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Publicado em julho de 2010.


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E DA EDUCAÇÃO CURSO PEDAGOGIA

Profª. Joelciléia L. Ayres Santiago Filosofia da Educação

Alciléia de Souza Fazi Alice Socorro Calixto de Soza Maria Silva dos Santos Coordenação

Revisão Alciléia de Souza Fazi Alice Socorro Calixto de Soza Maria Silva dos Santos

Tiragem quatro unidades


Editorial

EM BUSCA DO CONHECIMENTO Todos indagam sobre o sentido da vida, da morte, da justiça e da liberdade. E nesta revista é possível fazer uma reflexão aprofundada, por meio de grandes pensadores, como Socrátes, Platão e Aristoteles. Eles e suas idéias revolucionaram o pensamento humano buscando verdades em contra posição aos sofistas, que eram remunerados somente para ensinar a arte da argumentação sem compromisso com a verdade. “O homem pensa, logo interroga”; por consequência filosofa em busca de respostas, a fim de ver a vida com um novo sentido e a filosofia possibilita isso através dos questionamentos onde encontramos explicações não de maneira mitológica, mas baseadas nos métodos científicos, por isso a importância da filosofia na formação do homem.


S

ócrates (470-399 a.c) talvez seja o personagem mais enigmático da historia da filosofia. Ele não escreveu uma única linha e, não obstante, está entre os que maior influencia exerceram sobre o pensamento europeu. Seu fim trágico talvez seja o que o tornou famoso até mesmo entre os que conhecem pouco de filosofia.

Defensor do diálogo como método de educação, Sócrates considerava muito importante contato direto com os interlocutores. Sua tarefa era ajudar as pessoas a “parir’ uma opinião própria, mais acertada. Para ele todas as pessoas são capazes de entender as verdades filosóficas, basta que para isto usem a razão. Entretanto, Sócrates não teria Depois dele, a noção de conse tornado um filosofo famoso se “mais inteligente é aquele que sabe trole pessoal se transformou apenas tivesse prestado atenção que não sabe [...]” em um tema central da ética ao que os outros diziam. Ao cone da filosofia moral. Também trario, ele se preocupava em levar se formou, então o conceito as pessoas, por meio do autoconhecimento, à de liberdade interior. sabedoria e à prática do bem.

Sócrates

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latão (427-347 a.c) tinha vinte e nove anos quando Sócrates teve de beber o cálice de cicuta. Por muito tempo ele havia sido discípulo de Sócrates e acompanhou de perto o processo movido contra seu mestre. A sua primeira ação como filosofo foi a publicação do discurso de defesa de Sócrates. Nele “o a Platão torna publico o nse io que Sócrates havia dito mo de v rad olta ad ra ao grande júri. a v

O ETERNAMENTE VERDADEIRO BELO E BOM

Platão interessavase pela relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável e aquilo que, de outro, “flui”. Para ele a alma precede o corpo e antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento. Dessa forma todo aprendizado não passaria de um esforço de reminiscência- um alm erd dos princípios centrais do pensamena [. ade ..]” ira Além desse discurso, to do filosofo. Por isso o filosofo rejeiPlatão escreveu também uma coletava métodos de ensino autoritários. Ele tânea de cartas e mais de trinta diálogos acreditava que se deveriam deixar os estufilosóficos. dantes, sobre tudo as crianças, à vontade para que pudessem se desenvolver livremente.

Pla

tão


danças da natureza, Aristóteles interessou-se justamente por essas transformações, por aquilo que hoje chamamos de processos naturais.

Aristóteles “Um organizador, um homem extremamente meticuloso que queria por ordem nos conceitos dos homens [...]”

