Revista Lusitânia Contact #8

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Revista Trimestral • Ano II • N.º 8 • Setembro a Novembro 2014 • 4,00 CHF

PORTUGUÊS SEM ERROS

O verbo

INTERVIR PELA SUA SAÚDE

Trate do seu

CORAÇÃO PORTUGUESES DE SUCESSO

Ana Maria

FALCÃO UM ARTISTA PORTUGUÊS NA SUÍÇA

Entrevista a

ANDRÉ SARDET

TERRAS LUSITANAS

Santa Maria da Feira Terra da Fogaça

TERRAS HELVÉTICAS

LUGANO


Conselhos claros e,

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Ano II • Trimestral

Sumário EDITORIAL TERRAS LUSITANAS

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Santa Maria da Feira

Caras leitoras e caros leitores:

14 Empresas

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GASTRONOMIA FEIRENSE Receitas ESCRITORES PORTUGUESES

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Nos últimos números temos referido o percurso (e o esforço) de melhoria da Lusitânia Contact. Esse esforço pode ver-se no design gráfico, na diversidade dos temas abordados e dos colaboradores (de prestígio), no alargamento do universo dos anunciantes − que são o principal sustentáculo financeiro da revista, pois a distribuição é gratuita e o valor das assinaturas dá, essencialmente, para os portes de correio. Neste número, depois de no anterior − sobre a vila e o concelho de Palmela − termos alargando a participação ao tecido económico através da colaboração de três produtores de vinho com reportagens sobre as suas empresas, iremos manter essa opção: temos duas empresas de calçado de Santa Maria da Feira. A entrada de novos colaboradores tem criado novas rubricas, que desejamos sejam permanentes, assim como o reajustamento das anteriores, para que as designações (nas cabeças de página) se adequem aos conteúdos dos artigos que contém. Assim, neste número contamos com a inestimável e prestigiante colaboração de uma figura ímpar e bem conhecida dos portugueses, pela meritória e desinteressada obra que, desde há anos, tem levado a cabo em prol da nossa «saúde do coração» − o médico cardiologista Prof. Fernando de Pádua. Alargámos o leque de colaboradores de prestígio na área económica, tão pertinente para compreendermos a crise que vivemos, com Ricardo Paes Mamede, economista e professor no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Nuno Serra, geógrafo e investigador no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Alexandre Abreu, economista, investigador e professor no ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa. Inaugurámos uma rubrica sobre os erros de Português, «Escrever e falar, sem erros dar», de Luciana Graça, professora na Universidade de Aveiro. Passámos a presença pontual do Senhor Padre Miguel Dalla Vecchia, da comunidade cristã de Genève, a permanente, através da rubrica «A palavra ao Padre Miguel». Por fim, temos uma nova e interessante rubrica: a entrevista a um artista português de visita à Suíça, desta vez André Sardet. É certo que lamentamos a perda da colaboração do antigo internacional de futebol João Alves, e da sua «Crónica do Luvas Pretas», por falta de disponibilidade do próprio: são os imponderáveis que acontecem. Neste número deixamos um agradecimento particular a todos os que, na Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e nas empresas J. J. Heitor e Ferreira Avelar & Irmão (Profession Bottier) nos deram a sua valiosa colaboração, assim como a David Piffaretti, responsável pela comunicação da Entidade Turística de Lugano, e a Nicola Riva, responsável pelo site da Cidade de Lugano, pelo profissionalismo, espírito de colaboração e disponibilidade como corresponderam ao nosso pedido. Dirigimo-nos, de novo, aos leitores repetindo o pedido de subscrição da assinatura da revista através do cupão, agora destacável − a usar nos correios suíços ou nos dos outros países da Europa −, desafiando-os, mais uma vez, a darem as suas opiniões e a deixarem as suas sugestões sobre a qualidade da revista.

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Desejamos-vos boas leituras!

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Manuel Laranjeira: O espírito trágico de fim-de-século

HISTÓRIA E MEMÓRIA

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O Castelo de Santa Maria da Feira Dois jesuítas suíços expulsos de Portugal (outubro de 1910)

30 TERRAS HELVÉTICAS Lugano 40 POSTAL DE LISBOA

A mixórdia ortográfica

41 POSTAL DO PORTO Flores para quem muito se ama 42 TEMAS ECONÓMICOS O triângulo das impossibilidades da política orçamental 44 Regressar às verdadeiras origens da crise 46 O rapto da Europa

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ESPECIAL SUÍÇA Governo helvético quer mudar a lei dos fundos das Caixas de Pensão

Setembro/Novembro 2014

Editorial

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Número

50

ESCREVER E FALAR, SEM ERROS DAR

O verbo intervir

52 EDUCAÇÃO E ENSINO As pessoas fazem a diferença

53 Portugal em 80 questões: atividade extracurricular 55 Sarau literário vespertino

PORTUGUESES DE SUCESSO Ana Falcão Faria SAÚDE E BEM-ESTAR Saúde do coração 62 Artrite reumatoide

64 CIÊNCIA NO DIA A DIA É seguro fazer pagamentos na internet?

66 À DESCOBERTA DO MUNDO A estrada para a Ponta do Ouro 70 A PALAVRA AO PADRE MIGUEL

É tempo de recomeçar 71 ENTREVISTA A... André Sardet 74 TEMAS JURÍDICOS Alterações ao «poder paternal» 76 ASSOCIAÇÕES PORTUGUESAS

Rádio Arremesso 80 CURIOSIDADES E PASSATEMPOS Truques e astúcias 81 Horóscopo 82 Anedotas

Ficha Técnica Propriedade

Diretor Luís Mata lusitania.contact@ilustrevasion.com

Redatores e colaboradores Adelino Sá Alexandre Abreu Ana Falcão Faria Augusto Lopes (entrevista e associações)

Câmara Municipal de Santa Maria da Feira David Piffaretti / Ente Turistico del Luganese Fernando de Pádua Ferreira Avelar & Irmão (Profession: Bottier)

Flávio Borda d’Água Gonçalo Cadilhe Henrique Manuel Pereira Isabel Gomes J. J. Heitor Shoes Joaquim Vieira Luciana Graça Lurdes Gonçalves Manuel Henrique Figueira Miguel Dalla Vecchia Nicola Riva / Città di Lugano Nuno Serra Rádio Arremesso Reto Monico Ricardo Paes Mamede Sara Teixeira Sara Vitorino Fernandez Sérgio Tomásio Sociedade de Advogados Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados Telma Ferreira

Fotografias Câmara Municipal de Santa Maria da Feira Ente Turistico del Luganese Città di Lugano Rita Mendes

Correspondência Lusitânia Contact CP 117 - 1211 Genève 8 Suisse Tel.: 0041 (0) 22 329 77 86 Fax: 0041 (0) 22 329 77 86

Periodicidade Trimestral

DEPARTAMENTO COMERCIAL Luís Mata Tel.: 0041 (0) 76 510 22 44 Tlm.: 00351 96 581 00 18 comercial@ilustrevasion.com

Assinatura anual Suíça, 20 CHF França/Portugal, 20 Euros/25 CHF Resto da Europa, 30 Euros

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PUBLICIDADE (Região francesa) Luís Mata (Regiões alemã e italiana) Manuel Correia Tel.: 0041 (0) 79 722 94 70

Impressão Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.° 90 Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena Tel.: 0035 21 434 54 44 Fax: 0035 21 434 54 94

manuel.correia@ilustrevasion.com

Tiragem 10.000 exemplares Depósito legal: 357274/13

Nota O conteúdo dos artigos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.



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Saúde


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Terras lusitanas

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Visionarium

Santa Maria da Feira S

ituado na confluência de um importante conjunto de vias de comunicação que lhe garantem a proximidade aos grandes centros urbanos do Porto e de Aveiro, o concelho de Santa Maria da Feira destaca-se tanto pela força histórica do seu passado milenar como pelo vigor com que desafia os tempos modernos. MONUMENTOS E PATRIMÓNIO Com um vasto território de 215,87 km2 de extensão e uma população de aproximadamente 140 mil habitantes,

o concelho de Santa Maria da Feira possui inúmeros motivos turísticos, tanto de natureza monumental como paisagística, que convidam a uma visita demorada. O belíssimo Castelo da Feira, para além de ser o ex-líbris da cidade e do concelho, é um dos mais notáveis monumentos nacionais. Detentor de um papel de relevo nas Terras de Santa Maria, pela sua importância estratégica e militar em relação ao vasto território que abrangia e dominava, assume na época da Reconquista Cristã do território aos mouros uma importância vital

como «embrião» do Condado Portucalense. Atualmente é um espaço privilegiado de fruição turística e cultural, cuja arquitetura militar medieval se escontra bastante presente, bem como diversos elementos bélicos. Testemunho da arquitetura religiosa do século XVI, o renovado Museu Convento dos Loios, adjacente à Igreja Matriz, proporciona aos visitantes uma viagem pela história do concelho e da região, com o propósito de salvaguardar, valorizar e divulgar testemunhos e memórias da herança histórica e cultural.


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Terras lusitanas

O Museu do Papel Terras de Santa Maria, um museu manufatureiro e industrial em atividade, foi eleito o «Melhor Museu Português em 2011» pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Integrando um espaço de produção manual de papel (antigo Engenho da Lourença) e um espaço industrial (Casa da Máquina), neles o visitante pode conhecer a História do Papel em Portugal e participar nos diferentes processos de fabrico deste produto tão presente hoje nas nossas vidas.

Museu do Papel

Museu de Santa Maria de Lamas

Em Romariz encontra-se uma das estações arqueológicas mais expressivas da região de Entre Douro e Vouga (EDV): o Castro de Romariz. É um povoado fortificado da cultura castreja, tão presente na totalidade do território de Portugal, datado do século V a.C. mas com níveis de ocupação até ao século I d.C. Os trabalhos arqueológicos nele realizados permitiram identificar as diversas fases de ocupação proto-

O Museu de Santa Maria de Lamas, popularmente denominado Museu da Cortiça, destaca-se pelo seu espólio variado, de onde sobressaem as coleções de arte sacra e os artigos de cortiça, designadamente as coleções de etnografia, de ciências naturais, de estatuária portuguesa, de cerâmica, de mobiliário e de iconografia do seu fundador, Henrique Amorim. Museu do Convento Loios Castro de Romariz

Jardins da Cidade


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Em Caldas de S. Jorge, num ambiente de grande beleza natural e patrimonial, encontra-se o refúgio ideal para revigorar o corpo e a mente. Com uma longa tradição termal, as Termas de S. Jorge adotaram uma nova filosofia de prevenção e promoção de saúde que proporciona um bem-estar duradouro. O Parque Ornitológico de Lourosa abre-nos uma janela para o mundo selvagem. Nele coabitam cerca de 500 aves de 150 espécies diferentes, muitas delas raras ou em vias de extinção, que fazem deste parque um importante espaço temático de educação, conservação e investigação das espécies e da biodiversidade. Mercado Municipal

-histórica e romana deste povoado. Também merecem uma visita atenta a Igreja da Misericórdia e o Solar Condes de Fijô. O concelho de Santa Maria da Feira possui, igualmente, uma grande riqueza paisagística, destacando-se a Quinta do Castelo, os jardins municipais, o Porto Carvoeiro, a Quinta do Engenho Novo, a Casa da Portela (Paços de Brandão), o Mercado Municipal, este da autoria do arquiteto Fernando Távora, com apontamentos em mosaico de Siza Vieira, a Igreja da Misericórdia (Santa Maria da Feira), a Casa da Torre (São João de Ver), a Quinta do Seixal (Milheirós de Poiares) e a Quinta da Murtosa (Mosteirô).

Igreja da Misericórdia

Porto Carvoeiro


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PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS CULTURAIS Santa Maria da Feira é, indiscutivelmente, um dos municípios mais dinâmicos do país na área cultural. A Viagem Medieval em Terras de Santa Maria é o maior acontecimento cultural da cidade, atraindo todos os anos ao centro histórico mais de meio milhão de turistas e visitantes. DuranViagem Medieval

Festa das Fogaceiras

te 11 dias consecutivos a cidade veste-se a rigor, oferecendo aos residentes e visitantes vivências singulares de memórias da época medieval, recriadas em ambientes históricos sustentados pelo seu património arquitetónico e natural, onde reina a festa, a animação, o lazer e a gastronomia. Importa destacar também a secular Festa das Fogaceiras, a mais emblemática festividade do município. Teve origem num voto ao Mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que dizimou parte da população. Os então Condes do Castelo e da Feira, ramo nobre criado em 14 de janeiro de 1452, apelaram ao santo mártir para que acabasse com o morticínio dos feirenses, prometendo-lhes a realização de uma festa anual onde o voto seria a Fogaça. Viagem Medieval

Até 1700, data em que o Condado do Castelo e da Feira se extinguiu por falta de descendência, passando os seus domínios para a Casa do Infantado, a Festa das Fogaceiras foi promovida pelos senhores das Terras de Santa Maria da Feira, habitantes do paço intramuros do Castelo. Daí e durante quatro anos a festa foi suspensa, reatando-se a tradição sem interrupções até 1749 por iniciativa das famílias mais abastadas do concelho. Verificou-se, entretanto, novo surto de peste e, em 1753, por Alvará de 30 de julho, o Infante D. Pedro, irmão de D. João V, determinou que a Câmara Municipal assumisse definitivamente a realização da Festa das Fogaceiras, para o que despenderia 30.000 réis. Esta determinação foi justificada com a vontade do povo e a existência imemorial do voto. Por isso o voto foi Viagem Medieval


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Imaginarius Viagem Medieval

Viagem Medieval

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cumprido pela Câmara Municipal até 1910, altura em que, invocando-se a separação entre a Igreja e o Estado, a festa passou a ser realizada pelas autoridades civis, a título individual, e pela Santa Casa da Misericórdia. No dia 15 de julho de 1939 a Câmara Municipal deliberou retomar a responsabilidade de realização da festa, decisão que se mantém agora como atribuição assumida pelo poder autárquico concelhio. As «fogaças do voto» foram inicialmente distribuídas pela população em geral, depois pelos pobres, mais tarde pelos presos e pelas personalidades concelhias, em fatias chamadas «mandados» e hoje entregues às autoridades religiosas, políticas e militares regionais que têm jurisdição sobre o município de Santa Maria da Feira. Preservando a tradição, todos os anos, no dia 20 de janeiro, centenas de meninas vestidas e calçadas de branco desfilam com a «fogaça do voto» à cabeça durante o cortejo cívico e a procissão. (Adaptado da informação da Câmara Municipal e do Site da Confraria da Fogaça da Feira). Com um percurso consolidado de mais de uma década na promoção das Artes de Rua em Portugal, o Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua invade anualmente as ruas da cidade de Santa Maria da Feira, surpreendendo os visitantes em cada canto e esquina com variadíssimos e inesquecíveis espetáculos, performances e instalações de artistas nacionais e estrangeiros. Durante o mês de dezembro o Parque Temático de Natal marca o territó-


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Terras lusitanas

Fogaça

rio de Santa Maria da Feira. Recuperando as figuras e histórias do imaginário infantil, as fábulas, as lendas, os contos de fadas e o encanto de Natal, o Parque Temático de Natal é a porta de entrada para um mundo de pura magia, com mais 300 horas de animação.

GASTRONOMIA

ECONOMIA

Uma visita à cidade de Santa Maria da Feira não fica completa sem um passeio pelo centro histórico, onde se podem degustar as célebres Fogaças e os tradicionais Caladinhos. Com um formato arredondado e com quatro bicos que representam os quatro coruchéus da torre de menagem do Castelo, a Fogaça da Feira, ícone da doçaria regional de Terras de Santa Maria, é produzida diariamente em várias casas no concelho que fabricam esta iguaria ímpar que se distingue por tradicionais aprestos, quer na preparação, quer na forma como vai ao forno. A par das Fogaças, os Caladinhos são outro ícone da gastronomia feirense. De consistência mole e com uma forma arredondada e achatada, estes bolos são também muito procurados pelos visitantes.

Sob um manto de tranquilidade fervilha em Santa Maria da Feira uma indústria dinâmica e diversificada. Aqui está concentrado o maior centro mundial de transformação de cortiça e o maior aglomerado de indústrias de calçado do país. Paralelamente, Santa Maria da Feira acolhe centenas de outras empresas de bases sólidas, que têm no horizonte a diversificação dos seus clientes e mercados, nomeadamente as indústrias do papel, tintas e cerâmicas, metalúrgica e eletromecânica e puericultura. O município feirense está fortemente empenhado em levar a marca «Santa Maria da Feira» além-fronteiras, aproximando empresas e cidadãos de todo o mundo que desejem desenvolver contactos e negócios com empresas e cidadãos desta cidade. O Projeto Business Network, com a plataforma eletrónica BIZfeira, dis-

Traduções • Apoio Jurídico • «Steuer» Assistência ao Domicílio

Manuel da Silva Desde 1981 em Luzern Tlm: 079 630 13 52 elektro52@hotmail.com


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Terras lusitanas ponível desde o início deste ano, é um espaço virtual de negócios vocacionado para o fomento do negócio ativo e da colaboração onde as empresas e as pessoas de todo o mundo constituem uma rede de oportunidades, perspetivando o apoio à da economia local e à sua internacionalização. Para além dos vários polos industriais, os empresários do concelho dispõem de outras infraestruturas de apoio, como é o caso do Europarque, considerado um dos melhores e mais completos centros de congressos da Europa. Mesmo ao lado, no Visionarium, o visitante é convidado a fazer uma viagem interativa ao mundo da ciência e da tecnologia. Com uma identidade histórica e cultural bem vincada, associada à sua privilegiada localização geográfica, Santa Maria da Feira é um território atrativo para se viver e visitar. Seja bem-vindo a Santa Maria da Feira!

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Caladinhos

Santa Maria da Feira online www.cm-feira.pt www.bizfeira.com www.viagemmedieval.com www.imaginarius.pt www.terradosonhos.com www.termas-sjorge.com www.zoolourosa.com

Câmara Municipal de Santa Maria da Feira Praça da República, Apartado 135 4524-909 Santa Maria da Feira Horário de funcionamento: 09h00-17h00 [segunda a sexta-feira] Telefone: 256 370 800 Fax: 256 370 801 E-mail [geral]: santamariadafeira@cm-feira.pt


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Terras lusitanas - Empresas

A empresa J. J. Heitor SA, sediada em Fornos - Santa Maria da Feira, é mestre na arte de fazer calçado. Joaquim José Heitor iniciou a atividade empresarial em 1963 (há mais de 50 anos). Depois de ter alcançando um crescimento significativo na década seguinte, e antevendo a evolução da empresa e da indústria do calçado, em 1975 transforma-a de empresa em nome individual para sociedade por quotas e, simultaneamente, reforça a sua capacidade produtiva. Manteve, no entanto, sempre o mesmo cariz familiar.

A valorização dos recursos humanos é uma constante acompanhando as exigências do mercado. Actualmente possui uma equipa jovem, dinâmica e multidisciplinar capaz de responder às exigências de um mercado em constante evolução e desenvolvimento.

Produzindo calçado para senhora, do segmento médio-alto do mercado, a J. J. Heitor exporta cerca de 97,5% da sua produção.


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Terras lusitanas - Empresas

Para além de trabalhar em private label com uma carteira significativa de clientes, hoje possui a sua marca própria: a JJ Heitor Shoes. Esta marca é um traço fundamental e o mais recente desafio no crescimento da empresa, que conjuga inovação no design e qualidade na produção.

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Numa indústria extremamente competitiva, os desafios principais são garantir a sustentabilidade do negócio, manter intacto o espírito familiar e preservar a cultura de empresa sedimentada ao longo de 50 anos.


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Terras lusitanas - Empresas

A empresa participa 2 vezes por ano na maior e mais importante feira do sector, a MICAM, em Milão. A próxima edição realizar-se-á entre 31-08-2014 e 03-09-2014.

Cada coleção J J Heitor Shoes conjuga, a excelência do design, a qualidade dos materiais e os acabamentos com toda a exigência e sabedoria de 50 anos na arte de produzir calçado de alta qualidade.

É com enorme orgulho e sentido de responsabilidade que o futuro é encarado pela família Heitor e seus colaboradores.

A família Heitor

Vasco Heitor, António da Silva Heitor, António Heitor, Joaquim da Silva Heitor e Joaquim Heitor Links com interesse: Site: http://www.jjheitor.pt/news/ Loja online: https://www.jjheitorshoes.com/ Facebook: https://pt-br.facebook.com/jjheitorshoes


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Terras lusitanas - Empresas

Ferreira Avelar & Irmão HISTÓRIA

Criada em 1947, na 3.ª geração da família, a Ferreira Avelar & Irmão produz para a própria marca – «Profession: Bottier» ou para private label e clientes de prestígio como a Kenzo, a Lanvin e a Van Bommel.

perfil exportador

Com 94 trabalhadores, vendeu 5 milhões de euros (2009) e 95.000 pares de sapatos, exportando 97% da produção.

INOVAÇÃO

Calçado de cortiça (Projeto Cork&Style lançado na MICAM), fruto de parceria com empresas corticeiras de Santa Maria da Feira (Project Dynamic Cork, que visa adaptar a cortiça a várias funcionalidades: calçado, têxtil, mobiliário), direciona-se para o segmento de luxo em países como França, Alemanha, Japão e China.


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Terras lusitanas Especial - Empresas Portugal

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

A marca «Profession: Bottier», em parceria com a Caritas, lançou uma campanha de solidariedade com o Haiti na altura da tragédia naquele país.

UNITED BOX A «Profession: Bottier», a Cartonagem Trindade e o Colégio Liceal de Santa Maria Lamas fizeram a parceria UNITED BOX. A Cartonagem Trindade produziu uma embalagem de sapatos, a «Profession: Bottier» comercializou-a na sua coleção Inverno 12 e o Colégio de Lamas recolheu material escolar destinado a uma escola em África.

CONCEITO

Sapatos de alta qualidade para homens que gostem de viver a vida, através de momentos de prazer e glamour a preços acessíveis.

MARCA

Criada em 1994 por Manuel Alcides e Elísio Avelar, com mais de 40 anos de experiência na produção e comércio de calçado na Ferreira Avelar & Irmão.

QUALIDADE

A fábrica onde é produzida a marca P:b é reconhecida pela qualidade dos produtos e pelo serviço de excelência, que vem desde 1947.


