Para ler com fluência - manual do professor

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CRÉDITOS

PARA LER COM FLUÊNCIA: MANUAL DO PROFESSOR 1ª edição - 2010 Copyright © 2010 by IAB Concepção e orientação: João Batista Araujo e Oliveira Direção de conteúdo e revisão técnica: Juliana Cabral Junqueira de Castro Autores: João Batista Araujo e Oliveira Juliana Cabral Junqueira de Castro Revisão: Laura Márcia Luiza Ferreira Direção de arte e projeto gráfico (capa | miolo): Mario Suarez Ilustração: Cláudio Martins Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito do IAB. Direitos reservados à: IAB - Instituto Alfa e Beto SCS Quadra 04 Bloco A nº 209, Sala 303 - Ed. Mineiro CEP: 70.304-000 - Brasília – DF Fone: 0800-940-8024 Site: www.alfaebeto.org.br – E-mail: iab@alfaebeto.org.br Impresso no Brasil Printed in Brazil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Oliveira, João Batista Araújo e Para ler com fluência : manual do professor / João Batista Araújo e Oliveira, Juliana Cabral Junqueira de Castro. -- Brasília : Instituto Alfa e Beto, 2010. -- (Coleção iab fluência de leitura) ISBN 978-85-61565-94-7 1. Português (Ensino fundamental) I. Castro, Juliana Cabral Junqueira de. II. Título. III. Série. 09-10914 Índices para catálogo sistemático: 1. Português : Ensino fundamental 372.6

CDD-372.6


SUMÁRIO

#005

Introdução

#007

Como desenvolver fluência de leitura

#010

Como usar o livro Para ler com Fluência: jogos, atividades e desafios

#022

Avaliação e recuperação dos alunos

#023

Ficha de avaliação individual

#028

Textos para testes


#005

Manual do Professor

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO A Série Para ler com Fluência contém atividades divertidas, lúdicas e variadas para ajudar seus alunos a desenvolverem a competência de ler textos com fluência. A coleção é composta por 4 livros do aluno, contemplando do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental, um livro para o professor desenvolver atividades orais em sala de aula, além do presente Manual do Professor. Em cada livro do aluno, há 200 atividades, organizadas em ordem crescente de dificuldade dentro de cada livro e entre os livros, respeitando a faixa etária dos alunos tanto na calibração do nível de complexidade quanto na apresentação de desafios a serem transpostos. Todas elas trazem benefícios cientificamente comprovados para desenvolver competências de fluência de leitura. Este Manual contém todas as informações necessárias para você, professor, utilizar cada um dos livros da coleção com bastante proveito. Além de aprender como desenvolver a fluência de seus alunos, você encontra instrumentos para avaliar e acompanhar o desempenho de cada aluno individualmente e orientações para sua recuperação. Este volume integra uma série de outras publicações e instrumentos que o IAB coloca à disposição dos professores interessados no desenvolvimento da fluência de leitura. Fluência de leitura Ler com fluência é uma condição necessária para compreender textos: quanto maior a fluência, maior a probabilidade de o aluno compreender o que lê. Ter fluência de leitura não basta para a compreensão – são necessárias outras competências, como o conhecimento do vocabulário, de gramática, de tipos e gêneros textuais, etc. Mas a fluência é um elemento essencial, portanto indispensável, pois é a ponte que liga a capacidade de identificar a palavra (decodificar) com a compreensão. Ler com fluência significa ler bem, sem esforço. É ler com velocidade, precisão e prosódia adequada. Examinemos cada um desses aspectos:


