Hoje Macau 8 MAI 2017 #3806

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 8 DE MAIO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3806 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

DEMOGRAFIA

O espaço e o saber PÁGINA 7

ANTÓNIO FALCÃO

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VISITA DE ZHANG DEJIANG SUSCITA CHUVA DE PEDIDOS

Apelos em pé O presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional chega hoje a Macau. À sua espera tem uma caixa de correio cheia de solicitações. Associação Poder do Povo, Ng Kuok

Cheong, Au Kam San e representantes dos trabalhadores do jogo apelam ao sufrágio universal e à criação de uma lei sindical. Mas há quem relacione a visita com questões financeiras.

ANDRÉ COUTO

AGENDA PREENCHIDA ÚLTIMA

CHINA

Passos aéreos PÁGINA 10

E depois da vitória? OPINIÃO RUI FLORES

PÁGINAS 4-5-6

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

O PESO DAS MEDIDAS GRANDE PLANO


2 GRANDE PLANO

IMOBILIÁRIO OS (POUCOS) EFEITOS DA QUEDA DOS RÁCIOS BANCÁRIOS

TIRO DAQUI, O Governo decidiu apostar na redução dos rácios bancários de empréstimos à habitação para controlar a especulação imobiliária, mas quem lida diariamente com o mercado alerta para as poucas consequências para os grandes investidores, que têm muito dinheiro para gastar e, por norma, não recorrem aos bancos. Os valores de compra e venda podem estancar, mas estimam-se aumentos das rendas nas lojas e lugares de estacionamento

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LHAR para as Ruínas de São Paulo a partir da janela de um estúdio com pouco mais de 48 metros quadrados custa quase quatro milhões de patacas. Na cozinha, tipo kitchenette, cabem poucas pessoas, mas a decoração é moderna, estilo confortável. Este é um exemplo de uma casa para venda numa das muitas agências imobiliárias existentes no território. Segundo as novas regras da redução dos rácios bancários de empréstimos para a aquisição de uma segunda casa, quem quiser comprar este estúdio localizado na zona histórica de Macau mas já tiver outro imóvel, deixa de ter direito a 70 por cento do montante pedido ao banco, para passar a ter apenas 60 por cento. Ou seja, tem de ter um 1,2 milhões de patacas na mão. Caso seja um comprador não residente, o rácio baixa ainda mais, para 50 por cento. Na prática, as casas mais caras, e que normalmente correspondem aos padrões de uma família de dimensão normal, com necessidade de dois ou três quartos, vão sofrer maiores reduções na concessão de crédito. Vários agentes imobiliários com quem o HM falou referem que

uma casa com dois ou três quartos, um modelo procurado pela maioria das famílias, não custa menos de oito milhões de patacas. Em locais privilegiados, ou em condomínios novos, os preços podem disparar ainda mais. Ainda que as novas medidas, em vigor desde sexta-feira, visem apenas a compra de uma segunda habitação, poderão trazer maiores dificuldades para os residentes e poucos efeitos para os grandes investidores, apontam vozes ligadas ao sector. “Estamos a falar de grandes investidores que não precisam do empréstimo, têm o dinheiro à mão e vão comprando aqui e ali. Não precisam de financiamento. Mas uma família que precisa de financiamento para comprar casa para poder viver está completamente arredada da possibilidade de comprar casa. Vai ser bastante mais complicado”, explicou Elda Lemos, agente imobiliária, ao HM. No seu trabalho, Elda Lemos lida, sobretudo, com clientes vindos da China ou estrangeiros residentes em Hong Kong que procuram uma habitação em Macau. Residentes a querer comprar casa são muito poucos. Esses investidores “procuram sempre casas na ordem dos dez ou

15 milhões”. Para os compradores do Continente, “os valores aumentam bastante”, conta a agente imobiliária. “Se calhar conseguimos vender casas de 50 e 60 milhões com facilidade”, apontou. Nestes casos, os investidores, caso peçam dinheiro ao banco, poderão receber menos de metade

“Se já era complicado até aqui, vai ser muito mais. Estão a abrir a porta aos grandes investidores.” ELDA LEMOS AGENTE IMOBILIÁRIA

do valor pedido, mas a questão é se, na maioria das vezes, os detentores de fortunas precisam de recorrer a empréstimos bancários. Para Elda Lemos, esta nova medida vai ser “péssima” para os locais “que precisem de uma casa para morar”. “Se já era complicado até aqui, vai ser muito mais. Estão a abrir a porta aos grandes investidores”, garante. Alex Cheng, ligado a outra agência imobiliária, afirma que as novas medidas poderão de facto ajudar a que os preços se mantenham estáveis, mas alerta para “o impacto negativo no mercado”, sobretudo para “as gerações mais novas, que não têm dinheiro suficiente para comprar uma casa”. “Esta medida foca-se apenas na compra de uma segunda habitação, mas penso que terá algum impacto negativo porque o mercado precisa sempre de digerir estas novas medidas, e o dono levará mais tempo a negociar. Por outro lado, encoraja-se uma diminuição do investimento”, acrescenta Alex Cheng.

LOJAS E ESTACIONAMENTO MAIS CAROS

Elda Lemos assume ser difícil criar medidas para controlar a especulação imobiliária, pelo facto de os “preços das casas estarem relacionados com a grande quantidade de dinheiro que existe nas mãos de pouca gente”. “Muitas vezes não interessa o valor, as pessoas têm de gastar o dinheiro. Não sei como se vai fazer para baixar o valor das casas, porque há muita gente com muito capital a querer comprar casa em Macau. Aí dificilmente os preços das casas vão descer.”

Alex Cheng defende que, caso um comprador interessado em investir tenha maiores dificuldades na aquisição de uma habitação, vai acabar por aplicar o seu dinheiro na compra de lojas ou de lugares de estacionamento. “Em 2014, o Governo introduziu novas medidas, e aí foi necessário tempo [ao mercado] para digerir essa informação. O preço dos lugares de estacionamento aumentou imenso porque houve uma diminuição do investimento na habitação. Então acredito que os investidores poderão pensar em investir em outro tipo de bens”, acrescentou o agente imobiliário.

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COMPRO ALI Alex Cheng estima mesmo um aumento dos valores a cobrar pelas lojas e lugares de estacionamento na ordem dos cinco a dez por cento, que se poderá verificar daqui a uns meses. “Haverá algum impacto nos preços desse tipo de

produtos imobiliários, como lojas ou parques de estacionamento, porque para esse tipo de imóveis não houve qualquer mudança no modelo de empréstimo.” Confrontado com este argumento, o economista José Morgado

acredita que se trata de uma possibilidade plausível. “Em termos de lei de mercado faz algum sentido. Por isso é que esta medida [redução dos rácios] é necessária, mas não será suficiente. Deveria haver outras medidas relativas ao controlo dos preços do arrendamento em função da inflação.”

MAU, BARATO E DISPENDIOSO

Elda Lemos não tem dúvidas: apartamentos que rondam os três milhões de patacas, valor onde a

queda do rácio acaba por ser menor, são pouco procurados em Macau. Tratam-se de casas “a precisar de grande renovação [com investimento posterior] ou casas muito pequenas”. “Uma casa com dois quartos dificilmente custa até três milhões. Estou a falar de uma casa com um quarto ou um estúdio, ou então de casas que precisam de uma grande renovação.” Já as casas que rondam as oito milhões de patacas, que passam a ter um ajuste de rácio de 60 para 50 por cento, “não são novas, não ficam em condomínios”. “Mas procurando bem ainda se consegue [alguma coisa com este valor], sobretudo em casos em que alguém precisa de liquidez e queira vender de forma rápida. Mas alguém que não precise do dinheiro não vende uma casa com dois ou três quartos por oito milhões. Estamos a falar de dez milhões, nove milhões.” Elda Lemos lida depois com clientes “que estão à procura de apartamentos numa gama mais alta, na ordem dos 20 milhões de patacas, e aí o valor dispara”. Para José Morgado, a queda dos rácios acaba por constituir uma boa medida, embora não seja suficiente. “Ao se condicionar o crédito, diminui a procura. A oferta é escassa mas, de qualquer modo, diminuindo a procura há alguma tendência para a estabilização dos preços.” “A especulação pode ser um bocado controlada, porque há regras para residentes e não residentes, e os residentes acabam por ter algum benefício. São regras que a AMCM (Autoridade Monetária e Cambial de Macau) decidiu implementar e que fazem todo o sentido”, referiu o economista. Contudo, “se o

crédito estiver limitado, quem não tem posses, ou posses menores, tem uma condicionante, porque não tem tanta possibilidade de adquirir casas”. José Morgado olha para o futuro e estima que os novos projectos em construção, sobretudo a ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau, vão sempre atrair investidores para o mercado de imobiliário em Macau.

