Eu Autor Fan Fic

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Sumário:

Apresentação ...................................................................... 04 Helen Carvalho e Camila Stefanon Allie faz uma escolha ..........................................................06 Bruna Sater Um novo herói, um novo chamado ................................... 13 Vinícius de Freitas Horta Uma história de amor ......................................................... 36 Franciele Carvalho da Silva Carta .................................................................................... 45 Mônica Alamos Robert Thompson, a mente de um assassino ................. 59 Camila Costa Bandeira Memórias do verão passado ............................................. 78 Jessy Silveira Machado Um novo caminho .............................................................. 92 André Fagundes da Silva

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Apresentação

Estimados leitores, Essa publicação, ainda que inicial e independente, é resultado de um projeto oferecido pelo Ministério da Cultura e Ministério da Justiça, através do Pronasci, denominado Microprojetos Mais Cultura para Territórios de Paz. Somos muito gratas a essas oportunidades e incentivos recebidos dos órgãos competentes. O projeto consistiu–se no encontro de jovens interessados em leitura e na formação de um grupo com esses curiosos literários. Ler é descobrir, é conhecer, é conectar-se ao mundo de fantasias e realidades paralelas à que vivemos. Procuramos sempre partir desse mundo ficcional para refletir também o nosso mundo, como ele está? Que situações vivemos? Ainda que as guerras e os perigos chamem a atenção em histórias, como podemos viver bem e colaborar para promover a paz. No entanto, aquele que é provocado pela leitura, muitas vezes, se sente instigado a também tentar inventar, realizar, instigado a convidar outros para esse mundo de possibilidades de sua própria criação. Com esse intuito de também se colocar no lugar de quem faz, nosso grupo se denominou EU AUTOR Fanfiction Club: Um grupo de pessoas que, interessadas em livros, resolveu arriscar algumas recriações e releituras de seus maiores clássicos através de Fanfictions _ histórias criadas a partir de personagens e histórias já escritas por grandes autores. Não desejamos jamais fazer uso indiscriminado do direito autoral de nossos ídolos. Todas as histórias presentes em nossa publicação são uma homenagem de admiração àqueles que nos inspiraram. Cada participante do grupo pode escolher um autor e uma história que gostaria de ler. Lemos, conversamos, discutimos e, por fim,

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cada pessoa teve a chance de se colocar criativamente dentro desse universo que é a literatura. Salientamos, claro, que as histórias que vocês encontrarão aqui são projetos e experiências de adolescentes que amam o que fazem, mas que têm suas limitações e buscam com o tempo superá-las e continuar aprendendo. Esperamos que as próximas linhas, capítulos e páginas possam agraciar seus olhos com os mais diferentes temas e contextos. Obrigada pela disponibilidade de conhecer o trabalho desses jovens que resolveram ser mais do que autores de histórias, mas AUTORES de seus próprios destinos. Obrigada ao Pronasci pela oportunidade, à equipe diretiva da E.M.E.F Santa Rita de Cássia, pela cedência do espaço, aos colaboradores e oficineiros convidados e, principalmente, obrigada aos nossos jovens autores por estarem dispostos a participar e pela confiança no nosso trabalho de orientá-los. Boa leitura a todos! 1

Helen Carvalho e Camila Stefanon

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Proponentes e oficineiras do projeto

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Licenciada em Letras Português- Inglês pela UFRGS. Professora do município de Guaíba de ensino fundamental e médio. Contato: helen.ufrgs@gmail.com 2 Licenciada em Pedagogia pela ULBRA/Guaíba. Contato: camilastefanon3@hotmail.com

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Allie faz uma escolha Bruna Sater

fanfic inspirada na obra: Diário de uma paixão de Nicholas Sparks

Quem é a autora: Viciada em biologia, músicas, fotografias, blogs, séries e em um bom livro. Ama escrever, deixar fluir todos os seus pensamentos e sentimentos com palavras, por que se expressa muito melhor assim. Impulsiva, não para mesmo nenhum instante, persistente, teimosa e perfeccionista ao extremo. Tem a mania de fantasiar tudo ao seu redor. Gosta de livros de aventura e romance. Shakespeare, Dan Brown, J.K Rowling, Nicholas Sparks, Martha Medeiros, são alguns dos quais chamam mais lhe agradam.

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Allie havia partido, ela precisava se decidir, mas eu não conseguia compreender como todo o amor que havíamos sentido juntos pudesse não ser o bastante para que ela ficasse comigo. Talvez eu tivesse amado-a mais do que ela jamais me amou. E não há nada mais solitário do que amar e não ser amado. Eu devia fazer algo? Sim eu devia. Era fim de tarde o sol já estava se pondo, e finalmente, resolvi procurá-la, para tentar uma ultima vez. Minha respiração estava acelerada, minhas mãos estavam suando, e o coração estava batendo rápido. Sai a sua procura, sem esperanças que tudo voltasse ao normal, mas mesmo assim eu fui para ter a certeza que, naquele dia, tudo havia chegado ao fim. Todo amor que havíamos sentido juntos teria acabado. Eu a encontrei na praça, pelo que pude perceber ela estava sentada ali a um bom tempo observando as pessoas. Ela parecia tão absorta em seus pensamentos que achei um atrevimento interrompê-la. O seu cabelo estava atrás da orelha e com as mãos apoiava-se no banco, tinha o olhar fixo no horizonte e tudo que pude ver foi seu perfil. Então fiquei ali, apenas a observando e me dei conta de como gosto de vê-la assim, natural. É impossível o que irei dizer: mas ela consegue ser ainda mais linda. Quando de repente ela faz uma pausa e olha ao redor, percebe a minha presença e sorri gentilmente. Fui ao seu encontro. Ela parecia ter chorado um pouco, pois sua maquiagem estava borrada. Seus olhos me penetraram, não tive reação até ela dizer: - Oi, Noah, o que você está fazendo aqui? Ela parecia perturbada, mas não pude deixar de falar o que eu estava sentido: - Só queria saber se é isso mesmo que você quer. - Eu não queria isso, não queria ter que fazer uma escolha. - Então, por que você me procurou, por que deixou eu te amar novamente se não tinha a intenção de que ficássemos juntos para sempre? Ela se inclinou para frente com as mãos no rosto e me olhando com sentimento de culpa e arrependimento. – Eu queria encontrar você para esquecer o passado, pois para mim a nossa história não teve um desfecho. Simplesmente era algo inacabado.

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O silêncio tomou conta de mim, meu coração parecia estar cada vez mais lento, minha respiração quase parando e eu não conseguia entender a reação dela, eu sei que era amor. - Você consegue me entender? - Ela desviou o olhar e voltou a me olhar fundo nos olhos. - Tu sabes que eu sempre te amei e sempre te amarei. - Quase não consegui acreditar que aquilo era mesmo um adeus, nós estávamos nos despedindo ou era apenas impressão minha? Voltando-se para a lua e novamente para mim ela disse: Eu sei, Noah. Só quando eu a vi olhando a lua que pude perceber que já havia anoitecido e que várias lojas estavam iluminadas. A praça estava toda iluminada, pessoas passavam sorrindo e tomando sorvete, fazia uma noite linda. Menos para mim, que estava com meu coração sendo espedaçado. – Então por que você quer me deixar? Você não pode fazer isso comigo. Então quer dizer que tudo que a gente viveu não significou nada para você? – Mas é claro que representa, eu não nego tudo que nós vivemos. Noah, eu nunca vou me esquecer de nada do que passamos juntos. Mas eu não posso! – Havia fragilidade na voz dela, nós não nos olhávamos nos olhos. - Você diz como se tivesse ido a uma festa e chegasse a hora de ir embora. Como se fosse simples assim – Eu encontrei seus olhos – Será que você não entende que certas coisas na vida são únicas, que se você deixá-las pra trás você pode se arrepender pelo resto da vida? Ela não me olhava mais, estava nervosa. Eu sabia que aquelas palavras estavam mexendo com ela, mas eu não podia parar eu precisava mostrar pra ela como o nosso amor era verdadeiro. Ela se levantou, andou um pouco. Eu fiz o mesmo, segurei suas mãos juntas as minhas. As lágrimas escorriam dos seus olhos. - Não adianta você querer enganar o seu coração, eu sei que você me ama. Esse amor salta dos teus olhos e explode do teu corpo quando você está comigo.

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- Você tem razão, eu amo você e provavelmente sempre irei amar. Só porque não podemos ficar juntos não significa que eu não te ame. - A voz de Allie ecoava em minha mente fazendo tudo ficar pior... Se é que isso era possível - Mas, Allie, por que não podemos ficar juntos? Nós nos amamos. -Para duas pessoas ficarem juntas, é preciso muito mais do que amor. – Não conseguia entender, ou melhor, não queria aceitar o que Allie estava me dizendo, como precisa mais do que amor? Meu amor por ela era tão grande que bastava. Eu não conseguia mais agüentar, a garganta se fechava e um nó passava lentamente. Allie procurou meu olhar e disse: - Eu preciso ir, Noah, tenho que encontrar Lon e lhe contar a minha decisão. Eu sabia que ela não queria isso e que estava apenas escolhendo o fácil, o certo. Mas eu sabia o que era certo para ela, por que ela não me deixava amá-la? - Não se vá, eu não posso te perder novamente! Encaramo-nos por uns segundos. Os olhos dela nos meus. Ela suspirou e chegou perto de mim, me dando um abraço. Colocou seu rosto úmido - das lágrimas - junto ao meu e colocou seus lábios em minha bochecha. Foi um beijo doce e suave. - Adeus, Noah. Ela partiu pela rua principal da praça, ao poucos eu só via o vulto de seu vestido e seus cabelos. Até que se transformou em apenas um ponto e se dissolveu na escuridão. Saí pela praça sem destino, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto novamente. Aquela noite parecia sem fim, as lembranças voltaram e tomaram conta da minha mente de uma forma que nunca poderia ter imaginado, e eu não poderia fazer nada, somente ficar parado, sofrendo. Daquele momento em diante os dias começaram a passar cada vez mais lentamente, aquele vazio aumentava mais dentro do meu coração, eu não era mais aquele homem feliz e enérgico. Eu era um homem pela metade, ferido e quebrado. O sol não brilhava mais, e todos os dias, a mesma escuridão tomava conta.

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Reencontro Como em todas as manhãs, levantei cedo. Fui remar e alimentar os pássaros. Trabalhar um pouco com a madeira. E, claro, pensar nela. Muito tempo se passou desde que Allie foi embora, e não houve um dia em minha vida que ela não esteve presente em meus pensamentos. Não consigo entender porque ela havia escolhi Lon. Ele não a conhecia, ela não o amava. Falava isso para mim mesmo muitas vezes tentando aceitar a sua escolha, mas quando você ama alguém de verdade não a deixa ir embora assim. A não ser que você ame alguém, como eu amei e amo Allie. Hoje, para mim, amor é renúncia, percebo que só um sentimento tão grandioso que me faz amá-la mais que a mim mesmo seria capaz de me fazer renunciar a ela. Mais tarde, naquele mesmo dia, preparei um chá e estava indo em direção a varanda quando a vi. Quase não pude acreditar no que estava vendo. Ela vestia um vestido salmão que ia acima do joelho. Seu cabelo estava preso com grampo do lado esquerdo. Ela não era mais aquela moça jovem, mas pra mim ainda era linda, a minha Allie. - Olá, Noah, quanto tempo! Fiquei imóvel por algum tempo processando aquele momento quando, enfim, conseguir dizer algo: - Oi.- Também saiu apenas isso, como se minha garganta estivesse fechada e eu não conseguisse falar mais nada. Aquela visão era inacreditável. Quando consegui me dar conta de que Allie estava ali e de tudo o que havia acontecido desde nossa última conversa, falei: - O que você pensa que está fazendo aqui depois de todo esse tempo? Você vai embora e pensa que pode voltar assim, como se nada tivesse acontecido? -Noah – Sua voz era calma e delicada – Eu precisava conversar com você! O que ela precisava me dizer? Que estava feliz com marido e filhos? Que estava vivendo uma vida maravilhosa longe de mim? Ela ficou parada com receio, ela não sabia o que fazer. Quando me dei por conta falei: - Entra! Allie entrou e olhou um pouco ao redor, mas ela sabia exatamente como era o lugar, já havia estado ali um tempo atrás. Por que ela estava fazendo isso comigo?

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-O que você quer, Allie? – Tentei colocar o tom de voz mais frio que pude, mas no fundo eu sabia que meus olhos eram cheios de ternura. Eu ainda a amava. - Eu preciso ter essa conversa com você, não posso morrer sem termos essa conversa. – Do que ela estava falando? Morrer? Ela olhou a poltrona por perto e olhou para mim novamente. - Claro, sente-se. – Eu já não conseguia mais fingir nada, era eu mesmo ali. - Noah, eu fui diagnosticada com Alzheimer. É inicial, mas ainda assim um dia ele irá avançar e não vou lembrar-me de mais ninguém. Então, não poderia partir sem pedir perdão. -Como assim? Isso não pode ser verdade! – Sentei-me na outra poltrona, coloquei as mãos enlaçadas no pescoço e minha respiração estava pesada. Ela prosseguiu: - É verdade sim. Eu precisava te pedir perdão por causar tanto sofrimento. -Allie, sofrimento maior foi você ficar com alguém que não ama. - Eu a olhei, mas ela não parecia ofendida. –Isso é o pior. Você era uma aventureira, não tinha medo de nada. - Eu amo o Lon. Eu fiz uma escolha e continuo a fazendo todos os dias. Eu só preciso que você entenda que eu precisava fazer isso. O silêncio tomou conta de mim, ao longe o som do fim de tarde se aproximava. Eu não conseguia dizer mais nada. Minha Allie estava ali me dizendo que não se arrependeu de sua escolha e que está doente. E o pior é que irá esquecer-se de mim, já não basta não ter ficado comigo? Nem ao menos uma doce lembrança eu vou ser em seu passado. Eu precisava guardar aquele momento, é isso que irá acalmar meu coração todas as vezes que eu me lembrar de Allie. Ela respeitou o meu silêncio, apenas olhava para mim às vezes. Baixava a cabeça olhando para o chão e ao redor. Eu estava em transe, não sabia o que fazer, não sabia o que dizer. Fechei meus olhos e me concentrei gravando cada detalhe daquele momento para toda a eternidade. Abri meus olhos e Allie fez menção de que iria falar novamente - Ei! Espere. - Eu fiquei com meus olhos fechados durante mais um tempo. Então ela perguntou:

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- O que foi? Está me ouvindo? -Não. Estou guardando o som da sua voz na minha cabeça para me lembrar de você quando partires. Ela pareceu comovida. –Gostaria de pedir desculpas por ter lhe causado tanto sofrimento. Nunca quis lhe magoar, eu amei você com todo o meu coração. - Eu quero te dizer que não lamento nada. - Meus olhos baixaram, olhando o chão e novamente olhei em seus olhos. - E se pudesse viveria tudo o que vivemos outra vez. - Ela parecia um pouco sem graça. Eu abri um sorriso gentil, o mais doce possível. Ela retribuiu. – Exatamente da maneira que foi, porque da maneira como poderia ter sido jamais saberemos. Ela olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas e em um pulo súbito me abraçou. Colocou seu rosto sobre o meu peito e eu coloquei minha mão direita sobre sua cabeça e minha outra mão em volta de seu corpo. Puxei-a mais para perto de mim, as lágrimas saíram naturalmente. Mais tarde eu pude perceber que amor nada mais é do que renúncia. Somente quem ama verdadeiramente é capaz de um gesto nobre em favor da pessoa amada. Só um homem que ama mais do que a si mesmo poderia deixar o seu amor partir tantas vezes. Penso em pessoas que brigam por tantas coisas tão insignificantes, vale a pena lembrar-se de tantas pessoas que renunciam e renunciaram a tantas coisas para fazer feliz o seu amado. Sinto- me nobre em fazer quem eu amo feliz. Muitas pessoas passam pela vida sem conhecer o que é amor de verdade, mas eu amei e fui amado. Mesmo que tenha sido por um período curto, eu soube a grandeza do amor e do que ele é capaz. E hoje, isso me basta.

