Cartilha dos APL - Construindo o futuro

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CONSTRUINDO O FUTURO DOS APL DE GEMAS, JOIAS E BIJUTERIAS

www.ibgm.com.br


Introdução

Construindo o futuro dos APL de Gemas, Joias e Bijuterias

INTRODUÇÃO

dos mais antigos registros sobre um caso concreto de APL, analisando um APL de calçados no Rio Grande do Sul, na década de 90. Esse mesmo estudo diferencia conceitualmente os Arranjos Produtivos Locais dos Sistemas Produtivos Locais, naquilo em que estes teriam de articulação, interação, cooperação e aprendizado mútuo, e que os APL não apresentariam. Embora acadêmica, a distinção procede e sugere que a denominação oficial dos APL talvez devesse, em verdade, evoluir para “SPL”, pois que se trata de arranjos que se estruturam em busca, justamente, daquelas características.

A narrativa do desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais (APL) de gemas, joias e bijuterias no Brasil demanda a contextualização desse fenômeno na economia do país, que espelha fato semelhante observado em países desenvolvidos, mas adquire aqui características próprias, mais adequadas ao quadro das micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Uma definição comumente aceita de Arranjos Produtivos Locais os caracteriza como aglomerações de empresas, localizadas num mesmo território, apresentando especialização produtiva similar ou correlata e que mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, como: governo, associações empresariais, instituições de crédito e de ensino e pesquisa. A ideia dos APL, internacionalmente conhecidos como industrial clusters, pode ser remetida, com alguma liberdade, aos arranjos comuns nas cidades abertas da Idade Média europeia, onde profissionais e artesãos organizavam-se em corporações de ofício – as guildas – uma das mais antigas de organização coletiva para a produção de bens e serviços. Existe vasta literatura sobre tais arranjos modernos. Por exemplo, a UNIDO, braço das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial, tem toda uma biblioteca sobre as várias formas de cooperação interempresarial, cuja consulta e leitura se recomenda aos interessados (http://www.unido.org). Uma fonte brasileira no tema é a Redesist (http://www.redesist.ie.ufrj.br/) organismo interdisciplinar que estuda esse tipo de iniciativa desde 1997. Pesquisa feita pela internet indica um estudo feito há mais de dez anos como um

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O governo federal mostrou-se sensível à tendência mundial de suporte aos APL, reconhecidos como mecanismos capazes de promover desenvolvimento econômico regional de forma sustentável. Por isso, criou, pela portaria interministerial nº 200 de 2004, o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), “considerando a necessidade de articular as ações governamentais com vistas à adoção de apoio integrado a arranjos produtivos locais”. O Grupo de Trabalho foi criado com representantes de 23 organismos, como ministérios, bancos federais, agências governamentais e instituições privadas, com “a atribuição de elaborar e propor diretrizes gerais para a atuação coordenada do governo no apoio a arranjos produtivos locais em todo o território nacional”. A coordenação do GTP APL é realizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por meio da Coordenação-Geral de Arranjos Produtivos Locais, órgão do Departamento de Competitividade Industrial daquele Ministério. Esta se constitui, também, como Secretaria Técnica do GTP APL. Alguns dos mecanismos disponibilizados para a gestão dos APL incluem: - O OBAPL - Observatório Brasileiro de APL - um sistema informatizado, construído pelo governo federal para monitorar e centralizar as informações sobre APL brasileiros. Opera através de sua


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fanpage no Facebook (http://portalapl.ibict.br); - Rede Social - é um ponto de encontro para o mundo corporativo dos arranjos produtivos e para as instituições de pesquisa e de fomento que atuam no apoio e fortalecimento dos APL. Dela participam as empresas organizadas em APL, as instituições de apoio, estudiosos, acadêmicos e demais interessados (http://redeapl.ibict.br); - Banco de Dados – destinado ao armazenamento seguro de informações sobre os APL e os instrumentos de apoio; - Portal dos APL - meio de divulgação das informações coletadas no Banco de Dados. Além disso, leva ao conhecimento do público os indicadores de desempenho e evolução dos APL, bem como uma série de informações estruturadas sobre os arranjos brasileiros (http://portalapl.ibict.br); - Conferência Brasileira sobre Arranjos Produtivos Locais - evento de caráter nacional, cujo objetivo central é aprimorar as políticas públicas e estimular o desenvolvimento local, promovendo a troca de informações e de experiências no desenvolvimento das empresas e empreendedores organizados em APL. Mais especificamente direcionada ao setor de gemas, joias, bijuterias e afins foi organizada a Rede APL Mineral (http://www.redeaplmineral.org.br), congregando os APL de base mineral existentes no Brasil. O Plano Brasil Maior, definido pelo Governo Federal, organiza a nova política industrial, tecnológica e de comércio exterior do país, com diretrizes nas dimensões setoriais e sistêmicas, que são integralmente aplicáveis aos APL ao acolherem, por exemplo, proposições para o fortalecimento das cadeias