“Esta medida é necessária, mas não será suficiente. Deveria haver outras medidas relativas ao controlo dos preços do arrendamento em função da inflação.” JOSÉ MORGADO ECONOMISTA

“Há sempre uma tendência para comprar casa em Macau, tendo em conta o diferencial de preços que existe entre Hong Kong e Macau, e também pelo facto de que há muita gente de Hong Kong a trabalhar em Macau, nos sectores do jogo e do entretenimento”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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ELEIÇÕES ATFPM EXIGE ENVIO DE PROGRAMAS POLÍTICOS

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Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) escreveu uma carta à Comissão de Assuntos Eleitorais daAssembleia Legislativa (CAEAL) a exigir o envio aos eleitores dos programas políticos de todos os candidatos. Na carta, assinada por Rita Santos, presidente da mesa da

assembleia-geral da ATFPM, é requerido que o assunto “seja objecto de apreciação do plenário da CAEAL”. A ATFPM exige ainda receber uma resposta da CAEAL após à análise do pedido. “O envio dos programas políticos eleitorais constitui uma forma muito eficaz de participação cívica dos cida-

dãos no acto eleitoral”, refere o documento. “Mesmo aqueles que criticam que o envio de programas pode constituir um problema ambiental, achamos que a impressão dos Boletins Oficiais é um maior atentado ao meio ambiente, face à impressão obrigatória bissemanal dos referidos boletins”, lê-se.

O documento explica ainda que parte dos 15 mil associados da ATFPM não recebeu os programas políticos impressos nas últimas eleições. “Não só os nossos associados, como muitos cidadãos se queixaram do facto de a CAEAL ter deixado de enviar os programas políticos eleitorais das listas candidatas às eleições, por

motivos nunca justificados publicamente.” Para aATFPM, “não se percebe muito bem porque deixaram de ser enviados, e as posteriores justificações de que alguns receptores (não se sabe quantos) terem rejeitado recebê-los não deveria pôr em causa a maioria dos interessados em receber [os programas políticos]”.

Sufrágio PODER DO POVO, NG KUOK CHEONG E AU KAM SAN ESCREVEM A ZHANG DEJIANG

Outros tempos hão-de vir

No dia em que o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhang Dejiang, chega a Macau, a Associação Poder do Povo entrega uma carta junto do Gabinete de Ligação a solicitar o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo. Amanhã é a vez de Ng Kuok Cheong e Au Kam San fazerem o mesmo apelo em carta dirigida a Zhang Dejiang HOJE MACAU

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presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhang Dejiang, chega hoje a Macau e é já tem missivas à sua espera. Hoje é o dia da Associação Poder do Povo entregar no Gabinete de Ligação do Governo Central uma carta a pedir o sufrágio universal para as eleições do Chefe do Executivo de Macau. De acordo com o presidente da associação, Chan Kin Wa, a nomeação do Chefe do Executivo local por um grupo restrito de pessoas pode ser motivo de corrupção. Como tal, e de modo a evitar este tipo de situação, o ideal seria a sua eleição através do voto dos residentes. “Por isso achamos que deve ser realizado o sufrágio universal para a eleição para o Chefe do Executivo”, escreve Chan Kin Wa na carta entregue hoje junto do Gabinete de Ligação. De acordo com o presidente da Poder do Povo, o mesmo procedimento deve ser aplicado à totalidade dos deputados à Assembleia Legislativa (AL).

Os deputados [Ng Kuok Cheong e Au Kam San] consideram que a nomeação do Chefe do Executivo nos moldes em que é feita, é fonte de desconfianças por parte da população. “Os residentes começam a questionar se existe corrupção e benefícios”

O objectivo, afirma, é que “ a AL possa representar as opiniões dos residentes e fiscalizar o Governo”. Por outro lado, considera, “o Chefe do Executivo deve cumprir as suas

promessas e implementar uma política democrata dentro do seu mandato”. Amanhã é a vez de Ng Kuok Cheong e Au Kam San fazerem o

REALIDADE ESCONDIDA

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m apelo para que seja mostrada a realidade local aos representantes do Governo Central é um dos pontos focados na carta entregue hoje pela Associação Poder do Povo ao Gabinete de Ligação do Governo Central, dirigida ao presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhang Dejiang. De acordo com o presidente da associação, Chan Kin Wa “o Governo de Macau tem adulterado informação de modo a evitar a divulgação da situação real local”, pelo que sugere que Zhang Dexian visite livremente o território e que vá “onde não esteja pla-

neado pelo Governo de modo a sentir realmente a realidade local”. Por outro lado, o dirigente associativo apela ainda a que o Governo Central exija maior rigor no que respeita à contratação da mão de obra estrangeira. Chan Kin Wa considera também que, apesar do de muitas das obras de grande envergadura terem já terminado, Macau ainda tem demasiados trabalhadores estrangeiros pelo que pede que o Governo seja incentivado a estabelecer um limite e sugere que não ultrapasse os 150 mil. O objectivo, diz, é “assegurar os benefícios e a empregabilidade dos residentes”.

mesmo pedido a Zhang Dejiang, numa carta entregue na AL. Os deputados pró-democratas argumentam que o desenvolvimento local rumo ao sufrágio universal é inevitável e deve acompanhar o desenvolvimento social e da economia do território. “O desenvolvimento impulsiona a mudança das políticas, caso contrário, é difícil manter a estabilidade social”, escreve. No entanto, o acompanhamento entre política e desenvolvimento não tem tido lugar no território. Os deputados consideram também que a nomeação do Chefe do Executivo nos moldes em que é feita, é fonte de desconfianças por parte da po-

pulação. “Os residentes começam a questionar se existe corrupção e benefícios”, dizem.

MEMÓRIAS NÃO ESQUECIDAS

Ng Kuok Cheong e Au Kam San relembram que em 2012, o vice secretário Geral do Comité Permanente da APN, Qiao Xiaoyang, referiu que Macau teria condições para implementar o voto universal tendo em conta a Lei Básica e as necessidades locais. “Em 2014, Fernando Chui Sai On também referiu, quando decidiu continuar no cargo de Chefe do Executivo, que iria fomentar gradualmente políticas democráticas”, continuam os deputados. No entanto, e após o início do actual mandato, Chui Sai On ainda não avançou com qualquer política rumo a uma maior democracia. De acordo com os deputados, esta falta de iniciativa vai contra os desejos da população. Ng Kuok Cheong e Au Kam San ilustram a afirmação com um inquérito realizado em que, afirmam, “60 por cento da população concorda com a realização de eleições para o cargo do Chefe do Executivo e apenas 10 por cento se mostraram contra”. De entre os apoiantes do sufrágio universal, havia cerca de dois terços que achavam que deveria ser implementado já em 2019. Já no que respeita ao voto para os deputados à AL, o mesmo inquérito demonstrou, dizem os deputados, que mais de 70 por cento da população apoiou o voto por via directa para, pelo menos, metade dos deputados. Na mesma missiva, os pró-democratas defendem ainda que o Governo Central deve dar uma opinião acerca dos órgãos municipais. “Em 2016, Chui Sai On disse que iria ser feita uma consulta pública para que em 2018 os órgãos municipais pudessem entrar em funcionamento. Mas ainda não foi feita a consulta sendo que o argumento é que está a ser aguardada a opinião do Governo Central”, sublinham. Sofia Margarida Mota com Victor Ng info@hojemacau.com.mo


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EPOIS de oito reprovações naAssembleia Legislativa (AL), todas as oportunidades para apelar à elaboração de uma lei sindical são momentos para não desperdiçar. A vinda a Macau de Zhang Dejiang, número três no Comité Permanente no Politburo e homem de confiança de Xi Jinping, é uma PUB

Correspondência de trabalho Associação de trabalhadores do jogo pede lei sindical a Zhang Dejiang

hipótese a aproveitar para quem quer reivindicar algo ao Executivo. Foi o que fez aAssociação dos Direitos dos Trabalhadores da Indústria do Jogo. A organização presidida por Cloee Chao argumenta que a legislação sindical é essencial à sociedade, nomeadamente para “garantir a defesa do direito à greve e direito de representação dos trabalhadores nos conflitos laborais com o patronato”. A associação salienta que de momento estão limitados em termos legais na defesa dos direitos laborais, e que é essencial a aprovação de um regime legal. Outro dos argumentos de peso expresso na carta é a comparação que se faz com as regiões e países mais desenvolvidos do mundo, onde existem leis sindicais. Um quadro legal que para a organização dirigida por Cloee Chao não só fornece direitos e garantias aos trabalhadores, como fomenta a qualificação e ajudará ao desenvolvimento da indústria.

