Revista heavy metal all night 02

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EAVY META ALL NIGHT

EDIÇÃO 02 - JANEIRO DE 2016

Entrevistas - Resenhas - reportagens - eventos

30 Anos PATRIA

COMO UMA IRMANDADE

IN TORMENT

PAIXÃO PELO METAL EXTREMO

Melodic l a t e M h t a e brasileiras para D5 bandas conhecer o subgênero

E MAIS: BLOODWORK, SUFFOCATION OF SOUL, HATE EMBRACE...


EXPEDIENTE

Chegamos a segunda edição da revista Heavy Metal All Night. Quando disponibilizei a primeira edição não esperava muito, mas a revista teve uma boa acei tação, e em menos de 1 mês chegou a 100 downloads. Marca signi ficante, sendo que não existe nenhuma forma de apoio ou patrocínio. Tudo foi feito no braço, fruto de pura dedicação tanto das bandas que colaboraram, quanto dos amigos mais próximos e da minha namorada que de alguma forma sempre me apoiou. Esta edição deveria ter saído no dia 20 de Março de 2015, mas acabou por atrasar, e o que era pra ser bimestral ficou sem periodicidade definida. Por que do atraso? Entrevistas ficaram pendentes e depoimentos atrasaram, mas claro que todos têm seus afazeres e a maioria trabalha. Estou criando mais um espaço, uma forma de atingir e divulgar o que acontece no underground, então não custa deixar de fazer algo e colaborar. Não cobro nada de ninguém, essa revista não tem custo nenhum a não ser do meu tempo. Então, caso queira divulgar o seu trabalho, responda os e-mails, entrevistas e recados nas redes sociais em tempo hábil. Quanto a próxima edição, pode demorar sair, mas vai ser extremamente fudida. A primeira foi a “guerreira”, e a atual já saiu um pouco mais planejada, pois alguns erros foram corrigidos e melhorias ainda vão aparecer, assim espero. Sem mais de longas, fique com mais uma edição da Revista Heavy Metal All Night.

Artur Azeredo

Artur Azeredo

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EDITORIAL

SUMÁRIO

Editor

Reportagem/Entrevistas Artur Azeredo

Colaboradores

Caroline Moro Ruís Dias Cristiano Lima Rodolfo Centeno Carlos Henrique Schmidt Patrick Rafael de Souza

Revisão

Cristiano Lima Artur Azeredo Caroline Moro Ruís Dias

Agradecimento

Todas as bandas, selos/distros, Assessorias de Imprensa, amigos e bangers envolvidos neste projeto.

PATRIA ........................................

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BLOODWORK .............................

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MELODIC DEATH METAL ........

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VULCANO ...................................

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5 BANDAS BRASILEIRAS PARA CONHECER O SUBGÊNERO

HATE EMBRACE ........................ 20 IN TORMENT .............................. 24 SUFFOCATION OF SOUL .......... 28 EVENTO ....................................... 32 2º EN CARNA ROCK METAL FEST

RESENHA ....................................

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orda gaúcha fundada em 2008 na cidade de Carlos Barbosa, tendo em sua discografia cinco full-lengths entre splits e EPs. O mais recente lançamento, “Individualism”, recebeu excelentes críticas da mídia especializada, colocando o Patria como um dos expoentes do Black Metal brasileiro. Recentemente a horda confirmou presença no Inferno Festival na Noruegua. HMAN: Conte-nos como surgiu a horda. Qual era a ideia inicial e real proposta por trás do Patria? Mantus: Formei o Patria em 2008, logo que vim morar na Serra Gaúcha. A proposta inicial era resgatar aquele Black Metal primitivo do inicio dos anos 90, principalmente calcado na cena escandinava. No começo era apenas um projeto, sem qualquer compromisso e sem muita frescura. HMAN: Com “Individualism” a horda firmou seu nome entre os grandes do Black Metal nacional. Vocês esperavam esse retorno? Mantus: Nunca esperamos nada pra ser sincero. O Patria foi um projeto que começou do nada, foi crescendo aos poucos e quando me dei conta já tinha virado banda e com vários discos lançados. Sempre fizemos um trabalho sério e profissional, isso sim. Ao menos era e é o que buscamos até hoje… Mas sem qualquer pretensão maior. Queríamos estar fazendo um trabalho musical e ideológico baseado naquilo que gostávamos de ouvir e ler. Black Metal para fãs verdadeiros de Black Metal! O resultado disso foi de certa forma surpreendente e ficamos satisfeitos com tudo que a gente tem conquistado. É motivo de orgulho e sem dúvida fruto de muito trabalho. Hoje estamos nos dedicando quase que integralmente ao Patria. Estamos sempre procurando aprimorar tudo que fazemos e ter algo “novo” na nossa música. Nossa própria identidade! E é isso que torna a coisa toda mais interessante.

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Como uma irmandade

HMAN: O que o “Individualism” representa para vocês? Mantus: Ele é um disco muito importante na história do Patria. Foi através das demos dele que conseguimos o contrato com a Indie Recordings da Noruega, que é hoje um dos maiores selos do gênero no mundo. Eles lançaram e lançam bandas já renomadas como o Satyricon, Enslaved, Borknagar, Carpathian Forest, Einherjer, Gehenna entre muitas outras. Outro ponto importante é que o “Individualism” foi um disco onde realmente demos o nosso sangue de uma forma que nunca tínhamos feito antes. Onde trabalhamos de verdade, durante alguns bons meses, pensando em todos os detalhes possíveis de produção, sonoridade, conceito e visual. Musicalmente é um disco que representa muito bem a música do Pa-

tria através de todos esses 6 anos de existência. Além disso tivemos a brilhante masterização feita na Noruega por Øystein G. Brun, a mente criativa por trás do Borknagar, que fez um trabalho impecável. Enfim, tudo isso somou pontos pro trabalho tomar a proporção que tomou. E por último e não menos importante, foi o disco do Patria que mais teve exposição, mundialmente falando. A distribuição da Indie Recordings é gigantesca, o que fez com que nosso disco chegasse em tudo é que é canto do mundo. Isso foi fantástico e tem rendido um feedback ótimo! HMAN: Em 2009 a horda lançou seu primeiro full-length “Hymns of Victory and Death”. Como vocês vê esse material hoje? Mantus: A gente gosta bastante dele. É um disco que diz exatamente o que nós queríamos dizer naquela época. Simples, rústico e direto! Inclusive tocamos músicas dele ao vivo até hoje e funcionam muito bem! Foi o nosso primeiro “filho” e temos um carinho especial por ele obviamente. HMAN: Seis anos de estrada e um nome consolidado. O que representa o Patria para vocês? Mantus: Como eu disse anteriormente, o Patria é como um filho pra todos nós. Temos nos dedicado quase que integralmente a isso e sempre tentando evoluir a cada trabalho. Acho que estamos conseguindo um resultado muito legal e é bom ver que as pessoas estão captando incrivelmente bem a nossa música e essência. Sinceramente continuamos sem muitas pretensões, mesmo depois destes 6 anos de formação e reconhecimento. O Patria é uma irmandade e vamos em frente juntos com todo esse trabalho, como uma espécie de capricho pro nosso próprio ego. Fazemos música que gostamos de ouvir! Como fãs de metal e também para fãs de metal. Então o núcleo continua o mesmo de quando começamos. No final das contas é um passa tempo ou hobby, que seja, só que extremamente sério e profissional. HMAN: O fanatismo religioso é um dos grandes responsáveis pelo caos instalado pelo mundo. Como vocês veem essa praga? Mantus: A fé religiosa de uma maneira geral é retrógrada. Vai contra a razão e o pensamento cientifico, ela cega o ser humano, torna as


pessoas verdadeiros zumbis imbecis, incapacitados de diferenciar a verdade de um conto de fadas ou até mesmo evoluir. A religião é algo extremamente perigoso, gera guerras e conflitos sem fundamento e separa os homens. Definitivamente um mal que deveria ser erradicado. HMAN: O Black Metal tem uma carga ideológica muito forte, tanto em sua sonoridade quanto nas letras. Como funciona o processo de composição dentro da horda? Existe uma preocupação na hora de compor? Mantus: Absolutamente sim! Pra mim é um processo quase terapêutico. Eu amo música, respiro e vivo isso no meu dia a dia. Logo tenho uma preocupação muito grande com aquilo que estou criando ou desenvolvendo. Algumas poucas vezes gosto de simplesmente deixar sair ao natural, sem pensar muito ou planejar o que deve ser feito. Mas sou uma pessoa bastante exigente com tudo que faço, então em 90% das vezes o meu perfeccionismo toma conta. O que tem o seu lado positivo também, é claro. Quando saímos da nossa zona de conforto é quando as coisas começam a acontecer e ir pra frente. E eu preciso realmente

acreditar naquilo que estou criando, transformando a música em sentimento. Atualmente eu tenho tentado não colocar muros quando estou compondo, o que tem gerado um resultado interessante e somado bastante à música do Patria. HMAN: Como vocês veem o atual momento do underground gaúcho / brasileiro e o advento da internet nesse meio? Mantus: A internet é uma faca de dois gumes. Tem sua parte fantástica e a outra parte lamentável. Mas já há alguns anos que temos tentando abstrair sua parte negativa e usar o que ela oferece de melhor. É a coisa mais inteligente a se fazer na minha visão e tem funcionado para o Patria desde então. Sobre o cenário gaúcho e brasileiro, acontece algo similar eu acho. Temos bandas e pessoas sérias, fazendo um trabalho profissional e de qualidade… e outros miseráveis cheios de papo e pouca atitude. Isso serve para as bandas, mídia, público, selos e produtores de shows em geral. Mas isso não é nenhuma novidade também! É algo que sempre existiu e já estou vacinado contra esse tipo de gente. O melhor é ignorar e focar no que a cena nos oferece de bom!

