POESIAS PABLO NERUDA

Page 1


"É Proibido É proibido chorar sem aprender, Levantar-se um dia sem saber o que fazer Ter medo de suas lembranças. É proibido não rir dos problemas Não lutar pelo que se quer, Abandonar tudo por medo, Não transformar sonhos em realidade. É proibido não demonstrar amor Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor. É proibido deixar os amigos Não tentar compreender o que viveram juntos Chamá-los somente quando necessita deles. É proibido não ser você mesmo diante das pessoas, Fingir que elas não te importam, Ser gentil só para que se lembrem de você, Esquecer aqueles que gostam de você. É proibido não fazer as coisas por si mesmo, Não crer em Deus e fazer seu destino, Ter medo da vida e de seus compromissos, Não viver cada dia como se fosse um último suspiro. É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar, Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram, Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente. É proibido não tentar compreender as pessoas, Pensar que as vidas deles valem mais que a sua, Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte. É proibido não criar sua história, Deixar de dar graças a Deus por sua vida, Não ter um momento para quem necessita de você, Não compreender que o que a vida te dá, também te tira. É proibido não buscar a felicidade, Não viver sua vida com uma atitude positiva, Não pensar que podemos ser melhores, Não sentir que sem você este mundo não seria igual." Pablo Neruda


NASCEMOS NOS BOSQUES Pablo Neruda Quando o arroz vai retirar da terra Os grãos da sua farinha, Quando o trigo endurece suas pequenas cadeiras e Levanta seu rosto de mil mãos, Na enramada onde a mulher e o homem se enlaçam acudo Para toar o mar inumerável Do que continua. Eu não sou irmão do utensílio na maré Como em um berço de nácar combatido: Não tremo na comarca dos agonizantes despojos, Não desperto no golpe das trevas assustadas Pelo rouco pecíolo do sino repentino, Não poso ser, não sou o passageiro Sob cujos sapatos os últimos redutos do vento palpitam E rígidas retornam as ondas do tempo por morrer. Levo na minha mão a pomba que dorme reclinada na semente E em seu fermento espesso de cal e de sangue Vive Agosto, Vive o mês extraído de sua taça profunda: Com minha mão rodeio a nova sombra da asa que cresce: A raiz e a pluma que amanhã formarão a espessura. Nunca declina, nem junto ao balcão de mãos de ferro, Nem no inverno marítimo dos abandonados, nem no meu passo tardio, O crescimento da gota, nem a pálpebra que quer ser aberta: Porque para nascer nasci, para encerrar o passo De quando se aproxima, de quanto a meu peito golpeia Como um novo Coração estremecido. Vidas recostadas junto de meu traje como pombas Paralelas, Ou contidas em minha própria existência e em meu Desordenado som Para tornar a ser, para possuir o ar desnudo da folha E o nascimento úmido da terra na grinalda: Até quando Devo voltar e ser, até quando o olor Das flores mais enterradas, das ondas mais trituradas Sobre as altas pedras, guardam em mim sua pátria Para tornar a ser fúria e perfume? Até quando a mão do bosque na chuva Se aproxima com todas sua agulhas


Para tecer os altos beijos da folhagem? Outra vez Escuto aproximar-se o fogo no fumo, Nascer da cinza terrestre, A luz cheia de pétalas, E separando a terra Num rio de espigas chega o sol à minha boca Como uma velha lágrima enterrada que volta a ser semente. Pablo Neruda

''Escuchas otras voces em mi voz dolorida Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas, Amame, compañera. No me abandones. Sigueme, Sigueme, compañera, em esa ola de angústia. Pero se van tiñendo com tu amor mis palabras Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas Voy haciendo de todas um collar infinito Para tus blancas manos, suaves como las uvas.'' Neruda


UM CANTO PARA BOLIVAR Pablo Neruda Pai nosso que estás na terra, na água, no ar de toda a nossa extensa latitude silenciosa, tudo leva teu nome, pai, em nossa morada: Teu sobrenome a cana levanta à doçura o estanho bolívar tem um fulgor bolívar, o pássaro bolívar sobre o vulcão bolívar, a batata, o sal, as sombras especiais, as correntes, as listras da fosfórica pedra, nosso tudo vem de tua vida apagada: a herança foram rios, planícies, torres: tua herança é o pão nosso de cada dia, pai. Teu pequeno cadáver de capitão valente estendeu na sua imensa forma metálica: Logo saem dedos teus entre a neve e o meridional pescador tira a luz rapidamente teu sorriso, tua voz palpitando nas redes De que cor é a rosa que junto a sua alma levantamos? Vermelha será a rosa que lembra seu passo. Como serão as mãos que tocam tuas cinzas? Vermelhas serão as mãos que em tuas cinzas nascem. E como é a semente do teu coração morto? É vermelha a semente do teu coração vivo. Por isso é hoje a sentinela de mãos junto a ti. Junto a minha mão há outra e há outra junto dela, e outra mais, até o fundo do continente escuro. E outra mão que tu não conhecestes então vem também, Bolívar, a estreitar a tua. De Teruel, de Madrid, de Jarama, de Ebro. do cárcere, do ar, dos mortos da Espanha


chega esta mão vermelha que é filha da tua. Capitão, combatente, onde uma boca, grita Liberdade, onde um ouvido escuta, onde um soldado vermelho rompe uma frente escura. Onde o louro dos livres brota. onde uma nova bandeira se adorna com o sangue de nossa insígnia aurora, Bolívar, capitão, se avista teu rosto, Outra vez entre a pólvora e fumaça tua espada está nascendo. Outra vez sua bandeira com sangue se bordou. Os malvados atacam tua semente de novo: cravado em outra cruz está o filho do homem. Mas fazia a esperança nos conduz tua sombra: o louro e a luz do exército vermelho através da noite da América com tua olhada. Teus olhos que vigiam além dos mares, além dos povos oprimidos e feridos, além das negras cidades incendiadas, tua voz nasce de novo, tua mão outra vez nasce: teu exército defende as bandeiras sagradas: e um som terrível de dores precede a aurora avermelhada pelo sangue do homem. Libertador, um mundo de paz nasceu em teus braços. A paz, o pão, o trigo do teu sangue nasceram: de nosso jovem sangue vindo do teu sangue surgirá paz, pão e trigo para o mundo Que faremos. __________________________________ Eu conhecí Bolívar em uma manhã longa em Madrid, na boca do Quinto Regimento ”Pai’, lhe disse, “és, ou não és ou quem és? E olhando o Quartel da Montanha, falou: ”Desperto a cada cem anos quando desperta o povo.”