QUESTÕES CONSTITUCIONAIS

A carta dirigida a Zhang Dejiang salienta ainda que existe uma

HOJE MACAU

A Associação dos Direitos dos Trabalhadores da Indústria do Jogo entregou ontem no edifício do Governo uma carta dirigida a Zhang Dejiang a apelar à criação da lei sindical. O político chinês, homem de confiança do Presidente Xi Jinping, chega hoje a Macau

POLÍTICA

A organização presidida por Cloee Chao argumenta que a legislação é essencial à sociedade, nomeadamente para “garantir a defesa do direito à greve e direito de representação dos trabalhadores nos conflitos laborais com o patronato”

sustentação constitucional para a criação e regulamentação de sindicatos, nomeadamente nos artigos 27.º e 40.º da Lei Básica. Na lei fundamental pode-se ler que “os residentes de Macau gozam da liberdade de expressão, de imprensa, de edição, de associação, de reunião, de desfile e de manifestação, bem como do direito e liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves”. Aí reside a cobertura legal para a implementação da lei sindical. Na comunicação ao alto representante de Pequim, a Associação dos Direitos dos Trabalhadores da Indústria do Jogo entregou também um inquérito sobre necessidade de criação de lei laboral. Dos inquiridos, 2173 mostraram-se favoráveis à legislação, o que representou 78 por cento do universo entrevistado. Vítor Ng e João Luz

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6 SOCIEDADE

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Banca SCMP LIGA VISITA DE ZHANG DEJIANG A SUSPEITAS SOBRE MACAU

As cores do dinheiro FÁTIMA CELEBRAÇÃO NA SÉ

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centenário das aparições será assinalado este ano com “alguma solenidade”, “mais do que é habitual” em Macau, diz o antigo superior da Companhia de Jesus, padre Luís Sequeira, que é também assistente eclesiástico da congregação de Nossa Senhora de Fátima. A principal novidade é a missa e a novena serem rezadas na Sé Catedral de Macau, e não na Igreja de São Domingos, como habitual – a procissão depois segue até à Ermida da Penha. É na Sé que está uma das mais imponentes imagens de Nossa Senhora de Fátima em Macau, com a inscrição “Rainha do Mundo, Mãe de Portugal, Amparai Macau”. Luís Sequeira considera que a procissão de Nossa Senhora de Fátima

em Macau é a que atrai mais pessoas e constitui a maior manifestação pública católica no território. “Sem dúvida nenhuma que a expressão religiosa [católica] de maior envergadura é a de Nossa Senhora de Fátima. A procissão é a que tem maior número de gente, não só da terra como de Hong Kong, do próprio continente (China), de alguns países aqui à volta, como a Malásia e a Indonésia, há grupos que vêm, até das Filipinas”, diz à agência Lusa, salientando que há também macaenses que vivem fora e que, “por esta altura, até dão cá um salto”. Macau tem quase 645 mil pessoas. A comunidade católica está estimada em cerca de 30 mil. A primeira procissão de Nossa Senhora de Fátima aconteceu em 1929. PUB

Edital n.º Processo n.º Assunto Local

EDITAL

:45/E-BC/2017 :117/BC/2017/F :Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Rua de Silva Mendes n.º 3, EDF. Hon Iec, parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar C, (CRP:C5), Macau.

Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados o dono da obra e o proprietário da fracção do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizou-se a seguinte obra não autorizada: Obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1 Renovação do compartimento de uma construção composta por paredes em Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do alvenaria de tijolo, gradeamento metálico caminho de evacuação. e cobertura metálica. 2. Sendo o terraço do edifício considerado caminho de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. 4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 28 de Abril de 2017

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

A Autoridade Monetária de Macau assegura que cumpre o seu papel na supervisão do sector financeiro local no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. A garantia é deixada no dia em que o South China Morning Post publica um demolidor texto sobre o que se passará no território

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ÃO é feita referência directa ao texto publicado pelo principal jornal em língua inglesa de Hong Kong, mas a coincidência de datas e o título do comunicado não deixam dúvidas. A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) emitiu uma nota em que diz estar “atenta à reportagem sobre actos suspeitos de branqueamento de capitais”, para assegurar que na RAEM se aplicam as regras internacionais sobre a matéria. Além disso, diz a entidade que tem “dispensado uma grande atenção às medidas de supervisão sobre o sector financeiro local”. Na passada sexta-feira, o South China Morning Post (SCMP) publicou um artigo em que indicava que o montante mensal levantado em máquinas ATM em Macau tinha ultrapassado a marca dos 10 mil milhões de dólares de Hong Kong. O jornal dizia ainda que a grande procura por dinheiro levou as autoridades que regulam o sector financeiro a darem ordens aos bancos, de modo a assegurarem que não faltam notas nas 1300 máquinas espalhadas pela cidade. No entanto, apontava também o jornal, a visita de um emissário de topo de

Pequim a Macau – Zhang Dejiang, esperado hoje no território – estava a causar preocupações em torno destes expressivos montantes de dinheiro. Ou seja, as caixas ATM estarão a ser utilizadas para branqueamento e fuga de capitais. O valor apontado pelo SCMP – 10 mil milhões de dólares de Hong Kong – não foi confirmado pela AMCM, mas sim por fonte não identificada. Outra fonte, igualmente anónima, relaciona a visita de Zhang Dejiang ao dinheiro que

circula no território e às indicações – não atestadas pela AMCM – dadas aos bancos para que não falte dinheiro nas máquinas ATM. “Talvez esta seja uma das razões que leva Zhang Dejiang a vir cá abaixo – para ver com os próprios olhos como é o buraco da rede de segurança financeira da China”, especula o comentador anónimo do jornal.

AS EXIGÊNCIAS DO REGULADOR

No comunicado publicado já depois de o artigo ter sido publicado, a AMCM

Uma fonte anónima do SCMP relaciona a visita de Zhang Dejiang ao dinheiro que circula no território e às indicações que terão sido dadas aos bancos para que não falte dinheiro nas máquinas ATM

explica que “tem solicitado, expressamente, ao sector [bancário] a necessidade do cumprimento rigoroso dos correspondentes diplomas legais, designadamente a assunção da sua responsabilidade, quanto ao cumprimento das exigências legais e de supervisão, no capítulo do combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo”. A entidade reguladora recorda que está em vigor a Directiva contra o Branqueamento de Capitais e o Financiamento do Terrorismo, que obriga os bancos a implementarem um sistema que “possa assegurar, suficiente e apropriadamente, o cumprimento das normas relacionadas com o combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo”. A mesma directiva permite “tomar medidas” quando os clientes procedam à abertura de novas contas e concretizem transacções, aponta a AMCM. Além disso, “devem os bancos vigiar, de forma contínua, as operações realizadas pelos clientes, com o objectivo de identificar o modelo de transacções anormais, para participação ao Gabinete de Informação Financeira das transacções suspeitas”. H.M.

MORTE NO KIANG WU COM SUSPEITAS DE NEGLIGÊNCIA MÉDICA

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A sequência de complicações durante o período de pós-operatório, uma doente oriunda do Interior da China faleceu no Hospital Kiang Wu. O filho da falecida pediu a intervenção da Comissão de Perícia do Erro Médico de forma a esclarecer se houve, ou não, negligência médica. Tudo começou no Hospital Tian Tan em Pequim, onde a mãe de Chen Jia Xiong, residente do interior da China, era acompanhada por sofrer de um tumor na cabeça. Porém, devido à

falta de material necessário à operação o médico que acompanhava o caso sugeriu que a cirurgia se realizasse no Hospital Kiang Wu, que tem um regime de colaboração com a unidade hospitalar de Pequim. Segundo Chen Jia Xiong, a operação realizada no sábado de manhã correu normalmente. Apesar disso, a partir das 13 horas a paciente começou a queixar-se de dores de cabeça. De acordo com o filho da falecida, em resposta à preocupação demonstrada,

o pessoal de enfermagem do hospital disse que a situação era normal. Até que por volta às 18h20 um médico do Kiang Wu, contactou o filho da paciente para lhe comunicar que esta necessitava de voltar ao bloco operatório com urgência. A doente veio a falecer devido à grande quantidade de sangue perdido. Chen Jia Xiong pediu ainda ao deputado Si Ka Lon para intervir no caso em que culpa tanto o Hospital Kiang Wu, como o médico do Interior da China. V.N.


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AIS de um quinto (23,1 por cento) da população de Macau tem como habilitações académicas o ensino superior, indicam os resultados globais do Intercensos 2016, divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O número representa um aumento de 6,4 pontos percentuais comparativamente aos Censos 2011, e acompanha uma subida contínua da escolaridade. O universo das pessoas com nível inferior ou equivalente ao ensino secundário complementar diminuiu 6,5 pontos percentuais em cinco anos, representando metade da população (50,4 por cento). Com 650.834 habitantes em Agosto de 2016, mês em que se realizaram os Intercensos, a população de Macau deu um ‘pulo’ de 17,8 por cento em cinco anos, devido ao “acréscimo substancial de trabalhadores não residentes” e “à subida da taxa de natalidade”.

A taxa de crescimento médio anual atingiu 3,3 por cento no período 2011-2016, “constituindo o pico dos últimos 20 anos” A taxa de crescimento médio anual atingiu 3,3 por cento no período 2011-2016, “constituindo o pico dos últimos 20 anos”, salientou a DSEC. O envelhecimento contínuo da população, composta maioritariamente por mulheres (51,8 por cento), deve-se ao “substancial aumento” de 48,6 por cento das pessoas com ou mais de 65 anos. Os idosos (59.383) passaram a representar 9,1

Demografia MAIS DE UM QUINTO DA POPULAÇÃO COM ENSINO SUPERIOR

Mais e com mais estudos A escolaridade está a aumentar em Macau e o facto já se reflecte nas estatísticas. Foram divulgados os resultados dos Intercensos, que mostram que somos cada vez mais, mas com menos espaço por cento da população total – mais 1,9 pontos percentuais face a 2011. O índice de envelhecimento – proporção da população idosa (com idade igual ou superior a 65 anos) em relação à jovem (0-14 anos) – atingiu 76,3 por cento, “após sucessivos aumentos”, ultrapassando em 15,6 pontos percentuais o de 2011. A DSEC registou um aumento constante da média da idade do primeiro casamento, que passou de 29 para 29,5 anos. No território, dois terços (63,2 por cento) da população com idade igual ou superior a 16 anos eram casados, uma descida de 0,8 pontos percentuais em relação a 2011.

