Perspectivas Sobre O Pentecostes — Estudos sobre o Ensino do Novo Testamento Acerca dos Dons

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Perspectivas sobre o Pentecostes Estudos sobre o Ensino do Novo Testamento Acerca dos Dons

RICHARD B. GAFFIN JR.


PERSPECTIVAS SOBRE O PENTECOSTES — Estudos sobre o Ensino do Novo Testamento Acerca dos Dons por Richard B. Gaffin Jr. Edição original em língua inglesa: Perspectives on Pentecost: Presbyterian and Reformed Publishing Company — Phillipsburg, New Jersey — Estados Unidos da América, 1979. Traduzido e publicado com permissão do autor 1ª Edição em Português, 2010 1ª Edição digital em Português, 2015 É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem autorização por escrito dos editores, exceto citações em resenhas. TRADUZIDO POR Ulisses Horta Simões REVISADO POR Jorge Luiz Barros de Souza e Sabastião Guimarães Costa Filho. PROJETO GRÁFICO E CAPA Heraldo F. de Almeida

Richard B. Gaffin Jr. Perspectivas sobre o Pentecostes/Richard B. Gaffin Jr. São Paulo: Os Puritanos, 2010 132 p: 14 x 21 cm Tradução do original em inglês Perspectives on Pentecost ISBN: 85-62828-03-4 1. Pentecostes 2. Dons do Espírito Santo 3. Cessação do Dons 3. Promessa do Espírito


Prefácio

PREFÁCIO À EDIÇÃO ORIGINAL

Este volume começou como uma série de palestras dadas em toda a Nova Zelândia sob os auspícios da Conferência Evangélica Reformada em dezembro de 1974 a janeiro de 1975. Subsequentemente elas serviram como base para um material de estudo preparado para uma conferência sobre a obra do Espírito Santo ligada à reunião do Sínodo Ecumênico Reformado na Cidade do Cabo, África do Sul, em agosto de 1976. Esse material, por seu turno, foi ampliado para um curso de doze lições dado no Westminster Theological Seminary num período de inverno, em janeiro de 1977. Ao longo dessa trajetória eu tenho valorizado as críticas (por vezes ásperas) que têm sido levantadas, e eu espero que o que aqui está escrito reflita certa medida de benefício delas extraído. Quando cito a Escritura, tenho seguido a prática de escolher dentre as várias traduções, ou então faço uma por mim mesmo. As traduções citadas mediante abreviaturas são as que se seguem: KJV (King James Version)

[Usaremos ARC em português — N. do T.]

NASB (New American Standard Bible)

[Usaremos ARA em português — N. do T.]

NEB (New English Bible)

[Usaremos ARA em português — N. do T.]

NIV (New International Version)

[Usaremos NVI em português — N. do T.]

RSV (Revised Standard Version)

[Usaremos ARC em português — N. do T.]

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Meus agradecimentos à senhora Betty Stevenson e à senhora Mary Koll Martin por digitarem o manuscrito, e ao Conselho Diretor do Westminster Theological Seminary pela permissão de ausência durante o primeiro semestre e o período de inverno em 1977-78, em parte para trabalhar neste volume. Richard B. Gaffin, Jr. Westminster Theological Seminary Junho de 1978

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PREFÁCIO DO TRADUTOR

A preparação desta tradução e sua consequente publicação em nosso vernáculo derivaram da grata experiência de ter sido aluno do próprio autor. Em 1996, quando cumprindo os requisitos do mestrado no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo, o próprio Dr. Gaffin ministrou-nos uma disciplina de Pneumatologia, com concentração na abordagem deste livro. Foi também grata a experiência de acompanhar o autor em algumas oportunidades corriqueiras do dia-a-dia, oportunidades essas aproveitadas com muitas trocas de idéias. Posteriormente, mesmo de volta ao seu país natal, o autor subsidiou este tradutor com observações úteis para a dissertação de mestrado deste último. O conteúdo deste livro impressionou-nos por sua argúcia, sua profundidade bíblica, sua versatilidade exegética e sua investida séria e desafiante sobre um tema tão controverso e complexo no mundo evangélico atual. Certamente, a possibilidade de um público de língua portuguesa lê-lo em seu próprio idioma será de grande utilidade para os estudiosos do assunto. Como era de se esperar, em se tratando de um autor de convicção reformada, parte ele de uma premissa fundamental para a fé e a doutrina desse jaez: a suficiência da Escritura. A reconhecida autoridade do Dr. Gaffin na língua do Novo Testamento, sobre o que tem uma experiência docente de décadas, é o mais forte esteio de sustentação de sua argumentação hermenêutica, com considerável lastro exegético. Uma recomendação útil que este tradutor pensa que deve registrar, é de natureza prática: é extremamente recomendável que o leitor, antes de empenhar-se na leitura desta obra, esteja bastante familiarizado com textos neotestamentários que o autor há de explorar à exaustão. Romanos

