidade; g) Facilitar acessos aos usuários para utilização das praias;

1.2 JUSTIFICATIVA Este trabalho tem como relevância a requalificação da Orla, pois promoverá melhoria na qualidade ambiental do espaço público contribuindo para a relação dos seus usuários com o meio ambiente. Assim este estudo tem como área de abrangência o trecho da Praia da Sereia, do Clube Libanês até a Rua Jofredo Novaes. A área de abrangência foi escolhida devido à sua riqueza de usos econômicos, sociais e turísticos e suas paisagens compreendidas. Os benefícios das propostas contribuirão para a abrangência em todo o município destacando-o no cenário turístico estadual; Trazendo qualidade ao espaço público importante para os moradores do seu entorno e o turismo local.

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A proposta de requalificação também contribuirá com a comunidade acadêmica já que a temática sobre a paisagem urbana ainda é um tema pouco debatido e poderá ser base para futuros planos de diretrizes elaborados pelos órgãos administradores. Além disso, existe um interesse pessoal pela temática que se deu através do olhar de usuária do espaço para práticas recreativas e esportivas. A permanência no município fez com que a prática recreativa e esportiva na orla da Praia da Costa, torna-se um modo de análise que ocorria em todas as visitas mesmo que sem a pretensão. Durante o curso de arquitetura, a pesquisadora teve a oportunidade de unir-se à equipe de estagiários envolvidos com o Projeto Praia Legal, que teve como objetivo realizar intervenções que qualificassem a área para que pudesse atender pessoas com deficiências e inserir os espaços na Norma Brasileira 9050:2004, que se refere à acessibilidade, e assim promover a integração social.

1.3 METODOLOGIA Esta pesquisa será do tipo exploro - descritivo, com as necessárias adequações à área de estudo em questão. Serão utilizadas fontes bibliográficas de importância e relevância ao tema proposto, utilizando os principais autores: CULLEN (2008), ABBUD (2006), WATERMAN (2010), WATERMAN E WALL (2012), COSTA (2006), SANTOS (1977), YÁZIGI (1999) e JACOBS (2007). Abordagem sobre conceitos sobre paisagem, requalificação, desenho urbano e turismo estarão distribuídos no capítulo 2. Foi necessário uma consulta aos planos e diretrizes disponíveis para projeto em orlas, seja no âmbito federal, mas também nas esferas estadual e municipal, em especial: a) o Projeto Orla da Secretaria do Meio Ambiente, através da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos juntamente com a Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; b) As Diretrizes para elaboração de Projetos de Urbanização da Orla Marítima da IEMA; c)O Plano Diretor Municipal, dentre outros, que estarão disponíveis no capítulo 3. A pesquisa terá como unidade de análise empírica estudos e experiências nacionais e internacionais de projetos de requalificação de orla em cidades costeiras 20


distribuídas no capítulo 4, composto pelos estudos de caso, onde estarão relacionadas diversas soluções de projetos para áreas litorâneas. Também foi necessário realizar visitas ao local, levantamento fotográfico e técnicas de entrevistas semi-estruturadas com transeuntes da orla para o desenvolvimento diagnóstico geral da área, presente no capitulo 5. Este diagnóstico visa apresentar um estudo prévio, caracterizar a área, identificar inadequações e conflitos existentes, além de reconhecer as necessidades e potenciais da área através da observação participante. A proposta projetual será apresentada no capítulo 6. Que será explicada através de imagens da requalificação realizada, plantas-baixas, ampliações e as justificativas apresentadas para cada ação. As pranchas de projeto estarão numeradas e anexas no Apêndice.

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2 A PAISAGEM COMO ELEMENTO DE REQUALIFICAÇÃO URBANA Atualmente, tem sido crescente a preocupação com os impactos ambientais da cidade sobre o meio ambiente. A cidade e o meio ambiente têm sido vistos como campos opostos, porém, esses espaços com características tão divergentes, podem possuir integração harmônica, criando composições que conferem qualidade paisagística aos diversos ambientes (ABBUD, 2006). A construção da paisagem tem sido um tema relevante nas discussões sobre o planejamento urbano, porém ainda pouco preconizado devido ao crescimento rápido e desordenado das cidades. (ABBUD, 2006).

Na cidade de Vila Velha, não é

diferente, o descaso com os espaços públicos tornam-se cada vez mais evidentes. A Orla da Praia da Costa é um exemplo de espaço público de destaque que ainda sobrevive em meio à urbanização. É supervalorizada e surge a necessidade de tratá-la com mais atenção, focando não só na infraestrutura, mas buscando resgatar os elementos paisagísticos presentes, essenciais para a cidade.

2.1 A PERCEPÇÃO DA PAISAGEM E SEUS ELEMENTOS VISUAIS Existem diversos conceitos sobre a paisagem, definidos por vários autores, e a maioria das definições giram em torno da visão do observador e sua relação com o que ele vê e sente em determinado espaço. Milton Santos (1988, p. 124), define a paisagem como “domínio do visível ou de tudo aquilo que a visão abarca, sendo ainda formado de odores, sons e movimentos”. Pires (apud YÁZIGI, 1999, p 163), também afirma que “(...) nossa relação sensorial com a paisagem é global e não apenas visual. Ela é feita de sons, odores e outras impressões sensoriais carregadas de um conteúdo espacial e temporal”. ABBUD (2006, p. 15) relata que “o paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano” e que proporciona uma vivência abundante de sensações, que permite condições de desfrutar de diversas experiências perceptivas. Os autores destacam os mesmos fatores visuais e sensoriais, além de relacionarem a importância da percepção do observador sobre a paisagem. O segundo ainda acrescenta os fatores espaço e tempo, que contribuem para os fatores sensitivos. 22


E essa percepção é definida por Pires (apud YÁZIGI, 1999, p 163), como: O processo pelo qual o organismo humano se informa dos objetos e transformações que se manifestam ao seu redor. Neste processo é necessário haver primeiro uma cena capaz de estimular o observador além do próprio observador receptivo e sensibilizado perante a visão. A partir deste momento se realizará a percepção.

Entende-se, assim, que a paisagem e a percepção são complementares, ou seja, coexistem, pois a partir da percepção pode-se identificar os elementos e as qualidades da paisagem. Pires (apud YÁZIGI, 1999), relaciona a percepção da paisagem a três fatores, a partir da recepção dos estímulos do meio recebidos pelo indivíduo. São eles: a) Fatores do próprio indivíduo, que estão relacionados à sua forma de interpretação pessoal, seus valores e como ele associa o que visualiza. b) Fatores educativos e culturais, adquiridos através da vivência com a sociedade; c) Fatores que fazem parte da sua sensibilidade particular, emocional, suas afinidades e de como o observador se relaciona com o ambiente. Para que aconteça a contemplação da paisagem, existem alguns elementos básicos que permitirão a análise da mesma. Segundo Pires (apud YÁZIGI, 1992, p 164), esses elementos são: - a paisagem, composta de formas naturais e humanizadas; - a visibilidade, zona física de visão entre o observador e a paisagem; - o observador; e - a interpretação, análise realizada pelo observador sobre o conteúdo e o significado da cena observada.

Deste modo, após visualizar a paisagem, composta de espaço, formas naturais e humanizadas, o indivíduo passa a interpretá-la, realizando análises sobre o conteúdo do que se está observando. Essas análises proporcionam ao indivíduo, o poder de qualificar ou não o que ele vislumbra. Essa qualidade visual da paisagem, segundo Pires (apud YÁZIGI, 1999), depende dos elementos naturais ou artificiais existentes nela. Esses elementos também são chamados de componentes da paisagem e se relacionam à forma da terra, à água, à vegetação, às estruturas e aos elementos artificiais constituídos pela ação humana.

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Segundo ABBUD (2006), tais elementos fazem parte da essência do espaço. O ar que envolve tudo que respiramos; a água, que é um elemento que atrai a atenção e reflete outros elementos do espaço, traz a sensação de frescor; e a terra que é base para todos os projetos. O autor acrescenta que tais elementos são dinâmicos e que não se deve prevê-los de forma precisa e permanente. Sobre esses componentes, CULLEN (2008) observa o contraste que existe entre a terra e a água, que formam, ao olhar do indivíduo, uma linha de demarcação, conforme representado na figura 4, ilustrada abaixo.

Figura 4 - Linha marcante entre água e a terra Fonte: Acervo Pessoal, (2011)

Além de criar linhas, outro importante aspecto que a água traz é a reflexão, que a torna capaz de espelhar os outros elementos da paisagem que estão próximos a ela Na figura 5 a água se confunde com o céu pelo seu efeito de espelho.

Figura 5 - A água refletindo o céu Fonte: Acervo pessoal, (2011)

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O autor também se refere à vegetação como elemento paisagístico natural que possui uma relação respeitável com as cidades. Ele considera as árvores, como presenças vivas entre os seres humanos e enfatiza a integração que elas podem ter com a arquitetura. Como na figura 6, onde a arquitetura se encontra em meio à uma grande diversidade de espécies que possuem formas e cores que conferem qualidade visual à paisagem.

Figura 6 – Composição entre arquitetura e vegetação Fonte: Acervo pessoal, (2012)

A vegetação compõe a paisagem trazendo características visuais ricas, através de suas curvas ou geometrias, cores e texturas. Elementos artificiais também são importantes ícones da paisagem. Segundo SANTOS (1977), a paisagem é resultado de ações humanas nos espaços, que vão se modificando junto com a evolução da sociedade. Pires, (apud YÁZIGI, 1999, p. 167), confirma, definindo estruturas e elementos artificiais como “estruturas espaciais criadas por diferentes usos do solo ou construções diversas de caráter pontual, linear ou superficial”. Os elementos que compõem a paisagem permitem adquirir conhecimento das propriedades visuais, apresentando-se como elementos básicos, representados através de formas, cores, linhas, texturas além da escala e dos espaços.

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Pires (apud YAZIGI, 1999, p. 167), conceitua a forma como “volume ou superfície de um objeto ou objetos que aparecem unificados tanto pela configuração que apresentam na superfície do terreno, como pela localização conjunta sobre a paisagem.” O mesmo autor refere-se à cor, definida pela pigmentação e tendo diversas tonalidades, como uma das principais características visuais de uma paisagem. CULLEN (2008), entretanto, considera a cor elemento fundamental para destacar os elementos do traçado e para distinguir elementos no espaço e demonstrar contrastes.

Na figura 7, as cores mescladas destacam-se entre os elementos

reproduzidos de mesma forma, sendo que apenas um deles, destaca-se por ter a variação nas cores branca e preta.

Figura 7 – O contraste destaca a casa entre as demais Fonte: CULLEN (2008, p. 93)

As linhas, por serem elementos marcados pela continuidade unidirecional, conforme Pires (apud YÁZIGI, 1999), podem formar caminhos, um exemplo, pode-se observar na figura 8.

Figura 8 – Passeio marcado por linhas que favorecem a continuidade Fonte: Acervo Pessoal, (2013)

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A textura é descrita por CULLEN (2008), não só como elemento visual, mas como importante aspecto sensorial da percepção. Onde não for possível visualizar apenas mentalmente, como comumente acontece, é necessário sentir e ter o contato com essa propriedade, além de percebê-la como um elemento não de uma visualização mais apurada e detalhista, mas que requer um olhar sensitivo. Conforme define Pires (apud YÁZIGI, 1999), a textura é feita de irregularidades da forma e das cores e isso a faz divergir de uma superfície contínua. Essas variações na superfície são apresentadas na figura 9 que representa texturas em um muro de pedra com colorações e formas diferenciadas do material, efeito que resulta no dinamismo e na tridimensionalidade deste elemento urbano.

Figura 9 – Textura presente nos ambientes Fonte: Acervo Pessoal, (2008)

A escala, conforme CULLEN (2008, p. 94), “não é dimensão, mas sim a dimensão que um edifício reivindica, implicitamente, aos nossos olhos”. Segundo definições adaptadas a partir de Pires (apud YÁZIGI, 1992, p. 167), a escala trata-se da “relação existente entre o tamanho do objeto e o entorno onde está situado.” Um exemplo deste elemento visual é a flor métalica monumental no parque argentino, ilustrada na figura 10.

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Figura 10 – A flor metálica no parque argentino demonstra monumentalidade Fonte: Acervo Pessoal, (2011)

O espaço, segundo Pires (apud YÁZIGI, 1999, p. 167) constitui o local “determinado pela organização tridimensional dos corpos sólidos e os espaços livres e vazios da cena”. Enquanto Milton Santos (1977) refere-se ao mesmo enquanto espaço biológico, que compreende as atividades realizadas pelo homem que nele acontecem, sendo elas, não só econômicas, mas também políticas, relações efetivas ou em potencial, ou seja, relações sociais.

2.2 QUALIDADE VISUAL E PERCEPÇÃO DA PAISAGEM Após a percepção da paisagem através de seus elementos é possível identificar a qualidade visual da mesma, através das seguintes características: diversidade, naturalidade, superfície e borda d’água, singularidade e recursos turísticos. Pires (apud YÁZIGI, 1992), refere-se à diversidade como uma variação de elementos paisagísticos apresentados num espaço, que confere um valor maior que uma paisagem monótona. Cullen (2008) enfatiza que a diversidade raramente tem sido utilizada nas cidades e que as construções contemporâneas tem sido previsíveis, sendo marcadas pela repetição e modulação. A figura 11 apresenta essa repetição dos elementos.

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Figura 11 – Repetição de elementos arquitetônicos Fonte: Acervo Pessoal, (2013)

O mesmo autor ainda associa, com naturalidade, uma paisagem às unidades paisagísticas repletas de recursos naturais e com escassez de elementos introduzidos pelo homem, ou seja, paisagens mais orgânicas e com predominância de formas irregulares. Atualmente, preservação e sustentabilidade têm sido temas muito constantes entre as discussões sociais, porém, alguns lugares já não possuem elementos naturais de forma abundante, e assim tentam resgatá-los, inserindo-os na paisagem urbana. A vegetação é um dos elementos mais comuns, trabalhados na paisagem urbana, inserindo-a em parques e ruas, e até mesmo nas edificações como floreiras ou ainda como na figura 12, em que o verde aos poucos vai revestindo a fachada.

Figura 12 – O edifício sendo revestido pela vegetação Fonte: Acervo Pessoal, (2011)

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Além da vegetação, outro importante elemento que confere naturalidade à um espaço, é a água. As bordas d’água em contraste com a superfície terrestre formam linhas de força, conforme CULLEN (2008). O autor ainda afirma que a linha do horizonte marcada pelas águas é enigmática e que remete a sensação visual emotiva de infinito, como na figura 13, onde a água demarca uma linha dividindo a imagem entre as águas e as montanhas.

Figura 13 – A linha do horizonte demonstrando o infinito das águas Fonte: Acervo Pessoal, (2013)

Mais que um recurso emotivo visual, a água é, segundo WATERMAN (2010), além de vital para a vida humana na terra, um elemento de diversão, que atrai as pessoas à prática de esportes demonstrando um importante caráter de integração social. Ela evidencia espaços, demonstrando vitalidade, frescor e consequentemente, uma excelente qualidade ambiental, agregando à paisagem diversos elementos da percepção, dentre eles, a estética da visual e a sensação através dos sons. WATERMAN (2010, p.68), ressalta que a água é mais que um simples recurso de sustentação de vida. Ela pode tornar a vida mais prazerosa na forma de recreação e esportes aquáticos. (...) Ela pode nos proporcionar beleza e paisagem, junto com as vistas e sons que reduzem o estresse, aumentam a felicidade e enriquecem nossas vidas.