ESPAÇO MÍNIMO

Em alta manteve-se também a densidade populacional, que continua a ser uma das mais elevadas do mundo: 21.340 pessoas por quilómetro quadrado em 2016, ou mais 15,5 por cento relativamente a 2011 (18.478). As zonas mais densamente povoadas ficam na zona norte da cidade, com a da Areia Preta a concentrar 11,8 por cento da população total, indicou a DSEC. O estudo destacou um aumento brusco, de 5,3 vezes nos últimos cinco anos, da população em Coloane, o que tem que ver com a ocupação dos bairros de habitação pública de Seac Pai Van. De acordo com os dados publicados, que actualizam os resultados preliminares divulgados em Dezembro último, existiam 188.723 agregados familiares (um aumento de 10,5 por cento

face a 2011), compostos em média por 3,07 membros. As famílias com três membros são predominantes e representam 24,5 por cento do total, o que reflecte um crescimento de 1,3 pontos percentuais em cinco anos. Os agregados familiares

com quatro elementos diminuíram 1,6 pontos percentuais em relação a 2011 (21,4 por cento do total). Do total de 188.723 agregados familiares, 34.319 residiam em habitações públicas, com 22.096 em económicas (vendidas a preços

inferiores aos de mercado) e 12.223 em sociais (arrendadas), ou seja, equivaliam a 18,3 por cento do total. Esta subida de 5,1 pontos percentuais em relação a 2011 é explicada pela disponibilização de habitação pública, especificou a DSEC.

O número de famílias que morava em fracções sociais duplicou (+100,8 por cento) em cinco anos, sublinhou. Já 124.126 agregados familiares moravam em casa própria, isto é, dois terços do total (66,2 por cento), valor que reflecte uma diminuição de 4,6 pontos percentuais comparativamente a 2011. Em sentido inverso, o universo de famílias (48.481) em casas arrendadas, que representava 25,8 por cento do total, subiu 1,2 pontos percentuais em cinco anos, devido ao aumento de residentes que passaram a habitar em casas sociais e à subida do número de trabalhadores não residentes, explicou a DSEC. O número de agregados familiares que possuíam veículos (motociclos ou automóveis) cresceu 13 por cento no intervalo de cinco anos para 105.993, sendo que 21.212 tinham pelo menos três viaturas, um aumento de 28,9 por cento comparativamente a 2011.

CASINOS VENETIAN ACOLHE GLOBAL GAMING EXPO ASIA

Entre 16 e 18 de Maio, especialistas e empresas do jogo de todo o mundo reúnem-se em Macau para a 11ª edição da feira Global Gaming Expo Asia. O evento realiza-se no Venetian e ocupará cerca de 12 quilómetros quadrados por onde serão distribuídos 180 expositores. Quase um terço dos participantes na exposição estreiam-se nesta edição. O evento organizado pela Reed Exhibitions Greater China e pela Associação Americana de Jogo inclui conferências e seminários com operadores, especialistas e reguladores da indústria. A legalização do jogo no Japão será um dos pontos de destaque e alvo de análise por parte de especialistas da Morgan Stanley, e pelas consultoras Union Gaming e PricewaterhouseCoopers. O presidente da Sands China, Wilfred Wong, participa numa mesa-redonda sobre o mercado de jogo de massas e será feita a apresentação das operações de “resorts integrados” e “marketing” pelo director da Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau, Paulo Martins Chan.


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Música CONFERÊNCIA EM LISBOA SOBRE INSTRUMENTO

EVENTOS

USJ CARLOS MORAIS JOSÉ FALA SOBRE PESSANHA

N

AUniversidade de São José, fala-se hoje ao final da tarde sobre Camilo Pessanha. A sessão é da responsabilidade do jornalista e editor Carlos Morais José, e é aberta a todos os que queiram conhecer melhor a obra do poeta português, natural de Coimbra, que morreu em Macau em 1926. “A curta obra de Pessanha rescende, na esteira de Antero, a uma intensa reflexão filosófica, na qual se imiscui a sabedoria oriental, não como elemento exótico mas desempenhando, a par com o ópio, o papel de entorpecente, de leve bálsamo, ainda assim capaz de mitigar uma dor incurável”, escreve-se na apresentação da sessão, intitulada “Camilo Pessanha: Um resto de batel”. É ao início da carreira poética de Pessanha, ao “Soneto de Gelo”, que se vai buscar o mote para a aula aberta de hoje. “Um resto de batel (...) para não afundar na treva imensa” espelha a dor metafísica de Camilo Pessanha, observa Carlos Morais José, “ao dar por si num universo sem Deus e entregue a uma vida não glorificada por um Destino”. Carlos Morais José vive em Macau desde 1990. É director do jornal Hoje Macau e fundou duas editoras: a COD e a Livros do Meio, que publica obras sobre a China. É ainda autor de vários livros, de crónicas a poesia, passando também pela ficção. No ano passado, publicou o seu primeiro romance, “OArquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja”. A sessão “Camilo Pessanha: Um resto de batel” começa às 19h, na Biblioteca 2 da Universidade de São José.

A capital portuguesa recebe, a partir de hoje, especialistas em etnomusicologia para dois dias de sessões sobre instrumentos e música chinesa. Pretende-se sensibilizar a academia do país para a importância das sonoridades que nasceram a Oriente

P

ELO segundo ano consecutivo, por iniciativa do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), Lisboa é palco de uma conferência sobre música chinesa e instrumentos chineses. A série de palestras começa hoje e conta com a participação de etnomusicólogos e investigadores de renome internacional. Entre os convidados está o presidente do Instituto Cultural de Macau, Leung Hio Ming, antigo director do

“O ‘sheng’ e o ‘guqin’ são dois ícones da música clássica chinesa, da música imperial, duas espécies que sobrevivem há mais de três mil anos na sua forma original.” ENIO DE SOUZA RESPONSÁVEL DO CCCM

conservatório local e músico de formação. Na edição deste ano, há dois instrumentos homenageados: o ‘sheng’ e o ‘guqin’. “São dois ícones da música clássica chinesa, da música imperial, duas espécies que sobrevivem há mais de três mil anos na sua forma original”, contextualiza ao HM Enio de Souza, responsável pelo serviço educativo do Museu do CCCM. “O gujin, de cordas dedilhadas, é Património da Humanidade desde 2010.” A história destes dois instrumentos chineses é um dos temas da conferência, que abrange outras questões, da notação musical da China antiga ao xamanismo e ao taoísmo. Vai ainda falar-se da produção discográfica durante o período da Revolução Cultural e do património cultural intangível na República Popular da China. Macau também é motivo de reflexão, com intervenções sobre as infra-estruturas culturais do território nas décadas de 1980 e 1990, e o ensino e a performance da música chinesa em Macau. Aberta a todos os interessados, a iniciativa tem como principal alvo a academia

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«Era uma vez um menino que era vários meninos e em cada menino morava um poeta e em cada poeta um outro poeta. Assim, nunca mais ninguém podia saber quantos poetas havia, ao certo, dentro daquele menino e quantos meninos havia, ao certo, dentro daquele poeta. A coisa começou a ficar confusa, porque nunca antes se vira uma coisa assim, nem havia notícia de outro caso igual, (para dar entrada à rima) dentro ou fora de Portugal.»

DOS SON Sheng

portuguesa. Procura-se, sobretudo, criar um debate em torno da importância da música chinesa. “Um dos grandes objectivos é sensibilizar a academia portuguesa para a importância de ter como disciplina a mú-

sica e a organologia chinesa, e também a música asiática”, explica Enio de Souza.

DO OUTRO MUNDO

Residente em Macau entre 1983 e 1999, Enio de Souza tem entre

as suas principais metas, no trabalho no Museu do CCCM, a sensibilização para a música e os instrumentos chineses. Em 2003, o responsável criou um ateliê de instrumentos musicais chineses

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BIOGRAFIA INVOLUNTÁRIA DOS AMANTES • JOÃO TORDO

Numa estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um javali. A visão do animal morto na estrada levará um deles — Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões desconjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris.


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OS CHINESES

NS DE LONGE

hoje macau segunda-feira 8.5.2017

HOJE NA CHÁVENA

Guqin

para escolas e público em geral. Na altura, contava com “algum domínio” na matéria que adquiriu durante os anos passados em Macau e com um acervo museológico de 42 espécies de instrumentos mu-

sicais chineses. Rapidamente se apercebeu do quão invulgar era a iniciativa, num país em que a música chinesa era uma realidade desconhecida. “Comecei a aperceber-me de que não havia es-

REGATAS BARCOS DRAGÃO VOLTAM AO LAGO

Os barcos do dragão regressam à Praia Grande. A próxima edição das “Regatas Internacionais de Barcos Dragão de Macau” vai ter lugar de 27 a 30 deste mês e, de acordo com a organização, continua a mostrar uma aderência crescente. Este ano o evento conta a com a participação de 138 equipas distribuídas por sete categorias. Além dos barcos, a iniciativa conta ainda com a realização paralela de várias actividades de foro cultural e artístico de modo a “ dar uma imagem de Macau como uma cidade de desporto e um centro de lazer e turismo mundial”, sublinha a organização.

tudos sistemáticos sobre organologia chinesa em Portugal. Não há nenhuma cadeira nas universidades que têm departamentos de música ou de etnomusicologia relacionada com música

e instrumentos chineses”, observa. Quando começou a investigar o tema, chegou à conclusão de que em Portugal não havia, de facto, “nenhum musicólogo ou etnomusicólogo que alguma

vez se tivesse debruçado sobre música e instrumentos musicais chineses”. Foi precisamente para colmatar esta falha que Enio de Souza decidiu avançar com estas conferências de Lisboa,

MORNAS TETÉ MALHINHO TRAZ CABO VERDE AO D. PEDRO V As mornas de Cabo Verde vão encher o palco do Teatro D. Pedro V já no próximo dia 12. O concerto é de Teté Malhinho que traz o projecto “Mornas ao Piano”. De acordo com a apresentação da artista, as mornas são o género que recorda desde pequena: “cantadas na voz do Bana nos 15 minutos finais da emissão da Rádio Barlavento, as Mornas embalavam o meu sono de menina. Eu tocava-as, rudimentarmente, no piano oferecido pelo meu pai onde fui descobrindo as notas

EVENTOS

a par do restante trabalho que vai desenvolvendo no CCCM. Hoje em dia, começa a haver algum interesse no âmbito da musicologia histórica e da etnomusicologia viradas para Oriente. “Já há alunos de doutoramento a trabalharem, já há teses de mestrado sobre a Orquestra Chinesa de Macau, outros estudantes universitários que também se começam a debruçar sobre esta matéria”, aponta.