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produtivas. O Sistema Moda Brasil, criado pelo MDIC em 2008 para atender as demandas dos Fóruns de Competitividade (diálogo de entidades públicas e privadas), é integrado pelos setores de gemas, joias e bijuterias; couro - calçados e artefatos; e têxtil e confecções. A cadeia produtiva de gemas, joias e bijuterias foi selecionada pelo MDIC por possuir efetivas condições e potencialidades de incorporar ganhos de produtividade, qualidade e competitividade, aumento das exportações de produtos de valor agregado, forte potencial de exportação, com redução da informalidade, contribuindo para a criação e o fortalecimento de polos e arranjos produtivos locais. Um importante produto do Fórum no setor de gemas, joias e bijuterias foi a elaboração, em 2005, do documento “Políticas e ações para a cadeia produtiva”, pelo IBGM - Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos. O documento do IBGM apresenta um diagnóstico da cadeia produtiva e um conjunto de políticas, di- retrizes e de ações orientadas para a integração, o fortalecimento e a geração de sinergia entre os diversos elos da cadeia. Uma dessas propostas é o Projeto para Estímulo à Inovação, Competitividade e Desenvolvimento Integrado da Cadeia Produtiva de Joias, Gemas e Bijuterias, concebido e desenvolvido pelo IBGM com o apoio do SEBRAE e considerado uma alavanca para o alcance dos objetivos setoriais do Plano Brasil Maior. Nesse contexto, a cadeia produtiva foi analisada e foram indicadas algumas ações para o seu fortalecimento, com base na promoção da inovação e no desenvolvimento tecnológico, na criação de competências críticas, no aumento e adensamento produtivo das cadeias de valor, na ampliação dos mercados interno e externo e no crescimento sustentável. A partir de 2012 foram criados os Conselhos de Competitividade, no âmbito do


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Brasil Maior. Um deles, voltado ao Setorial Têxtil e Confecções, Calçados e Gemas e Joias, desenvolveu o chamado GT 3 – Fomento aos APL e às MPME, enfatiza a integração das atividades de fomento e troca de experiências com os responsáveis pela coordenação dos APL daqueles setores, principalmente em regiões com localização comum. É esta, em essência, a proposta da Ação 5 do Projeto acima referido.

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Ação 5:: Fomento aos APL

AÇÃO 5: FOMENTO AOS APL DE GEMAS, JOIAS E BIJUTERIAS Objetivo: Promover e integrar ações de apoio aos APL segundo suas necessidades e especificidades. Público-Alvo: Governança e indústrias de pequeno porte integrantes dos APL, abrangendo um número estimado de 500 empresas. Abrangência: nacional, com ênfase nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí. Vinculação ao Programa Brasil Maior: atende às seguintes orientações estratégicas e diretrizes setoriais: 1) criar e fortalecer competências críticas; 2) ampliar mercados interno e externo para empresas nacionais, 3) diversificar as exportações e promover a internacionalização e 4) Fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais e MPMEs. Os APL hoje existentes no setor de gemas, joias, bijuterias e afins apresentam diversos estágios de amadurecimento, destacando-se os APL dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina, melhores estruturados até para receber o apoio do Sistema SEBRAE, do IBGM e das associações de classe regionais a este filiadas. A seguir, em resumo, o perfil e as realizações de alguns desses APL, todos participantes do Projeto para Estímulo à Inovação, Competitividade e Desenvolvimento Integrado da Cadeia Produtiva de Joias, Gemas e Bijuterias.

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Cristalina

APL DE GEMAS, JOIAS E ARTESANATO MINERAL DE CRISTALINA A cidade de Cristalina, em Goiás, situa-se a cerca de 130 km da Capital Federal, com população um pouco inferior a 50 mil habitantes (Censo IBGE, 2011). A principal atividade econômica é a agricultura, seguindo a vocação do Estado, mas a segunda é a da cadeia produtiva do cristal de rocha, abrangendo o garimpo, a lapidação, a fabricação e a comercialização de gemas e joias. A região conta também com potencial turístico, principalmente em função dessa riqueza mineral. A Associação dos Artesãos de Cristalina (AAC) foi fundada em 2002, tendo como objetivo contribuir para a promoção e comercialização do artesanato de Cristalina, com foco no fomento e na racionalização das atividades artesanais e na defesa das atividades econômicas, sociais e culturais de seus associados. Em 2003, a AAC fez a sua primeira parceria com a Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Goiás, por meio do Gabinete de Gestão da Mineração (à época, Superintendência de Geologia e Mineração). Com isso, os artesãos passaram a ter acesso às linhas de crédito do Fundo de Apoio à Mineração – FUNMINERAL, apoiados pela Agência. Em paralelo, a Associação implantou cursos de lapidação e joalheria em parceria com a Prefeitura Municipal de Cristalina e o Centro de Gemologia de Goiás, melhorando a qualidade na produção e garantindo melhor rentabilidade aos negócios. Desde 2004 o SEBRAE-Goiás tem apoiado a Associação, sendo o responsável pela aproximação da mesma com o Instituto Camargo Corrêa, parceiro que veio a ter grande relevância no desenvolvimento da cadeia produtiva de gemas e joias da cidade.