A singularidade de um local é conferida pelo caráter de unicidade de uma paisagem. Entretanto, diversos fatores atribuem valor a essa características, dentre eles a escassez de alguns elementos, a tradição local ou ocorrências históricas de interesse Pires (apud YÁZIGI, 1992). A singularidade está diretamente ligada à diversidade, uma vez que são as características peculiares que tornam o local único e interessante. Um exemplo claro 30


de singularidade, são as paisagens culturais que, segundo WALL e WATERMAN (2012), a cultura é extremamente impactante para a paisagem, refletida no desenho urbano, através da aceitação ou não da comunidade.

2.3 O DESENHO URBANO E SEUS ELEMENTOS BÁSICOS 2.3.1 O desenho urbano como recurso de criação da paisagem Após a interferência humana, as cidades passaram a proporcionar uma diversidade de formas, não apenas naturais, mas antrópicas, caracterizando o surgimento de uma certa organização urbana. CULLEN (2008) vai mais a fundo e apresenta o conceito de paisagem urbana mencionando que: “um edifício é arquitetura, mas dois já seriam paisagem urbana, por que a relação entre esses dois edifícios próximos é suficiente para libertar a arte da paisagem urbana”. A proximidade dos edifícios provoca o surgimento de relações entre seus espaços, preenchidos e percorridos, e torna-se fundamental para caracterizar essa paisagem. WALL e WATERMAN (2012, p. 8), acrescentam que “as cidades são, de certa maneira, meras manifestações físicas da ecologia humana”, ou seja, não são apenas conjuntos de construções. Assim, o desenho urbano, atrela-se diretamente ao conceito de Paisagem urbana, e insere o arquiteto paisagista no contexto, oferecendo-lhe o desafio de interferir na paisagem, em sua maioria, já constituída, como afirma WATERMAN (2010, p. 54): Quando um arquiteto paisagista é contratado para um serviço, quase sempre há um sítio específico envolvido, e já que não existe um sítio completamente vazio, onde qualquer coisa seja possível, a primeira coisa é se familiarizar com as características do lugar.

O mesmo autor ainda ressalta que é necessário planejar o uso do solo, para que haja um equilíbrio entre as necessidades dos seres humanos e as do planeta. Assim, com o objetivo de interferir na paisagem de forma planejada, surge o desenho urbano, definido por WALL e WATERMAN (2012), como um processo que tem como objetivo a tentativa de aperfeiçoar as formas das cidades, para obtenção de melhor vivência e otimização de suas funções para os seres humanos. 31


Conforme o autor, o objetivo do desenho urbano vai muito além e, de forma geral, tem a missão desafiadora de realizar a interseção entre arquitetura, paisagismo e o planejamento urbano. Trata-se de um processo de desenvolvimento criativo para solucionar espaços de forma interdisciplinar na tentativa de enriquecer as paisagens das cidades. Consideram-se elementos básicos do desenho urbano os bairros, as quadras, os espaços urbanos, as conexões, os marcos e os usos que justificam cada espaço da cidade. Segundo WATERMAN (2010, p. 54), “a rua é uma ferramenta essencial para a conexão do espaço urbano, reunindo pessoas e elementos urbanos”. Entretanto, a existência apenas de ruas largas, não é suficiente para manter uma cidade viva, pois nelas só passam carros e não estabelecem apropriações das ruas e configuram apenas a passagem expressa e individual. Como elementos das ruas, podem-se destacar as calçadas, consideradas espaços públicos importantes para as cidades, que fazem a conexão de quadras para os pedestres e segundo JACOBS (2007, p. 95), “quanto mais estreitas forem as calçadas, mais sedentária se torna a recreação informal.” Essa observação leva a perceber que essa conexão é essencial para a cidade, e , se elas não existissem apenas para acesso aos prédios, seriam utilizadas com mais frequência. WATERMAN (2010, p. 54) ainda enfatiza que “as conexões entre as pessoas e as edificações que estão dos dois lados de uma rua são considerações importantes para os desenhistas urbanos”. Quanto à forma das conexões, JACOBS (2007, p.95) declara que “invariavelmente, a largura delas é sacrificada em favor da largura da rua para os veículos, em parte porque as calçadas são tradicionalmente consideradas um espaço destinado ao trânsito de pedestres e ao acesso aos prédios (...)”. Deste modo, pode-se afirmar que uma cidade com boas calçadas é uma cidade preocupada com a sua vitalidade e segurança, pois segundo JACOBS (2007, p 95) “quanto mais movimentadas e atraentes forem as calçadas e quanto maior o número e a variedade de usuários, maior deverá ser a largura total para comportar seus usos satisfatoriamente”.

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Do ponto de vista do desenho urbano, os espaços públicos, são o retrato da vida na cidade. De acordo com WALL E WATERMAN (2012, p. 52), os espaços públicos devem ser usados “como componentes estratégicos para criar elementos distintos na cidade que diferenciam o extraordinário do cotidiano”. Para esses autores, outro elemento importante do desenho urbano são os marcos, pois identificam lugares conhecidos popularmente na cidade. Os autores citam Kevin Lynch ao relatar que os marcos são elementos urbanos que podem se comportar como espaços habitáveis,

repletos de significados para as pessoas que se

locomovem pela cidade. Os marcos são pontos de referência que as pessoas adotam, tornando-se guia ao nortear os percursos. Em Vila Velha, o Clube Libanês é um clube muito famoso e que as pessoas reconhecem como o final da Praia da Costa; Outro marco importante para a cidade de Vila Velha é o Baton da Garoto, trata-se de um elemento vermelho que se vê de várias partes da cidade. O crescimento rápido e desordenado das cidades tem feito com que espaços importantes fiquem abandonados e sem manutenção, assim esses locais se tornam passiveis de requalificação, ou seja, realização de uma intervenção que resgate a qualidade ambiental local e promova a manutenção da identidade para que essa paisagem volte a ser valorizada. (VASCONCELLOS;FERNANDES, 2006) Afinal, que valor teria esse lugar, a ponto de receber um cuidado tão criterioso. Segundo o conceito do autor SANTOS (1997, p. 41) “a sociedade é atual, mas a paisagem, pelas suas formas, é composta de atualidades de hoje e do passado”. Sendo assim, as paisagens estão marcadas pelas ações antrópicas do passado, que se tornaram herança para as gerações atuais, contribuindo com ações que serão percebidas pelas gerações futuras. De acordo com a Urbanista Lúcia Maria Sá Antunes Costa (2006), na atualidade, busca-se preservar um local, através da permissão de usos, mantendo o controle, mas tirando partido das apropriações, promovendo assim a vigilância natural e estimulando a manutenção do local. Como espaço público especial, a Orla Marítima é um importante elemento no cenário paisagístico de uma cidade, pois propõe uma relação de integração do homem com o meio ambiente através de seus componentes geográficos. Com essa relação homem-ambiente, a Orla revela-se como um espaço livre, de lazer, 33


democrático, de contemplação da paisagem que é responsável por uma especial demanda turística (IEMA, 2009).

2.4 TURISMO E PAISAGEM 2.4.1 A paisagem como recurso do turismo Segundo BRASIL (2008), A região costeira do Brasil vem se destacando, na última década, por suas demandas de turismo, sendo que esta é uma das atividades mais relevantes para a economia de um local, pois trás benefícios sociais e gera empregos. As demandas turísticas vêm tomando proporções internacionais junto com o avanço das tecnologias de comunicação e o acesso a elas. (BRASIL, 2008) E são variados os segmentos do turismo a partir das atividades que são oferecidas, vão desde o turismo de negócios, cultural, rural, de aventura, dentre outros. As ofertas dependem dos recursos que cada lugar oferece para que sejam promovidas essas atividades. (BRASIL, 2008) O Brasil tem entrado no segmento turístico mundial por possuir uma diversidade abundante em diversos desses recursos, em especial quando se fala em variedade cultural e socioambiental. (BRASIL, 2008) O turismo de sol e praia tem ganhado proporções internacionais, através dos potenciais das atividades náuticas, de pesca, de aventura, de ecoturismo, de recreação e de descanso que os espaços próximos à corpos d’água proporcionam. (BRASIL, 2008) Segundo Pires (apud YAZIGI, 1999, p 162), a paisagem é considerada um recurso turístico, que faz com que as pessoas se desloquem para esses espaços atrativos, através dos estímulos muitas vezes difundidos pelos meios de comunicação. Segundo Rodrigues (apud YÁZIGI, 1999, p. 55) “a indústria do turismo produz espaços delimitados e espacialmente destinados a um determinado tipo de consumo – o consumo da natureza – através dos denominados serviços do turismo.” Assim, o turismo estimula o consumo dos espaços, através da oferta de seus serviços. São

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as características exóticas, históricas, dentre outras que fazem com que os espaços sejam alvos de divulgação para os serviços de turismo. Atualmente, com as tecnologias de comunicação, a divulgação acontece com mais facilidade, através de fotografias, jornais, revistas, da televisão ou pela internet. (RODRIGUES apud YAZIGI, 1999) WALL E WATERMAN (2012) consideram o turismo uma ferramenta de valoração e ao mesmo tempo de impacto profundo sobre as cidades. Com o avanço das tecnologias de comunicação e de transportes, as pessoas descobrem roteiros de viagens através de imagens que despertam interesse e facilmente se deslocam até o destino de escolha, o que torna o local valorizado economicamente e culturalmente. Segundo Rodrigues (apud YAZIGI, 1999), o turismo atua mesmo quando se apropria sem alterar um espaço e valoriza um local mesmo que não haja intervenção que realize a transformação de determinado ambiente. Ainda não havendo uma ação direta, e não se construindo nada novo nos locais, há uma apropriação, que pode ser direta ou indireta, há uma transformação quando se mudam as características do espaço, exemplo disso são casas adaptadas em pousadas, hotéis, museus, entre outros. Ao mesmo tempo, os autores referem-se às cidades turísticas como cidades “enlatadas”, onde há uma preservação excessiva, e lançam as seguintes questões: Será que essas cidades estão parando no tempo? Estão tendo seu progresso freado para atender às demandas turísticas? (WALL e WATERMAN, 2012). Os autores alertam para o perigo do “turismo em massa”, que pode desvalorizar o local. Assim, surge a necessidade de manutenção dessas paisagens não só com objetivo de atender à demanda turística, mas de cumprir o seu papel social, enquanto espaço público demandado pela população residente. Segundo o Projeto Orla, 2002: Fundamentos para gestão integrada, “o turismo é a atividade econômica que tem se destacado no cenário internacional por apresentar os mais altos índices de crescimento nas últimas décadas e o litoral tem sido um dos principais destinos dos turistas contemporâneos.” (BRASIL, 2002, p. 11). A Orla é um espaço que articula toda a cidade entorno dela. As demandas imobiliárias, o uso 35


de lazer e entretenimento, o turismo, entre outras. Trata-se de um espaço potencial para a cidade, que possua uma estrutura de qualidade que a atenda.

3 DETERMINANTES DE USO E OCUPAÇÃO PARA PROJETO DE ORLAS

Existem uma série de Planos de Ordenamento e Diretrizes para intervenções em Orlas de cidades brasileiras, em sua maioria, estão relacionados à preservação do meio ambiente. Entretanto, ainda não há de fato, diretrizes completas direcionadas ao projeto arquitetônico, urbano e paisagístico, talvez porque cada orla marítima possui particularidades distintas. Assim, propõe-se neste capítulo analisar planos e diretrizes que possuem informações relevantes para o desenvolvimento de um Projeto de Requalificação de Orla, são eles: a) O Projeto Orla, no âmbito Federal, conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente; b) O Plano de Diretrizes para Elaboração de Projetos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), a nível Estadual, elaborado pela Coordenação de Gerenciamento Costeiro (GERCO); c) O Plano Diretor Municipal (PDM) que constitui um plano local de diretrizes da cidade de Vila Velha. Esses planos são embasados nas seguintes leis e decretos: 

Lei Federal nº 7661/88 – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro;

Decreto Federal nº 5.300/04 – Regulamenta Lei Federal 7661/88;

Resolução CONAMA nº 303/02 Áreas de preservação Permanente;

Portaria IBAMA nº 10/95 – Proíbe trânsito de veículo na praia;

Lei Estadual nº 5816/98 Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro ES;

RESOLUÇÃO CONSEMA nº 001/07 – Licenciamento Ambiental Municipal;

Além das considerações presentes nos documentos acima citados, também foram averiguadas informações da Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, referentes a construções na faixa de areia. 36


Analisar esses documentos é de suma importância para este trabalho, pois um projeto de requalificação de Orlas, urbanizadas ou não, deve, posteriormente, ser submetido à avaliação para aprovação do órgão ambiental fiscalizador e seguir as diretrizes propostas por esses planos. Caso o projeto não esteja cumprindo os requisitos dispostos pela normalização, pode haver embargo, multa ou penalização prevista por lei (IEMA, 2009).

3.1 DETERMINAÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO EM ORLAS NO ÂMBITO NACIONAL 3.1.1 Projeto Orla O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima, mais conhecido como Projeto Orla, trata-se de uma ação do Governo Federal, realizada pela Secretaria do Meio Ambiente, através da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos juntamente com a Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Este projeto apoia-se em dois documentos legais que embasam seus objetivos e ações: A Lei 7661 de 1988 e a Lei 9636 de 1998, e o Plano de Ação Federal para a Zona Costeira. A primeira Lei, 7661/88 trata da regulamentação de que as praias são bens públicos, de livre acesso, estando estabelecida no artigo 10 da seguinte forma: Art. 10. As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica. BRASIL, (1988).

A segunda Lei, 9636/98, se refere à responsabilidade da Secretaria do Patrimônio da União com relação à fiscalização dos terrenos do patrimônio da união, exposta na constituição pelo artigo 11 desta lei: Art. 11. Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e zelar para que sejam mantidas a destinação e o interesse público, o uso e a integridade física dos imóveis pertencentes ao patrimônio da União, podendo, para tanto, por intermédio de seus técnicos credenciados, embargar serviços e obras, aplicar multas e demais sanções previstas em lei e, ainda, requisitar força policial federal e solicitar o necessário auxílio de força pública estadual.

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Em síntese, o Projeto Orla tem como objetivo geral a aplicação de diretrizes de uso e ocupação da Orla Marítima, denominada pelo projeto como “espaço que constitui a sustentação natural e econômica da zona costeira”. (BRASIL, 2002, p.3) Deste modo, a imagem abaixo delimita a área de Orla Marítima, caracterizada pelo Projeto Orla.

Figura 14 - Esquema de definição de “Orla Marítima” Fonte: BRASIL, 2002.

O Projeto Orla é constituído por cinco documentos. São eles: a) Fundamentos para gestão integrada b) Manual de gestão c) Implementação em territórios com urbanização consolidada d) Guia de implementação e) Subsídios Para efeito de estudo, neste trabalho serão abordados os dois primeiros documentos (Fundamentos para gestão integrada e Manual e gestão), que tratam com mais objetividade as diretrizes projetuais, visando obter informações que norteiem a criação do projeto de Revitalização da Orla. a) Manual de gestão O Projeto Orla 2002, constitui um documento de atividades práticas, orientando a realização do diagnóstico, da classificação e da formulação dos cenários e para isso propõe 5 (cinco) fases de implementação:

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I. A primeira fase está relacionada com o levantamento dos dados da Orla em questão, disponíveis pelo Estado, pelo município, consulta à Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU), Órgãos estaduais de Meio Ambiente, incentivo à participação da sociedade civil. Criação de Roteiros, identificação das prioridades, definição do comitê gestor da Orla e apresentação da proposta inicial de intervenção; (Brasil, 2002). II. Constitui uma ação prática do manual, com relação à caracterização da paisagem do espaço em questão, avaliação dos aspectos socioeconômicos e ambientais, verificação de conflitos de uso e ocupação do espaço, identificação dos potenciais de ação e definição de cenários para alguns trechos; O produto desta etapa é um esboço inicial da proposta. A elaboração deste diagnóstico é muito importante para a definição do “todo” espacial e dos “setores” específicos reconhecidos ao longo dos estudos. Daí serão selecionados os cenários e a elaboração dos esboços expressando o que se almeja para cada um deles. A etapa II, é subdividida em 9 (nove) etapas. (Brasil, 2002); III. Compreende a etapa de Planejamento das ações, onde as informações coletadas são sistematizadas e realizadas discussões para elaboração do plano de intervenções. Essa fase irá gerar um documento, elaborado pelo Comitê gestor do Projeto, que propõe diretrizes para a gestão da Orla. O documento é um Roteiro de elaboração do plano de intervenção. (Brasil, 2002); IV. Constitui a fase de apresentação das ações locais, estabelecidas na fase anterior e ocorre a elaboração das estratégias de sensibilização e consulta à sociedade local; (Brasil, 2002); V. Após a conclusão das fases anteriores, a quinta e última fase refere-se a implementação das ações planejadas (Brasil, 2002); O Projeto Orla, em especial apresenta um plano para realização de diagnóstico muito minucioso que visa interpretar profundamente a situação socioeconômica e ambiental da orla marítima. Neste estudo, o diagnóstico buscará identificar usos existentes que estejam em conflito com o ambiente e com a paisagem.