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Terras lusitanas - Empresas

PRODUTOS

Sapatos para homem de alta qualidade, com design e conceção próprios e fabrico artesanal.

CLIENTES VIP UMA MARCA MUNDIAL Nicolas Sarkozy, Cristiano Ronaldo, Luís Figo, Hugh Jackman e Michael Bublé são alguns dos seus clientes.

Os sapatos P:b são vendidos nas melhores boutiques de 145 países: França, Alemanha, Itália, Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), Canadá, Austrália, Rússia, China, Japão, Angola e Líbano, etc.

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Travessa Ulfilanis, n.º 21 Apartado 14 4509-908 FIÃES Portugal Telef.: +351 747 40 50 Fax: +351 747 40 59 E-mail: info@professionbottier.com Site: http://www.professionbottier.com


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Gastronomia feirense Ensopado de eirós

Ingredientes: (para 4 pessoas) 1 kg de eirós (enguias); 1 kg de tomates maduros; 1 pão caseiro escuro de véspera; 3 cebolas médias; 1 pimento vermelho; 6 dentes de alho; Azeite virgem extra q.b.; 2 folhas de louro; 1 raminho de salsa; 1 raminho de coentros; 1 raminho de hortelã da ribeira; Pimentão q.b.; Vinho branco q.b.; Vinagre q.b.; Água q.b.; Colorau q.b.; Sal q.b. Confeção: Amanhe as enguias e corte-as em bocados. Tempere com sal, pimenta, vinagre, vinho branco, 3 dentes de alho esmagados com casca e 1/2 do ramo de coentros. Deixe

marinar 24 horas. Pele, lave e corte a cebola em rodelas. Pele, lave e corte os outros 3 dentes de alho em lascas. Lave, pele, retire as grainhas e corte o tomate em cubos. Lave e corte o pimento em tiras. Reserve. Ponha azeite, cebola e alho a refogar um pouco e depois junte o tomate, o pimento, a outra metade do ramo de coentros, o pimentão e deixe estufar com o tacho destapado cerca de 15 minutos. Regue com vinho branco, junte um pouco de água e deixe ferver mais 5 minutos. Junte as enguias escorridas, retifique os temperos e deixe cozer mais 20 minutos. Corte o pão em fatias finas e frite-o em azeite bem quente. Escorra-o em papel absorvente. Disponha-o as fatias de pão frito numa terrina, ponha as enguias por cima e verta o molho. Decore tudo com salsa e coentros picados finamente e sirva de imediato.

Bacalhau Terras de Santa Maria

Ingredientes: 500 g de bacalhau do lombo; Batatas q.b.; Couve lombarda q.b.; 2 cebolas grandes; Azeite q.b.; Molho bechamel q.b.; Queijo parmesão q.b.; Sal, salsa e orégãos q.b. Confeção: Coza o bacalhau, as batatas e os legumes e reserve. Desfie o bacalhau, retire-lhe as espinhas e reserve. Corte as batatas cozidas às rodelas e reserve. Escorra os legumes e reserve. Prepare o molho de cebola: Po-

nha o azeite num tacho, aqueça em lume brando durante 3 minutos e incorpore as cebolas cortadas em rodelas finas. Tape e deixe cozer em lume brando até a cebola ficar estaladiça e o azeite aromatizado. Reserve o molho de cebola. Prepare o molho bechamel e reserve. Numa travessa grande, untada com azeite, ponha o bacalhau numa única camada, seguido das batatas cozidas, das rodelas aromatizadas com salsa e orégãos e, posteriormente, dos legumes. Regue com o molho de cebola e finalize com o molho bechamel, polvilhando com o queijo parmesão. Leve ao forno a 180ºC para gratinar entre 5 a 8 minutos. Nota: Pode substituir a couve lombarda por grelos ou utilizar a combinação de ambos os legumes

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Fogaças

Ingredientes: Para o fermento 200 g de farinha T55; 150 ml de água morna; 50 g de fermento fresco de padeiro. Para a massa 600 g de farinha T55; 150 g de açúcar; 120 g de manteiga sem sal; 3 ovos; 1 colher de café de sal; 1/2 colher de café de canela em pó; 1/2 colher de café de raspa de limão. Confeção: Dissolva o fermento em água tépida e deixe repousar 15 minutos. Adicione a farinha de trigo até obter uma massa relativamente mole. Deixe levedar entre 15 a 30 minutos (conforme a temperatura ambiente) para aumentar de volume. Adicione o açúcar, a canela, o sal, os ovos, a raspa de limão, a manteiga e a farinha necessária para obter uma

massa um pouco mais consistente do que a do pão. (das 600 g de farinha indicadas usei apenas 550 g). Deixe fermentar o tempo necessário para a massa dobrar o volume. Divida a massa ao meio e molde cada uma das metades num rolo comprido semelhante a uma serpente, mais grosso num dos lados. Espalme o rolo com a mão e enrole a tira pelo lado mais largo, resultando numa pirâmide. Ponha as pirâmides enroladas num tabuleiro forrado com uma camada de farinha polvilhada e deixe crescer (de 30 minutos a 1 hora). Pincele as fogaças com ovo batido e, com uma tesoura, dê 4 golpes no topo da pirâmide formando as «torres do castelo». Meta as fogaças no forno a 200ºC e, 15 minutos depois, tire-as para fora e separe as «torres do castelo» para que o calor penetre no interior das fogaças e as coza uniformemente. Volte a pô-las no forno para acabarem de cozer, ficando loirinhas mas não queimadas, cozidas mas não em demasia. Introduza uma faca no meio das fogaças, se vier seca estão cozidas. Para mais informações contactar o Agrupamento de Produtores de Fogaça da Feira (fogacadafeira@ gmail.com) ou a Confraria da Fogaça da Feira (confrariadafogaca@ gmail.com).

Caladinhos Ingredientes: 4 gemas de ovo 4 ovos inteiros 500 g de açúcar 659 g de farinha Confeção: Bata os ovos inteiros e as gemas com o açúcar muito bem durante cerca de 10 minutos. Acrescente mexendo a farinha com a mistura de ovos e açúcar (até ficar uma massa bem consistente). Molde bolas com as mãos e ponha-as num tabuleiro

sobre uma folha antiaderente ou tapete de silicone. Leve ao forno a 180ºC. Retire os caladinhos do forno ainda um pouco crus, porque secam muito depois de frios.


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Escritores portugueses

Sara Vitorino Fernandez CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias sarafernandez1976@hotmail.com

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Manuel Laranjeira:

O espírito trágico de fim-de-século

viragem do século XIX para o século XX no contexto português foi pródiga em personalidades culturais e políticas de grande valor. O espírito de «fim-de-século», contraditório e radical, trouxe para Portugal a mudança de regime e novas tendências culturais. Manuel Laranjeira foi uma dessas personalidades, inquietas e trágicas, que expressou as contradições dos alvores da Primeira República. Nascido em Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira, em 1877, cedo se destaca nos estudos de instrução primária. Apesar de pertencer a uma família modesta, a ajuda de familiares emigrados no Brasil permitiu que concluísse o Liceu e se pudesse matricular na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, em 1899. A inteligência e dinamismo de Manuel Laranjeira fizeram com que se distinguisse, não só nos estudos médicos, mas também na política. Nesta fase da sua vida colaborou activamente com publicações periódicas onde discutia questões sociais, políticas e morais e integrou um grupo de jovens anti-monárquicos. Terminou o curso em 1904 com a classificação de dezanove valores e leccionou a cadeira de Biologia. Continuou a sua investigação sobre a personalidade de Antero de Quental e as razões que o levaram ao suicídio. Foi através desta pesquisa que tomou contacto e se interessou


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Escritores portugueses pelo misticismo. Em 1907 defendeu a tese com o título A Doença da Santidade, que lhe daria o grau de Doutor em Medicina. Apesar da sua inteligência brilhante e da sua vasta cultura literária e artística, que foram reconhecidas por diversas personalidades da época, Manuel Laranjeira tinha um carácter insatisfeito e depressivo. A doença que o minava desde 1899 e o estado político e social do país, que contrastava com a sua vontade interventiva, mergulhavam-no em períodos de tristeza e contemplação, em que a ideia do suicídio era recorrente. A oscilação dos seus estados de alma está expressa na sua obra literária e é o espelho da sua personalidade conturbada. Como escritor, Manuel Laranjeira dedicou-se a uma multiplicidade de géneros. Além das suas obras de ficção, poesia e drama, o autor foi um empenhado ensaísta quando se travava de questões políticas, religiosas ou filosóficas. Manteve relações de amizade e de correspondência com figuras como Amadeu de Souza-Cardoso, Miguel de Unamuno, António Patrício, Teixeira de Pascoaes ou Ramalho Ortigão. Foi um dos autores-chave do Teatro Naturalista em Portugal, fazendo uma forte crítica à Igreja e às hierarquias sociais. No entanto, a sua obra oscilou sempre entre um radicalismo positivista e um transcendentalismo quase místico. A sua obra poética caracteriza-se por um tom desiludido em relação à Vida e ao Amor, fruto das experiências vivenciais do autor e da doença que sofria desde jovem. Poemas como «A Tristeza de Viver», «Diálogo com um Fantasma», «Palavras dum Fantasma» ou «Vendo a Morte» expressam a impossibilidade amorosa, a desilusão e a procura do suicídio como libertação de uma vida vivida

inutilmente. Em «A Tristeza de Viver» o Amor e a Vida estão equiparados e o poeta procura incessantemente a emoção amorosa que o faz sentir-se vivo: «Ânsia de amar! oh ânsia de viver! Uma hora só que seja, mas vivida e satisfeita... e pode-se morrer – porque se morre abençoando a vida! .... Em quantos olhos tristes tenho eu lido O desespero dos que não viveram Esse sonho de amor incompreendido!» A atracção pela ideia da Morte e pelo suicídio levam o sujeito poético a abandonar-se fisicamente à ternura de um fantasma, tal como expressa o poema «Palavras de um Fantasma»: «Aquela doce e mística suicida que me visita pela noite morta, vim agora encontrá-la à minha porta esperando por mim, toda transida... Prendeu-me nos seus braços desvairados, longamente, em silêncio, como louca.. E ainda sinto o consolo dessa boca, beijando-me nos olhos desolados....» Finalmente, no soneto «Vendo a Morte», o poeta declara a omnipresença da Morte que leva a uma vontade de finitude que se aceita sem medo: «Em tudo vejo a morte! e, assim, ao ver que a vida já vem morta cruelmente logo ao surgir, começo a compreender como a vida se vive inutilmente... Debalde (como um náufrago que sente, vendo a morte, mais fúria de viver) estendo os olhos mais avidamente e as mãos prà vida... e ponho-me a morrer. A morte! sempre a morte! em tudo a vejo tudo ma lembra! e invade-me o desejo de viver toda a vida que perdi...

E a Vida passa, e a Morte é que responde em vez dela: - «Mas que culpa tem a vida de não saberem vivê-la?»

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E não me assusta a morte! Só me assusta ter tido tanta fé na vida injusta ... e não saber sequer pra que a vivi!» Esta constante ideia da Morte, causada pela extrema instabilidade e depressão em que vivia, levou Manuel Laranjeira a cometer suicídio na tarde do dia 22 de Fevereiro de 1912, aos 24 anos de idade. Apesar da sua juventude, Manuel Laranjeira deixou uma obra literária de grande valor estético. Miguel de Unamuno, grande figura filosófica e literária do século XX, escreveu a Teixeira de Pascoaes, no dia 25 de Fevereiro de 1912, a lamentar-se da morte do amigo, a quem comparou a Antero de Quental e a Camilo Castelo Branco, o que revela a grande importância de Manuel Laranjeira: «Me ha dolido, pero sin sorprenderme, el fin de nuestro trágico amigo Manuel Laranjeira. Presentia que habría de entrar en el gran mistério por la puerta misma por que entraron en él Antero y Camilo, sus dos mayores devociones. Solo que ultimamente creí que la cruel enfermedad que minaba su vida no le daria tiempo a esa su ultima y suprema protesta. Porque su muerte há sido una protesta, y un protesta de patriota. Y no de patriota português precisamente – aunque lo era – sino de patriota de la gran pátria, del universo, de patriota cósmico. Creyó que nuestra gran pátria, este trágico universo, no tiene sentido ni destino alguno y protesto de la tragedia de la existência sumergiendose en la paz eterna.»

Nota: Por vontade da autora, este texto mantém a ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico.

(Manuel Laranjeira)


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Flávio Borda d’Água Historiador f.bordadagua@gmail.com

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História e memória

O castelo de Santa Maria da Feira

oje a pequena página de história que gostaria de vos propor está, uma vez mais, e como é costume, ligada à cidade convidada para tema de capa deste número da Lusitânia Contact. Mais do que retratar a história da cidade de Santa Maria da Feira, gostaria de me debruçar sobre alguns elementos históricos do peculiar castelo desta cidade: o Castelo da Feira. Este castelo tem uma história particular e uma ligação direta com a formação de Portugal, porque ele faz parte do Condado Portucalense desde o seu início e durante toda a história de Portugal foi sendo desenvolvido, alargado, remodelado e, por vezes, deixado ao desleixo. No entanto, a sua história acelera-se nos meados dos séculos XVII-XVIII quando, por exemplo, um pouco por toda a Euro-

pa, mas sobretudo em França, se desenvolviam os castelos militares e as cidades fortes arquitetadas por Sebastian Le Prestre, Marquês de Vauban. É no dia 15 de Janeiro do ano da graça de 1722 que um violento incêndio vai devastar praticamente todo o complexo castelar. Este acidente, que porventura é considerado uma das maiores pragas do Antigo Regime, e face ao qual todos os reis se tentaram prevenir e proteger-se da melhor forma, vota o Castelo da Feira a um longo período de pousio, ou melhor, de abandono e de ruína. Não fazia então parte dos planos políticos reabilitá-lo de imediato. Temos de esperar pelo século XIX para que se inicie a sua recuperação, mas os acontecimentos políticos desse século agitado (guerras liberais, entre outros movimentos sociais e políticos) travam

a sua recuperação. Só no final do século XIX é que a Câmara Municipal recupera, por exemplo, o poço do castelo. Todo o interesse para este monumento é retomado no início do século XX com a política geral de reabilitação, recuperação e conservação do património nacional dos últimos séculos. É na passagem da Monarquia para a República que se inscreve a salvaguarda do nosso passado e a devolução ao «culto» dos monumentos passados. A fase de recuperação do Castelo da Feira é então iniciada em 1907 e entra no Registo de Monumento Nacional (Decreto de 16 de Junho de 1910) meses antes da Implantação da República. As obras são previstas para serem efetuadas em vários períodos, por ironia em períodos bélicos internacionais, como é o caso de 1935-1936 e de 1939-1944. Os


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História e memória acessos ao castelo serão então abertos em 1950, a iluminação inaugurada em 1963 e, em 1986, foram feitas mais obras de restauro e de preservação. O Sistema de Informação para o Património Arquitetónico (SIPA) descreve este monumento como sendo de arquitetura militar e gótica, com uma planta oval irregular. As fundações de base serão da época quinhentista, isto é do tempo dos Descobrimentos. Na decoração as flechas cónicas na torre, inseridas muito provavelmente durante as épocas manuelina e joanina, têm uma grande influência moçárabe. A torre-alcáçova, de planta subretangular, é dotada de quatro torreões, dois dos quais na fachada principal, enquadrando a porta de entrada, e outros dois no lado oposto. Na parte «religiosa», a capela do castelo tem uma planta hexagonal e é do século XVI, inspirada nas capelas da região de Aveiro, de São Gonçalinho ou ainda de Madre de Deus.

Um verdadeiro florão da arquitetura castelar militar portuguesa, este castelo está à espera de ser visitado. Uma deslocação que vale a pena efetuar, para se imaginar como seria viver na Idade Média portuguesa, assim como durante o Antigo Regime, na alvorada do Portugal Moderno. Resta-me então encorajá-los a visitar este castelo e a agradecer ao SIPA pelas informações que facultaram para a redação deste artigo, que muito me ajudaram e que permitiram esta pequena compilação. Uma instituição indispensável para os amantes do património nacional.

Para saber mais: − Site do Castelo da Feira: http://www.castelodafeira.com − Sistema de Informação para o Património Arquitectónico: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA. aspx?id=1040 − Maria Helena Barreiros, O Castelo de Santa Maria da Feira, séculos X a XX, for-

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mas e funções, Santa Maria da Feira: Comissão de Vigilância do Castelo de Santa Maria da Feira, 2001. − José A. Correia de Campos, Monumentos da arquitectura árabe em Portugal, Lisboa: Ed. de Autor, 1970. − Aguiar Cardoso e Ferreira Vaz, O Castelo da Feira, Feira, 1950. − Azevedo de Correia, Arte Monumental Portuguesa, Vol. 1, Porto: Linorte, 1975, pp. 54 – 55. − Júlio Gil, Augusto Cabrita, Os mais belos castelos e fortalezas de Portugal, Lisboa: Editorial Verbo, 1996. − Jorge Larcher, «Castelos de Portugal», Centenários, n.º 8, 1939. − José Mattoso, Luis Krus e Amélia Andrade, O Castelo e a Feira. A Terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII, Lisboa: Editorial Estampa, 1989. - Fernando Tavares Távora, O Castelo da Feira, Porto, 1907. − José Leite Vasconcelos, «Miscellânea. 2. Castelo da Feira. Importante Descobrimento», O Arqeológo Português, 1.ª série, vol. X, Lisboa,1905, pp. 397-398.


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História e memória

Reto Monico Historiador retomonico@gmail.com

Dois jesuítas suíços expulsos de Portugal (outubro de 1910)

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ma das medidas mais espetaculares tomadas depois da proclamação da República foi, a 8 de outubro de 1910, o decreto sobre a expulsão dos jesuítas e a confiscação dos bens do clero regular1. Entre os membros da Companhia de Jesus há dois suíços: o primeiro, Alphonse Luisier, originário do Cantão de Valais, é entregue aos cuidados do cônsul-geral suíço em Lisboa, Jules Mange, e deixa o país no dia 15; o segundo, Paul Balzer, nascido em 1874 no Cantão dos Grisões, chega a Portugal no dia 28 de setembro e fica no Colégio de Barro, onde é preso no dia 6 de outubro e levado para o Forte de Caxias. Alertado pelo irmão do jesuíta (vice-diretor de um banco em Vilnius), Jules Mange entra em contacto com Afonso Costa, no dia 19. O ministro da Justiça, numa carta manuscrita da mesma data, começa por negar o facto de ele ter sido preso, mas, depois de uma segunda intervenção do cônsul-geral, no dia 22, não põe nenhum obstáculo à saída do religioso. Apenas uma condição: que o representante suíço peça a libertação de Balzer e assuma a responsabilidade para que este saia de Portugal. Portanto, quando dois dias depois Jules Mange recebe o telegrama de Robert Comtesse, presidente da Confederação, a questão está praticamente resolvida. O jesuíta é entregue ao cônsul-geral no dia 25 e, 48 horas mais tarde, embarca a bordo de um navio a vapor rumo a Inglaterra. Como já o fizera dez dias antes com o padre Luisier, a Sociedade Suíça de Beneficência empresta o dinheiro necessário.

Alphonse Luisier (1872-1957) chega a Portugal em 1891 e entra no Convento do Barro. Interessa-se por botânica e tornase um especialista na flora da Madeira, nomeadamente nos musgos. Publica cerca de 80 trabalhos científicos em francês e em português sobre este tema. [Fonte: Américo PIRES DE LIMA, «Reverendo Padre Dr. Alphonse Luisier», Boletim da Sociedade Broteriana, Coimbra, 1958).

O religioso suíço redige um relato de seis páginas, enviado ao Governo suíço no dia 15 de fevereiro de 1911, onde resume os vinte dias de cativeiro. Diz que foi preso arbitrariamente, pois não tinha cometido nenhum delito: «A única razão da minha detenção foi por eu ser jesuíta». Contesta a legalidade desta medida porque o regresso dos jesuítas a Portugal foi legalizado «pelo governo de Hintze-Ribero, em 1901». Quando as tropas chegaram ao convento, lamenta o suíço, os religiosos

só tiveram quinze minutos para se preparar. A seguir foram a pé durante 45 minutos até Torres Vedras e depois de comboio até Lisboa. Foram alvo de ameaças e de insultos durante todo o percurso, mas é na Estação de Alcântara-Terra, onde o comboio parou meia hora, que a situação foi mais lamentável: «A multidão armada aproximou-se das carruagens, as pessoas punham os pés nos estribos, a cabeça nos compartimentos, e proferiam os mais violentos insultos contra nós. E, no entanto, posso afirmar que no meu compartimento um sargento da guarda não fez qualquer esforço para reprimir a ralé, nada disse para que os insultos acabassem». Em Caxias têm de esperar meia hora na rua e, a seguir, os 82 prisioneiros andam ainda 45 minutos «em plena escuridão», acompanhados pela multidão que não para de os insultar. No Forte de Caxias nada está preparado para os acolher. Esperam ainda «um bom bocado» antes de serem levados para a prisão, uma espécie de subterrâneo com pranchas de madeira, sem mesas nem cadeiras. Dorme mal, num colchão de palha «duro como uma pedra». Só no dia seguinte, às 10 da manhã, depois de 20 horas, recebem alguma coisa para comer. A comida e a atitude dos soldados são os únicos dois pontos que não são alvo de crítica por parte do jesuíta helvético, que cita vários aspetos negativos: a falta de espaço, de luz, de janelas, de ventilação, de uma casa de banho. Tudo isso torna o ar irrespirável e as


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Propaganda anticlerical na Ilustração portuguesa, de 24 de outubro de 1910: busca de hipotéticos subterrâneos e armas no convento de Campolide.

condições de detenção particularmente duras e penosas, tendo em conta o facto de ter de ficar com a mesma roupa durante as três semanas de cativeiro. Finalmente, Paul Balzer censura o Governo provisório por nada ter feito para o ajudar e também porque não lhe permitiu entrar em contacto nem com a sua família nem com o representante da Suíça em Lisboa: «Foi só na terceira semana da minha prisão que o consulado-geral recebeu a notícia da minha estadia em Caxias». Por todas estas razões, pede ao Departamento político para entrar em contacto com o Governo provisório e solicitar uma indemnização. A 21 de fevereiro de 1911 este Departamento

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Dois cientistas republicanos medem o crânio do padre Alves, superior do convento de Barro. O objetivo era confirmar que se tratava de um «degenerado», categoria médico-psiquiátrica defendida por algumas teorias da época e por cientistas positivistas. [Fonte: Ilustração Portuguesa, 7 de novembro de 1910].

propõe ao Governo helvético uma solução favorável ao jesuíta. No entanto, a decisão tomada pelo Conselho federal, a 17 de março, é completamente diferente: «A expulsão do Senhor Balzer foi praticada em conformidade com a legislação em vigor. Pode-se explicar as condições difíceis em que se desenrolou pelas circunstâncias políticas do momento. Por estas razões, o Conselho federal responde ao Senhor Balzer que não está em condições de o apoiar neste pedido junto do governo português». Portanto, o Governo helvético toma uma atitude legalista, muito favorável ao Governo republicano de Lisboa. Logicamente, para um governo com uma

maioria de radicais (havia um único representante católico-conservador e os outros seis eram membros do partido radical), a história do jesuíta não tem importância. O que interessa é a solidariedade republicana. É necessário também ter em conta que, na altura, na Europa, além de São Marino, existem só três repúblicas: a francesa, a Confederação helvética e, desde o 5 de outubro de 1910, a portuguesa. ***** Alphonse Luisier exila-se na Galiza, no Colégio de La Guardia. Ignoramos a data do seu regresso ao país de adoção. Reside em Santo Tirso, onde ensina até a morte, no Instituto Nun’Alvares, um colégio da


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História e memória

Grupo de jesuítas detidos no forte de Caxias. Infelizmente não sabemos se Paul Balzer está na fotografia. [Fonte: Ilustração Portuguesa, 7 de novembro de 1910].

