Manual para ler e reler

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Para Ler e Reler Jo達o Batista Araujo e Oliveira Juliana Cabral Junqueira de Castro


Introdução........................................................................................................4. Como desenvolver f luência de leitura.........................................................6 Metodologia de trabalho................................................................................7 Etapas para as atividades em classe..............................................................8 Como lidar com alunos com dificuldade...................................................11 Avaliação.........................................................................................................12


Introdução O livro Para Ler e Reler foi cuidadosamente elaborado para desenvolver a f luência de leitura. Este Manual contém todas as informações necessárias para o professor utilizar o livro com proveito. A f luência de leitura é essencial para que o aluno possa compreender o que lê. A f luência é a ponte que liga a capacidade de identificar a palavra (decodificar) com a compreensão. A f luência por si só não garante a compreensão, pois para compreender um texto são necessários outros conhecimentos, especialmente o conhecimento do vocabulário, do sentido das palavras. A f luência refere-se à qualidade da leitura, e inclui os seguintes indicadores: :: a velocidade, ou seja, o número de palavras por minuto; :: a precisão, ou seja, o número de erros cometidos durante a leitura; :: a prosódia, ou seja, o ritmo e entonação da leitura. Uma prosódia adequada ref lete o entendimento da pontuação e da sintaxe e, conseqüentemente, permite a compreensão do texto. A velocidade de leitura é essencial tanto por razões teóricas quanto práticas. As razões práticas são as exigências da vida e da escola – que frequentemente exigem leituras em tempos muito rápidos – às vezes em segundos. A razão teórica deriva das exigências de compreensão: para compreender o que lê, o aluno precisa “alimentar” o cérebro com informações que serão relacionadas. Para entender um texto de 10 linhas, por exemplo, é preciso que a leitura seja feita com uma velocidade tal que seja possível armazenar as informações na memória de trabalho – de forma a poder relacionar as idéias. Para que possam progredir com sucesso, os alunos ao final da 5ª Série do Ensino Fundamental de 9 anos devem ler com uma f luência de pelo menos 130 palavras por minuto, com menos de 5% de erro e com prosódia adequada. A precisão refere-se à capacidade de ler sem erros. Erro é ler decodificando, silabando, hesitando, gaguejando, lendo sem emendar palavras, lendo a palavra de forma errada ou lendo uma palavra em lugar da outra. Um erro atrapalha a leitura, pois faz o leitor parar, voltar atrás, etc. – e isso retarda a velocidade, e, conseqüentemente, dificulta a compreensão. Uma vez que o aluno foi alfabetizado, o máximo de erros aceitável para um leitor f luente é de 5%, ou seja, 5 palavras em cada 100 palavras lidas. O aluno que erra mais do que isso possivelmente ainda não aprendeu a ler, e precisa ser corretamente alfabetizado. A prosódia refere-se à capacidade de ler com ritmo e entonação adequados, de forma que o leitor demonstre o entendimento da estrutura sintática da frase: as vírgulas, pontuação, modulação para interrogação, etc. A prosódia também inclui o ritmo da leitura, que deve ser f luido, sem arrancos. Enfim, trata-se de uma apreciação da qualidade da leitura. O critério mais importante é se o ouvinte é capaz de compreender aquilo que está sendo lido sem fazer esforço para superar as deficiências do leitor. 4


Um leitor inexperiente, sem f luência, é aquele que: :: lê pouco; :: lê aos arrancos; :: identifica palavras mas não as emenda bem na leitura da frase; :: não demonstra, pela entonação, que está compreendendo bem o texto; :: não adquiriu um ritmo f luido de leitura; :: lê com esforço, concentrando sua atenção na decifração da leitura, e não na compreensão do texto.