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12, I Coríntios 12 a 14, Efésios 2 a 4 e I Pedro 4 são os principais. Aliás, dificilmente o leitor tirará o proveito que é possível deste volume, se não mantiver ao seu lado uma Bíblia, para acompanhar e conferir com ela as passagens citadas pelo autor. Quase igualmente útil será que o leitor esteja familiarizado também com o contexto amplo em que essas epístolas de Paulo foram escritas, o que se adquire com certo conhecimento da história do Novo Testamento, e do texto completo destas epístolas. Em acréscimo, ainda que não indispensável, será de particular proveito ao leitor que não seja habilitado em algum grau na língua do Novo Testamento (grego coinê), que o mesmo se sirva, sempre que necessário, de um recurso referencial; um bom dicionário bíblico, por exemplo, não poderia faltar. Com a responsabilidade que me foi confiada pela editora, me é mister assinalar que sou particularmente grato aos estimados colegas — Rev. Jorge Luiz Barros de Souza e Rev. Sebastião Guimarães Costa Filho. O primeiro se prontificou a efetuar uma revisão técnica da tradução, posto que foi também aluno, junto com este tradutor, do autor da obra; o segundo se prontificou a efetuar a revisão linguística e estilística. O trabalho que ora chega às mãos do leitor em língua portuguesa foi acentuadamente enriquecido com a valiosa contribuição de ambos. Sou também profundamente grato ao Rev. Ralph Frederick Boersema, ex-missionário reformado no Brasil, hoje residente nos Estados Unidos da América, e ex-professor deste tradutor; Rev. Ralph Boersema, que foi aluno do Dr. Gaffin no Westminster Theological Seminary, foi o grande incentivador da iniciativa desta tradução, tendo também trazido importantes contribuições ao texto em Português. Sobre o autor da obra Dr. Richard Birch Gaffin, Jr., ministro ordenado pela OPC-Orthodox Presbyterian Church, é professor emérito de Teologia Bíblica e Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary em Philadelphia, Estados Unidos da América. A emerência foi-lhe concedida em decorrência de décadas de ensino naquela instituição, o que começou no ano de 1965. Havendo obtido o seu B.A. em 1958 no Calvin College, Grand Rapids, completou seus estudos formais no próprio Westminster: B.D. (1961), Th.M. (1962) e Th.D. (1969). É erudito mundialmente reconhecido sobre a obra de Gerhardus Vos. Em 1996 ministrou o