Uma semana depois de Balzer, os jesuítas que estavam em Caxias são também expulsos de Portugal. Rodeados de tropas, chegam à estação do Cais do Sodré. [Fonte: Ilustração Portuguesa, 14 de novembro de 1910].

Companhia de Jesus. É diretor da revista Brotéria desde 1932. Em 1933 é eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Em 1942 a Universidade do Porto confere-lhe o Doutoramento Honoris Causa, entregue a 23 de junho de 1943. Paul Balzer não fica na Inglaterra, desloca-se rapidamente para a Holanda e, alguns meses depois, para a Colômbia, onde perdemos o seu rasto. Nem sequer sabemos quando morreu: o registo civil do seu local de nascimento não recebeu a sua certidão de óbito. O clero regular é composto por todos os clérigos consagrados da Igreja Católica que seguem uma regra própria (por exemplo: jesuítas, franciscanos, dominicanos). Em geral residem em conventos. O clero secular (padres, bispos, etc.) vive junto dos leigos, nas paróquias das aldeias, vilas e cidades. 1


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e origens muito antigas (há vestígios arqueológicos que datam do Neolítico), Lugano foi ocupada pelos suíços no início do século XVI. Depois da queda de Napoleão, a cidade é, entre 1814 e 1878, uma das capitais do novo Cantão do Tessino, em alternância com Locarno e Bellinzona. Com a construção do caminho de ferro de Gotardo a população aumenta significativamente, passando de 7000 habitantes, em 1880, para 15.000, trinta anos mais tarde. Este crescimento demográfico continua

no século XX (cerca de 26.500 em 2000). Graças às agregações comunais de 2004, 2008 e 2013, a «Grande Lugano» passa a ter 65.000 habitantes. Tornase, assim, a nona cidade mais populosa do país e a segunda em superfície (75,81 km2). É a terceira praça financeira suíça. Além das instituições bancárias (90 % dos postos de trabalhos da cidade em 2000 eram nesta atividade), o comércio e o turismo constituem os dois outros setores-chave da economia local. Lugano é, também, sede da diocese, da

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Universidade da Suíça italiana, criada em 1996, e de importantes estruturas administrativas, económicas, de saúde e culturais. Pode-se ir a Lugano, que fica perto da Lombardia e de Milão, de comboio, de carro e também de avião. O aeroporto de Agno, com ligações diárias com Genebra e Zurique, fica a 6 km do centro da cidade. É também o centro de uma região muito interessante, com o lago Ceresio, as montanhas (Monte Brè e San Salvadore) e várias pequenas aldeias muito apreciadas pelos turistas.


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Parco Ciani


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Parques

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Parco Ciani: com 63.000 km2 é o pulmão da cidade e está dividido em duas partes: a primeira, com jardins à italiana e à inglesa; a segunda, mais «selvagem», com carvalhos, tílias, plátanos e áceros. Parco del Tassino: tem 21.000 m2 e fica perto da estação de caminho de ferro. A sua posição soalheira favorece o crescimento de várias espécies de rosas arbóreas, de magnólias originárias da Nova Zelândia e de raras espécies de glicínias chinesas. Parco di Villa Florida: é uma pequena pérola de 5350 m2 no estilo dos anos vinte, rodeada por palácios, hotéis históricos e vivendas antigas.

Parco degli Ulivi Parco San Grato

Parco degli Ulivi: nas encostas do Monte Brè, com cerca de 20.000 m2, contém o vinhedo da municipalidade. As escadas e os carreiros íngremes sobem e descem entre árvores e arbustos típicos do Mediterrâneo: oliveiras, louros, ciprestes, mirtos, romãzeiras, pinheiros marítimos. Pode percorrer-se o carreiro das oliveiras, com cerca de 2 km, onde se encontrarão 18 painéis didáticos sobre a história e o cultivo desta árvore. Parco San Grato: com 62.000 m2, fica a 10 km da cidade. Tem a mais completa coleção de coníferas, de rododendros e de azáleas de toda a região da Insúbria. A 690 m de altura tem-se uma vista incomparável sobre o lago Ceresio e os Alpes. Há cinco caminhos temáticos: panorâmico, para descontrair, artístico, botânico e das fábulas. Parco San Michele: com 12.000 m2, nas encostas do Monte Brè, tem o mais fascinante miradouro sobre Lugano. Aqui a vegetação também é típica do sul da Europa: carvalhos, glicínias, olmos, louros, freixos, oleandros e carpinos.


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Museus


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Terras helvéticas

Museo d’arte: fica na Villa Malpensata, numa esplêndida vivenda do século XVIII. Depois da reabertura, em 1992, tem-se dedicado sobretudo ao século XX, nomeadamente ao Impressionismo.

Villa Ciani: com o nome do palacete onde se encontra instalado, é um dos mais prestigiados museus do Cantão, nomeadamente no que diz respeito à História artística local. Tem obras de arte sobretudo da segunda metade do século XIX e da primeira do século XX.

Museo cantonale d’Arte: aberto em 1987, tem como objetivo principal a conservação de todas as obras que pertencem ao Cantão.

Museu Hermann Hesse

Museo della pesca: inaugurado em 1993, fica em Caslano. Apresenta a arte da pesca desde a Pré-História até à atualidade.

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Museo della dogane: fica em Gandria e é testemunha de uma época de grandes dificuldades, que obrigava os contrabandistas e os aduaneiros a um jogo permanente do «gato e do rato».

Museo di storia naturale: nele se pesquisa, estuda, documenta e divulga os aspetos naturais do Tessino. Gere cerca de meio milhão de peças minerais, rochas, fósseis, plantas, animais e fungos.

Museo Hermann Hesse: inaugurado em 1997, este pequeno museu, que fica em Montagnola, é dedicado à vida do escritor que viveu em Lugano os últimos 43 anos da sua vida.

Museo delle Culture: inaugurado em 1989, conserva uma grande parte de obras e objetos de duas coleções: de Serge Birignoni, que provém do Extremo Oriente, da India, da Indonésia e da Oceania; de Alfredo e Emma Nodari, que têm origem africana. É um dos centros culturais do município de Lugano.


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Catedral de San Lorenzo: com origem na Alta Idade Média, foi reconstruída no século XV. Tem uma esplêndida fachada em estilo Renascimento e o interior foi embelezado com frescos do século XIII.

Igreja di Santa Maria di Loreto: construída no século XVI, foi modificada e ampliada no século XVIII. Combina elementos renascentistas e barrocos.

Igreja di San Rocco: dedicada ao protetor dos leprosos, foi reconstruída no século XVI a partir de outra mais antiga, a pedido da população. Servia para pedir a proteção do santo padroeiro e para servir de lazareto para os doentes em alturas de epidemia. Consagrada no século XVII, foi completada no século XX.


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Igrejas Catedral

Igreja de Santa Maria degli Angeli: começou a ser construída em 1499 para celebrar, por um lado, o fim do conflito entre Guelfos e Guibelinos, por outro, para agradecer aos franciscanos o apoio que deram à população na peste do ano anterior. Foi acabada em 1500 e renovada e restaurada entre 1929 e 1930. De estilo tardo-românico, embora sóbria no exterior, tem um dos interiores mais ricos das igrejas de Lugano, com obras de Bernardino Luini, discípulo de Leonardo DaVinci, concretamente o mais famoso fresco renascentista da Suíça: «Paixão e Crucificação», de 1529.

Igreja dell’Immacolata: construída no século XIX no lugar onde havia um mosteiro medieval. Em estilo neoclássico, a atual fachada é de 1917.

Igreja di Sant’Antonio: construída no século XVII a partir de outra do século XIII.

Igreja de San Carlo Borromeo: construída no século XVII, a fachada é da autoria de Domenico Fontana e é datada de 1829. É de estilo Barroco.


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Receitas Caldo de carne (do cozido) 1 copo de leite Sal q.b. Queijo parmesão ralado q.b.

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(Preparação) Deixar o pão a amolecer no leite a ferver durante pelo menos 4 horas (o ideal será toda a noite). Desfazer o pão com as mãos e acrescentar os restantes ingredientes, exceto os pinhões e a manteiga. Pôr tudo numa forma barrada com a manteiga. Pôr os pinhões por cima e deixar a cozer no

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Torta di pane (Bolo de pão) (Ingredientes) 300 g de pão duro 5 amaretti (biscoitos feitos à base de amêndoas moídas, açúcar e claras de ovos) 1 litro de leite 1 ovo 1 pitada de sal 1 limão completo (sumo e casca) 150 a 200 g de açúcar 1 colher de cacau 1 copinho de aguardente 200 g de passas de uva 1 saqueta de baunilha 50 g de cidra (espécie de limão asiático) 50 g de pinhões Manteiga

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Risotto com cogumelos e açafrão (Ingredientes) 8 mãos de arroz (Superfino, Carnaroli, Arborio) 50 g de cogumelos (boletos) secos Chalottes (ou cebolas) 1 dente de alho 1 copo de vinho branco ou tinto 30 g de manteiga 2 colheres de azeite extravirgem 1 saqueta de açafrão

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(Preparação) Cortar a cebola ao meio e alourar bem numa frigideira antiaderente até ficar escura. Espetar um cravo-de-cabecinha na cebola alourada. Numa panela grande com água e sal pôr os vegetais e, quando estiverem a ferver, pôr a carne, exceto o cotechino (que tem de cozer à parte). Ter cuidado com os tempos de cozedura das carnes e dos vegetais que são diferentes. À medida que o caldo se evapora ir acrescentando água. Servir a carne com batatas cozidas à parte. P. S. Cada um compra a carne a seu gosto, convindo que seja gelatinosa. Pode aproveitar-se o caldo para fazer um risotto no dia seguinte.

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Bollito misto (Cozido de carnes) (Ingredientes) (para 6 pessoas) 1,250 g de carne de vaca para cozer 250 g de cabeça de vitela (pode ser língua) 250 g de mão de vitela 1 cotechino (enchido de carne de porco) 1 galinha 2 cenouras 2 ramos de aipo 2 cebolas 1 alho francês 1 folha de louro 1 cravo de cabecinha Sal q.b.

(Preparação) Pôr os cogumelos em água morna (ou leite) para amolecerem. Escoar a água e cortá-los. Cortar as chalottes e o dente de alho muito finos. Alourar tudo numa caçarola, acrescentando os cogumelos e o arroz. Mexer tudo muito bem uns minutos até tostar o arroz antes de pôr o vinho. Mexer até que o vinho se evapore e a seguir pôr o caldo (a pouco e pouco ou todo de uma vez). Mexer de vez em quando para que não se pegue. Acrescentar o açafrão que se pode dissolver numa chávena do próprio caldo. Ao todo o arroz tem de cozer cerca de 20 minutos. Quando estiver quase pronto acrescentar o queijo ralado e uma colher de manteiga. Misturar para que tudo fique bem uniforme. Deixar descansar alguns minutos e servir.

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Palazzo Riva – Piazza Manzoni (Edifício)

21 Biblioteca Cantonale

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Palazzi Riva – Piazza Cioccaro (Edifício)

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Palazzi Riva – Via Pretorio (Edifício)

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Cattedrale San Lorenzo

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Chiesa Sant’Antonio (Igreja)

25 Lido (Praia e piscinas)

10 Chiesa dell’Immacolata (Igreja)

26 Porto comunale alla Foce

11 Chiesa San Rocco (Igreja)

27 Centro Esposizioni

12 Museo Cantonale d’Arte 13 Palazzo Gargantini (Edifício) 14 Casinò Lugano 15 Villa Ciani (Museu) 16 Palazzo dei Congressi (Centro de Congressos)

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Terras helvéticas

Ente Turistico del Luganese Palazzo Civico - Riva Albertolli 6900 Lugano Tel. +41 (0)58 866 66 00 Fax +41 (0)58 866 66 09 info@luganoturismo.ch www.luganoturismo.ch

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POSTAL DE LISBOA Joaquim Vieira Ensaista mailtovieira@gmail.com

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uem ler hoje um jornal em Portugal depara-se com mais do que uma maneira de escrever certas palavras. Termos da língua portuguesa podem aparecer grafados de uma maneira na publicidade e de outra em textos editoriais. Ou, entre esses mesmos textos, aparecem autores que fazem questão de escrever de um modo e quem insista em fazê-lo de outro. A regra que tem imperado nos últimos anos é só uma: não há regra. Tudo se deve à circunstância de ter sido aprovado entre todos os países de língua oficial portuguesa, há perto de um quarto de século, um Acordo Ortográfico (AO) que as autoridades não têm tido vontade ou força política para considerar como definitivo. Existem muitos políticos que se gabam de tomar as decisões mais difíceis, doa a quem doer, porque entendem ser as decisões corretas, pelo que é muito estranho que quem manda em Portugal não decida, de uma vez por todas, sobre o AO. Ainda há meses o tema voltou à arena (como sucede periodicamente), com a discussão na Assembleia da República de uma petição contra o acordo, mas, como de costume, a conclusão foi nem sim, nem não, antes pelo contrário – tudo como antes. Ninguém ousa mexer no assunto, que se vai empurrando com a barriga à espera de que quem venha a seguir trate de o resolver. E assim se perfaz uma geração quase inteira em que não possuímos uma ortografia unificada, mas sim duas

ou três, consoante os gostos da cada um. Custa ver que nas escolas se ensina as crianças a escreverem de uma certa maneira (já segundo o AO) e que se lhes exija rigor e respeito pelas regras para depois elas perceberem que rigor é o que menos existe na escrita de todos os dias. É, no mínimo, antipedagógico, pois a ideia espalha-se para outras áreas, levando uma geração inteira a concluir que o rigor não é importante na vida de todos nós.

se modo, e acho que quem de direito devia também pôr os seus receios de lado. É que a essência de uma língua é a sua oralidade, não a sua escrita. Podíamos até escrever em cirílico que a nossa língua continuava a ser o português. A escrita não é mais do que um código unificado, definido por uma autoridade investida dos poderes legítimos para o efeito (como foi o caso da elaboração do AO). Esse código, desejavelmente, deve ser seguido por todos, para que todos possam comunicar entre si e entender-se. No passado já houve entre nós outras reformas ortográficas (sem este drama, apesar da costumeira resistência de opositores de ocasião – Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, por exemplo, ambos em relação às alterações ocorridas em 1911), tal como haverá novas reformas no futuro, mas temos de reconhecer que não existe uma ortografia perfeita, pura, e que ela nunca será atingida, nem em português nem em nenhuma outra língua. No entanto, a ortografia deve ser tão dinâmica como a língua, aproximando-se o mais possível da fala e facilitando-se assim a sua aprendizagem. Portanto, senhores do poder, tomem isto em consideração e decidam, por favor – tenham a coragem que tanto apregoam! Apesar de há dois anos eu ter adotado o AO, respeitarei a decisão, seja ela qual for, desde que me deixem continuar a falar em português.

A mixórdia ortográfica Parece, na verdade, que os políticos vivem de consciência atormentada, com receio de porem em prática a sua decisão de 1990 (e depois ratificada no parlamento), preferindo que nem se fale sobre isso. A sua hesitação tem que ver com as ações de protesto levadas a cabo pelos opositores ao AO, que profetizam para a língua portuguesa pouco menos do que o apocalipse, caso as mudanças previstas se tornem definitivas. Eu, contudo, não vejo as coisas des-


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Henrique Manuel Pereira Prof. da Univiversidade Católica do Porto - Escola das Artes hpereira@porto.ucp.pt

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POSTAL DO PORTO HÁ NA CIDADE DO PORTO UMA ESTÁTUA JUNTO DA QUAL, TODOS OS DIAS, HÁ MAIS DE 50 ANOS, ALGUÉM DEPOSITA FLORES FRESCAS. TALVEZ SEJA CASO ÚNICO NO MUNDO.

para quem muito se ama

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uerendo ser expressão da imortalidade simbólica, é próprio das estátuas serem lugares de esquecimento e indiferença. Não raro, anónimas para quem por elas passa, apenas com as aves mantêm intimidade e relação. Não sucede assim com a estátua da Praça da República, na cidade Invicta. Esculpida em bronze por Henrique Moreira e assente em pedestal de granito, representa o Padre Américo vestido de batina, em acolhimento a duas crianças. Foi inaugurada a 16 de Julho de 1961, cinco anos após a sua morte. «Contam-se por muitos milhares», escrevia o Diário de Lisboa, «os que, sem eira nem beira, vagueando pelos bancos dos jardins durante o dia, dormindo nas soleiras dos portais, misturados com o lixo das cidades, o bondoso sacerdote tornou em elementos preciosos». E mais adiante: «Mãos de mulheres, de crianças cobriram de flores o pedestal. Houve quem beijasse o solo e os pés da estátua, molhando-os com as suas lágrimas». Volvidos mais de 50 anos, todos os dias, sem exceção, mãos anónimas ali colocam flores em idêntico tributo e gratidão. Pouco importa que as jarras desapareçam, improvisam-se outras que cumpram o mesmo fim sem suscitar cobiças. Chamam-lhe recoveiro dos pobres, revolucionário pacífico, pedagogo e modelo de caridade, educador da liberdade, místico na ação, empreendedor social, mestre da palavra, renovador de mentalidades, percursor do Vaticano II. Sendo tudo isso, não cabe em

nenhum espartilho. Padre Américo torna impossível qualquer definição. Desalinhado com o sistema, sempre em contra corrente, pautado apenas pelo Evangelho, incomodou o poder (o político, o religioso…) e desassossegou consciências. Preferiu os mais frágeis: as crianças da rua, quando pela Europa se ouviam ainda os canhões da 2.ª guerra mundial. Portugal inteiro, colónias e Brasil acreditaram nele, na sua palavra, na sua obra, na sua simplicidade sem exibicionismo. Amaram-no. Chamaram-lhe Pai Américo. E como tal choraram a sua morte. Quis ser sepultado de batina e descalço. Dizem os jornais da época que no dia seguinte ao seu velório tinha ainda o rosto quente dos beijos sucessivos com que o povo, em romagem à igreja da Trindade, dele se despediu. Pelos relatos da imprensa e pela comoção oral de quem o presenciou, nunca o Porto terá vivido um funeral tão emotivo e com tão grande multidão. Está em curso o seu processo de canonização, mas há muito que Padre Américo é santo no coração do povo. Ninguém contesta que a história da Igreja em Portugal, sobretudo no âmbito da ação social e pensamento pedagógico, não pode ser feita à margem da Obra da Rua. Em 2009, a Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu-lhe o Prémio Educação. Consciente ou inconscientemente, há quem queira fazer dele um simples homem bom. Ora «se ele, depois de quarenta anos de vida agitada e dissipada, conseguiu ser um ”homem bom”, foi porque era sacerdote e era santo».

Estátua do Pe. Américo na Praça da República – Porto (Fotografia de Rita Mendes)

SÍNTESE DE UMA VIDA E OBRA EXTRAORDINÁRIAS Américo Monteiro de Aguiar nasceu em Galegos, Penafiel, a 23 de Outubro de 1887 e faleceu no Porto em 16 de Julho de 1956, vítima de acidente de viação. Fez a escola primária na sua terra natal, continuando os estudos no Colégio do Carmo (Penafiel) e depois no Colégio de Santa Quitéria (Felgueiras). Em 1902 mudou-se para o Porto, onde começou a trabalhar numa loja de ferragens. Quatro anos depois foi para Moçambique trabalhar como despachante. Em 1923 inicia a ligação à vida monástica no Convento de Santo António de Vilariño, em Tui. Com dificuldades de adaptação, tenta, em 1925, ingressar no Seminário do Porto, mas o bispo, D. António Barbosa Leão, não acede ao seu pedido. Seria D. Manuel Coelho da Silva, bispo de Coimbra, a acolhê-lo ainda nesse ano. Ordenado em 1929, Pe. Américo assume a Sopa dos Pobres e, em 1940, em Miranda do Corvo, funda a primeira Casa do Gaiato para crianças abandonadas. Começa aí Obra da Rua que se expande por todo o País. Em 1944 sai o primeiro número do jornal O Gaiato. Em 1951 inicia as primeiras casas do Património dos Pobres, sob o lema «Cada freguesia cuide dos seus Pobres», construindo-se mais de 3500 moradias em Portugal Continental, Madeira, Açores, Angola e Moçambique. Em 1954 toma posse da Quinta da Torre, em Beire (Paredes), onde surge o Calvário, casa para doentes incuráveis e sem apoio familiar. Jaz em campa rasa na capela da Casa do Gaiato de Paço de Sousa. Após a sua morte, a Obra da Rua fundou as casas de Angola (Malange e Benguela, 1963) e Moçambique (Lourenço Marques, 1967), configurando uma expressão objetiva da Cultura Lusófona.