A

ristóteles não nasceu em Atenas. Ele era natural da Macedônia e veio para Academia quando Platão tinha sessenta e um anos. Seu pai era um medico de renome;

um cientista da natureza, por tanto. Por isso o seu maior interesse está na natureza viva. Aristóteles não foi apenas o ultimo grande filosofo grego; foi também o primeiro grande biólogo da Europa. Ao contrario de Platão, que vivia mergulhado no mundo das “idéias’, e quase não registrou as mu-

Um dos fundamentos do pensamento aristotélico é que todas as coisas têm uma finalidade. È isso que, segundo o filosofo, leva todos os seres vivos a se desenvolver de um estado de imperfeição (semente ou embrião) a outro de perfeição (correspondente ao estágio de maturidade e reprodução). Nem todos os seres conseguem ou têm oportunidade de cumprir o ciclo em sua plenitude, porém. Por ter potencialidades múltiplas, o ser humano só será feliz e dará sua melhor contribuição ao mundo se desfrutar das condições necessárias para desenvolver o talento. PARA PENSAR Ao eleger o dialogo como método de investigação, Sócrates foi o primeiro filosofo a se preocupar não só com a verdade mais também com o modo como se pode chegar a ela. Platão acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da civilização, portanto, funcionaria como antídoto para todo o mal cometido pelos seres humanos contra seus semelhantes. Aristóteles acreditava que educar para a virtude era também um modo de educar para viver bem- e isso queria dizer, entre outras coisas, viver uma vida prazerosa.


I

era possível chegar a uma resposta apenas através de discussão; a resposta ficava para a imaginação de cada um. Hoje, porém sabemos exatamente como ela é.

As perguntas filosóficas são bem mais fáceis de fazer do que responder, entretanto as respostas para nossas perguntas devem ser encontradas por nos mesmos. Não dá para procurar na enciclopédia se existe Deus, ou se há vida após a morte, mais a leitura do pensamento de outras pessoas nos ajuda construir a nossa própria imagem do mundo e da vida.

Para muitas pessoas o mundo é tão incompreensível, como um coelhinho que sai da cartola do mágico. No caso do coelhinho, sabemos perfeitamente que o mágico nos iludiu, mas quando falamos do mundo as coisas são diferentes. Um mundo não é uma ilusão ou uma mentira, pois estamos vivendo nele, fazemos parte de tudo isso, e ao contrario do coelho que não sabe que está participando de um truque de mágica. Sabemos que somos parte de algo misterioso e gostaríamos de poder explicar como tudo funciona.

nteressar-se em saber por que vivemos não é “casual”, como colecionar selos. A questão de saber como surgiu o universo, a terra e a vida por aqui é uma questão maior e mais importante do que saber quem ganhou mais medalhas de ouro nos últimos jogos olímpicos.

Mesmo que seja difícil responder a uma pergunta, isto não significa que ela não tenha uma - e só uma - resposta certa. Muitos dos antigos enigmas foram resolvidos pela ciência ao longo dos anos. Antigamente, um grande enigma era saber como era o lado escuro da lua. Não

“O Que é o Que é? Eu fico com a pureza das respostas das crianças: É a vida! É bonita e é bonita! Viver e não ter a vergonha de ser feliz, Cantar, A beleza de ser um eterno aprendiz Eu seiQue a vida devia ser bem melhor e será, Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita! E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão? Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão? Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é? O que é, meu irmão? Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,

Questões do tipo abordadas anteriormente transcenderam a barreira do tempo ganhando forma e popularidade sob olhar poético do compositor Gonzaguinha.

É uma gota, é um tempo Que nem dá um segundo, Há quem fale que é um divino mistério profundo, É o sopro do criador numa atitude repleta de amor. Você diz que é luta e prazer, Ele diz que a vida é viver, Ela diz que melhor é morrer Pois amada não é, e o verbo é sofrer. Eu só sei que confio na moça E na moça eu ponho a força da fé, Somos nós que fazemos a vida Como der, ou puder, ou quiser, Sempre desejada por mais que esteja errada, Ninguém quer a morte, só saúde e sorte, E a pergunta roda, e a cabeça agita. Fico com a pureza das respostas das crianças: É a vida! É bonita e é bonita! É a vida! É bonita e é bonita! (GONZAGUINHA, 1993)”


TRÓIA

“Por dez anos, em algum momento entre os séculos XII e XIII a.C., gregos e troianos se confrontaram nas portas da cidade de Tróia. O conflito que envolveu homens e deuses foi narrado por Homero, educou os gregos antigos e marcou o fim de período importante na historia da Hélade.”