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Um novo herói, um novo chamado Vinícius de Freitas Horta Fanfic inspirada na obra:

“Percy Jackson e o Último Olimpiano” e “Herói Perdido” de Rick Riordan

Quem é a autor: Bem, é incrível. Há muito tempo eu pensei se estaria um dia em um lugar como esse escrevendo sobre mim, e olha isto! Aconteceu. Por mais que pareça, eu sou o Vinícius (mas pode me chamar de Vinny), tenho 15 anos ( se não fizer a barba, fico com cara de velho), e sou fascinado por esportes radicais. Ok, o que que eu to fazendo aqui? Eu adoro ler e escrever, desde pequeno. Eu, quando menor, lia livros que ninguém da minha turma lia, escrevia poesias e compunha músicas. Sempre tentei tocar alguma coisa, como teclado ou violão, mas nunca consegui. Enquanto uns tocam, eu escrevo. O meu forte na escrita são as Song-Fics e os Oneshots, mas me dou bem nos Drabbles. Não tenho muita cultura musical, mas consigo me enquadrar em alguns grupos, e sou bem fraco a relação com as mulheres. Elas gostam de mim, mas não do modo que eu quero, tipo uma “amizade colorida”. Eu sou bem aventureiro, as vezes comparado com as más influências, mas fico longe delas. Amo tomar refrigerante e ficar comendo alguma coisa, sou meio popular e um bom estudante, mas minhas notas, não sei porque não são nada boas... Gosto de ficar jogando, quanto mais difícil, melhor, e não paro de jogar, por eles serem tão difíceis. Outra coisa muito importante: Eu gosto de zoar as pessoas. Não sou Bullyier( ou algo do gênero), mas eu faço brincadeiras e tenho consciência dos sentimentos das pessoas. Livros que mais gosto: “Percy Jackson”, “Harry Potter” e livros com a capa legal, que me atraia, ou que sejam algo que me façam pensar um pouco.

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Capítulo 1

Ela sorria para mim. O sorriso mais lindo que eu já vira. Os olhos verdes dela mostravam o maior amor possível. Tudo o que ela tocava emitia um brilho, e o que estava murcho, florescia, o que estava quebrado, se consertava. Seu vestido azul, calmo e celeste como o céu noturno, irradiava como se houvesse estrelas brilhando. Sua voz era hipnotizante e sedutora, como se por milênios ela falasse com aquele tom de voz: - Nero, meu querido. Não pode ficar dormindo em aula. Aula? Que aula? Eu estava ali, junto a ela, em um campo de flores magníficas, com uma romãzeira enorme, com frutos maiores que um punho. - Mas... Eu não estou em aula. Estou aqui. – Lhe respondi, mas não senti nenhuma firmeza em minhas palavras. - Meu querido, os sonhos são bons, mas às vezes é preciso tomar cuidado com o que se sonha. Por exemplo, veja os Campos Elíseos em que você pisa. Não lhe parece lindo? Aqui descansam as almas dos maiores heróis. Você um dia gostaria de descansar aqui? – Sua voz me fazia calafrios na espinha, como se ela pudesse ter qualquer coisa do mundo apenas pedindo. - Minha senhora, eu adoraria – eu não queria dizer isto, mas minha mente já não me obedecia. - Então, meu campeão, volte e não pereça. Seu mundo lhe aguarda, assim como seus amigos. Meu marido me espera, assim como seu pai. Meu pai? Ela sabe algo sobre ele? E meu mundo me espera? Tem algo errado aqui, algo muito errado. E tem algo cutucando as minhas costelas.

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“Nero...” Nada faz sentido. Aliás, quem era aquela mulher? Era muito mais linda que qualquer mulher, qualquer modelo, qualquer atriz. O que ela queria comigo? “Nero, acorda, já acabou o intervalo. Nero, seu grande cabeça-dura, acorda...”. Abro um pouco os meus olhos. A sala continuava uma bagunça, e os dois períodos vagos acentuaram ainda mais. Os garotos estavam fazendo guerra de bolinhas de papel e aviõezinhos, não paravam em lugar nenhum. As garotas perto da lousa estavam falando animadas sobre o baile de primavera. Acho que estavam apostando qual delas seria chamada primeiro, e qual teria o par mais bonito. Fúteis, e nada mais. Ao meu lado, Levi dormia esparramado por cima da mesa, como se não dormisse fizesse algum tempo. Levanto um pouco os olhos e vejo um par de olhos cinzentos me encarando com um pouco de preocupação. - Nero, você estava falando dormindo – ela disse, e a voz lembrava muito a voz daquela mulher do sonho. Mas elas não tinham nada em comum, e Lucillia tinha o dom de me cuidar. -Hm... Estava? – eu pergunto, enrolando um pouco a língua. - Sim, e coisas bem sem sentido. Tinha algo a ver com uma mulher e seu pai. Estava sonhando com alguém que eu não deveria saber, caro Nero? – Ela disse isto e se aproximou tanto que eu fiquei hipnotizado pelo olhar dela, e seu perfume de chocolate ainda não ajudava. - Sabe, amor, você está tão linda. – eu disse, em uma tentativa de mudar o assunto, e usando o que eu pude de charme pra ela não notar que eu não queria falar sobre o assunto. - Você também, meu querido. – Ela disse e piscou, entendendo o recado. Aproximou-se de Levi e o empurrou de leve. Levi se

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acordou com um pulo e escorregou da cadeira. O sinal do início da próxima aula tocou e Levi se arrumou na cadeira. - Qual é a próxima aula? – Perguntou Levi, com a voz enrolada. - História, eu acho. – eu respondi, com um pouco de preguiça – e eu acho que tinha lição. - Não tinha lição. Mas tem prova hoje. – Lucillia disse isto com um sorriso de orelha a orelha, mostrando que tinha estudado. Eu fechei os olhos e suspirei. Não havia estudado, e provavelmente não ia me dar bem na prova. História nunca foi bom pra alguém que tinha dislexia, ainda mais um jovem problemático com TDAH. Melhor, para um grupo com TDAH. Levi e Lucillia compartilham do mesmo problema que eu. Acho que foi isto que nos uniu, desde a 6ª série. Lucillia é realmente uma das garotas mais bonitas do colégio, ganhando até mesmo das garotas do ensino médio. Não porque seu corpo é bem malhado, ou porque seu cabelo curto e loiro, a altura dos ombros, mas pelos seus olhos cinzentos e seu sorriso perfeito. Ela é praticamente o sonho de consumo de qualquer garoto da minha idade. E ainda tem o modo de falar. Acho que até um deus cairia pelos encantos da voz dela. E o Levi é com certeza o meu melhor amigo. Não há um cara mais louco que ele. Na última festa em que fomos ele fez a festa inteira girar em torno dele. Seus cabelos escuros e os olhos verdes, com o rosto limpo de acnes, e sem um único fio de barba. As orelhas pontudas faziam charme, e o deixavam sempre com uma aparência selvagem. Isto sempre nos fazia rir. Eu sou um pouco diferente do resto. Meus cabelos castanhos e meus olhos pretos faziam uma combinação estranha. E a altura não contribui muito. Tenho 14 anos e já tenho quase 1,80 m de altura. Além do TDAH e dislexia, odeio muito estudar, mas só pela parte de ler. Faço parte do grupo de atletas da escola, e sou

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um dos mais rápidos. Talvez pela sobrecarga dos estudos, tenho tido sonhos estranhos e a maioria com a mesma mulher. A Lucillia já me contou sobre alguns sonhos estranhos dela, mas nenhum chega perto dos meus. Falando nela, namoro com a Lucillia já faz algum tempo, mas não passa dos dois meses de namoro. Levi nunca para quieto com alguma garota, cara mais galinha que ele eu não conheço. -Ei, Nero, a aula é com o “Bode Marley” agora – Levi me perguntou, com o rosto cheio de tédio. - É bom saber, senhor Mont’Bruscio, o que o senhor anda falando pelas minhas costas. O Professor Henri era conhecido pelo seu gorro de Bob Marley e pelo costume de aparecer sempre que alguém tocava no seu nome. - Bom dia, professor. Faz um lindo dia lá fora, o senhor não acha? – Perguntou Levi, com o rosto mais inocente que conseguiu fazer. - Bom, vamos torcer para isto não acontecer novamente, certo? – e dizendo isto, o professor começou a distribuir as provas. O professor me fez um sinal, rápido e simples: Arrume seus materiais e saia. Fiz o mais rápido que pude, e fui seguido pelo Levi e pela Lucillia. Não parecia nada demais, mas sinto meu braço sendo puxado, e sou quase arrastado pelo corredor pelo professor Henri. Passamos pelos banheiros, e seguimos até o ginásio. Henri nos passou rápido pela porta e a tranco. Logo em seguida nos olhou e simplesmente disse: - Vocês estão correndo risco de vida, tenho que tirar vocês daqui.

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Capítulo 2

- Como assim, risco de vida – perguntou Levi, completamente alterado. - Mont’Bruscio, você não acha que três amigos com o mesmo tipo de doenças sempre ficaram juntos e nunca aconteceu nada? As coisas não são tão simples assim, pivete. Aqui, peguem isto. – Ele entregou um bracelete para a Lucillia, um bastão para o Levi e para mim ele entregou algo parecido com uma faca. - O que é isto? – Pergunto, levantando a faca. - Isto, senhor Ucello Marino, é um gládio, e é bom se acostumar com isto – e terminando de dizer isto, começou a tirar os tênis. Ele não tinha pés, mas tinha cascos! - Você é um sátiro! – Gritou Lucillia. - Ótima observação, Capitão Obviedade – disse Henri, com cara de sarcasmo. Então, tudo virou um pandemônio. Começaram a surgir monstros do chão, harpias começaram a quebrar os vidros, o telhado começou a ruir, e não tínhamos opção a não ser batalhar nossa saída do ginásio a força. O gládio parecia se adaptar a minha mão, e mesmo nunca tendo usado um na vida, comecei a cortar monstros em dois, e Levi fazia o mesmo com seu bastão. Lucillia balançou sua pulseira e apareceu uma pequena faca na sua mão. Ela tinha jeito com facas, e em segundos já havia feito um estrago. Meu gládio já havia se tornado um objeto de destruição em massa, e eu me senti tão bem, que não parecia mais comigo mesmo. Em questão de minutos, atravessávamos o estacionamento em busca do carro de Henri, um Crossfox cinza. Quando chegamos ao carro, três cachorros gigantescos apareceram, e começaram a

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correr em nossa direção. Henri entrou no carro e tentou dar a partida, mas sátiros não se sentem bem perto de cachorros, e Henri ficou nervoso. Desembainhei meu gládio e chamei a atenção dos cachorros para o mais longe deles, e comecei uma luta ferrenha, na qual harpias e monstros de terra começaram a aparecer. Cada movimento de meu gládio era mortal, e quanto mais monstros eu matava, mais apareciam, como se não tivesse fim. Os cães infernais vieram com tudo para cima, e com um simples corte horizontal parti o primeiro no focinho, o segundo com um corte rápido e transversal e num pulo em diagonal parti o terceiro de cima a baixo. Quando parei para observar um pouco da batalha, visualizei o rosto de Levi, completamente assustado e o rosto de Lucillia com uma enorme surpresa, já Henri tinha o rosto completamente pasmo, como se estivesse vendo um fantasma do passado. Quando eu consegui derrotar os cães, Henri conseguiu dar a partida. Corri em direção ao carro, pulei uma moto que havia caído quando os cachorros correram em minha direção, deslizei por baixo de um monstro de terra e entrei no Crossfox. Henri acelerou tanto o carro que tinha medo que ele colocasse o Crossfox em um poste. Mesmo não tendo movimento nenhum pela manhã, Quebec ainda era perigosa para o trânsito. Ainda mais no inverno. A neve cai bem rápido, mas Henri corria mais ainda, como se não tivesse medo de derrapar, ou até mesmo bater. - Henri, onde estamos indo e quando você vai me explicar o que está acontecendo? – Eu perguntei, quebrando o silêncio. - Vamos ao aeroporto, e sobre o que aconteceu, vocês viram: tinha monstros, Nero os matou, estamos fugindo e se quiserem ligar para as suas famílias, tem um telefone no porta luva. Peguei o telefone e o passei para Lucillia. Ela ligou para seu pai e contou sobre o que havia acontecido. Ele entendeu tudo, por mais incrível que pareça e disse que ia ao aeroporto levar os documentos da Lu. Levi ligou depois, e a mãe dele fez o mesmo que

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aconteceu com o pai da Lucillia. Arrumou os documentos e disse que iria entregar os documentos no aeroporto. Quando chegou a minha vez, liguei para a mamãe. Ela escutou tudo e disse que não era para eu me preocupar, que tudo daria certo e que ia levar os meus documentos no aeroporto. - Henri – chamou Lucillia – Por que aqueles monstros estavam atrás da gente? - Simplificando, vocês são semideuses. – disse Henri com o rosto sombrio. – E Nero, você sabe bem como lutar com uma espada, mas eu quero que você a coloque dentro daquela mochila ali. Henri apontava para uma mochila normal, preta, com o símbolo da Nike. Coloquei o gládio, e a faca da Lucillia. Quando eu peguei o bastão do Levi, achei que não caberia dentro da mochila, mas ela incrivelmente aguentou todo o tamanho do bastão. - O que essa mochila é? – perguntei fascinado. - Está mochila é uma mochila. Mas o que ela faz de tão diferente? Ela é mágica, e se pode colocar um cofre ai dentro que não vai ter peso, além de não passar em nenhum detector de metais. Ficamos calados durante o resto do percurso, e quando chegamos ao aeroporto, nossos pais nos esperavam na porta de entrada. Minha mãe parecia estar chorando, como a mãe do Levi. Elas nos abraçaram e pediram para que ficássemos em segurança, para não nos metermos em problemas. Já o pai da Lucillia disse simplesmente que era para ela seguir seu coração e lhe deu um beijo na fonte, seguido de um abraço apertado. Nos entregaram os documentos, como identidade e passaporte, e Henri comprou passagens para o primeiro voo, que seria em 45 minutos. Esperamos pacientemente e quando entramos no avião, consegui visualizar a minha mãe, nesse momento ainda não sabia se no final dessa loucura toda, ainda a veria.

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Capítulo 3

Dormimos a viagem inteira e tive a impressão que Henri também dormiu. Quando chegamos, Henri comprou um carro, dessa vez um sedan, que eu não consegui ver o modelo. Em alguns minutos, saíamos do aeroporto John F. Kennedy, e começamos a cruzar o estado de Nova Iorque. Mas não fomos longe. Henri estava andando um pouco mais rápido que o limite, quando Levi falou: - Cara, que fome, acho que eu comeria um boi inteiro! Ele realmente não deveria ter falado de um boi, não quando um minotauro aparece e começa a nos perseguir. As pessoas na rua olhavam, mas não notavam nada, como se fosse comum um minotauro seguir um sedã preto. Quando eu fui perguntar sobre isso, Henri me mandou ficar quieto. - O que está acontecendo é o mesmo que aconteceu na escola. A Névoa está fazendo as pessoas olharem para o minotauro como se ele fosse um carro, ou um motoqueiro usando um capacete de chifre. Os alunos da escola estão bem, mas nem quero ver a explicação pelo ginásio destruído. Aliás, eu queria perguntar para vocês, como vocês estão se sentido pela recém descoberta? - Hum, nada faz sentido ainda, mas meu pai disse que era para eu esperar eu ser reclamado. O que significa isto? – Perguntou Lucillia, olhando para o minotauro, tentando os alcançar. - Seu pai sabe sobre isto? Não é normal mortais saberem sobre isto, mas é verdade. Quando chegarem ao acampamento, provavelmente serão reclamados pelos seus pais deuses. Como ele chegou tão rápido perto da gente! – Gritou Henri, ao olhar o retrovisor e ver o minotauro a um carro de distância. Henri acelerou e começou a se afastar do minotauro. - Voltando ao assunto, ser semideus tem seus prós e contras. Este é um deles, você vive matando monstros, e é um saco para um protetor encontrar um semideus. Além disso,

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conseguir achar três de uma vez só, e um deles eu já tenho quase certeza de quem é filho. Imediatamente senti que tinha sido para mim. Os olhos negros de Henri me olhavam com curiosidade, mas não dei o gostinho de parecer surpreso ou curioso. E Levi fazia as coisas muito mais fáceis. - Ei, Henri, vamos parar para comer alguma coisa? Estou tão faminto... Henri resmungou e começou a procurar em baixo do banco por algo. E o que ele procurava tocou o pé de Lucillia que deu um pulo e quase bateu com a cabeça no teto do carro. Lucillia pegou e eu vi o que era o objeto: um arco e duas flechas. - Lucillia, entregue isto ao Nero, por favor? Quando Lucillia me entregou o arco, eu vi o que eu teria que fazer, e isto não ajudou a melhorar meus pensamentos. Henri diminuiu e desviou do minotauro, que ficou um pouco irritado. Quando Henri emparelhou com o minotauro, botei uma flecha na corda e a puxei até estalar o arco inteiro. Não sei como, mas parecia que eu sabia usar qualquer tipo de arma. O minotauro me olhou e tentou se virar, mas a flecha foi mais rápida, e o acertou em cheio no meio do peito. O minotauro tombou e rolou, foi atropelado por um táxi que andava rápido demais, e ocasionou um pequeno engarrafamento. Larguei o arco e a flecha nos meus pés. - Também to com fome – disse, como se eu não quisesse nada. Henri parou em um Drive Thru do McDonald e pediu quatro Big Mac’s com bastante fritas e refrigerante. De onde saia tanto dinheiro eu não sabia, mas desde que me alimentasse eu estaria feliz, e provavelmente o Levi também estaria. Devoramos com uma velocidade gigante os hambúrgueres e as fritas, mas mal aguentamos os refris grandes. Henri tomou todo o dele e o resto do refri da Lucillia, enquanto eu tomei o meu e o do Levi. Lucillia