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Cristalina

O Arranjo Produtivo Local de Cristalina foi implantado em maio de 2005, logo constituindo o primeiro Comitê Gestor do APL, composto por representantes de empresas do setor, da Associação dos Artesãos de Cristalina, da Cooperativa dos Garimpeiros, Artesãos e Mineradores de Cristalina, do SENAI, do SEBRAE-Goiás, do Ministério da Integração Nacional, da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Goiás – Gabinete de Gestão da Mineração e da Prefeitura Municipal de Cristalina. Desde então, cerca de trezentos alunos foram atendidos em cursos de empreendedorismo e gestão de entidades associativistas e nos diversos aspectos da produção e comercialização, incluindo treinamentos específicos para escultura, artesanato e design em pedra. Também, técnicas de lapidação mecanizada, fundição por cera perdida e análise e identificação de gemas foram contemplados. Foram ainda atendidas 15 empresas e 80 profissionais, com mais de 500 horas de trabalho fornecido, nas áreas de assessoria técnica e tecnológica. Em outra frente, importantes contatos foram feitos durante visitas técnicas e mediante a participação em várias feiras do setor. Em 2005, a Associação dos Artesãos participou da Inauguração da Central de Comercialização do Artesanato Goiano, em Goiânia, e a partir de então consolidou parceria com a Superintendência de Microempresas da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Goiás, por meio do Programa do Artesanato Goiano. Com isto, passou a ter um importante ponto fixo de comercialização dos seus produtos. Também, por meio do Programa do Artesanato Goiano e da Agência Goiana de Turismo – Goiás Turismo, inseriu-se no Programa do Artesanato Brasileiro – PAB (vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e participando das principais feiras e eventos de Artesanato e Turismo do País. Em 2009 a Associação iniciou o Projeto Terra do Cristal, tendo como parceiros a

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Construtora Camargo Corrêa, o Instituto Camargo Corrêa e o IBGM. O projeto tem como objetivo o desenvolvimento do APL de Joias, Gemas e Artesanato Mineral de Cristalina, visando a sustentabilidade socioambiental e a consolidação do produto regional nos mercados nacional e internacional. Em 2011, em reunião do Comitê Gestor do Projeto, o Instituto Camargo Corrêa propôs a realização de mais dois projetos: a construção do Mercado do Cristal e Layout - Ateliês, com a parceria do BNDES e do Instituto Meio, tendo sido disponibilizados recursos do Instituto e do BNDES para a construção do Mercado do Cristal. Lei municipal autorizou, posteriormente, a doação de área à Associação dos Artesãos de Cristalina para a construção de sua sede própria. O Projeto Mercado do Cristal materializa a implantação de um centro de comercialização do Artesanato de Cristalina e foi inaugurado em dezembro de 2013.


Joia Carioca

APL JOIA CARIOCA O APL Joia Carioca é uma iniciativa conjunta do SEBRAE/RJ e da AJORIO em parceria com outras instituições relevantes: Sindijoias/RJ, SNCAPP, IBGM, Sistema FIRJAN, Governo do Estado (pela SEDEIS), FECOMÉRCIO, SENAC Rio, PUC-Rio e INT. Diversas razões apontaram para a formação do APL Joia Carioca e contribuem para a sua consolidação, crescimento e fortalecimento, destacando-se: - Historicamente, o Rio de Janeiro foi o berço da indústria joalheira no Brasil; - Empresas do setor atuam no Rio há décadas e daqui se expandindo, tornando o Rio responsável por mais de 70% das exportações do setor; - Um expressivo número de MPMEs opera no estado atendendo à demanda do segundo maior mercado de joias e afins, que responde por cerca de um quarto das vendas nacionais desses produtos; - O estado conta com a presença de importantes instituições envolvidas com o setor joalheiro – universidades, escolas técnicas, centros de pesquisa, incubadoras de design etc., oferecendo ambiente propício à estruturação do APL e configurando uma verdadeira “vocação” regional; - Não menos relevante, já existe no Rio uma estrutura bem definida e atuante de liderança e coordenação do setor de joias e afins. O objetivo do APL Joia Carioca é ampliar e fortalecer as empresas participantes nos seus mercados, por meio da excelência de gestão e do desenvolvimento de produtos com design e valor agregado, para que se tornem referências no Brasil e no exterior. O público-alvo são os microempreendedores individuais e as MPMEs que produzem e vendem joias, bijuterias e produtos afins no estado do