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Como desenvolver fluência de leitura Para se tornar um leitor f luente, experiente, é preciso ler muito. Ao encontrar a mesma palavra várias vezes, o cérebro vai gravando os padrões ortográficos, até que a leitura se torne automática. O desafio do professor é dar ao aluno textos em que ele encontre muitas palavras, expressões e frases repetidas. Isso ajuda o aluno a desenvolver um estoque de palavras e frases que lhe darão boa segurança na leitura. Com isso, ele poderá ler mais, e, lendo mais, aprenderá mais palavras. O desafio do professor, portanto, é criar um círculo virtuoso: :: Ler várias vezes as mesmas palavras e construções de frases. :: Identificar automaticamente as palavras. :: Ler cada vez mais rápido. :: Com maior f luência, ler mais. :: Com mais leitura, aprender mais palavras, o que aumenta a fluência. Os textos do livro Para Ler e Reler foram escolhidos tendo como referência os conhecimentos científicos sobre desenvolvimento de f luência. Os estudos demonstram que a melhor forma de desenvolver f luência é pela releitura de textos adequados à capacidade do leitor. Para tanto os textos devem: :: ser curtos – para facilitar e estimular a releitura; :: ter sintaxe simples, manejável, frases não muito longas; :: ter linguagem simples, sem desafios semânticos (palavras conhecidas e de alta freqüência, ou seja, palavras muito usadas nos textos que o aluno deve ler na escola e em casa, nessa fase da aprendizagem); :: ter frases estruturadas e estruturas repetidas. Além de textos adequados, o aluno precisa aprender e praticar: :: ouvir o professor lendo, para observar como um bom leitor lê. O exemplo ou modelagem pelo professor e por outros bons leitores é essencial; :: ler em coro, para adquirir ritmo e velocidade, sem se expor a vexames ou a situações constrangedoras; :: ler silenciosamente um texto várias vezes, sem balbuciar (sem mexer com os lábios), pois isso retarda a leitura; :: de vez em quando, ler em voz alta, individualmente ou em público, para que o professor possa avaliar sua f luência e ajudá-lo a superar suas dificuldades.

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Metodologia de trabalho Professor, Os próximos parágrafos explicam como você deverá trabalhar para atingir esses objetivos. Organização do trabalho :: Reserve um tempo – de 15 a 20 minutos por dia para desenvolver atividades de fluência. :: A cada dia você deverá: – apresentar um texto novo; – reler textos já conhecidos pelos alunos. :: Selecione 4 a 5 textos para ler e reler durante a semana. :: Na última semana do mês, releia todos os textos já lidos, 2 ou 3 a cada dia. Metodologia para apresentar texto novo 1. Apresentar um texto novo a cada dia. 2. Contextualização. 3. Leitura gravada no CD Para Ler e Reler. 4. Leitura pelo professor. 5. Leitura silenciosa. 6. Leitura em coro. 7. Leitura individual. 8. Discussão do texto. 9. Releitura de textos. Cada uma das etapas está descrita na próxima seção. Metodologia para praticar textos já lidos 1. Em casa: cada texto novo deve ser relido pelos alunos em casa. A cada dia eles devem ter como dever reler um ou mais textos já lidos. 2. Em aula: leitura em voz alta: a. Indicar os textos a serem relidos. b. Dar tempo para os alunos relerem. c. Sortear um aluno para ler cada texto em voz alta. d. Fazer leitura em coro. e. Leitura pelo professor. 3. Em aula: a. Chamar individualmente aluno com mais dificuldade. b. Fazer sessão individual de leitura, procurando ajudar o aluno a superar as dificuldades. Vide abaixo como lidar com alunos com dificuldades.

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Etapas para as atividades em classe 1. Apresentar um texto novo a cada dia. Seu objetivo imediato é desenvolver f luência. Mas para desenvolver f luência, o aluno precisa ler muito, e ler muitas vezes o mesmo texto. Quanto mais textos você apresentar, mais textos o aluno terá para reler. O ideal é apresentar os textos alternadamente, um dia apresentar um texto da Parte 1 – Poesia do livro Para Ler e Reler, no dia seguinte, um texto da Parte 2 – Prosa do livro Para Ler e Reler, e assim sucessivamente. 2. Contextualização. Seu objetivo é desenvolver a f luência de leitura. Mas isso deve ser feito num contexto adequado, em que o aluno compreenda o que lê e perceba o sentido, qualidade e relevância do texto. A contextualização pode ser feita antes, durante ou depois das leituras – a critério do professor. 3. Leitura gravada no CD Para Ler e Reler. A leitura gravada é um modelo de boa leitura feita por profissionais. Esse modelo de leitura foi feito para demonstrar como se deve ler cada tipo de texto. O CD serve para ajudar o professor a treinar e desenvolver sua leitura, bem como para mostrar para os alunos uma leitura bem feita do texto a ser lido. A leitura gravada deve ser ouvida em sala de aula sempre que for apresentar um texto novo. Atenção: Caso a sua escola não possua o CD com as leituras gravadas do livro Para Ler e Reler, ignore essa etapa da atividade. 4. Leitura pelo professor. A leitura pelo professor deve ser feita em voz alta, com boa entonação, demonstrando como se deve ler cada tipo de texto. O professor é o modelo que o aluno vai aprender a seguir – portanto sua leitura tem que ser muito bem feita, para ser imitada. O aluno deve ter vontade de imitar o professor – da mesma forma que imita as pessoas que admira. Uma leitura (prosódia) adequada é aquela em que o leitor: – utiliza o sentido das palavras e frases para modular a voz; – utiliza as marcas de pontuação e disposição do texto (especialmente no caso de poemas) para transmitir os sentimentos; – lê com cadência e ritmo.