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segurou a minha mão e fez um sinal com a cabeça, como se quisesse me beijar. Me aproximei e ela me deu um selinho rápido, antes que o Levi fizesse um muxoxo de desaprovação. Ele considerava o namoro o prelúdio do casamento, e casamento para ele era que nem pena máxima de prisão. - Espero que não fiquem todos melosinhos um com o outro, eu ia odiar isto. - disse Levi, com o rosto fechado, arrancando risadas do Henri. - Não se preocupe com eles. Mas eu gostaria de alguém que soubesse ler um mapa. Estou meio perdido nessa cidade. Paramos rapidamente para Lucillia trocar de lugar comigo. Mesmo com a dislexia, ela era super inteligente, e sabia ler mapas como a palma da mão dela. Henri nos contou que íamos para Mountauk, que era onde ficava o acampamento. - Afinal de contas, o que é esse acampamento que você tanto fala? – perguntei. - É o Acampamento Meio-Sangue, onde todos os semideuses têm como casa um centro de treinamento. Lá temos ninfas das florestas e as ninfas da água, temos um bosque onde há a competição de Caça à Bandeira, temos os estábulos com os pégasos, temos uma parede de escalada com lava, um campo de treinamento para arco e flecha, uma arena para lutas, com ou sem bigas, e temos um oráculo. – Henri disse isto como se fosse ensaiado, nada mais que uma rotina. - E nós vamos para esse lugar mágico? Tem mulheres bonitas por lá? – Perguntou Levi, com os olhos brilhando. - Rapaz, as ninfas são as mulheres mais lindas que você vai ver na sua vida. – respondeu Henri com um meio sorriso. Ao anoitecer, paramos em um hotel na beira de estrada com camas horríveis e com travesseiros duros. O banheiro fedia. O

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chuveiro não funcionava direito, mas era o que tínhamos. Dormimos bem pouco, pois de madrugada alguns monstros apareceram, mas já era perto da hora do amanhecer, então saímos, fugindo dos monstros. Bem, o pessoal fugiu, eu fiquei batendo neles, e de novo veio àquela sensação que eu gostava de lutar. Eram poucos, mas habilidosos, e eu tinha certeza que dariam um ótimo embate. Tinha cerca de uma dúzia de inimigos, e meu gládio se tornou mais uma vez em um objeto de destruição. Mas a quantidade de inimigos dobrou rapidamente, e com a mesma velocidade que apareciam, sumiam. Não demorou muito para chegar os reforços. Seis cães infernais, e um bando de esqueletos, como em um filme de terror. Matei os cães como se não fossem nada, e meu gládio cortava os esqueletos como se fosse manteiga. Passado algum tempo, me cansei da batalha, e corri para o carro. Henri me olhava com uma cara feia, e eu sabia que ia haver algum tipo de sermão por trás de tudo. - Garoto, nunca mais faça isto, você podia ter sido surpreendido pelos monstros. – ele ralhou comigo – mas eu gostei de ver você em ação, me lembra dos velhos tempos. Henri sorria, e Lucillia segurou a minha mão. Levi me olhou de cima a baixo, fez um sinal de positivo e entrou em posição de batalha. Henri deu a partida no carro e entramos, Levi e eu atrás, Lucillia no banco do carona, consultando o mapa, com uma quantidade pequena de monstros atrás do carro. Seguimos em direção ao oeste. Depois de algumas horas, bem aproveitadas por nós três para dormir, chegamos à costa oeste de Nova Iorque, faltando apenas alguns quilômetros até o acampamento. Era questão de minutos, talvez até mesmo uma ou duas horas para chegarmos, mas um pensamento estava me corroendo. Quem seria o meu pai?

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Capítulo 4

Eu pensei que o acampamento era algo comum, com barracas ou cabanas, então não estava preparado para o que eu vi. Construções gregas, cada uma com o símbolo do deus protetor e um número. Havia tantas casas, chalés como nos foram apresentadas, que formavam um ômega. Havia um chalé feito de pedras pretas, com um fogo verde ardendo em tochas, um chalé com símbolos mágicos, outro com videiras subindo pelas paredes e um com desenhos de armas nas paredes. Henri tinha um sorriso estampado no rosto, como se o que visse em meus olhos o fizesse retornar a uma época boa de sua vida. Lucillia parecia encantada, e Levi estava olhando boquiaberto para algumas ninfas, que faziam jus a sua fama de lindas e calorosas garotas. Mas o que mais impressionava eram um grupo de campistas que lutavam com espadas e escudos, parecendo acostumados com aquele tipo de treinamento. Havia também um grupo treinando com seus arcos a certa distância, e os estábulos, com alguns pégasos, chamavam a atenção. Enquanto andávamos em direção aos chalés, Henri nos chamou e fez um sinal para que o seguíssemos. Ele nos guiava a uma grande casa azul, meio desbotada pelo tempo, mas que parecia o prédio central. Havia um homem de cadeira de rodas e outro sentado em uma mesa na varanda, jogando cartas. O senhor de cadeira de rodas nos olhou e abriu um sorriso, já o senhor que embaralhava as cartas levantou a cabeça e encarou Levi por alguns instantes. - Henri, velho amigo! – gritou o senhor de cadeira de rodas – que bom que nos trouxe novos recrutas! – ele parecia jovem, mas como se já tivesse vivenciado muitas vidas diferentes passando. - Sim, Quíron. Três semideuses, todos de Quebec. – Henri respondeu com respeito, algo que pouquíssimas vezes o fez na viagem.

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Quíron? Aquele Quíron, o que treinou Aquiles e Hércules? Não poderia ser só pelo fato de Quíron ser um centauro, e não um velho de cadeira de rodas. - Então, Sr. D, o que acha deles? – Quíron perguntou ao senhor que entregava as cartas. - Não dou a mínima, mas acho que deveria falar isto. Bem vindos ao acampamento meio sangue. Vivas e confete. – Ele parecia com tanto tédio que nenhum de nós falou nada, apenas engolimos as palavras. Quíron pegou suas cartas e fez um lance, e percebi que eles jogavam pinochle. Não era difícil ver o pessoal mais velho de Quebec jogando esse jogo em praças públicas. Henri se juntou a eles, e começaram a conversar em voz baixa. Prestávamos tanta atenção que não notamos que um sátiro se aproximara. Tomamos um susto, que mais assustou o sátiro, e nos deixou ofegantes. Alguém de nós devia ter gritado, pois Quíron e Henri viraram as cabeças para ver o que tinha acontecido, enquanto o Sr. D tomava uma latinha de Coca-Cola Light. O sátiro se apresentou como Bernie e nos levou para fazer um tour e nos apresentar os chalés. - Cada chalé tem um líder, e o líder organiza as tarefas. No momento, o chalé de Poseidon tem como líder Percy Jackson, o herói da batalha pelo Olimpo, que aconteceu mês passado. Tivemos muitas baixas, mas estamos nos recuperando graças aos deuses estão mandando seus filhos para cá. O chalé de Atena tem como líder aquela loirinha ali – disse Bernie apontando para um casal – e aquele garoto é o Percy. A garota é a Annabeth. Fizemos um tour rápido, e voltamos a Casa Grande. Eles ainda estavam jogando pinochle, mas Henri parecia com tédio. Quando nos viu, saiu da mesa e se aproximou feliz por sair do grupo.

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- Garotos e garota, vamos descobrir quem são seus pais hoje à noite, se não antes. Faremos uma fogueira, então não fiquem assustados com o que irão ver. De noite, a fogueira tinha chamas estranhas. Ela começou com a cor natural, mas à medida que um grupo de semideuses, pelo que entendi, filhos de Apolo, começaram a cantar algumas músicas, as chamas brilharam e ficaram douradas, como se o humor dos jovens influenciasse. Mas o que realmente impressionava era a quantidade de semideuses juntos. Eram cerca de 70 jovens, o menor com mais ou menos 10 anos e o maior beirando os 20. Isto sem contar as ninfas e os sátiros. Tinha umas garotas bem bonitas e maquiadas em uma parte do círculo, e ao lado delas, quatro garotos com as orelhas pontudas, como as de Levi. Não demorou muito para que começássemos a nos divertir. Lucillia havia pego um prato de comida, que parecia light. Levi estava soltando charme para uma ninfa, que caia nos seus encantos. Uma garota alta, de cabelos cacheados e rosto sério, brigava com um garoto, por alguma coisa banal. Quíron estava junto a Percy e Annabeth, como se fossem velhos amigos, e depois eu fiquei sabendo que Annabeth estava no acampamento desde os sete anos. Quíron bateu os cascos no chão, chamando a atenção, e os campistas imediatamente se calaram. O discurso foi rápido, não passava de notícias aos novos recrutas. Senti meu rosto esquentando, mas o mantive erguido. Lucillia estava prestando tanta atenção quanto eu, e Levi já estava se agarrando com a ninfa. Alguém arremessou algo em Levi, porque ele imediatamente se virou e notou que a coisa era séria. A ninfa simplesmente sumiu nas árvores, como uma dríade faria. Enquanto Quíron recomeçava a falar, um halo verde, com o símbolo de uma videira apareceu em cima da cabeça de Levi, que levou um susto. Alguns garotos foram até ele, o levantaram e explicaram que ele era filho de Dionísio, deus do vinho e das festas, o que combinava com Levi. Logo em seguida, um halo apareceu em cima da cabeça da Lucillia, com o

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símbolo de uma coruja. Annabeth chegou perto dela e explicou que Lucillia agora seria parte do chalé de Atena. Senti um pouco de nervosismo. Quem seria o meu pai? Não demorou e pela expressão dos campistas senti que tinha chegado a minha vez. Percy abriu um meio sorriso para a garota que estava brigando com um garoto menor. Ela retribui o sorriso e disse: - Meu pai mandou mais um para o nosso chalé, aliás, bem vindo ao chalé de Ares garoto.

Capítulo 5

Meu pai acabou de me reclamar. Eu deveria sair pulando de alegria por ele ter me reconhecido ou ficar bravo por ter sido agora que ele me reconheceu? Simplesmente não sei. Não sei o que minha mãe viu no deus da guerra, mas ela viu algo. E pelo jeito não estou sozinho no chalé. A garota era um pouco mais baixa que eu, mas mostrava músculos bem desenvolvidos. E eu queria saber o motivo de Percy ter dado aquele sorriso a ela. - Garoto! – ela estalou os dedos na minha frente – Meu nome é Clarisse. Sou a líder do chalé cinco, o chalé de Ares. - Meu nome é Nero – eu respondi, falando com firmeza. - Luta com o que Nero? – Clarisse não parecia impressionada, como se já tivesse visto isto em algum lugar. - Uso um gládio. – eu estava parecendo monossilábico, mas nem me importei. Percy se aproximou, com Annabeth, de Lucillia. Ela parecia firme, mas notei que ela tremia de medo.

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- Oi, sou Annabeth, a líder do chalé seis. – Ela parecia amistosa, com um sorriso natural. - Sou Lucillia. Prazer em conhecê-la. – Lucillia falou, firme, com a voz limpa. - Por que vocês têm nomes italianos se vieram de Quebec? – perguntou Annabeth, com o rosto cheio de curiosidade. - Culpa de nossos avós. – Levi veio caminhando com classe, como se ele fosse o modelo principal em uma passarela. Quíron e o Sr. D apenas observaram, o Sr. D com um o rosto completamente cheio de tédio. - Então, Levi, filho de Dionísio? – eu perguntei, dando ênfase a palavra filho. - É, parece que meu pai era o deus da festa. Devo ter puxado isto dele. Eu e Lucillia rimos, assim como algumas dríades atrás. Não sei o que Levi tinha que fazia todas cair por ele, mas não tem nada a ver com o pai. O Sr. D se aproximou e botou a mão no ombro de Levi e o retirou do nosso grupo. Algo parecia errado, mas Henri chegou e começou a puxar assuntos, para nos distrair. Percy conversava com Clarisse a respeito do que julguei ser eu. Não dei bola e continuei conversando com Henri até que Quíron bateu com os cascos no chão, chamando a atenção de nós todos. Levi voltara e estava ao lado do Sr. D e piscou para nós. - Nero, poderia, por favor, nos contar a sua história? – perguntou Quíron, como se a curiosidade o afligisse. Quando todos sentaram, comecei a contar nossa história. Gaguejei um pouco e Lucillia e Levi me ajudaram em partes que pequei por não detalhar. Contei sobre a luta no ginásio, sobre quando fugimos com o Crossfox, como eu transformei em pó o

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minotauro com uma flecha no peito em alta velocidade. Eles particularmente não acreditaram nessa parte da história, mas Henri confirmou como a flecha havia sido bem atirada. Tive a impressão que os filhos de Apolo gostaram da ideia de usar carros para atirar flechas em alta velocidade. Contei também quando dormimos naquele hotel de estrada e como matei os monstros ao amanhecer. Lucillia disse que parecia um monstro matando outros, mas ignorei. Havia sido tão violento? Quíron entendeu o recado e pediu para me sentar. Começou então a falar de um jogo. O Caça a Bandeira. Tive a impressão que seria legal, e que provavelmente seria nos bosques. Uma das dríades se aproximou de Levi e o Sr. D apenas a olhou, e ela partiu com a mesma velocidade em que chegou. Parecia que o Sr. D estava protegendo Levi. Mas algo me chamou a atenção. Annabeth perguntou a Quíron se poderiam usar os novos campistas, ou seja, nós. Quíron aquiesceu e nos dispensou, mandando-nos dormir. Me despedi de Lucillia com um beijo, talvez até um pouco demorado, e abracei Levi, que me deu alguns tapinhas nas costas. Acelerei um pouco o passo, para tentar emparelhar com Clarisse. Ela me notou e me esperou, não tão calmamente. - Assim, Nero. Eu vi que você namora com aquela garota, filha de Atena. Isto não é nenhum problema, mas pode vir a ser. No momento, o chalé de Ares e o de Atena não estão aliados e amanhã vamos lutar contra eles. Senti que iria ter que lutar contra Lucillia. Isto não era tão bom, mas acho que seria perigoso. E se ela se machucasse? - No momento, o chalé de Atena tem como aliados os chalés de Hécate, o de Hefesto e o de Poseidon. Nós temos os chalés de Apolo, Hermes, Afrodite e o de Dioníso. E existe também a aliança com os chalés de Nêmesis, Éolo, Démeter e Perséfone. O chalé de Hades tem um só filho e ele não está aqui, como à filha de Zeus, Thalia. Hera não tem filhos e as Caçadoras de Ártemis não estão aqui.

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- Ou seja, temos que derrotar dois grupos, e capturar suas bandeiras? – eu perguntei, tentando me certificar. Terminando de fazer esta pergunta, um garoto grande, parecido com um hispânico, se aproximou de Clarisse e lhe beijou. Será que era assim que Levi se sentia, vendo duas pessoas se beijarem e não fazer nada? Bom, ele tinha as ninfas, e se depender dele, ele vai pegar as náiades também. - Sim, e o mais perigoso é o Percy. Ele é um dos melhores guerreiros, e eu sou uma das únicas que pode ganhar dele. A outra é Annabeth. E por enquanto não há um terceiro. Sempre há espaço para mais um, eu pensei. Quando entramos no chalé de Ares, vi que a decoração era incrível. Espadas e lanças desenhadas pelas paredes, uma grande cabeça de javali pendurada em cima da porta, e um rock tocando bem baixinho de fundo. Clarisse me indicou um beliche perto do meio, e me guiou em meio à bagunça dos filhos de Ares. - Espero que você não me desaponte amanhã. Você, pelo que contaram, deve lutar bem. – Clarisse disse isto quando chegamos ao meu beliche. Ela se deitou em uma cama perto da minha, a única cama de solteiro que não era um beliche. Em minutos eu estava dormindo, sonhando com a mesma mulher de vestido azul. - Nero, meu querido. Você chegou ao acampamento. Seu pai está torcendo por você na batalha amanhã. – Ela disse, com sua voz me hipnotizando de novo. - Eu acho que ele vai se orgulhar. Pelo menos espero que eu consiga fazer isto. - Eu disse confiante. - Meu garoto, seu pai gostaria muito de lhe falar, mas ele não pode ir até o acampamento. E gostaria de falar com Clarisse. Poderia passar o recado? - Claro, minha senhora – Eu disse, descobrindo quem a mulher era. Finalmente, tudo fez sentido.

