Anais - Interaction South America 09

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A percepção das tecnologias Érico Fernandes Fileno Designer de Interação, Mestre em Cultura Digital C.E.S.A.R. – efileno@gmail.com RESUMO

Este artigo apresenta a conceituação do homo faber e mostra como ocorre a mediação dos artefatos interativos no mundo contemporâneo, através de uma abordagem do design de interação, pela ótica do design emocional de Donald Norman, estudado em seus três níveis de processamento do cérebro: visceral, comportamental e reflexivo. Palavras Chave

Design de Interação, Design Emocional, Mediação, IHC. ABSTRACT

This article presents the concept of homo faber and shows like the mediation of interactive artifacts in the contemporary world, through an approach to the interaction design, by the point of view of emotional design by Donald Norman, studied in its three levels of the human brain processing: visceral , behavioral and reflective. Keywords

Interaction Design, Emocional Design, Mediation ACM Classification Keywords

H5.m. Information interfaces and presentation (e.g., HCI): Miscellaneous. INTRODUÇÃO O período conhecido como Revolução Industrial, trouxe novas máquinas (tecnologias) e com elas a produção em massa, que exigia o desenvolvimento de tarefas antes executadas manualmente, agora mecanicamente. Além disso, nesse novo contexto econômico surgem as fábricas, locais onde vários e diferentes trabalhadores se agrupavam para desenvolver um mesmo produto. Para maior controle desses trabalhadores institui-se um acompanhamento das atividades por meio de relógios-pontos que vieram otimizar o tempo de produção, na tentativa de baratear o custo dos produtos (TOFFLER, 2001).

Paralelo a divisão dos modos de produção, pode-se trazer as questões sociais. A relação de comportamento social que se desenvolve a partir de cada modo de produção, cria uma característica para cada sistema produtivo. A relação de comportamento social e desenvolvimento do sistema produtivo estão interligados, na medida em que eles interagem entre si e se modificam mutuamente. CASTELLS (1999) afirma que os “modos de desenvolvimento modelam toda a esfera de comportamento social, inclusive a comunicação simbólica” (CASTELLS, 1999, p. 35). Para esse autor comunicação simbólica consiste em processos culturais de comunicação e que, uma vez sendo a comunicação baseada em sinais, não há separação entre realidade e representação simbólica da escrita ou fala. Nesse ponto é importante listar os três modos de desenvolvimento citados pelo autor: a) Agrário: relacionado à quantidade de mão-de-obra e de recursos naturais disponíveis; pode ser percebido na história das sociedades humanas desde alguns séculos antes da era cristã. b) Industrialismo: referente ao estreitamento da relação entre geração de energia (vapor, óleo, etc.), produção e distribuição de mercadorias; modo de desenvolvimento típico do mundo pós-revolução industrial. c) Informacionalismo: vinculado ao processo de geração de conhecimentos, processamento de informações e à comunicação de símbolos, presente nas sociedades de forma mais intensa e cotidiana desde o último quarto do século XX. Todas as mudanças ocorridas nos modos de produção e de desenvolvimento, afetaram profundamente a sociedade. Mudando a forma de interagir socialmente com os bens e serviços ofertados. A própria educação, que faz parte do contexto social se adequa às concepções paradigmáticas criadas por cada modo de desenvolvimento. A sociedade como um todo também vem sofrendo sérias transformações, inclusive no campo tecnológico (CASTELLS, 1999). Para CASTELLS (1999, p.34) tecnologia é o “uso de conhecimentos científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira que possa ser reproduzido”. BRITO e PURIFICAÇÃO (2006, p.18) continuam na mesma linha de CASTELLS (1999) e conceituam tecnologia como “um conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade, modificando, melhorando, aprimorando os produtos oriundos do processo de interação dos seres humanos com a

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