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Temas económicos

O triângulo das impossibilidades da política orçamental

Ricardo Paes Mamede Professor do Departamento de Economia Política do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa ricardo.mamede@iscte.pt

NOS ÚLTIMOS MESES TÊM SURGIDO DIVERSAS PROPOSTAS DE REESTRUTURAÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA DOS PAÍSES MAIS ENDIVIDADOS DA UE. ESTAS PROPOSTAS – E A DIVERSIDADE DE POSICIONAMENTOS POLÍTICOS DE QUEM AS APRESENTA – REFLECTEM UMA CONVICÇÃO CRESCENTE DE QUE NÃO É POSSÍVEL PERSPECTIVAR UMA RECUPERAÇÃO ECONÓMICA SUSTENTADA NA EUROPA SEM REDUZIR O FARDO DA DÍVIDA QUE ALGUNS PAÍSES ENFRENTAM. NO ENTANTO, AS INSTITUIÇÕES DA UE E VÁRIOS GOVERNOS EUROPEUS – INCLUINDO O PORTUGUÊS – MOSTRAM-SE DETERMINADOS EM PROSSEGUIR A ESTRATÉGIA SEGUIDA ATÉ AGORA, NÃO REVELANDO QUALQUER DISPONIBILIDADE PARA AJUSTAR O PROCESSO DE REEQUILÍBRIO DAS CONTAS PÚBLICAS NACIONAIS ÀS CONDIÇÕES REAIS DAS ECONOMIAS. É IMPORTANTE PERCEBERMOS QUÃO IRREALISTA É A ESTRATÉGIA QUE OS PODERES DOMINANTES NA EUROPA INSISTEM EM PROSSEGUIR. E QUE CONSEQUÊNCIAS PODERÁ TER A OBSTINAÇÃO EM SEGUIR PELA MESMA VIA. É ISSO QUE FAZEMOS NESTE TEXTO.

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situação em que a economia portuguesa se encontra sugere que estamos confrontados com o que podemos designar de «triângulo das impossibilidades da política orçamental». Assumindo que o crescimento económico recupera nos próximos anos para os níveis previstos pelo governo, pelo Banco de Portugal e pelas instituições internacionais (OCDE, FMI, Comissão Europeia, etc.), o Estado português terá de escolher (na melhor das hipóteses) duas das três seguintes opções:


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Temas económicos 1.ª − Cumprir do Tratado Orçamental; 2.ª − Pagar a dívida pública nos termos actualmente previstos; 3.ª − Preservar um Estado Social típico de uma sociedade desenvolvida. O Documento de Estratégia Orçamental 2014-2018 (DEO), apresentado pelo governo português em Abril de 2014, mostra-nos uma escolha possível: esta consiste em sacrificar a 3.ª opção a favor das duas primeiras. De facto, os valores previstos para as variáveis macroeconómicas (nomeadamente, um crescimento nominal do PIB de 3,6% a partir de 2017), conjugados com a manutenção dos níveis médios actuais da taxa de juro, permitem que o Tratado Orçamental seja cumprido a partir de 2018 sem necessidade de uma reestruturação da dívida pública. Para tal, diz-nos o DEO, basta apenas que… «o Estado português registe saldos orçamentais primários entre 1,8% e 4,2% do PIB até 2018». Para percebermos o que isto representa, convido o leitor a (re)ler o meu

texto «Irrealismo ou barbárie», publicado no blog Ladrões de Bicicletas de 20 de Fevereiro passado (http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/02/ irrealismo-ou-barbarie.html). O exercício aí apresentado assumia saldos orçamentais que não seriam superiores a 3,2% do PIB. Já com esses valores se podia ver que tal só seria possível com uma redução do papel do Estado nunca vista a nível europeu. O que o DEO mostra é que o governo se propõe ir além do impossível, fazendo, durante mais de uma década, o que não mais do que um punhado de estados fez, uma vez sem exemplo, nos últimos 17 anos − e sempre em condições mais favoráveis do que as nossas. Cálculos semelhantes aos que fiz nesse texto permitem verificar que, caso o crescimento económico fosse tão bom quanto nos prometem, seria possível manter saldos orçamentais inferiores a 1% do PIB (o que é admissível em contextos de bonança) e ainda escolher uma de duas opções:

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1.ª − Cumprir o Tratado Orçamental; 2.ª − Pagar a dívida pública nos termos contratados com os credores. Querer fazer ambas e preservar um Estado Social digno desse nome é que não é possível, nem nos cenários mais animadores. E quem diz o contrário tem a obrigação de o demonstrar. O «triângulo das impossibilidades da política orçamental» torna-se mais exigente se o crescimento económico ficar aquém das previsões (o que não seria novidade) e/ou as taxas de juro começarem a subir novamente (uma possibilidade que não pode ser ignorada). Nesse cenário, o Estado português poderia escolher apenas uma das três opções. Seria bom que quem se apresenta a eleições fosse convidado a declarar publicamente qual das escolhas faria em cada um dos cenários. Só para sabermos com que contamos. Nota: O autor apresentou-nos o texto na ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico, que iremos manter.


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Temas económicos

Regressar às verdadeiras

origens da crise «No dia 4 de Abril de 2011, pelas 10.30 da manhã, Carlos Costa (…) aconselha os banqueiros: ”Vocês não podem continuar a financiar [as emissões de dívida portuguesa]. O risco é afundarem-se os bancos, a parte sã, e a República, que é a parte que criou o problema.”

Nuno Serra Geógrafo, doutorando na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra nuno.serra@gmail.com

Esta era a visão do regulador do sistema bancário: os bancos eram a ”parte sã”, a República ”o problema”.» (Paulo Pena, Jogos de Poder, pág. 15-16).

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m entrevista ao jornal Público, a 11 de Maio de 2011 (1), Phillipe Legrain, o insuspeito ex-conselheiro de Durão Barroso, afirmava com toda a clareza: uma grande parte da explicação para a crise que estamos a atravessar «é que o sector bancário dominou os governos de todos os países e as instituições da zona euro», pelo «que, quando a crise financeira rebentou, foram todos a correr salvar os bancos, com consequências muito severas para as finanças públicas

e sem resolver os problemas do sector bancário». Para o economista, «o que começou por ser uma crise bancária (...) acabou por se transformar numa crise da dívida (...) em que as instituições europeias funcionaram como instrumentos para os credores imporem a sua vontade aos devedores». Pelo que, «em vez de enfrentar os problemas do sector bancário, a Europa entrou numa corrida à austeridade colectiva que provocou recessões desnecessariamente longas e tão severas que agravaram a situa-

ção das finanças públicas». Assim, segundo Philippe Legrain, foi a prioridade concedida pelos governos à defesa dos interesses da banca, em detrimento dos interesses dos cidadãos, que fez que os programas de ajustamento aplicados a Portugal e à Grécia constituíssem, de facto, verdadeiros resgates aos bancos europeus. Num momento em que a crise no Banco Espírito Santo (BES) faz temer a reedição da catástrofe do Banco Português de Negócios (BPN), relati-

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Temas económicos

vamente aos seus potenciais impactos, as declarações de Carlos Costa e de Phillipe Legrain surgem como palavras a que o vento volta involuntariamente a dar voz, como se de uma espécie de «eco» se tratasse. Para nos lembrar que, cerca de seis anos depois do início da crise, no momento em que era o próprio capitalismo que parecia entrar em colapso, ainda não despertámos do sono em que fomos mergulhados, povoado pela falsa narrativa do termos «andado a viver acima das nossas possibilidades» e do «Estado gordo e ineficiente». Isto é, os fundamentos que legitimaram a adopção das políticas de austeridade que encobriram a verdadeira genealogia da crise (fruto da desregulamentação e liberalização dos sistemas bancário e financeiro) e cujo fracasso e impactos destrutivos se tornam cada vez mais evidente aos olhos da opinião pública.

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Torna-se, pois, cada vez mais urgente desmascarar este habilidoso passe de mágica que transmutou, com grande eficácia, a crise do sistema financeiro numa crise dos Estados, das políticas públicas e das dívidas soberanas. E revisitar, neste tempo de férias e de leituras, algumas das interpretações mais rea-

Bern: Embaixada de Portugal Fribourg: Agência Leitão Genève: Consulado-Geral de Portugal Alsa - Eurolines Voyages (Escritório e autocarros da linha Portugal/Suíça/Portugal) Boulangeries BOM GOSTO Brasserie du Lignon Banco BPI Banco Espírito Santo Banco Millennium BCP Banco Montepio Geral Banco Santander Totta Caixa Geral de Depósitos Cepeda Voyages

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listas e esclarecedoras sobre as verdadeiras origens da crise, que um conjunto de trabalhos tem há muito vindo a estabelecer. Para além dos dois recentes livros: European Spring: Why our economies and politics are in a mess – and how to put them right (2014), de Phillipe Legrain, e Jogos de Poder: Toda a verdade sobre os bancos portugueses e a forma como criaram a dívida que todos estamos a pagar (2014), de Paulo Pena, recupere-se, igualmente, o Manifesto dos Economistas Aterrados (2011), de Philippe Askenazy, André Orléan, Thomas Coutrot e Henri Sterdyniak e A crise, a troika e as alternativas urgentes (2013), este editado pela Tinta da China. (1) http://www.publico.pt/economia/noticia/ ajudas-a-portugal-e-grecia-foram-resgates-aos-bancos-alemaes-1635405?page=-1 Nota: O autor apresentou-nos o texto na ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico, que iremos manter.

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Temas económicos

O rapto da Alexandre Abreu Economista, investigador, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão alexjabreu@gmail.com

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Europa

iz-se dos mitos que são histórias falsas que contam verdades. Assim parece suceder no caso de Europa, a princesa da mitologia grega a quem o nosso continente deve o seu nome. Dotada de notável beleza, levaria Zeus a assumir

a forma de um atraente touro branco a fim de seduzi-la, raptá-la e violentá-la. Ora, embora os antigos gregos seguramente não o tivessem antecipado, trata-se de uma parábola quase perfeita do que tem vindo a suceder ao projecto europeu nas últimas décadas.

Tal como a Europa mitológica, também o projecto de integração europeia é, nas suas origens e nas suas aspirações mais elevadas, essencialmente caracterizado pela beleza e pela nobreza dos ideais. Na sua raiz estão ideais de humanismo, cosmopolitismo e, so-


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Temas económicos bretudo, de paz – promovidos através da interdependência económica num continente traumatizado por duas guerras mundiais. Mas tal como a Europa mitológica, também o projecto europeu haveria de atrair atenções nefastas. Assumindo a forma sedutora de uma promessa de prosperidade através da liberalização da economia, a ideologia neoliberal, após tornar-se hegemónica na década de 1980, conseguiu tomar conta dos destinos do projecto europeu e, aos poucos, subvertê-lo. O sedutor touro branco do neoliberalismo consumaria o rapto através da liberalização da circulação de capitais e da adopção de uma agenda generalizada de desregulação dos mercados – em especial, do mercado de trabalho. O resultado foi a gradual mas inexorável abolição dos fundamentos da regulação económica das décadas de prosperidade do pós-guerra: os controlos de capitais; a subordinação do poder económico

à soberania democrática; a robustez dos mecanismos de regulação laboral e concertação social que defendem os salários directos; e as diversas vertentes do Estado social. Na Europa violentada pelo neoliberalismo o poder económico já não se subordina ao poder político democrático – veja-se como as decisões do BCE escapam a qualquer escrutínio democrático, como os referendos com resultados «indesejáveis» são repetidos as vezes que forem necessárias, ou como os tratados europeus impõem opções específicas de política económica, tornadas obrigatórias. Na Europa violentada pelo neoliberalismo, a liberdade irrestrita concedida ao capital incentiva uma «corrida para o fundo» em matéria fiscal e de direitos, implica que cada vez mais sejam os trabalhadores e os consumidores (e não as empresas ou os seus proprietários) quem paga impostos, e impõe

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uma lógica inescapável de cortes nos serviços públicos. Na Europa violentada pelo neoliberalismo, a riqueza está cada vez mais concentrada nas mãos de uns poucos, a coesão social e o desenvolvimento estão ameaçados, e o crescimento do peso dos partidos eurocépticos xenófobos exprime a indignação de um eleitorado que se sente enganado, ainda que dirija a sua indignação para os alvos errados (os imigrantes e os mais pobres). Ainda estamos a tempo de resgatar a Europa das mãos dos seus raptores e torná-la novamente num espaço de promoção do desenvolvimento, da prosperidade e da coesão social. Para isso, porém, é necessário começar por perceber tudo o que foi deliberadamente feito de errado nas últimas três décadas. Nota: O autor apresentou-nos o texto na ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico, que iremos manter.


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Especial Suíça

Governo helvético quer mudar a lei dos fundos das Caixas de Pensão

Adelino Sá a_sa@gazetalusofona.ch

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governo helvético prepara-se para mudar, em breve, as regras dos fundos das Caixas de Pensão. Se tal acontecer − e muito provavelmente acontecerá −, não será mais possível levantar parte desses fundos para comprar casa própria ou para se dar início a um negócio. Com esta iniciativa pretende-se evitar que as pessoas solicitem complementos de pensão na idade da reforma, dado que, para muitas delas, depois de levantarem os seus fundos, aquilo a que têm direito da AHV/AVS não é suficiente para uma existência digna no país helvético. Segundo os números apresentados, 300 mil pessoas solicitaram um complemento de reforma na Suíça. A reforma da AHV/AVS está limitada a um montante máximo de 2340 francos por mês para quem tiver 44 anos de descontos e um salário médio de 84 mil francos anuais. Quer isto dizer que existe, então, uma tabela consoante os rendimentos de uma pessoa segurada durante a sua vida laboral ativa, que depois corresponderá a uma mensalidade ao atingir-se a idade da reforma: aos 64 anos para as mulheres e aos 65 para os homens. Mas não é tudo. Segundo algumas vozes mais críticas quer-se limitar por completo o levantamento dos fundos das Caixas de Pensão às pessoas. Pela lei atual uma pessoa pode levantar os seus fundos se estiver a 5 anos do limite da idade da reforma – aos 59 anos para as mulheres e aos 60 para os homens.

Os fundos das Caixas de Pensão foram introduzidos em janeiro de 1985 e são um complemento de reforma que está sujeito a uma taxa de conversão. Essa taxa atualmente é de 6.8%, mas muitas empresas seguradoras, de entre as quais se destacam a Swiscanto e a Winterthur, há muito que pedem que a mesma desça até aos 5%. Está mesmo previsto que desça para 6,1% no próximo ano. E o que é a taxa de conversão? É a taxa que regula os rendimentos de um segurado quando este atingir a idade da reforma. Um exemplo: aos valores atuais cada 100 mil francos correspondem a 6800 francos de rendimento, que serão divididos pelos 12 meses de um ano. O valor alcançado será o complemento de reforma que se junta ao que se tem direito a receber da AHV/AVS. Em 2007 foi assinado um acordo que permite o levantamento dos fundos por qualquer pessoa que deixe a Suíça e que não tenha ligações à Segurança Social do país de residência, desde que este pertença à União Europeia. Caso assim seja, como ficará então esse acordo assinado em 2007? Como foi referido no início deste texto, o governo quer mudar as regras e tal foi amplamente anunciado nos media helvéticos. Vamos estar atentos e daremos conta proximamente do que se irá passar. No entanto, publicamos mais uma vez o acordo atual e comparemo-lo depois com a lei que está para sair.

Fundos das Caixas de Pensões: as perguntas mais importantes Até quando posso levantar o meu capital? A prestação de saída disponível das Caixas de Pensão (o dinheiro que cada pessoa pode levantar da sua Caixa de Pensão) pode ser levantada quando se sair definitivamente da Suíça antes da idade da reforma, mas com duas condições: 1.ª − Se a saída ocorrer para um país que não seja membro da UE ou para um Estado

da UE que tenha celebrado o acordo administrativo, como é o caso de Portugal, Espanha, Itália e Áustria; 2.ª − Só se poderá levantar essa prestação de saída em capital se não se estiver obrigatoriamente sujeito a um seguro de velhice no país de chegada. Atenção: O reembolso do capital pode efetuar-se por ocasião da reforma normal ou da reforma antecipada, se o Regulamento da Caixa de Pensão de cada um assim o permitir. Normalmente isto deve ser comunicado a tempo à instituição de previdência, isto é, antes da data da aposentação. Existem, no entanto, algumas considerações a ter em conta conforme os estatutos da Caixa de Pensão onde se está segurado. O reembolso em capital é também possível por ocasião da reforma? Sim, aquando da reforma normal ou da reforma antecipada é possível o reembolso do capital desde que o Regulamento da Caixa de Pensão da pessoa em causa o permita. De qualquer modo, 1/4 do capital pode ser levantado em dinheiro. Pode-se levantar o capital adiantadamente para a aquisição de habitação própria? Até aos 50 anos de idade os segurados podem levantar uma quantia até ao montante das prestações de livre passagem (o dinheiro que passa de uma Caixa de Pensão para outra quando se muda de posto de trabalho e este não pertence à mesma Caixa de Pensão) para a aquisição de habitação para uso próprio (moradia ou apartamento). Quem já tiver ultrapassado os 50 anos pode levantar, no máximo, as prestações de livre passagem a que teria direito com essa idade ou a metade dessas prestações no momento do reembolso. Esse capital também poderá ser usado para a aquisição de habitação para uso próprio no estrangeiro, caso os estatutos da Caixa de Pensão do segurado o permitam.


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Especial Suíça Haverá o reembolso do capital no caso de o segurado iniciar uma atividade profissional por conta própria? Quem na Suíça iniciar uma atividade profissional independente (não uma GmbH, isto é, uma S. A. ou Sociedade de Responsabilidade Limitada), abrindo um negócio e deixando de trabalhar por conta de outrem, pode requerer o reembolso das prestações de saída à sua Caixa de Pensão. Isto também se aplica aos estrangeiros que se tornem trabalhadores independentes. Em todo o caso, isto não é válido para as pessoas que se tornem independentes num Estado-membro da UE. Na maior parte dos países da UE os trabalhadores independentes estão sujeitos ao seguro obrigatório, portanto, depende do país de destino e depende também se os trabalhadores independentes nele estão sujeitos ou não ao seguro obrigatório. Caso estejam não poderá ser feito o reembolso da prestação de saída da parte obrigatória. Nos casos de reembolso em capital ou de levantamento para aquisição de habitação própria é necessário o consentimento e a assinatura do cônjuge.

Ao sair-se definitivamente da Suíça antes da idade da reforma é possível o reembolso do capital? A partir de 1 de junho de 2007 o reembolso das prestações de saída da parte obrigatória do capital das Caixas de Pensões tornou-se possível em duas situações: 1.ª − Para as pessoas que abandonem definitivamente a Suíça nos 5 anos ou mais antes da reforma e forem para um Estado-membro da UE; 2.ª − Se essas pessoas não estiverem sujeitas ao seguro obrigatório de velhice, com 90 dias de espera para o pagamento do mesmo. Deve referir-se que existem alguns casos em que o período vai muito além dos 90 dias previstos no acordo. Temos conhecimento de casos que levaram mais de um ano para que os fundos fossem pagos. De outra forma, a prestação de saída obrigatória será transferida para um banco e depositada numa conta bloqueada ou será feita uma apólice de seguro que só poderá ser levantada 5 anos antes de se atingir a idade oficial de reforma. Cada um determina se prefere uma conta no banco ou uma apólice de livre passagem.

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Atenção: As autoridades suíças, portuguesas, italianas, espanholas e austríacas celebraram um acordo de transferência de dados para poderem confirmar, de uma forma simples e atempadamente (após 90 dias), se a pessoa em causa no país natal não está sujeita ao seguro social obrigatório e se o capital pode ser reembolsado, caso se deseje que isso aconteça. Informem-se antecipadamente onde estão os vossos fundos de pensão. Há muitas pessoas que trabalharam para diferentes empregadores e não sabem para que entidades foram enviados os seus descontos. Podem fazê-lo por escrito para os seguintes endereços: Stiftung Auffangeinrichtung BVG Wiederanschlusskontrolle Weststrasse 50, 8003 Zürich ou BVG- und Stiftungsaufsicht Autorité bernoise de surveillance des institutions de prévoyance Belpstrasse 48, 3007 Bern Nota: Juntem uma cópia do vosso cartão da AHV/ AVS


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Escrever e falar, sem erros dar

O verbo intervir Tem hoje início, com a presente edição desta tão meritória publicação, uma nova rubrica. Rubrica que visa não só contribuir para (igualmente) difundir o amor à nossa língua portuguesa como também ajudar a refletir sobre a forma de se evitar recorrentes erros em português. Luciana Graça Professora de Português, Latim e Grego luciana.luciana.28@gmail.com

Caso: • Criador de Alien morre aos 74 anos. O artista suíço Hans Ruedi Giger morreu ontem aos 74 anos de ferimentos resultantes de uma queda. HR Giger ficou conhecido pelas criaturas que desenhou para Alien, filme realizado por Ridley Scott e que se transformou numa franchise cinematográfica lucrativa. Alien deu a HR Giger o Óscar para melhores efeitos especiais em 1980. (…) Giger também interviu artísticamente em filmes como Dune (1984), Poltergeist II (1986), Alien 3 (1992) e Species (1995). (In Dinheiro Vivo, 201405-13). • Os secretários de Estado José Cesário e Pedro Lomba interviram no sentido de anunciar novas medidas do Governo de Portugal de apoio a uma rede que permita aos meios

Em relação ao caso hoje em análise, escolhemos um erro deveras comum: a conjugação do verbo «intervir», no pretérito perfeito do indicativo. portugueses na Diáspora permanecerem em contacto, como forma de partilha de projetos que aproximem a imigração portuguesa. (In Palop news, 2014-04-17). As formas «interviu» e «interviram» estão em negrito e sublinhadas, porque as mesmas estão, na verdade, erradas. E continuemos a ler. As formas corretas são dadas já a seguir.

Comentário: • «intervir» é um verbo derivado de «vir» (e não, portanto, do verbo «ver»!); • ora, os verbos derivados seguem o paradigma de conjugação do verbo de base, ou seja, o verbo a partir do qual são formados (no caso aqui em análise, o verbo «vir» é o verbo de base do verbo «intervir»);

• e, como também sabemos, o pretérito perfeito do indicativo do verbo «vir» conjuga-se da seguinte forma: eu vim, tu vieste, ele/ela veio, nós viemos, vós viestes, eles/elas vieram; • portanto, o pretérito perfeito do indicativo do verbo «intervir» conjuga-se assim: eu intervim, tu intervieste, ele/ela interveio, nós interviemos, vós interviestes, eles/ elas intervieram; • logo, e nos casos acima em estudo, devemos dizer «interveio» e «intervieram».