PREPARAR PÚBLICO

Depois do “grande sucesso” das palestras do ano passado, a iniciativa deste ano serve ainda para preparar terreno para o que aí vem: em Maio do próximo ano, o Centro Científico e Cultural de Macau recebe a edição 21 da Conferência da European Foundation for Chinese Music Research (CHIME). “Para uma conferência desse nível, com mais de uma centena de participantes internacionais, tem de haver um público minimamente preparado. Vêm musicólogos e etnomusicólogos do mundo inteiro”, avança o responsável. Enquanto o encontro da CHIME não se realiza, debate-se por estes dias em Lisboa a importância e a razão social dos instrumentos musicais chineses, porque é que fizeram determinado tipo de composições, a quem eram destinadas e como surgiram. A conferência de Lisboa é uma organização conjunta do CCCM, do Instituto de Etnomusicologia – Música e Dança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e do Instituto Confúcio/Universidade de Lisboa, com o apoio científico garantido pela CHIME. A iniciativa conta ainda com o apoio do Museu Nacional da Música e do Instituto de Medicina Tradicional, sendo que tem como patrocinador principal a Fundação Jorge Álvares. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com

até ser capaz de acompanhar a minha voz.” Agora, é ainda o ritmo que fundamenta o seu “sentir cabo verdiano e ilhéu: marcado pela dor das partidas pela alegria das chegadas, pela nostalgia e pela saudade”, diz. O concerto conta com a participação do pianista Ricardo Deus, no contrabaixo estará Carlos Barreto e na percussão, Ndu Carlois. O evento conta com entrada livre e a reserva de bilhetes pode ser feita a partir de hoje na Livraria Portuguesa e no IPOR.


10 CHINA

hoje macau segunda-feira 8.5.2017

PEQUIM INSTA TAIPÉ A LIBERTAR PESCADORES

An Fengshan

O

Governo chinês pediu às autoridades taiwanesas que libertem os pescadores chineses detidos no sábado e que investiguem o incidente no qual dois dos seus cidadãos foram feridos por disparos da guarda costeira taiwanesa. Membros da guarda costeira de Taiwan feriram dois pescadores chineses com balas de borracha e detiveram outros cinco por “pescarem ilegalmente em águas taiwanesas”, segundo informação no sábado sobre o mais recente incidente que ocorre na zona, em plena tensão entre Pequim e Taipé. An Fengshan, porta-voz do escritório de Assuntos

PRIMEIRO GRANDE AVIÃO FABRICADO NO PAÍS JÁ VOA

para Taiwan do Conselho de Estado chinês, instou Taipé a “respeitar o facto de que os pescadores de ambos os lados do estreito (da Formosa) estão há muito tempo a pescar nessa área” e pediu às autoridades da ilha para que respeitem os seus direitos e tomem medidas para que estes incidentes não voltem a acontecer, segundo a agência de notícias Xinhua. Os guarda costeiros taiwaneses dispararam quando o pesqueiro chinês tentava escapar, depois de receber ordem para parar e ser inspeccionado, explicaram as autoridades da ilha. Segundo Taipé, as incursões dos pesqueiros chineses são habituais nestas águas, o que habitualmente leva a confrontos entre ambas as partes, uma relação que piorou desde a chegada ao poder da Presidente Tsai Ing-wen, do independentista Partido Democrata Progressista.

Asas pelos ares

O

primeiro grande avião de passageiros fabricado pela China realizou sexta-feira o seu voo teste inaugural, com partida de Xangai, num importante marco para o país, que ambiciona concorrer num mercado dominado por fabricantes ocidentais. Desenvolvido pela estatal chinesa Commercial Aircraft Corp. (Comac), o modelo C919 visa competir com o Boeing 737 e o Airbus A320 nos aviões de até 160 assentos. A empresa tinha planeado que o C919 começasse a voar em 2014 e que as primeiras encomendas fossem

entregues em 2016, mas foi sucessivamente adiando devido a problemas com os fabricantes. O desenvolvimento de um avião comercial para voos de longa distância insere-se nos objectivos de Pequim de transformar o país numa potência tecnológica, com

capacidades nos sectores de alto valor agregado, de acordo com o plano “Made in China 2025”. A Comac diz ter já 570 encomendas, sobretudo de companhias aéreas chinesas estatais. Os poucos clientes estrangeiros que pretendem comprar o modelo chinês

O desenvolvimento de um avião comercial para voos de longa distância insere-se nos objectivos de Pequim de transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado

PUB HM • 1ª VEZ • 8-5-17

ANÚNCIO Proc. Execução Ordinária

n.º CV3-14-0143-CEO

3º Juízo Cível

EXEQUENTE: Banco Industrial e Comercial da China(Macau) S.A. (中國工 商銀行(澳門)股份有限公司), com sede em Macau na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. EXECUTADO: CHAN I TAK(陳以徳), masculino , residente em Macau na Estrada Nova de Hac Sá, nº 181-E, Complexo Hellene Garden - Wealthy Villa Lot 6, Tower V (Hibiscus Court) 6º andar J. *** Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real e que é o seguinte: Direito penhorado Denominação: 1/136 e 2/136 avos da fracção autónoma “A1”. Fim: Para estacionamento. Situação: Estrada Nova de Hac-Sá nºs 181-A a 291 e Avenida de Luís de Camões nºs 190-J a 190-S. Número de matriz: 50638. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial nº 22632, a fls.145 do livro B71K. Número de inscrição na Conservatória do Registo Predial registado a favor do executado: 213972G e 225617G. Macau, 27 de Abril de 2017

incluem a GE Capital Aviation Services e a Thailand’s City Airways. Bao Pengli, vice-director do departamento de gestão de projectos da Comac, afirmou na quinta-feira que a empresa fabricará dois aviões por ano, até 2019, até estar certa de que pode realizar um voo seguro e só depois iniciará produção em série. O avião terá entre 155 e 175 lugares e capacidade média para fazer viagens de 4.075 quilómetros.

DA CRIAÇÃO

A Comac disse que mais de 200 empresas chinesas e 36 universidades estiveram envolvidas na pesquisa e desenvolvimento do avião. Mas o C919 conta também com tecnologia estrangeira, incluindo nos motores, que são fabricados pela CFM International, uma ‘joint venture’ entre a norte-americana General Electric e a francesa Safran Aircraft Engines. O primeiro avião fabricado pela China, o bimotor para uso regional ARJ-21, transportou passageiros pela primeira vez em Junho de 2016, oito anos depois do primeiro voo teste. Aquele modelo rivaliza com aviões fabricados pela brasileira Embraer SA e a canadiana Bombardier Inc. Nos últimos anos, o país asiático mostrou ser capaz de absorver tecnologia estrangeira com rapidez. Em duas décadas, passou de importador de aviões militares russos para produtor de jactos. Na indústria ferroviária de alta velocidade ou no sector das energias limpas, as empresas chinesas passaram de colaboradores a concorrentes mais rapidamente do que antecipavam as empresas estrangeiras.

CONDENADOS A 20 ANOS DE PRISÃO POR ACIDENTE

A

justiça chinesa condenou duas pessoas a 20 anos de prisão pela avalancha de escombros que soterrou um parque industrial e matou 73 pessoas há dois anos no sul do país, informou ontem o diário China Daily. O acidente ocorreu na cidade de Shenzen em 2015 e os tribunais chineses concluíram agora que foi resultado de subcontratações irregulares, de uma gestão deficiente, corrupção e outras negligências. Quarenta e cinco pessoas no total foram condenadas neste caso, entre as quais Long Renfu, o presidente

da empresa Shenzen Yixianglong, a gestora do armazém de detritos de obras em que houve a avalancha, e Meng Jinghang, antigo director do Departamento de Gestão Urbana de Shenzen. Ambos foram condenados a 20 anos de prisão, no caso de Long, “por causar um sério acidente e subornar funcionários governamentais” e, a respeito de Meng, por “aceitar subornos e por abuso de poder”. Além disso, os tribunais multaram-nos em 10 milhões de yuans e oito milhões de yuans, respectivamente,

segundo o diário, que não especificou as sentenças dos demais funcionários e empresários envolvidos no caso. O Governo chinês já determinou num relatório anterior que o acidente, considerado muito grave, foi devido a erro humano, uma vez que foi permitido o depósito excessivo de detritos de construções e, ainda, à falta de um sistema de esgoto eficaz no local. O acidente ocorreu no dia 20 de Dezembro de 2015 e destruiu 33 edifícios e causou euros e causou perdas económicas de 880 milhões de yuans.