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Joia Carioca

Rio de Janeiro. O APL Joia Carioca foi lançado em dezembro de 2004, criado por um convênio entre o SEBRAE e a AJORIO, renovado e ampliado posteriormente para incorporar o segmento das bijuterias. Espera-se que os resultados futuros do APL encorajem a celebração de novos acordos que permitam a continuidade das ações. Em busca de eficiência máxima, o APL Joia Carioca estruturou suas atividades em torno de sete eixos estratégicos, que são visitados a seguir. O primeiro deles é básico e essencial: a capacitação das empresas do setor. Com esse objetivo, uma gama variada de ações foi levada a cabo ao longo dos anos, algumas com caráter de “campanha” de duração limitada, outras de forma permanente. O segundo eixo é o acesso às tecnologias necessárias ao setor em seus vários segmentos, representado pela oferta de infraestrutura de apoio. Outro relevante componente da estratégia do APL Joia Carioca é a consolidação do design de todo o composto mercadológico do produto – em especial, mas não unicamente, joias, bijuterias, relógios e suas embalagens. O APL elevou essa atividade ao patamar de processo criativo, iniciado pela investigação estratégica de tendências de consumo e sua comunicação, por meio de eventos programados e publicações especializadas. A atividade comercial é fundamental a qualquer setor e a ela é atendida por ações agrupadas sob a denominação geral de acesso aos mercados interno e externo.

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Executadas ora em caráter de oportunidade, aproveitando a realização de eventos, ora em modalidade repetidas a intervalos regulares, tais ações são sempre cotejadas e decididas em função do pano de fundo da estratégia geral do APL. Em alguns desses eventos, a atividade comercial é ostensiva, mas em outros é realizada como promoção institucional. Ações de marketing setorial compõem o quinto eixo estratégico. São ações empreendidas e ferramentasutilizadas em suporte à função comercial dos participantes. Aqui se compreendem atividades de assessoria de comunicação empresarial (desde 2008); a página de internet hospedada no portal do Sistema AJORIO; informativos impressos e digitais e a presença nas redes sociais. O fomento à intersetorialidade, sexto eixo estratégico, é representado pelo incentivo à participação em iniciativas de característica multissetorial. Finalmente, o gerenciamento estratégico e operacional do projeto constitui, ele próprio, um sétimo e último eixo em função do alcance das medidas contempladas. Destacam-se o monitoramento do ambiente de negócios no Brasil e no exterior, combinado com a “inteligência competitiva” que transforma dados em informações e leva ao estágio do conhecimento; a disseminação de informações relevantes ao setor; o sistema gerencial integrado, permitindo respostas rápidas e melhorando a capacidade de tomada de decisões; os planos anuais de trabalho e o seu acompanhamento semanal; o controle financeiro e a prestação de contas às fontes financiadoras; etc. Diversos resultados relevantes foram alcançados: - Alterações positivas no perfil das empresas participantes do APL,


Joia Carioca

evidenciadas por fatores como: - Incremento do faturamento anual médio das empresas; - Crescimento do número de empresas que empregam técnicas modernas de gestão; - Crescimento do porte médio das empresas, medido por número de empregados. - Representação político-institucional do setor fortalecida em âmbitos estadual e nacional: dirigentes de entidades de classe e executivos ligados ao APL têm assento em importantes órgãos de entidades públicas e privadas; - Governança setorial bem estabelecida, com os parceiros bem integrados e representativos em suas áreas de competência; - De um lado, o SEBRAE RJ, como o parceiro por excelência dos pequenos negócios, como são 90% das empresas do setor joalheiro. De outro lado, o Sistema AJORIO - constituído pela Associação e quatro sindicatos patronais - uma referência reconhecida para profissionais e empresas do setor no estado; • Completam o modelo de governança, que atua com transparência, equidade e participação de todos, os parceiros Governo do Estado/ Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços – SEDEIS; Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro – FECOMÉRCIO; a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN; Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos – IBGM; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e Instituto Nacional de Tecnologia – INT.

