2013 jul vistoria lagoa misteriosa setor 3

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Programa Plante Bonito

Relatório Técnico de Restauração Florestal

Fazenda Lagoa Misteriosa Bacia hidrográfica do Rio da Prata Vistoria

Bonito/MS, 18 de julho de 2013


Sumário

1. Introdução....................................................................................................................... 3 2. Objetivo........................................................................................................................... 4 3. Caracterização 3.1 Área.....................................................................................................................4 3.2 Contratos de parceria........................................................................................ 5 3.3 Atividades realizadas........................................................................................5 4. Modo operacional 4.1 Procedimentos adotados na área..................................................................... 6 4.2 Avaliação visual................................................................................................. 7 4.3 Dados estruturais: altura e DAS..................................................................... 8 5. Registro fotográfico........................................................................................................ 9 6. Considerações finais...................................................................................................... 15 7. Equipe envolvida na vistoria........................................................................................ 15 8. Observações.................................................................................................................... 15

Relatório Técnico - Programa Plante Bonito - Julho de 2013


1. Introdução A Serra da Bodoquena encontra-se inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda e ocupa uma posição estratégica para a conexão dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, o que também lhe confere uma alta diversidade biológica. Além disso, devido as suas características peculiares, no ano de 2000 foi criado o primeiro Parque Nacional do Estado do Mato Grosso do Sul, o Parque Nacional da Serra da Bodoquena com cerca de 76.000 hectares. Porém, apesar de abrigar um imenso patrimônio natural e ser fundamental para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos da região, a Serra da Bodoquena vem sofrendo com vários impactos ambientais advindos da ocupação e atividades econômicas desenvolvidas na região. Um estudo realizado pela ONG Conservação Internacional estimou que até 2004, cerca de 40% dos 363.442 km2 da Bacia do Alto Paraguai teve sua vegetação original suprimida. Destes, cerca de 140 km2 ou 37,44% da BAP foi em áreas de Planalto e o restante na própria planície pantaneira. O estudo ainda apontou que municípios como Jardim e Bodoquena já perderam entre 40 e 60% de sua vegetação original, enquanto Bonito já perdeu entre 60 e 80%. Outro estudo aponta que boa parte da vegetação original localizada no entorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena já foi substituída por áreas de pastagem cultivada. O resultado dessa ocupação é uma grande perda da biodiversidade original da região. Apesar disso, a Serra da Bodoquena ainda possui o maior remanescente de florestas do Estado do Mato Grosso do Sul com formações de cerrado, floresta estacional semidecidual e floresta estacional decidual. Esta última considerada uma das formações vegetais mais seriamente ameaçadas do Brasil . Assim, iniciativas de conservação adotadas por diversas instituições são essenciais para desacelerar o processo de degradação da região. Neste contexto, o Programa Plante Bonito, desenvolvido pelo Instituto das Águas da Serra da Bodoquena - IASB é voltado à recuperação florestal de áreas, preferencialmente matas ciliares por sua contribuição para a conservação da água e incremento da biodiversidade. Visa também promover ações socioambientais por meio de atividades sustentáveis que auxiliem na conservação da Serra da Bodoquena. O Programa Plante Bonito é patrocinado por empresas preocupadas com a proteção aos recursos naturais, que encontram no IASB a parceria para colocar em prática esses valores. O apoio dado pelas empresas possibilitam que o Plante Bonito realize plantios de mudas de árvores nativas em diversas áreas e, realize ainda, atividades de Educação Ambiental nos locais onde atua, estimulando nos envolvidos, empresários, proprietários de terra, estudantes, a adoção de práticas sustentáveis, valorização dos recursos naturais e mudanças de atitude. Na perspectiva dos benefícios trazidos pelo Programa à sociedade e à Natureza, empresas do ramo turístico, escolas visitantes e diversos eventos iniciaram a parceria com o IASB a partir do ano de 2007 e até a presente data, foram plantadas 5143 mudas florestais de essências nativas.

Este texto foi produzido com informações extraídas da página: <h p://www.pantanal-brasil.com/estados/serra_bodoquena.aspx>, no dia 05 de fevereiro de 2012

Relatório Técnico - Programa Plante Bonito - Julho de 2013

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2. Objetivo Este Relatório Técnico de Restauração Florestal tem por objetivo registrar as informações colhidas durante visita de vistoria na área de mata ciliar pertencente ao lago denominado Lagoa Misteriosa, localizada dentro da Fazenda Lagoa Misteriosa - setor 3, município de Jardim/MS.

