Almanaque Socioambiental Parque Indígena do Xingu 50 anos

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o coração do brasil

Samba Enredo de 1985 da Escola de Samba Tradição (RJ) Pintado com tinta de guerra O índio despertou Raoni cercou Os limites da aldeia Bordunas e arcos e flechas e facões De repente eram mais que canhões Na mão de quem guerreia Caraíba quer civilizar o índio nu Caraíba quer tomar as terras do Xingu (bis)

É Krenakarore, Kaiabi, Kamaiurá É Txukaramãe, é Kretire, é Carajá (bis)

harald schultz

Eh! Xingu Ouvindo o som do seu tambor As asas do Condor, o pássaro guerreiro Também bateram se juntando ao seu clamor Na luta em defesa do solo brasileiro Um grito de guerra ecoou Calando o uirapuru lá no alto da serra A nação Xingu retumbou Mostrando que ainda é o índio o dono da terra

* Extraído de Viveiros de Castro, 1996.

Quando o sol resplandece os raios da manhã Na folha, na fruta, na flor e na cascata Reclama o pajé pra Tupã Que o curimatã sumiu dos rios E o uirapuru fugiu pro alto da mata Toda caça ali se dispersou Ô Deus Tupã Benze a pedra verde, a muiraquitã Que os índios Estão se juntando igual jamais se viu Pelas terras do pau-brasil

mapulawá* Os Waurá, na safra do pequi, realizam a festa mapulawá, que significa beija­flor, um dos princi­ pais polinizadores e dispersores de sementes do pequi. Divide­se em dois eventos, um para o início da safra – matabu –, que ocorre quan­ do o pequi começa a cair e no qual é utilizado um tipo de “zunidor”, cuja vibração acelera a maturação dos frutos; e, no final da safra – mapulawá –, quando são preparados os bonecos de madeira que represen­ tam os pássaros e mamíferos rela­ cionados à polinização das flores e à dispersão das sementes. Cada chefe de família faz um boneco para presentear todos os outros donos de pequizais da aldeia. No final da tarde, eles vão aos seus pequizais e deixam os bonecos recebidos pró­ ximos a alguns pesquizeiros. Esse tipo de manifestação pode ocorrer na maioria dos grupos xinguanos, porém com algumas diferenças.

capítulO 3 | complexo altoxinguano

xingu, O pássarO guerreirO

Representação de um beija-flor em barro.

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