11 hoje macau segunda-feira 8.5.2017

Chamem a polícia

Dez mil agentes mobilizados para 20.º aniversário da transferência em Hong Kong

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EZ mil agentes policiais vão ser mobilizados em Hong Kong para as cerimónias do 20.º aniversário da transferência de soberania do Reino Unido para a China, noticiou sexta-feira o jornal South China Morning Post. Mais de um terço de toda a força policial da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) vai garantir a segurança dos líderes, incluindo o Presidente da China, que vão assistir às cerimónias, acrescentou o diário.

Durante a visita de três dias, Xi Jinping deverá empossar à chefe eleita do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam. Primeira mulher a desempenhar o cargo, Carrie Lam foi eleita, a 26 de Março, por um comité formado por 1.200 membros de diversos sectores da sociedade. A transferência de soberania do Reino Unido para a China realizou-se a 1 de Julho de 1997.O South China Morning Post destacou a realização, na próxima semana, de um exercício policial antiterrorista de grande dimensão.

Com o nome de código ‘Hardshield’, o exercício vai juntar 29.000 agentes ao longo de cinco dias, tendo por objectivo garantir que as forças de segurança se encontram preparadas para qualquer cenário, incluindo ataques terroristas.

OUTRAS ACÇÕES

No final do mês, as forças de segurança de Hong Kong vão realizar outro exercício antiterrorista no aeroporto internacional da RAEHK, estando previstos mais

para Junho, com treino no terreno para testar medidas de controlo de motins e novos equipamentos, disse o jornal. Na quarta-feira, a polícia antiterrorista de Hong Kong afirmou que extremistas inspirados pelo grupo extremista Estado Islâmico podem estar infiltrados na cidade, indicando estar sob alerta para evitar a ocorrência de ataques praticados por ‘lobos solitários’. Apesar de manter em moderado o nível de alerta terrorista, por não haver informações específicas sobre uma ameaça concreta ou relativamente à iminência de um ataque, a polícia advertiu que o perigo é real.

Mais de um terço de toda a força policial da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) vai garantir a segurança dos líderes, incluindo o Presidente da China, que vão assistir às cerimónias

CHINA

COMÉRCIO EXTERNO DEVERÁ MANTER TENDÊNCIA DE ALTA

As importações e exportações da China continuarão provavelmente a crescer este ano, mas a pressão permanecerá devido às incertezas do exterior, informa um relatório publicado na quinta-feira. O comércio externo estará numa melhor posição graças à estrutura e eficiência melhoradas e a um maior ímpeto do crescimento, segundo um relatório do Ministério do Comércio. Os fundamentos firmes permaneceram inalterados e empresas locais ainda têm vantagens no comércio mundial. Impulsionado por uma recuperação na procura externa e uma economia doméstica estável, o comércio da China com o resto do mundo cresceu fortemente no primeiro trimestre, lê-se no relatório. As exportações denominadas em yuan aumentaram 14,8% em termos anuais, enquanto as importações saltaram 31,1%. O superávit comercial caiu 35,7%. O relatório adverte ainda para uma situação comercial que se mantém severa e recomenda esforços constantes para garantir um desenvolvimento estável, citando uma recuperação instável da procura externa, maior concorrência e atritos comerciais.

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Notificação edital (17/FGCL/2017)

Notificação edital (16/FGCL/2017)

Nos de pedido: 000020/2017, 000021/2017, 000022/2017

Nos de pedido: 000363/2016, 000011/2017

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Xin Shan Promotor de Jogo Limitada (membros dos órgãos de administração Zhu Zhenjiang e Zhu Lin)”, com sede na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção nos 336 - 342, Centro Comercial Cheng Feng, 15º andar P,Q,R, Macau, o seguinte: Relativamente aos 2 ex-trabalhadores do devedor (Ng Chao Peng e Zeng Ting Ting), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 21 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos para os 2 ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $96 053,90 (Noventa e seis mil e cinquenta e três patacas e noventa avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos.

Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Estabelecimento de Comidas First Eatsun”, com sede na Rua do Dr. Pedro José Lobo, The Macau Square, Lojas M & L, R/C, Macau, o seguinte: Relativamente aos 3 ex-trabalhadores do devedor (Chao Iok Chi, Chao Lok Mui e Tam Choi Kun), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 21 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6. o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos para os 3 ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $453 711,00 (Quatrocentas e cinquenta e três mil, setecentas e onze patacas). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 2 de Maio de 2017

2 de Maio de 2017

O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

Notificação edital (18/FGCL/2017)

Nos de pedido: 000380/2016, 000384/2016, 000385/2016, 000386/2016, 000387/2016, 000388/2016, 000389/2016, 000390/2016, 000391/2016

Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Companhia de Construção e Prediais GTM Limitada”, com sede na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção nos 411 - 417, Dynasty Plaza, 12º andar Q, Macau, o seguinte: Relativamente aos 9 ex-trabalhadores do devedor (Ieong Man Fong, Chen Binghui, Wu Zenan, Chio Man Sio, Cheong Choi Seng, Ng Kam Mun, Wong Kam Fai, Leong Kam Weng e Chan Kam Lun), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 21 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 7.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento do adiantamento para os 9 ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $179 005,90 (Cento e setenta e nove mil e cinco patacas e noventa avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento do adiantamento para aqueles 9 ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.º da referida Lei, após efectuado o pagamento do adiantamento, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo.

No de pedido: 000001/2017

Notificação edital (19/FGCL/2017)

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor do número de pedido acima referido, CHENG MAN YIN (proprietário de Arts Design & Engineering), com sede na Rua de Nam Keng nº 105, Flower City, Edifício Lei Fung, R/C, Taipa, Macau, o seguinte: Relativamente ao ex-trabalhador Fan Wai Lam do devedor, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 28 de Março de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos para o ex-trabalhador acima referido, no valor total de $14 575,00 (Catorze mil, quinhentas e setenta e cinco patacas). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aquele ex-trabalhador, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 2 de Maio de 2017

2 de Maio de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

ZHANG YANYUAN «Lidai Ming Hua Ji»

Relação das Pinturas Notáveis Através da História Enquanto as plantas e as árvores espalham a sua glória, o vermelho e o verde aparecem, as nuvens de neve começam a girar e a espargir o seu pó branco, então as montanhas e o céu destacam-se no azul profundo, e finalmente o pássaro feng1 surge com todas as cinco cores. De modo que, quando ao misturar a tinta trazemos as cinco cores, isso chama-se apreender a ideia, mas se a ideia é fixada nas cores, as formas dos objectos tornarse-ão deficientes. Em pintura deve ser particularmente temido o colorido das formas, deve calcular-se com muita atenção e executar com grande delicadeza, sem no entanto alardear o segredo da habilidade. O aspecto incompleto não deve ser causa de lamento; deve ser pelo contrário, de lamentar o aspecto acabado2.

1 - O pássaro mitológico fenghuang, (em cantonense fông-huong) habitualmente referido no Ocidente como fénix. As semelhanças com o mítico pássaro grego referem-se sobretudo ao seu poder regenerador. Também chamado yunji, pois toma por vezes o lugar do galo no zodíaco chinês. A partir da dinastia Yuan (12711368) dois caracteres passam a aparecer juntos: feng e huang, originalmente o primeiro sendo o macho, e a fêmea, huang. Essa junção permite que o pássaro seja identificado com o feminino, a imperatriz, para simbolicamente poder ser acasalado com o dragão (long), o masculino, o imperador. É descrito na enciclopédia Erya (cap.17, Shiniao) como tendo bico de galo, face de andorinha, testa de galinha, pescoço de cobra, peito de ganso, costas de tartaruga, traseiro de veado e cauda de peixe. Suas penas possuem as cinco cores primárias: branco, preto, vermelho, verde e amarelo, que por sua vez se identificam com as

«Cinco virtudes» de Confúcio. Segundo algumas tradições o fenghuang só surge em tempos benfazejos e de paz, enquanto noutras ele surge para anunciar um tempo novo. (Ver, por exemplo, A fénix e o dragão, Cecília Jorge, Beltrão Coelho, instituto Cultural de Macau, Editorial Pública, 1988.) 2 - Mais tarde em 1074 Guo Ruoxu, na obra que pretende ser a continuação do tratado de Zhang Yanyuan, especifica como o primeiro dos defeitos da pintura o «ser como uma tábua» (ran, a rigidez). Depois Shitao no século XVIII, dirá. «Não se deve pintar de maneira mecânica; deve ser evitada a rigidez e a moleza, não se deve ser pesado nem desajeitado, é preciso ter cautela com as ligações indevidas, não deslocar os elementos da composição, nem perder a coerência fundamental do conjunto.» (Notas sobre a pintura do monge Abóbora Amarga, Cap. VII, Yin Yun).