HMAN: Quais os planos da horda para 2015? Mantus: Tocar no Brasil e fora! Essa é a meta! Infelizmente não temos nada agendado pro Brasil ainda, as coisas estão indo de mal a pior por aqui. São poucos organizadores sérios que realmente valorizam as bandas brasileiras, investem e oferecem condições dignas! Uma pena! Já fora, estamos confirmados pro Inferno Festival 2015, que acontece em Oslo na NORUEGA. O Inferno Festival é um dos maiores festivais de metal extremo da atualidade e poder tocar lá vai ser algo surreal e muito importante pra nossa história. Vai ser a 15ª edição do festival, nossa primeira vez em palcos europeus e na capital mundial do Black Metal, o que torna tudo ainda mais especial! Algumas das bandas confirmadas até agora são o Behemoth, Enslaved, My Dying Bride, Arcturus, Mortuary Drape, Kampfar, 1349, Bloodbath, Septic Flesh, Ensiferum, Nagflar entre muitas outras que serão anunciadas nos próximos meses. Estamos realmente ansiosos por isso. Vai ser uma experien-

cia em tanto! Recentemente lançamos um novo single digital chamado “Symmetry of Imperfection”. A produção sonora, mixagem e masterização foi feita na Noruega por Øystein G. Brun do Borknagar e o resultado ficou incrível! Inclusive pretendemos lançar outro single digital em Março do próximo ano, contando novamente com o trabalho dele. E como uma banda hiperativa que somos, obviamente já pensamos num novo disco pra 2015, possivelmente pro segundo semestre. Mas sem planos concretos ainda! HMAN: Deixo aqui um espaço para as considerações finais! Mantus: Obrigado pelo espaço e interesse no trabalho do Patria! Minha mensagem final é que as pessoas valorizem as bandas brasileiras da maneira que elas merecem! Compareçam aos shows e compre material original! APOIE A CENA, NÃO SE APOIE NELA!!! Grande abraço!


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banda teve o seu embrião formado em 2004, sob o nome de Purtrid Splatterred. Após alguns ensaios, o grupo passou por um período de inatividade e retornou às atividades apenas no segundo semestre de 2007, com nova formação e com o nome Bloodwork. Assim, no final de 2014 a banda lançou seu primeiro full-lenght. HMAN: Como surgiu a Bloodwork, como ocorreu a formação da banda e a definição da sonoridade? Rafael Lubini (Guitarrista): Cara a banda surgiu num trago entre amigos. Antes de ser uma banda, nos já éramos amigos de longa data. Todos já tocavam em outras bandas. Aí nos perguntamos, porque não fazemos uma banda com o som que mais curtimos? Assim surgiu a Bloodwork e a sonoridade vem do que mais gostamos de ouvir e sentir: death metal de quebrar o pescoço e brutal! HMAN:Como foi compor e gravar “Just Let me Rot”? E o resultado ficou satisfatório? Rafael: Compor foi fácil, como gostamos muito do som, fazer a música foi como tomar um gole de cerveja. Mas Just Let me Rot é especial porque é o primeiro, ele tem uma grande responsabilidade. É ele que vai dizer pra todo mundo como a Bloodwork é e o que temos pra mostrar. Gravar é divertido. Cuidamos de cada acerto do som, timbragem dos instrumentos tanto quando dos churrascos e cevas que tomamos no estúdio. Cara quando se faz com prazer, quando se faz o que gosta tudo fica mais fácil e divertido. É assim que encaramos. Quanto ao resultado, acho que ficou muito bom. O som ficou como imaginávamos, claro que sempre fica alguma coisa pra trás e como somos muito críticos nunca está bom o suficiente. Mas como numa frase, a música precisa ter um ponto final, um último acorde.

Death Metal do jeito que gostamos... 8

HMAN: A arte do disco, que ficou a cargo do artista grafico Marcos Miller, também merece destaque. Como chegaram até ele? E como foi trabalhar com ele? Como surgiu o conceito da arte? Rafael: Já conhecemos o Marcos há muito tempo. Particularmente conheço ela já uns 18 anos, não só pelos seus trabalhos com bandas, mas também com outros fins. Ele é um artista nato, tem um dom único e queríamos que ele transforma-se nossa visão da capa de um disco em realidade. Assim, saiu aquela doideira maravilhosa. A ideia inicial da capa veio pelo Fabiano, vocalista da banda. Um dia, no intervalo do ensaio ele divagou sobre um pensamento que tivera num enterro alguns dias atrás: “cara, estava lá no enterro, vendo o caixão baixar e pensei: que coisa sem graça, o cara morre e vai apodrecer num buraco.

Legal seria todos acharem que o cara tá indo pra cova, mas na verdade está entrando em outro mundo, um mundo de sacanagem gore, podre mesmo. Há! Isso seria legal!’’ Disso nasceu a capa! Depois dessa ideia inicial, acrescentamos personagem que simbolizam cada uma das músicas do disco, além de som de demos e claro, a interpretação fantástica do Marcos em colocar elementos grotescos para ilustrar esse submundo que queríamos. HMAN: “Just Let me Rot” foi lançado no final de 2014, já da pra ter uma ideia da repercussão do disco? Rafael: Acho um pouco sedo, porque ele ainda não está sendo distribuído pelos selos. Mas os cd que nós estamos mandando pra galera que pede está dando o que falar. Inclusive fora do Brasil. Penso que ele ainda está no caminho. Mas já sentimos grande aceitação e respostas positivas pela qualidade do trabalho. HMAN: Lançar um disco no underground não é tarefa das mais fáceis. Como chegaram até os cinco selos, que lançaram o material? Rafael: Conhecemos eles também. Já tínhamos a master em mãos. Mandamos para vários selos com o release e com nossas intenções. Todos gostaram, e este 5 apostaram no nosso material. Viram o canhão que tinham nas mãos. Eles compraram a ideia e somos muito gratos por isso. Porque sem eles o cd não existiria. HMAN: Vocês tem mais dois ep’s lançados, “Deadbaby in your belly” de 2012 e “Chainsaw masturbation” de 2010, como você vê esse material? Rafael: Gostamos deles, mas tecnicamente eles são bem vamos dizer cruz e imaturos. Mas de forma alguma ruins, neles tem músicas clássicas que a galera pede em shows, como é o caso da Chainsaw Masturbation. Eles tem musicas muito boas, mas erámos um pouco inexperientes para gravar. Acho que é isso, sonoramente eles hoje poderiam ser melhores, mas musicalmente são muito bons. E também porque estamos sempre evoluindo, é natural ver o que foi feito com mais crítica. Na hora é muita emoção, é só coração. HMAN: Acompanhando as redes sócias da banda nota-se que a internet tem sido um


grande aliado na divulgação do novo trabalho. Como vocês veem essa ferramenta? Rafael: Nas redes sociais não existem fronteiras geográficas. Antes a única maneira de se fazer conhecer é fazendo shows. Imagina sendo assim até agora, cara existem muito poucos lugares que rolam shows de metal. Bares e casas clássicas acabaram fechando. E como você vai mostrar seu trabalho? A internet veio para ajudar a divulgar a banda, causar curiosidade. Mas não substitui a porrada na orelha ao vivo. É em cima do palco que mostramos nosso trabalho. A internet te ajuda até certo ponto, mas é ao vivo que se separam quem realmente toca. Sabe-se que hoje existe muitas bandas e músicos de quarto, que fazem música no computador. Não somos contra, mas na vida real, no palco, com a galera na frente é bem diferente. Tem que sentir a vibração! HMAN: 2014 foi um grande ano para o underground brasileiro. Como vocês veem esse atual momento do metal extremo? Rafael: Realmente parece que algo forte está ressurgindo, mas inda o espaço é muito pequeno. O mercado é foda, mas é a lei. Temos que meter a cara. Principalmente aqui no sul, várias pessoas estão se destacando na produção de shows, in-