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curso de Teologia do Espírito Santo no CPAJ-Centro Presbiteriano de Pós-Graduação, em São Paulo. Preletor do ICRC-International Council of Reformed Churches, é também o autor de The Centrality of Resurrection e de By Faith, Not By Sight: Paul and the Order of Salvation, além de numerosos artigos em publicações de nível internacional. Tributo de Honra Os esforços para publicar este livro em língua portuguesa por meio da Editora Os Puritanos incluem algumas razões especiais para honrar dois destacados irmãos e amigos: o primeiro é Olin Coleman, de saudosa memória; presbítero da PCA — Presbyterian Church of America, trabalhou no seio da Igreja Presbiteriana do Brasil por muitos anos, tempo em que também propiciou preciosa colaboração para com o ministério do Projeto e da Editora Os Puritanos, o que veio a facultar a publicação também deste volume. Agradou ao Senhor colher para si aos céus o seu servo ao final do ano de 2007. O segundo irmão é aquele que, meritoriamente, preencheu em “Os Puritanos” o lugar deixado por Olin — o seu filho e também presbítero Michael Coleman. Mike tem sido não apenas um fraterno irmão, mas também um amigo cordial. Este tradutor tem particular dívida de gratidão para com ele, o qual manifestou, com profundo desprendimento e calorosa expressão fraternal, importante ajuda ao autor destas linhas em significante momento da vida. Que o Senhor lhe conceda compensação graciosa, e abençoe ricamente sua vida e família. A ambos, Olin e Mike, fica registrada a gratidão sincera que este tradutor compartilha com a direção desta editora e de todos no “Projeto Os Puritanos”. Boa leitura! Ulisses Horta Simões1 Belo Horizonte, Janeiro de 2010 1 Notas do tradutor: A) O original apresenta diversas ocorrências de citações bíblicas seguidas da abreviatura “ff” (“following”, que significa “em diante”); exemplo: Act 15.7ff — equivale a “Atos 15.7 em diante”. Para facilidade na tradução, convencionarei usar aqui a abreviatura em português “e.d.” — “em diante”. O mesmo exemplo fica: At 15.7 e.d. B) Onde a versão em língua portuguesa do texto bíblico usado nesta tradução não estiver indicada, estará sendo utilizada a versão ARA — Almeida Revista e Atualizada (em alternativa às outras duas usuais versões em português: ARC e NVI). Ocasionalmente, citações da Tradução Brasileira (TB) serão empregadas. Eventualmente, a opção escolhida pelo tradutor será a de uma versão livre da citação do autor, pelo interesse de preservar o sentido por ele empregado.

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Sumário

Prefácio Prefácio à Edição Original.................................................................V Prefácio do Tradutor.......................................................................VII Capítulo I Uma Promessa e uma Aspiração.....................................................11 Capítulo II O Dom do Espírito Santo.................................................................15 Capítulo III Algumas Perspectivas Básicas Sobre os Dons do Espírito...........47 Capítulo IV Profecia e Línguas..............................................................................59 Capítulo V A Questão da Cessação.....................................................................97 Capítulo VI Apagando o Espírito?..................................................................... 127

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Capítulo I

UMA PROMESSA E UMA ASPIRAÇÃO

A controvérsia na igreja é tanto angustiante quanto provedora de esperança. É angustiante porque é contraproducente em sua essência, uma anormalidade que, para citar apenas um elenco de consequências, compromete a igreja, reduz sua credibilidade tanto perante si própria quanto perante o mundo, e assim prejudica sua efetividade nele. Porém, de modo diferente da controvérsia secular, a qual no máximo se atenua desaguando em comprometimentos desconfortáveis, a controvérsia na igreja carrega a promessa de resolução construtiva, especialmente quando os diferentes lados são capazes de reconhecer, um no outro, um comprometimento comum com a autoridade final da Bíblia como Palavra de Deus. Quando a controvérsia propriamente dita, ao menos em seus melhores momentos, reflete o esforço de se confrontar com o significado da Escritura, no afã de ser mais plenamente obediente ao Senhor, então há esperança de genuína unidade na verdade. Desde 1960 poucos assuntos têm recebido mais atenção na igreja do que os dons do Espírito Santo. Alguns poderiam dizer que esta ainda hoje é a questão que está confrontando mundialmente a igreja. Certamente nenhuma outra ocasião tem sido de maior controvérsia e divisão no seio da igreja. Tal controvérsia é intensa. Diferenças são acentuadamente sentidas e muitas vezes asperamente expressas, e isto é compreensível, porquanto no foco está a prática cristã, a real experiência pessoal de ser um cristão. Este livro é, de fato, outra investida nesta controvérsia altamente concorrida sobre os dons do Espírito. Tal como muitos outros, ele