CAMPONESA Pablo Neruda


Entre as curvas do teu corpo moreno é um conjunto que a terra alcança. Vire os olhos, olhe os seios, são duas sementes ácidas e cegas. Tua carne é terra que será madura quando o outono estende as mãos, e o buraco que será sua sepultura tremerá, tremerá, como um humano ao receber tuas carnes e teus ossos rosas de polpa e rosas de cal vibrarão como um copo de cristal. A palavra do que é conceito pleno será teu corpo? Não hei de saber! Vire os olhos, olhe os seios, Talvez não alcançarás o florescer.

CANTO A STALINGRADO Pablo Neruda Na noite o lavrador dorme, desperta e afunda sua mão nas trevas perguntando à aurora: alvoreça, sol da manhã, luz do dia que vem, diga-me se ainda as mãos mais puras dos homens defendem o castelo de dignidade, diga-me aurora, se o aço em sua frente rompe o seu poderio, se o homem está em seu lugar, se o trono está em seu lugar. diga-me, disse o lavrador, se não escuta a terra como cai o sangue dos avermelhados Heróis, na grandeza da noite terrestre, diga-me se sobre a árvore ainda está o céu, diga-me se ainda a pólvora soa em Stalingrado. E o marinheiro no meio do mar terrível olha buscando entre as úmidas constelações uma, a vermelha estrela da cidade ardente e acha em seu coração essa estrela que queima, essa estrela de orgulho querem suas mãos tocar esta estrela de pranto a constroem seus olhos. Cidade, estrela vermelha, dizem o mar e o homem, Cidade, fecha teus raios, fecha tuas portas sólidas, fecha, cidade, teu ilustre louro ensangüentado, e que a noite trema com o brilho sombrio de teus olhos detrás de um planeta de espadas. E o espanhol recorda Madrid e diz, irmã: resiste, capital da glória, resiste: do solo se levanta todo o sangue derramado


da Espanha, e por Espanha se levanta de novo, e o espanhol pergunta junto ao muro dos fuzilamentos, se Stalingrado vive; e há no cárcere uma cadeia de olhos negros que fura as paredes com seus nomes, e Espanha se sacode com teu sangue e teus mortos, porque tu a dilatas, Stalingrado, a alma quando Espanha paria heróis como os teus. Ela conhece a solidão, Espanha, como hoje, Stalingrado, tu conheces a tua. Espanha rasgou a terra com suas unhas quando Paris estava mais bonita do que nunca. Espanha evacuava sua imensa árvore de sangue quando Londres arrumava-a, como nos conta Pedro Garfias, seu gramado e seus lagos de cisnes. Hoje já conheces isso, difícil virgem, hoje já conheces, Rússia, a solidão e o seu frio. Quando milhares de granadas teu coração destroçam, quando os escorpiões com crime e veneno, Stalingrado, ajudam a morder tuas entranhas, Nova Iorque dança, Londres medita, e eu digo morde, porque meu coração não pode mais e nossos corações não podem mais, não podem no mundo que deixa morrer somente seus heróis. Os deixais sozinhos? Já virão por vós! Os deixais sozinhos? Quereis que a vida abandone a tumba e o sorriso dos homens seja apagado pela latrina e pelo calvário? Por que não respondeis? Quereis mais mortos na frente do Leste até que inundem totalmente o céu vosso? Mas então não os vai colocar no inferno. O mundo está cansando-se de pequenas façanhas em que em Madagascar os generais matam com heroísmo cinqüenta e cinco primatas. O mundo está cansado de tardias reuniões presididas ainda por um guarda-chuvas. Cidade, Stalingrado, não podemos chegar a tuas muralhas, estamos longe. Somos os mexicanos, somos os araucanos, somos os patagões, somos os guaranis, somos os uruguaios, somos os chilenos, somos milhões de homens.


Já temos por sorte agregados na família, mas ainda não chegamos a defender-te mãe. Cidade, cidade de fogo, resiste até que um dia cheguemos, índios náufragos, a tocar tuas muralhas com um beijo de teus filhos que esperavam chegar. Stalingrado, ainda não há “Segundo Frente” Mas não cairás embora o ferro e o fogo te mordam dia e noite. Embora morras, não morres! Porque os homens já não têm morte e têm que seguir lutando desde o local em que caem até que a vitória exista, porém, em suas mãos ainda existem fadigadas e honradas e mortas, porque outras mãos vermelhas, quando vossas caiam, esparramam pelo mundo os ossos dos teus heróis para que tua semente preencha toda terra.

CANTO ÀS MÃES DOS MILITANTES MORTOS Pablo Neruda Não morreram! Estão no meio da pólvora, de pé, como estopins ardendo! Suas sombras puras se uniram no campo de cor de cobre como uma cortina de vento blindado, como uma barreira de cor de fúria, como a mesma invisível valentia do céu. Mães! Eles estão de pé no trigo, altos como o profundo meio-dia, dominando as grandes planícies! São uma úvula de voz negra, que através dos corpos de aço assassinados repicam a vitória. Irmãos como o povo caídos, corações quebrados tenham fé em vossos mortos! Não só são raízes baixas das pedras pintadas de sangue, não só seus pobres ossos derrubados definitivamente ainda trabalham na terra, suas bocas mordem pólvora seca e atacam como oceanos de ferro, e ainda seus punhos levantados contradizem a morte. Porque de tantos corpos uma vida invisível se levanta. Mães, bandeiras, filhos! Um só corpo vivo como a vida: um rosto de olhos rachados vigia as trevas


com uma espada cheia de esperanças terrestres! Deixai! Vossos mantos de luto, juntai todas vossas lágrimas até fazê-las metais: que ali golpeamos de dia e de noite, ali esculpimos de dia e de noite até que caiam as portas do ódio! Eu não me esqueço de vossas desgraças, conosco vossos filhos, e se estou orgulhoso de suas mortes, estou também orgulhoso de suas vidas. Seus risos relampejavam nos surdos laboratórios, seus passos no Metro soavam ao meu lado cada dia, e junto as laranjas de Levante, as redes do Sul, junto a tinta das tipografias, sobre o cimento das arquiteturas vi iluminar seus corações de fogo e energias. E como o vosso coração, mães, há em meu coração tanto luto e tanta morte. que parece uma selva molhada por sangue que matou seu sorriso, e entram nas nervosas névoas da insônia com a dolorosa saudade dos dias. Mas mais que a maldição das hienas sedentas, ao grunhido bestial que ruge da África seus livres imundos, mais que a cólera, mais que a humilhação, mais que o pranto, mães atravessadas pela angústia e a morte, olhai o coração do nobre dia que nasce, e sabei que vossos mortos sorriem da terra levantando os punhos sobre o trigo.