vestindo nas bandas locais. E isso é muito importante para todos, todos crescem. Acho que ainda temos que deixar de lado certos estrelismos e briguinhas. Só assim teremos um circuito mais forte e produtivo, criando mais espaço para as bandas. Porque, cara, tem muita banda boa que ainda não saiu da garagem. HMAN: Além de divulgar o novo disco, quais os planos da banda para 2015? Rafael: Cara queremos fazer muitos shows pelo pais, tocar na europa e já começar a gravar o próximo disco. Já estamos a mil nas composições. Nossos ensaios são só para composições. As vezes matamos a saudade tocando um ou dois sons. Mas já estamos com 4 músicas prontas e mais 6 no caminho. HMAN: Deixo aqui um espaço para as suas considerações finais! Rafael: Agradecemos o contato, e espero que curtam o som do cd Just Let Me Rot. Gostamos demais dele e nossa maior alegria é quando alguém chega e diz: “cara que massa o som de vocês”. Acho que todo músico gosta disso, e realmente é por isso que vale a pena continuar lutando.


Melo'dic Death Metal

5 bandas brasileiras para conhecer o subgênero

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odo mundo tá careca de saber como o Death Metal surgiu e ganhou força no final da década de oitenta, ou pelo menos quem é entusiasta do gênero sabe ou deveria saber. Mas, por descargo de consciência, vamos dar uma retomada rápida. Já aviso não vou me ater em detalhes, vamos direto ao ponto.

mente ganhou adeptos e a sonoridade dos suecos tornou-se referência, e assim como o Death Metal Norte Americano, essa tem as suas peculiaridades. Vide Entombed e Dismember, lá no inicio dos anos 90. Tá, mas cadê as bandas brasileiras nessa história? Calma, o Melodic Death ainda nem surgiu! Tudo pronto, os astros se alinhavam para o surgimento de um novo subgênero. Com o passar do tempo elementos passaram a ser adicionados à sonoridade brutal e grotesca, como guitarras dobradas e muita influencia da NWOBHM. Logo, surgiu a cena de Gotemburgo, que começou a ganhar destaque com bandas como At The Gates, In Flames e Dark Tranquility e assim o “temido” Melodic Death Metal surgiu, o que para muita gente foi aí que a coisa degringolou, desandou, foi por agua abaixo, ou como preferir. Hoje apenas o At The Gates mantém a pegada, já que o In Flames há tempos não esboça ser o que um dia já foi e o Dark Tranqui lity segue no mesmo rumo. Isso de certa forma influenciou novas bandas e o surgimento de novos subgêneros como Metalcore e Nu Metal. Não que isso seja culpa dessas bandas, mas são exemplos de subgêneros moldados a partir de uma sonoridade extrema que começou a se popularizar e difundir ganhando novo elementos e adeptos, por sua sonoridade pesada, ritmada e às vezes “fofinha” e brutal.

Até ai tudo bem, tudo muito bonito. Mas e o Brasil? Pode-se dizer que o Melodic Death Metal ainda é um tabu no underground brasileiro, pois às vezes é confundido, ou não, com o Metalcore. O fato de algumas bandas resistirem e de novas surgirem prova que o subgênero vem ganhando força, mas ainda não é dos mais populares. Pretendo mostrar aqui alguns nomes da cena brasileira que não devem em nada para os suecos, que são peritos no assunto. Se o suecos são ou foram a principal força no que diz respeito ao subgênero, no Brasil o nordeste tem se mostrado uma força considerável, já que das bandas aqui apresentadas, três são da região. Para começar, nada mais nada menos do que o Malefactor, uma das mais antigas e respeitadas da cena. Surgida em 1991 em Salvador na Bahia, o Malefactor sem sombra de duvidas é o principal nome do Melodic Death Metal no Brasil. Apesar disso só conheci a banda em 2013, com o “Anvil of Crow”, registro absurdamente competente. Não pensei duas vezes quando decidi adquirir o Barbarian/Centurian edição especial de 2008, que conta com os respectivos discos Barbarian de 2003 e Centurian de 2006. O Malefactor apresenta uma sonoridade rápida, melódica, com muito peso e variações de andamento, o que dá um clima épico às composições, diferente dos Europeus, que seguem

MALEFACTOR um dos principais nome do Melodic Death Metal no Brasil

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O Death Metal ganhou força no final do anos oitenta nos Estados Unidos, mais especificamente em Tampa, na Florida - berço de um dos gêneros mais pesados, sangrentos e macabros do Heavy Metal. Discos como “Eaten Back to Life” e “Tomb of Mutilated” do Cannibal Corpse e ”Altars of Madness” e “Blessed are the Sick”

do Morbid Angel ganharam vida ali, nos pântanos cheios de crocodilos da quente e úmida Florida. Com o passar do tempo e a difusão do gênero pelo mundo, essa sonoridade pesada e grotesca chegou ao velho continente, e rapidamente bandas surgiram aos montes. A Suécia rapida-

KATAPHERO é um dos principais nome da nova safra do Melodic Death Metal nacional


uma linha mais direta. Outro nome de respeito e talvez não tão conhecido é o Obskure, banda de Fortaleza - Ceará, formada em 1989. O Obskure segue uma linha sonora mais pesada e com melodias mais sombrias, sendo uma das primeiras bandas de Death Metal brasileira a usarem arranjos sinfônicos. O Obskure alia muito peso - cortesia do Death Metal tradicional - com uma sonoridade carregada de melodias, formando assim uma atmosfera densa, mas marcante. Conheci a banda no “Dense Shades of Mankind” de 2012, que explora bem elementos sinfônicos e do Death Metal.

Por outro lado, alguns nomes novos tem se destacado no meio underground: o Kataphero, formada no ano de 2009 em Natal - Rio grande do Norte, é uma daquelas bandas emergentes que surpreendem logo no primeiro lançamento. “Life” é um registro maduro e consciente em sua proposta sonora. O trabalho apresenta uma sonoridade que alia muito peso, passagens melódicas e ambientações. Recentemente a banda lançou seu segundo full-lenght intitulado “From Dust”, que ainda não escutei, mas a julgar pela capa e pelo primeiro registro, deve ser coisa fina.

Mais um representante dessa nova safra, o D.A.M vem diretamente de Minas Gerais, e explora uma sonoridade mais melódica aliando muito peso e um vocal encorpado com passagens sinfônicas. Banda emergente, mas que merece atenção, pois em apenas dois anos já contabiliza quatro lançamentos e pouco a pouco ganha seu espaço na cena brasileira e também fora dela. O mais recente registro, “The Awakening”, mostra toda a eficiência sonora do grupo. Até para fazer uma lista com cinco bandas de Melodic Death Metal brasileira é preciso garimpar. Quatro foram fáceis de escolher, mas a quinta... Foi um processo de garimpagem, uma verdadeira exploração. Lógico que levei em conta a sonoridade e a atividade da banda (essa temática ainda pode render muito, pois existem inúmeras bandas que não estão na ativa mas deixaram excelentes registros). Não foi fácil, mas o Zilla se encaixou perfeitamente na sonoridade e na proposta da lista. A banda segue uma linha mais crua do Melod-

OBSKURE outro nome de peso, em termos de Melodic Death Metal nacional, mas que anda meio sumido.

ic Death Metal, se é que existe uma linha crua. Enfim, a sonoridade apresentada pelo Zilla é direta, sem muitas ambientações, ríspida, mas madura e encorpada, e com certeza vai agradar aos amantes do subgênero. Surgida em 2002 no Vale do Amanhecer no Distrito Federal, a banda conta com dois registros, um EP e o full-lenght “Pragmatic Evolution” de 2010. Sou um grande fã de Melodic Death Metal, mas sempre priorizei as bandas suecas e acabei por deixar as bandas brasileiras do subgênero de lado. Em minhas empreitadas pelo underground, pesquisando aqui e ali percebi que são escassos os textos sobre Melodic Death Metal brasileiro. Assim surgiu a ideia de montar um artigo de opinião expondo alguns nomes do underground brasileiro, de certa forma, esperando que essa minha curiosidade se torne útil para mais alguém. Então ai está, um pequeno apanhado de algumas bandas brasileiras que não devem em nada aos suecos.