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- Então Nero, já descobriu quem eu sou? - Ela perguntou, com um sorriso. - Ainda não, minha senhora Afrodite, mas pretendo descobrir o mais rápido possível. – eu disse piscando o olho e acordando. A batalha estava prevista para começar às 16h, e recém eram 9h. Tinha algum tempo para me preparar para a batalha, treinar um pouco. Mas eu não sabia o que fazer, e Clarisse me instruiu em praticamente todas as atividades do chalé. Depois do almoço, ela me levou até a arena, onde praticamos um pouco. Ela era rápida e muito forte, e em poucos minutos eu estava suando, mas não recuava. No início, seu olhar era de alguém que subestimava seu oponente e em poucos minutos era de alguém completamente surpreso. E em um minuto de desatenção, ela me desarmou. - Você luta muito bem, e acho que dessa vez temos alguma chance contra o chalé de Atena. – Ela disse ofegante. - Perdíamos antes? - Percy ficou praticamente impossível de se machucar por causa da última batalha. Se estiver lutando com ele, pense em algo que o imobilize e não o mate. Só assim ganharemos. Agora vá tomar um banho e se aprontar. A batalha começa daqui a um pouco.

Capítulo 6

Estávamos todos vestidos com armaduras gregas vermelhas. Era um pouco constrangedor, mas era a roupa que todos estavam vestindo e ninguém parecia não se importar. Clarisse carregava sua lança e capacete na mão. Nossa bandeira tinha o desenho de um javali segurando um caduceu na boca. Eu sabia que

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a batalha não seria fácil, e que provavelmente Annabeth teria algum plano, ou até mesmo Lucillia. Lucillia era super inteligente e Annabeth também, e ainda tinha o Percy. Como assim ele era impossível de se machucar? Queria perguntar isso para Clarisse, mas a trombeta de concha soou ao longe. Era o início da batalha. Começamos a correr rápido em direção ao centro do bosque, mesmo sendo a coisa mais errada. Annabeth esperava por isso. A batalha ficou feroz, e o som de espadas se chocando contra escudos era ensurdecedor. Eu defendia e atacava com a mesma velocidade, na maioria das vezes derrubando meus oponentes. Os filhos de Hefesto eram fortes, mas o pessoal do chalé de Dionísio estava cuidando deles. Levi parecia um elfo, não dava chance para ninguém chegar perto dele, girando seu bastão como um louco. Enxerguei Lucillia lutando contra alguns filhos de Nêmesis, do outro lado do campo de batalha. A batalha a minha volta se desenvolvia rápida, e do mesmo jeito que eu derrotava alguém, Percy derrotava outro. Quando nos enxergamos, saímos em busca um do outro. Nossa batalha era brutal, uma troca de golpes rápidos e com violência. A batalha a nossa volta se desenvolvia naturalmente, mas a nossa era surpreendentemente incrível. Percy usava tanto a mão direita quanto a mão do escudo. Eu estava usando apenas a mão do gládio, e o escudo estava ficando pesado. O larguei e me concentrei em atacar o Percy. O acertei em cheio no peito, com uma estocada, mas por incrível que pareça, não consegui machucá-lo. Ele pareceu se divertir com a minha confusão e começou a me atacar com mais velocidade. A batalha a nossa volta havia parado, e alguns campistas estavam nos olhando boquiabertos, Clarisse olhava incrédula, como se eu tivesse mudado da água para o vinho em uma noite. Percy tinha um sorriso de felicidade no rosto, e lutava de igual para igual comigo. Senti que estava ficando mais forte, e uma aura vermelha começou a me circundar. Percy me acertou, mas eu não senti dor, estava tão invencível quanto ele. Os golpes de espada ficaram mais fortes e brutais. Percy largou seu escudo e começou a trocar golpes apenas com a espada. Minha mão já estava ficando dormente, mas ignorei a dor e comecei a golpeá-lo

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com mais força. Percy retribuiu com mais velocidade e os estalos das espadas se chocando já ecoavam em todo o bosque. Ninfas apareceram para ver, mas não prestei atenção. Percy já estava ofegante, e eu não sei como estava me aguentando. Um trombone de concha soou bem distante, e Percy ficou mais otimista. Havíamos deixado os chalés de Afrodite e Hermes na guarda defensiva, e tínhamos certeza que não havíamos sido derrotados. Vi Clarisse pelo canto do olho e ela batalhava com alguém, mas sempre de olho em mim. Lucillia não estava à vista e Levi estava lutando contra alguns filhos de Nêmesis, que estavam apanhando feio. Um segundo trombone de concha soou, e alguns dos campistas de Atena gritaram. Se soasse um terceiro, poderíamos sair derrotados. Clarisse correu em direção do som, e ouvi uns gritos de guerra. Percy estava me encurralando, mas que outra opção eu tinha a não ser recuar? Então um terceiro trombone soou, e Percy parou. Os campistas de Atena gritaram. Tinham ganhado mais uma vez. Percy me olhava com um sorriso, e pelo jeito havia gostado de lutar comigo. Lucillia apareceu do nada e viu Percy e eu embainhando as espadas e olhou assustada para mim. Levi tinha a mesma expressão no rosto, mas tentou disfarçar. Não precisava pensar nisto agora, precisava de um banho e comer alguma coisa. Depois de um banho bem demorado, fui para o pavilhão de jantar com o resto do chalé de Ares. Lucillia me viu e acenou da mesa do chalé de Atena. Uma das regras mais explicitas era que nenhum semideus de um chalé poderia sentar a mesa de outro. Levi estava sentado na mesa do chalé de Dionísio, conversando com o Sr. D, que parecia ter alguma curiosidade com o garoto. Depois mais tarde fui descobrir que o Sr. D era o próprio Dionísio, e que Levi estava aproveitando um pouco a presença do pai. Fizemos oferendas aos deuses na fogueira, e agradeci pela batalha. Parecia estranho, mas Clarisse me contou sobre a aura vermelha. Era uma benção de Ares, e pelo jeito ele não gostou da

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ideia de um filho estar em desvantagem. Percy tinha algo que ela chamou de “Maldição de Aquiles”, o que o tornava imune a golpes físicos. Ela não entrou em detalhes, mas eu vi que ele tinha feito um sacrifício muito grande para ficar daquele jeito. Quíron me elogiou bastante após ver o meu desempenho em batalha, em especial a batalha contra Percy. Annabeth veio me perguntar aonde tinha aprendido a lutar tão bem, mas certas coisas vêm no sangue, creio eu. Após o jantar, decidi dar uma volta perto da praia e Lucillia me acompanhou. Após um pouco de caminhada, não aguentei a tentação e a beijei. Foi um beijo longo e intenso. Mas igualmente rápido. Levi pulou em cima de nós, fazendo-nos rir. Eu estava feliz, como eu nunca estivera antes. Percy apareceu depois com Annabeth e nos viu rindo, e sendo filho do deus do mar, nos deu um banho, usando seus poderes. Totalmente encharcado, começamos a rir até doer à barriga. Olhei para cima, e simplesmente agradeci. Este era o melhor momento da minha vida.

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Uma história de amor Franciele Carvalho da Silva

Fanfic inspirada na obra:

Uma fada veio me visitar e Turma da Mônica Jovem de Talita Rebouças e Mauricio de Souza

Quem é a autora: Uma patinadora (do grupo expressão), alegre, adoro escrever músicas, adoro chocolate branco, sou apaixonada pelos almanaques da turma da Mônica (criança e jovem), gosto de ir ao cinema. Sou colorada, estou na sexta série, estudo no Gomes Jardim, adoro ir à praia, gosto de escrever poemas e historias irreais, gosto de ver jogo de futebol (principalmente quando é grenal), adoro comer pizza. Sou uma pessoa que adora dançar todos os ritmos, gosto muito de ver filmes de aventura e que me façam rir. Livros que mais gosto: Saga Crepúsculo, Percy Jackson e o ladrão de raios, almanaques da turma da Mônica jovem, Marley e eu e o diário de Tati.

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De manhã cedo no colégio chamado “Feliz para sempre” os alunos conversavam a espera do sinal da primeira aula. - Ah para que você não sabia que iria ter prova de matemática hoje, Luna? - Não e agora vou rodar na prova final, meus pais vão me matar. - Luna, como eu sou sua amiga vou tentar convencer a professora mudar o dia da prova, ta bem? - Obrigada, Monica. Se minha mãe não tivesse tirado meus poderes de fada eu poderia fazer, com magia, a professora mudar o dia da prova. Ei, Monica, você também é uma fada, faz com que a professora mude o dia da prova com magia. - Ai, Luna, se eu pudesse, mas meus pais tiram meus poderes também. TRIMMMMMMMM - Xi! O sinal tocou, vamos para a aula e vou ver se consigo fazer ela desistir da prova... Na aula todos os alunos estavam esperando a professora, passou alguns minutos e o diretor Cascão entra na sala e diz: -Todos estão liberados nos dois primeiros períodos. Depois voltem para sala, a professora de matemática não aparecerá hoje para dar aula. Todos os alunos comemoram já que teriam mais tempo para estudar, principalmente Luna, que nem tinha estudado. - Luna, você não acha estranho a professora ter faltado hoje? - Não Monica, por quê? - Ela nunca falta, até parece que alguém fez alguma magia. Na mesma hora o Cebolinha (o garoto mais lindo do colégio) falou para Luna que ela não precisava agradecer. Luna ficou meio que tonta por não saber por que deveria agradecer a ele. - Olha, Cebolinha, desculpa, mas o que eu tenho que agradecer? - Ah, eu soube que você não estudou para prova e que você e Monica não estão com seus poderes. Então, já que eu estou com os meus, fiz uma magia para a professora não aparecer e não ter a prova. - Ai, Cebolinha, assim eu fico até sem jeito. Mas eu agradeço, porque você fez isso?

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- Eu gosto muito de você, Luna, então fiz esse favor. E também eu precisava dar mais uma estudada, sabe não é tão ruim dar uma estudadinha a mais, hahahaha. - Ah, claro. Opa, você disse que gosta de mim? Na hora que o Cebolinha ia falar o sinal tocou para os alunos entrarem. TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM Na sala de aula os alunos esperam a professora de ciências. - Bom dia, alunos. Quero que fiquem sabendo que amanhã teremos uma prova, então estudem muito. Passam-se minutos e o sinal bate para o recreio. TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM - Monica, você não sabe o que me aconteceu. - O que aconteceu, Luna? Seus pais te devolveram seus poderes? Porque os meus não, ou sei lá o que. - Não é nada disso, o Cebolinha falou que gosta de mim, ta bem que não foi com essas palavras, mas ele disse. No mesmo instante o Cebolinha chega. - Oi, garotas, com meus poderes pude perceber que estavam falando de mim e vim saber o que é. - Oi cebolinha, a Luna tava dizendo que estava sem poderes, não estava falando de você, e por que ela falaria de você? - Monica, não mente. Cebolinha, eu estava falando de você, falei pra Monica que você disse que gostava de mim. O Cebolinha ficou tão assuntado com o nervosismo da Luna que disse que ela não o deixou terminar de falar, que ele falou que gostava dela, mas não assim, e sim como irmãos. Luna ficou com tanta vergonha que saiu correndo do pátio. TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM O sinal bate e a aula termina. Monica fala com Cebolinha para dizer que Luna saiu desesperada porque ela entendeu tudo errado, já que ela pensou que Cebolinha gostava dela. - Mas qual é o problema de eu não gostar dela de paixão? - Ai, Cebolinha, nem sei se eu devo te contar... Ta vou falar, a Luna te ama desde que você chegou à nossa turma.

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- Tipo ela gosta de mim desde a segunda série? Nós estamos na sexta. - Sim, ela gosta de ti há muito tempo. Ai você aparece dizendo que gosta dela, ela entendeu que você é apaixonado por ela. Então Cebolinha sai e deixa Monica falando sozinha. - Cebolinha, aonde você vai? - Vou à casa da Luna, preciso resolver isso com ela. Cebolinha foi voando até a casa da Luna para se esclarecer. - Luna, abre a porta. - Calma, Cebolinha, já abro. Luna abre a porta com os olhos cheios de lagrimas. - Luna, preciso falar com você, você entendeu tudo errado, preciso te contar uma coisa. Vou embora para bem longe com meu irmão. Adeus, Luna. Então Cebolinha foi embora para nunca mais voltar. Logo depois o irmão do Cebolinha passa e vê a tristeza de Luna, pergunta o que estava acontecendo. - Seu irmão veio aqui dizendo que ia embora para longe e saiu voando. - Ah não, ele já foi e nem me esperou. Ah, ele mandou eu te falar uma coisa. - Me diz por que ele foi embora? - Ele foi embora por que disse que te amava muito desde a primeira vez que te viu, só que nunca teve coragem de te falar. Ele me ligou hoje, dizendo que gostava de ti e contou um monte de mentiras para retirar o que ele disse, por que ele pensava que você nunca mais iria falar com ele depois que soubesse que ele o amava. Então Luna saiu correndo a procura de sua mãe. - Mãe, eu preciso que a senhora devolva meus poderes. - Por que eu devolveria, Luna? - Porque eu preciso. Meu grande amor esta indo embora, tenho que fazer alguma coisa. Então a mãe de Luna fez um passe de mágicas e, PLIM, os poderes de Luna voltaram. Luna foi correndo para a casa de Monica.

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- Monica, o Cebolinha foi embora com o irmão dele, preciso da sua ajuda para nós interrompemos essa viagem dele. Vou falar com sua mãe para ela devolver seus poderes. - Esta bem, Luna. Vou com você, farei de tudo para lhe ajudar. Então as duas foram falar com a mãe de Monica. - Tia, por favor, devolva os poderes da Monica, ela precisa me ajudar numa coisa. - E que coisa é essa? - Tia, eu estou apaixonada e descobri que o menino que eu gosto também me ama. Ele foi embora, então eu preciso da ajuda da Monica e para isso ela tem que ter os poderes de volta. - Mas o que tem haver ter poderes para ir atrás de seu amado? - É que com os poderes podemos voar e voando chegaremos mais rápido até ele. Então, PLIM, a mãe da Monica faz uma magia devolvendo seus poderes. Luna e Monica saem voando a procura do Cebolinha. Passam-se horas e horas. - Ei, Monica, olha! É o Cebolinha e o irmão dele, vamos rápido. - Oi, Cebolinha, que bom que te achei. - Luna, o que esta fazendo aqui? não deveria estar estudando para prova de amanhã? - Não, eu li o pensamento do diretor e amanhã ele só vai dizer que estamos de férias, então nem irei. - Mas você não deveria estar aqui. Luna diz para Monica explicar por que elas estavam ali. - Não vem que não tem Luna. Você que me trouxe aqui então agora explique por que estamos aqui. - Está bem. Cebolinha eu vim aqui por que seu irmão foi falar comigo dizendo que você me amava e que você achava que eu não iria falar mais com você quando eu soubesse que você gostava de mim. - Eu não acredito, você me dedurou, mano? Como pode? - A culpa não é dele Cebolinha, agora você tem que me responder se e verdade o que seu irmão me falou. - É verdade.