ALTURAS DE MACCHU PICCHU Pablo Neruda Suba o nascer comigo, irmão Dê-me a mão desde a profunda zona de tua dor disseminada. Não voltarás do fundo das pedras. Não voltarás do tempo subterrâneo. Não voltará tua voz endurecida Não voltarão teus olhos furados. Olhe-me do fundo da terra, lavrador, tecelão, pastor calado: domador de lhamas tutelares: pedreiro de andaime desafiado: Ajudante dos pavores andinos: Joalheiro dos dedos machucados:


Agricultor trepidando na semente: Oleiro em teu barro derramado: Traga o cálice desta nova vida Vossas velhas dores enterradas Mostra-me vosso sangue e vosso sulco diga-me: aqui fui castigado, porque a jóia não brilhou ou a terra não entregou a tempo a pedra ou o grão assinala-me a pedra em que caístes e a madeira em que o crucificaram, inflama-me as velhas pedras, as velhas lâmpadas, a violenta chibata através de séculos nas chagas e os castiçais de brilho ensangüentado Eu venho falar por vossa boca morta. Através da terra junte todos os silenciosos lábios derramados e do fundo fale-me toda esta longa noite como se eu estivesse com vós ancorado conte-me tudo, pouco a pouco, dado a dado, passo a passo. Afie as lâminas que guardastes, coloque-as em meu peito e em minha mão, como um rio de raios amarelos, como um rio de tigres enterrados, e deixe-me chorar, horas, dias, anos, idades alucinadas, séculos estrelares. Dê-me o silêncio, a água, a esperança. Dê-me a luta, os ferros, os vulcões. Grude os corpos como ímãs. Ajude meu corpo e a minha boca. Fale por minhas palavras e por meu sangue.

ODE A POBREZA Pablo Neruda Quando nasci, pobreza, me seguiste, me olhavas através das taboas podres pelo profundo inverno. De prontidão eram teus olhos os que olhavam das brechas. As goteiras, da noite, repetiam teu nome e teu sobrenome ou as vezes o salto quebrado, o traje rasgado,


os sapatos furados, me advertiam. Ali estavas espiando-me teus dentes de traça, teus olhos de pântano, tua língua cinza que corta a roupa, a madeira os ossos, o sangue, ali estavas buscando-me, seguindo-me, desde o meu nascimento pelas ruas. Quando aluguei um quarto pequeno, nos subúrbios, sentado em um sofá, me esperavas, ou no decorrer dos lençóis em um hotel escuro, adolescente, não encontrei a fragrância da rosa desnuda, sim o silvo do frio da tua boca, Pobreza, me seguistes pelos quartéis e hospitais, pela paz e pela guerra. Quando adoeci tocaram à porta: não era o doutor, entrava outra vez a pobreza. Te vi tirar meus móveis à rua: os homens os deixavam cair como pedradas. Tu, com amor horrível, de um montão de abandono no meio da rua e da chuva ias fazendo um trono desdentado e olhando os pobres recolhias meu último prato fazendo-o diadema. Agora, pobreza, eu te sigo. Como fostes implacável, sou implacável. Junto


de cada pobre, me encontrarás cantando, baixo, cada lençol de hospital impossível encontrarás meu canto. Te sigo, pobreza, te vigio, te cerco, te disparo, te exilo, te corto as unhas, te quebro os dentes que te restam. Estou em todas as partes: no oceano com os pescadores na mina com os homens ao limpar-se a frente, tirar-se o suor negro, encontram meus poemas. Eu saio cada dia com a trabalhadora têxtil. Tenho a mão branca de dar pão nas padarias. Aonde vais pobreza,, meu canto está cantando, minha vida está vivendo, meu sangue está lutando. Derrotarei tuas pálidas bandeiras aonde se levantam. Outros poetas que antes te chamaram santa, reverenciaram tua capa, se alimentaram de fumo e desapareceram, Eu te desafio, com duros versos te golpeio o rosto, te embarco e te desterro. Eu com outros, com outros, muitos outros, vamos te expulsando da Terra à Lua


para que ali fiques fria e encarcerada vendo com um olho o pão e os ramos que cobrirão a terra de amanhã.

QUEM MORRE? Pablo Neruda Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão seu guru. Morre lentamente quem evita a paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pingos sobre os “is” a um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam os brilhos dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações a tropeços e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor próprio, quem não se deseja ajudar. Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se do azar ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando de um assunto que desconhece ou não respondendo quando lhe indagam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em suaves cotas, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples feito de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma plena felicidade.


ODA AL DICCIONARIO (Pablo Neruda)

LOMO de buey, pesado cargador, sistemático libro espeso: de joven te ignore, me vistió la suficiencia y me creí repleto, y orondo como un melancólico sapo dictaminé: "Recibo las palabras directamente del Sinaí bramante. Reduciré las formas a la alquimia. Soy mago". El gran mago callaba. El Diccionario, viejo y pesado, con su chaquetón de pellejo gastado, se quedó silencioso sin mostrar sus probetas. Pero un día, después de haberlo usado y desusado, después de declararlo inútil y anacrónico camello, cuando por largos meses, sin protesta, me sirvió de sillón y de almohada, se rebeló y plantándose en mi puerta creció, movió sus hojas y sus nidos, movió la elevación de su follaje: árbol era, natural, generoso manzano, manzanar o manzanero, y las palabras, brillaban en su copa inagotable, opacas o sonoras fecundas en la fronda del lenguaje, cargadas de verdad y de sonido. Aparto una sola de sus páginas: Caporal Capuchón qué maravilla pronunciar estas sílabas con aire,


y más abajo Cápsula hueca, esperando aceite o ambrosía, y junto a ellas Captura Capucete Capuchina Caprario Captatorio palabras que se deslizan como suaves uvas o que a la luz estallan como gérmenes ciegos que esperaron en las bodegas del vocabulario y viven otra vez y dan la vida: una vez más el corazón las quema. Diccionario, no eres tumba, sepulcro, féretro, túmulo, mausoleo, sino preservación, fuego escondido, plantación de rubíes, perpetuidad viviente de la esencia, granero del idioma. Y es hermoso recoger en tus filas la palabra de estirpe, la severa y olvidada sentencia, hija de España, endurecida como reja de arado, fija en su límite de anticuada herramienta, preservada con su hermosura exacta y su dureza de medalla. O la otra palabra que allí vimos perdida entre renglones y que de pronto se hizo sabrosa y lisa en nuestra boca como una almendra o tierna como un higo. Diccionario, una mano de tus mil manos, una de tus mil esmeraldas, una sola gota de tus vertientes virginales, un grano de tus magnánimos graneros en el momento justo a mis labios conduce, al hilo de mi pluma,


a mi tintero. De tu espesa y sonora profundidad de selva, dame, cuando lo necesite, un solo trino, el lujo de una abeja, un fragmento caído de tu antigua madera perfumada por una eternidad de jazmineros, una sílaba, un temblor, un sonido, una semilla: de tierra soy y con palabras canto.