Texto por Artur Azeredo Fotos: D.A.M divulgação, Obskure, Kataphero e Malefactor, retiradas da internet. D.A.M banda mineira, que em dois anos ganhou rápida notoriedade, pelos excelentes registros lançados

NOTA: A ideia inicial era fazer uma reportagem, com pauta nos festivais, eventos underground e shows internacionais. No entanto, dos cinco entrevistados, que entrei em contato e até encaminhei as perguntas, apenas dois respoderam, logo optei por um texto de opinião.


HMAN: Como foi tocar pela primeira vez no Rio Grande do Sul? O que vocês acharam do evento? Zhema: Era uma expectativa muito grande nossa fazer um show no Rio Grande do Sul porque achávamos que a banda ia terminar sem nunca ter pisado em solo Gaúcho. A produção do evento foi sensacional, em todos os aspectos, desde o cumprimento do combinado até a amizade que construímos nestes dois dias em que lá estivemos HMAN: Apesar de um contato rápido com o publico local, qual a impressão que tiraram da cena do sul do País? Zhema: Realmente não dá para formar uma impressão real sobre como é a cena, em apenas dois dias, no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, que foram os estados com mais pessoas presentes, mas dá para afirmar que toda a galera que conversamos estavam muito centradas na cena “Underground” e participavam efetivamente dela, seja membros de Bandas ou fãs de Metal. Nossa conversa foi rodeada de curiosidades dos dois lados e regada a muita ceerveja. Ah! Tem uma cachaça muito boa por ai também!

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30 Anos 1 show

onsiderada a primeira banda de Metal Extremo do Brasil, o Vulcano teve um inicio difícil. Passou por uma época conturbada, onde a Ditadura ainda era forte e a censura boicotava qualquer forma de expressão cultural. Formada em Santos no longínquo ano de 1981, a banda sobreviveu as ações do tempo e da estrada.

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HMAN: Como vocês veem esse atual momento do Heavy Metal no Brasil, sendo saturada de show internacionais? Zhema: É como na Europa por exemplo, há uma infinidade de bandas de varios lugares do mundo tocando todos os dias, porém o que ocorre lá é que a logística e a infra-estrutura permite que essa cena caminhem juntas. Estou falando desde os preços dos ingressos até os trens e metros que funcionam muito bem. Assim se uma banda que você quer ver estará tocando no mesmo dia que uma outra que você também admira, não tem problema, no dia seguinte você pega um trem e vai assistí-la em outra cidade. É tudo muito fácil e custa pouco. Diferentemente daqui, que você tem que escolher o que vai ver e esperar uma outra oportunidade sabe-se lá quando HMAN: “Wholly Wicked” foi lançado em 2014, é o trabalho mais recente da banda. Como é chegar há mais um lançamento? Como você ve esse trabalho? Zhema: Na minha visão o “Wholly Wicked” é uma sequencia natural de seu predecessor “The Man, The Key, The Beast”. Um álbum intenso


e original. As músicas fluem dentro de uma mesma estrutura. Já estamos preparando algo novo para 2015. Temos que aproveitar essa fase de boa criação. HMAN: Olhando para trás e vendo a discografia do Vulcano. Como você ve discos como ”Bloody Vegeance”, “Anthropophagy”? Qual a relevância desses clássicos para a consolidação do underground brasileiro? Zhema: O “Bloody Vegeance” foi um divisor de águas do Underground Brasileiro, queira ou não, ele foi um álbum totalmente diferente em concepção e estilo e por isso, mesmo mal gravado para os padrões atuais, ele é muito respeitado. No “Anthropophagy” fomos mais extermos e já partimos para a velocidade e “blast beats” e me lembro que naquela época fomos criticados por isso, mas com o tempo ele se tornou um álbum comum, pois no ano seguinte muitos começaram a fazer o mesmo. Lembro-me que fui severamente criticado pelo “Borivoj Krgin” da “Violent Noise” justamente sobre essa “extremização” do estilo, mas era o que estávamos fazendo. HMAN: Com relação ao underground brasileiro, como vocês veem o atual momento da cena?

Zhema: Eu percebo que o “Underground Brasileiro”, assim como o Europeu, se tornou uma realidade. Não tem como negar que ele existe e é forte, para o desespero de muita gente “metida a besta”. Atualmente conseguimos mostrar nossa força independente da mídia, revistas, etc. Não dependemos mais da boa vontade de “alguns” para mostrar nosso trabalho, ele é e existe. Não estou falando somente sobre minha banda, estou falando em nome de todas as bandas e pessoas que fazem esseverdadeiro “underground”... que se foda o “mainstream” HMAN: O Vulcano sempre teve uma temática antireligiosa muito forte em suas letras. Como você vê a ascensão de algumas religiões no Brasil? Zhema: Vejo com muito mêdo. A religião só cresce onde há ignorância, então isso significa que a ignorância assola este país! HMAN: Quais os planos do Vulcano para 2015? Veem trabalho novo por ai? Zhema: Sim, além de uma sequencia de relançamentos em vinil de nossos últimos álbuns, já estamos preparando algo novo! Ah! E também muitos shows.

HMAN: Deixo aqui um espaço para as suas considerações finais! Zhema: Eu agradeço esta oportunidade de expressar algumas idéias e falar em nome do VULCANO, principalmente para os leitores do Sul do

Brazil, e estamos negociando um evento em Porto Alegre para o meio do ano, se tudo der certo nos veremos em breve. Um abraço a todos os leitores e “Keep Banging”


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anda pernambucana de Death Metal, formada em 2008 na cidade de Camaragibe. Ainda em 2008 a banda lançou uma demo “The Dawn of a New Age” e quatro anos depois seu primeiro disco de inéditas “Domination.Occult.Art”, com foco na mitologia egípcia. Em 2014 a banda lançou seu segundo trabalho, “Sertão Saga” todo com letras em português e trazendo como temática central a ascensão e queda de Lampião. HMAN: Conte-nos como surgiu a Hate Embrace? No inicio a banda era apenas Ricardo e Dimitrius, eles tinham acabado de sair de outra banda e não queriam parar o trabalho que estavam fazendo, pois ainda tinham muitas ideias para pôr em prática. Assim criaram o Hatembrace (que depois da mudança da logo feita pelo Christophe Szpajdel, ficou Hate Embrace) que acabou ficando até o lançamento da demo. HMAN: A banda surgiu em 2008 e no mesmo ano lançou uma demo “The Dawn of a New Age”. Como você ve esse material? A demo foi importante para a banda por várias razões. Primeiro, por ser nosso primeiro registro, que apresentou nosso trabalho em outros Estados do Brasil. Depois porque, durante a sua gravação, surgiram várias músicas que não foram aproveitadas na demo, mas que serviu de base para o nosso primeiro álbum, o Domination. Occult. Art., que tem a mesma temática egípcia. A demo é um material muito interessante e se hoje não temos nenhuma música dela em nosso setlist é porque estamos empolgados na divulgação do Sertão Saga. Mas logo teremos alguma música da demo em nossos shows.

Dando a cara a tapa... 20

HMAN: Em 2012 a banda lançou seu primeiro full-lenght, por que esse espaço de quatro anos? Qual foi a maior dificuldade encontrada para lançar “Domination. Occult. Art”? Depois da gravação da demo, a banda passou por um momento de instabilidade em sua formação. Foram várias mudanças ao longo do tempo, só vindo se estabilizar novamente em 2011, quando finalmente foi possível finalizar o processo de composição e gravação. Por isso este lapso temporal tão grande. HMAN: Como funciona o processo de composição dentro da banda? O Ricardo Necrogod geralmente cria bases e letras que são apresentadas para a banda e, a partir do esqueleto formado, os demais membros vão

testando a necessidade de se incorporar novos elementos musicais ou líricos. Sempre há bastante espaço para a participação de todos os membros no processo criativo. HMAN: “Sertão Saga”, disco lançado em 2014, narra a saga de Lampião, como surgiu a ideia de trabalhar essa temática? Como foi compor esse trabalho? A ideia do Sertão Saga surgiu ainda em 2008, quando a banda ainda trabalhava na demo, e seria o primeiro full-lenght do Hate Embrace. Porém, a ideia precisava de amadurecimento , e como foi dito, havia material interessante que não entrara na demo, que merecia atenção, gerando assim o D.O.A. Mas o projeto do Sertão Saga foi sendo amadurecido paralelamente e finalmente, em 2013, começamos definitivamente a trabalhar nele. HMAN: O mais recente trabalho da banda figurou na lista de melhores do ano da Roadie Crew, vocês esperavam esse retorno? Esta foi uma grande honra para a banda. A banda sabia que tinha feito um bom trabalho, mas não imaginava quais seriam as reações da crítica, e foi uma surpresa muito boa o fato das críticas serem todas muito positivas. Havia alguns desafios como as letras em português e a própria temática regional que acreditávamos que receberia alguma resistência, mas estávamos seguros do trabalho realizado e demos a cara a tapa. Felizmente foi o oposto, tudo foi muito bem recebido e elogiado, o que nos deixou muito satisfeitos. HMAN: Como vocês veem o atual momento do underground brasileiro? O underground em geral é cíclico, alterna momentos de alta efervescência com períodos de entressafra de bandas e shows. Pelo menos, em relação ao Nordeste, o underground está em um bom momento, com muitas bandas em atividade, bons materiais lançados e com o público se renovando e participando dos shows.