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Deve-se levar em conta também as características paisagísticas, para identificar a configuração da orla e os cenários existentes. Características socioeconômicas que irão apresentar as formas de usos e possibilidades de investimentos nas áreas. E, por fim, conflitos, entre o meio ambiente e a urbanização, como por exemplo, poluição, pesca predatória, entre outros. b) Fundamentos para gestão integrada O Projeto Orla tem por finalidade mover ações a nível nacional, com o objetivo de valorizar o patrimônio coletivo da orla, pois envolve a integração social dos cidadãos, afinal, as praias possuem um significado simbólico muito importante para os Brasileiros. (BRASIL, 2002) A nível regional, possibilitando o uso adequado da orla, potencializa o uso do meio ambiental de forma sustentável, como elemento que promova o desenvolvimento do turismo, da manutenção dos recursos e para implantação de infraestrutura que dê suporte aos usos. A nível municipal, o projeto busca valorizar a paisagem os atrativos turísticos e a proteção do recurso ambiental, para que a sociedade possa desfrutar do espaço com consciência e para que esse recurso contribua para o desenvolvimento de pequenos negócios. Além da importância nacional que as zonas costeiras possuem, elas têm assumido um grande significado internacional, exercendo funções turísticas, econômicas, socioculturais e econômicas. Entretanto, para o desenvolvimento dessas funções, têm ocorrido muitas intervenções nas orlas marítimas, e essas intervenções são em sua maioria irregulares. Para o desenvolvimento dessas funções, têm ocorrido muitas intervenções nas orlas marítimas, e essas intervenções são em sua maioria irregulares. Esses processos irregulares de ocupação tem resultado em risco de degradação do meio ambiente, ocupação desordenada e escassez de infraestrutura, deficiência do saneamento que lança esgoto sem tratamento diariamente nas águas costeiras. O Projeto Orla também destaca que dois terços das praias têm diminuído de tamanho e largura por causa das construções irregulares tanto na orla quanto no

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mar. Os locais tem tido seus modos de vida tradicionais alterados por conta dessa valorização e tem ocorrido a redução dos recursos exploráveis. Deste modo, o projeto destaca a importância de promover a conciliação entre os fatores econômicos e sociais que utilizam dos recursos ecológicos para se desenvolver, porém, sem o seu controle acabam degradando a sua própria matéria prima. O projeto evidencia, ainda, a necessidade de reconhecer nos municípios algumas características necessárias para realizar o diagnóstico, são elas: As atividades de transporte marítimo são significativos? Quais ecossistemas são importantes em sua região? Estão conservados ou não? Qual a importância atual das atividades turísticas? O turismo está promovendo alterações perceptíveis? Quais? (BRASIL, 2002, p. 14)

O documento também destaca a necessidade de se identificar os terrenos públicos, de uso comum do povo, de uso especial, áreas a serviço da administração pública, federal, estadual e/ou municipal, e por fim, imóveis de domínio do patrimônio da união estados e municípios. Conclui que é na faixa de litorânea que está situada uma parcela significativa dos bens públicos. Os terrenos de marinha são aqueles que estão próximos ao mar, fiscalizados pela Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU), estabelecidos pelos Art. 2º e Art. 3º do Decreto-Lei 9.760/46: Art. 2º - São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33(trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar médio de 1831: a) Os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; b) Os que contornam as ilhas situadas em zonas onde se faça sentir a influência das marés. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. Art. 3º - São terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha. (BRASIL, 2002, p. 16)

Este documento refere-se às praias como um bem público relevante e estabelece sua definição legal apresentando seu ecossistema: Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias cascalhos, seixos e pedregulhos, até o limite onde se inicie a vegetação

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natural, ou, em sua ausência onde comece um outro ecossistema. (BRASIL, 2002, p. 16)

Assim o Projeto Orla esclarece que é restrita a utilização de terrenos de marinha e praia de forma privada. No Brasil a zona costeira é delimitada de acordo com o território de cada município, tornando-se mais fácil construção de diagnósticos e estudos necessários para a gestão dessas áreas. Afinal, os municípios são agências do poder público, divididas assim como forma de descentralizar o poder, fazendo com que cada um tenha uma administração que é supervisionada pelo seu governo estadual. A Orla Marítima inclusa na Zona Costeira é uma unidade geográfica, que está inserida entre a terra firme e o mar. Esse ambiente é dinâmico onde ocorrem fenômenos terrestres e marinhos. Os elementos básicos que surgem com os processos geológicos e oceanográficos são: Costas Rochosas, falésias erodíveis, praias arenosas praias de seixos, planícies lamosas, pântanos, manguezais e formações recifais. É através desses elementos, unidos ao clima, a orografia e a hidrografia que são compostos os ambientes naturais litorâneos e esses dão suporte dos ecossistemas que possuem extrema importância para a vida marinha. Assim o documento enfatiza a necessidade de ordenamento e regulamentação das praias. Com o objetivo de definir a tipologia da Orla é necessário avaliar características fisiográficas que irão gerar informações sobre a vulnerabilidade da Orla em face dos processos naturais e antrópicos. A avaliação também deve identificar os índices de ocupação do local. Assim esses estudos definirão as tipologias quanto à forma e quanto aos níveis de ocupação. Quanto à forma, as orlas poder ser classificadas da seguinte forma: a) Orla abrigada: Caracterizada por “golfos, baías, enseadas, estuários ou praias protegidas da incidência direta de ondas, com taxa de circulação restrita e, consequentemente, baixa taxa de renovação da água.” Praias com essa

característica

geralmente

possuem

formato

côncavo

e

litorais

recortados, com areiais de granulometria fina. b) Orla exposta: Geralmente caracterizado por possuir costões rochosos ou praias oceânicas, nessas praias a renovação da água é constante e pode 42


ocorrer incidência de ventos e ondas com freqüência. Sua forma geralmente é mais retilínea e suas areias podem ser grossas, médias e finas. c) Orla semi-abrigada: Apresenta características intermediárias entre as orlas expostas e abrigadas. Entretanto corresponde às características da orla abrigada, porém a renovação da água nas praias são mais freqüentes. Pode apresentar a forma côncava ou mais retilínea. A figura 15 apresenta o esquema da classificação quanto à forma que constitui um exemplo de cada uma.

Figura 15 - Classificação da orla segundo sua forma Fonte: BRASIL, 2002

Quanto à característica relativa à ocupação humana, as orlas são classificadas como: a) Orla não urbanizada: Essas orlas são caracterizadas por possuir baixíssima ocupação, assim suas paisagens permanecem muito originais, pois possuem mínimas intervenções antrópicas mantendo assim seu patrimônio natural. Essas áreas geralmente possuem difícil acesso ou são isoladas. Possuem muitas moradias “tradicionais” que realizam atividades rurais que causam pouco potencial de poluição. Segue o exemplo na figura 16 abaixo.

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Figura 16 - Perfil de uma Orla não urbanizada Fonte: BRASIL, 2002

b) Orla em processo de urbanização: Essas áreas possuem de baixo à médio adensamento tanto de construções quanto de população, demonstrando características recentes. Essas áreas estão sofrendo processo de mudanças culturais e intervenções de urbanização, podendo sofrer com um potencial médio de poluição tanto estética quanto sanitária. A figura 17 abaixo demonstra esse processo de urbanização.

Figura 17 - Perfil de uma área com processo de urbanização Fonte: BRASIL, 2002.

c) Orla Urbanizada: São orlas que já estão com o processo de urbanização em andamento com médio a alto adensamento construtivo e populacional, com muita intervenção na paisagem e diversidade de usos que propiciam um alto potencial de poluição. Essa orla varia de acordo com os níveis de hierarquia urbana. Na figura 18 abaixo identifica-se as ações que conflitam com o ambiente natural. 44


Figura 18 - Perfil de uma área com urbanização consolidada Fonte: BRASIL, 2002.

O Projeto Orla leva em consideração ainda os tipos de malha urbana, ou seja, a forma como é estruturada e parcelada a urbanização. E classifica em convencionais, Portuárias e/ou industriais. A convencional, dividida em normal ou informal, a primeira tendo seu loteamento regular apresentando geralmente arruamentos mais reticulares, orgânicos ou mistos. E a segunda sendo irregular, possuindo assentamentos subnormais. Urbanização com ênfase na atividade portuária é onde são instalados equipamentos para carga, descarga e armazenagem que ocupam áreas extensas. Geralmente caracterizam barreiras entre o mar e o interior do território. As áreas industriais possuem intervenções expressivas nas áreas da costa, geralmente são caracterizadas pela implantação de pólos siderúrgicos ou petroquímicos ou de uso misto. Outro elemento de relevância significativa para avaliação é o acesso à praia. Algumas orlas atualmente estão restritas para automóveis e existem apenas caminhos para pedestres, exemplos disso são as de Balneário Camboriú de Guarujá. Os acessos são classificados como diretos ou indiretos, a primeira pode ser por avenidas ou ruas à beira-mar e a segunda por ruas sem saída ou cul-de-sac, terminando em áreas de manobra. Como exemplificam as figuras 19 e 20.

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Figura 19 - Acesso direto à praia Fonte: BRASIL, 2002.

Figura 20 - Acesso indireto à praia Fonte: BRASIL, 2002.

Para avaliação da forma urbana de áreas litorâneas podem ser caracterizadas como horizontais, onde as construções possuem até três andares apresentando grandes manchas contínuas do mesmo tipo de construção. As verticais são divididas em: verticalizada baixa e verticalizada, a primeira não ultrapassa a altura de cinco andares e a na segunda a altura ultrapassa os 18 metros limite da categoria anterior. O município de Vila Velha está nesse contexto junto com as cidades de Boa Viagem no Recife e Balneário Camboriú em Santa Catarina, pois assim como as demais,

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estágio da urbanização dessa cidade ainda pode ser classificado como misto, onde não há continuidade morfológica; Com a caracterização da Orla é possível definir o cenários que se deseja alcançar, para isso também é necessário classificar os níveis de qualidade ambiental, o Projeto Orla – Fundamentos de gestão integrada define os seguintes parâmetros para realizar essa classificação: a) Ambientais: Que referem-se à existência de vegetação nativa, valores cênicos, integridade dos ecossistemas e sua fragilidade, presença de unidades de conservação; condição de balneabilidade, degradação ambiental, presença de resíduos sólidos na orla, ocorrência de assentamentos irregulares, potencial para aproveitamento mineral, aptidão agrícola, potencial de extração vegetal, potencial pesqueiro, entre outros. b) Sociais: Presença de comunidades tradicionais, concentração de residências de lazer e veraneio, infraestrutura de lazer e turismo, urbanização, abastecimento de água, serviços de tratamento esgoto, coleta de lixo, fornecimento de energia elétrica, formas de acesso, entre outros. c) Econômicos: responsável pela pressão imobiliária, existência de uso agrícola, uso para extração vegetal, uso dos recursos pesqueiros, uso para tráfico portuário ou aquaviário, uso industrial, aproveitamento mineral, atividades petrolíferas, atividades referentes ao turismo, entre outros. Após a revisão dos dois documentos do Projeto Orla é possível estabelecer estratégicas para a definição do cenário desejado e dentre inúmeras expectativas, espera-se recuperar os ecossistemas, estimular o uso adequado dos ativos ambientais existentes, dinamizar as potencialidades locais buscando compatibilizar as questões econômicas, sociais e ecológicas.

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3.2 DETERMINAÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO EM ORLAS NO ÂMBITO ESTADUAL 3.2.1 Diretrizes para elaboração de Projetos de Urbanização na Orla Marítima – Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) O Instituto Estadual do Meio Ambiente estabelece diretrizes para os Municípios da Costa Espírito Santense, que são Conceição da Barra, São Mateus, Linhares, Aracruz, Fundão, Serra, Vitória, Vila Velha, Guarapari, Anchieta, Piúma, Marataízes, Itapemirim e Presidente Kenedy. Segundo IEMA (2009, p. 18), Orla Marítima é uma “faixa contida na zona costeira, de largura variável, compreendendo uma porção marítima e outra terrestre, caracterizada pela interface entre a terra e o mar”. O Plano de diretrizes proposto pelo IEMA destaca a necessidade de serem observadas as diferentes larguras da faixa da praia observadas ao longo da Orla. O referido Plano também contribui para a identificação do tipo de Orla em estudo, e define Orla com Urbanização consolidada e Orla de interesse especial, como sendo: - Orla com Urbanização consolidada: Caracteriza-se por áreas que possuem médio ou alto adensamento tanto de edificações quanto populacional, as paisagens deste tipo de Orla possuem muita intervenção antrópica, sendo considerada altamente vulnerável, por estar muito exposta a riscos de poluição sanitária e estética. - Orla de interesse especial: São as orlas com características de uso especiais, como exemplo, orlas militares, de tráfego aquaviário, que possuem equipamentos de energia, unidades de conservação, orlas tombadas e reservas indígenas. O Plano de Diretrizes do IEMA direciona recomendações gerais aos municípios: - Conservação dos ecossistemas localizados na costa, visando estabelecer níveis de utilização nas áreas que poderão ser ocupadas; Determinação de usos potenciais e das vulnerabilidades do local; Controlar agentes que possam causar poluição alertados pela ilustração na figura 21, visando à proteção do patrimônio geológico e biológico e Realizar recuperação de áreas degradadas, como limpeza da faixa de areia e despoluição das águas;

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Figura 21 - Alerta para evitar problemas de Poluição e degradação Fonte: IEMA, 2009.

- Garantir interação entre a Orla e as demais regiões da cidade, controlando altura e gabarito das edificações próximas ao mar, evitando o sombreamento da área de praia e promover ventilação da Orla para o interior da cidade; - Gerir as atividades socioeconômicas potenciais na área. O plano de diretrizes do IEMA direciona recomendações quanto à localização, à projetos arquitetônicos, a) Implantação Quanto à implantação de edificações na orla, o IEMA dispõe, antes de tudo, a relevância das Áreas de preservação Permanente (APP), que não podem ser afetadas; Todavia, para que haja construção de uma edificação junto à Orla o projeto deve atender, inicialmente as seguintes diretrizes: - Estabelecer-se a 33 metros, em projeção horizontal, tendo como referência a linha média da maré alta, denominada “preamar”, obtidas através de estudos de batimetria. Essa norma é para casos onde as áreas não estão ocupadas. - Caso a linha de 33 metros já tiver com interferências urbanísticas consolidadas, deverão ser realizados estudos para viabilidade de um possível recuo, este tipo de abrangência deixa a legislação à margem de diversas interpretações que a torna vulnerável a falhas. A figura 22 representa essa norma:

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Figura 22 - Estabelecimento de faixa de segurança para a construção em orlas Fonte: IEMA, 2009.