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Educação e ensino

As pessoas fazem Lurdes Gonçalves Coordenadora de Ensino de Português epse@bluewin.ch

a diferença

Alfred Marshall (1842-1924), economista inglês, responsável por sistematizar a ideia de que o valor de um produto é determinado pela sua procura e pelo custo de produção (um princípio hoje banal no nosso quotidiano), afirmou que «o mais valioso entre todos os capitais é aquele investido em seres humanos». Na verdade, cada vez mais se constata e sublinha a veracidade e a importância desta última afirmação. Daí que a Educação seja considerada uma área fulcral para o crescimento saudável e harmonioso do indivíduo e, consequentemente, das sociedades. Para além da possibilidade de ligação às raízes portuguesas através do estudo da Língua e da Cultura, esta noção é também o que alimenta a vontade de muitos encarregados de educação ao matricularem os seus educandos dos Cursos de Língua e Cultura Portuguesas. A certeza de uma educação sólida, variada e rica é um pressuposto essencial para o sucesso, não só profissional mas, sobretudo, pessoal. Muitos são os casos em que a motivação para a frequência dos cursos parece ser maior da parte dos pais que da parte dos próprios filhos, dado que os cursos se realizam após o horário da escola suíça, representando para os alunos um prolongamento do seu horário letivo e, consequentemente, mais trabalho. Assim, a tarefa dos docentes de EPE situa-se no necessário equilíbrio entre a gestão curricular dos conteúdos linguísticos e culturais a trabalhar e a gestão da dimensão afetiva que liga os alunos à raízes da Cultura portuguesa. Efetivamente, a construção da relação entre professores e alunos ultrapassa o aspeto cognitivo e relaciona-se com o aspeto emocional, promovendo o crescimento global do aluno. Assim, se por um lado se con-

sidera o aluno o eixo do processo de ensino-aprendizagem, por outro, considera-se o professor a sua força impulsionadora. Andy Hargreaves (2000) é um dos investigadores da Educação que identifica as emoções como o coração do ensino e salienta quatro aspetos essenciais na relação que cada professor estabelece com os seus alunos: 1.º − Ensinar é uma prática emocional; 2.º − Ensinar e aprender envolvem uma compreensão emocional; 3.º − Ensinar é uma forma de trabalho emocional; 4.º − As emoções dos professores são inseparáveis dos objetivos que eles prosseguem e da sua capacidade para os alcançar. O trabalho de acompanhamento pedagógico dos docentes de EPE proporcionou-me experienciar o modo como estes se relacionam com os seus alunos, com os seus encarregados de educação e, naturalmente, com o o seu trabalho; por isso, tive oportunidade de testemunhar as particularidades que caracterizam o EPE, onde as pessoas fazem a diferença. Tal como num puzzle, onde todas as peças são importantes para a construção da imagem completa, no EPE todos os intervenientes são fundamentais para o sucesso das aprendizagens dos alunos, do trabalho dos professores e da satisfação dos pais e encarregados de educação. Os exemplos de atividades que vão para lá da sala da aula, e que aqui têm sido partilhadas pelos docentes, são testemunhos do envolvimento pessoal e afetivo de todos. É desta forma que também se cuida e preserva a Língua e a Cultura portuguesas na Suíça, fazendo a diferença que alimenta e renova o interesse e o empenho de todos nos Cursos de Língua e Cultura Portuguesas.

Notas Informativas: − Realizou-se em 17 de maio, na Embaixada de Portugal em Berna, a entrega dos prémios aos vencedores do concurso Logótipo para a página web do Ensino de Português na Suíça, bem como a (re)abertura oficial da referida página web www. ensinoportugues.ch; Vencedores: 1.º prémio: Beatriz Pinto Guerreiro e Pedro Pinto Guerreiro; 2.º prémio: Alexandre Miguel Teodoro Faneco; 3.º prémio: Filipe Martins. − No dia 24 de maio realizaram as provas de certificação 1341 alunos. Os resultados serão publicitados junto dos docentes, bem como na Embaixada e nos consulados de Portugal. − A aluna Miriam Salgueiro Trindade, do Curso de Ennenda, Glarus, foi selecionada para participar nas Provas Finais do Concurso Internacional de Leitura promovido pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua. A Fase Final da 8.ª Edição do CNL, realizada em Lisboa, foi transmitida em direto a partir do programa da RTP «Verão Total» nos dias 10 e 11 de julho. Parabéns à aluna Miriam Salgueiro Trindade e também à sua professora, Teresa Küffer, que a incentivou e acompanhou ao longo de todo o processo. Coordenação de Ensino de Português Weltpoststrasse 20, CH-3015 Berne Telef. 031 352 73 49 Fax 031 351 68 54 www.ensinoportugues.ch


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Portugal em 80 questões:

Sara Teixeira Professora de Língua e Cultura Portuguesas prof.sarateixeira@gmail.com

atividade extracurricular

No passado dia 14 de junho de 2014 teve lugar a atividade extracurricular «Portugal em 80 questões», que decorreu nas instalações da Escola Paul Reinhart, na cidade de Weinfelden. A atividade foi idealizada a partir de um momento habitual de sala de aula de caráter lúdico-pedagógico, em que a professora Sara Teixeira explorava o jogo interativo «Os Miúdos e a Geografia de Portugal», da Porto Editora, para dar a conhecer o país de origem aos seus alunos. Este jogo permite uma expedição através de Portugal, pelos dezoito distritos e pelas duas regiões autónomas. Para cada distrito ou região autónoma este jogo interativo disponibiliza informações relativas à Geografia, à História e às Lendas, Curiosidades e Tradições. Após a audição destas informações o jogo leva os participantes a responderem a quinze questões, ganhando cinquenta pontos por cada resposta certa ou perdendo vinte pontos por cada resposta errada. Os alunos vibravam tanto com esta atividade que questionavam permanentemente a professora sobre qual dos cursos tinha maior pontuação, revelando vontade de competir e de superar os resultados dos colegas dos outros cursos. Inicialmente, a professora comprometeu-se a revelar, no final do ano letivo, uma tabela com a pontuação atingida por cada curso. Posteriormente, face a tão grande interesse manifestado pelos alunos, a professora considerou a hipótese de criar um momento único de competição, pondo os cursos das várias localidades a competir diretamente entre si. Surgiu assim o concurso «Portugal em 80 questões». As equipas concorrentes foram constituídas por alunos dos cursos de Ensino de Português no Estrangeiro de Weinfelden, Romanshorn, Frauenfeld, Zürich e Wil. Estiveram em concurso três equipas: o curso de Weinfelden competiu com a sua Seleção

Selecão Nacional

Selecão do Norte

(1)


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Selecão CR7

Prémios e júri do concurso «Portugal em 80 questões»

Feira do Livro dinamizada por Manuela Miranda, da Livraria Lusolivro, Zurique

CR7; o de Frauenfeld com a Seleção do Norte; a terceira equipa formou-se com elementos dos restantes cursos e intitulou-se Seleção Nacional. As equipas foram formadas com alunos de várias idades, diferentes anos escolares e, consequentemente, diferentes níveis de competência linguística. As equipas tinham quatro elementos, havendo ainda um ou dois suplentes por cada uma. Para esta atividade foi redigido um Regulamento do Concurso e nomeado um júri para garantir que tudo decorresse com o máximo rigor. O júri foi constituído pela Coordenadora de Ensino de Português, Lurdes Gonçalves, e pelo presidente da Comissão de Pais de Weinfelden, Jorge Alves. Seguindo a organização do próprio jogo interativo, tão bem idealizado pela Porto Editora, cada equipa escolheu o distrito ou a região autónoma aleatoriamente. Foram criadas várias fases de apuramento, estabelecendo-se o número de 80 questões como o limite máximo a responder por cada equipa. Foram atribuídos prémios a cada uma das equipas. A Seleção Nacional conquistou o primeiro prémio e ganhou camisolas originais da Seleção Nacional de 2014. A Seleção do Norte qualificou-se no segundo lugar e recebeu fotografias autografadas de Cristiano Ronaldo. A Seleção CR7 ganhou o terceiro prémio e recebeu o jogo interativo da Porto Editora «Miúdos e a Geografia de Portugal». Todos os alunos participantes receberam um certificado de presença elaborado pela professora e uma esferográfica gentilmente oferecida pela Porto Editora. A atividade contou com dois patrocínios: da Comissão de Pais de Weinfelden, que contribuiu com seis camisolas da seleção nacional e cinco fotografias autografadas de Cristiano Ronaldo (1.º e 2.º prémios); da Porto Editora, que ofereceu quatro jogos interativos (3.º prémio). Esta atividade extracurricular foi bastante enriquecida pela realização simultânea de duas feiras: a Feira do Livro, dinamizada por Manuela Miranda, responsável pela livraria Lusolivro, situada na Hohlstrasse 213, 8004 Zurique; a Feira Seleção Nacional 2014, dinamizada pela Comissão de Pais de Weinfelden. Tanto o concurso «Portugal em 80 questões» como a Feira do Livro e a Feira Seleção Nacional 2014 deram um importante contributo para a promoção da Cultura Portuguesa, tanto a geral como a literária, não só junto das crianças e jovens da comunidade portuguesa como também junto dos seus encarregados de educação e de outros familiares. (1) A escolha dos textos que são publicados em cada número da revista é da exclusiva responsabilidade da Prof.ª Lurdes Gonçalves, coordenadora do EPE.


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Sarau literário vespertino Hoje em dia um dos grandes desafios de um professor é educar leitores competentes, não só capazes de ler mecanicamente mas também de interpretar, deduzir, fazer inferências, presumir, isto é, compreender os textos na sua globalidade. As dificuldades aumentam quando a leitura é praticada por alunos que aprendem a língua materna, no nosso caso a Língua Portuguesa, num país estrangeiro e a praticam apenas na esfera familiar. Aí, transpor o dito para encontrar o não dito é uma tarefa, por vezes, aziaga e desmotivante para alunos que estão habituados a uma interpretação imediata e demasiado óbvia. Neste âmbito, idealizou-se e dinamizou-se o Sarau Literário Vespertino com o intuito de ligar a leitura à música, não só para desenvolver a capacidade de leitura dos alunos mas também para os aproximar da palavra e do texto de forma agradável. Na sequência da continuada cooperação ao longo dos anos entre os Cursos de Ensino de Português e a Bibliothek der Kulturen, da cidade de Frauenfeld, esta abriu as suas portas, no dia 17 de maio de 2014, aos alunos e encarregados de educação dos cursos de Weinfelden, Romanshorn, Frauenfeld, Zürich e Wil para os encantar com um Sarau Literário Vespertino, que teve o intuito de promover o Plano de Incentivo à Leitura e aliar a leitura à música clássica e à música pop. O conceito deste sarau foi ainda mais longe aliando à leitura em voz alta e à audição a imagem, tentando captar simultaneamente os vários sentidos dos alunos. O Sarau Literário Vespertino foi planeado e impulsionado pela docente Sara Teixeira, conjuntamente com Ana Maria Witzig, presidente da Bibliothek der Kulturen de Frauenfeld. Como esta atividade extracurricular esteve aberta a todos os cursos ministrados pela docente, foram definidos vários motivos para incentivar a participação de alunos e encarregados de educação neste acontecimento cultural, sublinhando-se como fundamentais para convencer qualquer um de nós a ler um livro, por exemplo, a Alegria e Encantamento, Novos Amigos e Enriquecimento da Língua Portuguesa. Esta atividade foi organizada em vários momentos distintos. Na fase inicial teceram-se considerações sobre a importância e o incentivo à leitura. Posteriormente,

Marco Fontes, 12 anos, da turma de Wil, acompanha ao piano a leitura do conto A Maior Flor do Mundo, de José Saramago

procedeu-se a uma breve abordagem teórica ao texto narrativo conto. Este Sarau Literário Vespertino teve o seu apogeu com a leitura em voz alta do conto A Maior Flor do Mundo, de José Saramago, na voz de Ana Maria Witzig, com a interpretação simultânea de Mozart ao piano pelo aluno Marco Fontes, 12 anos, da turma de Wil. A plateia teve ainda a oportunidade de, ao mesmo tempo, visualizar um pequeno filme projetado para o efeito de modo a associar o som das palavras da leitura de Ana Maria Witzig à imagem. Após esta leitura, fez-se o apuramento dos vocábulos que tinham criado dúvidas e seguiu-se uma breve interpretação do texto narrativo em grande grupo. Todos os presentes participaram neste exercício conjunto, encarregados de educação e alunos, sendo de destacar a participação especial e assertiva de Marco Alves, de 4 anos, irmão e convidado do aluno Lucas Alves, de 8 anos, do curso de Weinfelden e, obviamente, potencial aluno do mesmo curso: «… e a flor cresceu, cresceu, cresceu …». Neste encontro os alunos dos vários cursos tiveram oportunidade de apresentar as suas leituras individuais no âmbito do Plano de Incentivo à Leitura, atividade inscrita no Plano Nacional da Leitura: Pedro Carvalho, 13 anos, Mariana Bento, 12 anos, e Adriana Mestre, 11 anos, do curso de Weinfelden; Daniel Sousa, 12 anos, e Micaela Vieira, 15 anos, do curso de Frauenfeld. Houve um momento também muito particular dedicado aos encarregados de educação, que contou com a participação especial de Paula Fonseca e de Natércia Sousa, encarregadas de educação dos alunos Gabriela Fonseca, de 8 anos, e de Daniel Sousa, de 12 anos. As encarregadas de educação leram em voz alta e interpretaram o conto A Joaninha Vaidosa, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Também aqui foi projetado o e-book do referido conto para associação da imagem à palavra. Seguiu-se a entrevista à encarregada de educação, Carmen Ferreira, autora do livro Nasci aos trinta anos, dinamizada pelos seus educandos, Samuel Gomes, de 12 anos, e Ricardo Gomes, de 15 anos. Ainda no âmbito do referido Plano de Incentivo à Leitura, o aluno do curso de Weinfelden, Kevin Gomes, 12 anos, interpretou a


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Educação e ensino

Natércia Sousa, encarregada de educação, lendo o conto A Joaninha Vaidosa, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.

Paula Fonseca, encarregada de educação, lendo o mesmo conto

música Heal the World, de Michael Jackson, ao som da flauta, como associação à inferência que fez do livro que escolheu para ler, O Diário de um Banana, de Jeff Kinney. O poema e a música surgiram também num tom único, sob a performance dos alunos dos cursos de Romanshorn, Frauenfeld e Wil. Jéssica Faria, de 14 anos, recitou o poema «Amor à Língua Portuguesa» de Lalinha Brito, ao som da guitarra de Lara

Strässle, de 14 anos. Ruben Almeida, de 13 anos, recitou os poemas «Não quero, não» e «A Rosa e o Mar», de Eugénio de Andrade, com Mariana Rocha, de 13 anos, ao piano. Catarina Ferraz, de 15 anos, recitou o poema «O Romance de D. João», de Eugénio de Andrade, com Marco Fontes, de 12 anos, ao piano. No encerramento da atividade, Ana Maria Witzig apelou às raízes e à importância

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de incentivarmos os nossos jovens a ler mais e melhor na sua língua materna, e leu o conto Bisavô e Bisavó, de Ilse Losa. Na conclusão da atividade realçou-se a importância de conhecermos um pouco a vida dos escritores dos livros que escolhemos para ler, pois, por vezes, é aí que reside o segredo que cada livro, cada história, cada narrativa escondem. Deste modo, fez-se um breve apanhado da biografia dos autores José Saramago, Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada e Ilse Losa. Para esta atividade foram realizados convites, cartazes para divulgação e certificados de presença para entregar aos alunos participantes. Para um mais pormenorizado acompanhamento desta atividade, os vários momentos descritos, bem como os textos e os poemas lidos foram compilados em formato de livro, dando lugar a O Meu Guião | Sarau Literário Vespertino. Este guião foi impresso e distribuído a todos os participantes e foi gentilmente patrocinado pela Comissão de Pais de Weinfelden. O Sarau Literário Vespertino contou com a presença de aproximadamente sessenta alunos e quarenta encarregados de educação. Foi um momento de verdadeira partilha de leituras, interpretações, inferências, com uma envolvência única: a música.



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Portugueses de sucesso

Ana Falcão Faria falcaofaria.86@windowslife.com

O

riginária de Tomar, filha de um militar da Força Aérea e de uma doméstica, vim para a Suíça em novembro de 1980. Tinha então 21 anos. Apesar de ter uma boa vida em Portugal, a razão principal pela qual decidi partir para o estrangeiro foi a morte do meu pai. Tive um grande desgosto. Como eu também trabalhava na Força Aérea, senti que tinha de me ir embora. A minha decisão de emigrar teve a ver um pouco com a profissão do meu marido, que era motorista marítimo. Como eu não podia acompanhá-lo nas viagens, decidimos emigrar para um local onde pudéssemos estar juntos. A Suíça pareceu-nos, na altura, o país ideal. Foi aqui que o nosso filho nasceu há 28 anos. Vim com um contrato para Zermatt e ainda aqui estou, 33 anos depois. Comecei nas limpezas da piscina do hotel, mas agora sou rececionista. No início não foi fácil passar de uma vila a uma aldeia nas montanhas, mas, com o tempo, tudo mudou. O que me chocou aqui no início foi a mentalidade desta gente das montanhas. Achava-a arrogante, fria. Hoje encaro estas pessoas de outra maneira e acho-as mais humanas para com os estrangeiros. No princípio tive algumas dificuldades com o alemão, mas como é uma aldeia onde se falam muitas línguas, connosco utilizavam o italiano. A partir do inverno de


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Portugueses de sucesso

82 saí da limpeza e passei para a receção. Os noves anos de escola em Portugal ajudaram-me muito, na cultura geral, na disciplina de estudo e nas bases do francês e do inglês que consegui. Aqui em Zermatt estudei alemão durante quase um ano numa escola para estrangeiros. Escusado será dizer que é uma língua difícil, que consegui aprender melhor

também graças à prática. Além da minha língua materna, falo atualmente cinco línguas: italiano, francês e espanhol, que adoro, inglês, porque o trabalho o exige e o alemão porque é muito importante por ser a língua da região. Sinto-me muito bem em Zermatt, onde sempre encontrei gente muito boa. Não é por acaso que continuo aqui. Como

HORÁRIO DE ATENDIMENTO: SEGUNDA A SEXTA: DAS 17:00H ÀS 20:00H SÁBADO: DAS 09:00H ÀS 17:00H DOMINGO: DAS 09:00H ÀS 12:00H

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já disse, sou rececionista na piscina do hotel. Adoro o contacto com os clientes. Estou sempre à espera da altura em que vêm de férias, porque é uma alegria tornar a ver as pessoas dos quatro cantos do mundo, que têm carinho por mim. Mas quero sempre aprender mais. Nas horas vagas trabalhei no buffet, no serviço de quartos, como governanta e igualmente numa casa privada onde eu própria tinha de saber organizar o trabalho. Tudo isso foi positivo para mim. Sinto-me realizada, fui sempre uma pessoa muito feliz, amo tudo o que faço, o que me rodeia e, principalmente, sem ter vergonha de o confessar, com muita, muita fé. Para terminar, queria dizer que o mais importante para que possamos ter algum sucesso na vida é, sobretudo, sermos capazes de nos adaptar ao lugar onde decidimos viver e termos bons amigos, sentir que somos queridos e, como já disse e repito, o amor, o carinho e a amizade. O resto vem devagar. Junto envio esta foto com as minhas toalhas. Nela podem constatar que a felicidade que encontro no meu trabalho é verdadeira.

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Saúde e bem-estar

O Prof. Fernando de Pádua «fala» com os leitores acerca da

Saúde

Prof. Fernando de Pádua Médico cardiologista e Professor universitário professor@fpfpadua.pt

do

FERNANDO MANUEL ARCHER MOREIRA PARAÍSO DE PÁDUA nasceu em Faro em 1927. Frequentou a instrução primária no Tramagal, Almodôvar e Lisboa, e nesta cidade os Liceus Gil Vicente e Passos Manuel. Licenciado em Medicina pela Fa-

Coração!

culdade de Medicina da Universidade de Lisboa (1950). Graduado em Cardiologia pela Harvard University, Boston, EUA (1953), e doutorado em Medicina e Cardiologia pela Faculdade de Medicina de Lisboa (1959). Professor agregado e diretor do serviço de terapêutica médica do Hospital de Santa Maria (1963). Professor catedrático da Faculdade de Medicina de Lisboa aos 39 anos (1967). Foi presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, de que é sócio e presidente honorário. Fundador

e

ex-presidente

da

Fundação Portuguesa de Cardiologia. Fundador e presidente do Instituto Nacional de Cardilogia Preventiva e da Fundação Professor Fernando de Pádua. Fellow da European Society of Cardilogy, e ex-presidente da International Society of Electrocardiology. Coordenador científico em Portugal do Programa CINDI da Organização Mundial de Saúde (1987-2002).

Amigos leitores portugueses, Graças à amabilidade do vosso Director, aproveitei a oportunidade que ele me quis dar de poder «falar» convosco (escrevendo na sua Revista) sobre o que temos feito em Portugal, nos últimos anos, em favor da Saúde dos nossos concidadãos! É que ele, como eu próprio e os meus colaboradores, sentimos como um dever levar esses conhecimentos também àqueles que, por razões diversas, tiveram o atractivo ou a necessidade de irem trabalhar e viver nessa Suíça encantadora! Sem vos cansar com pormenores venho dizer-vos que em Portugal (como dum modo geral em todos os países europeus) as doenças cardiovasculares constituem a maior ameaça para a saúde de cada um e são a principal causa de morte precoce. Todavia, cada um pode fazer muito em favor da sua prevenção!!! E pela televisão, em entrevistas, palestras, campanhas e livros, temos vindo a ajudar os portugueses que nos veem ouvem ou leem a tratarem de si próprios, ajudando os seus médicos, ou evitando mesmo adoecer.