13 hoje macau segunda-feira 8.5.2017

o ofício dos ossos

Valério Romão

Da desmesurada importância dada à informação E

SCREVI há pouco tempo, para a Revista Ler, um ensaio sobre livros de auto-ajuda. Como em qualquer texto que se escreve, subsiste quase sempre a sensação de que o mais importante se perdeu de alguma forma, de que por inabilidade técnica ou defeito de óptica o ponto arquimédico do texto ficou de fora deste, tornando o resultado da escrita um exercício de malabarismo desapoiado e destinado a tornar-se ruína sem nunca chegar a ter sido edifício. No caso em apreço, sinto que fiquei aquém na exposição de um conceito fundamental para compreender como os “manuais da vida” entraram de forma tão decisiva e transversal na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Falo do conceito de informação. A fé que temos actualmente na informação radica, por um lado, no facto de esta ser um pilar das sociedades democráticas como actualmente as concebemos. Sem os meios de informação que temos a nosso dispor, a democracia não sobreviveria. Os vários escândalos, ao longo da história e um pouco por todo o lado, pelo quais se fecham e abrem ciclos políticos, mostram-nos isso de forma muito clara. Por outra parte, dá-se à informação um papel preponderante na transmissão de uma imagem do mundo e na perpetuação de uma ideia – ainda que difusa – da “cultura ocidental”. Estes dois aspectos, que em muitas ocasiões se sobrepõem, fazem com que tenhamos uma ideia altamente inflacionada do papel e dos poderes da informação. A informação tem, por definição, um carácter neutro. Enquadra os factos, explica-os, mas escusa-se a tomar partido. É tendencialmente imparcial. Por isso, a mesma notícia, para diferentes pessoas – já para não falar em diferentes povos – espoleta diferentes reacções. A relação que cada sujeito estabelece com os factos que tem a seu dispor radica em mecanismos que ultrapassam largamente o âmbito deste texto. O mundo não é “tudo quanto é o facto”, como sustinha o Wittgenstein do Tratactus. O mundo é a forma como o sujeito se relaciona com tudo quanto há. Porque o facto corresponde à objectividade e o sujeito, passe o pleonasmo evidente, tem como forma de acontecimento fundamental a subjectividade.

Epicuro

Vemos isso claramente nas mais diversas escolhas que fazemos ao longo da nossa vida. Os maços de cigarros têm escrito “Fumar mata”, por exemplo. Alguém ficou surpreendido com a notícia que as

embalagens veiculam? Alguém terá deixado de fumar por causa desse aforismo absolutamente anónimo inscrito em formato lápide? Estou em crer que não, e o facto de a informação escrita estar a ser

A fé que temos actualmente na informação radica, por um lado, no facto de esta ser um pilar das sociedades democráticas como actualmente as concebemos. Sem os meios de informação que temos a nosso dispor, a democracia não sobreviveria

substituídas por imagens – mais ou menos asquerosas, mais ou menos ridículas – parece suportar essa evidência. No livro “A Morte de Ivan Illitch”, o protagonista diz, a certa altura, lembrar-se de um silogismo lógico aprendido na escola “Caio é um homem, os homens são mortais; logo, Caio é mortal”. Caio, que até então sempre fora uma entidade abstracta e destituída de qualquer poder, malgrado o alcance aparentemente universal do silogismo, torna-se, para um Ivan Illitch moribundo, um espelho, onde Caio é doravante um reflexo do malogrado Ivan Illitch. A mesma informação, em tempos radicalmente diferentes, tem efeitos radicalmente diversos. Com os livros de auto-ajuda, laboramos no mesmo erro: o de atribuir à informação uma propriedade que ela não tem, a de ser uma espécie de toque de Midas pela qual o sujeito, em contacto com ela, muda. Não funciona assim e, por um lado, ainda bem, porque acaso a informação fosse de facto alguma coisa de semelhante a código de programação capaz de nos transformar por sermos expostos a ela, qualquer sujeito poderia ser reprogramado para qualquer efeito. Na Grécia antiga, lugar do primeiro pensamento sistematizado sobre a natureza e forma de “uma vida boa”, a informação era apenas uma forma de veicular o pensamento e não, de todo, a componente fundamental de um programa – muito mais vasto e ambicioso – de reeducação do ponto de vista natural. Os epicuristas propunham, aliás, pouquíssimas orientações axiológicas mas muito treino. Não bastava ler um livro para um sujeito se tornar epicurista. Era preciso treinar. Praticar o epicurismo. Tornar-se epicurista era frequentar a escola de Epicuro, viver à maneira de Epicuro e morrer como Epicuro. O que um livro de auto-ajuda propõe, pelo contrário, é uma solução rápida baseada na ilusão de que as fórmulas podem agir no sujeito como as rotinas informáticas agem nas máquinas. E isto equivale a alguém pretender conseguir ensinar karaté por meio de um livro. Não é assim que funciona. E mais cedo ou mais tarde, percebemos isso.


14 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau segunda-feira 8.5.2017

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 30

PROBLEMA 31

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The Shack SALA 1

GIFTED [B]

THE SHACK [B]

Fime de: Marc Webb Com: Chris Evans, Octavia Spencer, Mckenna Grace 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

FALADO EM CANTONENSE Fime de: Stuart Hazeldine 14.15, 16.45, 21.15

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FALADO EM CANTONENSE Fime de: Tom McGrath Com: Sam Worthington, Octavia Spencer, Radha Mitchell 14.15, 16.45, 21.15

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THE BOSS BABY [B]

Homem e Mulher, sem ordem de importância, nem graduação possível, em total fusão atómica nos ventres e nos braços que se encontram. Mil vezes mais complicados que os gatos, com miríades de múltiplos cios, descontrolos, choros, desatinos e violências uterinas das mais doces que os sentidos conseguem apreender. Os gatos não são assim, mas os humanos também miam e espreguiçam-se em volúpias húmidas de prazeres. Deixam-se levar por correntes para se abraçarem, exaustos em deltas de abraços, bradam aos céus maldições de raios e coriscos e voltam a enlear-se nos calores que rebentam em êxtase. Em nada se assemelham aos elegantes felinos, demasiado educados para estas coisas dos escândalos da pele. Trovejam, descarregam electricidade e fazem o mundo girar mais depressa, em direcção à vertigem, ao desvario, ao grito primordial que deu origem a isto tudo. Buscam a paz nas pequenas mortes que se espraiam em lençóis escaldantes. Exaustos, suados, arfantes, jogados ao abandono dos membros que se deixam levar pela dolência dos fins. Consomem-se entre olhares cruzados, em ritmos de amplexos rudes, ardem com labaredas que nunca se extinguem. Muito mais despudorados e animalescos do que os gatos. Pu Yi

A IDADE DA RAZÃO | JEAN-PAUL SARTRE

Assim arranca a trilogia de Jean-Paul Sartre “Os Caminhos da Liberdade”. Este livro transporta para a ficção as premissas filosóficas de “O Ser e o Nada”, numa leitura escorreita. Centrado na boémia parisiense do conturbado final da década de 1930, esta obra de Sartre tem como protagonista Mathieu, um professor de filosofia em carrega as decisões importantes que enfrenta de conotações filosóficas. “A Idade da Razão” tem como fio condutor a liberdade como derradeira vocação e fim da existência humana. Leitura essencial na obra sartreniana. Sempre actual. João Luz

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YUAN

AQUI HÁ GATO

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15 hoje macau segunda-feira 8.5.2017

OPINIÃO

dissonâncias

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A

S sondagens dos últimos dias apontavam todas no mesmo sentido: Emmanuel Macron seria eleito ontem Presidente da França, alcançando a vitória numa segunda volta histórica, em que a mobilização de muitos foi a de evitar que o país tombasse ao fascismo. Pela segunda vez na história da quinta república francesa, a extrema-direita conseguiu chegar à segunda volta das eleições presidenciais. Depois de o pai, Jean-Marie, em 2002, Marine Le Pen fez tremer a Europa com o seu discurso anti-imigração, anti-integração europeia, antiglobalização. Quinze anos depois a proeza de Le Pen é ainda mais extraordinária dada a dimensão do número de votos que alcançou, particularmente na primeira volta. A Frente Nacional é actualmente o maior partido francês. A primeira volta das eleições presidenciais francesas infringiu um golpe profundo aos socialistas (Mélenchon obteve apenas 6 por cento dos votos). Apesar de tudo, os republicanos, com Fillon, envolvido em vários escândalos de natureza pessoal, acabaram por arrecadar uns muito respeitáveis 20 por cento dos votos. Os dois partidos que se têm revezado no poder desde a promulgação da Constituição de 1958, foram os grandes perdedores da primeira volta. A onda populista crescente e o ataque que foi fazendo aos valores liberais levantaram enorme preocupação no último ano. O referendo pela saída do Reino Unido da União Europeia foi uma espécie de tiro de partida. Continuou com a chegada à Casa Branca de Donald Trump; foi evidente com a quase eleição de um presidente da extrema-direita na Áustria ou o crescimento da extrema-direita na Holanda. Teve agora o seu cúmulo com a campanha dos últimos meses em terras gaulesas. A França é um dos Estados-fundadores da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, a precursora da Comunidade Económica Europeia. A consequência de um discurso pela saída do clube dos 28 (ainda 28) é muito maior do que a partida de um membro cuja convicção na Europa sempre foi relativa. Ainda que a Europa e o mundo liberal respirem de alívio com a derrota de Le Pen, a semente do discurso proteccionista, anti-imigraçao, anti-globalizacao está a criar raízes. Não por acaso, a poucos dias da segunda volta, Macron falava na necessidade de se reformar a União Europeia. Promessas de campanha eleitoral valem o que valem, mas o conteúdo da mensagem é assumidamente popular. As consequências do crescimento exponencial da extrema-direita vão prolongar-se para lá destes próximos dias de análise e interpretação dos resultados. Apesar da vitória