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Opala - Pedro II

APL DA OPALA - PEDRO II O Brasil é o segundo maior produtor mundial de opalas, com as suas únicas jazidas conhecidas localizadas na cidade de Pedro II, no Piauí, empregando cerca de 300 trabalhadores que vivem exclusivamente da garimpagem, além de cerca de 400 que trabalham sazonalmente no garimpo. Trinta e cinco empresas operam com Opala de qualidade gemológica, produzindo joias. A região é assistida pelo APL da Opala, que tem por objetivo consolidar a cadeia produtiva por meio de uma abordagem sistêmica e cooperativa, a fim de agregar valor ao produto final. Os primórdios da organização da cadeia produtiva mineral em Pedro II remontam a 1985, quando, com verba da SUDENE e participação da então COMDEPI – Companhia de Desenvolvimento do Piauí, foram instaladas no Estado duas escolas de lapidação – uma em Pedro II e outra em Teresina. Os registros mostram que 20 lapidários integraram as duas primeiras turmas treinadas, uma cada escola. Os profissionais egressos da escola de Pedro II iniciaram a atividade que hoje se constitui na rede produtiva da opala e a maioria deles participa da AJOLP – Associação de Joalheiros e Lapidários de Pedro II. Em 2000 o SEBRAE começou a parceria com o setor, promovendo treinamentos em cooperativismo e associativismo que ensejaram a criação da AJOLP e da COOGP - Cooperativa dos Garimpeiros de Opala de Pedro II. Em 2005 organizou-se, com o apoio do SEBRAE-Piauí, o Projeto Cooperativo em Rede do Arranjo Produtivo de Opala na Região de Pedro II, com o objetivo de coibir a atividade desordenada da produção e comercialização das pedras na região e aumentar a produtividade e consolidar a cadeia produtiva da opala por meio de uma abordagem sistêmica e cooperativa.

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Desde então, com o apoio do governo do estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Tecnológico - SEDET, a AJOLP e, mais recentemente, o APL da Opala, vêm seguindo linhas de ação balizando as suas atividades estratégicas. As principais linhas são: pesquisa mineral, lavra, beneficiamento, lapidação, design, joalheria, comercialização, promoção comercial, gestão, inovação, tecnologia, empreendedorismo, recursos hídricos e meio ambiente, mobilização social, inclusão social e turismo mineral. Nesse contexto, em 2007 foi desenvolvido o Projeto de Desenvolvimento de Tecnologias e Equipamentos, integrado ao APL da Opala de Pedro II, com o seguinte plano de atividades: • Pesquisas tecnológicas e estudos para a adoção de novas técnicas de aproveitamento da opala e dos derivados gerados na sua mineração em Pedro II e Buriti dos Montes; - Aporte de tecnologia e equipamentos para estruturação de mina modelo de opala, a ser utilizada como meio de formação e capacitação de mão de obra e de difusão de procedimentos racionais no sistema de produção; - Melhoria e introdução de inovação tecnológica em máquinas e equipamentos de lapidação e artefatos minerais, em sintonia com as tendências de mercado atuais; - Introdução de inovação em design dos produtos fabricados; - Capacitação profissional nos campos das atividades de mineração e principalmente na lapidação, joalheria e artesanato/artefatos minerais;


Opala - Pedro II

- Implantação e acompanhamento de alternativas associativas, comunitárias e empresariais para o aproveitamento, valorização e comercialização da Opala de Pedro II e Buriti dos Montes. Em paralelo, a cadeia produtiva da opala foi inserida no Programa Talentos do Brasil, do Ministério de Desenvolvimento Agrário e do SEBRAE, que pretende estimular a troca de conhecimentos e valorizar a identidade cultural, promover a geração de emprego e renda e agregar valor à produção de artesãos rurais. O Programa apoia a estruturação de grupos produtivos de forma sustentável, focada no mercado e na gestão participativa. Em 2008 o Projeto Gemas e Joias de Pedro II, em parceria com o SEBRAE-Piauí, elegeu como objetivo o aumento da produção e do faturamento das empresas de gemas e joias, melhorando a qualidade dos produtos e processos, com vistas a ampliar o acesso a mercado. Um “selo” de grande significado constitui a mais recente conquista do APL da Opala: o INPI deferiu, em janeiro de 2012, o pedido de Indicação Geográfica, na modalidade Indicação de Procedência, para as opalas preciosas e as joias produzidas a partir delas, sendo assim a opala o primeiro produto a receber a certificação no Estado. As gemas e joias da região terão maior valor agregado, facilitando o acesso a novos mercados. O processo de certificação contou com a parceria do SEBRAE-PI, com a promoção diversas ações de suporte, por meio do Projeto Gemas e Joias,. Entre elas estão o fortalecimento das cooperativas e associações locais, a difusão de novas técnicas de design, a capacitação em gestão empresarial, a prospecção de novos mercados e a integração do setor de gemas e joias com outras atividades. Como resultado da estratégia consistente de atuação pautada em ações de inovação tecnológica, econômica, social e ambiental, e otimizando a cadeia

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produtiva da opala na região de Pedro II, foram concretizadas diversas realizações, tais como: - Demarcação de áreas de garimpo; - Cento e cinquenta garimpeiros cooperados; - Realização de estudos ambientais; - Execução de processos de licenciamento ambiental; - Legalização de lavras garimpeiras; - Aumento da produção de opala e de joias de opala; - Obtenção da Indicação Geográfica da Opala.