3. Caracterização 3.1 Área Nome da propriedade: Fazenda Lagoa Misteriosa - setor 3 Tamanho da área em recuperação florestal: 0,1 ha Quantidade de mudas plantadas até a presente data: 80 (oitenta) mudas Quantidade de reposições e mudas plantadas até a presente data: não houve reposições Município: Jardim/MS. Coordenadas: 21º 27' 40.54”S / 56º 27' 02.98”O Curso d’água: Bacia Hidrográfica do Rio da Prata A fazenda Lagoa Misteriosa é formada basicamente pela vegetação que margeia um lago de águas azuis que impressiona por sua incrível transparência e profundidade. O lago fica no fundo de uma dolina, um tipo de formação geológica similar a um buraco. A Lagoa Misteriosa, como é conhecida, é considerada a sétima caverna mais profunda do país e uma das mais profundas cavernas inundadas do mundo, atingindo mais de 220 metros de coluna d’água. Mesmo com grande presença de mata nativa, a vegetação ciliar da lagoa ainda apresenta concentração elevada do capim braquária, o que justifica os plantios de restauração florestal a fim de proteger esta região tão sensível e de beleza inigualável. Para facilitar o acompanhamento, os plantios feitos neste local são setorizados, onde cada setor possui um patrocinador diferente.

Figura 1. Imagem da Lagoa Misteriosa e mapa evidenciando a área total da fazenda (mapa superior) e a área de restauro (mapa inferior) Relatório Técnico - Programa Plante Bonito - Julho de 2013

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3.2 Contratos de parceria A tabela 1 apresenta um resumo dos contratos de parceria entre as empresas que apoiaram plantios na Fazenda Lagoa Misteriosa - setor 3, com quantidade de mudas e respectivas datas de plantios.

Tabela 1. Contratos de parcerias efetivados no mês de abril de 2013. Data

Empresa / Escola

Quantidade de mudas

Status

08/04/2013

Wetiga Hotel

80

Plantio concluído

3.3 Atividades realizadas Por meio do Programa Plante Bonito o IASB assume o compromisso de vistoriar as áreas em recuperação no período de 24 meses, pois não apenas os plantios de mudas nativas são importantes, mas também a avaliação de seu desenvolvimento ao longo do tempo para identificação de perturbações; para definição de medidas de manejo, condução ou replantio; para verificação dos métodos e espécies empregadas, dentre outros. Desta forma, as vistorias consistem em visitas de avaliação visual do estado da área e coleta de dados como altura e diâmetro de pelo menos 30% das mudas plantadas visando acompanhar o seu desenvolvimento. A avaliação visual é feita com base na investigação das seguintes questões:  Pastoreio: observação direta de presença e de sinais do agente degradador;  Plantas invasoras: cobertura de plantas invasoras na área total;  Excesso de formigas cortadeiras: contagem de olheiros na área total;  Fogo: observação direta de sinais de fogo e porcentagem da área atingida;  Processos erosivos: observação direta da ocorrência de erosão laminar, sulcos e voçorocas;  Cobertura vegetal da área com nativas: verificação visual da cobertura de plantas nativas   

(arbóreas e/ou não arbóreas) na área total; Matéria orgânica: presença de serrapilheira (matéria orgânica) nos coroamentos; Ocorrência de avifauna: verificação de presença de aves nos locais de plantio; Indícios de ocorrência de fauna: presença ou ausência (contagem) de sinais, como fezes de aves, fezes de mamíferos, pegadas, tocas/esconderijos, ninhos, sementes, insetos, aracnídeos, anfíbios e outros; Indicadores de conservação da área em restauração: avaliação qualitativa por meio de observações dos tratos culturais e situação geral da área.

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4. Modo operacional 4.1 Procedimentos adotados na área No dia 18 de julho a equipe IASB realizou a primeira vistoria no setor 3 da Fazenda Lagoa Misteriosa, acompanhada da estagiária Gisele Gonzales. Nesta área, adotou-se o método de plantio Ilhas Verdes, assim, o primeiro passo foi identificar as ilhas e realizar a contagem da quantidade de exemplares de plantas que havia em cada uma das 20 ilhas implantadas na área. Após esta etapa, o procedimento seguinte foi a observação visual e coleta de dados estruturais, uma vez que as ilhas ainda não precisaram de manutenção.

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Figura 2. Aspecto geral das ilhas de vegetação

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4.2 Avaliação visual Presença de pastoreio

Não foi visualizada presença de gado na área em recuperação;

Plantas invasoras

Com exceção das ilhas de plantio, a área está completamente tomada pelo capim, fato este que não prejudicou ainda as mudas plantadas no local. No entanto, é importante constar que, timidamente, o capim tem adentrado o coroamento através de seus estolões;

Fogo

Não foram observados vestígios de queimada;

Processos erosivos

Não se aplica à área;

Cobertura vegetal da Presença de alguns exemplares da espécie ‘bocaiúva’, considerando área com nativas que há várias árvores adultas desta espécie no local. Também foram observadas diversos exemplares de um arbusto nativo, de nome ainda desconhecido.