S

egundo o poema de Homero, o destino de Tróia havia sido selado no momento em que Páris nasceu. De acordo com uma profecia, aquele bebê, no futuro, seria a ruína da cidade de Príamo, seu pai. Por conta disso, a criança foi encaminhada à morte, mas foi poupada secretamente pelo sacerdote que havia sido incumbido de executá-la sumariamente. Anos depois, voltaria ao lar e seria bem recebido pelo o rei e por seus inúmeros irmãos. Durante anos em que permaneceu longe, Páris (que era chamado de Alexandre) foi procurado por três deusas. Atena, Afrodite e Hera. Elas passavam por um dilema: queria saber qual era a mais bela, e solicitaram que o jovem

entregasse um pomo para aquela que ele julgasse a mais bonita. Atena e Hera prometeram dar-lhe poder e riqueza. Afrodite, no entanto, foi mais astuta e prometeu lançar um feitiço sob Helena de Esparta e, com isso, torná-la apaixonada pelo jovem troiano. Conhecendo a fama da beleza da espartana, ele não teve dúvidas e, então, o pomo da Discórdia foi entregue a Afrodite. Ressentidas, as outras duas deusas manipularam os fatos dos anos seguintes para, por intermédio de Páris, jogar aqueus contra troianos. Para entender a importância da narrativa de Homero é preciso voltar àquele período descrito no poema e analisar o funcionamento da sociedade da época. Séculos antes da democracia,


as cidades da Grécia eram dominadas por monarca com mãos- de- ferro, que assumiam o trono por direito hereditário ou por conquista militar. Era uma estrutura de sucessão política rígida, na qual as pessoas comuns não tinham muitos direitos naturais. Ao povo, restava apenas trabalhar nas colheitas, pagar impostos e lutar em guerras, quando convocados pelos soberanos. Assim era o tempo de Agamenon, o soberano de Micenas que, após derrotar inúmeras nações no Peloponeso e a Grécia Central, pretendia expandir seus domínios para anexar às suas posses os portos localizados na costa leste do Mediterrâneo. Era justamente onde Tróia ficava uma grande potência naval que dominava o comercio de grãos, armas e especiarias na região. Por tanto, eram local estratégico para quem queria enriquecer à custa dos comerciante asiáticos. Nesse universo de grandes monarcas, Helena ficara encantada pelo jovem Páris, que conheceu pessoalmente durante uma missão em Esparta chefiada por ele. Apaixonada, a rainha espartana decidiu segui-lo até Tróia. Os aqueus, contudo, acreditaram que ela havia sido seqüestrada pelo o filho de Príamo. O rei traído, Menelau, buscou ajuda do irmão, Agamenon, que convocou as cidades aliadas e marchou rumo à guerra: finalmente, ele havia encontrado um pretexto excelente para atacar. Aos soldados, restou apenas reunir os homens de seus clãs, deixarem as fazendas sob o cuidado das esposas e dos mais jovens e embarcar rumo à Tróia, localizada onde hoje fica a Turquia. No total, descreve o poeta, 1,2 mil naus foram reunidas para ir ao combate. Munidos de escudos em formato de “oito” e carros de guerra, os guerreiros foram à luta pela honra de Menelau. As previsões de um oráculo apontavam que a cidade sitiada só cairia após dez anos de pelejas. Homero começa a sua obra justamente no décimo e último ano do conflito, em um momento crucial para ambos os exércitos. Agamenon havia tomado a cativa Brisêides para ele, desagradando Aquiles, que era amante da jovem. O líder dos mirmidões, então, decide abandonar a

