Anais - Interaction South America 09

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propostas de sinalizadores virtuais, no entanto, Kennaway[6] indica que os sistemas de transcrição tradicionais não foram criados com o intuito de gerar animação, não oferecendo todas as informações necessárias para uma reprodução realista por agentes virtuais sinalizadores. Este trabalho oferece um sistema de transcrição da língua de sinais brasileira apropriado para o armazenamento e reprodução computacional de conteúdo em LIBRAS. Um desafio é elaborar um modelo capaz de representar os sinais sem ter que armazenar todas as combinações imagináveis de gestos, o que certamente resultaria em uma explosão combinatória e tornaria o trabalho inviável. É claro que a LIBRAS, assim como qualquer outra língua de sinais, não abrange todas essas combinações, uma vez que muitas delas são fisicamente impossíveis. Mesmo considerando as limitações físicas, prever todas as combinações possíveis de gestos seria inviável. Com o sistema de transcrição aqui proposto, os sinais serão posteriormente articulados por um avatar, um humano virtual tridimensional, estrutura articulada que representa uma figura humana. Os sinais devem ser reproduzidos com a qualidade necessária para que um conhecedor da língua facilmente identifique qual sinal está sendo articulado. A execução dos sinais deve ser suave e contínua. Limitações morfológicas, como o espaço da execução dos gestos e o movimento permitido pelas articulações, devem ser consideradas como acontece com um humano real. O sistema de transcrição proposto neste trabalho considera principalmente as seguintes limitações das notações existentes: velocidade de execução dos movimentos, concatenação de sinais, sequência de cada configuração e expressões não manuais. Além disso, as informações descritivas do sinal foram agrupadas hierarquicamente, visando uma melhor organização da notação. XML

O sistema de transcrição foi proposto utilizando a linguagem de marcação XML (eXtensible Markup Language)[19]. Um documento XML obedece as regras pré definidas que estrutura o documento de maneira hierárquica. Documentos XML foram escolhidos para o formalismo da notação por apresentarem várias vantagens, dentre as quais destacam-se: •

são arquivos de texto, manipuláveis em qualquer editor de textos simples.

descrevem muito bem hierarquias, sendo uma linguagem de marcação validada e consolidada.

existência de editores e validadores de XML disponíveis gratuitamente.

facilidade para compartilhar arquivos XML.

O XML permite agregar semântica ao conteúdo de documentos, e cada aplicação interpreta a marcação do conteúdo da maneira que preferir. No entanto, o documento precisa seguir à regras especificadas para ser considerado um XML bem formado. O vocabulário da notação foi escrito em um Schema XML, documento de regras recomendado pela W3C[20]. Para facilitar a leitura do texto, a descrição XML será ilustrada através de diagramas da UML. Para este fim, cada elemento do XML será representado como uma classe. A cardinalidade das ligações entre as classes representa o número de vezes que o elemento pode aparecer no documento. Cada atributo, por sua vez, será representado como um atributo da classe. Os valores possíveis que os atributos podem assumir serão escritos imediatamente à frente do nome do atributo, podendo se referir a um conjunto de valores, por exemplo: 0..10, e precedidos do sinal igual (=), ou a um tipo de valor, por exemplo string ou inteiro, precedidos do sinal dois pontos (:). Notação

Como mencionado, inicialmente, foram três os aspectos identificados por Stokoe: configuração de mão, localização e movimento. Mais tarde, Battison[1] e Friedman[5] identificaram a orientação da palma da mão, que já existia nos estudos de Stokoe, porém com importância secundária. Klima e Bellugi[8] identificaram o arranjo das mãos, ou seja qual mão realiza o sinal e se ativa ou passivamente. Liddell e Johnson[12] dividiram os movimentos em locais e globais. O trabalho de Battison[2] apresenta duas restrições que limitam consideravelmente o número de combinações possíveis de sinais articulados com as duas mãos[9]. Uma delas é chamada condição de dominância, onde uma das mãos assume papel ativo e a outra, passivo, servindo de ponto de articulação para a mão ativa, como no sinal “banheiro” (Figura 1). A outra restrição é a simetria para casos nos quais as duas mãos são ativas. Segundo a condição de simetria ambas as mãos ativas adquirem configuração de mão idêntica e movimentos especulares, como no sinal “língua de sinais” (Figura 2). Na LIBRAS, tais condições foram validadas em uma primeira análise[18]. A sequencialidade é outra importante informação para a descrição dos sinais. A organização sequencial dos sinais foi apontada por Liddell[11] mostrando que os sinais da ASL podem ser divididos em dois tipos: unitários e sequenciais [18]. Nos sinais unitários os aspectos são estáveis, ou seja, informações de configuração de mão, orientação da palma da mão e localização, por exemplo, permanecem iguais durante a articulação do sinal, podendo ser realizado com ou sem movimento.

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