Marta Achiamé

OS INIMIGOS Pablo Neruda Aqui eles trouxeram os fuzis repletos de pólvora, eles comandaram o acerbo extermínio. Eles aqui encontraram um povo que cantava um povo por dever e por amor reunido, e a delgada menina caiu com sua bandeira e o jovem sorridente girou a seu lado ferido, e o estupor do povo viu os mortos tombarem com fúria e dor. E não no lugar onde tombaram os assassinados baixam as bandeiras para se empaparem de sangue para se erguerem de novo diante dos assassinos.

Por esses mortos, nossos mortos, peço castigo. Para os que salpicaram a pátria de sangue, peço castigo. Para o verdugo que ordenou a morte, peço castigo. Para o traidor que ascendeu sobre o crime, peço castigo. Para os que defenderam esse crime, peço castigo. Não quero que me dêem a mão empapada de nosso sangue, peço castigo. Não vos quero como embaixadores, tampouco em casa tranquilos quero-vos aqui julgados, nesta praça, neste lugar. Quero castigo !


OS LIBERTADORES Pablo Neruda Aqui vem a árvore, a árvore da tormenta a árvore do povo. Da terra sobem heróis como as folhas pela seiva e o vento despedaça as folhagens de multidão rumorosa, até que cai a semente do pão outra vez na terra. Aqui vem a árvore, a árvore nutrida por mortos desnudos mortos açoitados e feridos, mortos de rostos impossíveis empalados sobre a lança esfarelados na fogueira decapitados esquartejados a cavalo crucificados na igreja. Aqui vem a árvore, a árvore cujas raízes estão vivas, tirou salítrio do martírio, suas raízes comeram sangue extraiu lágrimas do céu. Elevou-as por suas ramagens repartiu-as em sua arquitetura. Foram flores invisíveis, às vezes flores enterradas, outras vezes iluminaram suas pétalas, como planetas.

E o homem recolheu ramos as carolas endurecidas, entregou-as de mão em mão como magnólias ou romãs e logo abriu a terra cresceram até as estrelas. Esta é a árvore dos livres a árvore da terra, a árvore nuvem. Árvore pão, árvore flexa, árvore punho, árvore fogo. Afoga-a água tempestuosa de nossa época noturna, mas seu mastro faz balançar O círculo do poder. Outras vezes de novo tombam os ramos partidos pela cólera e uma cinza ameaçadora cobre sua antiga magestade: foi assim desde outros tempos assim saiu da agonia, até que uma secreta mão, uns braços inumeráveis o povo guardou os fragmentos, escondeu troncos invariáveis e seus lábios eram folhas da imensa árvore repartida Disseminada em todas as partes, caminhando com suas raízes. Esta árvore, a árvore do povo de todos os povos da liberdade, da luta.


Pablo Neruda (http://www.fabiorocha.com.br/neruda.htm)

O Poço Cais, às vezes, afundas em teu fosso de silêncio, em teu abismo de orgulhosa cólera, e mal consegues voltar, trazendo restos do que achaste pelas profunduras da tua existência. Meu amor, o que encontras em teu poço fechado? Algas, pântanos, rochas? O que vês, de olhos cegos, rancorosa e ferida? Não acharás, amor, no poço em que cais o que na altura guardo para ti: um ramo de jasmins todo orvalhado, um beijo mais profundo que esse abismo. Não me temas, não caias de novo em teu rancor. Sacode a minha palavra que te veio ferir e deixa que ela voe pela janela aberta. Ela voltará a ferir-me sem que tu a dirijas, porque foi carregada com um instante duro e esse instante será desarmado em meu peito. Radiosa me sorri se minha boca fere. Não sou um pastor doce como em contos de fadas, mas um lenhador que comparte contigo terras, vento e espinhos das montanhas. Dá-me amor, me sorri e me ajuda a ser bom. Não te firas em mim, seria inútil, não me firas a mim porque te feres. Pablo Neruda


O teu riso Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso. Não me tires a rosa, a lança que desfolhas, a água que de súbito brota da tua alegria, a repentina onda de prata que em ti nasce. A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados às vezes por ver que a terra não muda, mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas da vida. Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca. À beira do mar, no outono, teu riso deve erguer sua cascata de espuma, e na primavera, amor, quero teu riso como a flor que esperava, a flor azul, a rosa da minha pátria sonora. Ri-te da noite, do dia, da lua, ri-te das ruas tortas da ilha, ri-te deste grosseiro rapaz que te ama, mas quando abro os olhos e os fecho, quando meus passos vão,


quando voltam meus passos, nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque então morreria. Pablo Neruda

Tuas mãos Quando tuas mãos saem, amada, para as minhas, o que me trazem voando? Por que se detiveram em minha boca, súbitas, e por que as reconheço como se outrora então as tivesse tocado, como se antes de ser houvessem percorrido minha fronte e a cintura? Sua maciez chegava voando por sobre o tempo, sobre o mar, sobre o fumo, e sobre a primavera, e quando colocaste tuas mãos em meu peito, reconheci essas asas de paloma dourada, reconheci essa argila e a cor suave do trigo. A minha vida toda eu andei procurando-as. Subi muitas escadas, cruzei os recifes, os trens me transportaram, as águas me trouxeram, e na pele das uvas achei que te tocava. De repente a madeira me trouxe o teu contacto, a amêndoa me anunciava suavidades secretas, até que as tuas mãos envolveram meu peito e ali como duas asas repousaram da viagem.


Pablo Neruda

Se cada dia cai Se cada dia cai, dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. há que sentar-se na beira do poço da sombra e pescar luz caída com paciência. Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Esperemos Há outros dias que não têm chegado ainda, que estão fazendo-se como o pão ou as cadeiras ou o produto das farmácias ou das oficinas - há fábricas de dias que virão existem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam certos dias amargos ou preciosos que de repente chegam à porta para premiar-nos com uma laranja ou assassinar-nos de imediato. Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Acontece Bateram à minha porta em 6 de agosto, aí não havia ninguém e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira e transcorreu comigo, ninguém. Nunca me esquecerei daquela ausência que entrava como Pedro por sua causa e me satisfazia com o não ser, com um vazio aberto a tudo. Ninguém me interrogou sem dizer nada


e contestei sem ver e sem falar. Que entrevista espaçosa e especial! Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Quero saber Quero saber se você vem comigo a não andar e não falar, quero saber se ao fim alcançaremos a incomunicação; por fim ir com alguém a ver o ar puro, a luz listrada do mar de cada dia ou um objeto terrestre e não ter nada que trocar por fim, não introduzir mercadorias como o faziam os colonizadores trocando baralhinhos por silêncio. Pago eu aqui por teu silêncio. De acordo, eu te dou o meu com u te dou o meu com uma condição: não nos compreender Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo, que solidão errante até tua companhia! Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva. Em taltal não amanhece ainda a primavera. Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos, juntos desde a roupa às raízes, juntos de outono, de água, de quadris, até ser só tu, só eu juntos. Pensar que custou tantas pedras que leva o rio, a desembocadura da água de Boroa, pensar que separados por trens e nações tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos com todos confundidos, com homens e mulheres, com a terra que implanta e educa cravos. Pablo Neruda