- Faixas com 33 metros de distância do preamar são considerados espaços mínimos, caso haja algum tipo de ecossistema (duna, falésia, cordão arenoso, entre outros), essa faixa deverá ser ampliada até o fim desse ecossistema, como representa a figura 23.

Figura 23 - Acréscimo da faixa de segurança caso haja ocorrência de ecossistema Fonte: IEMA, 2009.

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Em alguns casos, conforme ilustra a figura 24, a distância de acréscimo terá de ser ampliada utilizando um estudo mais específico que determinará uma taxa de recuo da linha da costa para prever a ocorrência de erosões;

Figura 24 - Acréscimo da faixa de segurança ao prever a ocorrência de erosão Fonte: IEMA, 2009.

Outra distância importante a ser mantida são os 30 metros da faixa de segurança das águas correntes, protegidas pela Lei Estadual, da Polícia Florestal do Espírito Santo, nº 5.361/96 e o Decreto nº 4.124-N/97; Conforme o IEMA (2009) ficam vedadas também construções sobre a areia sem aprovação prévia de avaliações técnicas específicas, realizadas por profissionais habilitados, que irão indicar a viabilidade do empreendimento e se o ambiente suporta essa intervenção, mesmo que já existam construções no local. Em todos os casos serão necessários esses procedimentos, em que os empreendedores terão de apresentar seus projetos através de um Termo de Referência. Segundo o IEMA (2009), serão necessários espaçamentos mínimos entre edificações de cem metros. Essas não podem interferir nos cones de visualização possível das ruas de acesso à praia, não podendo estar faceando o encontro da rua com a via da Orla. Costões Rochosos e falésias são considerados elementos da paisagem, são importantes ecologicamente e conferem singularidade ao local, assim não podem ser desconsiderados, e os projetos para esses locais possuem restrições de intervenções. 51


b) Projeto Arquitetônico  Com relação aos projetos arquitetônicos, o IEMA, limita as construções na Orla determinando uma área de 20(vinte) metros quadrados, exceto os casos em que as construções forem “geminadas”, onde deverá ser considerada a metragem máxima de 30 (trinta) metros, as figuras 25 e 26 ilustram a presente norma. A norma não menciona área máxima para construção no subsolo.

Figura 25 - Área máxima para a construção na Orla marítima Fonte: IEMA, 2009.

Figura 26 - Estabelecimentos geminados podem possuir até 30 m² Fonte: IEMA, 2009.

 A altura máxima dos estabelecimentos comerciais deverá ser de 5 (cinco) metros. 52


 A área de implantação da construção inclui também a área de projeção de telhados, sendo assim o IEMA (2009, p. 41) estabelece os seguintes critérios: “No caso de edificação cuja área de projeção do pavimento térreo seja de até 20 metros quadrados, a área total a ser ocupada por mesas e cadeiras pertencentes a esse poderá ser no máximo duas vezes esta área”, como a figura 27 ilustra.

Figura 27 - Definição das áreas a serem ocupadas Fonte: IEMA, 2009.

A disposição dos equipamentos dos quiosques não poderá obstruir a passagem de pedestres na orla nem o acesso à praia. A ocupação deverá acontecer de forma longitudinal à faixa de areia e as mesas (fixas) dispostas deverão ficar na lateral dos estabelecimentos nesse mesmo sentido, sem exceder as normas de ocupação descritas acima.

Segundo as diretrizes para projetos arquitetônicos, descritas pelo IEMA (2009), as construções terão que possuir acabamentos externos que se integrem com a paisagem, sem promover demasiado impacto visual, mostrando-se fora do contexto. A interpretação dessa diretriz é subjetiva, pois permite que o autor de um possível projeto julgue o que se integra com a paisagem.

Acabamentos internos também devem ser criteriosamente especificados de forma a atender as legislações sanitárias dispostas pelo município, considerando os tipos de produtos a serem comercializados.

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Os projetos arquitetônicos das construções na Orla devem ser providos de espaços adequados para armazenamento de resíduos sólidos, até que esses sejam descartados cuidadosamente para que não ocorra degradação do meio ambiente nem ocorra poluição visual que venha a agredir a paisagem.

Os equipamentos (engradados, mesas, cadeiras, etc.) dos estabelecimentos comerciais devem ter espaços previamente reservados, pois é proibido mantê-los fora da edificação.

Todos os projetos arquitetônicos das construções devem seguir normas e legislações propostas pelo município, em especial as normas com relação à ventilação e iluminação dos ambientes das edificações.

O sistema de iluminação deve ser projetado de forma que não haja agressão aos ecossistemas existentes, assim, os focos de luz não poderão estar voltados para a faixa de areia e para a restinga.

As águas pluviais devem ser direcionadas para o sistema de drenagem, para que não ocorra o acúmulo dessas águas que podem provocar focos de doenças.

Os projetos devem garantir elementos de comunicação visual, placas informativas, educativas e de alertas de fácil compreensão.

Devem ser previstas nos projetos áreas de estacionamento para que se evite uso inadequado das áreas. c) Projeto hidrossanitário

O IEMA, também estabelece normatização para os Projetos Hidrossanitários, caso o local de intervenção já possua uma rede coletora pública, o projeto deverá seguir as normas técnicas da ABNT e apresentar a ligação realizada e como os efluentes serão tratados. Deverão ser indicados minimamente os traçados da rede que atenderá as estruturas e estabelecimentos localizados na orla. Para que seja realizada a ligação, o projeto hidrossanitário deve acompanhar a carta de anuência da concessionária local de saneamento informando sobre a viabilidade de atendimento e sustentabilidade do empreendimento quanto à operação e manutenção dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. (IEMA, 2009, p. 43)

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Os estabelecimentos deverão prever caixa de gordura anteriormente ao lançamento na rede pública de esgoto existente caso não haja, o tratamento deverá ser feito de forma individual e deverá apresentar um plano de manutenção com previsão de limpeza. d) Sanitários e Chuveiros

Quanto a implantação de sanitários e chuveiros, o IEMA, relata que a distância mínima da preamar estabelecida pelos estudos específicos, deve possuir cinqüenta (50) metros. Seus efluentes deverão ser lançados na rede de esgotamento existente; Para os casos de implantação de chuveiros, esses devem ser implantados com afastamentos mínimos de trezentos (300) metros a cada unidade(s), devem ser em menor quantidade possível avaliando-se a demanda necessária para que atenda os usuários do local.

Deve-se garantir a racionalidade de água, para isso as válvulas do chuveiro devem ser fácil manutenção e uso. e) Vias litorâneas/calçadão

O IEMA também estabelece normatização para as vias de pedestres, chamadas vias litorâneas, conhecidas popularmente como calçadão. Essas vias deverão estar localizadas preferencialmente junto à Orla e não deverão avançar em direção ao mar, elas devem ser mantidas nas áreas urbanizadas a menos que haja um estudo técnico que seja aprovado pelo órgão competente.

Caso haja execução de aterros, o projeto deverá estar adequado aos parâmetros geológicos e paisagísticos do local.

Junto com o projeto de urbanização da Orla também deverá ser apresentado um projeto de drenagem da via, apresentando soluções para desviar as energias hídricas para que as águas das chuvas não sejam direcionadas para as areias.

O fluxo de pedestres deverá ter livre acesso à praia, especificando pontos de passagens específicos, a fim de evitar que as pessoas passem sobre a vegetação de restinga, a fim de proteger o ecossistema existente.

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Figura 28 - Trilhas para a passagem de pedestres evitando a degradação da restinga Fonte: IEMA, 2009

Deve-se mitigar o surgimento de novas trilhas instalando, por exemplo, barreiras de proteção como guarda-corpos ou estacas. As trilhas, conforme ilustra a figura 28, devem possuir no máximo dois metros de largura e um traçado com “ângulo de 45º no sentido anti-horário a partir do normal ou 225º no sentido horário a partir da direção do vento predominante”, com o objetivo de evitar a movimentação de areia para as vias de pedestres. (IEMA, 2009, p.46)

Quando os ventos incidirem em ângulo obtuso à costa deverá ser adotado valores que formem ângulos de 90º no sentido anti-horário para os traçados das vias de acesso ao mar. A figura 29 exemplificam estas orientações:

Figura 29 - Exemplo da orientação do traçado das trilhas de acesso à praia Fonte: IEMA, 2009.

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Quando a distância entre a via litorânea e o mar exceder 50 (cinqüenta) metros, as trilhas e/ou acessos deverão ser traçados no sentido perpendicular à linha da costa. Outra solução de acessibilidade à praia sem agredir a faixa de restinga é a implantação de passarelas que passam sobre a vegetação. Esses elementos de circulação deverão ser construídos em madeira, a estrutura deve receber iluminação que a permeie, para que a vegetação realize o seu processo de fotossíntese.

Nos passeios ao longo da Orla, devem ser evitados materiais asfálticos e dar preferência a piso intertravado, pois o mesmo conferem mais permeabilidade do solo, facilitando o escoamento das águas pluviais.

Os projetos devem contemplar normas de acessibilidade, levando-se em conta as normas da ABNT 9050/2004, que considera a inclinação máxima de 8,33%, larguras mínimas de passeios e outras diretrizes de projeto.

A iluminação artificial deve estar contida à área urbanizada, evitando que alcance a vegetação de restinga e a faixa de areia para que não interfira as atividades do ecossistema. f) Projeto paisagístico

Com a apresentação do projeto de urbanização no calçadão, deverá ser apresentado um projeto paisagístico, nele deverão estar inseridas áreas verdes com utilização de espécies arbóreas, especialmente vegetação nativa existente, de fácil manutenção e adaptação à costa, que irão compor a paisagem.

Deve-se dar preferência aos locais onde já existam essas áreas verdes, propiciando áreas de sombra, especialmente nos locais de recreação.

As espécies de vegetação que forem desconsideradas do projeto deverão ser remanejadas no município e assim replantadas em outras localidades.

Locais compostos por dunas, costões rochosos, vegetação de restinga, entre outros elementos, que caracterizam a Orla, por conferir uma diversidade natural, é restrita a alteração dos mesmos, implantando jardins e composições artificiais. g) Projeto de gestão de resíduos sólidos

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Um dos projetos complementares constitui a gestão de resíduos sólidos. Segundo o IEMA (2009), esses são de responsabilidade da Prefeitura Municipal, já os resíduos dos estabelecimentos devem ser de responsabilidade do proprietário do local. O projeto deve contemplar a coleta, armazenamento temporário e o destino final, fazendo a separação das composições e quantificando-as.

Deve ser prevista a instalação de lixeiras ao longo da orla urbanizada, essas devem ser resistentes à salinidade imposta pelo ambiente, fácil manuseio para recolhimento do resíduo e manutenção.

Já os recipientes dos estabelecimentos comerciais, deverão ser adequados, impermeáveis, com tampa e constar no projeto arquitetônico como espaço destinado a esse uso e localização interna à edificação. h) Determinações para áreas destinadas a eventos e práticas esportivas

O IEMA (2009) estabelece normas para localização das áreas destinadas a eventos e práticas esportivas, que devem observar de imediato à largura da faixa de areia adequada para cada tipo de uso prevendo a proteção das áreas de vegetação de restinga, e ainda deve-se preservar faixas de areia utilizadas pelos banhistas.

As estruturas para suporte às atividades de eventos e esportes devem ser desmontáveis e para determinar as áreas destinadas a esses usos devem-se promovê-las de forma temporária para que ocorra uma espécie de experimento para identificar se existe possibilidade de consolidação do mesmo no local.

Um exemplo disso é o Projeto Piloto Praia Legal, em Vila Velha, implantado na Praia da Sereia, onde ainda hoje ocorrem atividades de atendimento aos usuários com mobilidade reduzida. O Projeto deve consolidar-se na região após a avaliação pós ocupação (APO) que pretende identificar os benefícios e as patologias a serem solucionadas para que possa permanecer no local.

A distância mínima da preamar que a estrutura pode se localizar é de 5 (cinco) metros, como se apresenta na figura 30.

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Figura 30 - Ilustra a locação de estruturas de eventos e esportes na Orla Fonte: IEMA, 2009.

Por fim, o IEMA (2009), disponibiliza em suas considerações finais, que todas as intervenções em áreas de domínio da Gerência Regional do Patrimônio da União, (GRPU), devem ser apresentadas à mesma para aprovação. Os projetos que suprimirem algum tipo de vegetação deverão ser apresentados ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) para prévia autorização; Projetos para praias onde ocorre desova de tartarugas devem ser previamente submetidos ao Centro Nacional de Conservação e Manejo de Tartarugas Marinhas – TAMARICMBio/ES, para avaliação cuidadosamente de forma a evitar danos às espécies. Ficam vedadas as atividades comerciais dentro da área sob domínio da União, a faixa de areia, como por exemplo: disposição de mesas e cadeiras, pois não deve existir “loteamento” das áreas, mesmo que os materiais sejam desmontáveis e removíveis. De um modo geral, as intervenções urbanas deverão estar de acordo com as legislações regulamentadas pelo IEMA.

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3.3 DETERMINAÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO EM ORLAS NO ÂMBITO MUNICIPAL 3.3.1 Plano Diretor Municipal de Vila Velha O Plano Diretor Municipal trata-se do principal instrumento de desenvolvimento urbano local. Nele estão contidas as diretrizes para uso e ocupação do solo, necessárias para o município. A área de estudos deste Projeto, a Orla da Praia da Sereia, localizada na Praia da Costa, Vila Velha-ES, é denominada, pelo Plano Diretor Municipal, como Zona de Especial de Interesse Ambiental (ZEIA). As áreas localizadas nessa Zona são: “Parcelas do território municipal, de domínio público e privado, onde é fundamental a proteção e a conservação dos recursos naturais, com sua adequada utilização visando à preservação do meio ambiente” (PMVV, 2007, p. 51) Assim, o município prevê proteção às áreas de restinga de toda a Orla do município, denominando-as como monumentos naturais. Os objetivos do Município de Vila Velha, descritos pelo Plano Diretor, para o desenvolvimento econômico e sustentável estão relacionados à geração de emprego e renda, distribuição de oportunidades de emprego, visando o desenvolvimento das atividades econômicas como atividades portuárias, de logística, crescimento do setor de comércio e serviços e do turismo. E possui diretrizes para a valorização dos ambientes naturais de Vila Velha: I) Proteger os bens e recursos naturais de maneira integrada à promoção da qualidade de vida no Município; II) Compatibilizar a expansão e renovação dos ambientes urbanos com a proteção ambiental; III) Proteger as áreas de fragilidade ambiental e impróprias à ocupação; IV) Recuperar as áreas degradadas em todo o território municipal, em especial aquelas localizadas em áreas urbanas; V) Incentivar a conservação, proteção, e manutenção da orla Marítima, dos morros, ilhas, rios, lagos e lagoas protegidos; (PMVV, 2007, p. 12).