E depois da vitória? MATTHEW WEINER, MAD MEN

RUI FLORES

de Macron, a governação francesa vai passar por tempos conturbados. As especificidades do sistema semi-presidencialista francês vão tornar a governação francesa num exercício extremamente complicado. Quando a maioria no parlamento corresponde às cores do Presidente, o sistema político francês garante-lhe poderes semelhantes aos do

Uma coisa parece evidente: chegou o tempo do compromisso, de soluções que envolvam várias famílias políticas. Um pouco como se a “geringonça” portuguesa estivesse a fazer escola

chefe do executivo. Mas quando o partido ao qual está vinculado o Presidente não tem maioria no parlamento, o poder executivo fica nas mãos do primeiro-ministro. O desafio de Macron é, pois, imenso. É quase impossível traduzir o seu movimento “Em Marcha” num partido político capaz de ganhar eleições, em Junho. A força que Marine Le Pen alcançou com os mais de 7 milhões de votos na primeira volta, vai fazer da sua Frente Nacional o principal candidato à vitória em muitos dos 577 círculos eleitorais franceses. Com os socialistas nas cordas, os extremismos (de direita, mas também de esquerda) têm via aberta para crescer. A nova divisão, cada vez mais evidente (veja-se o caso norte-americano) entre eleitores predominantemente urbanos, que trabalham no sector dos serviços, marcadamente liberais, que constituem exemplos de vencedores da globalização, e um eleitorado predominantemente rural, de trabalhadores fabris, marcadamente conservadores, que

constituem o grupo dos que mais têm perdido com a crescente globalização, aproxima os últimos de soluções alterativas fora do centro político. Mais do que diferentes visões quanto ao papel do estado na economia, que marcaram durante anos a divisão entre a direita e a esquerda, a nova dimensão profunda dos eleitorados europeus opõe de um lado os vencedores da internacionalização recente e, do outro, aqueles que têm ficado para trás. Durante a campanha, não foi claro que respostas poderá dar Macron a um problema cada vez mais gritante – os dos perdedores da globalização. Uma coisa parece evidente: chegou o tempo do compromisso, de soluções que envolvam várias famílias políticas. Um pouco como se a “geringonça” portuguesa estivesse a fazer escola. No entanto, o motor dessa solução em França não deverá vir dos socialistas. Afinal, é a social-democracia que sai de rastos de todo este processo eleitoral.


Nunca tires as medidas a loucos! Atlântido

Automobilismo ANDRÉ COUTO CORRE NA CHINA E NO JAPÃO PRESIDENCIAIS FRANCESAS MACRON ESMAGA EM MACAU E PEQUIM

A comunidade francesa residente na RAEM votou maioritariamente em Emmanuel Macron na segunda volta das presidenciais francesas, ontem realizada. Estavam inscritas 138 pessoas, das quais votaram 66 (48%). Macron recolheu 42 votos (71%), Marine Le Pen 17 (28%) e registaram-se ainda 7 votos brancos ou nulos. Em Pequim, Macron obteve 1124 (88,92%), Marine Le Pen 140 (11,08%) , brancos e nulos 60, com uma participação de 58,22%.

Sem mãos a medir

PYONGYANG DETÉM MAIS UM AMERICANO

A Coreia do Norte anunciou ontem ter prendido um cidadão americano acusado genericamente de actos hostis contra aquele país. Segundo a agência noticiosa oficial norte-coreana, Kim Hak Song trabalha na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang. Na quarta-feira, a Coreia do Norte anunciou a prisão de um professor de contabilidade da mesma universidade por “actos hostis que visavam derrubar” o regime. A agência não estabeleceu qualquer ligação entre as duas detenções. Estas duas detenções elevam para quatro o número americanos detidos na Coreia do Norte, todos acusados de actos contra o Estado, incluindo espionagem.

MANILA PELO MENOS DOIS MORTOS E SEIS FERIDOS EM DUAS EXPLOSÕES

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Pelo menos duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas na explosão de duas bombas caseiras perto de uma mesquita em Manila, com a polícia a descartar que se trate de um ataque terrorista, informou ontem a imprensa local. A primeira explosão ocorreu perto da Mesquita Azul, no bairro de Quiapo, e causou dois mortos, incluindo a pessoa que levava os explosivos, e quatro feridos, segundo o portal Rappler. Momentos depois, uma segunda explosão feriu dois polícias que se encontravam no local para investigar o incidente. Oscar Albayalde, chefe da Polícia da capital filipina, afirmou que não se trata de um atentado terrorista, mas sim de um ataque dirigido contra um particular, identificado como Mohamad Bainga. O chefe da polícia informou que tanto o portador como o receptor do explosivo morreram, enquanto quatro vendedores ambulantes na zona ficaram com ferimentos ligeiros.

segunda-feira 8.5.2017 equipa com um piloto amador)”, explicou Couto ao HM. Ciente das suas capacidades e ampla experiência em corridas de GT, o piloto do território está confiante para a aventura que se segue, mas mesmo assim sente-se um pouco apreensivo para a estreia. “Não sei como vai ser o meu companheiro de equipa em comparação à concorrência. E isto é um pormenor importante”, realça o piloto do território, acrescentando que “se no Japão sempre fiz equipas com pilotos profissionais, onde o nível de pilotagem entre os dois pilotos é praticamente o mesmo, aqui é diferente. O piloto amador pode fazer a diferença no resultado. Pode ser um piloto que perde muitos segundos, ou não, e isso terá com certeza influência no resultado”.

NO PAÍS DO SOL NASCENTE

A

NDRÉ Couto vai ter uma agenda preenchida nos próximos meses com participações no Campeonato da China de GT e no campeonato nipónico Super GT. O piloto português vai estrear-se no campeonato chinês com a equipa Spirit Z Racing ao volante de um Nissan GT-R Nismo GT3, um carro igual aquele que tripulou nos dois últimos anos no Japão. Apesar de nunca ter participado na competição chinesa que este ano atribui oito milhões de patacas em prémios monetários, Couto não é estranho à equipa chinesa, tendo o ano passado realizado um teste com este Nissan no circuito de Zhuhai. Fundada apenas na pretérita temporada, a Spirit Z Racing é propriedade do piloto chinês Sun Zheng, que foi companheiro de equipa de Couto na temporada de 2015 da Taça Audi R8 LMS na defunta Brother Racing Team.

Nesta sua primeira incursão no Campeonato da China de GT, o piloto de Macau fará equipa com um piloto de Singapura, Yuey Tan. Embora nunca tenha competido em provas da categoria GT3, Tan é actualmente o piloto com mais participações em provas da Taça Porsche Carrera Ásia, tendo

O piloto português vai estrear-se no campeonato chinês com a equipa Spirit Z Racing ao volante de um Nissan GT-R Nismo GT3, um carro igual aquele que tripulou nos dois últimos anos no Japão

vencido a Classe B, para pilotos amadores, em 2014. O Campeonato da China de GT é composto por seis provas e arranca já no próximo fim-de-semana em Pequim, passando depois por Ordos, Zhuhai, Xangai, Chengdu, terminando em Outubro no novo circuito de Zhejiang. Para além dos Nissan da Spirit Z Racing, também são esperados à partida carros das marcas Audi, Aston Martin, Bentley, Lamborghini, Mercedes-Benz, Radical e Porsche.

RUMO AO DESCONHECIDO

Mesmo conhecendo bem a máquina que vai conduzir, para Couto esta participação no Campeonato da China de GT será uma experiência nova, a vários níveis. “Nunca corri no campeonato, nem nunca corri num campeonato chinês, nem nunca competi num campeonato que tem classificações de pilotos (nota: um piloto profissional não pode fazer dupla com outro piloto profissional, apenas poderá fazer

Depois de duas temporadas na classe GT300 do campeonato japonês Super GT, Couto regressa a uma competição que lhe diz muito e à categoria em que se sagrou campeão em 2015. Desta vez o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000 não irá conduzir um Nissan, mas sim um Porsche 911 GT3-R. Couto foi convidado pela equipa D’Station Racing para substituir Sven Muller em três provas do campeonato. O jovem alemão foi colocado na equipa nipónica pela própria Porsche Motosport mas não pode efectuar a temporada completa devido a compromissos como piloto de fábrica noutros campeonatos europeus. Em Março, Couto testou pela equipa e conquistou a vaga ao lado do japonês Tomonobu Fujii nas provas em que o germânico não vai estar presente. Sobre este novo desafio, Couto esclarece ao HM que “em relação ao campeonato chinês, este é um campeonato que tem uma filosofia diferente. A equipa está em boa forma. Senti-me bem no carro quando o testei em Fuji e é um carro que está a funcionar bem, com um Balanço de Performance que não é desfavorável. Se tudo correr bem, sem percalços, espero estar competitivo, e por competitivo quero dizer lutar por lugares do pódio e vitórias”. O regresso ao país do sol nascente está marcado para o fim-de-semana de 20 e 21 de Maio em Autopolis. Couto tem também confirmada a presença nas corridas de Julho em Sugo e de Agosto em Fuji. Sérgio Fonseca

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