A Noite na Ilha


Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha. Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Talvez bem tarde nossos sonos se uniram na altura e no fundo, em cima como ramos que um mesmo vento move, embaixo como raízes vermelhas que se tocam. Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro me procurava como antes, quando nem existias, quando sem te enxergar naveguei a teu lado e teus olhos buscavam o que agora - pão, vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos, porque tu és a taça que só esperava os dons da minha vida. Dormi junto contigo a noite inteira, enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos, de repente desperto e no meio da sombra meu braço rodeava tua cintura. Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos. Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca saída de teu sono me deu o sabor da terra, de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia. Pablo Neruda

Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, Caído, abandonado e decaído, Tudo era inalienavelmente alheio, Tudo era dos outros e de ninguém, Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono. Pablo Neruda

Aqui eu te amo. Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.


Fosforece a lua sobre as águas errantes. Andam dias iguais a perseguir-se. Descinge-se a névoa em dançantes figuras. Uma gaivota de prata se desprende do ocaso. As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas. Ou a cruz negra de um barco. Só. As vezes amanheço, e minha alma está úmida. Soa, ressoa o mar distante. Isto é um porto. Aqui eu te amo. Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte. Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas. As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes, que correm pelo mar rumo a onde não chegam. Já me creio esquecido como estas velha âncoras. São mais tristes os portos ao atracar da tarde. Cansa-se minha vida inutilmente faminta.. Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante. Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos. Mas a noite enche e começa a cantar-me. A lua faz girar sua arruela de sonho. Olham-me com teus olhos as estrelas maiores. E como eu te amo, os pinheiros no vento, querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre. Pablo Neruda

Áspero amor, violeta coroada de espinhos, cipoal entre tantas paixões eriçado, lanãa das dores, corola da colera, por que caminhos e como te dirigiste a minha alma? Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente, entre as folhas frias do meu caminho? Quem te ensinou os passos que até mim te levaram? que flor, que pedra, que fumaãa mostraram minha morada? O certo é que tremeu noite pavorosa, a aurora encheu todas as taãas com teu vinho e o sol estabeleceu sua presenãa celeste, enquanto o cruel amor sem trégua me cercava, até que lacerando-me com espadas e espinhos abriu no coração um caminho queimante.


Pablo Neruda

De noite, amada, amarra teu coração ao meu e que eles no sonho derrotem as trevas como um duplo tambor combatendo no bosque contra o espesso muro das folhas molhadas. Noturna travessia, brasa negra do sonho. Interceptando o fio das uvas terrestres com pontualidade de um trem descabelado que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse. Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro, à tenacidade que em teu peito bate.

Com as asas de um cisne submergido, para que as perguntas estreladas do céu responda nosso sonho com uma só chave, com uma só porta fechada pela sombra. Pablo Neruda

Dois... Apenas dois. Dois seres... Dois objetos patéticos. Cursos paralelos Frente a frente... ...Sempre... ...A se olharem... Pensar talvez: “Paralelos que se encontram no infinito...” No entanto sós por enquanto. Eternamente dois apenas. Pablo Neruda

O Vento na Ilha O vento é um cavalo Ouça como ele corre Pelo mar, pelo céu. Quer me levar: escuta como recorre ao mundo para me levar para longe.


Me esconde em teus braços por somente esta noite, enquanto a chuva rompe contra o mar e a terra sua boca inumerável. Escuta como o vento me chama calopando para me levar para longe. Com tua frente a minha frente, com tua boca em minha boca, atados nossos corpos ao amor que nos queima, deixa que o vento passe sem que possa me levar. Deixa que o vento corra coroado de espuma, que me chame e me busque galopandanto eu, emergido debaixo teus grandes olhos, por somente esta noite descansarei, amor meu. Pablo Neruda

Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho. Amor, dor, trabalho, devem dormir agora. Gira a noite sobre suas invisíves rodas e junto a mim és pura como ambâr dormido... Nenhuma mais, amor, dormira com meus sonhos... Irás, iremos juntos pelas águas do tempo. Nenhuma viajará pela sombra comigo, só tu. sempre viva. sempre sol... sempre lua... Já tuas mãos abriram os punhos delicados e deixaram cair suaves sinais sem rumo... teus olhos se fecharam como duas asas cinzas, enquanto eu sigo a água que levas e me leva. A noite... o mundo... o vento enovelam seu destino, e já não sou sem ti senão apenas teu sonho... Pablo Neruda


Gosto quando te calas Gosto quando te calas porque estás como ausente, e me ouves de longe, minha voz não te toca. Parece que os olhos tivessem de ti voado e parece que um beijo te fechara a boca. Como todas as coisas estão cheias da minha alma emerge das coisas, cheia da minha alma. Borboleta de sonho, pareces com minha alma, e te pareces com a palavra melancolia. Gosto de ti quando calas e estás como distante. E estás como que te queixando, borboleta em arrulho. E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança: Deixa-me que me cale com o silêncio teu. Deixa-me que te fale também com o teu silêncio claro como uma lâmpada, simples como um anel. És como a noite, calada e constelada. Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo. Gosto de ti quando calas porque estás como ausente. Distante e dolorosa como se tivesses morrido. Uma palavra então, um sorriso bastam. E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade. Pablo Neruda

Para meu coração basta teu peito para tua liberdade bastam minhas asas. Desde minha boca chegará até o céu o que estava dormindo sobre tua alma. E em ti a ilusão de cada dia. Chegas como o sereno às corolas. Escavas o horizonte com tua ausência Eternamente em fuga como a onda. Eu disse que cantavas no vento como os pinheiros e como os hastes. Como eles és alta e taciturna. e intristeces prontamente, como uma viagem. Acolhedora como um velho caminho. Te povoa ecos e vozes nostálgicas. eu despertei e as vezes emigram e fogem pássaros que dormiam em tua alma. Pablo Neruda


Plena mulher, maçã carnal, lua quente, espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, que obscura claridade se abre entre tuas colunas? que antiga noite o homem toca com seus sentidos? Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, com ar opresso e bruscas tempestades de farinha: amar é um combate de relâmpagos e dois corpos por um so mel derrotados. Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, e o fogo genital transformado em delícia corre pelos tênues caminhos do sangue até precipitar-se como um cravo noturno, até ser e não ser senão na sombra de um raio. Pablo Neruda

Posso escrever os versos mais tristes esta noite Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros, ao longe”. O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a quis, e às vezes ela também me quis... Em noites como esta eu a tive entre os meus braços. A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito. Ela me quis, às vezes eu também a queria. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Que importa que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. Minha alma não se contenta com tê-la perdido.