Para as áreas de preservação permanente o Plano Diretor Municipal de Vila Velha estabelece uma área “non aedificandi” ao longo dos rios, lagos, cursos d’água, nascentes e matas, que varia de 30m a 50m, a mesma diretriz também determina esse parâmetro para florestas, áreas de encostas ou qualquer área que possua cota de 50 metros de declividade, “manguezais, baía, praias e sua orla e ilhas”. (PMVV, 2007, p. 166). 60


O Plano Diretor Municipal de Vila Velha tem como diretriz “assegurar o direito ao uso dos espaços públicos e, nos casos em que couber, a vivência da orla marítima”, (PMVV, 2007, p. 45). 3.3.2 Código de Obras Municipal O Código de Obras Municipal é um instrumento que estabelece diretrizes para todos os projetos, arruamentos, loteamentos e assuntos relacionados às construções localizadas no município. Este instrumento determina que todos os projetos de construção, demolição, devem ser apresentados à Secretaria de Edificações e Obras para obter o alvará, ou seja, a concessão para a construção. O Código determina os gabaritos nas quadras paralelas a Orla. Nas primeiras quadras os edifícios o gabarito máximo é de 4 (quatro) pavimentos ou 6 (seis) pavimentos construídos sobre pilotis. Nas segundas quadras as edificações devem possuir no máximo 8 (oito) pavimentos ou 10 (dez) pavimentos construídos sobre pilotis. Os Pilotis deverão possuir até 3,5 metros de altura, e toda a área deverá ser aberta para ventilação, exceto as áreas destinadas à circulação vertical. As diretrizes estudadas levam a perceber que são necessários cuidados especiais com as Orlas marítimas por serem áreas de preservação permanente e espaços importantes no contexto urbano. No entanto, os determinantes de uso e ocupação em Orla presentes são insuficientes para nortear os projetos, esses dependem de aprovações dos órgãos competentes, porém muitas das vezes essas decisões tem proporções políticas que fogem às verdadeiras necessidades desses espaços.

4 ESTUDO DE CASO DE PROPOSTAS INDIVIDUAIS DE INTERVENÇÃO APLICADAS EM ORLAS Conforme o BRASIL (2002), não existe de forma geral uma Orla “modelo” onde todas as propostas de intervenção sejam referência a serem seguidas em outros projetos, afinal, as zonas costeiras possuem peculiaridades diversificadas de um lugar para o outro. Conforme BRASIL (2002, p. 10), “cada trecho da costa brasileira, em especial da orla marítima, tem características ambientais, paisagísticas e socioeconômicas específicas e particulares”. 61


Assim, nesse capítulo serão apresentados diversos projetos, onde para cada exigência foi selecionada uma proposta de estudo de caso que atendia as expectativas a serem aplicadas em Orlas. Para efeito de análise, os estudos de caso serão apresentados seguindo a seguinte ordem: a) Vias litorâneas b) Mobiliário Urbano c) Estacionamentos d) Acessibilidade e) Elementos Arquitetônicos: Quiosques, Estabelecimentos comerciais informais e banheiros f) Vegetação Esses itens foram selecionados de acordo com o conhecimento empírico de itens que as orlas possuem e que interferem nas paisagens costeiras. 4.1 Vias litorâneas Os passeios constituem espaços de passagens, circulações que articulam acessos a locais atrativos. Além de sua importância como conexão, esses espaços permitem a contemplação da paisagem, sendo assim, foi identificado um valioso exemplo de passeios no Projeto de Revitalização de La Playa Poniente, realizado em 2002, na cidade de Bernidorm, Espanha. Esta intervenção teve como objetivo facilitar o acesso à praia e melhorar esteticamente a relação entre a urbanização e a Orla marítima. O projeto teve como referências os arquitetos Antonio Gaudí e Burle Marx, na utilização de cores e jardins, que podem ser percebidos ao longo de toda a Orla. A figura 31 apresenta esses novos passeios entre a praia e a área urbanizada composta por arranha-céus.

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Figura 31 - Criação do novo passeio que cria a interface entre a área urbanizada e a praia Fonte: Public Space, (2010)

Foram utilizadas cores vivas e ondulações, aproveitando o desnível avenida-praia, criando linhas sinuosas e apropriando-se de côncavos e convexos, remetendo esses movimentos à sinuosidade que as ondas causam ao encontrar a areia, conforme a figura 32, que representa o partido do projeto.

Figura 32 - O conceito do projeto, modelado a partir do desenho das águas nas areias Fonte: Public Space, (2010)

Na figura 30 pode-se notar as cores vivas utilizadas na revitalização e a inserção de jardins ao longo do passeio. Esse conceito foi utilizado a partir da identificação de que as cidades estão ficando cada vez mais monocromáticas pela constante e excessiva utilização de concreto e asfalto. A vegetação composta por pequenos 63


arbustos, plantas rasteiras e coqueiros, foram inseridas neste projeto de modo a não obstruir as visuais para o mar, conforme apresenta a figura 33 abaixo.

Figura 33 - Passeio da Orla Fonte: Portobelo (2011)

Como o passeio possui grandes desníveis, foi necessária a implantação de guardacorpos que foram utilizados no projeto são simples e discretos, de material que possibilita executar as curvas necessárias para acompanhar o projeto e não contrasta com as cores da pavimentação utilizada.

Figura 34 - Pavimentação utilizada nos passeios Fonte: Portobelo (2011)

O projeto de Revitalização da Orla de Benidorm é interessante por que traz um contraste entre a visão da cidade para a Orla e a visualização da Praia para o tecido urbano. Da cidade, o que se vê são passeios com um efeito muito colorido, em 64


contra partida, a visão do observador, que se encontra na praia para a cidade, é de total harmonia com o espaço.

Figura 35 - Vista da Praia Fonte: Public Space, (2010)

Na figura 36, pode-se perceber que após descer as escadas ou rampas propostas pelo projeto, os pedestres encontram um piso de madeira antes de pisar na areia, o que faz com que as pessoas possam utilizar o espaço mesmo que se não quiserem entrar em contato com a areia. E ao mesmo tempo, permite a utilização desta área à noite, pois foi realizado um trabalho de iluminação muito agradável no piso que ilumina as paredes curvas criadas. A imagem abaixo apresenta o espaço à noite, iluminado e esteticamente agradável.

Figura 36 - Vista da Praia à noite Fonte: Public Space, (2010), acesso em: 16/05/2013

Um dos objetivos do projeto constitui a implantação de rampas com inclinações que atendam normas de acessibilidade para facilitar o acesso à praia aos usuários. Assim, a figura 37 apresenta a rampa, de pavimentação lisa que permite fácil movimentação de pessoas. A rampa assim como todos os passeios possui 65


sinuosidade e foram inseridos jardins com vegetação rasteira ao logo do percurso que permite ao usuário total contemplação da visual ao caminhar.

Figura 37 - Rampas com inclinações amenas Fonte: João Jr. (2011)

Para estes passeios foi utilizada uma pavimentação diferenciada, são círculos que se repetem de diversas cores, como apresenta a figura 38.

Figura 38 - Detalhe da pavimentação Fonte: Public Space, (2010)

Apesar de causarem trepidação, que deve ser evitada quando se diz respeito à passeios acessíveis, conforme a NBR 9050/2004, as pedras portuguesas ainda permanecem em muitas calçadas Brasileiras e muito famosas, como na Praia de Copacabana, as curvas desenhadas por Burle Marx, na figura 39.

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Figura 39 – Pavimentação das calçadas na Praia de Copacabana Fonte: Arquitetando com Thelma (2010)

Na Orla de Camburi, ilustrada pela figura, foram mesclados de forma a setorizar os passeios mais rápidos com a pavimentação em concreto liso, que permite melhor locomoção e confere acessibilidade e o piso em pedra portuguesa que foi mantido em alguns passeios, onde ele trás a característica original da orla.

Figura 40 – Combinação de pavimentações diferentes e canteiros na Praia de Camburi Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

4.2 Mobiliário urbano Constituem peças e equipamentos instalados em meio público para que os cidadãos possam utilizar tais como bancos, abrigos de ônibus e lixeiras. A figura 41 67


demonstra novos equipamentos urbanos na Orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. São mesas, cadeiras e coberturas que foram inseridas no projeto de forma a estabelecer harmonia com a paisagem e agregar valor ao conjunto.

Figura 41 – Mobiliário urbano especificado no projeto de Revitalização da Orla da Praia de Copacabana Fonte: OrlaRio

Figura 42 - Nova cobertura de lona Fonte: OrlaRio (2010)

Os “ombrelones”, ilustrados pela figura 42, são de fibra e as bases são fixas de inox, unidas por calhas de vidro. As lixeiras também são equipamentos urbanos essenciais em espaços públicos para manter a limpeza do local. As figuras 43 e 44 mostram as lixeiras com a separação dos resíduos a fim de realizar a coleta seletiva contribuindo para a reciclagem.

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Figura 43 - Lixeiras implementadas pelo Projeto de Revitalização da Orla de Copacabana Fonte: OrlaRio (2010)

Figura 44 - As lixeiras do térreo são interligadas ao subsolo Fonte: OrlaRio (2010)

Bancos são mobiliários muito comuns e necessários em espaços públicos que permitem e objetivam maior tempo de permanência do usuário. A figura 45, da revitalização da Orla de Copacabana, apresenta os bancos utilizados nos espaços próximos aos quiosques.

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Figura 45 - Bancos instalados no limite da plataforma de quiosque com a areia Fonte: OrlaRio (2010)

Os bancos fixos se integram ao projeto, são de fibra, material resistente, possuem um design orgânico que mantém harmonia com o ambiente, e estão protegidos por ombrelones que permitem o sombreamento do local onde os bancos estão. Além da importância dos materiais e do design dos mobiliários urbanos inseridos nos espaços urbanos, é necessário um planejamento da localização desse mobiliário no projeto. A figura 46 apresenta um espaço de contemplação da visual, uma área tranquila onde os usuários possam permanecer por algum tempo deslumbrando a paisagem da cidade.

Figura 46 – Banco nos Passeios em Vancouver Fonte: Marcelo Bumbel (2013)

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Além do posicionamento desse mobiliário é importante identificar se o local realmente funcionará como espaço de contemplação e permanência. Em alguns casos, os bancos estão locados em lugares que não possuem sombra por exemplo e caso a área receba muita incidência solar, torna-se um local inviável para esse uso, a menos que o projeto apresente uma solução, como a implantação de árvores que proporcionem o sombreamento. Em alguns lugares, são utilizados outros mobiliários para sombreamento, além da vegetação e dos ombrelones, outro elemento interessante é o pergolado, na maioria das vezes em madeira, eles criam sombreamentos em áreas de contemplação, como na figura 47, na Orla de Camburi.

Figura 47 - Pergolado na praia de Camburi Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Os pérgolas na praia de Camburi ficam sob um deck de madeira e possuem bancos, formando espaços de permanência para contemplação, este mantém uma relação harmoniosa com a paisagem e dão uma característica de sofisticação. Em Aracaju no estado de Sergipe, a Orla Pôr do Sol, localizada à beira do Rio Vaza Barris, foi revitalizada em 2010. O projeto contempla o paisagismo, construção de novos passeios, rampas de acesso com inclinações segundo as normas de acessibilidade, inserção de módulo policial e um centro cultural.

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Figura 48 - Revitalização da Orla do Pôr do Sol - Aracaju/SE Fonte: Prefeitura de Aracaju (2010)

Nesta revitalização foram criados passeios próximos à água ao longo da orla, são decks de madeira com guarda-corpo, conforme ilustra a figura 49. A utilização da madeira com aspecto rústico nesse espaço ficou esteticamente compatível com essa paisagem.

Figura 49 - Passeio à beira Fonte: Prefeitura de Aracaju (2010)

Além de uma belíssima praia, a Barceloneta, a mais antiga praia de Barcelona, possui equipamentos urbanos diferenciados e de materiais sofisticados como o inox. A figura 50 apresenta o conjunto de chuveiros implantados na praia. O chuveiro fica sob uma “grelha” que drena as águas que evita que essas escorram pela praia.

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Figura 50 - Chuveiros na Barceloneta Fonte: efe.com (2012)

4.3 Estacionamentos As Orlas são alvo de muitos passeios turísticos entre as famílias brasileiras, com a precariedade dos transportes coletivos, o que faz com que as pessoas se desloquem em veículos particulares, criando um fluxo intenso, surgindo uma demanda cada vez maior de estacionamentos. Em muitas orlas, locais para estacionamentos se tornam grandes problemas, pois muitos carros estacionam em áreas proibidas que podem ficar degradadas por causa dessa prática. A quantidade excessiva de carros estacionados próximos às Orlas também causam uma obstrução da paisagem, como representa a figura 51, em que os carros ocupam uma área nobre junto à Lagoa.

Figura 51 - Estacionamento ocupando uma área nobre Fonte: Andréa Albuquerque G. Redondo, 2012

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Assim, a criação de um local exclusivo para estacionamentos de veículos pode contribuir para a desobstrução da paisagem. A figura 52 abaixo apresenta um estacionamento com um desenho radial e com sombreamento das vagas através de árvores com copas amplas.

Figura 52 - Estacionamento próximo a área costeira Fonte: ANDREATTA (2010)

O estacionamento se encontra mais afastado da área costeira. As praias também são alvos de eventos públicos noturnos e diurnos que reúnem pessoas em grandes contingentes, o que faz com que haja a necessidade de estacionamentos amplos, seguros e bem iluminados. 4.4 Elementos arquitetônicos: quiosques, estabelecimentos comerciais informais e banheiros Os

elementos

arquitetônicos

predominantes

nas

Orlas

são

quiosques,

“barraquinhas” comerciais e artesanais, além de banheiros públicos que necessitam de manutenção e ordenamento para compor a paisagem e não se tornem elementos que obstruem as visuais. Na figura 53 pode-se visualizar a Feira da Torre de TV de Brasília, Distrito Federal que, como exemplo, possuía um visual desordenado,

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anteriormente era caracterizada por barracas predominantemente azuis e não havia uma organização que promovia qualidade estética.

Figura 53 - Vista da Torre de TV para a Feira antes da intervenção Fonte: Francisco Aragão (2012)

Com a padronização das barraquinhas, ilustrada na figura 54, a feira passou a ter uma configuração planejada que transmite melhor qualidade visual para os turistas que visitam a torre de TV. A feira passou a compreender módulos com formas curvas composto por estabelecimentos agrupados dispostos por um desenho orgânico, e coberturas verdes constituem uma composição interessante a ser observada do alto da torre.

Figura 54 - Feira da Torre de TV em Brasília/DF Fonte: Acervo pessoal

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Outro exemplo de destaque de elemento Arquitetônico são os novos módulos de quiosques, ilustrados pela figura 55 da Orla de Copacabana no Rio de Janeiro, recentemente revitalizada.

Figura 55 - Quiosques da Orla de Copacabana Fonte: OrlaRio (2010)

O novo quiosque, ilustrado pela figura 56, possui um design mais moderno e está estabelecido numa plataforma sob deck de fibra. Os quiosques ficam sob uma estrutura feita para a construção no subsolo, onde ficam ambientes de apoio ao quiosque.

Figura 56 - Novo quiosque Fonte: OrlaRio (2010)

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O Projeto das plataformas dos quiosques possui um subsolo de 290 m², ilustrado pela figura 57, onde estão localizadas duas cozinhas, duas áreas de apoio, dois locais para lavadoras de gases, depósito central, dois vestiários para funcionários, dois estoques secos e duas caixas d’água contendo 7.500 litros cada.

Figura 57 - Planta baixa do subsolo da plataforma de quiosques Fonte: OrlaRio (2010)

O projeto disponibiliza acesso independente para as áreas de apoio, ilustrada a figura 58, para que apenas os funcionários dos quiosques tenham acesso garantindo a segurança dos ambientes.

Figura 58 - Acesso independente para a área de apoio Fonte: OrlaRio (2010)

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Figura 59 - Grade de segurança da área de apoio Fonte: OrlaRio (2010)

Para o controle da entrada existe um equipamento para cadastramento da digital do operador e um gradil que contribuem para restringir o acesso, esses equipamentos estão ilustrados na figura 59. Para facilitar o transporte dos mantimentos entre o quiosque para as áreas de apoio o projeto prevê um monta carga ilustrado pela figura 60.

Figura 60 - Monta carga para o transporte da mercadoria do quiosque – Térreo e subterrâneo respectivamente Fonte: OrlaRio (2010)

O subsolo também é dotado de vestiários para funcionários com bacias sanitárias, chuveiros e armários, conforme a figura 61.