Os resultados têm sido muito bons (com reduções de mortalidade superiores a 50% nos últimos trinta anos). E metade das pessoas em perigo, muitos milhares em cada ano, aprenderam a controlar a sua possível doença ou conseguiram mesmo evitar sofrer do coração. E como? Ficando a saber que: 1) «Doença ou morte cardíaca antes dos 80 anos é culpa do Homem e não de Deus ou da Natureza»! 2) «A saúde é por demais importante para estar só na mão dos médicos», cada qual tem de aprender a tomar conta da sua. 3) Para o conseguir cada um deve esforçar-se por se proteger. E, por solidariedade, deve ajudar os seus próximos a protegerem-se também, dando-lhes conhecimento dos conselhos que vai ler: Alimente-se de forma saudável com mais vegetais (sopas, saladas, etc.) frutos, leguminosas, carnes magras, peixe e leite magro. E coma menos gorduras, molhos, manteiga ou queijo. Beba água, sumos ou refrescos sem açúcar e reduza drasticamente o sal na comida! Beba pouco álcool, se tem esse hábito (máximo 3 dl de vinho ou 2 cervejas/ dia).


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Millennium

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do Coração O meu livrinho

O Desafio do

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Saúde e bem-estar

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desenhos para pintar

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res do Rotary

Ex-governado

Faça exercício físico todos os dias, pelo menos uma marcha a pé de meia ou 1 hora, e adopte também um desporto de lazer. Tolerância zero para o tabaco. Seguindo estes conselhos, cheios de força de vontade e adoptando-os na vida de todos os dias, terão um estilo de vida muito mais saudável (uma festa ocasional não é «pecado»). Pode e deve acompanhar estes esforços com o controlo do peso (não exceder em kilos os centímetros que tem acima de um metro), medir a cintura (desejável menos que 100 cm para os homens, e menos de 90 para as mulheres) e manter a tensão arterial abaixo dos 14 para a tensão máxima, ou sistólica (12 para os mais jovens), e analisar anualmente, ou cada dois anos, os níveis de glicemia, colesterol, triglicéridos e ácido úrico no sangue. Estes conselhos, se se empenhar neles a sério, (força de vontade!) são importantíssimos para manter a sua saúde e evitar graves doenças futuras: como a angina do peito, enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral.

Deixem-me fazer-vos mais um pedido: o que vos aconselho (e peço que solidariamente transmitam aos compatriotas vossos familiares, amigos ou vizinhos) deve ser ensinado, sobretudo a todos os Sub-20 (os jovens dos zero aos 19 anos de idade), para que a prevenção mais precoce possa impedir o início das doenças silenciosas que começam a aparecer nessas idades, e que poderíamos chamar de pré-hipertensão, pré-diabetes, pré-dislipidémia: ainda não são doenças clínicas mas para lá começam a caminhar. Tudo, afinal, começa na infância, sem ninguém dar por isso ou sequer imaginar. Tal como os canos de água das nossas casas ou dos motores dos nossos carros, começam a estragar-se se não tivermos cuidados elementares: são doenças silenciosas, sem qualquer sintoma ou sinal. E estão a «aparecer» pelos 12 ou 13 anos de idade!!! Vem a propósito dizer, antes de me despedir, que publicámos um livro, O Meu Livrinho do Coração (Editora Âncora) dedicado, sobretudo, aos Subvintezinhos (os de zero a 10) onde a primeira

autora, Prof.ª Luciana Graça, escreveu quadras de A a Z sobre a promoção da saúde, eu próprio expliquei em prosa alguns pontos mais concretos da prevenção e a Dr.ª Sofia Travassos ilustrou todas as letras com espectaculares desenhos para colorir, todos eles alusivos aos temas tratados em cada letra. O Livrinho é uma verdadeira «ferramenta» que procura capacitar ou empoderar (empower) os Sub-20 (repito, devemos começar pelos subvintezinhos), ensinando-lhes a promover a saúde, podendo eles até passar a aconselhar depois, com esse novo conhecimento, os próprios pais e avós, pois na sua juventude nada lhes foi ensinado!!! É também uma oportunidade de convivência intergeracional, que poderão reviver muitos anos mais tarde, quando vierem a ser pais e avós, mostrando a filhos e netos o seu Livrinho, que estudaram e pintaram em pequenos!!! Despeço-me por hoje com uma Foto do Livrinho do Coração! E até Outubro! Xi-Coração


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Saúde e bem-estar

Causas:

Telma Ferreira Fisioterapeuta telmaferreira20@hotmail.com

O que é artrite reumatoide?

É uma doença auto-imune em que o sistema imunológico do corpo humano ataca os tecidos saudáveis por engano. Caracteriza-se pela inflamação crónica de pequenas articulações como as das mãos, dos punhos, dos joelhos, dos cotovelos, dos tornozelos e dos pés. As articulações podem ser destruídas conduzindo a deformidades irreversíveis que comprometem os movimentos.

Imagem de erosão óssea e de nódulos reumatoides

As causas da doença são desconhecidas, no entanto, acredita-se que certas infeções, as mudanças hormonais, a hereditariedade e os fatores ambientais, como fumar, poderão estar relacionados com a doença.

Sintomas: Os sintomas podem ser alguns dos seguintes: • Dor, edema e aumento da tempe ratura nas articulações; • Rigidez matinal que pode durar algumas horas; • Nódulos firmes de tecido sob a pele (nódulos reumatoides); • Cansaço, febre e perda de peso.

Desvio das falanges e aumento do volume das articulações dos dedos

Complicações que provoca:

A artrite reumatoide pode provocar alterações em todas as estruturas das articulações, como nos ossos, na cartilagem, na cápsula articular, nos tendões, nos ligamentos e nos músculos responsáveis pelo movimento articular. Estas alterações podem levar à incapacidade física para as atividades do dia a dia. As alterações mais comuns são as seguintes: − Desvio das falanges como resultado de luxações dos tendões extensores dos dedos ou subluxações das metacarpofalanges; − Aumento do volume dos punhos e das articulações dos dedos com atrofia interóssea; − Danos no tecido pulmonar (pulmão reumatoide). As pessoas com artrite reumatoide têm maior risco de inflamação e de formação de cicatrizes


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Saúde e bem-estar

Esquerda: Joelhos valgos

Em baixo, esquerda: Mãos com artrite reumatoide em estado avançado. Direita: Imagem radiológica de mãos com artrite reumatoide em estado avançado.

nos tecidos pulmonares, as quais podem conduzir à falta de ar progressiva; − Inflamação dos vasos sanguíneos, edema e inflamação da camada exterior do coração (pericardite) e do músculo cardíaco (miocardite), que podem levar à insuficiência cardíaca. Assim, se apresentar dor e inchaço nas articulações, principalmente se estes forem acompanhados de rigidez, ou seja, dificuldade em mexer as articulações após um período de repouso, deve procurar ajuda médica.

Formas de aliviar os sintomas:

− Dormir bem, pois o sistema imunológico é influenciado pelo ciclo do sono. O doente com artrite reumatoide beneficia se dormir bem, pois o organismo entra em equilíbrio e evita o

stresse, o cansaço e as alterações na pressão arterial; − Controlo do peso. Manter-se um peso adequado é fundamental para se evitar a sobrecarga mecânica das articulações. Além disso, a artrite reumatoide aumenta o risco de doenças cardíacas e a obesidade associada aumenta os problemas como a hipertensão, a diabetes e o colesterol alto; − Mudanças em casa. Com a progressão das deformidades pode ser difícil praticar algumas atividades simples, pelo que é importante adaptar o meio envolvente do paciente para o manter com autonomia o máximo de tempo possível; − Deve evitar-se passar muito tempo na mesma posição: O repouso por períodos prolongados favorece a acu-

mulação de líquido no interior das articulações inflamadas, levando ao aumento da sensibilidade dolorosa.

Tratamento:

Não há cura conhecida para a artrite reumatoide, no entanto, em casos

específicos pode ser indicado o uso de alguns medicamentos assim como a fisioterapia. − Medicamentos: analgésicos, anti-inflamatórios, imunossupressores ou corticoides a fim de aliviar a dor e prevenir ou retardar os danos articulares, a atrofia, a fraqueza muscular e a instabilidade das articulações; − Fisioterapia e atividade física para se evitar a perda de mobilidade. Isto porque os músculos mais fortes ajudam a proteger as articulações inflamadas. Deve-se dar prioridade a exercícios com menor grau de impacto articular e próprios para o fortalecimento muscular e os alongamentos, sempre acompanhados por profissionais da área e que tenham em atenção as limitações de cada individuo.


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A ciência no dia-a-dia

É seguro fazer

Manuel Henrique Figueira manuelhenrique@netvisao.pt

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s notícias frequentes de fraudes informáticas, envolvendo as contas bancárias de cidadãos comuns, generalizaram o receio em muitas pessoas quanto à segurança dos pagamentos feitos na internet. Isto porque implicam o envio de alguns dados dos cartões de pagamento (Visa, MasterCard ou outros): número, prazo de validade, código de validação. No entanto, a circulação da informação confidencial pela internet é das mais seguras que até hoje se conseguiu estabelecer. Desde que se tenham alguns cuidados básicos como, por exemplo: evitar fazer compras em locais de comércio que, à partida, não nos mereçam confiança; nunca enviar informação confidencial relativamente à conta e ao cartão por e-mail directo (não cifrado), entre outros. Por isso podemos afirmar que a internet representa o mais democrático e generalizado sistema global (mundial) de acesso,

quer ao comércio internacional, quer à fruição de outros bens que antes era bastante elitista, como, por exemplo: o acesso a bibliotecas; aos fundos de arquivos; à observação visual e compra de objectos raros em antiquários; às visitas (virtuais) a museus e a galerias de arte; aos sítios com informações institucionais públicas e privadas; etc. Retomando as questões da segurança, será, de facto, seguro enviar o número dos nossos cartões de pagamento através de bits e de bytes que circulam pelo novo éter: o «céu virtual sem limites»? Podem a Amazon, a Booking, a eBay ou a FNAC, entre muitos outros, garantir-nos que os nossos dados pessoais não chegam às mãos de pessoas pouco recomendáveis, ao monitor de um computador de um pirata informático na China, na Rússia, nos EUA, na Argentina ou na Austrália? Se é verdade que a informação de cada um de nós circula cifrada, não poderão estes cibernautas maliciosos descobrir a respectiva «chave de cifra»? A pergunta é pertinente e legítima. Desde que há comunicações com alguma sofisticação, normalmente ligadas às necessidades militares, que os segredos são protegidos pela chamada «chave simétrica», que permite cifrar e decifrar mensagens com alguma segurança. Mas a espionagem e o escrutínio destes processos nunca dorme, o que permitiu, em muitos casos, descobrir segredos importantes até em cenários de guerra. No sistema da chamada «chave simétrica» havia um acordo entre dois interlocutores, que estabeleciam, por exemplo, que o A se escrevia B, o B se escrevia C e assim sucessivamente. Quando se queria transmitir OBRIGADO escrevia-se PCSJHBEP. Mas o processo de avanço (ou recuo) das letras podia ser outro.

A chave que permitia cifrar esta mensagem era a mesma que, invertida, permitia decifrá-la. A segurança da comunicação com tal sistema de cifra baseava-se, unicamente, na possibilidade de se manter esta chave secreta. Se a mesma fosse roubada ou descoberta estaria tudo perdido. Completamente diferente deste sistema é a comunicação cifrada de hoje que circula na internet, baseada no princípio inovador da «chave assimétrica». É o que podemos chamar uma verdadeira revolução criptográfica, talvez a mais importante desde a criação das mensagens cifradas, só possível com o desenvolvimento da ciência: no caso, a Matemática. Este sistema, que está incorporado nos browsers dos computadores e nas comunicações interbancárias, criado em 1977 por três investigadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Ronald Rivest, Adi Shamir e Leonard Adleman, ficaria conhecido pelas iniciais RSA. Com ele o receptor da mensagem, por exemplo, um comerciante de vendas online, constrói uma chave que consiste em dois números grandes (N, e), que envia para o computador do cliente sem se preocupar com o seu secretismo. Até os pode publicar num jornal. O computador do cliente reescreve a mensagem que pretende enviar em forma numérica (seguindo os códigos ASCII dos computadores), obtendo um terceiro número (M), aplicando depois uma fórmula simples: eleva M à potência, divide o resultado por N e calcula o resto, obtendo assim o número C. É este último número que envia pela internet – a mensagem cifrada – que contém, por exemplo, o número do cartão de crédito em que será efectuado o pagamento. Este


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A ciência no dia-a-dia

número pode ser visto por qualquer pessoa, porque mesmo que essa pessoa tivesse a «chave pública» (N, e) não o conseguiria decifrar. Isto porque a função matemática que transformou o número M no número C não é biunívoca: ela transforma o número original noutro perfeitamente determinado, mas muitos outros números poderiam ter produzido um resultado semelhante, não sendo assim possível que nenhum pirata informático fique a conhecer o número do nosso cartão de pagamento nem os códigos do mesmo. Com se processa então a descodificação? Como consegue o receptor da mensagem (no caso o vendedor de um produto online que emitiu a «chave pública») descodifica-la? Ele sabe como a construiu: escolheu N como produto de dois números primos (apenas divisíveis pela unidade e por si próprios), por exemplo, p e q, e não os revelou a ninguém. Como os conhece, calcula outro número, d, de tal modo que (ed − 1) seja divisível por (p − 1) (q − 1). O número cifrado C é elevado à potência d, é dividido por N e calculado o resto da divisão inteira. O resto que se obtém corresponde à mensagem original, M. Parece um milagre mas não é. Trata-se apenas da aplicação criativa de um resultado da teoria dos números, conhecida por Teorema de Euler. (O autor deste teorema foi Leonhard Paul Euler, grande matemático e físico suíço de língua alemã, que nasceu em 1707 e faleceu em 1783). O facto de a factorização, a decomposição que se faz de cada um dos elementos que integram um produto, ser extremamente morosa quando os números são grandes é que torna este sistema, na prática, inviolável. É fácil obter um número de um produto, mas mesmo que saibamos que

um dado número é o produto de dois números primos p e q, descobrir esses dois factores pode ser extremamente difícil: se não os conhecermos a nossa mensagem inicial é indecifrável. Para tal, é suficiente que o nosso número N seja grande e que os seus factores p e q sejam escolhidos com a intenção de tornar o tempo de computorização necessário à sua factorização extraordinariamente grande também, tornando-se impraticável que qualquer pirata informático possa ter êxito nessa tarefa. Dou um exemplo: se cada um dos factores tiver 100 dígitos e o computador conseguir realizar um milhão de milhões de tentativas por segundo (já imaginou o que isso é), mesmo nesse caso, a idade que se pensa que o Universo possa durar, um número quase infindável e inimaginável de anos, não chegaria para que o tal computador conseguisse descobrir os factores primos do número N. Mas como também sabemos, o avanço das técnicas de criptografia é seguido de perto pelo avanço das técnicas de criptoanálise (decifração), pelo que o sistema RSA não tem estado imune às tentativas de alguns matemáticos para descobrirem os algoritmos que permitam decifrar a «chave privada» d, mesmo que tal não implique a factorização da «chave pública» N nos seus factores primos. Embora o êxito na tarefa da descoberta desses algoritmos tenha sido limitada, tem havido sucessos que obrigaram à imposição de algumas restrições à escolha dos componentes do sistema e à introdução de melhorias para o reforço da sua segurança, usando, concretamente, números bastante grandes nas chaves RSA. O sistema RSA continua seguro e podemos,

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por esse lado, continuar a fazer tranquilamente pagamentos na internet. Outra coisa é o cuidado que devemos ter com truques simples usados pelos piratas informáticos, como, por exemplo, simular o ecrã do nosso banco, que surge no monitor do nosso computador, em substituição do ecrã verdadeiro desse banco. Pedem-nos, então, os dados pessoais e a password para acedermos à nossa conta. Se os dermos sem um elementar cuidado, aconselhado por alguns funcionários dos bancos, que consiste em introduzir a password errada a primeira vez (temos três tentativas), podemos estar perdidos: os piratas ficam-nos com os dados verdadeiros necessários (número da conta e password) para aceder à nossa conta e esvaziam-na de imediato. Se fizermos esta elementar operação de introduzir, na primeira vez, uma password errada, se se tratar do écran verdadeiro do nosso banco aparece-nos uma mensagem a indicar que há um erro na password, pois a comparação efectuada na base de dados do banco entre a password verdadeira e a errada é de imediato detectada, dando um erro. Mas se o écran não pertencer ao nosso banco, se for de um intruso que se meteu na nossa comunicação com o banco, como ele não sabe se a password errada que introduzimos na primeira tentativa é, de facto, errada, porque não a pode comparar com a verdadeira que está apenas na base de dados do banco, aceita-a como boa e não surge nenhuma mensagem: ficamos alertados para sairmos imediatamente dessa comunicação pirata. Outro cuidado elementar a ter em casas de comércio de reputação duvidosa: nunca perdermos o nosso cartão de pagamentos de vista, deixando que o operador faça as operações por debaixo do balcão. Ele pode ter aí uma máquina escondida que copia os dados da banda magnética do nosso cartão. É verdade que os cartões com chip são mais seguros, mas por vezes têm chip e banda magnética, donde facilmente se retira a informação. Primeiro, devemos afastar-nos de comerciantes de reputação duvidosa, depois, nunca devemos perder o percurso do nosso cartão de vista. Se ele for introduzido num terminal ATP (de pagamento) e fizermos, de facto, o pagamento, é porque o terminal opera com os bancos, não havendo neste caso nada a recear. O terceiro cuidado, entre muitos outros que, certamente, existirão, é nunca deixarmos que alguém veja os quatro dígitos que marcamos no nosso código secreto do cartão de pagamento: há muitas estratégias com as duas mãos ou com os dedos que podemos usar ao marcar o código para despistar os olhares indiscretos.


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Ă€ descoberta do mundo

Gonçalo Cadilhe Autor gcadilhe@yahoo.com

A estrada para a

Ponta do Ouro


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ico plantado numa esquina de Maputo à espera de um amigo de um amigo de outros amigos. Não sei sequer se existe, mas se existir, chama-se Henrique. A noite cai suavemente sobre esta cidade que me faz pensar no Portugal que eu nunca tive, no português que nunca fui. É uma cidade bonita apesar da degradação, da incúria e da miséria. Uma cidade que desce para o mar, que permite sempre um tom de azul no fundo do olhar, um pouco como Lisboa com o Tejo. No entanto, de todas as cidades coloniais portuguesas que visitei, é aquela que menos me recorda Portugal. Maputo é demasiado recente, demasiado airosa, demasiado planificada e escorreita para recordar uma cidade portuguesa. O que o carácter e a fisionomia urbana de Maputo me recordam, na brisa

À descoberta do mundo suave do fim da tarde, é um Portugal que ficou por acontecer, uma possibilidade de evolução paralela que se perdeu nas ramificações do destino. Tento imaginar uma outra História pátria que teria resultado de uma aproximação mais humilde, menos aguerrida para com as culturas do Índico, uma outra miscigenação, uma outra abertura de espírito aos povos e às religiões que íamos encontrando. Só Moçambique poderia evocar esta dimensão paralela e perdida da História de Portugal, só aqui tivemos a porta aberta para esse oceano que durante dezenas de séculos promoveu comércio, provocou diásporas, acomodou a diferença, ensinou a Humanidade a lidar com o Outro. Só aqui poderíamos ter sido Outros, diferentes. Angola, pelo contrário, que portas teria jamais aberto, em que mundos nos teria in-

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troduzido? O mesmo Atlântico cinzento e tenebroso que já conhecíamos; um planalto esquecido pelos fluxos da História; uma cultura tribal e fratricida que se fechava em si própria e que do exterior só conheceu agressões e esclavagismo. Não é por acaso que o litoral de Moçambique é solar, colorido e mediterrânico como só a orla do Índico consegue ser; enquanto que o litoral de Angola é atlântico e sombrio, envolto em brumas matinais que não conseguem dar alegria a um litoral árido e estéril. Ou talvez esta seja apenas a opinião de um surfista que olhou para os dois países a partir da crista de uma onda, deslizando sobre uma prancha no meio do mar, em solidão serena e reflectiva, ao largo. Pretendo alcançar a Ponta do Ouro, uma dessas praias míticas de Moçam-


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À descoberta do mundo

bique para fazer surf, para olhar o país desde a crista de uma onda, ao largo. Os contactos que tenho em Maputo são portugueses, vivem cá, fazem surf, já faziam antes de sair de Portugal, e vão passar os fins-de-semana à Ponta. Eis a lógica do meu transporte: «Gonçalo, vais connosco à sexta ao fim da tarde, depois do trabalho. Nós ficamos lá até domingo ao fim da tarde e regressamos à Ponta na sexta seguinte. Tu podes lá ficar o tempo que quiseres». Pergunto-lhes qual é a distância desde Maputo, «não interessa a distância, Gonçalo, interessa o tempo. Estamos em África. A distância, são cem quilómetros. O tempo de percurso é quatro horas. Sem polícias. Com polícias é mais». Os polícias aparecem ao fim de cerca de uma hora depois da travessia de ferry para Catembe. A estrada para a Ponta do Ouro começa com essa navegação épica na baía de Maputo: um pontão desconchavado onde esperamos em fila atrás de dezenas de carros para entrar num ferry periclitante, que só leva meia dúzia de viaturas em cada passagem. Olho para a baía de Maputo apoiado na amurada. A comparação com Luanda regressa aos meus pensamentos e, por extensão, Moçambique versus Angola. Será um acaso que os imigrantes portugueses que fui conhecendo na África do Sul ao longo dos anos eram sempre originários de Moçambique? Será aleatório não ter encontrado jamais um refugiado de Angola? Por outras palavras: será que os portugueses que abandonaram Moçambique preferiram refazer a vida no país ao lado; e que os portugueses que abandonaram Angola preferiram regressar a Portugal? Por outras palavras ainda: será que Moçambique agarrou mais o branco a África do que Angola? E já agora, seria possível medir quem sofreu mais com a saudade: o branco que perdeu Angola ou o branco que perdeu Moçambique? Rapidamente deixamos para trás o que resta da cidade. A luz limpa do fim

A praia idílica da Ponta do Ouro

A onda de surf que atrai viajantes de todo o mundo da tarde acentua a ideia de um virar de costas aos excessos, às impurezas, ao caos desta capital em geral e de todas as cidades do mundo. A beleza selvagem da savana e o estado de abandono da estrada transmitem a sensação de irmos surfar a um lugar que ainda está por descobrir. A minha percepção sobre o isolamento da Ponta vai

crescendo com cada solavanco que apanhamos. Os dois polícias aparecem como se tivessem caído de um galho, saltam para fora de um arbusto entre dois ajustes de visão, antes de eu piscar os olhos não estavam lá e, de repente, já lá estão. No meio da estrada. Tentamos travar antes de os atropelar. Conseguimos.