Como para aproximá-la meu olhar a procura. Meu coração a procura, e ela não está comigo. A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores. Nós, os de então, já não somos os mesmos. Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis. Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos. Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero. É tão curto o amor, e é tão longe o esquecimento. Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços, minha alma não se contenta com tê-la perdido. Ainda que esta seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo. Pablo Neruda

Talvez Talvez não ser, é ser sem que tu sejas, sem que vás cortando o meio dia com uma flor azul, sem que caminhes mais tarde pela névoa e pelos tijolos, sem essa luz que levas na mão que, talvez, outros não verão dourada, que talvez ninguém soube que crescia como a origem vermelha da rosa, sem que sejas, enfim, sem que viesses brusca, incitante conhecer a minha vida, rajada de roseira, trigo do vento, E desde então, sou porque tu és E desde então és sou e somos... E por amor Serei... Serás...Seremos... Pablo Neruda


Vês estas mãos? Mediram a terra, separaram os minerais e os cereais, fizeram a paz e a guerra, derrubaram as distâncias de todos os mares e rios, e, no entanto, quando te percorrem a ti, pequena, grão de trigo, andorinha, não chegam para abarcar-te, esforçadas alcançam as palomas gêmeas que repousam ou voam no teu peito, percorrem as distâncias de tuas pernas, enrolam-se na luz de tua cintura. Para mim és tesouro mais intenso de imensidão que o mar e seus racimos e és branca, és azul e extensa como a terra na vindima. Nesse território, de teus pés à tua fronte, andando, andando, andando, eu passarei a vida. Pablo Neruda

Walking Around Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas, do meu cabelo e até da minha sombra. Acontece que me canso de ser homem. Todavia, seria delicioso assustar um notário com um lírio cortado ou matar uma freira com um soco na orelha. Seria belo ir pelas ruas com uma faca verde e aos gritos até morrer de frio. Passeio calmamente, com olhos, com sapatos, com fúria e esquecimento, passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas, e pátios onde há roupa pendurada num arame: cuecas, toalhas e camisas que choram lentas lágrimas sórdidas. Pablo Neruda

É assim que te quero, amor, assim, amor, é que eu gosto de ti, tal como te vestes e como arranjas


os cabelos e como a tua boca sorri, ágil como a água da fonte sobre as pedras puras, é assim que te quero, amada, Ao pão não peço que me ensine, mas antes que não me falte em cada dia que passa. Da luz nada sei, nem donde vem nem para onde vai, apenas quero que a luz alumie, e também não peço à noite explicações, espero-a e envolve-me, e assim tu pão e luz e sombra és. Chegastes à minha vida com o que trazias, feita de luz e pão e sombra, eu te esperava, e é assim que preciso de ti, assim que te amo, e os que amanhã quiserem ouvir o que não lhes direi, que o leiam aqui e retrocedam hoje porque é cedo para tais argumentos. Amanhã dar-lhes-emos apenas uma folha da árvore do nosso amor, uma folha que há-de cair sobre a terra como se a tivessem produzido os nosso lábios, como um beijo caído das nossas alturas invencíveis para mostrar o fogo e a ternura de um amor verdadeiro. Pablo Neruda

Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali. A princípio não te vi: não soube que ias comigo, até que as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram comigo. Pablo Neruda


Dois amantes felizes não têm fim nem morte, nascem e morrem tanta vez enquanto vivem, são eternos como é a natureza. Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero, e de querer-te a não te querer chego, e de esperar-te quando não te espero, passa o meu coração do frio ao fogo. Quero-te só porque a ti te quero, Odeio-te sem fim e odiando te rogo, e a medida do meu amor viajante, é não te ver e amar-te, como um cego. Tal vez consumirá a luz de Janeiro, seu raio cruel meu coração inteiro, roubando-me a chave do sossego, nesta história só eu me morro, e morrerei de amor porque te quero, porque te quero amor, a sangue e fogo. Pablo Neruda

Os teus pés Quando não te posso contemplar Contemplo os teus pés. Teus pés de osso arqueado, Teus pequenos pés duros, Eu sei que te sustentam E que teu doce peso Sobre eles se ergue. Tua cintura e teus seios, A duplicada purpura Dos teus mamilos, A caixa dos teus olhos Que há pouco levantaram voo, A larga boca de fruta,


Tua rubra cabeleira, Pequena torre minha. Mas se amo os teus pés É só porque andaram Sobre a terra e sobre O vento e sobre a água, Até me encontrarem. Pablo Neruda

Biografia Neftalí Ricardo Reyes, dito Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 Santiago 1973). . Cônsul do Chile na Espanha e no México, eleito senador em 1945, foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas. . Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, numa delas, declamou poemas seus perante grande massa popular concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo. . Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967). Em 1974, foi publlicado o volume autobiografico Confesso que vivi. (Prêmio Nobel de Literatura, 1971). seleção de Fabio Rocha


Poema X (já utilizado) Hemos perdido aun este crepúsculo. Nadie nos vio esta tarde con las manos unidas mientras la noche azul caía sobre el mundo. He visto desde mi ventana la fiesta del poniente en los cerros lejanos. A veces como una moneda se encendía un pedazo de sol entre mis manos. Yo te recordaba con el alma apretada de esa tristeza que tú me conoces. Entonces, dónde estabas? Entre qué gentes? Diciendo qué palabras? Por qué se me vendrá todo el amor de golpe cuando me siento triste, y te siento lejana? Cayó el libro que siempre se toma en el crepúsculo, y como un perro herido rodó a mis pies mi capa. Siempre, siempre te alejas en las tardes hacia donde el crepúsculo corre borrando estatuas. Pablo Neruda

Soneto XXV Antes de amar-te, amor, nada era meu: vacilei pelas ruas e as coisas: nada contava nem tinha nome: o mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, túneis habitados pela lua, hangares cruéis que se despediam, perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, caído, abandonado e decaído, tudo era inalienavelmente alheio, tudo era dos outros e de ninguém, até que tua beleza e tua pobreza de dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda «


POESIAS

“E uns lutam por toda a vida / E esses são imprescindíveis” (B. Brecht, trecho)

TRANSGRESSÕES Todo mandato é minucioso e cruel eu gosto das frugais transgressões por exemplo inventar o bom amor aprender nos corpos e em seu corpo ouvir a noite e não dizer amém traçar cada um o mapa de sua audácia mesmo que nos esqueçamos de esquecer é certo que a recordação nos esquece obedecer cegamente deixa cego crescemos somente na ousadia só quando transgrido alguma ordem o futuro se torna respirável todo mandato é minucioso e cruel eu gosto das frugais transgressões mario benediti Por um céu estrelado… Ricardo Xis

Hoje, só deixo uma poesia. De um excelente autor – Mauro Iasi – que recita suas poesias melhor do que as escreve. Deixo em homenagem a todos que apontam estrelas, mas em especial a quem esteve semana passada nos “cursões” do Fórum Nacional de Monitores 13 de Maio. Grifos meus… Sobre o Ofício de Construir [...]