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- Eu tenho que te dizer uma coisa... Eu gosto muito de você. - Eu sei, a Monica me falou, por isso eu fugi, nós não podemos ter nada, um problema vai estourar e só eu vou poder resolver, então volte para sua casa. - Ei, eu quero saber qual é esse problema. - Quando ele estourar te mandarei um sinal para você saber qual é o problema. Então Luna e Monica voaram para casa... -Luna, qual será o problema? Será que é muito grave? - Ai, Monica, se eu soubesse, nem com meus poderes posso saber, por que quando uma coisa é secreta ninguém pode descobrir. Passaram semanas e nenhum sinal de algo diferente aconteceu, quando, numa bela tarde, enquanto Luna estava comendo guloseimas com Monica em sua casa, ela recebe uma carta, que dizia: “Senhora Luna, temos uma notícia para lhe dar, seu amado Cebolinha virou humano, ele estava sob efeito de um encanto que o deixava ser o que ele era, mas o encanto se acabou.” Naquele instante fogos de artifícios começaram a estourar e Luna percebeu que aquela carta falava sobre o problema que o Cebolinha havia mencionado, os fogos eram o sinal. - Não acredito me apaixonei por um humano, por que isso foi acontecer logo comigo, bua bua. -Calma, Luna, ele tentou te avisar. Ele também deve estar sofrendo, ele também te ama. Na cidade dos humanos... - Não acredito, como fui capaz de me apaixonar por uma fada! - Calma, Cebolinha, você se apaixonou por ela porque você e eu éramos como eles. - Mas eu não podia ter me apaixonado, eu sabia que um dia o encanto iria se acabar, e também coitada da Luna deve estar sofrendo muito por minha causa. Os anos se passaram, o Cebolinha de antes agora era chamado apenas de Cebola porque já tinha acabado a escola e já tinha 17 anos. Luna e Monica também mudaram, as duas fizeram 17

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anos e nenhum deles se lembravam do que tinha acontecido anos atrás. No mundo das fadas... - Ai, Monica, sabe que lá no meu coração diz que alguém que já foi muito importante na minha vida voltará, mas eu não vou reconhecêlo. - Luna, assim você me assusta, quem será que vai voltar? Não lembro de ninguém. Na cidade dos humanos... - Cebola, te abaixa! - Por quê? PLIM, a bruxa má apareceu e colocou o encanto para o Cebola voltar ao mundo das fadas e ser como eles, só que desta vez ele não viraria mais humano. O irmão do Cebola tentou avisá-lo mas não conseguiu, então a bruxa resolveu mandar o irmão do Cebola pro além. Num passe de mágica, PLIM, Cebola volta para a cidade das fadas. - Ha meu Deus, algo me diz que eu vou encontrar uma pessoa que foi muito importante para mim, mas não vou reconhece-lá. Mas o destino estava errado, eles iriam se reconhecer. No bosque encantado Luna e Monica estavam dançando até que Monica viu uma sombra e avisou Luna. - Luna, alguém mais esta neste bosque. - Mas quem? Meu pressentimento ta dizendo que é a pessoa que foi importante na minha vida. Ele esta aqui, em algum lugar. - Então vem, Luna. Vamos ver quem é? - Luna, aquele parece o... - Monica, eu também acho, só pode ser ele, mas como? - É, Luna, é ele o Cebolinha. NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO. Luna teve um ataque, e com o grito que deu o Cebola escutou e foi ver o que tinha acontecido. - Não, não pode ser, é a Luna, NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO. Luna, vai para perto de Cebola e os dois ficam frente a frente. - Cebolinha, é você?

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- Há muito tempo ninguém me chama de Cebolinha. - Como te chamam agora? - De Cebola, e você é a Luna? - Sim, como você voltou? - Botaram o encanto em mim outra vez, só que agora é para sempre. Quando Cebola disse para sempre, Luna fica pensando, se é para sempre eu vou poder ficar com ele. - Luna, eu li seu pensamento, esquece isso, você tem namorado agora. - Eu não esqueci dele, mas estou confusa!!!! Cebola se ajoelha na frente de Luna e a pede em namoro. - Luna, quer ser minha namorada? - Eu até queria, mas agora eu já tenho namorado... Monica puxa Luna pelo braço e leva ela para casa deixando Cebola sozinho. - Monica você tem problema, ele acabou de pedir para eu ser namorada dele. - Eu não sou louca, Luna. Sou uma fada bem das espertas, salvei você da maior loucura, você tem namorado não pode sair assim. Horas no telefone... Luna termina com o namorado. - Viu Monica? Foi fácil, agora deixa eu ir falar com o Cebola. - Luna, você não entende, ontem eu ouvi sua mãe falar com a minha mãe que se você um dia reencontrasse o Cebola, elas vão me mandar para o colégio interno - Mas por que isso? - Porque você esqueceria-se de ser minha amiga, ta tudo escrito no seu destino você tem que escolher entre eu ou o Cebola. - Ok com certeza escolho você, mas nunca vou esquecer ele. - Isso que é amiga. Monica foi a procura do Cebola e explicou tudo, depois foi falar com sua mãe. - Olha filha não falei nada com a mãe da Monica não tem problema nenhum você namorar o Cebola. Então Monica estava mentindo, Luna foi voando falar com ela.

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- Monica por que você fez isso? - Fiz o que? - Mentiu para mim, falei com a minha mãe ela disse que não tem nada a ver o que tu falou, por que Monica você me mentiu? - Ai Luna desculpa é que eu to com muito medo. - Medo do que? - Medo de você só ficar com seu namorado e não sair mais comigo, eu estou com medo de perder a melhor amiga. - Ai Monica você nunca vai me perder você é como uma irmã e você sabe primeiro amigos depois os outros. Então Monica e Luna se resolveram e foram explicar o que realmente aconteceu para o Cebola. - Ai Monica não acredito que foi isso, você tava com ciúmes, hahaha. - Ei cebola onde está o seu irmão? - Luna o mandaram pro além. - Quem o mandou? -Não sei, só sei que é uma bruxa e foi a mesma pessoa que me botou um encanto. - Nossa que sinistro. Então os três se resolveram, Luna ficou com o Cebola e Monica ficou amiga dos dois e eles viveram felizes para sempre.

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Carta Mônica Alamos

Fanfic inspirada na obra:

Eu sou o número quatro de Pittacus Lore

Quem é a autora: Gosta de animes, filmes de terror e um bom pedaço de chocolate. Acha interessante história e se emociona com cenas românticas em seriados. Sonha em se formar em Direito e de viajar pelo mundo. Prefere ficar em casa, ler um livro enrolado em um cobertorzinho do que sair todas as noites. Entre os muitos livros preferidos estão a série Percy Jackson e os Olimpianos, Os Heróis do Olimpo, A Mediadora, Crepúsculo, Formaturas Infernais, Eu sou o Número Quatro, etc.

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Essa é a cópia de uma carta que foi encontrada em uma pequena caixa de sapatos enterrada no alto de uma colina. Por sorte um garotinho a encontrou e levou para mostrar para a sua família. A carta não era tão antiga e continha informações de um passado não tão distante. Uma carta parecida com esta fora achada por uma garotinha há muitos anos, quando talvez todos ainda falassem um idioma só no mundo. Naquela época, ocorreu a mesma coisa que pode estar acontecendo conosco hoje em dia. Eles na época ignoraram a carta e não puderam evitar o pior. Então, por favor, se você estiver lendo esta carta, tome-a como um aviso e não a ignore. Prepare-se para o pior – porque talvez não estejamos sozinhos no universo. 1. Dor. Tudo o que posso sentir é dor. Uma dor intensa no meu tornozelo indicando que o número Três está morto e que o número Quatro será o próximo. Desde que minha cêpan (guardiã) morreu, tenho estado sozinha, tentando sobreviver por conta própria e tentando achar os outros números. O número Um, Dois e Três estão mortos, o número Quatro está em perigo, o número Cinco eu não faço nem idéia onde possa estar e eu sou a número Seis. Somos nove aliens ao todo – membros da Garde – que viemos escondidos numa tentativa desesperada de fuga. Nosso mundo, Lorien, foi atacado pelos mongadorianos. Criaturas cruéis e ambiciosas que depois de sugarem toda a vida de seu planeta invadiram o nosso e mataram tantos quanto podiam. Apenas nove crianças e nove cêpans se salvaram e fugiram para o planeta mais próximo – o planeta Terra. Agora, os mongadorianos pretendiam fazer o mesmo com esse planeta, eles só têm um empecilho: nove lorienos. Então, somos caçados um por um. Eu preciso encontrar o Quatro antes que eles o encontrem e é isso o que estou tentando fazer: o procurando como uma louca,

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tentando de todas as formas encontrá-lo, e me juntar a ele antes que os mongadorianos nos matem. Mesmo sabendo que se eu encontrar o Quatro, o feitiço lórico desaparecerá, permitindo que os outros sejam mortos sem ser por ordem cronológica, eu tenho que tentar. Só o que consigo são pistas, pedaços minúsculos deixados para trás. Um deles foi uma reportagem em uma revistinha “Eles estão entre nós” que parecia ser feita no porão de alguém. Mas sempre foi como se eu tentasse agarrar o vento com as minhas próprias mãos. Cada vez que eu chegava perto o suficiente para alcançá-lo, ele sumia. E aqui estou, em um hotelzinho barato a uma hora e pouca da minha próxima parada, Paradise, Ohio. Todo o cuidado que ele teve foi por água abaixo por causa de um simples vídeo feito por um celular – uma casa pegando fogo, vários adolescentes a observando queimar (alguns bêbados, outros visivelmente chapados) e um borrão entrando correndo e passando direto pelas chamas sem se importar com elas. Minutos depois ele voltava com uma garota loira e dois cachorros nos seus braços. Idiota! Claro que eu fiquei feliz por tê-lo encontrado, mas como ele se deixou ser tão idiota ao se expor dessa maneira, quem ele pensa que é? Um super-herói por acaso? Ainda mais salvando uma loira oxigenada. Que clichê, senhor Clark Kent. Agora eu só posso ir até lá e chutar a bunda dele para bem longe dali antes que algum mongadoriano o pegue. Levantei da cama, onde estava deitada, pensando em tudo isso e me olhei no espelho – eu tinha cabelos negros e longos, faces elevadas, boca larga, nariz forte e pele azeitonada. Penteei meus cabelos até prendê-los em um rabo de cavalo. O hotel tinha cheiro de mofo e parecia que a qualquer momento as madeiras que o cobriam iriam cair. Saí dali, peguei a minha Harley vermelha e fui para o “Paraíso”. 2.

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Pelo caminho da cidade, eu passava por fazendas de cavalos e de gado, depois por campos desertos e sempre por árvores que pareciam me cercar por todos os lados. Alguns minutos depois, pude avistar uma placa que anunciava:

Bem-Vindos a Paradise, Ohio População: 5.243

Mais adiante, passei por um velho posto de gasolina, um lava rápido e um cemitério. Casas de madeira espalhadas pela rua e a estátua de um homem em um cavalo empunhando uma espada no centro da cidade. A noite chegava e junto com ela o cansaço também. Parei em uma casinha de madeira laranja de dois andares que dizia “Pousada”. Lá dentro uma mulher loira de uns trinta e poucos anos estava atrás de um balcão de madeira, ela me olhou de baixo para cima. - Bem-vinda à nossa pousada, em que posso ajudá-la? – perguntou a mulher visivelmente entediada. - Um quarto, por favor – disse tentando forçar o meu melhor sorriso. Peguei a chave que ela me ofereceu e me dirigi até o quarto indicado. O quarto era menor ainda, só tinha uma cama de solteiro, uma cômoda e um banheiro. Tirei os sapatos e, literalmente, caí na cama de tanto sono. Depois de acordar, fui para o hall de entrada e várias pessoas falavam sobre o acontecido na casa dos James.

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- Aquele garoto, John, salvou a garota e os dois cachorros – cochichava uma mulher para um homem. Pelo menos estava na cidade certa. A mesma moça que me atendeu quando eu cheguei na pousada veio correndo e parou na frente de todos os hóspedes. Recuperando o fôlego e ainda arfando ela começou a falar: - A cidade inteira está comentando que aquele garoto, John, é alguma espécie de aberração ou louco, ele pulou a janela do diretor da escola agora pouco. – ela disse se sentando no seu lugar de trabalho. Droga! Ele quer aparecer? É mais fácil e mais rápido colocar uma placa de neon em cima da cabeça dizendo “EU ESTOU AQUI! VENHAM ME PEGAR!”. Fui até o meu quarto, peguei as minhas coisas e fui pagar a pousada. Todos esses anos fugindo e se escondendo foram por água a baixo quando ele enlouqueceu e resolveu se mostrar para o mundo. Paguei a pousada e fui eu mesma caçar o Quatro/John. Todos na cidade estavam comentando sobre o acontecido e a essa altura eu já tinha uma noção do rosto de John. O sol batendo no meu rosto e eu tentando achá-lo na multidão. Cada um que passava por mim com uma mínima semelhança que fosse e eu virava o rosto para tentar ver se era ele. Indo para a parte mais afastada da cidade e ainda o procurando, o sol parecia querer dar o seu último adeus e enfim dar lugar a escuridão da noite. Três e meia da tarde e já parecia noite – uma noite com uma escuridão densa e pesada. Passando por algumas casas e uma floresta, vejo uma que me intriga um pouco. Ela estava com as janelas e a porta abertas e com nenhum sinal de movimentação lá dentro. Não tinha cara de

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abandonada. Dou uma olhada mais de perto me tornando invisível – um dos meus legados ou super poderes, como quiser chamar – e nada. Olho para a pequena floresta ao lado da casa. Algo estava errado. Das duas uma: ou eu perdi mais um dos rastros de John Smith ou ele ainda estava naquela cidade, escondido, ferido ou até mesmo morto. Resolvo atravessar aquela floresta e procurá-lo por lá mesmo. Nada. Atravesso um campo de baseball e me dirijo ao que parece a escola que John destruiu uma das janelas. Quase desistindo e querendo parar um pouco, sento-me no chão ainda invisível. Eu não sabia se era um alívio não ter o encontrado ali ou não. Os mogodorianos estavam por perto, muito perto e isso já era evidente. A primeira pista que tive disso foi quando vi alguns homens de sobretudo preto rondando a escola. Escondi-me e fiquei os observando. Se eles estavam aqui, então o número Quatro também estava ali dentro, tentando se esconder e sair na primeira oportunidade que tivesse. Eles eram espertos, começaram a cercar a área e a se preparar. Achei uma das portas destrancadas e entrei na escola. O corredor estava vazio e apenas metade das luzes estava acesa. Eu podia ouvir o som do polidor de chão funcionando em algum andar. Andando de sala em sala e olhando em todos os lugares possíveis, tentei procurar algum rastro do John. As luzes piscaram e apagaram-se por um tempo. Segurei a minha respiração. Após dez segundos, elas reacenderam. Caminhando mais depressa e tomando cuidado para não fazer nenhum barulho, as luzes voltam a se apagar. Esperei um pouco e nada de elas voltarem a ascender, mas o polidor de chão continuava de alguma forma ligado. Minutos depois o barulho dele para. A sala onde eu estava tinha uma janela quebrada – eu definitivamente estava na escola certa, fora por aqui que John pulara. Por um descuido, ao sair da sala eu deixara a porta entreaberta, fazendo com que ela rangesse e batesse com violência por causa do vento. Ouço um grito de mulher próximo e tento correr até ele, mas acabo não achando nada e continuo na minha procura, certa de que o encontraria ali dentro.

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Ao longe escuto um baque e um chute em uma porta. Mais tarde uma janela sendo quebrada e novamente um grito de mulher. Abro e fecho portas de salas de aula a procura dele, sempre abrindo, olhando para dentro e fechando. Cogito a idéia de percorrer novamente toda a escola, mas espero ouvir mais algum barulho, talvez até mais um grito como antes. Entro em uma sala de aula, abro devagar a porta e a fecho. Mesmo na escuridão, consigo ver duas figuras indistintas debaixo da mesa do professor. Fico as observando não estando certa se era algum mogodoriano ou o número Quatro. Ouço os dois conversarem baixinho. - O que nós vamos fazer? – pergunta uma das sombras com uma voz feminina. - Eu não sei. – sussurra a outra sombra, essa com uma voz masculina. Depois de um tempo eles voltam a falar. - Nós temos que ir embora. – ele sussurra. – Não estamos seguros aqui. - Mas eles estão lá fora. – ela responde. - Eu sei, e eles não vão embora. Henri está em casa, e está em tanto perigo quanto nós. - Mas como nós vamos sair? - Vai ser fácil nos encontrar aqui, Sarah. – ele responde Eles vão nos encontrar, e quando fizerem, todos eles vão estar juntos. Desse modo pelo menos nós temos o elemento surpresa. Se nós conseguirmos sair da escola, acho que posso ligar um carro. Se eu não conseguir, nós vamos ter que dar um jeito de lutar. Assim que ele disse isso, as duas sombras ergueram-se e caminharam até a porta, uma delas emitindo uma pequena luz fraca

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em uma das mãos – um legado. Sorri ao pensar que o achei vivo e aparentemente sem nenhum machucado. Antes de eles abrirem a porta, eu os agarro pelas costas e os jogo no chão. John tenta gritar, mas eu o calo com a minha mão, cobrindo-lhe a boca. A garota ao lado tenta se debater e ele também, mas eu consigo segurá-los tranquilamente. - Shhh, pare de se mexer. – sussurro no ouvido de John. – Eles estão lá fora esperando. Vocês dois tem que ficar em silêncio. Eu os solto e por um momento nós dois nos encaramos. Ele tinha a aparência de um garoto de quinze anos com cabelos loiros. - Quem é você? – ele pergunta. Olho para a porta começando a ficar inquieta, estávamos passando tempo demais já naquela sala, não demoraria muito para eles entrarem ali. - Eu sou a Número Seis. – eu digo dirigindo a minha atenção a ele. – Eu tentei chegar aqui antes deles. 3. Ainda dentro da sala de aula, John decide que era hora da interrogação começar. - Como você sabia que era eu? – ele pergunta. Tive vontade de responder que além do fator óbvio das mãos dele brilharem, coisa incomum para qualquer ser humano normal, também tinha o fator “super-herói”. Mas não disse nada, apenas olhei novamente para a porta. Não era nem um pouquinho seguro ficar muito tempo parados ali, definitivamente não era. - Como você entrou sem eles te verem? – ele perguntou novamente. - Posso ficar invisível. Ele sorri e eu continuo séria lembrando do que ele tinha dito, sobre fugir até a sua casa.