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Figura 61 - Armários e banheiros do vestiário de funcionários Fonte: OrlaRio (2010)

Os banheiros são equipamentos importantes para os espaços públicos, geralmente são muito utilizados banheiros químicos, que são anti-higiênicos e constituem elementos que obstruem a paisagem. O Projeto de Revitalização da Orla de Copacabana, prevendo o menor impacto visual no meio ambiente, solucionou a questão dos banheiros públicos no subsolo e no térreo há indicações através de comunicação visual impressa em vidros, ilustrada na figura 62, que permitem a transparência evitando produzir impactos visuais na paisagem.

Figura 62 – Comunicação visual que indica o acesso aos banheiros públicos no subsolo Fonte: OrlaRio (2010)

Os banheiros públicos possuem controle de acesso, através de um funcionário e câmeras de segurança, o local também possui armários para locação e guardavolumes. 79


Figura 63 - Escada de acesso aos banheiros Fonte: OrlaRio (2010)

O vidro foi um material muito utilizado em todo o projeto e neles foram inseridos elementos de comunicação visual, conforme as figuras 64 e 65 apresentam a indicação dos banheiros femininos e masculinos.

Figura 64 - Controle de acesso aos banheiros Fonte: OrlaRio (2010)

Figura 65 - Controle de acesso através de câmeras e lockers

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Fonte: OrlaRio (2010)

Outro equipamento que tem sido muito comum nas orlas Brasileiras são os módulos onde ficam profissionais que orientam atividades físicas na Orla, mais conhecidos como módulos de Serviço de Orientação ao Exercício (SOE). A figura 66 se trata de um desses módulos, localizado na Orla de Camburi, o elemento de cobertura sob um deck de madeira cria um colchão de ar, sob o módulo abaixo dele.

Figura 66 - Módulo de orientação à atividades físicas Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Os postos de salvamento onde ficam profissionais salva-vidas, são espaços de suma importância, pois tem a finalidade de promover atendimento aos banhistas e usuários. Na Orla de Copacabana foram implantados os modelos apresentados na figura 67.

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Figura 67 - Posto de Salvamento Fonte: OrlaRio (2010)

O posto de salvamento localizado a uma altura considerável permite que os profissionais tenham uma visual panorâmica da praia, identificando com mais facilidade pessoas em risco. 4.5 VEGETAÇÃO Árvores e plantas são elementos muito comuns em Orlas e essas conferem uma diversidade que complementa a paisagem das praias. A vegetação de restinga por exemplo, são plantas que devem ser protegidas pois compõem um ecossistema importante para essas áreas. Já as árvores, plantas e arbustos nas orlas além de importância ambiental, elas são de suma importância estética e garantem em alguns casos o conforto ambiental nos espaços. A figura 68, na Praia de Cubelles em Barcelona apresenta a utilização de palmeiras de diversas alturas. Essas plantas são muito utilizadas nos espaços costeiros por serem plantas mais verticais, e não possuem copas muito amplas, assim não são elementos que obstruem a visual da paisagem.

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Figura 68 - Playa de Cubelles em Barcelona Fonte: Cárdega (2010)

Essa vegetação geralmente é inserida de forma a criar eixos paralelos ao mar, como na figura 69, pequenas palmeiras que se repetem ao longo do passeio junto com elas foram combinadas plantas rasteiras em canteiros. Os postes de iluminação também contribuem para a percepção desse eixo criado.

Figura 69 – Beira mar em Valencia Fonte: Prefeitura de Valencia

Muitas orlas urbanizadas possuem vias litorâneas muito próximas às praias, a Orla de Santos, na figura 70 é uma exceção, onde foi criada uma grande faixa de jardins que separam as grandes avenidas da praia.

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Figura 70 - Orla de Santos Fonte: Genilson França (2006)

Esses parques lineares criados ao longo da Orla formam um cinturão verde contendo passeios entre os gramados, canteiros de flores, arbustos e árvores de médio porte nas extremidades. Através das soluções analisadas pode-se concluir que a organização dos mobiliários urbanos e a inserção de equipamentos que estejam em harmonia com a paisagem litorânea e com os usos propostos pelos espaços.

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5 CONTEXTUALIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ORLA DA PRAIA DA COSTA

A Orla da Praia da Costa localiza-se no município de Vila Velha no Estado do Espírito Santo. Essa Orla possui o nome do Bairro Praia da Costa denominado assim por estar localizado junto à Costa do município. A área de estudo localiza-se na Praia da Costa, delimitada desde a Praia da Sereia até o trecho de orla localizado em frente à Rua Jofredo Novaes, compreendendo o trecho da Av. Antônio Gil Veloso até a Av. Gastão Roubach, delimitado em vermelho na figura 71.

Figura 71 - Mapa da área de estudo

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O trecho delimitado para esta análise e, posteriormente, para intervenção, foi escolhido, por compreender uma grande diversidade de usos, dentre eles turísticos, econômicos e recreativos, e constitui uma área onde a diversidade natural é muito rica, compondo uma das mais belas paisagens do município. Segundo o Jornal da Praia da Costa (2013), o Bairro foi um dos primeiros a ser colonizados no Município. A região da Praia da Costa eram terras da família Motta. A Orla só ganhou obras para urbanização na gestão do Prefeito Américo Bernardes da Silveira nos anos de 1977-1982, onde foi construído o calçadão da Praia da Sereia até a Avenida Champagnat. (SANTOS, 2010)

5.1 CLASSIFICAÇÃO DA ORLA Segundo os parâmetros estabelecidos por BRASIL, (2002 b), com relação às características fisiográficas e índices de ocupação humana, este trecho da Praia da Costa caracteriza-se uma orla semi-abrigada e urbanizada. A Orla da Praia da Costa no trecho da Praia da Sereia possui uma forma côncava protegida por ilhas, características que a denominam semi-abrigada. A figura 72 apresenta algumas dessas ilhas.

Figura 72 - Ilhas que abrigam a praia Fonte: Acervo pessoal(2013)

A ocupação desse trecho, como apresenta a figura 73, é de alta densidade, composta por edifícios residenciais verticais muito próximos da Orla, isso se deu

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com o crescimento rápido devido ao boom imobiliário que ocorreu com a valorização da área. (SANTOS, 2010)

Figura 73 - Urbanização próxima à Orla Fonte: Acervo pessoal

5.2 VIAS LITORÂNEAS O local compreende uma via litorânea asfaltada para a passagem de automóveis que separa a orla da Urbanização, essa via apesar de ser considerada pelo Plano Diretor Municipal de Vila Velha como Coletora, nesse trecho é muito estreita. A orla urbanizada possui uma ciclovia e um calçadão que cortam toda a Orla. Na Praia da Costa, todo o calçadão ainda é revestido em pedra portuguesa, que permanece desde o projeto original, realizado por volta de 1987, selecionado em concurso público para urbanização desta área, como relata Gilson Pacheco em publicação de maio de 2013 no jornal Praia da Costa. A figura 74 compreende a Praia da Sereia e apresenta sua via litorânea, ciclovia e calçada.

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Figura 74 - Trecho da Praia da Sereia Fonte: Acervo pessoal(2013)

Durante uma visita noturna para realização deste diagnóstico notou-se que a iluminação é precária já que os postes possuem uma altura em que as lâmpadas encontram-se acima da copa das árvores causando sombreamento, conforme representado na figura 75. Ao caminhar pelo passeio também se percebe que as luzes existentes causam ofuscamento.

Figura 75 - Via litorânea de pedestres Fonte: Acervo pessoal

Segundo um ambulante estabelecido no local, as lâmpadas são inapropriadas e nota-se que as áreas mais iluminadas são onde estão estabelecidos comerciantes da feirinha local ou nas áreas onde não existem árvores, como na faixa de areia, na figura 76, onde existem mastros para a montagem da rede de vôlei. 88


Figura 76 - Área de prática de esportes na faixa de areia Fonte: Acervo pessoal

Para o acesso à areia existem várias rampas e escadas ao longo dos passeios devido aos desníveis existentes, algumas existem há mais tempo, e são parte do calçadão original e outras são novas. Algumas rampas e escadas foram criadas por usuários dos espaços, elas se encontram fora dos padrões tanto com relação ao calçadão original, quanto às normas de acessibilidade, são fruto da apropriação e seus improvisos. A figura 77 apresenta uma das rampas do projeto original do calçadão, revestida em pedra portuguesa. Ainda nessa imagem observa-se que a iluminação é precária e que as árvores causam o sombreamento.

Figura 77 - Rampas de integração entre o calçadão e a areia Fonte: Acervo pessoal

A figura 76 apresenta uma dessas construções improvisadas da rampa, feita em concreto, fora do padrão do calçadão original, a rampa possui uma inclinação maior 89


do que a permitida de acordo com a NBR 9050:2004. Apesar de estar fora do padrão, é uma das poucas rampas que possuem guarda-corpo.

Figura 78 - Rampa de acesso à praia Fonte: Acervo pessoal

Na figura 79, apresenta-se uma escada entre os muitos meios de acesso às areias, essa também não possui corrimão, e foi utilizado concreto com agregado graúdo para sua construção.

Figura 79 - Escada de acesso à praia

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Fonte: Acervo pessoal

Percebe-se que o calçadão dessa orla encontra-se sem manutenção, não obedecem à Norma de Acessibilidade 9050:2004, não oferecem segurança aos transeuntes, nem qualidade visual que a torne orgulho aos usuários. Entre o calçadão e a via litorânea de automóveis se localiza a ciclovia, ilustrada na figura 80, essa via concentra um fluxo não só de ciclistas, mas também de patinadores e skatistas que utilizam essa área, pois ela possui um piso liso apropriado para a prática desses esportes, todavia, nos horários de muito movimento, especialmente à noite, essa via fica sobrecarregada com esses fluxos, se tornando insegura para esses usuários.

Figura 80 – Ciclovia da Orla Fonte: Acervo pessoal

A última alteração que se tem notícia no calçadão da Praia da Sereia foram as intervenções realizadas para o Projeto Praia Legal, que teve como objetivo a criação de estruturas que permitissem o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Ocorreram intervenções na via para automóveis com a indicação das vagas para idosos e deficientes físicos; na ciclovia, com a criação das rampas de acesso ao calçadão; e na calçada foram instalados pisos táteis direcionais e de alerta às barreiras e aos desníveis.

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5.3 MOBILIÁRIO URBANO Assim como o calçadão, de forma geral, os mobiliários encontram-se sem manutenção e não possuem um padrão que proporcione estética e harmonia com o ambiente, apesar de serem muito utilizados nessa orla. O posto de guarda-vidas na figura 81 é um exemplo dessa precariedade, existente há muitos anos, este elemento está desativado e confere uma péssima qualidade estética no local em que está inserido, sem contar com as reclamações dos usuários do local, que em entrevista, relataram que é utilizado inadequadamente como banheiro, que deixa o local com odores.

Figura 81 - Posto de salva-vidas desativado Fonte: Acervo pessoal

Na área de abrangência deste estudo, estão estabelecidos dois playgrouds, um na Praia da Sereia, e outro na Praia da Costa, na faixa de areia. Nas figuras 82 e 83, apresenta-se o parque da Praia da Sereia, este é cercado por um gradil, porém está rompido.

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Figura 82 - Playgroud da Praia da Sereia

Figura 83 - Cercado do playgraund rompida

Fonte: Acervo pessoal

Fonte: Acervo pessoal

Na praia da Costa, o playground muito utilizado no horário noturno para o lazer infantil encontra-se em boas condições, porém o lugar em que está inserido fica sombreado em vários locais podendo causar insegurança ou acidentes com o público usuário, que já compromete a visualização nítida do espaço.

Figura 84 - Playground da praia Fonte: Acervo pessoal

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Ao contrário do Período noturno, conforme ilustra a figura 85, o playground durante o dia é um espaço de recreação infantil muito agradável, iluminado e ventilado, onde as crianças podem ter contato com o meio ambiente. Na mesma imagem nota-se a presença do posto de guarda-vidas desativado que se torna uma barreira e poluição visual para a contemplação da paisagem.

Figura 85 - Playground da Praia da Costa de dia Fonte: Acervo pessoal

Os mobiliários utilizados pelos ambulantes cadastrados pela prefeitura não possuem um padrão e muitas vezes ocupam áreas de passagens, como apresenta a figura 86, onde são utilizados bancos plásticos.

Figura 86 - Lanchonetes na orla Fonte: Acervo pessoal

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As bancadas, na figura 87, utilizadas para a venda dos peixes estão expostas a intempéries comprometendo a qualidade dos alimentos vendidos em decorrência da falta de salubridade deste local.

Figura 87 - Bancadas dos pescadores Fonte: Acervo pessoal

Apesar da existência de locais para depósito de lixo disponibilizado pela Prefeitura, a alta demanda de resíduos sólidos torna-se a causa da existência de lixo na via litorânea como apresenta a figura 88, assim local fica prejudicado esteticamente e seu índice de poluição aumenta. Nesta imagem percebe-se que o lixo ocupa não só a via litorânea, mas também a ciclovia, podendo comprometer a passagem dos ciclistas.

Figura 88 - Lixo na via litorânea Fonte: Acervo pessoal

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Os bancos de concreto que existiam foram recentemente trocados por bancos de madeira, ilustrados na figura 89, na tentativa de realizar a padronização e promover a harmonia estética com o meio ambiente. Apesar da troca dos bancos, alguns foram mantidos, como apresenta a mesma figura.

Figura 89 – O banco de madeira instalado recentemente e o banco tradicional em concreto existente Fonte: Acervo pessoal

Apesar de alguns bancos terem sido substituídos, muitos deles foram mantidos, mesmo não estando em boas condições, o mobiliário representado na figura 90, de concreto, possui uma forma diferente, mas sua pintura está descascando, apresentando péssimas condições estéticas.

Figura 90 - Bancos em concreto mantidos Fonte: Acervo pessoal

96


Os chuveiros existentes, na figura 91, são discretos e em madeira, porém muitos estão danificados e não funcionam apesar de terem sido instalados há pouco tempo.

Figura 91 - Chuveiro na Praia da Sereia Fonte: Acervo pessoal

Nessa orla também existem totens feitos em concreto (figura 92) para a indicação dos quilômetros a cada 250 metros, que auxiliam atletas e turistas a identificarem pontos e distâncias.

Figura 92 - Marcação dos Quilômetros Fonte: Acervo pessoal

97


Além de playgrounds, a área também contempla mobiliários para recreação de adultos e idosos, com a academia popular existente na curva da Praia da Sereia, apresentada na figura 93.

Figura 93 - Academia popular Fonte: Acervo pessoal

Além da academia popular também existem em vários pontos da praia, aparelhos localizados na faixa de areia (figura 94), utilizados por jovens e adultos para a realização da atividade física de musculação.

Figura 94 - Aparelhos para a prática de exercícios físicos na areia Fonte: Acervo pessoal

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Alguns mobiliários foram acrescentados como os bancos de madeira, porém, as intervenções significativas mais recentes também foram a instalação dos novos postos de guarda-vidas, que também foram inseridos no período do Projeto Praia Legal. Os postos de guarda-vidas são de madeira cobertor por uma lona, como apresenta a imagem 95.

Figura 95 - Posto de guarda-vidas Fonte: Acervo pessoal

O Projeto Praia Legal também visava a implantação de guarda-corpos de madeira, pois o calçadão possui um desnível considerável, porém este não foi instalado. Esta Orla é carente desse mobiliário, que existe na curva da Sereia, como apresenta a imagem 96, o guarda-corpo em metal e pintura verde, este material não é tão apropriado, pois apesar de ser resistente às intempéries, esquenta muito ao sol, podendo causar queimaduras nos usuários.

