Anais - Interaction South America 09

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tempo suficiente para testar de fato o conforto do móvel. Em geral a entrega não é apontada como uma dificuldade para os participantes, mesmo em casos relatados por moradores de comunidades carentes, onde o acesso às residências é mais difícil e requer manobras como passar o móvel pela casa de algum vizinho. Dentre os moradores de condomínios, a maioria relata que o sofá chegou pelo elevador, às vezes sendo necessário retirar os pés para passá-lo pela porta. 3.1.5. Funções abandonadas

Os sofás novos são mais bem cuidados; à medida que o sofá fica velho, as pessoas se sentem mais à vontade no modo de usá-lo. Mudanças na vida pessoal (rotina, família) também transformam os usos. Uma das participantes relata que se sentava no sofá com o marido para assistir à televisão enquanto o filho brincava no chão, portanto o móvel representava o centro da vida familiar. Hoje, divorciada e com o filho crescido, ela utiliza o sofá como local de trabalho para costurar seus bonecos de pano. “A vida da gente vai mudando e a função do sofá muda junto.” 3.1.6. Problemas encontrados no uso e modificações desejadas

Apesar de reconhecerem defeitos, as pessoas em geral gostam mais do próprio sofá do que de outros, por isso declaram que preferem reformar o que têm a comprar um novo. Entretanto, o custo da reforma às vezes não é considerado compensador, sendo mais barato desfazer-se do sofá velho e adquirir outro. Costuma-se fazer o descarte por meio de doações para conhecidos ou mesmo abandonando-se o móvel na rua. Há problemas ergonômicos, como a profundidade e a altura do assento, que são parcialmente solucionados com o uso de almofadas. As almofadas completam o sofá, adaptando-o aos diversos usos. Como apoio para as costas, permitem sentar-se ereto e reduzem a profundidade do assento. No colo, servem para apoiar o prato de comida. Podem também aumentar a altura do braço ou torná-lo mais confortável, se for muito duro.

cognitivo e PrEmo. Cada uma delas revelou insights sobre a atividade em si e sobre o tema do estudo. 3.2.1 Tour guiado

O tour, realizado com um integrante de cada grupo, foi dificultado pela inibição dos participantes diante dos vendedores das lojas. As pessoas não formularam claramente suas opiniões sobre os objetos vistos e testados, principalmente quando eram negativas. A cor e o modelo parecem ser o primeiro critério para que a pessoa seja ou não atraída pelo sofá. Se essas características a agradam, ela se senta e toca o sofá para testar o conforto. O preço, mesmo sendo o que define a compra (ou a não compra) em algumas situações, é o último critério considerado, depois que a opinião sobre o sofá já está formada. 3.2.2. Métodos crie: mapeamento cognitivo, colagem e card sort

Na realização do mapeamento cognitivo, os participantes foram solicitados a representar um “mapa” do sofá que possuem. Os resultados variam entre a representação do sofá atualmente, com a descrição de características positivas e de problemas, e a representação do sofá em momentos diversos, desde sua aquisição. Já nas colagens e no card sort, a instrução dada foi a de utilizar as imagens para falar sobre o sofá dos sonhos, o sofá ideal, sem considerar restrições financeiras, de espaço disponível ou mesmo relativas a materiais etc. Em geral, os participantes do grupo I tiveram mais dificuldade de abstração para realizar a colagem e o mapeamento do que os do grupo II, falando mais da experiência presente e de associações das imagens com experiências passadas do que de experiências ideais desejadas.

Foram realizadas atividades complementares às entrevistas de cinco tipos: tour guiado, colagem, card sort, mapeamento

Nas primeiras entrevistas em que foram utilizadas as imagens selecionadas para o card sort e a colagem, notou-se que os métodos se mesclam. Por um lado, as pessoas às quais foi solicitado realizar uma colagem tenderam a comentar cada imagem, não se preocupando com as relações entre as imagens distribuídas no campo, ou seja, não fizeram composições com as imagens. Já aqueles a quem foi solicitado realizar o card sort simplesmente foram selecionando e comentando as imagens que evocavam memórias ou sonhos, sem organizá-las em uma sequência. Considerando que a colagem facilitava o registro da atividade por induzir o participante a dispor as imagens selecionadas sobre o fundo branco, mesmo sem realizar uma composição, os participantes seguintes foram solicitados a fazer colagens em vez do card sort. No mapeamento cognitivo o

Figura 7: Participantes do grupo I realizam e comentam card sort e mapeamento cognitivo, respectivamente.

Figura 8: Participantes do grupo II realizam e comentam mapeamento cognitivo e colagem, respectivamente.

Vários participantes, principalmente casais, declaram que gostariam que o sofá fosse mais apropriado para duas pessoas se deitarem juntas ao assistir à televisão ou para descansar e dormir. 3.2. Insights das atividades complementares

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