HMAN:Quais os planos da Hate Embrace para 2015? Em 2015 estamos com uma agenda de shows bem interessante até o momento, e vamos nos dedicar mais, ao menos neste primeiro semestre, às apresentações pelo Nordeste e outras regiões do Brasil. Porém, já começamos a trabalhar no novo álbum do Hate Embrace, a ser gravado no próximo ano. Também estamos trabalhando em um novo videoclipe para o Sertão Saga, então no segundo semestre os headbangers que acompanham a banda terão boas surpresas.

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HMAN: Deixo aqui um espaço para as suas considerações finais! O Hate Embrace gostaria de agradecer o espaço e o suporte concedido pelo Heavy Metal All Night à cena do Metal Nacional. São trabalhos como este que fortalecem o underground e ajudam a tornar tudo isso possível. Queremos agradecer aos guerreiros que acompanham a banda, e avisar que mantenham-se ligados, porque logo teremos boas notícias. Stay tuned!, Sigamos em frente!


I

nicialmente formada em 1997, a banda chamava-se Torment, após um hiato retoma suas atividades, agora sobe o derradeiro nome, In Torment. De 2003 em diante as coisas começaram a acontecer, uma demo e dois discos depois a In Torment se encontrava em Tour pela Europa, o que rendeu um DVD com documentário sobre a tour. Em outubro de 2014 a banda lançou o seu terceiro full lenght “Sphere of Metaphysical Incarnations”. HMAN: Como surgiu a In Torment? O que levou ao hiato inicial após o lançamento da primeira demo? Alex: O In Torment foi formado por cinco sujeitos realmente apaixonados por metal extremo. Desde os primeiros dias já tínhamos em mente a sonoridade que buscávamos atingir que é tocar um Death Metal aliando a sonoridade dos anos 90 com uma variação rítmica mais técnica. E, lenta e gradualmente, fomos colocando em prática nossos ideais. Em 2002, a banda permaneceu por alguns meses inativa em virtude da dificuldade de encontrar pessoas interessadas e aptas a dar sequência nas atividades de uma banda underground. HMAN: Em 2006 a banda lançou seu primeiro disco completo de inéditas “Diabolical Mutilation of Tormented Souls”, como você vê este trabalho? Alex: O “Diabolical” foi um álbum muito importante para a banda. Vínhamos de duas demos e nos sentíamos aptos a alçar um voo mais alto. As músicas são bastante diferentes entre si, uma vez que foram compostas entre 1997 e 2006 e com diferentes formações. Ainda nos sentíamos com pouca confiança em estúdio o que culminou num álbum difícil de ser gravado. Olhando retrospectivamente, ainda tenho orgulho do álbum, embora se fosse possível voltar no tempo, acho que faríamos algumas coisas de maneira diferente. Foi no “Diabolical” que formamos a parceria com o selo Rapture Records que dura até hoje.

Paixao pelo Metal Extremo 24

HMAN: A partir de “Paradoxical Visions of Emptiness” de 2011, a banda mergulhou em um conceito, que se estende até o mais recente lançamento. Como surgiu essa proposta? Alex: Com o passar do tempo, comecei a me interessar mais em assuntos relacionados à ciência, física, astronomia, filosofia e livros acerca de temas sobrenaturais. Como letrista, eu estava um pouco cansado de temáticas splatter, assim como de questões religiosas e políticas. A ideia de escrever um álbum conceitual nasceu nessa tentativa de fundir uma série de assuntos diversos dentro de uma estória linear. Os conceitos do “Paradoxical” e do “Sphere”, contudo, são diferentes. HMAN? Este conceito proposto trata do surgimento de uma nova divindade. Como é com-

por tendo um conceito, obedecendo uma narrativa já pré definida? Essa linha será seguida nos próximos materiais? Alex: Confesso que escrever um álbum conceitual não é uma tarefa simples, ainda mais em virtude da grande variação instrumental que caracteriza o som do In Torment. Costumo escrever as letras após a conclusão das músicas. Mas desde antes da concepção do primeiro som já tenho em mente a estória que será desenvolvida. Atualmente, estou trabalhando em algumas ideias líricas para o próximo álbum. Inclusive, com um nome provisório. HMAN: O segundo disco da banda rendeu uma tour pela Europa, como foi esse giro? E como surgiu a ideia do DVD? Alex: A “Torment Over Europe Tour 2012” foi à realização de um sonho antigo de todos os integrantes da banda. Tocamos em países como República Tcheca, Itália, Alemanha, Polônia, Croácia e Hungria. A receptividade aos shows sempre era insana! Tocar com bandas do porte de Suffocation, D.R.I. e Sinister foi realmente empolgante e conhecer esses músicos também foi muito bacana. Em geral, a turnê nos trouxe uma experiência muito grande, não apenas em termos musicais, mas também em relação a questões políticas e sociais. Por sua vez, a ideia de lançar o DVD foi a de registrar esses momentos importantes para o In Torment e apresenta-los para as pessoas que apreciam a banda. HMAN: “Sphere of Metaphysical Incarnations”, o mais recente lançamento da banda, saiu no final de 2014, como tem sido a aceitação desse material? Já estão pensando no próximo? Alex: A receptividade ao “Sphere of Metaphysical Incarnations” tem sido realmente excelente e está até mesmo acima de nossas expectativas iniciais. Temos encontrado comentários extremamente favoráveis em diversas revistas/blogs/sites ao redor do mundo. No Brasil, temos recebido um feedback muito positivo das pessoas que tem adquirido o álbum. Esperamos, porém, melhorar a divulgação do álbum nacionalmente no que tange a revistas e sites especializados. Sobre um novo álbum, ainda é um pouco cedo para começarmos a compor. Mas ideias sempre vão surgindo.


HMNA: A capa de “Sphere of metaphysical incarnations” merece um destaque a parte, de quem é a arte? Como ocorre a conexão da arte da capa com o conceito por trás das letras? Alex: O trabalho realizado no novo álbum é o resultado de um esforço coletivo dentro do IN TORMENT. Desenvolvi o conceito lírico e a ideia básica da capa, retratando os elementos importantes a serem apresentados. Com a ideia inicial, o Rafael (guitarrista) criou toda a arte. Para completar, o Bruno (baixista) ficou encarregado de toda a coloração e montagem do material. O resultado final ficou muito bom. A capa retrata o nascimento da divindade a partir da fusão da carne e o espírito da humanidade. A esfera representa esse novo deus. Não gosto de detalhar muito o conceito do álbum, acho mais interessante deixar o ouvinte ler o material e tirar suas próprias conclusões. Portanto, se as pessoas querem adentrar os conceitos do álbum verdadeiramente, elas devem adquirir o álbum, colocá-lo para tocar e ler o material com calma.

HMAN: Mesmo com os acontecimentos do Zoombie Ritual no final de 2014, o ano de 2015 iniciou cheio de anúncios de grandes shows internacionais. Certo que o Brasil já virou rota certa para grandes shows. Como você vê esse atual momento do Metal brasileiro, saturado de shows internacionais? Alex: Essa é uma pergunta muito boa... mas um pouco difícil de ser respondida. Para o público em geral é excelente, sem sombra de dúvida. Ver seus ídolos anualmente é uma coisa muito boa. Para as bandas pequenas como o IN TORMENT, isso pode ser positivo ou não, dependendo muito do produtor desses eventos. Às vezes, as bandas nacionais tem a chance de tocar com essas grandes entidades musicais, o que traz um grande retorno para os envolvidos. Por outro lado, essa enxurrada de gringos coletando dinheiro em nosso país tem destruído pequenos eventos com bandas nacionais, uma vez que o público prefere guardar dinheiro para esses shows maiores.

HMAN:Quais os planos da In Torment para 2015, quem sabe mais um giro pela Europa? Alex: Temos a intenção de divulgar o máximo possível o novo álbum. Em breve estaremos anunciando novidades sobre as atividades da banda em relação a shows e divulgação. HMAN: Deixo aqui um espaço para as suas

considerações finais! Alex: Gostaria de agradecer ao Heavy Metal All Night pela oportunidade de divulgação e pelo apoio sempre presente. Aqueles que quiserem obter informações mais detalhadas sobre a banda, escrevam para alexzuchi@hotmail.com e acessem: https://www.facebook.com/intormentbr Stay Fucking Brutal!