#006

Para ler com Fluência

Velocidade. Para compreender um texto, é necessário ler com certa velocidade, que pode ser medida em número de palavras por minuto – ppm. Uma leitura lenta compromete a compreensão do texto. Um aluno recém-alfabetizado, que lê decodificando ou silabando, consegue ler cerca de 60 a 80 ppm. Ao longo dos primeiros anos do Ensino Fundamental, a velocidade de leitura deve aumentar e atingir pelo menos 130 ppm no 5º ano. Precisão. Ler com precisão é ler sem errar ou errar pouco. Erro de leitura atrapalha a velocidade, pois o leitor tem que parar, voltar e repetir. São erros de leitura: silabar, gaguejar, trocar palavras, saltar palavras. Algumas palavras complexas e raras (ex: anterolaterosupraespinhal, otorrinolaringologista) são sempre lidas mais devagar, quase silabando, isso não é erro. O leitor que comete mais de 5% de erros (5 erros a cada 100 palavras) numa leitura compromete sua capacidade de compreensão. Se o aluno lê depressa, mas erra muito, sua leitura fica prejudicada. Prosódia. Prosódia é um indicador qualitativo, refere-se à entonação, cadência e ritmo da leitura. A prosódia é um indicador claro de que a pessoa está entendendo o que lê ou domina a estrutura sintática de sua língua (um bom leitor pode ler um livro sobre algo que não conhece para outra pessoa e ela irá entender, ainda que o leitor não entenda; sua prosódia vai ajudar seu ouvinte a compreender o texto). Professores experientes observam que estudantes universitários leem os próprios textos de forma diferente do que leem os textos de outros escritores. Nesse último caso, a forma de ler reflete que o leitor está buscando a compreensão, ao passo que, ao lerem seus próprios textos, os alunos demonstram maior ênfase em expressar a “voz”, o sentimento do autor. A boa leitura – e especialmente a leitura em voz alta - deveria sempre exprimir essa voz, as características sonoras da linguagem. No 5º ano, o aluno já deve ter uma prosódia que lhe permita ler diferentes tipos de texto para diferentes audiências, na sala de aula e em ambientes públicos.


#007

Manual do Professor

COMO DESENVOLVER FLUÊNCIA DE LEITURA

COMO DESENVOLVER FLUÊNCIA DE LEITURA O conhecimento sobre as bases fisiológicas, neurológicas e neurolinguísticas da leitura permitem, entre outras coisas, compreender a especificidade da leitura e das variáveis que ajudam a tornar um leitor aprendiz em um leitor proficiente e autônomo. Um aspecto absolutamente necessário para o êxito do ato de ler é a fluência. Para ser proficiente, é necessário ler com fluência. Lemos com os olhos e com o cérebro. Os olhos captam os grafemas (letras) que compõem as palavras. A rapidez e a eficiência dos movimentos dos olhos dependem da limitação física e da competência do leitor. O cérebro reconhece e analisa as representações visuais captadas pelos olhos. Examinemos essas duas condições. Os olhos se movimentam “varrendo” o texto e fazendo paradas. Esses movimentos rapidíssimos - medidos em milissegundos - são as sacadas e as fixações. A sacada é a varredura, que é limitada pela capacidade física da fóvea (parte do olho humano onde se dá a nitidez das imagens) e alcança algumas poucas palavras. A varredura permite “ler” a palavra. A fixação é o tempo em que o cérebro processa aquilo que foi lido, na busca de relações de sentido. Numa leitura fluente, as sacadas e as fixações são contínuas, já o leitor principiante tende a voltar muito à esquerda. O leitor proficiente possui mais velocidade e maior amplitude na varredura do texto, mas isso vai sempre depender do nível de dificuldade do texto e de aspectos gráficos do mesmo. Segundo alguns modelos explicativos do funcionamento cerebral, o cérebro se vale de dois tipos de memória, a memória de trabalho (que era chamada de memória de curto-prazo) e a memória de longo prazo. A memória de trabalho processa informação que chega do ambiente – como no caso da leitura. Essa memória é capaz de armazenar poucas informações e logo as esquece. Pense no que acontece quando você ouve um número de telefone novo. Se você não o repetir várias vezes,