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Pará

APL DE GEMAS E JOIAS DO PARÁ Território Criativo – Espaço São José Liberto Belém- Pará O estado do Pará abriga uma das mais importantes províncias minerais do país, sendo o maior produtor de ouro e registrando em seu mapa gemológico 256 ocorrências de diamantes, agua-marinha, ametista, berilo, calcedônia, citrino, cristal de rocha, fluorita, granada, malaquita, opala, quartzo, rutilo, turmalina e topázio, entre outras. O Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas e Joias, o Polo Joalheiro do Pará, surgiu em 1998 a partir da reorganização do setor e da produção mineral pelo governo do estado. Tendo como meta principal o incremento da produção joalheira, o Programa adotou como referência o aproveitamento da diversificada matéria - prima mineral e orgânica existente na região e o desenvolvimento do design, que agrega valor ao produto a partir da valorização da diversidade cultural da Amazônia paraense. Nesta visão, a cultura, a natureza e o homem tornam – se parceiros para a geração da Joia do Pará. Sob esta lógica, todos os atores e empreendedores criativos do setor foram incentivados a participar da organização da cadeia produtiva do setor joalheiro no Pará, objeto fundante do Programa. Inicialmente, o governo mobilizou empreendedores e a rede de parceiros dos setores público e privado, participando: Secretaria Executiva de Trabalho e Promoção Social (SETEPS), Secretaria de Indústria Comercio e Mineração (SEICOM), Secretaria de Estado da Cultura, SEBRAE, SENAI, CEFET, Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e a Associação dos Joalheiros do Rio de Janeiro – AJORIO.

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Com a inauguração do Espaço São José Liberto, a gestão do Programa adota em 2002 um modelo de governança singular, com a instalação de uma coordenação executiva por meio de um Contrato de Gestão firmado entre a mantenedora, Secretaria de Indústria Comércio e Mineração, e a Organização Social Associação São José Liberto. A partir de 2007 o Programa passa a ser gerido pela organização social Instituto de Gemas e Joias da Amazônia – IGAMA, mantendo algumas parcerias estratégicas para o Desenvolvimento do setor, como a Companhia Paraense de Turismo - PARATUR, SEICOM, SEBRAE, SECULT, UEPA, IBGM, entre outras. O Espaço São José Liberto, reconhecido como território criativo para o funcionamento do Programa, congrega o Museu de Gemas do Estado do Pará, a Casa do Artesão, lojas de vendas de joias e gemas, um laboratório gemológico, oficina para prestação de serviços de restauro e encomendas de joias, loja incubadora de empreendedores criativos e o anfiteatro Coliseu das Artes. Ele constitui-se em uma referência para comercialização dos produtos gerados pelo Programa Polo Joalheiro do Pará. Desde o início das atividades do Programa foi proposto um conjunto de iniciativas e ações de fomento à economia criativa local a partir dos eixos de atuação do Programa: Capacitação, gestão e inovação tecnológica, Promoção e Comercialização, Promoção e Manutenção do Espaço Cultural, Comercial e Turístico São José Liberto. A busca do diferencial da produção, com ênfase no design, na utilização de técnicas de ourivesaria tradicionais e no uso de matéria-prima regional resultou na incorporação de madeiras, sementes, cascas de árvores, chifres de búfalo, ouriço de castanha do Pará, fibras e gemas minerais naturais, contribuindo para o surgimento de uma joia onde a originalidade e a autenticidade comunicam a cultura do seu território.


Pará

Em 2004, o Polo Joalheiro ampliou a sua atuação, articulando a incorporação de novas parcerias para fortalecer a governança e assegurar a indispensável sustentabilidade ao Programa. Assim, na formulação do seu Programa de Trabalho para 2005/2006, já apresentava projetos a serem executados em estreita articulação com os Ministérios da Integração (MI), do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de Minas e Energia (MME), da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Turismo, além do IBGM. No período de 2007 a 2011, o SEBRAE desenvolveu em parceria com o IGAMA o Projeto de Gemas e Joias e, a partir de 2012, o Projeto Setorial Indústria na Região Metropolitana e Marajó. Os projetos contribuíram de forma expressiva para a gestão dos negócios, a melhoria da qualidade do produto e da inovação, inserindo o produto no mercado em iniciativas e eventos que promoveram aumento da competitividade e evolução do capital social dos empreendedores criativos vinculados ao Polo Joalheiro. A realização da única feira da região Norte, a Pará – Expojoia Amazônia Design também merece destaque nesse período. Outra vertente de ações prioritárias do Programa diz respeito ao apoio a iniciativas de geração de produtos sustentáveis e promoção da inovação por seus empreendedores criativos, dentre eles designers, mestres ourives, lapidários e artesão de embalagens. Concluídos os ciclos iniciais do Programa, seu foco passou ao fortalecimento dos segmentos da cadeia produtiva de gemas e joias, notadamente nas áreas de capacitação profissional, desenvolvimento de produtos com inovação tecnológica, promoção e comercialização profissional, e integração com as políticas públicas destinadas ao setor turístico estadual, contidas no Ver o Pará – Plano Estratégico de Turismo do Estado.