N

o incio de 2014 a banda lançou o debut álbum “The First Attack”. Em medos do mesmo ano fizeram um giro pelo Brasil tocando em 19 cidades dos estados “SP,RJ,MG,BA,AL,SE,PB,PE e RN”. Tarcisio Spiritcrusher guitarrista da banda, relatou um pouco sobre esse giro e o saldo dessa tour. HMAN: Tarcisio, como foi essa tour, passando por 19 cidades em 9 estados durante 05 semanas? Tarcisio: Fala Grande Artur! Cara, foi sensacional! Fica difícil ate descrever, conhecemos muita gente bacana, cortamos muita estrada (mais de 12.000 km), em algumas cidades pegamos casas de shows lotadas com equipamento de primeira linha e no dia seguinte eventos na garagem com som de ensaio que foi tao insano quanto! Muitos rolês pelas bares, pub’s butecos das cidades..Particularmente falando, foi a melhor experiência da minha vida ate agora. HMAN: Como foi a experiência de tocar para públicos distintos durante esse periodo? Tarcisio: Isso é um lance curioso, pois chega um momento que voce meio que perde a noção do tempo, tipo Sexta show em Sampa, sábado no Rio e domingo voce acorda em Minas pra tocar de novo. Nesse periodo você faz muitas amizades, fortalece outras, divide palco com muita banda boa, conhece outros produtores de eventos, donos de sites, selos e zines, faz troca de material. Meio que você vive muita coisa em um

The First Invasion Tour 28

curto espaço de tempo. HMAN: Essa tour foi realizada de forma independente, com recursos próprios, qual o saldo da “The First Invassion Tour”? Tarcisio: Financeiramente sim, a tour foi feita totalmente independente e custeada pela banda. Contratamos o serviço de booking/Driver do nosso irmão Victor Elian (Speed Freak/Escarnium) unimos os contatos, agendamos os shows e caímos na estrada. Com os cachês e a venda de merchan o saldo ficou positivo novamente. Em contrapartida, tinha muita gente apoiando essa tour, desde velhos amigos que nos acompanham desde o inicio da banda até o pessoal dos selos que lançou o disco, os brothers que conhecíamos apenas por internet estavam sempre divulgando a tour, ou levando a gente pra conhecer as cidades, saindo nas boemias e fazendo um rolê turistico, ou descolando rango ou casa pra gente dormir nos day off’s, esse apoios foram de suma importância! O Saldo final foi o prazer e a gratificação de rodar o país tocando Thrash Metal e ver que existem muitos headbangers insanos sedentos por metal que apreciam, fortalecem e vivenciam o under-


ground do nosso pais, que é tao carente de apoio. HMAN: Como foi receptividade do “The First Attack” por onde passaram? Tarcisio: Foi Surreal! Levamos bastante material, nossos e de outras bandas, entao nosso merchan tava bem variado. O bacana é que o The First Attack foi lançado em fevereiro, depois da tour ficamos com pouquíssimas copias e em Novembro ele se esgotou por completo, confesso que foi uma surpresa e tanto! HMAN: Apos a 05 semanas na estrada a banda fez uma pausa nos shows? Tarcisio: Na verdade a tour completa teve cerca de 03 meses, onde tivemos 05 semanas ininterruptas e os demais shows esporádicos nos fins de semana, sext,sab e dom. Foi o tempo de voltarmos pra casa organizar as pendencias com trabalhos, estudos e etc e fim de semana voltar a tocar. HMAN: Vocês que estavam na estrada, podem falar com mais propriedade, como está o

cenário underground brasileiro? Tarcisio: Cara, fora umas picuinhas infantis que sempre rolam aqui e ali, no geral eu vi muita gente ralando pra manter uma cena ativa, tem cara dando sangue sem medir esforços pra fazer evento em sua cidade natal, muita banda na correria de compor, gravar um material legal, cair na estrada enfretando todas as dificuldades que aparecem, e não são poucas! Tive a certeza que o Underground de fato existe e que ele esta todo interligado seja por um..dois..tres amigos em comum. HMAN: Deixo aqui um espaço para você fazer suas considerações finais! Tarcisio: Queria agradecer pelo espaço cedido, e parabeniza-los por mais uma iniciativa fodida vindo de voces, espero blasfemar thrash metal por terras sulistas em breve! Aos que acompanham o SOS, mais um vez obrigado pela força, ainda esse ano relançaremos o The First Attack e ja estamos nos programando pra segunda parte da First Invasion Tour! A invasão profana esta apenas começando!! 666


A banda encarregada de abrir o evento seria a Rotteness, mas infelizmente um dos integrantes estava machucado e eles não puderam cumprir esta tarefa. Então a Isfet (que encerraria a noite) abriu os trabalhos. Banda nova, mas com sangue nos olhos! Rolou até um cover do Dissection. Já era noite quando a Krozodus subiu ao palco e mostrou a força feminina no metal underground. Na sequencia veio a Apophizys, e como se esperava, fez uma apresentação impecável e brutal. A Mithrubick veio logo depois e deixou muitos hematomas e pescoços doloridos. E como se ainda não bastasse tinha o Death Metal da Bomb Shelves, o Black Metal da Bizarre Angel, e o HardCore da T.S.F. O que dizer do Black Metal apresentado pelos veteranos da Movarbru? Mostraram por que a banda tem status de banda “cult” no underground gaúcho. O segundo dia de festival começou com apresentações na parte da tarde. A Acefalia, banda que não estava no cast, foi a terceira a subir no palco e fez uma das apresentações mais brutais da tarde de sábado. Ainda tocaram Carrasco, Epitaph (com seu Heavy Metal empolgante), Storm Stell e Imortal Persefone, que mesmo sem um baixista mostrou muita eficiência em seu Black Metal.

Mais uma vez a garotada deu as caras: a Poison Beer, banda de Trash Metal/Crossover mostrou muita energia em cima do palco. Na sequencia vieram: Asper, South Legion (como um verdadeiro “ataque Maragato”, deixando algumas cabeças pelo chão), Symphony Draconis (como sempre eficiente) e um dos principais nomes do Grindcore brasileiro, o Flesh Grinder! Ganharam o palco, e mais sangue e carne podre jorraram. No entanto ainda tinha mais, e a Zombie Cook Book fez uma apresentação teatral, um verdadeiro show de horror. Logo chegou a vez do show mais aguardado da noite, dos veteranos do Vulcano! Com Trinta anos de estrada, fariam o primeiro show no Rio Grande do Sul, e a apresentação foi impecável. Mostraram muito vigor e destilaram os clássicos para delírio dos bangers! Foram atenciosos e incansáveis. Apresentação matadora, fechando a segunda noite com chave de ouro. O domingo amanheceu com muita chuva, e por problemas de logística, não foi possível acompanhar o terceiro dia do evento. Mas os dois dias foram impecáveis, estruturalmente o evento não teve problemas, e o local para camping, apesar do terreno ser meio íngreme, serviu perfeitamente

para o pernoite dos campistas. Os ba

O

2º EN Carna foi realizado no balneário Canto do Lazer, localizado na cidade de Erechim/RS, nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro. O festival reuniu bandas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, com um cast composto com mais de 30 participantes dos mais variados sub gêneros do heavy metal, para não deixar ninguém descontente.

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ponibilizados se mantiveram incrivelmente limpos, tudo graças a organização. Não houve depredações e nenhum problema mais grave foi registrado. Com relação às bandas, o festival foi de alto nível e com muitas bandas jovens, mostrando uma certa renovação. Os nomes já consagrado se fizeram presente e não fizeram feio, com apresentações

dignas e devastadoras, deixaram muitos pescoços doloridos. Fora a chuva - presença constante no três dias de evento - nada abalou o espirito dos Headbangers, que foram prestigiar o evento. E quem não foi... Perdeu um evento que com certeza ficará marcado na historia do underground gaúcho.


SPARTACVS - IMPERIVM LEGIS

RESENHAS PATRIA - INDIVIDUALISM Quinto full-lenght da horda gaucha. Intitulado “Individualism”, o disco foi gravado entre outubro e dezembro de 2013, em Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul. A mixagem foi feita em fevereiro de 2014, na Noruega e ficou a cargo de Oystein G. Brun (Borknagar). A arte é de Costin Chioreanu, que já trabalhou com Darkthrone, Ulver, Absu, Mayhem entre outras. O lançamento ficou a cargo da Suphur Records. O disco trás 11 faixas, seguindo os moldes da escola Norueguesa, com um Black Metal cru, gélido e com algumas melodias. No entanto a horda aposta em ambientações que dão um clima próprio aos hinos, tornando a atmosfera do disco densa e um tanto quanto caotica. Composições bem trabalhadas, apresentando variações de vocal e rítmica, ora mais cadenciada ora mais acelerada. Sem duvida nenhuma é um excelente registro, desde o cuidado com a arte gráfica, ate as composições bem elaboradas.