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- Qual é a distância até a sua casa? – pergunto. - Cinco quilômetros. Assenti. - Você tem um Cêpan? – eu pergunto. - Claro que sim. Você não tem? – ele me respondeu como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo, como se eu estivesse perguntando se ele tinha certeza de que dois mais dois é quatro. Essa pergunta foi um pouco delicada para mim, minha Cêpan morrera há alguns anos. Troco o pé de apoio e pauso antes de falar, tentando juntar forças para falar sobre isso sem me debulhar em lágrimas. – Eu tinha. – eu digo. – Ela morreu faz três anos. Tenho estado por conta própria desde então. - Sinto muito. – ele diz. - É uma guerra, pessoas vão morrer. Agora nós temos que sair daqui ou nós também vamos. Se eles estão por aqui, então já sabem onde você mora, o que significa que já estão lá, portanto, não há mais motivos para nos escondermos lá depois que sairmos daqui. Esses são apenas sentinelas. Os soldados ainda estão a caminho. Eles têm espadas. As bestas não devem chegar muito depois. O tempo é curto. No melhor dos casos temos um dia. No pior, eles já estão aqui. Vejo a cor do rosto de John sumir e quase consigo ver as engrenagens do seu cérebro trabalhando rápido e entrando em desespero. - Ele está em casa. – ele diz. - Quem? - Henri, meu Cêpan. - Tenho certeza de que ele está bem. Eles não vão tocar nele enquanto você estiver livre. É você que eles querem, e eles vão usá-lo para tentar atrair você. – digo virando a minha cabeça em direção às janelas com grades. Bem ao fundo, fazendo a curva em

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direção da escola, podia jurar ter visto um par de faróis passando pela saída, depois indo em direção a estrada e desaparecendo em seguida. Olho para John novamente, lembrando de que precisamos sair dali. - Todas as portas estão bloqueadas. De que outro modo podemos sair? Sem obter alguma resposta de John, a coisinha loira resolve se manifestar. - Nós podemos sair pelo ginásio. – ela diz. – Há uma passagem embaixo do palco que leva aos fundos da escola. - Sério? – John pergunta e estufa o peito de orgulho dela quando Sarah assente. Reprimo minha vontade revirar os olhos e os ofereço as mãos. - Cada um de vocês pegue uma mão. – eu digo. Sarah pega a esquerda enquanto John pega a direita. – Façam o máximo de silêncio possível. Enquanto vocês estiverem segurando a minha mão, vocês vão estar invisíveis. Eles não poderão nos ver, mas vão nos ouvir. Uma vez lá fora, corremos com tudo. Nós nunca vamos conseguir escapar. O único modo de escapar é matando, até o último deles, antes dos outros chegarem. - Certo. – ele diz. - Você sabe o que isso significa? – pergunto. Ele balançou a cabeça, parecendo não saber do que eu estava falando. - Não há como escapar deles agora. – ela diz. – Isso significa que você vai ter que lutar. Depois disso, lembro-me de tudo como se fosse um borrão na minha memória. Lembro dos mogodorianos nos atacando, de ser ferida e de ter pensado seriamente se eu preferia a dor do corte que eu levei ou a dor de estar sendo curada pela pedra de cura de John. Também me lembro de ter conhecido o Cêpan de John, Henri, e Bernie Kosar – o cachorro/chimera de John.

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No momento da fuga, depois de ter atravessado todo o caminho que a coisinha loira tinha sugerido, fomos pegos em uma armadilha. Enquanto todos tentavam se defender e matar maior número de mogodorianos, eu usei um dos meus legados – comecei a criar uma tempestade. Raios começaram a cair e eu consegui atingir alguns inimigos. Henri estava próximo e tinha uma espingarda na mão, atirando e acertando o máximo que conseguia. Tudo parecia um caos e um perfeito campo de batalha. Eu não conseguia me concentrar em todos e o meu objetivo era a tempestade que começava a se formar. A chuva começou a ficar pesada e fria. Quanto mais forte a tempestade ficava, mais eu sabia que seria uma questão de tempo para eu perder o controle dela. Pelo canto do olho consigo ver que Henri fora ferido e que eles não atacavam mais, pareciam estar recuando um pouco. A tempestade cresceu mais ainda, o vento uivando no meu ouvido, trovões, raios e muita chuva. Quando achávamos que tínhamos ganhado essa batalha, perto da floresta uma máquina a vapor se aproximava. Os mogodorianos começaram a rir e nos encurralaram de volta para a escola. Quase desistindo e achando que iríamos todos morrer, com o pingo que ainda sobrava de esperança, saímos todos novamente e foi aí que a guerra começou de verdade.

4. A nossa única chance de sobreviver era conseguindo chegar até a floresta. Infelizmente, tínhamos apenas dois “pequenos” empecilhos – duas bestas enormes que pareciam famintas e, com certeza, tínhamos cara de frango assado para elas. Com um soco forte que quebrou a parede do lado, uma das bestas nos procurava. - Corre! – Henri grita para ninguém em particular e começa a atirar na besta, o que não causa nenhum efeito nela. Ela

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se curva para frente e ruge fazendo tudo a nossa volta tremer. Seguro rapidamente a mão de John, fazendo-o ficar invisível. A besta segue direto para Henri. - Não! – John me disse. – Henri! Ajude o Henri! – ele contorce o braço, até que o solto e sou empurrada para longe. John ficou visível, mas continuei escondida. A besta não desistiu e continuava a avançar para Henri, que a observava se aproximar. Parecia que eu estava em algum transe e que estava vendo a minha Cêpan no lugar de Henri, exatamente como ela foi morta alguns anos atrás. - Ajude ele! – John gritou. – Ajude ele, Seis! Quando consegui voltar à realidade gritei para John um “Vá para a floresta!” e foi isso que ele fez. Deixando apenas Henri e eu para enfrentar aquele monstro de outro planeta. A besta não reduziu um segundo e era possível ver a determinação nos olhos de Henri. Ela levantou o punho e quebrou o telhado do ginásio da escola, ao baixá-lo ela deixou uma marca no chão. Quando o punho da besta estava quase esmagando-o, indo para a sua direção, consigo chegar até Henri e torná-lo invisível também. O punho quebra mais uma vez o chão. - Henri! – John gritou e a atenção da besta foi voltada para ele. Mais uma vez eu cogito seriamente se ele não caiu de cabeça quando era bebê. Ela deu um passo em sua direção e John saiu correndo para a floresta, então me tornei visível para atrair a atenção da besta, o que funcionou. Enquanto John corria para o mais longe possível, besta e eu nos olhamos. Eu claramente não seria párea para aquilo. Conseguiria fugir, mas não matá-la. Foi aí que o Bernie Kosar apareceu e virou um animal do mesmo tamanho que o nosso adversário. Um ganido fraquinho e soubemos que Bernie fora atingido, mas mesmo assim ele conseguiu acertar em cheio a jugular da besta, matando-a. Mesmo um pouco ferido, ele saiu correndo para ajudar o John, deixando Henri e eu para cuidar dos soldados, que agora

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eram muitos. Peguei um pedaço de madeira e comecei a bater em um, Henri atirando as suas últimas balas em outro. Quando o primeiro soldado foi morto, eu troquei de arma com ele e comecei a atacar o resto dos outros com uma adaga deles. O último deles era o mais forte e o mais habilidoso. Ele começou a duelar comigo e fazia movimentos difíceis de acompanhar. Senti dor no braço esquerdo e senti um líquido quente ensopar a minha blusa. Ardia mais do que deveria. Tirando vantagem da minha fraqueza ele me acertou novamente, dessa vez na minha coxa direita. Tonta de dor e respirando fundo, quando ele daria o golpe final, com um surto de adrenalina consegui erguer a minha espada e acertar o coração dele, um golpe mortal. Henri saiu mancando até achar John e eu continuei lutando. No fim, Henri não conseguiu resistir e acabou morrendo no campo de batalha ao lado de John, que mais tarde se juntou a nós. Sam, um garoto magricela e com muita cara de nerd, apareceu e acabou sendo de grande ajuda matando quantos ele via pela frente. Ganhamos a batalha e eu tenho certeza que alguns fugiram e se esconderam até se recuperarem para a verdadeira guerra. Ela não está longe e a nossa única chance é reunir todos os outros membros da Garde para lutar. John, Sam, Bernie Kosar e eu pegamos uma velha camionete e seguimos sem rumo exato. Só queríamos fugir da polícia já que naquela cidade acreditava-se que John era um terrorista. Ninguém havia traçado uma rota, só tínhamos pistas e palpites de onde os outros poderiam estar. Quando achávamos que estávamos perdidos, encontramos uma pequena esperança dentro de nós. Essa mesma esperança é a que nos mantém lutando para que um dia possamos voltar até o nosso planeta natal e criar uma nova raça lá.

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Como eu disse no começo, dos nove que vieram para cá apenas seis permanecem vivos. Mas ainda temos esperança que vamos encontrar todos eles. Então, querida pessoa do futuro, enquanto John, Sam e eu estávamos viajando, eu consegui enterrar essa carta em uma colina distante. Sei que deveria tê-la entregue para alguém com mais poder na sociedade ou até mesmo deveria tê-la publicado na internet, mas nas condições que estamos vivendo hoje, sempre fugindo e tentando escapar da polícia, não creio que iriam acreditar em nós. Torço para que essa carta caia nas mãos de alguém que acredite em tudo que eu falei. Estamos fazendo o máximo que podemos para alertar a raça humana. Se você ler esta carta, passea adiante e talvez vocês ainda tenham alguma chance de vencer tudo isso. Não sabemos quando que essa guerra vai começar ou quando vai acabar, só esperamos que todos estejam vivos. Eu sou a número seis, uma das Gardes de Lorien, e pretendo lutar até não conseguir mais ficar em pé. Vocês estavam certos, o planeta Terra não é o único sendo habitado no Universo. Reúna toda a coragem que tiver e prepare-se – porque a guerra se aproxima.

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Robert Thompson, a mente de um assassino Camila Costa Bandeira

Fanfic inspirada na obra:

Ecos da Morte de Kimberly Derting

Quem é a autora: Uma amante de livros que parece uma criança quando ganha um novo. Uma pessoa séria, mas com seus momentos de insanidade. Uma menina sentimental que encontrou nas letras e nas palavras como expressar seus sentimentos e que, por isso, faz suas histórias com o coração. Também sou apaixonada por seriados americanos e por Animés (desenhos animados japoneses).Sou muito cinéfila! Amo tudo que é tipo de filmes, desde os infantis até os de terror.Em suma, uma nerd dos novos tempos. Livros que mais gosto: Morro dos Ventos Uivantes, Saga Crepúsculo, Fallen, Saga dos Vampiros de Anne Rice e Diários do Vampiro.

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O dia estava nublado de novo, mas desta vez não choveu, como sempre acontece em Washington. Então os alunos da escola White River puderam ir para o intervalo no pátio, coberto de limo, da escola, onde raramente pegava sol durante o ano. Como todos os outros alunos, Robert estava sentado em uma das mesas úmidas e sujas da rua, terminando de comer seu almoço sozinho, quando ele repara que uma moça se aproximava de sua mesa com uma bandeja quase vazia em suas mãos. É claro que Robert já sabia quem era ela, era Gabrielle Williams, a garota que havia chegado à escola fazia duas semanas e que se tornara “a popular da escola” assim que chegou. Ela era linda, tinha rosto claro como o de um anjo e emoldurado por um cabelo castanho claro caindo em cachos até a cintura fina e bem definida. Ela era alta e tinha olhos verdes como esmeraldas brilhantes. Ela era atraente e delicada demais para ir falar com alguém como Robert, mas isso não a impediu de se aproximar dele e puxar assunto. - Oi, posso lhe fazer companhia? – perguntou ela assim que chegou perto o suficiente para que ele a ouvisse no meio de todas as outras vozes que estavam no pátio. Ela tinha uma voz forte, mas ao mesmo tempo doce e amável, o que fazia jus a sua postura determinada e leve como a de uma bailarina. Robert havia ficado tão admirado com a sua voz que tinha se esquecido de responder a pergunta e a garota ainda estava de pé esperando uma resposta com uma expressão impaciente. - Hmmm... err... pode, claro! – ele disse, num tom amigável, quando conseguiu se concentrar em responder a pergunta simples. Ela deu um sorriso mínimo de agradecimento, colocou a bandeja na mesa e se sentou em frente a ele parando só para colocar uma capa de chuva dobrada no banco úmido e se certificar de que nenhuma parte de seus jeans escuros estava tocando o limo. Ele analisava cada um de seus movimentos quando falou: Hummm, acho que eu deveria ter me lembrado da capa de chuva

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antes de me sentar aqui. – ele usou um tom pensativo e apontou para o banco em que estava sentado. Algo nos seus movimentou ou no seu tom de voz a fez dar uma risada baixa, o que o deixou fascinado. _ Então – começou ela – nunca tinha falado com você antes. Por quê? – a pergunta dela parecia ser mais para si mesma do que para ele. - Deve ser porque eu não tenho muitos amigos aqui e, então, não tenho com quem passar os intervalos para que alguém como você possa me notar. Ele falou com um tom deprimido. - Alguém como eu? Como assim? – perguntou ela, curiosa em saber o que ele achava dela. - Ah, você sabe. Garotas populares geralmente não falam com garotos isolados. – Ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Hmmm, Entendi. – ela disse isso com um tom de quem não entendeu nada do que ele disse. – Então, como se chama esse “garoto isolado” que ainda não me disse o seu nome? – ela fez uma pergunta comum parecer uma brincadeira entre amigos. - Me chamo Robert Thompson, mas me chame de Bob que é mais fácil. – ele deu um riso brincalhão que conseguiu arrancar mais um sorriso dos lábios dela. – E você é Gabrielle Williams, certo? – obviamente ele já sabia o nome dela por ela ser tão popular. -Sim, está certo, mas, por favor, me chame só de Gaby. Pode ser? – foi um pedido estranho vindo de uma garota que tinha um nome tão lindo. Robert só assentiu com a cabeça para mostrar que faria o que ela pediu. Eles ficaram conversando até o fim do intervalo. Depois ele se ofereceu para acompanha-la até em casa em segurança e para saber onde ela morava, já que não tinha coragem de perguntar.