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Figura 96 - Guarda-corpo na curva da sereia Fonte: Acervo pessoal

Pode-se identificar a falta de mobiliários também através das apropriações, como as bicicletas que se encontram durante o percurso, pesas em árvores ou em placas, conforme a figura 97 percebe-se que não existem bicicletários neste trecho.

Figura 97 - Bicicleta presa na placa Fonte: Acervo pessoal

5.4 ESTACIONAMENTOS Na orla, a maioria dos estacionamentos acontecem junto à ciclovia como na figura 98, pois estão em áreas onde não havia largura suficiente para a existência de um bolsão de estacionamento, conforme a figura 99, composto por uma via paralela à ciclovia, vagas à 45º (quarenta e cinco) e um canteiro que separa o bolsão da via de circulação de veículos. 100


Figura 98 - estacionamento paralelo ao canteiro Fonte: Acervo pessoal

Figura 99 - Bolsão de estacionamento Fonte: Acervo pessoal

No trecho da Praia da Sereia, o estacionamento acontece num recuo, como na imagem 100, onde foram inseridas vagas para idosos e pessoas com mobilidade reduzida, que atendem ao público alvo do Projeto Praia Legal, idealizado em 2010, para conferir o direito de ir à praia à pessoas com mobilidade reduzida.

101


Figura 100 - Bolsão de estacionamento voltado para o público alvo do Projeto Praia Legal Fonte: Acervo pessoal

Neste recuo também estacionam ônibus do Programa Mão na Roda, que atendem ao público do Projeto Praia Legal, trazendo-os até a Praia da Sereia. Na praia da Costa, as paradas de ônibus também acontecem no recuo isolado do fluxo intenso, em contato com o abrigo de ônibus, como apresenta a imagem 101.

Figura 101 - Recuo para acesso de ônibus Fonte: Acervo pessoal

102


5.5 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS: QUIOSQUES, ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS INFORMAIS E BANHEIROS Na orla foram implantadas coberturas na forma de asa deltas, na imagem desde o projeto realizado em concurso por volta de 1990, segundo Gilson Pacheco, Diretor da Associação dos moradores da Praia da Costa, esses elementos arquitetônicos foram projetados para serem abrigos para os ambulantes, pois eles estavam ocupando a faixa de areia. Porém, na época, questões políticas corromperam o objetivo desses elementos, fazendo com que se tornassem quiosques, apesar de não terem estrutura para atender essa demanda. Os quiosques funcionam de forma improvisada, pois não possuem energia elétrica para esse fim. Além disso, o local durante a noite é muito escuro, tornando-se desagradável, como na imagem 102.

Figura 102 – Quiósques Asa delta Fonte: Acervo pessoal

Os quiosques improvisados também causam poluição visual, com sua comunicação visual predominantemente na cor vermelha e seu mobiliário que se encontra disperso pelo calçadão como na imagem 103 ou amontoados e presos por correntes em árvores e postes como apresenta a imagem 104

103


Figura 103 - Poluição visual causada pelos quiósques e seus mobiliários Fonte: Acervo pessoal

Figura 104 - Cadeiras presas de forma improvisada Fonte: Acervo pessoal

Muitos dos equipamentos também ficam junto ao quiosque, como apresenta a figura 105 e mesmo assim constituem uma poluição visual e desorganização no local. 104


Conforme as diretrizes do IEMA, os equipamentos dos quiosques devem ser armazenados no interior dos mesmos, para que não cause impacto visual na paisagem.

Figura 105 - Equipamentos e mobiliários do quiosque sem depóstito próprio no interior do estabelecimento Fonte: Acervo pessoal

Outros elementos muito comuns neste trecho de Orla são as barraquinhas da feirinha de comidas e artesanato. Segundo um ambulante, essas barraquinhas são padronizadas e cadastradas pela prefeitura e constituem aproximadamente 30 comerciantes de diversos produtos. Na imagem 106 podemos identificar essa padronização que segundo o informante, elas devem constituir uma lona listrada nas cores preta e branca.

Figura 106 - Barracas de acordo com o padrão da PMVV Fonte: Acervo pessoal

105


Apesar de haver a padronização estabelecida pela prefeitura, muitos ambulantes não estão de acordo com ela, como na imagem 107.

Figura 107 - Ambulante fora da padronização da Prefeitura Fonte: Acervo pessoal

Como mobiliário de recreação, antigamente existia na pedra, conforme a imagem 108, uma base em concreto, onde as pessoas podiam pular na água, esse elemento constituía uma forma interessante de recreação, entretanto, atualmente existem apenas ruínas do mesmo.

Figura 108 - Pedra onde existia uma base em concreto que servia como trampolim Fonte: Acervo pessoal

106


Outro elemento interessante é o “pórtico” na imagem 109, que era da associação Laramar, da terceira idade, que promovia atividades de recreação no local. Constitui um elemento interessante, pois o palco, também serve de mirante de onde se tem uma excelente visual apresentado pela figura 110.

Figura 109 - Pórtico com uma plataforma Fonte: Acervo pessoal

Figura 110 – Visual do mirante e pórtico Laramar Fonte: Acervo pessoal

Outro elemento inserido na Praia para recreação dos usuários são as estruturas do Projeto Praia Legal esse mobiliário foi muito bem recebido pelo público alvo, entretanto não encontram-se mais em tão boas condições, como apresenta a 107


imagem 111, pois eram apenas para funcionar durante o Projeto Piloto e já está há dois anos no local.

Figura 111 - Mobiliário do Projeto Praia Legal Fonte: Acervo pessoal

O Projeto já está passando por fase de Avaliação Pós Ocupação, realizada pela UVV e sua equipe em parceira com a Prefeitura Municipal de Vila Velha e o Movimento Vida Nova Vila Velha, para que possa ser consolidado no local. Serão propostas novas estruturas ilustradas pela figura 112, com materiais mais resistentes, que possam consolidar o projeto e atender os usuários com mais conforto e segurança.

Figura 112 - Perspectiva do Novo Projeto Praia Legal, pós APO Fonte: NEP, UVV, 2013.

108


O Projeto teve sucesso no local, pois está próximo ao Centro de Reabilitação Física do Estado do Espírito Santo (CREFES) e a Praia da Sereia constitui-se possui uma formação fisiográfica semi-abrigada e protegida por ondas que contribuem para que as águas sejam calmas, possibilitando assim o banho de mar de pessoas com mobilidade reduzida acompanhados por profissionais da Educação física e Fisioterapia e também para os idosos que freqüentam muito essa área.

5.6 VEGETAÇÃO A Orla da Praia da Costa é rica em diversidade de espécies de vegetação que vão desde plantas rasteiras e arbustos até árvores de grande porte, que em geral são Bromélias, Amendoeira da praia também conhecida como Castanheira, Areca e Coqueiros ou palmáceas. A figura 113 apresenta um canteiro localizado na Praia da Sereia, próximo ao playground, constituído por grama como forração, dois arbustos de diferentes espécies e uma árvore de médio porte.

Figura 113 - Canteiro com arbustos e árvore Fonte: Acervo pessoal

A figura 114 apresenta as castanheiras que se localizam próximas ao local onde acontece a feirinha na Praia da Costa, essa espécie é muito comum nas orlas de Vila Velha, são árvores de médio e grande porte que proporcionam boa sombra, apesar de impedirem a visual em alguns casos. 109


Figura 114 - Castanheiras e Coqueiros na via litorânea Fonte: Acervo pessoal

Algumas espécies estão inseridas em locais impróprios, como a da figura 115, que apresenta uma espécie semicaducifólia que não produz boa sombra durante parte do ano.

Figura 115 - Árvore semicaducifólia em local de permanência Fonte: Acervo pessoal

Em alguns canteiros a vegetação é escassa e há apenas resquícios da forração que existia, como apresenta a imagem 116.

110


Figura 116 - Canteiros sem forração Fonte: Acervo pessoal

Nesta Orla, a maioria das árvores não possuem golas padronizadas, como a figura 117 apresenta, que, deveriam estar sinalizadas pela pavimentação tátil que alerta ao desnível e à barreira no local.

Figura 117 - Gola da árvore fora do padrão de acessibilidade Fonte: Acervo pessoal

111


5.7 USO E OCUPAÇÃO A urbanização deste trecho de orla, como apresenta a figura 118, é em sua maioria composta por edifícios multifamiliares, como apresenta o mapa abaixo, os edifícios de grande porte são de alto padrão social tornando a área super valorizada. Na área também

estão

presentes

estabelecimentos

comerciais,

onde

predominam

restaurantes e lanchonetes. Os poucos terrenos vazios que encontram-se na área, são de construtoras locais que já lançaram novos empreendimentos.

Figura 118 - Mapa de uso e ocupação urbanística Fonte: Editado a partir do ArcGis

Esta região possui o Clube Libanês, trata-se de uma área de lazer privada tradicional no bairro e um importante marco para os moradores de Vila Velha. Uma importante instituição localizada nesta área é a Igreja Batista que também se torna um atrativo para esse local do bairro, assim como o Cerimonial e a escola que se encontram no mesmo local. O Centro de Reabilitação Física (CREFES) também se torna um marco para o bairro, já que o local 5.8 GABARITO Assim como na maioria das orlas Brasileiras, onde a urbanização ocorre a partir do litoral, no município de Vila Velha não é diferente, o bairro Praia da Costa foi um dos primeiros bairros a ser ocupado e isso se reflete nos dias de hoje, com a super 112


valorização da área, onde estão localizados edifícios de grande porte, muito próximos à Orla, como apresenta a seguir a figura 119.

Figura 119 - Mapa de usos na Orla Fonte: Editado a partir do ArcGis

113


6. ENSAIO PROJETUAL A realização deste ensaio projetual apresenta a requalificação do trecho de Orla localizado na Praia da Sereia, na Praia da Costa. Para a realização de tal proposta, foram necessárias pesquisas junto à Prefeitura Municipal de Vila Velha com o objetivo de encontrar mapas e levantamentos topográficos que pudessem balizar o projeto, entretanto, não existem dados topográficos referentes à área de estudo, apenas há um mapa altimétrico, em arquivo DWG, do município de Vila Velha que não está atualizado. Este capítulo apresenta propostas do estudo preliminar realizado para a região apresentando imagens e plantas ilustrativas.

6.1 PARTIDO PROJETUAL

O principal conceito deste projeto foi consolidar os usos existentes, tirando partido das apropriações espontâneas, conforme enfatiza a Urbanista Lúcia Maria Sá Antunes (2006), ao considerar esse tipo de ação promove a vigilância natural e estimula a manutenção local. Dessa forma foi realizado um mapeamento identificando as atividades existentes, apresentado na figura 120.

Figura 120 - Usos públicos mapeados na área de estudo Fonte: Editado a partir do ArcGis

114


A proposta também trabalha de modos diferentes o traçado urbano e os elementos arquitetônicos. O desenho urbano carrega os traços orgânicos, visando diferenciar este traçado dos que existem na cidade, transformando a área em um marco e um ponto de encontro. Os conceitos aplicados nos elementos arquitetônicos deste projeto visam mostrar um caráter mais contemporâneo sem agredir as visuais com elementos que se destaquem na paisagem, afinal, o objetivo principal é ter como destaque o traçado orgânico do calçadão e o aproveitar seus desníveis. Assim os elementos arquitetônicos fazem um contraponto às formas orgânicas do desenho urbano, trazendo formas mais geométricas e simples fazendo com que os caminhos se destaquem mais.

6.2 IMPLANTAÇÃO

A proposta visa manter os usos, mas requalificar o desenho urbano, buscando a organicidade, remetendo à leveza do mar. Este traçado, apresentado na figura 121, pretende transmitir aos pedestres a sensação de contemplação da paisagem e assim, desviá-lo da vida expressa da cidade.

Figura 121 - Proposta de Desenho urbano (Apêndice – Prancha 1/6)

115


Essa área apresenta desníveis diferenciados das demais áreas desta orla, que contribuíram para criar reentrâncias no nível da faixa de areia, são recuos que criam algumas sombras, ilustrados na figura 122, que contribuem para o passeio dos transeuntes durante o dia.

Figura 122 – Recuos e sombras

No período noturno, além da iluminação geral, dos postes, haverá iluminação dessas paredes, que transmitirá segurança ao pedestre nesse horário, como ilustra a figura 123.

Figura 123 - Iluminação para o passeio noturno

116


6.3 AMPLIAÇÕES 6.3.1 Área de ampliação 1 A área de ampliação 1, ilustrada pela figura 124, é onde se localiza o playground que concentra muitas famílias nos horários de lazer, essa área tem como apoio o estacionamento e o abrigo do transporte coletivo.

Figura 124 - Área de ampliação 1 (Apêndice – Prancha 2/6)

Esse espaço foi complementado com as novas faixas de pedestres, tratamento paisagístico e implantação de postos de salva-vidas, já que a área possui uma concentração maior de pessoas.

Figura 125 - Playground da área de ampliação 1

117


6.3.2 Área de ampliação 2 A área de ampliação 2, ilustrada pela figura 126, compreende a feira livre e a praça principal. Os dois usos se complementam, a feira livre é um apoio cultural a esta área de estudo já que apresenta o artesanato e a gastronomia local e a praça oferece atividades de lazer e estar.

Figura 126 - Área de ampliação 2 - (Apêndice – Prancha 3/6)

A praça principal foi nomeada assim em todo o projeto por possuir um eixo visual muito importante e por ser uma grande área de estar que oferece atividades esportivas e de lazer, ilustrada pela figura 127.

Figura 127 - Praça Principal e Feira Livre

118


6.3.3 Área de ampliação 3 A área de ampliação 3, ilustrada pela figura 128, concentra as atividades do Projeto Praia Legal, levantado no diagnóstico, por isso a área possui como apoio um estacionamento com vagas voltadas para o público alvo do projeto e para o transporte coletivo Mão na roda.

Figura 128 - Área de ampliação 3 (Apêndices - Prancha 4/6)

Para complementar as atividades do Projeto Praia legal, foram inseridos um posto de salva-vidas, um módulo de serviço de orientação ao exercício e uma academia popular, ilustrados na figura 129.

Figura 129 - Mobiliários da área de ampliação 3

119


6.4 CAMINHOS E ACESSOS A proposta qualifica os acessos tanto ao calçadão quanto à praia, com a implantação de rampas nos estacionamentos e nas faixas de pedestres, conforme apresentam as figuras 130 e 131.

Figura 130 - Acesso pela faixa de pedestres

Figura 131 - Estacionamento

As rampas que vencem os desníveis do calçadão até a areia, possuem 8% de inclinação e possuem revestimento antiderrapante. 120


Durante o percurso do calçadão, os pedestres serão direcionados pelos caminhos indicados para cada passeio. A proposta inicia o passeio através das calçadas que estão diretamente ligadas às rampas de acesso que ligam as faixas de pedestre ao calçadão. Em seguida o transeunte acessa a faixa de ciclovia. A ciclovia encontra-se num nível mais abaixo do calçadão, nelas, foram criadas passagens no mesmo nível do calçadão, fazendo com que os transeuntes atravessem a ciclovia sem mudar de nível. Essas passagens estão sinalizadas através de faixas de pedestres, conforme apresenta a figura 132.

Figura 132 - Faixa elevada para pedestres na ciclovia

A ciclovia possui 3 metros de largura, possibilitando a passagem dos ciclistas nas duas direções e acontece em toda a extensão do calçadão para que possa ser ligada futuramente a um plano de mobilidade que possa ser implantado no município. Após realizar a travessia da ciclovia, o pedestre acessa a faixa de pedestres indicada para a prática de esportes como Cooper, patinação, dentre outras. Essa faixa possui um piso liso, em concreto, que possibilita a prática dessas atividades com mais conforto, a largura desse caminho varia de 3 a 5 metros. O pedestre também pode optar pela faixa de calçada em concreto estampado, voltada aos passeios mais lentos e de contemplação, onde o transita todo o tempo mais próximo da praia, essa via varia de 3 à 5 metros. 121


Existem ainda caminhos em madeira plástica que se assemelham a decks em madeira, nos limites do calçadão que ligam rampas e indicam suas decidas, apresentadas na figura 133.