#008

Para ler com Fluência

ele não é processado, e você o esquece. E se você fica repetindo, seu cérebro não processa outras informações. Para que haja compreensão, é preciso que as informações da memória de trabalho sejam assimiladas pelo cérebro e, depois de processadas, transferidas para a memória de longo prazo – o que permite a aprendizagem e a lembrança posterior do que foi lido e aprendido. O que isso significa? Significa que, se o leitor for muito lento, ele gasta todo o período de memória de trabalho para identificar as palavras e não sobra tempo para analisá-las e definir o sentido delas. Ou seja, não consegue compreender o que foi lido. Um exemplo: se o leitor lê uma palavra a cada segundo, ao ler uma linha com aproximadamente doze palavras, ele esgota o período de memória de trabalho, não conseguindo processar as informações fonológicas, semânticas, sintáticas, etc. necessárias para a compreensão. Esse leitor será capaz de ler apenas textos muito simples, com poucas palavras em cada frase. Por outro lado, se o leitor for mais rápido na identificação das palavras, estará liberando seu cérebro para realizar outras funções e conseguirá ler textos mais complexos. O processo de aquisição de fluência de leitura passa por etapas. A primeira é a etapa da decodificação, o indivíduo lê palavras, geralmente com alguma dificuldade. A segunda é a etapa da identificação automática das palavras – que se dá pela exposição múltipla à mesma palavra. O cérebro forma uma espécie de dicionário das formas ortográficas das palavras. O terceiro é o estágio do desenvolvimento da fluência – que normalmente ocorre ao longo de 7 a 9 anos na escola, até o indivíduo atingir o nível de 250 palavras por minuto. Esse nível equivale ao nível de velocidade da fala – e corresponde, portanto, à fase da autonomia da leitura. Nenhum desses estágios é automático – todos dependem de treino e esforço. Ademais, sempre que encontramos uma palavra muito longa, desconhecida ou complexa, recorremos à decodificação para extrair o som dessa palavra.


#009

Manual do Professor

COMO DESENVOLVER FLUÊNCIA DE LEITURA

Os estudos científicos sobre desenvolvimento de fluência da leitura, especialmente nos estágios iniciais, indicam como técnicas mais eficazes: • Atividades que contribuam para identificar rapidamente as palavras, em qualquer lugar do texto. • Atividades que contribuam para identificar marcadores de pontuação. • Atividades que contribuam para o domínio da sintaxe – pois a leitura fluente denota um domínio da sintaxe. • Leitura oral como ponte para a leitura silenciosa. A leitura em voz alta é o único instrumento de que o professor dispõe para ajudar o aluno a aprimorar suas técnicas de leitura. • Atividades que permitam a releitura de textos. Mais do que ler muito, ler os mesmos textos várias vezes permite adquirir instrumentos importantes para a fluência de leitura, como ritmo, cadência, entonação – desde que o aluno tenha orientação adequada de um leitor fluente. Nos estágios iniciais, os textos com estruturas e com frases repetidas ou muito semelhantes também ajudam muito a aquisição dessas habilidades. É natural que os poemas – sobretudo poemas estruturados – sempre tenham sido um importante instrumento de uso escolar, pois neles a linguagem é mais elaborada e os efeitos sonoros se tornam mais patentes. A Série Para ler com Fluência contém atividades cuidadosamente elaboradas para ajudar os alunos a melhorarem seu desempenho nos movimentos dos olhos – sacadas/fixação – e a gravarem cada vez mais os padrões ortográficos da Língua Portuguesa. Todas as atividades têm por objetivo desenvolver a prática em reconhecer rapidamente as características mais relevantes dos estímulos e em perceber unidades cada vez maiores das partes que compõem uma palavra. Além das atividades propostas, o professor deverá dar aos alunos textos com muitas palavras, expressões e frases repetidas. Isso ajuda o aluno a desenvolver um estoque de palavras e frases que lhe darão segurança na leitura. Com isso, ele poderá ler mais e, lendo mais, aprenderá mais palavras. Outras publicações do Instituto Alfa e Beto contêm instrumentos para o desenvolvimento dessas competências