Amores… Ricardo

Não tenho muito o que escrever, mas ontem li essa frase para uma amiga e achei que


cabia colocá-la aqui… A frase está em negrito, mas achei que colocar a estrofe inteira é o mínimo, pra não ficar solto… qualquer outro dia ponho o poema inteiro, ou não… Sim São infiéis e passageiras mas poupem-me [...] As flores também murcham, quando são mal cuidadas e conservadas. Mais uma flor como tu,requer cuidados especiais.

Mauro Iasi Por Você Eu dançaria tango no teto Eu limparia Os trilhos do metrô Eu iria a pé Do Rio à Salvador... Frejat guto goffi mauro santo cecília Tempo

650 mil horas, diz o livro que tenta explicar tudo, é o tempo que tenho para viver Dormindo serão mais de 250 mil, como posso reclamar de cansaço ! Olho para as mais de 300 mil que se passaram, quantas eu realmente vivi ? Conquistas, amores, tropeços, frágeis crenças, besteiras.... penso! O acidente fatal na TV lembra que minha estrada também terá um fim Quantas mil levei para entender que uma só hora pode valer a pena ? Sim, tais frações, inesquecíveis, outliers, me orgulham, diferenciam As outras ? perdidas na memória, mediocres, zumbis seguindo a nova moda Algumas lembro minuto a minuto, outras o piscar dos olhos, e vêm as lagrimas De felicidade, de amor, o coração acelera, e só de pensar já se foi mais uma A hora da lembrança também vale a pena, o alerta para repetir as horas boas Mas as atenções se perdem, a dívida, a dúvida, a meta não alcançada... Viver é aprender, não julgar Ouvir o coração, sem arrependimento É dar a mão, não discriminar Como uma criança, livre de preconceito A velhina lutando para caminhar me lembra que minhas pernas vão parar Então sigo, agora devagar, procurando encontrar a hora da felicidade Mas é preciso coragem, saber dizer não, sair da multidão, se libertar


Pode ser qualquer hora, basta querer, não vou mais perder a oportunidade! No meio do congestionamento de repente desço do meu carro Ajudo a velhinha atravessar a rua, seu sorrizo me comove Parei o transito, as buzinas não param, e sem pensar as ignoro E mais uma hora valeu a pena, essa minha mente jamais esquece Mauro Orlando "AS PESSOAS SÃO O QUE PENSAM. NO FUNDO, SOMOS TODOS BRUXOS. POSITIVOS OU NEGATIVOS" Fernando Mauro dos Santos A vida, tão importante, é feita em sua maioria de dias insignificantes." Mauro Jr.

Réus confessos Amor proibido, liberado a noite, quando tudo em volta é você e eu. Nossas atitudes derrubam paredes, que impedem o contato entre a nobreza e o prebeu. Durante o dia os olhos são grades, são testemunhas de acusação. Somos réus confessos de um tribunal ignorante, que desconhecem os direitos do amor, deixando de lado os motivos do coração. Prendam meu corpo mas não me impeçam de pensar, sendo assim não haverá prisão, pois ainda que tranquem as celas, aumentem os muros, nunca poderão obstruiro acesso que existe entre o seu e o meu coração! Mauro Mesquita Borboleta Ousada Passa leve, passa passando. É uma com a brisa É uma em encanto Cores vivas que dançam sem compasso Sem rumo ela vai, sem rumo ela volta.


Como uma criança, quando o pai a solta Curiosa, ela pousa ousada. Calma Borboleta, eu te quero bem. Mauro Anastacio Você descobre o sentido da sua vida, quando descobre algo pelo qual vc daria a sua vida! José Mauro dos Reis Não há cura para o nascimento e para a morte a não ser usufruir o intervalo. Mauro Santayana "Mas até a gente é temporário, por isso é que devemos tentar sempre, mesmo que seja por momentos." Mauro Pires muita das vezes jogamos fora o que nós pertence,pensando que já não tem valor.Mais o que lava quando o apanha,sabe porque. Mauro Filipe Derrota Derrota é igual a visita indesejada, não gostamos mas devemos trata-la com respeito! Derrota Derrota é igual a visita indesejada, não gostamos mas devemos trata-la com respeito! Campeães Vou acordar bem cedo, tentar ver o sol nascer a todo vapor, receber os primeiros raios de luz, ver a neblina dar lugar ao calor; Ver a mãe pássaro protejetar os filhotes, para um voo forçado afim de nsinar, ver o galo se esforçar ao máximo pra que o seu canto seja o melhor do lugar,


Ah! Vou acordar bem cedo! E nada vai me impedir de contemplar, o canto dos pássaros, o silêncio dos cães, as pessoas simples que saem cedo, para lutarem e, serem campeães! Mauro Mesquita Defeitos Procuro em você defeitos, pois qualidades não preciso procurar. Tendo defeitos saberei que és real, sendo assim poderei te amar! Mauro Mesquita Há... Há se ela entendesse essa pessoa que tanto lhe quer bem, Talvez ela não sofresse, e ainda seria a alegria de alguém! Mauro Mesquita Eu Me Vi Tão Só-Roberto Carlos

Eu me vi tão só Enfrentando momentos difíceis de solidão Sem ninguém pra me ouvir, e vivi tão só Das lembranças contidas no meu coração Sem saber pra onde ir e assim eu chorei Pois tudo que eu te dei você não entendeu Continuo só mesmo sem querer Continuo só tentando te esquecer, te esquecer Eu me vi tão só E tentei esconder minha solidão Mas eu não consegui e vivi tão só Procurando no tempo uma solução Pra esquecer de você vou tentar outra vez A paz de um novo amor que eu preciso ter Continuo só mesmo sem querer Continuo só tentando te esquecer, te esquecer Continuo só mesmo sem querer Continuo só tentando te esquecer, te esquecer Continuo só mesmo sem querer Continuo só tentando te esquecer, te esquecer


