A BRASPOL

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Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira Fundado em 13 de fevereiro de 1955 Registro nº 438, Liv A-02 Cartório de Títulos e Documentos CNPJ 07.217.980/0001-28 Declarado de utilidade pública pela Lei nº 310 de 22 de maio 1955.

A BRASPOL Vera Lúcia de Oliveira Mayer1

A BRASPOL é o órgão representativo da Comunidade Brasileiro-Polonesa do Brasil, destinada a representar, organizar, congregar, promover, incentivar e coordenar a promoção civilizatória histórica da Comunidade, fundada nos valores supremos de justiça e dignidade da pessoa humana, do bem estar e harmonia social, sem preconceitos ou discriminação, e comprometidos com a aculturação das tradições de nossos antepassados e com o desenvolvimento da sociedade da sociedade brasileira. Em 1990 no Auditório da Universidade Federal do Paraná, inúmeros descendentes de poloneses se reuniram para a fundação da BRASPOL NACIONAL Comunidade Brasileira Polonesa. Tem como objetivo, criar a solidariedade entre todas as Comunidades Polônicas do Brasil, preservar as tradições e os costumes herdados dos nossos antepassados, incentivar o intercâmbio cultural e científico entre o Brasil e a Polônia, e vice-versa, promover a valorização dos descendentes em todas as formas e ainda preservar todo o acervo cultural herdado. A BRASPOL em Palmeira surgiu em 1993 quando o Presidente Nacional, Dr. Rizio Wachowicz, reuniu um grupo de descendentes poloneses radicados em nossa cidade e propôslhes a idéia inicial. Logo aprovada, iniciou-se o trabalho com a eleição de uma diretoria provisória. A idéia ganhou corpo e em seguida foram criados núcleos em diversas comunidades do interior do município, como em Santa Bárbara Colônia, Maciel, Papagaios Novos, Passo do Tio Paulo, Rincão do Coxo, Boqueirão, Faxinal Grande, além de um central, e outro no bairro da Colônia Francesa. A partir da reunião preliminar, buscou-se apoio de lideranças comunitárias para incentivar a fundação, eram pessoas dispostas a assumir com os membros da diretoria, cargos de importância fundamental e consegui-se junto às famílias tradicionais, tanto da cidade quanto da Zona Rual principalmente aqueles que vinham cultivando em nível familiar, resgatar as tradições culturais e religiosas dos antepassados. 1

Presidente do IHGP e Secretária de Cultura da Braspol – Núcleo de Santa Bárbara. 1


Outro grande apoiador do movimento foi o pároco de Palmeira o padre Aurélio Falarz. Além de incentivador devotado, emprestou sua contribuição quando da celebração das missas e em programas da Rádio Ipiranga. Não faltou apoio da imprensa escrita, através de ambos os jornais de Palmeira sempre dispostos a divulgar destacadamente todas as atividades da Braspol, como também de estabelecimentos bancários, de empresas ligadas ao comércio e à indústria, bem como da Prefeitura Municipal, através de vários departamentos. Dentre os objetivos da Braspol, destaca-se o resgate das tradições culturais, religiosas e os fatos históricos, muitos já esquecidos pelos descendentes. Neste trabalho visa-se, sobretudo a valorização da etnia, mostrando o grande legado dos poloneses e seus descendentes à nova Pátria, o Brasil, e o reconhecimento dos serviços prestados, enfrentando novas realidades totalmente desconhecidas, em relação àquilo que conheciam em sua terra natal, e que somente a garra, o destemor e a vontade de vencer superariam. A Braspol objetiva também o resgate das tradições culturais de outros grupos étnicos que compõe nossa população e desta forma, incentivar descendentes de italianos, alemães, sírio libaneses, portugueses, japoneses, negros e tantos outros, a não perderem suas raízes culturais, seus usos e seus costumes. Nesta caminhada, a Braspol já realizou inúmeros eventos. A festa de fundação foi com jantar dançante à base de comidas típicas e música típica polonesa, incluindo aí a apresentação do grupo folclórico “KRAKUS”, procedente da Cracóvia, na Polônia, num dos maiores eventos culturais que os palmeirenses descentes de poloneses tiveram a oportunidade de presenciar. Os desfiles em sete de abril no dia de aniversário do Município e sete de setembro no dia da Independência do Brasil em várias ocasiões, a Braspol teve a oportunidade de mostrar aos palmeirenses parte do que os descendentes poloneses fizeram e fazem pela Palmeira. Como por exemplo, tradicional festa típica polonesa em Santa Bárbara, berço da imigração, que em 2013 já vai para a sua vigésima realização em homenagem e louvor a Nossa Senhora de Czestochowa, a padroeira dos poloneses; a festa em homenagem à Maria na Colônia Francesa, dedicada também ao trabalhador; e ainda a comunidade de Passo do Tio Paulo em 2013 celebra a sua décima quarta festa típica em louvor a São Miguel com a bênção das sementes e brincadeiras típicas. Os outros núcleos promovem suas festas em menor proporção e estão sempre integrados às comemorações dos demais.