guerra, deixando os aqueus enfraquecidos. Ele só decide voltar à luta após seu amigo Pátroclo ser morto em combate- novamente, por influência dos deuses. Durante as batalhas, segundo a narrativa de Homero, os soldados de ambos os lados paravam de lutar para ver de perto os confrontos entre os grandes heróis de ambos os lados. Aquiles, Ajax e Odisseu lutavam sob o estandarte dos aqueus, enquanto Páris, Heitor e Enéias empunhavam suas lanças para proteger a sitiada Tróia. Esses personagens travaram verdadeiras aretéias, ou seja, combates singulares e heróicos. E tudo foi causado pelos deuses. As divindades não assumiram uma posição na guerra apenas em seu inicio, mas sim, durante todo o confronto, ora beneficiando os invasores, ora ajudando os atacados. “Atena colocou-se do lado dos aqueus, para ajudálos, enquanto Ares, o deus que se alegra com a guerra, foi para o lado dos troianos. Deuses e homens misturavam-se na terrível disputa. Também estavam presentes Deimos e Fobos, filhos de Ares, que semeiam o pavor por onde passam, e Éris, a discórdia, irmã de Ares”, conta o helenista turco Menelaos Stephanides, em seu livro Ilíada: a guerra de Tróia. Ílion, no entanto, era mesmo inexpugnável. Do alto das enormes muralhas, os soldados sitiados repeliam os inimigos com lanças, dardos e flechas. As numerosas bigas aquéias eram inúteis naquela situação. Os invasores, então, construíram um enorme cavalo de madeira e deixaram nos portões da cidade. Acreditando ser um presente dos deuses, os troianos levaram a estátua para dentro da cidade e banquetearam até o meio da madrugada. Porém, os melhores heróis de Agamenon estavam escondidos dentro do construto: eles desembarcaram e abriram as portas para o restante do exército. Os inimigos foram massacrados e, finalmente, após dez anos de batalhas, Tróia era destruída. Por Rodrigo Gallo “Os troianos arrastam o cavalo deixado pelos gregos para dentro de Tróia- obra do pintor italiano Giovanni Domenico Tiepolo (17271804) argumenta que o desejo está sempre relacionado à autodenominação do sujeito.”


No transcorrer da história antiga o mundo conheceu três grandes pensadores. Esses filósofos da antiguidade são Socrátes, Platão e Aristoteles; os mesmo proporcionaram idéias que transcendem as barreiras do espaço tempo.

A importância de ensinar filosofia Por Milton Alípio A base do conhecimento ocidental formou-se por meio do conhecimento subjetivo. A procura da justiça ideal, da ética, da moral, da virtude, da prudência, ou seja, temas metafísicos. Os filósofos antigos buscavam verdades sobre os temas encontra posição aos sofistas, que eram remunerados somente para ensinar a “arte da argumentação” sem compromisso com a verdade. Em fim, a filosofia nasce da “arte da argumentação” dos sofistas. Com a “arte do questionar”, o conhecimento tem a maior evolução da historia do decorrer do tempo, passando da busca de verdades subjetivas para o conhecimento aplicado a ciências cientificas. Além do questionamento, o conhecimento é elevado a prova, na qual a necessidade de justificar as teorias desenvolvidas com metodologias fundamentadas. O seja, as teorias passam por um processo de comprovação baseadas em metodologias cientificas, utilizando premissas válidas na aplicação de novos conhecimentos que vão afirmar se são teorias assertivas ou. Assim utilizando metodologias desenvolvidas ao longo do tempo, a filosofia desenvolveu a base do conhecimento que estamos mergulhados hoje. A arte de ensinar filosofia está na metodologia aplicada na extração do conhecimento cientifico, e acima de tudo no desenvolvimento de indivíduos capazes relacionarem, extrair e subtrair entendimentos dos mais simples aos mais complicados problemas que nos são colocados à prova. Para a formação de pessoas criticas, para uma sociedade mais justa e, acima de tudo, de pessoas capazes de diferenciar dogmas de ciências, a filosofia é o conhecimento mais curto. Enquanto estivermos mergulhados num sistema de ensino que tem como objetivo a formação de indivíduos baseados em sistemas metodológicos sem consistência, a filosofia deve ser considerada a ferramenta mais eficaz a ser aplicada para ocorra a transformação das pessoas. Rene Descartes é a maior expressão disto ao afirmar: “percebi que, ao mesmo tempo em que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólido era tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro principio da filosofia que eu procurava”.

Por meio de Socrátes o diálogo passa a ser um método de educação, ele considerava muito importante o contato direto com os interlocutores, por esse motivo que ele passou a ser o primeiro filósofo a se não apenas com a verdade, mas como o modo de alcançá-la. Contudo Platão era contra os métodos de ensino autoritários ele acreditava que os jovens e crianças pudessem se desenvolver livremente acreditava que através do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. No entanto Aristóteles achava que o homem para ser feliz teria dar sua melhor contribuição ao mundo e desfrutar das condições necessárias para desenvolver o talento e viver uma vida prazerosa.



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