Mauro Motta e Eduardo Ribeiro Pelo curto tempo que você sumiu Nota-se aparentemente que você subiu Mas o que eu soube a seu respeito Me entristeceu, ouvi dizer Que pra subir você desceu Você desceu Todo mundo quer subir A concepção da vida admite Ainda mais quando a subida Tem o céu como limite Por isso não adianta estar No mais alto degrau da fama Com a moral toda enterrada na lama Mauro Duarte - LAMA O Desprezo é como o corte de um punhal, fere por dentro, mas não sangra! Mauro Lana Assim caminha o sonhador Buscando o prazer do futuro distante Imaginando cada passo em sua trilha Sentindo o falso prazer da ilusão aparente Mas um dia irá de concretizar Seu sonho se transformará em realidade E quando para traz olhar Gozará o sentimento maior, a felicidade Então de sonhos viverá Como um vicio que não cessa E realizacões experimentará Para um dia dizer: a vida valeu à beça! Mauro Orlando Em política,só pode o que pode e só pode quem pode. Tancredo Neves citado por Mauro Santayana Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão. Mauro Santayama Sonhar é preciso, acordar é primordial. Mauro Mesquita


O Desprezo é como o corte de um punhal, fere por dentro, mas não sangra! Mauro Lana "(...) Você já parou pra pensar no que machuca mais: fazer algo e desejar que não tivesse feito, ou não fazer e desejar que tivesse? Você já teve medo de começar um relacionamento? Medo de não ser a hora ou a pessoa certa? Seu coração não escolhe quem amar, e faz por conta própria, quando você menos espera, ou mesmo quando você não quer. Quantas vezes você deixou passar momentos importantes que não voltam mais? Quantas vezes você quis esquecer uma história ou alguém, que permaneceu na sua cabeça por um tempo longo? Você já se sentiu sozinho mesmo cercado de um monte de pessoas? Ou já beijou alguém que fez a multidão sumir? Você já passou um dia sentindo muitas saudades do que viveu?Você já viveu uma situação tão boa e feliz que até deu medo de tudo ser muito passageiro? (...)" Martha Medeiros

Como é incômodo estar diante de uma pessoa com quem se trocou emoção intensa e depois cruzar com ele na rua e dizer apenas: tudo bem? Martha Medeiros 'Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'... Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora.' Martha Medeiros Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade. Pinto uma realidade com alguns sonhos, e Transformo alguns sonhos em cenas reais. Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima. Amo mais posso fazer e que, por medo, sempre menos do que sou capaz. Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais. Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo. Nem eu sou o que penso que eu sou. Nem nós o que a gente pensa que tem ... " Martha Medeiros Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte


seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar! Martha Medeiros Nessas horas não sei onde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Martha Medeiros "O caminho é este tem pedra, tem sol tem bandido, mocinho tem você amando tem você sozinho é só escolher ou vai, ou fica. Fui." Martha Medeiros Eu, ao menos, não homenageio os autores que não me interessam. O contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença. Quem "odeia" está mais envolvido do que supõe... Martha Medeiros A gente pode receber 100 elogios num dia, aí vem alguém, te ofende, e você quase cai de cama. Às vezes me pergunto se não faz parte da natureza humana essa sensação interna de sermos um blefe, por isso a valorização da crítica: é como se alguém tivesse arrancado a nossa máscara. Será? Martha Medeiros "Que eu consiga ser quem eu sou e bata palmas no final! Mesmo que eu escorregue em mim e puxe a cortina antes do espetáculo acabar. Quem vai dizer que não era essa a melhor parte do show?" Martha Medeiros “Só nós dois sabemos que não se trata de sucesso ou fracasso. Só nós dois sabemos que o que se sente não se trata — e é em nome deste intratável que um dia nos fez estremecer que agora nos separamos. Para lá da dilaceração dos dias, dos livros, discos e filmes que nos coloriram a vida, encontramo-nos agora juntos na violência do sofrimento, na ausência um do outro como já não nos lembrávamos de ter estado em presença. É uma forma de amor inviável, que, por isso mesmo, não tem fim.” Martha Medeiros Se vivo só É marcha-a-ré


Se nego o sol Só penso em mi Se sofro lá Ninguém tem dó Se você fá Eu quero si Martha Medeiros A força de um ato Dura o tempo exato Para ser compreendida Depois disso é bobagem Vira longa-metragem Por acaso estendida Fora o essencial Nada mais é natural Vira apenas suporte Pena a vida não ter corte Martha Medeiros

Nunca desista de recomeçar. Ainda que possa parecer complicado ,reflita que todo reinicio traz sempre novidades. Marta Felipe Tudo o que é prazer é divino. Só é baixo, só é vil o que não nos faz vibrar de um gozo qualquer. Medeiros e Albuquerque "Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje! Não se deixe morrer lentamente! Não se esqueça de ser feliz! Martha Medeiros "O tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções." ( Martha Medeiros)

São lindas todas suas mensagens escritas ou faladas simples ou complexas todas são as melhores, porque são suas.


Francieli Medeiros Quem sou eu?Nem eu,nem meus familiares,nem meus mais íntimos amigos sabem responder a isso. Clarissa Guerra de Medeiros Minha vida continuou e de repente eu me dei conta de que poderia viver sem você. Clarissa Guerra de Medeiros "Não fale, não conte detalhes, não satisfaça a curiosidade alheia. A imaginação dos outros já é difamatória que chegue. Martha Medeiros "Nada tenho a ver com não gostar de mim. Me aceito impura, me gosto com pecados, e há muito me perdoei." Martha Medeiros "Não subestime os outros, nem os idolatre demais. Seja educada, mas não certinha. Não minta, nem conte toda a verdade. Dance sozinha quando ninguém estiver olhando. Divirta-se enquanto seu lobo não vem." Martha Medeiros "Quem você pensa que é?" perguntou pra mim de queixo em pé... Sou forte, fraca, generosa, egoísta, angustiada, perigosa, infantil, astuta, aflita, serena, indecorosa, inconstante, persistente, sensata e corajosa, como é toda mulher, poderia ter respondido, mas não lhe dei essa colher. Martha Medeiros Eu triste sou calada


Eu brava sou estúpida Eu lúcida sou chata Eu gata sou esperta Eu cega sou vidente Eu carente sou insana Eu malandra sou fresca Eu seca sou vazia Eu fria sou distante Eu quente sou oleosa Eu prosa sou tantas Eu santa sou gelada Eu salgada sou crua Eu pura sou tentada Eu sentada sou alta Eu jovem sou donzela Eu bela sou fútil Eu útil sou boa Eu à toa sou tua". Martha Medeiros "Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto." Martha Medeiros Mas não se esqueça: Assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca. Martha Medeiros Sou uma mulher madura Que às vezes anda de balanço Sou uma criança insegura Que às vezes usa salto alto Sou uma mulher que balança Sou uma criança que atura Martha Medeiros Tenho juizo, mas não faço tudo certo, afinal todo paraíso precisa de um pouco de inferno! Martha Medeiros


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.