Matéria orgânica

Não se aplica à área;

Ocorrência da avifauna

Nesta visita foi possível visualizar uma ave (Bem-te-vi) utilizando as estacas das ilhas como poleiro para forrageamento;

Indícios de ocorrência Não foi visualizado indícios de ocorrência de fauna, com exceção da de fauna ave avistada.

I n d i c a d o r e s d e Foram realizados, por parte dos funcionários da fazenda, tratos conservação da área em culturais neste plantio, como reposição de adubo e limpeza manual restauração das mudas de capim que novamente foram surgindo no coramento.

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4.3 Dados estruturais: altura e diâmetro à altura do solo (DAS) Nº ilha (estaca)

Quantidade de mudas por ilha

Nome da muda monitorada

Altura

DAS

1

4

Sem identificação

42cm

0,5cm

2

5

Embaúba

66cm

1,3cm

3

4

Sem identificação

50cm

1,0cm

4

5

Sem identificação

46cm

0,6cm

5

4

Sem identificação

22cm

0,4cm

6

5

Sem identificação

54cm

1,0cm

7

3

Sem identificação

18cm

0,4mm

8

4

Sem identificação

40cm

0,4cm

9

6

Manduvi

11cm

0,1cm

10

4

Amendoim-bravo

10cm

0,4cm

11

5

Ipê-amarelo

16cm

1,0cm

12

5

Embaúba

50cm

0,8cm

13

5

Embaúba

46cm

0,8cm

14

5

Bocaiúva

2cm

0,6cm

15

4

Paratudo

2cm

0,6cm

16

5

Amendoim-do-campo

60cm

1,4cm

17

4

Aroeira

3cm

0,3cm

18

4

Embaúba

71cm

1,8cm

19

5

Sem identificação

90cm

1,2cm

20

5

Embaúba

70cm

1,6cm

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5. Registro fotográfico

18.07.2013 Figura 3. Aspecto geral da área de plantio

18.07.2013 Figura 4. Aspecto de uma ilha de vegetação em meio ao capim

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Figura 5. Marcação das estacas

Figura 7. Coleta de dados

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Figura 6. Coleta de dados estruturais - altura

Figura 8. Aspecto das mudas

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18.07.2013 Figura 9. Coleta de dados estruturais - diâmetro

18.07.2013 Figura 10. Aspecto geral das ilhas de vegetação

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18.07.2013 Figura 11. Aspecto geral das ilhas de vegetação (imagem aproximada)

18.07.2013 Figura 12. Aspecto do interior da ilha de vegetação, com destaque para o adubo que foi reposto por funcionários da fazenda Relatório Técnico - Programa Plante Bonito - Julho de 2013

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18.07.2013 Figura 13. Estolão do capim começa a se alastrar no coroamento das ilhas

18.07.2013 Figura 14. Algumas ilhas começam a apresentar novamente a ocorrência do capim

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18.07.2013 Figura 15. Formato de uma ilha de vegetação em meio ao capim braquiária

18.07.2013 Figura 16. Ocorrência de avifauna nos plantios utilizando as estacas como ponto de forrageamento

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6. Considerações finais Até a presente data a área em questão recebeu reposição de adubo e limpeza superficial do capim. No entanto, esta é uma situação particular, onde o proprietário do local orienta seus funcionários a zelarem pela área em recuperação. Mesmo em sua fase inicial, tendo apenas 3 meses após o plantio, as mudas se apresentaram em pleno desenvolvimento. É importante ressaltar que, em média, cada ilha recebeu no dia de sua implantação 5 mudas nativas e uma farofa de sementes composta por várias espécies, assim, é possível que segunda vistoria o número de exemplares em cada ilha possa ter tido acréscimos. A próxima vistoria nesta área está prevista para o mês de janeiro de 2014.

7. Equipe envolvida na vistoria Equipe técnica - IASB Liliane Lacerda Bióloga e Técnica Ambiental Nadiani dos Santos Pereira Pedagoga e Secretária Gisele Gonzales Estagiária

8. Observações As vistorias realizadas no ano de 2013, tanto desta quanto de outras áreas participantes do programa estão sendo apoiadas pelo Fundo Socioambiental CASA.

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INSTITUTO DAS ÁGUAS DA SERRA DA BODOQUENA - IASB O IASB é uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 2002 por pessoas com formação e experiências variadas na área rural e ambiental. Desde então promove ações e implanta projetos com a temática de recuperação florestal e educação ambiental, buscando incentivar e promover a conservação da natureza.

Contato Instituto das Águas da Serra da Bodoquena - IASB Rua 24 de fevereiro, nº. 1.507, - Centro Bonito/MS - CEP 79.290-000 Telefone: (67) 3255-1920 - (67) 8404-2833 www.iasb.org.br - iasb@iasb.org.br


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