#010

Para ler com Fluência

COMO USAR O LIVRO PARA LER COM FLUÊNCIA: JOGOS, ATIVIDADES E DESAFIOS A Série Para ler com Fluência oferece um livro do aluno para cada série, do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Os livros oferecem jogos, atividades e desafios a cada série com maior nível de dificuldade. Cada livro apresenta 10 tipos de atividades, organizadas em 20 etapas por ordem crescente de complexidade. Cada um dos 10 tipos de atividades desenvolve uma habilidade diferente, elas são, portanto, complementares. Todas as atividades concorrem para o mesmo objetivo: desenvolver a fluência de leitura do aluno. Mas cada uma delas reforça um aspecto da fluência – daí a razão para repetir, a cada etapa, os 10 tipos de atividade. As atividades devem ser feitas diariamente, há uma atividade para cada dia letivo. A aprendizagem espaçada e repetida é fundamental para o desenvolvimento progressivo da fluência. Muitas atividades comportam variações que o professor deve fazer com seus alunos. Além disso, o professor e os alunos devem estar sempre atentos para usar essas estratégias em outras leituras de seu dia a dia. Todas as atividades devem ser feitas em aula, com orientação do professor. As atividades são feitas no livro do aluno e devem ser corrigidas impreterivelmente após a realização de cada uma. O objetivo dessas atividades não é ocupar o aluno: a meta é desenvolver fluência de leitura. Os exercícios apenas ajudam esse desenvolvimento. Portanto, o professor deve estabelecer metas com seus alunos, de forma a verificar, a cada mês, o progresso dos alunos em relação a essas metas, ou mesmo à sua superação.


#011

Manual do Professor

COMO USAR O LIVRO

O quadro abaixo sugere as metas que devem ser perseguidas a cada ano letivo: Ano

Palavras por minuto

80 a 90

90 a 110

110 a 130

130 a 140

As metas devem ser estabelecidas para a turma como um todo, mas cada aluno deve atingir esses mínimos. Portanto, cada aluno deve ser avaliado mensalmente. Ao final deste Manual, apresentamos instrumentos para a avaliação e acompanhamento mensal de cada aluno. Há uma ficha para registro e acompanhamento individual dos alunos, e dez testes para diagnosticar os progressos e as dificuldades deles. Os testes duram apenas dois minutos, são individuais e devem ser aplicados mensalmente, de forma que você possa avaliar e acompanhar o progresso de seus alunos, bem como tomar as medidas necessárias para que todos atinjam ou superem as metas estabelecidas.


#012

Para ler com Fluência

TIPOS DE ATIVIDADES E SEUS OBJETIVOS Os livros estão organizados em etapas: são 20 etapas e cada uma delas contém as atividades descritas abaixo. As atividades têm como objetivo o reconhecimento rápido de palavras, portanto, devem ser feitas rapidamente, com velocidade e precisão cada vez maiores. 1. Ordem de tamanho Objetivo: identificação automática de palavras cada vez maiores.

1

Numere as palavras em ordem de tamanho:

___ de

___ é

___ baú

___ ombro

___ óculos

___ palavras

___ táxi

___ abotoar

Esse tipo de atividade ajuda a ampliar o foco de visualização e, em consequência, a aumentar a rapidez para identificar palavras. 2. Formar palavras Objetivo: gravar padrões visuais como prefixos e sufixos. Esse tipo de atividade ajuda a gravar pedaços de palavras maiores do que a letra ou sílaba e, dessa forma, contribuem para aumentar a rapidez de identificação das palavras.


#013

2

TIPOS DE ATIVIDADES E SEUS OBJETIVOS

Manual do Professor

Forme palavras terminadas em ADA. Siga o modelo:

ÁGUA

AGUADA

BANANA

................................

COCO

+ ADA

................................

ABACATE

................................

BATATA

................................

Sugestões de variação: • Prefixos e sufixos: encorajar os alunos a formarem e lerem outras palavras a partir do mesmo prefixo ou sufixo. • Sílabas: encorajar os alunos a formarem e lerem outras palavras a partir das sílabas dadas. • Fazer concurso de quem consegue formar mais palavras (por exemplo, um aluno dá um sufixo, o outro tem que complementar e ler). • Habituar os alunos a fazerem consultas ao dicionário com proficiência cada vez maior. 3. Anagrama Objetivo: identificar a posição exata dos grafemas nas palavras. Esse tipo de atividade proporciona ao aluno o desenvolvimento da capacidade de identificar rapidamente as palavras, decidir quais palavras deve examinar e, dentre essas, escolher quais palavras cabem no critério.


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