BLOODWORK - JUST LET ME ROT Depois de 10 anos de estrada os gauchos da Bloodwork, lançam seu primeiro full-lenght. Intitulado “Just Let Me Rot”, o trabalho foi gravado no Hurricane Studio, produzido pela própria banda e por Sebastian Carsin, que também fez a mixagem, a arte gráfica é do competentíssimo Marcos Miller. Lançado através da parceria entre cinco selos, entre eles a Rock Animal, os quais também são responsáveis pela distribuição do material. “Just Let Me Rot” contém oito faixas, a bolacha não passa dos vinte e cinco minutos de audição, o que não faz muita dife rença, pois a qualidade é tamanha que você vai apertar o play de novo. A sonoridade atingida no disco é certeira, um Death Metal Drutal, apresentando os grandes jargões do gênero, mas tudo na ponta da caneta. As faixas, “Suck My Cut Finger” e “Necro Sex Club”, são absurdamente brutais e trazem o lado mais cadenciado do Death Metal. “Human Slaughterhouse”, “Rotten 69” e “Toothed Vagina”, são mais diretas, caóticas, cheias de blast beats.

Selos/Distros e Assessorias intereçadas em enviar material para resenha entrar em contato pelo email: contatohman@gmail.com

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Segundo full-lenght dos veteranos do Spartacvs, com 30 anos de estrada a banda gaúcha mostra em “Imperivm Legis” que ainda tem muito a acrescentar ao Heavy Metal brasileiro. O trabalho foi gravado e mixado por Sebastian Carsin no Estúdio Hurricane em Porto Alegre entre maio de 2010 e agosto de 2011. Lançado no início de 2015 o disco conta com 11 faixas apresentando um Heavy Metal tradicional, cantado em português. O trabalho em si aborda temas reflexivos cotidianos, como a solidão a sede de justiça, enfim o que espanta é a melodia e como tudo se encaixa em cada faixa. Quando escutei “Encontro de Almas” logo me veio a cabeça “Na Luz da Conquista”, primeiro e único registro do Astaroth, aquela melodia soturna com um peso absurdo, presente em todo o disco. Fora o belíssimo encarte e a produção certeira, faixas como “Encontro de Almas”, “Na Rota da Colisão”, “Império da Lei”, “Noite sem Lua” e “Fruto da Criação” merecem menção. Excelente registro!

HATE EMBRACE - SERTÃO SAGA Segundo disco de inéditas dos Pernambucanos do Hate Embrace, um trabalho conceitual que narra a saga de Lampião. ”Sertão Saga” foi lançado em 2014, produzido pela própria banda e por Joel Lima, distribuído pela Black Legion Productions. A bolacha conta com 10 faixas e diversas participações de músicos e instrumentistas da cena Pernambucana. Em se tratando da sonoridade o trabalho apresenta um Death Metal tradicional, com algumas ambientações que dão uma atmosfera dramática e densa as composições. O acréscimo de passagens com ritmos locais ditam o clima de sertão. Todas as faixas são cantadas em português, o que não descaracteriza em nada a sonoridade, e não se esperava menos, em se tratando de um trabalho conceitual. Destaque fica por conta da produção e das composições bem trabalhadas, o cuidado com os riffs e ambientações, que proporcionaram uma unidade sonora ao disco. Faixas como “Intolerância”, “Utopia”, “Lampião Rei” e “No Rastro”, merecem destaque.

SOUTHERN WARFRONT - STORM DIVISION Segundo EP da horda gaucha , lançado em 2014 “Storm Division”, saiu via Interior Soul Zine Distro, Blasphemic Art, Cianeto Disco e Wolf War Distribuição. O EP trás sete faixas, sendo um cover para “La Grande Danse Macabre” do Marduk e uma faixa bônus. Chegando ao pouco mais de 27 minutos de audição, o material soa como uma unidade sonora, devastadora e caótica. Com “Storm Division” a horda mostra a força do metal negro no sul do País, com um EP maduro e conciso. Faixas rápidas, riffs cortantes e vociferações igualmente dosadas, dão ritmo a atmosfera do disco. Destaques ficam por conta da faixa bônus “Campos Sulistas” que é cantada em português, a instrumental “Storm Division” que abre o EP e a brutal “Pure Blasphemy”.


UGANGA - OPRESSOR “Opressor” é o quarto disco de estúdio dos mineiros do Uganga. Lançado em 2014 pela Sapólio Rádio, com distribuição pela Voice Music e Hellion Records, o disco foi gravado no Estúdio Rocklab em Goiania/GO com a produção de Gustavo Vasquez. A arte do encarte ficou a cargo do artista Beto Andrade. O trabalho contém 13 faixas e uma versão para “Who are the True?” do Vulcano. O disco mantém a essência Thrashcore cantado em português do Uganga, com elementos do Hard Core, flertando com o Metal Extremo. “Opressor” não chega a ser um disco conceitual, mas todas as faixas de certa forma narram as mazelas, duvidas, fraquezas, erros, questionamentos do ser humano. Além do belo encarte, sonoramente o disco é inquestionável, excelente produção. Faixas como “O Campo”, “Opressor”, “Modus Vivendi”, “Aos pés da Grande Arvore” e “Guerreiro”, são destaques, não que a unidade deva ser desconsiderada, pois esse trabalho merece repetidas audições.

DYINGBREED - WORSHIP NO ONE Primeiro full-lenght dos gaúchos da Dyingbreed. Lançado em março de 2015 via Oneye Records, Rapture Records e Mutilations Productions a bolacha contem 10 faixas. Gravado no Estudio Hurricane em 2014, mixado e produzido por Sebastian Carsin e pela própria banda. A arte gráfica, mais uma, é do competentíssimo Marcos Miller. Se na demo “Killing the Image of Your God” a banda já apresentava um Death Metal brutal, em “Worship no One” todas as suspeitas se confirmaram. O disco apresenta uma sonoridade intensa, rápida, com passagens certeiras, cadenciadas, perfeito para um bate cabeça. A produção é um destaque a parte, trabalho sonoramente impecável. Com este lançamento a Dyingbreed mostra a que veio, e se firma com um dos principais nomes do Death Metal gaúcho na atualidade. “Kill the Betrayer”, “Into the Grey”, “Corporal Rites” e “Cast in Stone” são dignas daquela dor no pescoço.

CHEMICAL DESASTER - MORE SCRAPS OF OUR WOUND Compilação lançada em março de 2015 pelos veteranos do Chemical Desaster. Reunindo algumas faixas inéditas, covers e musicas de algumas Demos, totalizando 16 faixas somando pouco mais de 40 minutos de audição. O trabalho foi lançado por um verdadeiro emaranhado de selos, são eles; Hammer of Damnation, Pictures From Hell, Nyarlathotep Records, Feed Bizarre Distro, D.F.L. Productions, Impaled Records, Turbulation Prods, Infernal Rites Distro, Violent Records, Rock Animal e Heavy Metal Rock. A compilação abrange as varias formações da banda dês da mais recente com as faixas inéditas, até composições mais antigas retiradas de algumas demos. O que de certa forma mostra que a sonoridade da banda em nenhum momento oscila, nem sai da sua linha característica o bom e velho Death Metal. As inéditas “Cannibalistic Greed” e “Under the Darkness” são brutais sem falar em “Mataram por Cristo” que é pura blasfêmia.

UNMASKED BRAINS - MACHINA “Machina” é o primeiro full-length dos veteranos do Unmasked Brains, banda de Thrash Metal carioca. Originalmente formada em meados dos anos noventa, mas só em 2014 lançou seu debut. O disco vem no formato digipack e trás nove faixas somando 45 minutos de audição. O Unmasked Brains consegue em “Machina” aliar o peso e a versatilidade do Thrash Metal com a melodia característica do Heavy Metal Tradicional. Sem soar forçado, mas algo próprio, fazendo da sonoridade diferente, única. Chega a lembrar o Thrash Metal que algumas bandas faziam lá na metade dos anos oitenta inicio dos anos noventa, mas aqui a sonoridade é colocada de outra forma, menos agressiva, mais trabalhada, polida e melódica. Fora o acabamento gráfico do material, destaca-se também a preocupação com as composições e a qualidade sonora. “The New Order of Disorder”, “A Maquina” (única faixa cantada em português), “Lost Control” e “Life has no meaning” são provas da eficiência e versatilidade sonora do Unmasked Brains.