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Com o passar dos dias eles foram percebendo como tinham muitas coisas em comum e sempre tinham assunto, mesmo sendo o mais bobo dos assuntos. Em poucos dias eles se tornaram melhores amigos, mas para Robert havia um sentimento muito maior que amizade. Tudo o que conversavam e que ele via em Gaby só fazia com que ele se apaixonasse mais e mais por ela. Ela era tudo o que ele precisava ao acordar e ao ir dormir. Ele não passava um segundo sem pensar nela e em seus sorrisos, ou no som da sua voz ou em qualquer outra coisa que fosse sem importância para ela, mas de extrema importância para ele. Eles estavam saindo da escola juntos e Robert não agüentava mais esconder tudo o que sentia, então, assim que chegaram a casa dela, ele segurou o seu braço, obrigando-a a parar na frente de casa para conversar com ele. - Bob, o que houve? Você está estranho desde que chegou aqui em casa pra me acompanhar até a aula. Se estiver acontecendo algo, qualquer coisa, me diga para que eu possa ajudá-lo. – ela estava assustada com a expressão desesperada dele. - Gaby, eu não aquento mais esconder isso! Eu não sei se suporto mais um dia fingindo que não sinto nada por você! – De fato Bob estava desesperado, mas seu tom de voz era quase louco. - Mas você sente! É a nossa amizade que você sente. – Ela era inocente demais para perceber o que ele estava querendo dizer. - Gaby, não é só amizade, entende? – Ele estava começando a ficar impaciente por ela ainda não ter entendido – Gabrielle, eu te amo! Não entendeu ainda? – Ele estava quase gritando de desespero, com a mesma expressão quase louca, numa tentativa de fazê-la entender tudo de uma vez. No entanto, isso só a fez ficar assustada, pois nunca vira aqueles olhos castanhos claros com tanta loucura que os deixavam quase escuros. Ela ficou paralisada

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tentando entender tudo aquilo de uma só vez, encarando aquele rosto quadrado cor de creme envolto em cabelos cor de mel e desarrumado pela chuva que haviam pegado no caminho para a casa dela. Seus lábios grossos e rosados estavam numa linha reta e firme de determinação. -Você está confuso! Não me ama e sabe disto porque eu não te amo! – Ela foi fria e isso a deixou com ar de crueldade. – Nunca vou te amar como algo a mais que amizade. E, até o dia que eu disser o contrário, você vai esquecer este amor que você diz sentir por mim e continuar sendo o meu amigo. – Ela ainda estava sendo fria, mas desta vez ela falou com ar autoritário. Uma expressão de choque passou pelo rosto de Robert por ele nunca ter ouvido aquele tom vindo dela e então sua expressão transformou-se em raiva no mesmo instante. -Você me ama, eu vejo e você só ainda não sabe disto! Se eu te amo, você vai me amar. – Ele estava usando um tom tranqüilo, o que assustava Gabrielle, pois ela viu a ameaça por trás da voz dele. - E você está louco! Não vê? Eu não te amo e nada vai fazer eu te amar porque a partir de hoje nunca mais quero vê-lo na minha frente. – Sua voz desafinou no final. Ela estava desesperada e, como ele parecia não entender o que ela falava, ela começou a gritar para que suas palavras pudessem entrar nas idéias dele. O olhar que ele lançou para ela foi tão duro que a fez tremer de um frio que não era a temperatura do ambiente. - A sua sorte é que nem minha mãe nem meu pai estão em casa porque eles já teriam vindo te expulsar daqui! – ela falou isso como se fosse um aviso de que ele estava chamando muita atenção na rua. - Então sua casa está vazia? – ele perguntou isso com um interesse maior do que deveria para uma pergunta tão banal.

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Dito isso, ele deu dois passos em sua direção até ficar quase encostado nela. Ela sentiu o impulso de correr, mas não sabia por que ter medo, preferiu ficar parada e só se encolher com a aproximação repentina. - Eu vou fazer você me amar, nem que para isso eu tenha que usar a força. – ele falou com seriedade e determinação. Então, em um movimento rápido e ágil, ele a envolveu com força na cintura com o braço direito e com o braço esquerdo ele segurou sua nuca, enrolando seus dedos nos cabelos compridos dela para firmar a sua mão e acabar com qualquer chance de fuga dela. Dois segundos depois que ele havia falado pela última vez, suas bocas estavam conectadas em um beijo forçado. Ela apertou os lábios para evitar o beijo e tentava desviar seu rosto dos lábios dele, mas ele era mais forte e ela não conseguia mover a cabeça para desviar de seus lábios que forçavam a sua boca a abrir. Gaby tentava gritar, mas o beijo fazia com que seus gritos fossem gemidos altos, o que deixava Robert mais excitado em continuar. Cada um dos gritos dela o fazia sentir mais prazer em forçar aquilo. Ela fechou os punhos como bolas e começou a bater nele para tentar, assim, o fazer desistir daquilo. Mas seus socos o atingiam como suas tentativas falhas de gritar. Quando ele enfim a soltou, Gaby já estava chorando por não poder fazer nada contra ele. Ela estava tão assustada que sua pele estava mais pálida que o normal para uma pessoa viva. Gaby estava enojada com o que acabara de acontecer e para demonstrar isso ela começou a cuspir no chão várias vezes e a passar a mão na boca para tirar os vestígios da violação que acontecera na sua boca. - Idiota! Como você pôde fazer isso? Ah, que nojo! – Ela gritava com ele enquanto cuspia no chão – Nunca mais faça isso, entendeu? – Ela estava fazendo um escândalo na frente de sua casa.

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- Agora você me ama mais, eu sei. Não pode mais negar isso. – Ele a olhava com um olhar satisfeito e doce que só a fazia sentir mais raiva dele. - Você está completamente louco. Não sei o que aconteceu com você, mas eu não te amo! Nunca vou amar e um beijo não vai me fazer te amar do nada, não entende? – Ela continuava gritando. - Se só um beijo não muda nada, vou ter que ter mais de você. – Ele deu de ombros como se aquilo fosse óbvio. Quando ele deu um passo na direção dela, ela começou a correr para tentar se esconder dentro de casa. Como Robert era mais rápido, ele a alcançou no mesmo segundo em que ela havia chegado na porta da casa com as chaves nas mãos. Ele abraçou os braços dela com um dos braços e com o outro ele arrancou as chaves da sua mão para abrir a porta e entrar enquanto ela gritava até ficar rouca. Robert a jogou no sofá da entrada da casa e ela caiu de deitada no sofá enquanto ele fechava a porta. Ela estava tão assustada com o que poderia acontecer que não conseguiu se mover para fugir dele. Ela ficou parada com cara de espanto enquanto o via chegar mais perto dela. Robert se jogou em cima dela e recomeçou a beijá-la a força. Mas desta vez ele estava com um olhar mais faminto que antes. Ele queria mais que um beijo. Enquanto ela lutava para se desvencilhar dos braços e pernas dele que a prendiam no sofá, ela sentiu que as mãos dele estavam indo para a gola da sua blusa. Em um movimento rápido, Robert rasgou toda a blusa de Gabrielle. Com o susto, ela deu um grito agudo que o fez sentir mais prazer em tudo aquilo. Suas mãos deslizaram para os jeans dela que logo estavam abertos. Como ele era mais ágil que ela, ele conseguiu manter ela presa no sofá e retirar as calças jeans dela. Ela estava gritando muito pedindo por ajuda e ele nem se importava

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com isso, pois cada grito e cada soco que ela dava, mais prazer ele sentia em continuar. Ele estava beijando ela de novo quando passou as mãos para as costas dela e, com um pouco de dificuldade, abriu o fecho do sutiã dela, deixando-a seminua. Ela estava fraca de tanto gritar e de se debater e não sabia se tinha algum vizinho nas redondezas que poderia tê-la ouvido e chamado a polícia. Ela já não tinha mais esperanças de sair daquela situação sem ter sido violentada ou morta. Ela estava nos seus últimos vestígios de consciência quando sentiu a mão dele deslizando desde seu ombro até seu quadril para retirar a última roupa que a vestia. Ela puxou mais fôlego, tentou limpar a garganta para achar sua voz e deu um último grito implorando por socorro. Neste momento, eles escutaram um estrondo muito alto vindo da porta de entrada e pessoas gritando e invadindo a casa. Foi a última coisa que Gabrielle viu antes de desmaiar. A polícia invadiu a casa da família Williams com armas apontando para Robert e mandando-o sair de cima de Gabrielle. Todos os vizinhos dela estavam lá também vendo o que havia acontecido para justificar todos aqueles gritos e para ajudar no que fosse preciso. No meio de tantos gritos de pessoas preocupadas, havia um homem. Alguém que acabara de perder o amor e que iria ser preso por amar demais alguém, por só tentar fazer quem amava o amar também. ____ Depois de detido pela polícia, Robert foi a julgamento e sentenciado a quatro anos de detenção. Quatro anos na prisão que passaram rápido, pois ele só pensava em se vingar da menina que estragou a sua vida e não via a hora de sair daquele lugar onde aprendeu muitas coisas e muitas manhas para ser um ótimo criminoso.

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Após o ocorrido, Gabrielle Williams e sua família se mudaram para outra cidade para esquecer tudo aquilo e nunca mais se teve notícias suas. Como Robert tinha 19 anos quando foi preso, saiu aos 23 anos. Robert ia se vingar de Gabrielle e para isso ele iria fazer o possível e o impossível. Os quatro anos que passou preso foram suficientes para pensar em planos para se vingar dela, mas tinha certeza que ela não estaria mais na mesma cidade e talvez até tivesse mudado de estado ou país. Então, ele decidiu que a única maneira de ter certeza onde ela estava morando era se ele pudesse entrar num banco de dados para ver o boletim de ocorrência que ela havia feito acusando ele, pois lá estaria o atual endereço onde ela estava morando. Para que isso fosse possível, ele achou que se fosse um policial, tudo seria mais fácil. Então, assim que saiu da prisão ele começou a estudar para ser policial. Um ano depois ele ainda estava pensando em como seria colocar o seu plano em prática e ainda estava estudando para ser policial. Era uma noite escura e chuvosa em White River. Robert havia saído do seu emprego de meio expediente em uma loja de roupas masculinas e estava na estrada que ligava o centro da cidade com o bairro onde mora. A estrada tinha árvores fazendo um muro verde nos dois lados, o que fazia com que só fosse iluminada pelos faróis do seu carro Chevy Impala 67, com pintura preta e bem cuidada. Quando estava na metade da estrada, os faróis iluminaram uma forma alta e que se movia rápido com os ombros levantados como se estivesse com medo de algo. A menina deveria ter uns dezesseis anos e estava sozinha naquele lugar vazio e escuro. Robert não teria dado importância pelo fato de ela estar ali, mas algo naquela postura e nos cabelos castanhos claros fez com que

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ele parasse o carro para se certificar de que aquela garota estranha não era Gabrielle. Ele diminuiu a velocidade até estar quase parando e abriu a janela do carona para ela poder ouvir o que ele falava. - Gabrielle? É você? – ele perguntou para a garota. Ela parou subitamente para ver quem havia falado e olhou para o carro preto com vidros escuros e para o rosto claro que se destacava naquela escuridão. - Desculpe, mas não sou essa tal de Gabrielle, me chamo Brooke. – Ela acrescentou o final quando viu que ele estava duvidando da verdade. Ela não estava à vontade por conversar com um estranho naquelas condições em que se encontrava. Contudo, Robert estava convencido de que ela era Gabrielle, pois, mesmo com nenhuma semelhança exata, a garota o lembrava muito ela. - Que pena! Mas então você quer ajuda? Parece que este lugar não é muito adequado para uma garota sozinha. – Ele usou seu tom mais convincente e resolveu que se quisesse que ela entrasse no carro, ele teria que parecer alguém de confiança. – Moça, se não quiser minha ajuda, tudo bem. Mas decida-se logo, pois tenho que chegar em casa rápido para levar o presente de aniversário da minha filhinha de cinco anos que está me esperando com a minha mulher. – Ele mentiu para tentar a fazer confiar um pouco mais nele. A história quase deu certo, pois ela fez menção de ir, mas hesitou por não saber se deveria mesmo confiar em um estranho. Então, ele teria que ser mais convincente. - Sabe, a essa hora podem ter pessoas com más intenções passando por aqui e pode não ser muito bom para a sua segurança ficar sozinha em um lugar tão escuro e vazio. – Ele contorceu a boca para demonstrar que não gostava nenhum pouco da idéia dela resolver ficar ali sozinha.

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Ela respirou fundo e foi andando até o carro. Ele deu um sorriso satisfeito e abriu a porta do carona para ela entrar. Ela estava muito tensa, mas resolveu que era o melhor a fazer. Ficaram conversando até que ele resolveu ir para o assunto que o fez chamar uma desconhecida para o seu carro: - Ok, vamos parar de joguinhos: diga de uma vez que você é Gabrielle Williams! Diga que me mentiu quando disse que seu nome era Brooke! Diga a verdade! – Ele estava quase gritando de raiva pela mentira dela, por ela ter tentado enganá-lo e por ela não aparentar se lembrar dele. Ela estava assustada e com medo por causa da súbita mudança de humor, de tom e de assunto. - Mas eu não estou mentindo, senhor! Meu nome é Brooke Lynne Johnson, tenho 17 anos e não conheço nenhuma Gabrielle Williams! Por favor, senhor, acredite em mim! – Ela estava desesperada para convencer aquele estranho de que não era a tal garota que ele dizia que ela era. Brooke estava com medo por estar discutindo com um estranho que poderia ter más intenções com ela. - Eu sei que é você, Gabrielle, pare de jogos! – Ele estava irritado com ela por causa de todas as mentiras que o estavam fazendo perdendo o juízo. Robert resolveu que, como ela não iria admitir ser Gabrielle, iria fazer com ela o que disse que faria quando a encontrasse. Ele viu o pânico nos seus olhos quando esticou o braço por cima dela para pegar algo no porta-luvas. Quando tirou a mão de dentro do porta-luvas, nela havia uma corda e fita adesiva de fibras. Estacionou o carro no acostamento escuro e vazio, o que a fez se desesperar e começar a gritar por socorro. Ele havia trancado a porta do carona para que ela não pudesse sair. Ela, depois de forçar a porta e bater no vidro, tentando quebrar, resolveu gritar ainda mais e se debater para evitar que ele a agarrasse. Mas ele era muito mais forte e conseguiu amarra-la no banco sem muito esforço e colocar um pedaço de fita adesiva em

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sua boca para que ela parasse de gritar. Por fim, levou-a para a sua casa já que o vizinho mais próximo ficava a quinhentos metros de distância. Ao estacionar o carro, abriu a porta do carro e a puxou para fora com brutalidade, fazendo-a cair de joelhos na grama úmida e macia. Ele a pegou pelos ombros e a levantou até ela ficar firme de pé, então ele a colocou no ombro como se fosse um saco de pano. Entrou na casa e a jogou no sofá da sala sem se importar em machucá-la. - Hoje, enfim, você será minha – disse com um tom de conquista – Hoje vou mostrar o que iríamos fazer aquele dia que nos interromperam! – Estava muito alegre por enfim tê-la uma única noite. ____ Assim que surgiram os primeiros raios de sol na manhã seguinte, Robert desamarrou Gabrielle da cadeira em que a havia colocado na noite anterior, após acabar tudo o que queria fazer para demonstrar o seu amor, e a acordou com um café da manhã completo. Gabrielle acordou assustada e cansada da noite. Ela não tinha mais lágrimas para chorar pois havia chorado todas as suas lágrimas antes de pegar no sono e seus olhos estavam inchados e vermelhos. Olhou aquela bandeja repleta de comida, com uma aparência e cheiro muito apetitosos, e sua expressão se tornou incrédula. Não fazia sentido, ele a havia maltratado muito durante a noite e agora estava oferecendo um café da manhã digno de uma princesa. Ela estava pensando em várias explicações para os atos dele e chegou a conclusão que ele ou deveria ser louco ou estava só oferecendo uma espécie de “última refeição” para o caso de ela ser morta. As duas opções pareciam fazer sentido, o que a deixou mais aflita, pois agora só estava esperando pela sua morte.