Figura 133 - Faixas que compõem o calçadão

6.5 ELEMENTOS

ARQUITETÔNICOS:

QUIOSQUES,

ESTABELECIMENTOS

COMERCIAIS INFORMAIS E BANHEIRO Segundo as diretrizes do IEMA, analisadas por este trabalho, elementos arquitetônicos implantados no calçadão devem ter no mínimo vinte metros quadrados de área, exceto nos casos em que elas sejam “geminadas”, (IEMA, 2009). Outra determinação do mesmo órgão fiscalizador é a altura de cinco metros para os mesmos estabelecimentos, dentre muitas outras diretrizes que nortearam os projetos a seguir. 6.5.1 Quiósques no subsolo As diretrizes analisadas neste trabalho não abrangem construções abaixo do calçadão, sendo assim, os quiosques foram posicionados de forma a tirar partido do desnível existente. Os quiosques que existiam na área foram retirados, pois obstruíam a visual e seus mobiliários ficavam espalhados pelo espaço público. A estrutura embaixo do calçadão para os restaurantes localiza-se na área da praça central, conforme a figura 134.

122


Figura 134 - Localização da estrutura dos restaurantes

Os restaurantes foram propostos para dar suporte com mais eficiência à atividade turística, já que possuem uma cozinha com áreas de apoio, banheiros para funcionários e banheiros públicos. A figura 135 apresenta a disposição desses ambientes.

Figura 135 - Quiósque da praça central (Apêndice - Prancha 5/6)

Os quiosques possuem uma grande área comum onde ficam distribuídas as mesas, conforme ilustra a figura 136.

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Figura 136 - Área de atendimento dos quiosques

6.5.2 Posto de salva-vidas Os postos de salva-vidas inseridos neste projeto são módulos que possuem banheiro, chuveiros, posto observatório de salva-vidas e um mini-quiosque para vendedores de água de coco, esses ambientes estão apresentados na figura 137.

Figura 137 - Posto de salva-vidas (Apêndice - Prancha 6/6)

124


Essa tipologia arquitetônica, ilustrada na figura 138, visa amenizar problemas de vigilância natural quanto ao vandalismo aos mobiliários existentes em orlas, já que salva-vidas e quiosqueiros estarão no local quando estiverem em funcionamento.

Figura 138 - Posto de salva-vidas

O observatório e as caixas de abastecimento de água do módulo ficam no pavimento acima do térreo, que favorecem o abastecimento e a atividade de observação dos salva-vidas, conforme apresenta a figura 139.

Figura 139 - Planta baixa do 1º pavimento - (Apêndice - Prancha 6/6)

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O módulo possui vinte metros quadrados atendendo à diretriz dada pelo IEMA, (2009). Na área de intervenção foram aplicados quatro módulos, conforme a figura 139 apresenta em vermelho, visando abranger toda área com eficiência.

Figura 140 - Localização dos postos de salva-vidas (Apêndice – Prancha 6/6)

O módulo ainda irá prever uma área para depósito, apresentado na figura 140, apenas em que apresentar o desnível significativo e nos locais que existam atividades na faixa de areia, que necessitem desses espaços. No diagnóstico foi identificada a existência de espaços para armazenamento de equipamentos esportivos aproveitando a altura existente. Assim, a proposta tomou partido dessa apropriação urbana.

Figura 141 - Depósito no nível da areia(Apêndice – Prancha 6/6)

126


6.5.3 Módulo SOE O módulo de Serviço de Orientação ao Exercício consiste num equipamento que dá suporte à prática de atividades físicas. Neste projeto o Módulo foi inserido na praça próxima ao Projeto Praia Legal e à academia ao ar livre na extremidade da orla. O volume arquitetônico é contemporâneo, conforme a figura 142, composto basicamente por madeira e vidro.

Figura 142 - Módulo SOE

Possui uma área de sombra para alongamentos e exercícios, uma sala com uma mesa e um gaveteiro para o educador físico, bebedouro e balança para atender à população e um depósito para armazenamento dos objetos que auxiliam nos exercícios. 6.5.4 Pescadores Foram identificadas atividades de pesca, manuseio e venda dos peixes na área de estudo em questão, porém essa proposta não abrange a especificidade desta atividade, já que haveria necessidade de uma pesquisa mais detalhada ao órgão fiscalizador, como a Vigilância Sanitária e entrevista com a Associação de Pescadores da Praia da Costa para identificar as particularidades da área.

127


Figura 143 - Localização da atividade dos pescadores na área de estudo

Os pescadores atuam de forma insalubre e fora das exigências da vigilância sanitária. A atividade faz com que o local, ilustrado pela figura 134, fique com odores desagradáveis e atraem insetos para o local, entrando em conflito com as atividades demais atividades presentes no local. 6.5.5 Feira Livre A feira livre, que já existia na orla, foi renovada, agora o piso intertravado colorido define seus limites sem criar barreiras, o espaço e as barracas se localizam centralizados no calçadão, e os fluxos de pedestres que contornam a área da feira, indicados pelas setas vermelhas na figura 144.

Figura 144 - Feira Livre (Apêndice - Prancha 3/6)

A forma criada, apresentada na figura 145, evita a divergência de fluxos que havia quando as barracas se encontravam nas extremidades do calçadão, pois desse modo os fluxos se misturavam por um só caminho.

128


Figura 145 - Feira livre entre as faixas de passeio

A proposta de ordenamento do comércio no calçadão evita a divergência de fluxos presente quando as barracas encontram-se nas extremidades do calçadão. A proposta também insere na área da feira espaço para mesas e cadeiras sem causar barreiras nos fluxos de pedestres.

6.6 MOBILIÁRIO URBANO 6.6.1 Módulo de estar Os encontros das linhas do desenho urbano formam espaços para pequenas áreas de estar ao longo dos passeios, conforme evidenciado na figura 146. Esses espaços foram demarcados com pedra portuguesa, a fim de resgatar a memória do calçadão.

Figura 146 - Módulo de estar entre as linhas do calçadão (Apêndice – Prancha 2/6)

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Foram inseridos pergolados com bancos para permanência, árvore para sombreamento e apoio para bicicletas, conforme apresenta a figura 147. Os bicicletários situados nas proximidades de cada módulo pretende solucionar problemas detectados no diagnóstico, onde se constatou que as bicicletas ficam espalhadas em todos os espaços da praia, presas em placas e árvores.

Figura 147 - Módulo de estar

6.6.2 Abrigo de transporte coletivo O abrigo de transporte coletivo, na figura 148, possui as mesmas características das tipologias arquitetônicas criadas, um modelo contemporâneo, utilizando madeira e vidro.

Figura 148 - Abrigo de ônibus

130


6.6.3 Bancos Além dos bancos distribuídos junto aos pergolados, em madeira e concreto, foram criados bancos nas golas das árvores, conforme a figura 149.

Figura 149 - Banco na gola da árvore

6.6.4 Guarda-corpo Os guarda-corpos do projeto são em madeira e aço galvanizado, conforme a figura 150 e não foram inseridos em toda borda para evitar poluição visual. Os guardacorpos estão inseridos especialmente na área em que ocorre o projeto Praia legal, pois possuem desníveis acentuados assim como em toda área de projeto.

Figura 150 - Guarda-corpo

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6.6.5 Playground Neste trecho de orla já existiam dois playgrounds, os mesmos foram mantidos e foi criado mais um na praça Central, que reforça a ideia de vigilância natural. O playground localizado na areia, na área de ampliação 1, conforme a figura 152 teve o seu acesso facilitado, através da rampa que dá acesso direto ao local e próximo ao parque foi implantado um módulo de posto de salva-vidas que possui banheiros e chuveiros para atender a esse público. Além disso, o observatório dos salva-vidas transmite mais segurança já que no local há concentração de pessoas.

Figura 151 - Playground

O novo playground localizado na Praça Central complementará as atividades no local já que se encontra próximo à feira livre, conforme a figura 153, o parque se encontra mais no interior do calçadão para que evite que as crianças saiam para a rua.

Figura 152 - Playground na praça central (Apêndice - Prancha 3/6)

132


O playground localizado na área de ampliação 3, conforme a figura 154, também complementa as atividades do local, já que no mesmo local se localizam a academia ao ar livre e o módulo SOE.

Figura 153 - Playground próximo ao módulo SOE e à academia (Apêndice – prancha 4/6)

6.7 ACADEMIA AO AR LIVRE O projeto proporciona dois espaços para academia ao ar livre, uma localiza-se na Praça principal, como apresenta a figura 154, compondo junto com a pista para skatistas e o playground, essa academia já existia nesse local, e também colabora para a vigilância natural do espaço.

Figura 154 - Academia ao ar livre e playground

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O outro espaço para a academia ao ar livre fica na praça localizada na área de ampliação 3 como mostra a figura 155, próxima ao Módulo SOE, pois assim os usuários da academia poderão ter a supervisão de um profissional.

Figura 155 – Playground, academia e Módulo SOE

6.8 REVESTIMENTOS Os revestimentos de piso aplicados neste projeto tem a função de delimitar caminhos e espaços através de suas texturas diferenciadas, como apresenta a figura 156.

Figura 156 - Texturas diferenciadas conforme o uso de cada faixa de passeio

134


Os caminhos em concreto moldado in loco são mais lisos, próprios para corrida, Cooper, caminhadas, patinação, entre outros. Além disso, esse revestimento é resistente, muito utilizado em espaços públicos externos por serem moldados aos desenhos urbanos com mais facilidade. Os passeios em piso de concreto estampado azul, remetem mais a praças, áreas de estar que permitem uma contemplação mais lenta, reduzindo o ritmo do transeunte. Os pisos de madeira foram aplicados neste projeto com o objetivo de trazer uma unidade às rampas, sugerindo sempre o acesso à praia. Nos passeios mais próximos à borda o objetivo é que esse material se assemelhe aos decks de contemplação. Para que esses passeios fossem acessíveis foram escolhidos os pisos de madeira plástica, ilustrada pela figura 157, antiderrapante com textura em ranhuras, composto por bambu e aditivos químicos, material é resistente à intempéries, possui estabilidade das suas cores, é reciclável, desmontável e de baixa manutenção.

Figura 157 - Piso de madeira plástica

Nos espaços de estar, foram reutilizadas as pedras portuguesas do próprio local, que além de ser uma textura diferenciada, ainda resgata a história do calçadão, já que é seu piso antigo.

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Por fim, as ciclovias em asfalto pintado em vermelho, sinalizam esse passeio chamando atenção para esta pista rápida, visando evitar acidentes. 6.9 PAISAGISMO Para complementar a requalificação da paisagem, além de mantidas algumas espécies de árvores existentes, especialmente as castanheiras que são de maior porte, muito comuns nas áreas litorâneas e produzem boas sombras, foram inseridas novas espécies, desde às de pequeno porte para ornamentação, até as árvores de médio porte que embelezam os espaços e causam sombreamento. As plantas especificadas no projeto estão listadas na figura 158.

Figura 158 - Plantas especificadas (Apêndice – Prancha 1/6)

136


6.10

ESTACIONAMENTOS

Em toda área de implantação da nova proposta existem três estacionamentos, dois deles possuem vagas para pessoas com deficiência física, ilustrado pela figura 159.

Figura 159 - Rampas ligam as vagas à calçada

A proposta dos estacionamentos foi criar uma calçada para absorver o fluxo de pedestres que chega de carro, para que as pessoas possam acessar diretamente a calçada evitando transitar na via expressa.

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6.11 APLICAÇÃO DO PROJETO NA PRAIA DA COSTA Este estudo preliminar apresenta um ensaio projetual em apenas um trecho da Praia da Costa, como apresenta a figura 160, apesar disso, suas características podem ser aplicadas nas demais áreas da Orla da Praia da Costa.

Figura 160 - Trecho da Proposta de estudo preliminar

A área escolhida para aplicação do projeto possui características e usos diferentes das demais áreas do calçadão, possui desníveis e larguras específicas desta área. As demais faixas do calçadão da Praia da Costa são mais estreitas, possuem desníveis mais amenos e faixas de areia mais largas. Sendo assim, o projeto das demais áreas deve contemplar estudos sobre a possibilidade de alargamento, separação das faixas de pedestres através de revestimentos e, especificação de mobiliários, dentre outros. Também deverão ser realizados diagnósticos para a identificação dos usos em todas as partes do calçadão assim como foi feito nesta proposta de estudo preliminar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de não ser um tema muito discutido pelas cidades, o conceito de paisagem e seus elementos, é essencial e deve ser levado em conta nos projetos de intervenções em um espaço público tão importante como a Orla. Os autores abordados nesse trabalho trazem a relevância das formas, cores, texturas e escalas, aplicados nos diversos espaços, para que esses possam se tornar autênticos. As determinações e diretrizes analisadas no capítulo 3 levam a perceber a preocupação dos gestores com a interferência humana nas paisagens naturais e a despertar essa consciência sobre as consequências dessas intervenções, entretanto, elas se mostram insuficientes e repetitivas, e assim permitem que as paisagens litorâneas caiam em descuido. Através do diagnóstico foram levantadas informações que levam a perceber que a Orla da Praia da Costa e da Praia da Sereia são espaços públicos muito relevantes para a cidade de Vila Velha, constituem uns dos poucos espaços públicos livres e tem um grande potencial turístico, econômico e recreativo, todavia, entre as diversas necessidades e prioridades da cidade, o órgão administrativo tem deixado a desejar com relação aos cuidados, manutenção e requalificação deste local. Com todas as informações sobre paisagem, diretrizes, estudos de caso e diagnósticos locais reunidos, foi possível trabalhar os condicionantes e as potencialidades do local. O projeto otimizou atividades existentes inserindo novos equipamentos, como o módulo Soe que dá suporte aos usuários da academia popular e demais público que frequenta o espaço público em questão ou os módulos de posto de salva-vidas que oferecem uma estrutura com banheiros e chuveiros, quiosque de água de coco e observatório de salva-vidas que foram localizados de modo estratégico onde ocorrem maior concentração de público. A proposta transformou a praça central em um local de permanência através da pista de skate, da academia ao ar livre e do playground. Os novos quiosques acontecem abaixo do calçadão no nível da areia, com uma estrutura de restaurante, mais eficiente, que favorece a vigilância natural no nível da areia.

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O projeto manteve as atividades existentes buscando a qualificação dos equipamentos que davam suporte a cada uma delas. Aprofundou a temática da paisagem urbana e da requalificação, aplicando características visuais, como texturas, cores, curvas, volumes e contrastes que visam oferecer qualidade aos espaços criados, através dos revestimentos diferenciados, caminhos contínuos e sinuosos, volumes arquitetônicos e de vegetações e contraste entre estilo arquitetônico contemporâneo em linhas geométricas e desenho urbano orgânico. A experiência de elaboração desta proposta levou a autora a perceber o cuidado que se deve ter com cada espaço que se projeta, reforma ou renova, pois esses devem estar conectados à usos, à símbolos, aos usuários, enfim, à sua uma função.

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7. APÊNDICES Prancha 1/6 - Implantação da proposta de desenho urbano Prancha 2/6 - Ampliação área 1 Prancha 3/6 - Ampliação área 2 Prancha 4/6 - Ampliação área 3 Prancha 5/6 - Quiósque no subsolo do calçadão Prancha 6/6 - Módulo Posto Salva vidas

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