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A trajetória de 1998 a 2014 resultou em um Programa consolidado, uma referência de economia criativa no campo das criações culturais e funcionais. O Polo se mostra hoje como um locus de efetiva interação das categorias culturais do artesanato, cultura popular e cultura indígena


São José do Rio Preto

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APL DE JOIAS DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

habituadas à atuação individual.

São José do Rio Preto, no norte do estado de São Paulo, constitui-se no segundo maior centro de produção joalheira do Brasil, com duas centenas de fabricantes e respondendo por mais de quatro mil empregos diretos. Em São José está sediada a AJORESP – Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Noroeste Paulista, criadora e principal mentora do primeiro APL de Joias do Brasil.

Quinze empresas, das 85 que havia em São Jose do Rio Preto àquela época, constituíram o primeiro núcleo. Essas empresas seguiram um plano de ação que envolvia design, capital humano, gestão e processos, inovação tecnológica e incremento das áreas de mercado. Também contavam com assessoria individual e atividades coletivas, possibilitando a capacitação de 280 pessoas, entre funcionários e empresários. O trabalho promovido no APL em seus primeiros meses ajudou as empresas participantes do programa na obtenção de aumento de 42,5% no nível de produtividade, com mais 25% na oferta de empregos. Em 2004 dez novos membros se juntaram aos pioneiros, e em 2008, 88 empresas formais participavam do polo, gerando mais de 500 empregos diretos.

A criação da AJORESP, em 1981, resultou da necessidade de se organizar um grupo para a discussão dos rumos do setor, diante das expectativas e anseios de um mercado consumidor cada vez mais exigente. Entre os objetivos da Associação estão a defesa dos interesses dos associados e o fortalecimento do setor como agente do desenvolvimento econômico, através de ações que contribuam para a segurança das empresas e o aprimoramento de suas ferramentas tecnológicas e de mão-de-obra. A escolha de São José do Rio Preto para a implantação de um APL de joias decorreu de suas características: entre 1997 e 2001 o número de empresas e empregos aumentou 49% e 32%, respectivamente. A predominância de empresas de pequeno porte, a existência de diferentes agentes da cadeia produtiva e o fato de o setor ser prioritário no âmbito do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade foram fatores relevantes para a escolha. Assim, em 2002, as indústrias de joias de Rio Preto transformaram-se de fato em polo setorial, como resultado do Projeto de Competitividade desenvolvido em parceria entre a AJORESP, o SEBRAE-SP, a FIESP, o SENAC, o SENAI, o Centro São Paulo Design e o IBGM, além da prefeitura municipal e do governo de São Paulo, com o objetivo de aprofundar o conhecimento do setor, identificar problemas e desenvolver estratégias de atuação para melhorias competitivas para as micro e pequenas empresas. Estava ali o embrião do APL. Um grande desafio inicial foi o desenvolvimento de ações coletivas entre elas, até então

A implantação do Polo Joalheiro de São José do Rio Preto – um condomínio para as empresas associadas à AJORESP, em área de 78.000 m2 é uma das recentes consequências da implantação do APL de Joias. O objetivo central do APL é o incremento da produtividade, o aumento de vendas e o fortalecimento do polo produtor, através de uma série de medidas no âmbito da gestão empresarial. A construção do condomínio teve início em 2010, num terreno adquirido pela AJORESP, e o projeto contempla um centro de eventos para feiras e exposições, um centro tecnológico para formação de mão-de-obra, laboratórios, ferramental e outros equipamentos de uso comum, além de espaço físico para a instalação das empresas associadas. A construção em conjunto e a frequência em que precisavam se encontrar permitiu aos empresários identificar interesses em comum. Dessa identificação resultou a aproximação entre eles e despertou a compreensão dos benefícios de se conhecer a experiência do outro e modificou a visão sobre concorrência. Foram identificadas melhorias quanto à aplicação de design, a linha de produção e layout de fábrica.


São José do Rio Preto

As metas são levar as joias de Rio Preto para o mercado internacional, adensar a cadeia produtiva e gerar condições para o desenvolvimento contínuo da competitividade. Em curto prazo, o alvo é tornar o Polo uma referência no mercado mundial de joias. A Escola de Joalheria foi inaugurada em 2014 e o pleno funcionamento do Polo Joalheiro está previsto para 2019. Tudo isso deverá elevar significativamente a produção de joias e o número de trabalhadores do setor joalheiro em Rio Preto. Estima-se que cinquenta fábricas serão instaladas e 1,5 mil empregos gerados.

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Rio Grande do Sul

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APL DE PEDRAS, GEMAS E JOIAS DO RIO GRANDE DO SUL

econômica coletiva.

