Almanaque Socioambiental Parque Indígena do Xingu 50 anos

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povo yAwALAPItI

povos indígenAs no pArque indígenA do xingu

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Fiel ao padrão altoxinguano, a aldeia yawalapiti é circular, tendo as casas comunais circundando uma praça limpa de mato. No centro dessa praça erguese uma casa frequentada apenas pelos homens e destinada a ocultar as flautas sagradas apapálu. É nessa casa, ou em bancos diante dela, que os homens se reúnem para conversar ao cair da tarde e onde se pintam para as cerimônias. A casa das flautas é de construção semelhante às residências, tendo apenas uma ou duas portas voltadas para o centro. As flautas ficam penduradas na viga mestra; durante o dia devem ser tocadas dentro da casa e à noite (quando as mulheres já se recolheram) os homens podem tocá-las no pátio.

AlmAnAque socioAmbientAl pArque indígenA do xingu 50 Anos

acervo isa

Esse povo fala uma língua que pertence à família aruak. Dentro do PIX, só os povos Mehinako e Waurá também falam línguas dessa mesma família. A atual e única aldeia yawalapiti está no encontro dos rios Tuatuari e Culuene, local de terra fértil a cerca de 5 quilômetros do Posto Indígena Leonardo Villas Bôas. Nessa aldeia, além do núcleo original yawalapiti, vivem índios Kamaiurá, Kuikuro, Kalapalo, Waurá e Mehinako, em função de casamentos. O primeiro contato historicamente registrado dos Yawalapiti com não indíos ocorreu em 1887, quando foram visitados pela expedição de Steinen. Os Yawalapiti contam ter saído da "Aldeia dos Tucuns" devido a ataques dos Manitsauá (alguns informantes dizem ter sido dos Trumai), que dizimaram muitos dos seus. Tatîwãlu, chefe dessa aldeia e mais remoto ancestral histórico dos Yawalapiti, morreu ali. Seu irmão e seu primo vieram subindo o rio Culuene, liderando os Yawalapiti restantes. Na boca do rio Tuatuari, houve a divisão do grupo: o irmão de Tatîwãlu seguiu pelo ribeirão Tuatuari acima e o primo foi até as cabeceiras do Culuene. O grupo que ficou no Tuatuari estabeleceu-se em Yakunipi, primeira aldeia dos atuais Yawalapiti. Em razão do crescimento populacional, os Yawalapiti de Yakunipi abriram outras aldeias na região conhecida por Puía ("Lagoa"), um triângulo de terras altas entre lagoas e buritizais alimentados por um braço do Tuatuari. Na metade da década de 1940, sofreram uma crise que levou a uma dispersão temporária de sua população entre aldeias Kuikuro, Mehinako e Kamaiurá. Na época da chegada dos irmãos Villas Bôas à região, os Yawalapiti reconstruíram sua aldeia, reorganizando-se como grupo. Entre 1948 e 1950, estavam no antigo sítio da Lagoa (Puía). Por sugestão dos Villas Bôas saíram dali no início dos anos 1960 transferindo-se para perto do Posto Indígena Leonardo, onde ficaram até os anos 1990.


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