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Professor, A entonação ref lete a compreensão do texto. E a boa entonação é necessária para entender o texto. Você ajudará os alunos: – lendo com uma entonação que sirva de modelo, que os ajude a compreender o texto; – variando a entonação, quando for o caso, para mostrar a eles diferentes formas corretas de “compreender” o mesmo texto.


A modelagem pelo professor implica: :: Ler com boa prosódia. :: Chamar atenção dos alunos – antes, durante ou depois da leitura – para a forma como está lendo, a razão das inf lexões de voz, a atenção às marcas de pontuação, etc. :: Dar aos alunos oportunidade de imitar a boa leitura. 5. Leitura silenciosa. Os alunos devem ler em silêncio (sem sussurrar ou balbuciar, ou seja, sem mexer com os lábios). O professor deve prestar atenção em alunos que “subvocalizam”, ou seja, mexem com os lábios, encorajando-os a ler apenas com os olhos. 6. Leitura em coro. Todos alunos devem fazer a leitura. O professor deve participar apenas no início, para “puxar” o coro. Depois deve prestar atenção para verificar se todos alunos estão acompanhando a leitura. A leitura em coro tem dois importantes objetivos: – marcar o ritmo e dar oportunidade aos alunos mais lentos de ler no ritmo; – assegurar a todos os alunos oportunidade de ler em voz alta, sem ter medo ou vergonha de errar. Para que essa leitura seja eficaz, o professor deve não apenas manter o ritmo, mas prestar atenção para que todos os alunos participem da leitura, no ritmo. 7. Leitura individual. A leitura individual em voz alta deve ser feita por sorteio. O professor deve ter uma caixa com os nomes de cada aluno – sorteando-os para cada tarefa. O nome sorteado deve voltar para a caixa, para que o aluno sempre esteja atento, pois poderá voltar a ser chamado. A cada dia um ou dois alunos devem ser chamados para ler em voz alta. O professor deve se assegurar de que todos alunos tenham chance de ler. Os que não forem sorteados dentro de duas semanas devem ser chamados para uma leitura individual junto ao professor. Durante a leitura o professor só deve interromper o aluno para ajudá-lo, completando a palavra ou relendo o trecho onde o aluno teve problemas, para o aluno imitar e prosseguir. O professor deve prestar atenção para diagnosticar dificuldades de leitura do aluno e ajudá-lo a superálas, conforme explicado na seção seguinte. O professor deve ter o cuidado de não deixar os alunos ficaram tímidos ou embaraçados, sempre ajudando-os a sair do embaraço naquele momento. E dando-lhes instrução e treinamento para que superem suas dificuldades. Também durante a leitura o professor deve prestar atenção nas dificuldades dos alunos em relação a ritmo, entonação e altura de voz. E chamar alunos, individualmente, para repetirem leituras ou se exercitarem nessas competências, aproveitando o feedback dos colegas sobre sua leitura. O professor deve organizar essas tarefas usando pequenas frases ou trechos, de forma que todos alunos possam fazer as atividades de maneira correta. 9


:: Variação: quando houver um texto maior, ou com partes distintas, o professor deve parar no meio e pedir (ou sortear) outro aluno para ler. Os alunos devem sempre estar atentos à leitura e serem capazes de continuar a fazê-la. 8. Discussão do texto. Fazer a discussão do texto, incentivando a participação ativa dos alunos. O objetivo é assegurar que os alunos entendam as palavras, as expressões e o sentido do texto. Também deve servir para entenderem a razão de ser da entonação usada (frases afirmativas, negativas, interrogativas, diálogos, rimas, ênfases dada a determinadas palavras, etc.). 9. Releitura de textos. A cada dia, 2 textos já lidos devem ser indicados para releitura. Ler várias vezes o mesmo texto é fundamental para o desenvolvimento da f luência de leitura. A releitura deve ser feita do mesmo modo indicado para a leitura individual.

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