As festas típicas Polonesas em Santa Bárbara

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Desde a sua fundação, em 26 de setembro de 1993, a Braspol de Santa Bárbara vem realizando a festa típica polonesa, que consiste no maior encontro da etnia polonesa do município e região. A programação elaborada e divulgada com antecedência, já consta do calendário de eventos do município em datas fixas, no terceiro domingo do mês de agosto então acontece a grande festa. Todas as festas já realizadas trouxeram em síntese na sua programação: tríduos preparatórios nas comunidades polonesas das proximidades; procissão de carroças no dia da festa com a imagem de Nossa Senhora de Czestochowa e os símbolos nacionais da Polônia e do Brasil; recepção às autoridades e visitantes com broa e sal; missa solene celebrada em polonês; almoço com comidas, bebidas e músicas típicas; recreações e brincadeiras à moda polonesa; apresentações artísticas e folclóricas, feira (barracas) com produtos da colônia; matine, exposições de fotos e fatos históricos, além, de muitas outras atrações. A cada ano a festa típica vem recebendo um número maior de participantes já se chegando a sete mil pessoas, numa confraternização que fazem os palmeirenses e o povo de outras cidades. Todos vêm para Santa Bárbara para reencontrar parentes, fazer novas amizades, reviver o passado, manter viva as tradições. Um momento ímpar e bastante peculiar que a Braspol tem proporcionado aos descendentes poloneses, conseguindo reunir pessoas de outras descendências que muito apreciam as tradições polônicas, formando um verdadeiro mosaico étnico lindo de se ver e que vale a pena conferir. O Núcleo da Braspol de Santa Bárbara, dentro dos princípios estatutários da entidade, tem assumido com responsabilidade os objetivos do resgate da história dos costumes e tradições, não se limitando à organização da festa típica, já que outras celebrações de caráter religioso como o natal e a páscoa estão sendo festejados conforme a tradição. A culinária já é um fator cultural que vem sendo bastante cultivado. São várias as famílias que aderiram ou voltaram a elaborar em seu cardápio os pratos da cozinha polonesa. As tradicionais brincadeiras estão sendo revividas mais constantemente. As histórias de famílias (genealogias) começaram a fluir mais frequentemente. São vários os descendentes e pesquisadores que estão registrando e formalizando suas histórias, deixando impresso os registros encontrados, além dos grandes encontros de famílias e que começam a acontecer. Deus quer que continuemos a manter vivas estas histórias de vidas, muitas vezes marcadas por sofrimentos e dificuldades, mas que serviram de alicerce e fortalecimento para enfrentarmos os grandes problemas do século XXI: a falta de fé e perseverança na religião, a decadência da instituição “Família” como célula mãe e vital para a sociedade, a ganância econômica e financeira, a globalização, o egoísmo e a individualidade.