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Perspectivas Sobre o Pentecostes

também reflete a convicção de que aquele Espírito do Pentecoste não foi derramado sobre a igreja para ser causa de desunião. Mas, diferentemente de alguns, ele foi escrito a partir da convicção de que a promessa de Jesus, de que “o Espírito vos guiará a toda a verdade” (João 16.13), é inseparável em seu cumprimento da garantia expressa pelo apóstolo Paulo, por exemplo, de que “a palavra de Deus não está algemada” (II Tm 2.9). A liberdade do Espírito opera com a Palavra! A promessa contida nesta realidade e a confiante expectação do que o Espírito ainda está por fazer na igreja, a despeito de nosso freqüente manuseio distorcido e confuso da Escritura, deveria controlar do começo ao fim qualquer interesse nos dons do Espírito. Uma segunda convicção norteadora deste livro é que a experiência por si mesma não é uma fonte de conhecimento e doutrina cristã. Nem são aquelas vividas por certos cristãos a norma para a experiência do cristão. Toda a nossa experiência, e não apenas cada pensamento, deve ser levada cativa à obediência de Cristo e sua Palavra (II Co 10.5). A Bíblia é o padrão de toda experiência genuinamente cristã. Minha aspiração, então, é que onde tenha eu obtido êxito em lançar a desejada luz do ensino bíblico nas confusas alegações contrapostas no presente acerca de experiências do Espírito, esteja o leitor desejoso de avaliar tais alegações sob aquela luz e, acima de tudo, de submeter sua própria experiência à autoridade da Escritura. O plano básico deste livro envolve um foco exegético progressivamente estrito sobre o assunto dos dons espirituais. Ele começa tentando capturar, num breve bosquejo, alguma coisa da amplitude e da riqueza de toda a obra do Espírito na igreja (cap. II), segue relacionando certo número de considerações que envolvem dons espirituais em geral (cap. III), daí se concentra especificamente nos dons de profecia e línguas (cap. IV) e a questão da cessação deles (cap. V). O capítulo final busca relacionar brevemente as conclusões exegéticas dos capítulos precedentes a algumas das questões fundamentais levantadas pelo intenso e renovado interesse sobre dons espirituais em nossos dias. Os leitores que tenho em mente ao escrever são os que fazem a grande comunidade de estudiosos da Escritura sérios e interessados,

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CAPÍTULO I — Uma Promessa e uma Aspiração

e não apenas (nem especialmente) teólogos “profissionais” e os que têm treinamento teológico formal. Minha esperança é especialmente que este livro encontre acolhimento nas mãos de cristãos com retrospecto e perspectiva diferentes dos meus, se não os convencendo, pelo menos estimulando-os ao maior empenho com o que ensina a Escritura. Devido a esses leitores que tenho em mente, eu descartei quase que totalmente as notas de rodapé e deixei de citar algo da já esmagadora (porém ainda crescente) quantidade da relevante literatura secundária hoje disponível. Eu reconheço minha dependência do trabalho de outros em quase todos os pontos. O leitor mais assíduo e melhor informado será frequentemente capaz de reconhecer as fontes às quais sou devedor, bem como os pontos de vista dos quais difiro. Onde me sinto compelido a diferir, tenho tentado fazer a leitura de forma ampla e cuidadosa para interpretar razoavelmente. Fiz esforço contínuo para citar a Escritura extensivamente, mas estimulo o leitor a conservar consigo sua Bíblia e tirar tempo para consultar as referências cruzadas. Finalmente, estou ciente de que muitos leitores poderão, por vezes, e talvez até frequentemente, achar problemático o que escrevo. Qualquer um que procurar por respostas fáceis e discussão livre de qualquer complicação ficará desapontado. O fato de cristãos com um comprometimento comum com a autoridade cabal da Escritura estarem divididos sobre a questão dos dons espirituais é uma indicação de que dificuldades intrínsecas estão envolvidas, e a expectativa de soluções fáceis (em qualquer esfera) tão somente confunde uma situação já complexa. Sem dúvidas haverá pontos em que meu próprio trabalho necessitará de correções. Uma vez mais, meu desejo não é que sejam ignoradas essas fragilidades, mas que os que estiverem dispostos a apontá-las e aprofundar-se nelas também tentem apreciar os pontos fortes que o Espírito Santo — operando com a Palavra — possa ter propiciado a este estudo.

Eu quero saber mais

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