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À descoberta do mundo

No ferry a sair de Maputo

Um passeio em Maputo Em Itália as anedotas mais populares são sobre os carabinieri, o equivalente à nossa GNR. Creio que é uma questão norte-sul. Durante décadas, o partido da Democrazia Cristiana, aquele do Andreotti, governou a Itália com os votos que sacou no sul a troco de promessas de emprego para todos no funcionalismo público. Entre outros

postos de trabalho para lotear figurava o de polícia. Assim, a maioria dos carabinieri que calcorrearam as estradas de Itália durante décadas estavam, digamos, pouco preparados para lidar com o norte sofisticado e malicioso. Por isso, todas as anedotas dão nomes e apelidos do sul aos carabinieri: Esposito, Salvatore, Genaro…

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Uma anedota: porque é que os carabinieri andam sempre aos pares? É um que sabe ler o outro que sabe escrever. Voltemos a Moçambique. Estes polícias mandam-nos parar, conseguem, e começam a rondar o nosso jeep a tentar encontrar alguma infracção sobre a qual atacar. Os faróis funcionam, os travões já viram que sim, o selo e o seguro estão legais. Espreitam para dentro do habitáculo. E vêem-na, então: a lata de cerveja. Está ali desde o ferry, vazia, amolgada, ressequida. Um africano teria simplesmente deitado a lata pela janela fora. O Henrique foi esperando a oportunidade de um caixote de lixo, que entretanto ainda não se materializou. «Com que então a conduzir embriagado?», pergunta o polícia Salvatore. Ninguém está embriagado, senhor guarda. «E o carro cheio de cervejas?», pergunta o polícia Esposito. É só uma cerveja. «Temos que fazer o teste do álcool», sugere Salvatore. Uma anedota de carabinieri: quando foi instituída a prova do «balão» em Itália, os carabinieri Esposito e Salvatore queixaram-se de que não conseguiam ler a tabela. Então substituíram-lhes os instrumentos por balões de feira: o condutor sopra um balão de feira até o encher e depois solta-o. Como sempre acontece, o balão dispara a subir pelo ar. Se seguir a direito, está tudo ok. Se for aos ziguezagues, o teste da alcoolemia deu positivo. Os nossos polícias não têm balões. Nem de feira. «Só na cidade», explicam. «Temos que voltar a Maputo». Rimos, percebemos qual é a fisgada. Se não quisermos voltar a Maputo, podemos tentar «resolver» o assunto aqui, de uma forma amigável. Temos todo o tempo do mundo para «não resolver» isto de uma forma amigável. Os meus amigos regressam à discussão com Esposito e Salvatore, enquanto eu me sento num tronco a ver o sol desaparecer no fundo da estrada, a mesma encantatória fulguração quotidiana que continua a assombrar todos os que deixaram África há décadas e continuam sem saber como viver sem ela.


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A palavra ao Padre Miguel

É tempo de RECOMEÇAR

P.e Miguel Dalla Vecchia Missionário Scalabriniano miguel.dv@scalabrini.net

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pós merecidas férias, tempo de repouso, de encontros e de retomada de forças, eis-nos novamente aptos para enfrentar mais um ano de labuta. É tempo de recomeçar e de nos predispormos para lutar para que a nossa vida seja cheia de novas aventuras e projetos, quer a nível pessoal, familiar ou comunitário, quer ainda no mundo do trabalho. Quem recomeça com ânimo e coragem já garantiu grande parte do seu percurso e terá a certeza de que chegará ao final da meta com os resultados esperados, pois quem bem começa bem acaba. Que Deus esteja presente neste nosso ano pastoral. Queria relembrar dois acontecimentos importantes destes últimos meses: No dia 29 de junho, festa de São Pedro

e São Paulo, tive a alegria de celebrar e festejar com a comunidade o meu vigésimo quinto aniversário (25.°) de ordenação sacerdotal. Mas já no mês de fevereiro tinha podido celebrar com a minha família e comunidade de origem no Brasil. É sempre bom poder celebrar e festejar a vida e dar graças a Deus pelos benefícios recebidos. Foi um momento especial para dizer obrigado ao Senhor, mas também à comunidade pelo bom acolhimento, apoio e carinho. Que o Senhor da vida continue a dar-me forças e coragem para poder acompanhar a comunidade de Genebra, com a sua vitalidade e a dedicação dos seus inúmeros colaboradores e participantes nas múltiplas atividades que nela desenvolvemos. Também neste verão tivemos a possibilidade de acompanhar, mesmo de longe, a copa do mundo, que desta vez se realizou no Brasil. Momentos fortes de emoções e de euforia, cada um torcendo pelo seu país, pela sua equipa preferida. No início eram trinta e dois países presentes, mas, ao longo do percurso, um a um, foram abandonando a competição e também o sonho de conquistar a taça tão desejada. E atrás destas equipas estavam países inteiros, mais uma vez a lamentar a oportunidade perdida de poderem disputar a final e, quem sabe, poderem erguer a taça diante de milhões de espectadores. Contudo, como sabemos, o mais importante é participar e saber competir num clima de camaradagem e espírito desportivo. Mas como sempre

nas competições, e esta vez não fugiu à regra, nem tudo aconteceu sem violência, agressões e atitudes pouco dignas de uma competição planetária. Em muitos momentos faltou espírito de equipa, na maioria das vezes devido à influência dos meios de comunicação que deram mais importância a um participante «ídolo» do que aos demais, o que causou frustração e derrotas. Uma das lições desta copa é que nunca podemos agir sozinhos e ignorar os outros, precisamos agir com espírito de equipa e, além do mais, os organizadores não podem continuar a profanar a dignidade e a vida do povo como aconteceu neste caso. Mas a vida continua e já se fala na Rússia 2018, esperando que as lições desta copa sirvam para melhorar a que há de vir. Desejo a todos um profícuo ano pastoral, escolar e de trabalho. Bom recomeço a todos! Boas e merecidas férias a todos.

Horários da missão católica de língua portuguesa de Genebra ATENDIMENTO NA SECRETARIA: Terça a sexta: das 15h00 às 18h30 Sábados: das 9h00 às 11h30 MISSAS: Sábados, às 19h00 Domingos às 9h30, às 11h00 e às 18h00 Durante a semana: Terça a sexta às 19h00 (na capela) PS: Nos meses de julho e agosto, aos domingos, as missas são somente às 10h00 e às 18h00; aos sábados são às 19h00. Av. de Sainte Clotilde, 14 bis 1205 - GENÈVE Tel. 022 70 80 190


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André Sardet Entrevista a...

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André Sardet é um dos cantores portugueses com maior notoriedade junto do público em geral. Com um percurso musical distinto e uma carreira invejável, este cantor, compositor e músico apresenta-se como um profissional muito rigoroso e dedicado ao seu trabalho, fatores que estão na base do seu sucesso. A sua experiência artística conta já com uma longevidade significativa, muito mais do que os 18 anos de carreira profissional como cantor. Já escreveu músicas para novelas e participou noutras experiências musicais com outros artistas, mas foi como cantor a solo que esta figura de renome nacional conseguiu, efetivamente, conquistar por mérito próprio a posição que ocupa no panorama musical português. Aproveitando a sua passagem por Genève, onde foi cabeça de cartaz no 10.º aniversário da Rádio Arremesso, entrevistámo-lo a propósito do seu passado e do presente, quase duas décadas de sucessos, sem deixarmos de perscrutar o futuro deste consagrado e sempre promissor cantor. André Sardet nasceu e vive em Coimbra, na região centro de Portugal, cidade que é marcada pela sua beleza, pela história e pela cultura – nela foi criada por D. Dinis, em 1290, a universidade, que é uma das mais antigas do mundo e a mais antiga de Portugal. Cidade marcante também na música, em ligação com a universidade, onde se desenvolveu uma forma típica de canto: o fado de Coimbra. Nesta cidade iniciou a sua carreira profissional há mais de 18 anos. Por isso ter acontecido sendo ainda tão jovem pode parecer que no início tudo foi fácil, mas não foi bem assim. Ouçamo-lo.


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Entrevista a... Neste caso concreto deu-se uma situação diferente do que costuma acontecer, porque a música, quando passou na novela já era um sucesso; mas ajudou a afirmá-la ainda mais junto do público. «Adivinha quanto gosto de ti» é um tema que convida a fazer uma viagem a um mundo imaginário. Com a agitação do dia a dia também sente que é necessário, de vez em quando, fazer-se uma viagem ao mundo da imaginação? Depois do grande sucesso − tendo obtido oito discos de platina − senti necessidade de fazer um projeto diferente, contextualizado, limitado no tempo. «O Mundo de cartão» não faz parte de uma linha de continuidade, foi um projeto especial que criei mas ao qual fechei a porta e deitei a chave fora. Não voltarei a fazer outro mundo de cartão. Eu tinha já composto várias músicas que dedicava à minha filha mas acabava por pô-las de parte. No entanto, um dia lembrei-me de as aproveitar e de as partilhar com as outras pessoas.

O que aconteceu para que se tivessem decidido acreditar no seu primeiro álbum, «Imagens», no longínquo ano de 1996? O ano de arranque da minha carreira foi bem animador, com o tema «Azul do céu» a abrir as portas do meu reconhecimento público. Seguiu-se um período em que algumas situações não me ajudaram muito, pois fiquei sem editora e sem manager. Só a saída do álbum acústico, na celebração dos 10 anos de carreira, me devolveu de novo a notoriedade que tinha ganho com o meu primeiro tema. «Agitar antes de usar» foi o tema mais conhecido do seu segundo álbum, de 1998. Como se apercebeu de que este tema foi determinante para confirmar a sua popularidade junto do público? Porque comecei a ter muitos mais espetáculos e outras solicitações para dar entrevistas e também porque a música passava muito mais vezes nas diversas rádios. Embora não se reconheça na categoria de cantor romântico, o público vê nas suas letras um certo romantismo, o qual, quiçá, gostaria também de experimentar

nas suas próprias vidas. No entanto, nem todos têm a possibilidade de criar uma música e de a oferecerem às esposas no dia do casamento. André Sardet compôs o tema «Olhos da Manhã» para a esposa Catarina, que tocou quando se casaram. Com esta singela prova de amor não se considera, assim, um romântico? Eu nunca gostei muito de rótulos, no entanto, costumam identificar-me como um cantor romântico. De facto, este foi um tema que toquei no meu casamento, no momento da abertura do baile. Não costumo falar muito sobre a minha vida pessoal, mas achei que o meu público merecia esta pequena confidência, por isso a tornei pública. Num dado período de sua vida dedicouse mais a compor canções para novelas: «Quando te falei de amor» e «Foi feitiço» são dois dos temas mais conhecidos. Este último constituiu o genérico da novela «Feitiço de Amor», da TVI. Fê-lo mais por prazer ou por entender que isso iria agradar ao seu público, que assim podia ouvir na televisão os seus temas? E imaginava que estes temas o iriam tornar assim tão popular junto de todos os portugueses?

Tendo atingido uma prestigiada carreira profissional, e sendo autor, compositor, músico e cantor de suas próprias canções, esteve muitas vezes no primeiro lugar dos tops nacionais. Teve ainda o privilégio de tocar com Rui Veloso e Luís Represas. Com Mafalda Veiga gravou «Hoje vou ficar». De quem partiu a ideia para concretizar estes projetos a dois? Fui eu que os convidei em 2002. Na altura estava a gravar o álbum «André Sardet», precisamente porque entendi que tinha atingido a minha identidade musical e porque percebi que faria sentido partilhar esse momento muito feliz para mim com esses músicos também tão especiais. Um dos últimos trabalhos que realizou e que, de certa maneira, surpreendeu o seu público, foi o dueto com Mayra Andrade. Como surgiu essa possibilidade? Tudo aconteceu muito rapidamente, numa primeira fase até julguei que isso seria impossível porque a Mayra é muito mediática e anda quase sempre em movimento entre os EUA e o Brasil. Felizmente conseguimos compatibilizar as nossas agendas e tive a sorte de a termos convencido a colaborar neste projeto, que foi feito apenas num único fim de semana. Essa música foi o tema principal do filme «Sei lá», realizado pelo Joaquim Leitão e produzido pelo Tino Navarro. É caso para dizer que a seta bateu no coração dos


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Entrevista a...

portugueses, pois em pouco tempo teve mais de 60.000 visualizações no Youtube. Sendo esta mais uma letra da sua autoria, como conseguiu ter essa inspiração para a criar? A família ajuda-o a conseguir arranjar essa força e essa capacidade criativa? Esse tema está a ser muito bem aceite pelo público, acho que é um tema que vai dar muito que falar. Eu já aprendi a compor também em locais de barulho, por exemplo, lá em casa, com as crianças, e isso é o resultado da experiência, pois senti necessidade de me habituar a trabalhar nas mais diversas situações. Se pudesse fazer uma distribuição das percentagens pelas fontes que lhe permitem a criatividade como o faria? Por exemplo, a inspiração, a transpiração, a paixão ou outros fatores? Ora aí está uma pergunta difícil de responder, mas eu penso que será o resultado de 60% de transpiração, de 20% de inspiração, de 10% de paixão e 10% de outros fatores. Durante a tournée de 2011 convidou os fãs a levarem para os seus espetáculos as cápsulas do Nescafé Dolce Gusto, as quais podem ser recicladas. A cidade onde mais cápsulas fossem recolhidas receberia um Parque de merendas custeado pelas

receitas das cápsulas recolhidas na tournée. Mangualde foi a vencedora. Hoje podemos repousar e descansar nesse lindo parque. Acha que o país poderia ganhar mais com iniciativas do género protagonizadas por figuras públicas e por políticos? E porque razão não o farão mais vezes? Nós devemos respeitar mais o planeta e temos a obrigação de o deixar habitável para os nossos filhos e netos. Por exemplo, aqui na Suíça, há uma consciência ambiental que está longe de se conseguir implementar em Portugal. Eu senti que deveria também ajudar a preservar o ambiente, daí que tenha passado sempre essa mensagem ao longo dos nossos espetáculos. Como têm corrido as vendas no presente ano de 2014, uma vez que já atingiu os 300.000 CD (Compact Discs)? As vendas estão a acompanhar a evolução do mercado, mas está tudo a correr muito bem. Que outras atuações ou outro tipo de trabalhos estão agendados para breve? Eu estou a preparar uma tournée para realizar em auditórios, o que já não faço há alguns anos, com ambientes e públicos mais intimistas, onde vou tocar piano e outros instrumentos. Em seguida irei começar a preparar a comemoração dos

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meus 20 anos de carreira, prometendo muitas novidades em 2016. Como se define, porque geralmente a imagem que um artista tem no palco nem sempre corresponde à sua maneira de ser no dia a dia. Eu considero-me uma pessoa simples, sou um pouco tímido, mas falo com todas as pessoas. Aproveito para deixar aqui um apelo: se me virem na rua falem comigo porque eu gosto muito de falar com as pessoas. São esses os melhores prémios da minha carreira. Que género de música ouve? Mais do que ouvir música leio muita poesia, geralmente de Sophia de Mello Breyner Andresen. Talvez não se tenha apercebido mas tornou-se um símbolo da determinação e do querer para muitos jovens devido à sua capacidade empreendedora. Que diria a alguém que viesse ter consigo e lhe pedisse um conselho para iniciar também uma carreira artística no mundo da música ou até mesmo da escrita? Acima de tudo, entendo que quando temos um sonho devemos acreditar muito em nós e nas nossas capacidades, e saber que se trabalharmos arduamente e lutarmos com determinação o sucesso irá aparecer mais cedo ou mais tarde.


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Temas jurídicos

Alterações ao

«poder paternal»

Albertina Fernandes pergunta: «Sou divorciada e tenho um filho com seis anos de idade. Estou a pensar emigrar e, como sou a detentora do poder paternal do Filipe, queria saber se tenho de ter a concordância do pai para sair de Portugal e estabelecer-me no estrangeiro com o nosso filho.» A este propósito, a Lei n.º 61/2008, de 31 de outubro − vulgarmente conhecida como Lei do Divórcio − introduziu no ordenamento jurídico português profundas alterações no que concerne à definição do comummente designado «poder paternal». Desde logo foi eliminada a referência à expressão «poder paternal», substituindo-se pela locução «responsabilidades parentais», abolindo-se, assim, a ideia da prevalência de um género (pai) sobre o outro (mãe) na educação dos filhos. Mas a principal inovação trazida pela Lei n.º 61/2008 foi, sem dúvida, o estabelecimento de um regime de guarda conjunta como regime-regra no que respeita à regulação das responsabilidades parentais. Neste sentido, atente-se no disposto no artigo 1906.º, n.º 1 do Código Civil, que prevê: «As responsabilidades parentais relativas às questões de particular importância

para a vida do filho são exercidas em comum por ambos os progenitores nos termos que vigoravam na constância do matrimónio, salvo nos casos de urgência manifesta em que qualquer dos progenitores pode agir sozinho, devendo prestar informações ao outro logo que possível» (sublinhado nosso). Nesta lógica de envolvência e responsabilização de ambos os progenitores na educação dos seus filhos o legislador foi mais longe, concretizando no n.º 6 da mesma disposição legal: «Ao progenitor que não exerça, no todo ou em parte, as responsabilidades parentais assiste o direito de ser informado sobre o modo do seu exercício, designadamente sobre a educação e as condições de vida do filho» Isto significa que mesmo que não exerça, no todo ou em parte, as responsabilidades parentais, o progenitor tem sempre o direito de ser informado sobre o exercício dessas responsabilidades por parte do progenitor a quem foi confiada a guarda do menor. Perante isto, não há dúvida de que a decisão de deixar o país com o menor não deve, por respeito ao seu superior interesse, ser tomada levianamente. Impõe-se, desde logo, informar o progenitor que não tem a guarda do mesmo da intenção de sair do país com caráter permanente, fazendo-se acompanhar do filho menor de ambos. Se não cumprir o dever de informação estará a violar a Lei Portuguesa, concretamente o artigo 1906.º, n.º 6 do Código Civil, que, como se viu, atribui ao progenitor não guardião o direito de ser informado sobre o exercício das responsabilidades parentais, sendo a decisão de deixar o país deveras relevante no que respeita à vida do menor e à relação deste com os progenitores e demais familiares. Caso o outro progenitor não concorde com a tal decisão pode impugná-la judicialmente, pedindo ao Tribunal que defina (ou redefina) unilateralmente o modo de exercício das responsabilidades parentais, sempre com a salvaguarda do interesse do menor como escopo último da sua atuação.

Vale a pena ler o excerto de um Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça português sobre esta temática: «Em tempos em que a mobilidade social e a necessidade de procura constante de bem-estar, sobretudo em tempos de crise económica, em que a emigração volta a estar no horizonte dos que são atingidos no seu nível de vida (para já não falar nos motivos da suas vidas pessoais, familiares e afetivas), decisões como as que se relacionam com o futuro de filhos de pais divorciados não podem, agora, ser tomadas sem a informação do progenitor que não tem a totalidade do poder parental (no caso, o recorrente só tem o direito a visitas e não de guarda). Em caso de desacordo impõe-se a pronta intervenção do tribunal na demanda da solução que, consensualmente ou não, salvaguarde a defesa dos interesses do menor. Assim, a recorrida ao tomar por si, única e exclusivamente, a decisão de abandonar Portugal para se fixar com o filho menor na Suíça, ancorada no facto de ter a sua guarda, não só violou o dever de informação e participação do recorrente, num aspeto da maior relevância para o futuro do menor, obrigação a que estava obrigada por força do n.º 6 do art. 1906.º do Código Civil, na redação da Lei n.º 61/2008, de 31.10, como também privou o Tribunal de se pronunciar ante a patente discordância do progenitor que não tem a guarda do filho.» (Acórdão de 28-09-2010, disponível na íntegra através do site www.dgsi.pt).

A Sociedade de Advogados Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados disponibiliza-se para prestar esclarecimentos de natureza jurídica sobre qualquer matéria aos leitores da Lusitânia Contact. Para o efeito, as perguntas e dúvidas deverão ser encaminhadas através dos seguintes canais de comunicação: Tel.: +351 219 236 680 Tlm.: +351 932 020 210 E-mail: geral@rpnfa.com



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Associações portuguesas

Rádio Arremesso O percurso por que uma rádio passa até atingir uma certa sustentabilidade e sucesso junto do seu auditório é, muitas vezes, árduo e com inúmeros obstáculos pelo caminho. Tal como Guglielmo Marconi − o físico e inventor italiano que descobriu o primeiro sistema prático de telegrafia sem fios (TSF), criando, assim, as bases para que surgisse, pela primeira vez, a rádio – teve muitas dificuldades em impor as suas ideias, também Abílio Marques, o mentor da Rádio Arremesso, teve de lutar muito até que esta sua ideia de criar uma estação emissora de rádio tivesse sido reconhecida. O que começou por ser uma brincadeira entre amigos, com uma paixão comum pela radiofonia, viria a ser mais tarde um projeto sério, uma rádio sempre próxima dos ouvintes para os informar e animar, e, ao mesmo tempo, dar voz aos diversos gostos do vasto auditório. Assim, convém recordar um pouco o percurso, a verdadeira aventura que foi criar esta rádio. Tendo as suas origens na margem sul do Tejo, na vila de Baixa da Banheira, em pleno final do regime do Estado Novo, a então Rádio Arremesso funcionava ilegalmente nas oficinas de reparação de televisores de Abílio Marques. Neste período teve uma

grande influência na região como veículo de ideais e apelos às mais diversas formas de contestação ao regime ditatorial da época. Estando no ar nas noites e madrugadas dos fins de semana, transmitindo em 100.1Mhz em frequência modulada (FM), aproveitara o facto de esta banda não ser utilizada pelas rádios oficiais para emitir com a ajuda de um pequeno emissor artesanal a válvulas e uma pequena antena camuflada no meio do quintal. Com a Revolução do 25 de Abril a rádio manteve predominantemente uma vertente recreativa e de informação junto dos habitantes da vila. Nos finais dos anos 70 alcançou mais notoriedade, tendo ganho muitos ouvintes do outro lado do Tejo, o que despertou a curiosidade dos Serviços Radioelétricos Nacionais, Estes, apercebendo-se do seu funcionamento ilegal, confiscaram todo o equipamento de emissão, encerrando, pela primeira vez, a Rádio Arremesso. Com a chegada dos anos 80 veio a anarquia bem conhecida nas rádios locais, tendo a Rádio Arremesso voltado a adquirir o estatuto de emissora regional, beneficiando do facto de ser a mais antiga, a melhor equipada e a que tinha melhores instalações na margem sul do Tejo.