O setor de gemas e joias do Rio Grande do Sul é considerado um dos cinco principais do país, envolvendo atividades de toda a cadeia produtiva, da extração mineral até a produção e comercialização de produtos finais - pedras preciosas brutas, gemas lapidadas, artefatos com pedras preciosas, joias, folheados e bijuterias. Destaca-se pelo potencial exportador e como importante fonte de emprego onde se concentram as atividades extrativas, industriais e comerciais. As principais cidades envolvidas são Lajeado, Soledade, Guaporé e Ametista do Sul.

Diante de um cenário de mudanças nos mercados nacional e mundial, privilegia a atualização dos equipamentos e processos de beneficiamento de gemas e materiais gemológicos, como forma de superação de barreiras que restringem a criação de novos produtos. A falta de competitividade, associada à ausência de investimento em inovação e tecnologia, leva o setor à comercialização do material gemológico em estado bruto ou com pouco beneficiamento, nesse caso restringindo-se à produção de baixo valor agregado.

Atua neste cenário o APL de Pedras, Gemas e Joias, cuja cidade polo é Soledade, na região centro-norte do estado. A estimativa é de que existam mais de 180 empresas de diferentes portes instaladas no município e atuando no setor de gemas e joias. A consolidação como polo estadual também se deve à filiação de mais de 70% das empresas ao Sindicato das Indústrias de Joalheria, Mineração, Lapidação, Beneficiamento e Transformação de Pedras Preciosas do Rio Grande do Sul (Sindipedras). Além do Sindipedras, atua em Soledade desde 2009 a Associação dos Pequenos Pedristas de Soledade (APPESOL), integrada por empresas beneficiadoras de ágatas e caracterizadas como prestadoras de serviços de serragem, tingimento e polimento para grandes empresas do setor. A organização interempresarial é, portanto, prática conhecida das empresas gaúchas há bastante tempo. O APL de Pedras, Gemas e Joias empenha-se na elaboração de um Plano de Desenvolvimento e de uma Agenda de Ações coletivos. O esforço busca aumentar a produtividade e a competitividade das empresas, a cooperação entre elas e delas com instituições públicas, associativas, educacionais, universitárias, tecnológicas etc. Contempla, também, a busca do aprendizado e da eficiência

Outros desafios estão relacionados às questões ambientais, como a legalização das empresas associadas à APPESOL nos órgãos competentes, visando a obtenção das licenças ambientais e gestão dos efluentes e resíduos oriundos do beneficiamento (principalmente da ágata). Em relação aos resíduos sólidos da serragem (lodo com óleo diesel e rejeitos gemológicos), lixamento e polimento (pó de ágata), estão sendo desenvolvidos estudos de reuso e gestão desses resíduos. Como exemplos pode-se citar a utilização dos rejeitos gemológicos de ágata como matéria-prima para impressão 3D, para utilização na fabricação de cerâmica tradicional e de artefatos de concreto na construção civil. Por fim, outras demandas relevantes para o setor são o mapeamento dos garimpos de basalto e de pedras preciosas na região do Alto da Serra do Botucaraí e a organização da atividade extrativa. A Universidade de Passo Fundo (UPF) – Campus Soledade foi o primeiro responsável pela coordenação da governança do APL. Posteriormente, ao renovar o convênio de suporte ao APL, o Governo do Estado/ Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI) - elevou a APPESOL à condição de entidade gestora permanente do APL. A APPESOL surgiu com a meta de formalizar os pequenos pedristas do município de Soledade e conta hoje


Rio Grande do Sul

com aproximadamente 130 associados, basicamente empresas familiares, e que geram mais de 500 empregos no município. A UPF é a atual gestora do Centro Tecnológico (CT) de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul, de grande importância para o APL. Polo de Guaporé Em Guaporé, na Serra Gaúcha, está um segundo polo produtivo do APL de Gemas e Joias do estado. Com um parque de aproximadamente 400 empresas, sendo que 50% são do setor joalheiro, a cidade atrai muitos visitantes para o chamado “turismo de compras”. O setor gera cerca de 2.000 empregos diretos e realiza uma importante feira de negócios, que contou com 180 expositores e 30 mil visitantes em sua 13º edição: MOSTRA GUAPORÉ - Feira de Joias e Lingeries. O APL de Joias de Guaporé teve início em 1998 com o Projeto Sebrae Export de Mercado Externo, e desde então o Sindijoias e o Sebrae RS trabalham em parceria, executando hoje a sua 6ª Edição, com o “Projeto Qualificar o Setor da Industria nos Vales do Taquari e do Rio Pardo”. Estima-se a participação de que 120 empresas, principalmente Micro e Pequenos Empreendedores. O APL de Jóias de Guaporé encontra-se formalmente estruturado, com o comprometimento das entidades que o representam e principalmente com a dedicação dos empresários que estão à frente de seus negócios, em busca de novas tecnologias visando o aperfeiçoamento dos produtos e agregando aos mesmos qualidade e competitividade.

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