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SER POLÔNICO. André Hamerski 2

Polonês, no Brasil, adjetivo elegante ao nascido na Polônia e que tem nacionalidade polonesa. Polaco, em Portugal, adjetivo ao nascido na Polônia e que tem nacionalidade polonesa. Polaco, polaca, no Brasil, na época da imigração, não caía bem, porque havia o escândalo de prostitutas, no Rio de Janeiro, que levavam o nome de "polacas" porque eram loiras; a erudição polonesa resolveu insistir em se adjetivar como polonês/polonesa, a partir da expressão "polonais/polonaise", que quer dizer "polonês/polonesa" em francês, então cultura refinada. Todo o Brasil passou a conhecer o termo "polonês", "polonesa". Agora "polônico". Polônico/polônica adjetiva as pessoas de origem polonesa que nasceram fora da Polônia e não possuem cidadania polonesa. Não são poloneses, portanto. Eu, pessoalmente, que nasci no Brasil, sou um brasileiro de descendência polonesa, um polônico. Portanto não sou nem polonês, nem polaco. Somos polônicos, que herdamos a cultura polonesa. Os itálicos não herdaram a cultura polonesa; herdaram a cultura italiana. Os germânicos não herdaram a cultura polonesa; herdaram a cultura alemã. Fugir de ser polônico, estamos traindo o Brasil; o Brasil precisa que sejamos vistos pela diversidade cultural; a BRASPOL foi criada para atender a essa necessidade brasileira. SER OU NÃO SER Ser polônico no Brasil é ser BRASPOLINO. Ser BRASPOLINO é reconhecer as suas próprias raízes étnicas. Ser BRASPOLINO é valorizar os seus ancestrais, é dignificar seus Pais, Avós e outros que formam a sua árvore genealógica. Ser BRASPOLINO é preservar o seu acervo cultural, com suas Tradições, costumes, língua e todos os valores sociais e históricos herdados. Ser BRASPOLINO é atuar de forma dinâmica na sua Comunidade procurando incentivar a preservação de tais valores. Ser BRASPOLINO é não esmorecer porque os outros não ajudam, mas, ao contrário, estimular os outros para uma participação. Ser BRASPOLINO é não medir esforços pela Comunidade, pois a Comunidade crescendo, crescerão juntamente todos os seus membros. Ser BRASPOLINO é não deixar que o seu próximo assuma sozinho as responsabilidades coletivas, mas, colaborar e participar. 2

Presidente da Braspol de Nova Prata – RS 4


Ser BRASPOLINO é se engajar com os demais na valorização da sua própria existência. Ser BRASPOLINO é ter a fé cristã que os imigrantes poloneses tiveram consigo, crendo em Deus e na sua Rainha Espiritual, Nossa Senhora de Częstochowa. Ser BRASPOLINO é não se materializar invocando a necessidade de buscar apenas os bens materiais, mas, reservar o tempo e o trabalho pela sua própria espiritualidade e também, pela sua Comunidade Polônica. Ser BRASPOLINO é ser cidadão que dignifica o seu passado e enaltece o presente. Ser BRASPOLINO é não se intimidar, mas, ser a bússola que orienta para o futuro promissor. Ser BRASPOLINO é demonstrar que o sofrimento, o trabalho, a ousadia, a luta dos pioneiros da imigração não foi em vão, mas consolidou-se pelo exemplo e pela fé. Ser BRASPOLINO é assumir os aspectos sociais e culturais, políticos e espirituais, em todas as dimensões, para podermos dizer no limiar do século XXI, de que a nossa geração compreendeu o seu papel na História, e não se desviar pelo caminho do sossego e da apatia. Ser BRASPOLINO é ser otimista, idealizador, combatente, conquistador de nossos horizontes. Ser BRASPOLINO é ser brasileiro de origem polônica.

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