Neste período as rádios viveram uma etapa dura devido à então polémica Lei da Rádio, que teve o intuito de pôr ordem no especto radioelétrico da banda de FM, que se encontrava superocupado, tendo a Rádio Arremesso ganho também esta batalha. Foi a primeira no distrito de Setúbal a receber o alvará do governo que lhe permitiria emitir de forma legal durante vários anos, acabando por servir de rampa de lançamento para muitas figuras notáveis da rádio e da televisão nacionais de hoje. Seguiram-se alguns bons anos de rádio, até que, em finais dos anos 90 ocorreu o seu fim, depois de uma oferta do grupo Rádio Clube Português a quem foi vendido o alvará e cedida a frequência de emissão, tendo assim sido encerrada mais uma vez. Em meados do ano de 2002, como resultado de infindáveis pesquisas na internet sobre uma paixão que sempre o animou, o João Carlos, também natural de Baixa da Banheira, encontrou um site inglês que explicava como criar uma estação de rádio através da internet: logo decidiu deitar mãos à obra. Começou-se por fazer o download dos programas que permitiam a transformação e o envio do som através da rede mundial, dando assim início a uma série de testes e, desta forma, conseguiu-se


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Pessoal da R. A. na festa do 6.º aniversário

O saudoso cantor Beto com pessoal da A. R.

pôr em prática este novo projeto. Inicialmente contou com a ajuda de um colega de noites perdidas, o Francisco Monteiro, que se inteirava da qualidade do retorno da emissão (feedback). E foi assim que surgiu, pela primeira vez, a Rádio Arremesso com emissão online. Entretanto iam sendo feitas inúmeras alterações com o intuito de aperfeiçoar, cada vez mais, a emissão, até que, em determinado momento, surgiu a seguinte questão: O que se deve fazer para que esta rádio seja diferente de todas as outras? Foi então que surgiu a ideia de a pôr a emitir apenas música portuguesa e, com naturalidade, surgiu o slogan: Rádio Arremesso, 100% em português. Aproveitando os meios técnicos de que dispunha, confiante no sucesso deste projeto e com um crescente número de ouvintes, foi então tomada a decisão de reunir à volta de uma mesa os que faziam parte do auditório e que quisessem opinar sobre o seu futuro. Nessa reunião os 10 elementos presentes decidiram empenhar-se arduamente neste projeto, com o intuito de divulgar o melhor da nossa música junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. O dia 15 de fevereiro de 2004 tem, assim, um significado muito especial, pois repre-

às 10 horas locais do dia 9 de abril de 2004 e com locução do então presidente Joaquim Bento. Estava assim lançada a primeira rádio 100 % em português a emitir pela internet. Estando, no entanto, limitada ao horário de abertura do Clube Lusitano de Gland, sentiu-se necessidade de se encontrar um local que permitisse alargar o tempo disponível para a emissão. Através de outro sócio fundador, Leonel Albino, conseguiu-se um acordo com o Clube FC Acácias Ville, em Genebra, para que fosse alugado um espaço. Assim, no dia 13 de julho de 2004, a Rádio Arremesso começou a emitir a partir deste estúdio situado numa cave da Rue Patru. Depois de vários anos de funcionamento, apesar da experiência adquirida mas com grandes desafios técnicos pela frente, foi feita a primeira emissão com uma equipa de exteriores em direto para todo o mundo a partir do Casino de Genève, num concerto de Tony Carreira. Para o sucesso desta emissão teve grande relevância a vontade, o esforço e a dedicação de todos intervenientes, apesar dos modestos meios técnicos e humanos. Mais tarde houve outra mudança de instalações, desta vez com a ajuda de J. Henriques, estando a Rádio Arremesso até à presente data instalada no Centre Commercial de la Praille, depois de várias obras

André Sardet na festa do 10.º aniversário da R. A.

senta a data de fundação da Associação Rádio Arremesso, cujos estatutos foram aprovados nessa Assembleia Geral para funcionar sem fins lucrativos, Ficaram a fazer parte da direção da Associação os seguintes elementos: Joaquim Bento, presidente, João Lopes, vice-presidente, H. Mendes, secretário, e Carlos Albino, tesoureiro. O Conselho Fiscal era liderado por José de Oliveira. Uma vez criada a Associação, era necessário arranjar instalações para que a rádio pudesse funcionar. De início houve inúmeras dificuldades para se conseguir um local, até que, por influência de H. Mendes, o Clube Lusitano de Gland se dispôs a alugar-lhe uma sala, tendo havido um bom acolhimento por parte do seu presidente, Aníbal Amador. Surgiram assim os estúdios oficiais da Rádio Arremesso, com a emissão inaugural


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Associações portuguesas

António Manuel Ribeiro, dos UHF, na R. A.

Olavo Bilac, dos Santos & Pecadores, na R.A.

efetuadas no espaço sob a orientação do presidente, Joaquim Bento. Quando José Pereira assumiu a direção da Rádio Arremesso, há 7 anos, nada fazia prever que o caminho percorrido iria ser tão longo e a evolução tão rápida, tendo resultado de uma conjugação de projetos que acabaram por cimentar uma posição de prestígio como estação emissora online. Com uma equipa de direção dinâmica, unida e voluntariosa, foi possível definir uma estratégia em 4 etapas: 1.ª − Desenvolver parcerias com os artistas e divulgar a música e a cultura portuguesas; 2.ª − Criar uma grelha diária de programas variados com locutores motivados e criativos; 3.ª − Melhorar os requisitos técnicos com a compra de novo material e a permanente atualização do mesmo. 4.ª − Dar a conhecer a Rádio Arremesso através do estabelecimento de laços com a Comunidade Portuguesa local (e também internacional) e desenvolver parcerias com os atores económicos locais e internacionais. Esta nova política tem, mais uma vez, por objetivo obter a satisfação dos ouvintes. Com muito empenhamento e sacrifício o José Pereira mostrou ser um elemento fundamental para que a Rádio cresça mais a cada dia que passa, pois aproveita todas as oportunidades para que isso ocorra. Todos os acontecimentos em que a Rádio participou resultaram do seu dinamismo, tendo contado, no entanto, sempre com o apoio de uma equipa responsável e ambiciosa. A sua simpatia e motivação têm sido o catalisador para que toda a equipa acredite no projeto e se empenhe na concretização dos desafios que se puseram no passado e se porão no futuro à Rádio Arremesso. Nos últimos anos foram inúmeros os acontecimentos que esta rádio acompanhou, fazendo a cobertura em direto com emissões online. Desde os mais diversos acontecimentos de cariz cultural organizados pela Comunidade Portuguesa, ao desporto helvético e português através do re-

lato e dos comentários aos jogos de futebol do Servette Football Club, mas também da seleção nacional no Mundial do Brasil. Acompanhou, igualmente, vários acontecimentos helvéticos através do seu estúdio móvel, como, por exemplo, o «Swiss Car Event», um certame que decorreu em junho deste ano na Arena Palexpo, em Genève, dedicado aos automóveis. Assim, a amizade e a empatia junto de conhecidos artistas portugueses fez que esta emissora de rádio tenha, atualmente, o privilégio de compartilhar com a Comunidade Portuguesa o exclusivo de momentos de festa e diversão com os seus artistas de eleição. Literalmente de portas abertas decorreu a celebração do seu 10.º aniversário, em maio do presente ano, para assim se permitir que esta Associação festejasse esta data tão especial junto da Comunidade Portuguesa. Com um cartaz recheado de excelentes artistas, que iam desde a fadista Teresa Tapadas, ao grupo de dança Paradise, passando pelos Anjos da Noite, por Rosinha e por André Sardet, que atuou pela primeira vez em Genève, o público aderiu em grande número a este encontro, que decorreu dia 24 de maio, na sala de Plainpalais, em Genève. A vossa revista, a Lusitânia Contact, perguntou a José Pereira qual a meta que tinha traçado como presidente da Associação da Rádio Arremesso, ao que ele vos respondeu não ter metas a atingir. Cada dia ele e toda a excelente equipa que o apoia procuram fazer o seu melhor, sempre atentos ao que se passa em seu redor para apoiarem e divulgarem esses acontecimentos. De igual modo lançou o convite para mais pessoas se juntem a este projeto em movimento que é a Rádio Arremesso, colaborando e divulgando-a, até mesmo participando nas emissões, pois haverá o maior gosto em todos receber. À Lusitânia Contact, a revista da Comunidade Portuguesa emigrante na Suíça, também agradecemos o excelente trabalho de divulgação desta rádio junto dos emigrantes portugueses!

O popular cantor Tony Carreira na R. A.

Parabéns pelo vosso excelente trabalho!

Grelha da programação: Domingos: 10h30 − 12h30: «Manhãs desportivas», com os animadores José Pereira, José Marques, Rogério, Albino, Tiago e Pedro. Segundas-feiras: 21h00 − 23h00: «Folclore e tradições da nossa terra», com a animadora Marina Oliveira e os grupos folclóricos portugueses em Genève. Terças-feiras: 19h30 − 21h00: «Terra de esperança», com a participação do Padre Geraldo, da Comunidade Católica de Língua Portuguesa (CCLP), acompanhado por Rogério Morgado. 21h00 − 23h00: «Arremesso no Top», com a animadora Marina Oliveira. Quartas-feiras: Discos pedidos, cujo lema principal é «Uma emissão feita por si e para si», animada pela equipa da Arremesso. Quintas-feiras: 21h00 − 23h00: «Você na Arremesso», programa quinzenal animado por Vanessa e Nuno de Carvalho. Sextas-feiras: 21h00 − 23h00: «As Tagarelas», com as animadoras Olímpia, Tuxa e Alexandrina. Sábados: 13h00 − 15h00 − «Ontem, hoje e amanhã», com os animadores Carlos Rios, David Palma e Sara Pereira. Direção Presidente: José Pereira Vice-Presidente: José Marques Tesoureiro: Olímpia Secretário: David Palma Contatos Telefone: +41 22 320 16 66 E-mail: radio@arremesso.com Site: http//www.radioarremesso.com

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Curiosidades e passatempos

Truques & astúcias Isabel Gomes isabelgomes3.4@gmail.com

MANTER A PELE JOVEM: • (Use água de arroz) Ponha numa caçarola os seguintes ingredientes: 2 colheres de sopa de arroz e 2 litros de água. Cozinhe em lume brando durante 3 horas. Deixe arrefecer e filtre com um pano de algodão branco espremendo bem. Guarde numa garrafa e aplique no rosto todas as manhãs. Complete o tratamento natural com um esfoliante feito com água e farinha de arroz. Aplique no rosto fazendo movimentos circulares.

EVITAR OS ODORES NO FRIGORÍFICO: • Ponha dentro do frigorífico um copo cheio de café em grão ou moído. CASPA E A OLEOSIDADE DO CABELO: • Coza durante 1/4 de hora 100g de raízes de urtigas num 1 litro de água. De seguida, ponha tudo num copo misturador e triture bem. Aplique esta mistura, o equivalente a um copo, sobre o couro cabeludo e massaje bem duran-

te 5 minutos. Por fim, lave a cabeça com água limpa. Aplique o seu champô como habitualmente. Este tratamento pode ser feito várias vezes por semana. TOSSE SECA: • Para acalmar a tosse seca durante a noite salpique a almofada com um pouco de vinagre de maçã. PELE MACIA E SEDOSA: • (Faça um sabonete caseiro da seguinte forma) Ponha 9 colheres de sopa de sabonete de glicerina (natural) ralado dentro de uma panela. Leve ao lume em banhomaria. Mexa com uma colher de pau e logo que fique líquido adicione 1 colher de café de azeite, gota a gota, mexendo sempre. De seguida, adicione 2 colheres de café de mel. Continue a mexer até ficar uma mistura espessa. Retire do lume, verta para dentro de pequenas formas em silicone (caso tenha)

e reserve até solidificar. Pode demorar alguns dias. Por fim, desenforme e utilize na sua higiene diária. ROUQUIDÃO E ALÍVIO DAS CORDAS VOCAIS: • Junte 3 sementes de cardamomo num fervedor com 1 copo de leite. Leve a ferver durante 2 minutos. Desligue o lume e deixe repousar durante 10 minutos. Tome de seguida. PICADAS DE INSECTOS: • Esmague um dente alho, junte 1 colher de sopa de mel e 1 colher de chá de vinagre de maçã. Misture bem e aplique esta pasta sobre a zona da pele a tratar. Cubra com filme alimentar ou com uma gaze. Caso esteja no campo e não tenha acesso imediato a qualquer produto, verifique se existe por perto uma figueira. Se encontrar, corte uma folha e aplique o suco que escorre da folha (leite) sobre a picada do inseto.


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HORÓSCOPO PREVISÃO TRIMESTRAL (Setembro Outubro Novembro)

Curiosidades e passatempos tre-se apenas como é, porque a simplicidade será apreciada. TRABALHO: Haverá mudanças que exigirão maior flexibilidade da sua parte. Terá de ser mais condescendente em relação às decisões dos seus superiores. SAÚDE: Modere os excessos na alimentação para evitar problemas de estômago. Caranguejo

Sérgio Tomásio sergio.voyante@gmail.com

Carneiro AMOR: Não se comporte de modo incorreto para com a pessoa amada, pois isso poderá conduzir a situações pouco recomendáveis. TRABALHO: As suas capacidades serão postas à prova por novos acontecimentos. Procure controlar os nervos para evitar pôr em causa o seu trabalho e para não piorar a situação. SAÚDE: Dedique mais tempo a si. Leia um bom livro ou vá ao cinema. Touro AMOR: Os ciúmes que sente em relação à pessoa amada estão a causar-lhe problemas. Procure o entendimento e dê mais liberdade à relação. TRABALHO: As ocasiões para crescer não faltam, apesar de se estar sempre a lamentar. O que lhe falta é a coragem para começar. Experimente e o resto virá depois. SAÚDE: Tente manter a calma para superar alguns episódios desagradáveis durante este período. Gémeos AMOR: Não se faça notar com a pessoa amada, pois corre o risco de cair no ridículo. Mos-

AMOR: Receberá maus conselhos de amigos em questões de amor, tenha atenção para não se arrepender. Siga o seu instinto e decida por si, não se deixe cair em equívocos. TRABALHO: Terá de alterar a sua atitude para com os colegas, pois poderá criar algumas inimizades difíceis de ultrapassar. SAÚDE: Durante este período sentir-se-á um pouco mais débil, mas trata-se de uma questão de desgaste, mais mental do que físico. Aconselha-se exercícios de descontração: talvez reiki. Leão AMOR: Vai ter de dominar uma situação a dois que à partida lhe é desvantajosa. Escute a pessoa amada pois estará a seu lado. TRABALHO: Sentirá durante este período algumas dificuldades devido ao frenesi e ao pouco tempo disponível. Se quiser levar a cabo as suas tarefas não delegue nos outros a sua responsabilidade. SAÚDE: Precisa de beber mais água, recordo-lhe que é natural, purifica os rins e hidrata a pele. Virgem AMOR: Saberá desbloquear uma situação de incompreensão com a pessoa amada. Não dê ouvidos ao que os outros dizem. TRABALHO: Ao não compar-

tilhar as suas opiniões com mais ninguém para poder sobressair entre os demais arrisca-se a desagradar aos seus colegas. SAÚDE: Estabeleça uma meta, seja ela física ou mental. Balança AMOR: Não seja demasiado condescendente com os riscos para que não seja alvo de aproveitamentos. Respeite para se fazer respeitar. TRABALHO: Tenha confiança e evite centralizar tudo sobre si para não sobrecarregar o seu dia a dia. SAÚDE: Beba mais líquidos e faça uma alimentação mais equilibrada. Escorpião AMOR: Não sinta medo de se expor e dedique mais tempo à pessoa amada. Liberte o seu coração para o amor. TRABALHO: Terá de esperar para obter as mudanças que tanto deseja. Tenha cuidado com quem se diz ser amigo, que procurará prejudicar a sua carreira. SAÚDE: Use melhor as suas energias disponíveis e evite assim o desgaste das pequenas coisas. Sagitário AMOR: Aproveite e valorize as oportunidades que se apresentam. Conseguirá durante este período mostrar o seu afeto e amor para com a pessoa amada. TRABALHO: Receberá uma proposta com ótimas perspetivas, mas não se deixe enfeitiçar pelo sucesso imediato e considere bem a sua decisão. Enfrentará um período bastante duro. SAÚDE: Evite desgastar-se preocupando-se demasiado com os outros.

81 Capricórnio

AMOR: Durante este período terá uma oportunidade que tanto esperava, não a deixe escapar. Tenha confiança porque será o seu momento. TRABALHO: Algum alarmismo inicial não passará de uma bolha de sabão. Não se precipite nem deixe que o pânico se apodere de si, mantenha a calma e conseguirá resolver o pequeno problema. SAÚDE: Elimine os maus hábitos e faça uma alimentação correta e equilibrada, nunca esquecendo o desporto. Aquário AMOR: Ao tomar tudo como um jogo pode ter a sensação de vantagem sobre os outros. No caso da pessoa amada ela tentará reagir e dominar. TRABALHO: Tenha a coragem e a determinação para prosseguir o projeto que tem vindo a amadurecer. É a altura ideal para o pôr em prática. SAÚDE: Poderá ter alguns problemas gástricos, evite comidas picantes e continue com os exercícios físicos. Peixes AMOR: A sua exuberância leva a que omita todas as situações que não lhe agradam. Não seja volúvel, entenda que o amor é para ser diário e não ocasional. TRABALHO: Tem empregado uma boa parte do seu tempo a solucionar um problema com repercussões em muitas atividades da empresa onde trabalha. Resolva uma coisa de cada vez, tenha calma e acabará por vencer. SAÚDE: Faça exercício, sobretudo de manhã, para aliviar o stresse.


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Curiosidades e passatempos

Anedotas Investigações científicas demonstraram que o humor e o riso são excelentes para a saúde. Rir entre 10 e 20 minutos por dia reforça o sistema imunitário e elimina o stresse.

Está o Manuel num voo do Brasil para Lisboa quando resolve ir até à cabine e perguntar ao piloto: − Senhor Comandante, onde estamos agora? Responde-lhe o piloto: − Sobre a Amazónia, a 10.000 metros de altura! Diz o Manuel: − Puxa, eu sabia que o Brasil era grande, mas não sabia que era tão alto! (Elisabete Moraes, leitora da Lusitânia Contact no Brasil)

• Numa pequena vila da província apareceu um burro morto no largo em frente à Igreja. O padre esperou que os serviços camarários retirassem o animal. Como entretanto tinham passado oito dias e ainda lá se encontrava, o padre decidiu ir falar com o presidente da câmara, de quem era adversário político. − Senhor presidente, encontra- -se há oito dias um burro mor to no largo em frente à Igreja e o cheiro começa a ser insu- portável. Ao que o presidente responde: − Senhor padre, mas não é o senhor que tem a obrigação de tratar dos mortos? O padre retorquiu: − Senhor presidente, sou sim, mas também me compete avisar os parentes mais pró ximos.

Numa missa de corpo presente o padre faz rasgados elogios ao defunto. − O José era um ótimo paro quiano, um cristão exemplar, amigo do seu semelhante, um marido extremoso e um excelente pai. A viúva, virando-se para os dois filhos, diz-lhes: − Um de vocês que vá até junto ao caixão e verifique bem se é o vosso pai que está lá den tro.

Um alentejano, encontrando um amigo na rua da aldeia, disse-lhe: − Olha Manel, vou-me casar com a Jesuína. O outro, estranhando a escolha, a Jesuína não estava muito bem cotada na aldeia, respondeu-lhe: − Com a Jesuína? Diz-me lá uma coisa, tu vais casar-te por amor ou por interesse? − Olha, deve ser por amor por que eu não tenho interesse nenhum nela.

Da receção respondem: − Lamentamos, senhor, mas como se trata de uma questão pessoal nós nada podemos fazer. Ao que o marido da dita responde: − Sabe, o problema é que a janela não se abre, e isso já é um problema da res ponsabilidade da manu tenção do hotel.

Alguém toca à campainha na casa de um sovina. Quando este abre a porta para ver quem é depara-se com duas freiras a pedir esmola para a obra de beneficência da paróquia local. Diz-lhe uma freira: − Meu filho, nós somos irmãs de Jesus Cristo e… Ao que o anfitrião responde, sem as deixar continuar: − Passados dois mil anos as irmãs estão muito bem con servadas.

Um marido desesperado, após uma violenta discussão com a mulher no 14.º andar do hotel onde estavam hospedados, telefona para a receção e diz: − Por favor, preciso de ajuda rapidamente. Acabei de ter uma discussão com a minha mulher e ela quer saltar pela janela.

Um polícia, ao fiscalizar uma viatura, verifica que esta circulava com excesso de peso. Dirige-se ao condutor e diz-lhe: − O senhor circula com excesso de peso. Vou ter de lhe tirar a carta de condução. − Oh senhor agente, com fran queza, a carta pesa apenas uns dez gramas!

• Um velho alentejano começou a ter umas maleitas que lhe afetavam o andar. Preocupado, foi ao Centro de Saúde e marcou uma consulta. O médico, depois de lhe ter feito os exames de rotina, olhou para ele fixamente e perguntou-lhe: − Sr. José, se pudesse escolher preferia ter Parkinson ou Al zheimer? − Parkinson, Sr. Doutor! Prefiro entornar metade do copo do que não me lembrar onde está a garrafa do vinho! • Um marido, chegando tarde a casa, encontrou a mulher já deitada. Quando foi para a cama ela acordou e ele, acariciando-lhe o rosto, disse-lhe: − Querida, quero amá-la. Ela, meio ensonada, respondeu: − A mala, olha não sei onde está, se não a encontrares usa a mochila que está no ar mário do quarto das visitas. − Não é isso, querida, hoje vou amar-te. − Cá por mim podes ir a Marte, a Júpiter ou a Saturno, desde que me deixes dormir em paz.

Enviem as vossas anedotas e vamos todos rir!

Sudoku

(Manuel Da Silva, Luzern, Ex-Polícia de Trânsito)



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