MYTHOLOGICAL COLD TOWERS - MONVMENTA ANTIQVA Quinto full-length dos veteranos do Mythological Cold Towers, “Monvmenta Antiqva” saiu em abril de 2015 pela Nuktemeron Productions. Contendo oito faixas o disco soma uma audição de pouco mais de 40 minutos. Como de costume a banda destila seu Doom/Death Metal com muita classe, composições arrastadas, absurdamente soturnas e atmosféricas. Tem bandas que conseguem fazer verdadeiras obras primas, “Monvmenta Antiqva” soa assim, na medida, Doom Metal para ninguém colocar defeito. Disco bem encorpado com faixas bem trabalhadas e ambientadas. Destaque, chega a ser heresia citar uma ou outra faixa, pois o trabalho merece uma audição atenta, mesmo assim vou citar “Ballbeck” que é calma e melancólica, “Beyond the Frontispiece” faixa carregada, densa, fora as ambientações em “Vetvstvs” e “Votive Stelae” que chegam a ser agonizantes.

ANIMAL HOUSE - LIMBO Segundo registro dos paranaenses do Animal House, intitulado “Limbo”, o EP de quatro faixas foi lançado em 2015 de forma independente. Com pouco mais de 15 minutos de audição o disco mostra muito potencial, com composições bem trabalhadas. “Limbo” trás uma sonoridade moderna, com elementos do Blues e do Southern, tudo isso com muito Groove. O Animal House aposta em faixas bem encorpadas, e em uma mescla de elementos Extremos e Clássicos, criando uma sonoridade ousada mas funcional. “Monochromatic” talvez seja o maior destaque da bolachinha, a intro de “New Age Messiah” também merece menção e “Middle Finger Blues” pode grudar depois de algumas audições. Talvez o ponto fraco seja a produção que deixou um pouco a desejar. Banda demonstra muito potencial criativo, mas carece de uma produção melhor.


EL SANTO ASSESSINO - REPUBLICA DP CAOS Formada em dezembro de 2013 na cidade de São Paulo o El Santo Asesino é uma banda que não se prende muito a rótulos. Apresentando uma sonoridade rápida e bruta, mesclando elementos do Metal Extremo os caras criam uma sonoridade única, detalhe, cantada em português. O EP “República do Caos” é o segundo registro da banda, o primeiro é a demo “O inimigo do meu Inimigo”. Contendo seis faixas somando um pouco mais de 17 minutos de audição, o EP assim como a demo trazem uma sonoridade brutal, mesclando elementos do Grindcore e Death Metal. Sempre com letras acidada com uma visão critica da sociedade, politica e religião, vide “Evangelho do Odio” e “Republica do Caos”. “Republica do Caos” foi lançado de forma independente e disponibilizado no site da banda para download. A produção e a gravação foram feitas pela própria banda, e o resultado é absurdo. O EP é bem trabalhado trazendo uma sonoridade rápida, direta, bruta.

DIVISION HELL - BLEEDING HATE “Bleeding Hate” é o primeiro full-length dos curitibanos do Division Hell, banda de Death Metal formada em 2010. Gravado no estúdio Clinica Pró Music entre 2012 e 2015 o trabalho foi lançado via Black Legion Productions. Contendo nove faixas a bolacha nos apresenta uma banda afiada com uma sonoridade bem executada e ambientada. Alternando entre a cadencia e a velocidade, dosando passagens de bateria e intercalando com riffs e solos empolgantes, “Bleeding Hate” é certeiro, pesado e bruto na medida certa. Não é algo inovador, o fato é: os caras acertaram a mão. Ao longo dos seus 40 minutos de audição, nota-se, além do lado característico do Death Metal, muitos elementos do Thrash Metal. Trabalho conciso, verdadeiro paredão sonoro, de bater cabeça do inicio ao fim.

PRIMATOR - INVOLUTION Debut albúm dos paulistas do Primator, lançado em março de 2015, após seis anos de estrada. Contendo dez faixas, o disco foi gravado no Estúdio GR, com produção de Daniel de Sá. A arte da capa é do vocalista Rodrigo Sinopoli, e reflete bem a temática explorada, nas composições. Trazendo o conceito inspirado em “A Origem das espécies” de Charles Darwin, e em outros pensadores da filosofia e psicanalise. “Involution” apresenta um Heavy Metal tradicional, mas nada de mais do mesmo. A banda apresenta uma sonoridade vigorosa, com uma fúria invejável e riffs cheios de energia. O vocal de Rodrigo também merece menção, pois da corpo as composições preenchendo com maestria as melodias. Excelente registro, conciso, bem acabado, cuidadoso do encarte ao refino das composições. O que dizer de “Face the Death”, “Erase the Rainbow” e “Praing for Nothing”? É difícil achar adjetivos!

BLOODY VIOLENCE - DIVINE VERMIFUGE Lançado em 2015 por quatro selos/distro, Rock Animal, Terceiro Mundo Chaos, Oneye Records e Violent Records. “Divine Vermifuge” é o primeiro full-lenght dos gauchos da Bloody Violence. Gravado no Estúdio Hurricane em Porto Alegre o trabalho foi produzido por Sebastian Carsin e a belíssima arte gráfica é do Rafael Tavares. Contendo oito faixas, a bolacha soma uma audição de pouco menos de 40 minutos. Para quem já escutou o EP “Obliterate”, “Divine Vermifuge” segue a mesma linha, mas com uma evolução considerável no que diz respeito aos andamentos, alternâncias de elementos e a técnica. Além disso, o disco trás um Technical Death Metal explorando a exaustão as linhas de guitarra, com um baixo no talo e um vocal esmagador. O trabalho é maduro e conciso, tecnicamente excelente e a produção ficou na medida, deixou tudo limpo, mas absurdamente pesado. “Sky Burial”, “Overseers”, “The Fathermaker”, “Mother of the Dying” e “Putrid and Damned” refletem bem a sonoriade, técnica e brutal da Bloody Violence.

MORTUO - OLD MEMORIES OF THE PAST Primeiro full-length da One Man Band de Curitiba, Mortuo. Gravado, mixado e masterizado por Vox Morbidus, que também é responsável por todas as letras e instrumentos, e pela parte gráfica. O processo de produção do disco durou de Dezembro de 2013 até Março de 2015, sendo lançado em Maio por 10 selos, entre eles a Rock Animal. O trabalho conta com 10 hinos, sendo dois tributos “Devil Eyes” do Evilusions e “Raise the Dead” do Bathory. Em se tratando da sonoridade “Old Memories of the Past” apresenta um Black Metal trabalhado e bem ambientado, trazendo elementos do tradicional até arranjos sinfônicos. Alternando entre, passagens calmas e ambientadas com momentos mais rápidos e ríspidos. A produção não deixou a desejar, “Old Memories of the Past” soa como deveria soar, sombrio, melancólico, obscuro. Trabalho maduro, conciso, sonoridade extrema sem soar data. “Old Memories of the Past” trás bem essa alternância de elementos e ambientações, por outro lado “Obscure Ancient War” e “For Profanation” trazem o lado mais rápido e sombrio, mas mantém os elementos sinfônicos, afinal é o que dita a atmosfera obscura do trabalho.

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ESCLARECIMENTO Essa edição da revista Heavy Metal All Night deveria ter saido em Março de 2015. Mas entrevistas e resenhas foram se acumulando, entrevistados demoraram para enviar as respostas, iniciaram as aulas, enfim virou uma bola de neve. Em dezembro de 2015 consegui desatar esse nó, e em Janeiro de 2016 dei continuidade na parte gráfica e finalização desta edição. Peço desculpa as bandas, selos, distros, assessorias, enfim a quem mais estava ou esteve envolvido nesse projeto, ou quem estava ansioso pela segunda edição da revista. As entrevistas foram realizadas no inico de 2015, mas não sofreram nenhuma atualização, algumas resenhas tiveram de ser trocadas, mas está tudo no seu devido lugar. Essa edição vai ser como uma retrospectiva, pelo menos para as bandas que fazem parte desta edição, pois deram seus depoimentos e deixaram suas aspirações para 2015 e agora podem ver tudo o que realmente realizaram ou não. Sobre a terceira edição, em 2016 provavelmente não saia, ano de TCC e tenho o Heavy Metal All Night para administrar, além de uma familia a ser estruturada. Então fiquem de olho no Heavy Metal All Night que vou procurar manter atualizado e se tiver novidades sobre a nova edição é por lá que vou anunciar. Muito Obrigado, pelo seu tempo e por apreciar esse trabalho! Espero que tenham gostado da leitura. Atenciosamente Artur Azeredo

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