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- Por que está fazendo isso comigo? – Ela perguntou mais uma vez, depois de ter repetido esta pergunta milhares de vezes durante a noite. – Por favor, me solte! Não me mate, por favor! – Implorava sem parar, com sua voz já fraca, assim como a sua vontade de viver e de argumentar com Robert. - Não está óbvio, minha doce Gaby? – ela não respondeu, mas ele viu que ela não compreendia nada do que ele falava então ele foi logo se desculpando. - Perdoe-me se julguei mal ao achar que se recordava do que lhe disse há alguns anos atrás! Ou talvez nem tenha dito, pois minhas lembranças estão se esvaindo com o tempo, minha cara! – Havia tristeza em suas palavras sofisticadas e formais demais. Ele estava triste por sua memória não ser boa, mas era mais que isto: ele estava perdendo a memória com mais freqüência que o normal, talvez fosse uma doença, nem ele tinha certeza quanto a isto. - Eu só quero saber o porquê de tudo isto! Primeiro você me maltrata e faz o que fez ontem e depois você me serve toda esta comida e toda a hospitalidade que uma princesa merece. E sem contar que você insiste em me chamar de Gaby. Entenda, meu nome é Brooke! – seu tom de voz era baixo, o tom de voz de uma mãe que cansou de explicar a mesma coisa para alguma criança birrenta. - Bom, o porquê de tudo isso é simples: Eu te amo, sempre te amei e sempre te amarei! Eu só fiz isso para demonstrar meu amor por você e para ver a sua cara de pavor ao me ver após tudo o que você me fez passar na cadeia! – Sua expressão que começou doce, terminou com uma expressão de raiva quase doentia. Brooke sabia que não poderia discutir com Robert, mas também sabia que não sairia viva desta, então decidiu tentar argumentar com ele. - Eu não fiz nada! Eu não te conheço e te vi pela primeira vez ontem, na estrada! Meu nome é Brooke e não faço a mínima idéia

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de quem seja você, além de saber que é um maluco que me seqüestrou ontem e está me deixando confusa por me confundir com essa tal de Gaby! – Sua voz estava mais forte de indignação, o que a fez gritar com o intuito de fazer com que as palavras entrassem na cabeça dele. As palavras de Brooke fizeram Robert ficar em estado de choque pois nunca havia escutado todas juntas e agora o que ela dizia fazia um pouco mais de sentido para ele. Em um minuto, em que ele ficou empedrado refletindo, sua expressão mudou de algo chocado para algo pensativo e depois para algo aterrorizado. Ele enfim havia entendido o que fizera e a gravidade de seus atos. - Então... Eu... Eu... – Ele não estava conseguindo formular frases completas por causa do susto ainda não superado. Sua expressão ficou decidida e ele falou: – Eu... já volto. Robert havia se lembrado de um antigo parceiro de cadeia que saberia o que fazer numa situação dessas. Orlando Villegas era um porto-riquenho que havia sido preso em terras americanas por motivo de tráfico de drogas e três assassinatos. Não se sabia o porquê de ele não ter sido deportado de volta a Porto Rico. Robert se lembrou de algo que fez a estadia de Orlando na cadeia ser algo muito importante: Ele não havia entrado lá para criar uma gangue ou para arranjar brigas com os outros detentos. Orlando era alguém que ficou na cadeia para aprender mais sobre diversas vidas criminosas e diversas formas de crimes. No começo da sua estadia na prisão, Robert havia tido desavenças com uns presidiários que eram parceiros de Orlando. Mas com o passar do primeiro ano, eles acabaram se juntando e fizeram uma parceria para o aprendizado. Robert havia ajudado Orlando algumas vezes com o seu dom de argumentar e de convencer a todos, então Orlando estava devendo alguns favores a ele. Os dois haviam saído da cadeia no mesmo ano com poucos meses de diferença, então Robert sabia que poderia cobrar aquele

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favor de Orlando naquela situação. Ele sabia que ainda tinha como contatar Orlando através de conhecidos ou de pesquisas rápidas, então seria fácil o chamar para uma ajuda. Robert teve muita sorte, pois depois de uma pesquisa rápida na internet, ele havia descoberto o nome completo de Orlando, a cidade onde morava – a cidade vizinha da de Robert – e que a lista telefônica de sua cidade era a mesma que a dele, já que ambas eram cidades pequenas. Robert ligou para Orlando e falou que tinha um trabalho para ele e que explicava quando eles se encontrassem em sua casa. Trinta minutos após o telefonema de Robert, Orlando chegou a casa dele e estava muito curioso e empolgado com o fato de poder voltar à ativa. Depois que Robert explicou a situação durante duas horas para ele – que ficou muito empolgado com o trabalho – eles resolveram que a melhor maneira de resolver isso era deixar que Orlando se divertisse um pouco com Brooke, mas de outro jeito – diferente do jeito de Robert. ____ Robert levou Orlando até onde Brooke estava presa. Quando chegaram no cômodo em que ela estava, Robert se escorou na entrada da porta aberta e deixou que Orlando entrasse primeiro e pudesse fazer o que queria com ela. Robert não queria machucá-la de início, mas, após ter descoberto que ela não teria mais utilidades para ele, ele resolveu que seria muito bom e certo se atendesse aos pedidos dela da noite anterior, em que ela implorava que ele a matasse antes que ele continuasse com a tortura. Orlando chamava atenção não só por sua baixíssima estatura e suas as várias tatuagens pelo corpo – inclusive na cabeça raspada – de cor parda, mas também por sua musculatura fortemente desenvolvida no peito e nos braços.

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Robert não estava fazendo nada de mal, ele não estava sendo cruel nem malvado. Ele só estava fazendo o que ela pediu enquanto ele agia na noite anterior. Orlando desamarrou Brooke da cadeira e a amarrou nos pés e nos punhos com cordas de nylon de uma maneira que pudesse carregá-la no ombro. Ele a colocou na cadeira novamente e explicou tudo o que estava acontecendo e que ela iria morrer. Robert interveio na conversa dos dois quando ela começou a gritar implorando pela sua vida. - Ora, agora está me deixando confuso, minha doce Brooke! – ele falou com um tom amigável quase de quem já é íntimo. – Primeiro você implora para que eu a mate e agora pede que eu a deixe viva? Nunca conseguirei entender a mente feminina! – Ele falou com um sorriso brincalhão e soltou um riso baixo e abafado. – Mas agora, você não pode mais voltar atrás do seu pedido, minha cara. Eu já trouxe meu amigo aqui para dar o que você pediu, é só você colaborar para que não seja doloroso. Meu amigo Orlando irá dar-lhe uma morte rápida e indolor... a não ser que você queira algo mais demorado! – Ele estava preocupado que pudesse não ter entendido direito o pedido dela. Brooke estava incrédula e apavorada com tudo o que estava acontecendo, mas sabia que não sairia viva dali, então pediu o que sempre quis: uma morte rápida, indolor e tranqüila. Como foi prometido, Orlando a matou de um jeito rápido e prático com um bisturi. Após terem dado ela como morta, Orlando começou a diversão com o corpo de Brooke. De vez em quando Orlando olhava para Robert e agradecia satisfeito pela maravilhosa diversão que ele lhe proporcionara. Quando madrugou, eles a enrolaram em um lençol, a colocaram no carro de Robert e foram até um lugar bem distante de onde estavam. Estacionaram o carro na margem da floresta perto dos limites da cidade. Orlando levou o corpo da garota no ombro e Robert levou uma pá. Eles entraram somente uns cem metros na

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floresta e acharam que ali estaria bem escondido. Após cavar um buraco de menos de um metro de profundidade eles colocaram o corpo de Brooke e a enterraram. Ali não estava só o cadáver de Brooke Lynne Johnson, mas sim toda a demonstração de cumprimento de promessa e dever que Robert já dera. Aquilo o deixava emocionado, pois nunca tivera o imenso prazer em fazer o que prometera e o que deveria ao mesmo tempo, sem contar que ele estava dando a ela o presente mais buscado por todos no mundo: a vida eterna. Aquela alegria fez com que ele jurasse que ela não seria a única pra quem ele seria tão bom ao dar esses presentes.

Na noite seguinte a cidade toda já estava sabendo do assassinato de Brooke, pois haviam encontrado o corpo dela, mas não disseram quem foi que encontrou o corpo e nem como. Aquilo fez Robert ficar desesperado para fugir da cidade. Ele sabia que assim que a polícia investigasse o corpo, eles chegariam nele e ele seria preso por mais alguns anos. Robert correu para o telefone e ligou para Orlando. Em alguns minutos de conversa eles já haviam decidido partir juntos para uma nova cidade do outro lado do estado, onde Robert poderia, enfim, terminar seus estudos e se tornar policial como sempre quis. Antes de amanhecer, Orlando já estava na casa de Robert e ambos partiram com pouca bagagem no Chevy Impala de Robert, deixando duas vidas e dois destinos para trás. ___ Anos se passaram. Robert se tornara policial e isso não o impediu de cumprir sua promessa: Ele havia dado mais presentes para várias garotas.

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Sua rotina era simples: Uma – ou mais – vez por mês ele encontrava mais uma garota, perdia a cabeça com as mentiras dela, a machucava, se arrependia durante a noite no tempo em que ela dormia, a acordava com um café da manhã apetitoso e dava a ela o maior e mais valioso – e mais procurado – presente que poderia, como fez com a primeira. Com o tempo ele viu que o que fazia era errado, mas, mesmo tentando parar de matar garotas inocentes, ele não conseguia, pois sempre tinha uma garota – na rua, sozinha, de noite e precisando de ajuda – que chamava a sua atenção e ele não se continha. As diversas vítimas dele sempre tinham, na média, dezesseis anos de idade, fazendo com que ele sentisse atração por elas, pois todas eram muito lindas e joviais. Diversas vezes ele se perguntava se estava fazendo o certo ao matar meninas tão lindas e que estavam só começando a vida, mas sempre chegava a conclusão de que elas eram puras demais para viver num mundo tão sujo e cruel como o mundo em que viviam, e que gostariam mais de ir para um lugar bom em que elas poderiam viver eternamente. Mesmo tendo se passado oito anos após a sua primeira vítima, ele nunca havia matado nenhuma delas, pois quem as matava era Orlando, já que era ele quem se divertia fazendo isso e eles tinham de dividir cada garota. Robert estava feliz com sua vida dupla de policial da cidade onde morava desde que saiu de White River e de perseguidor de garotas frágeis. Foi um pouco triste quando recebeu a notícia de que o haviam transferido para uma nova cidade bem distante da que estava acostumado. Apesar de toda tristeza, sua alegria voltou quando descobriu que estava sendo transferido justamente para White River. Três meses depois da mudança de volta, eles fizeram a primeira vítima da nova – antiga – cidade: Carys Kneer.

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Esta garota foi a primeira da cidade depois de tantos anos e, mesmo assim, havia sido encontrada rapidamente após ter sido largada em um lago. Todas as vítimas deles desta cidade haviam sido descobertas muito rápido e a polícia já tinha certeza de que era obra de um assassino serial, mas não sabiam que na verdade havia dois culpados pelas mortes das garotas. Até o dia em que Orlando foi pego pela polícia com provas concretas contra ele. Provas que haviam sido encontradas na casa de Orlando que poderiam levar as atenções todas para Robert, pois as mortes haviam continuado mesmo após a prisão dele. A cada dia Robert corria mais risco de ser descoberto. E, se fosse pego, como faria para se defender ou justificar as acusações? ___ CONTINUA NO LIVRO Ecos da Morte DE KIMBERLY DERTING.

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Memórias do verão passado Jessy Silveira Machado

Fanfic inspirada na obra:

A última música de Nicholas Sparks

Quem é a autora:

Quem sou eu? Sou uma pessoa feliz, que ama comer chocolate, sou colorada, amo assistir jogos de futebol (principalmente do inter), gosto de falar bastante, sou um pouco chata, estou no 2º ano do E. Médio, gosto de estudar, amo ler vários livros, moro em Guaíba, sou simpática, amiga, gosto de sair com os amigos, amo ajudar as pessoas a resolverem seus problemas, escuto musica praticamente o dia inteiro, gosto de viajar com a família e passar o dia inteiro mexendo no computador ou olhando televisão, ás vezes sou um pouco indecisa e quando coloco algo na cabeça não mudo de opinião. Livros que mais gosto: O mistério do olho de vidro; O mistério da morte de Agatha Christie; Baile de Máscaras; Saga Crepúsculo; Memórias de um sargento de milícias; Marley e eu; Romeu e Julieta; O diário de um adolescente.

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Prólogo

William Blakelee, mais conhecido como Will, estava namorando com Verônica, a quem todos chamam de Ronnie, desde antes da morte do pai dela, o Steve. Após tanto tempo de namoro ele decidi pedi-la em casamento. Sem saber que Marcus, um rapaz que, desde o tempo em que Steve morava numa pequena cidade, vivia infernizando a vida dos dois e de seus amigos Scott e Galadriel, que antigamente tinha o apelido de Blaze, havia sido solto da prisão. Eles viviam calmamente, até que Galadriel apareceu procurando abrigo para fugir de Marcus. Ela está com muito medo, pois agora está namorando com Scott e Marcus está ameaçando-a muito. Então, Ronnie e Will decidem ajudá-la. Infelizmente, Marcus descobre que ela está na casa de Ronnie em Nova York e vai atrás dela. Meses se passam e chega o tão esperado dia para o casamento deles. Todos estão bem felizes e ansiosos com os preparativos. Marcus está os perseguindo e armando um plano para pegar sua amada Blaze, só que ao invés disso, ele muda de idéia e pega outra pessoa...

Capítulo 1

Passaram-se 2 anos desde a morte de Steve e Ronnie nunca mais se esqueceu daquele verão. Will continuava morando em Nova York e ela estava no seu segundo ano em Julliard. A cada dia que passava ela tinha mais certeza de que o amava muito e que ele sentia o mesmo. Era mês de junho e mais um período de férias chegou. Após um passeio com Will, Ronnie chegou em casa e encontrou Jonah chorando, sentou-se perto dele e falou: - Nossa, nem parece que já faz tanto tempo que passamos o verão com papai. Nunca irei esquecer-me dele e sei que você sente o mesmo não é? - Ronnie, eu queria ter ficado lá enquanto ele ainda estava vivo. Eu queria ter aproveitado até o último instante de sua vida com

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ele. Sinto muita sua falta. Eu estava lembrando de quando soltávamos pipa. - Foi tão especial aquele ano. Pena que eu fiquei três anos sem falar com ele, ainda bem que ele sempre nos amou e me perdoou. - Ronnie? - Sim, fala. - Será que mamãe sente a falta dele? - Claro que sente, afinal eles foram casados por muitos anos e nos tiveram. Ela nunca o esquecerá, pois assim como ele a amou, algum dia ela sentiu o mesmo por ele. - Queria poder voltar no tempo e aproveitar mais um pouco daquele verão. Ronnie não sabia o que falar para seu irmão, que naquela época era tão criança e agora estava começando a se tornar um belo rapaz. Havia parado de usar óculos, estava mais alto que ela e tinha um belo sorriso. Ao invés de falar algo, deixou simplesmente rolar uma lágrima de seus olhos e Jonah viu que ela sentia o mesmo. Ela o abraçou e demonstrou o afeto que ela sentia por ele, ainda que não demonstrasse muito, o que é típico de irmãos. Havia muito tempo que eles não brigavam e ela prometeu que cuidaria dele para sempre do mesmo jeito que seu pai a cuidava quando era uma garotinha. Já estava ficando tarde, então foram dormir. No dia seguinte, ela acordou bem cedo e preparou um café especial para tomarem juntos. Após o término do café, ela recebeu um torpedo de Will no seu celular marcando de saírem para ir ao cinema. Ronnie teve a idéia de levar seu irmão junto com eles, mas Jonah não quis ir, pois tinha combinado com uns amigos de irem olhar o jogo de basquete no ginásio. Quando chegaram ao cinema, Will fez uma surpresa para ela, comprou rosas e no meio delas havia uma pequena caixinha com um par de alianças. Ele ajoelhou-se na sua frente e falou: - Ronnie! Você é a pessoa com quem eu quero partilhar as minhas alegrias e minhas tristezas, com quem quero ter filhos e viver o resto da minha vida, aceita casar-se comigo? Ela pulou em seus braços e disse: - Will, tudo o que mais quero é passar o resto da minha vida ao seu lado, é claro que aceito, meu amor. Você esteve ao meu lado quando eu precisei e nunca desistiu de mim. - Eles se beijaram e sentiram uma sensação tão inexplicável, que até pareceria estarem num conto de fadas.

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Ambos não podiam conter tamanha felicidade, queriam gritar para o mundo inteiro que iriam se casar. Ligaram para Megan, a irmã de Will, para anunciar o que havia ocorrido. Megan ficou super feliz e disse que iria ajudá-los no que fosse preciso e que deveriam pedir ajuda à Susan para ajudá-los com a cerimônia. Ela sabia que Susan faria tudo de seu jeito, mas não queria magoá-la e simplesmente sorriu. Quando ela chegou em casa correu para contar a Jonah, mas lembrou-se que ele ainda estava no basquete. Decidiu esperá-lo, pegou seu celular e viu uma foto de Galadriel – ou Blaze como preferir. Na foto, elas estavam na praia com Will e Scott comendo sorvete, felizes, pois era dia de ação de graças. Ronnie não entendia muito bem o que havia acontecido com Scott, ele estava mais simpático e olhava Galadriel de um jeito diferente, parecia que estava apaixonado por ela, e o mais engraçado é que ela demonstrava o mesmo por ele. Will resolveu deixá-los a sós e convidou Ronnie para caminharem pela praia, passaram pela casa onde Steve morava e eles recordaram o dia em que as tartaruguinhas saíram do ninho e do dia em que passaram pescando pela primeira vez. Foram momentos tão felizes e ao mesmo tempo difíceis que jamais sairia das suas cabeças. Ela não se conteve e chorou nos braços de Will, porque lembrou-se do dia em que descobriu a doença de seu pai e de como Jonah parecia perdido e sem rumo no dia do enterro de Steve. Ouviu a campainha tocar e era Galadriel. Ronnie ficou um pouco surpresa com essa visita, já que ela não tinha telefonado: - Oi, tudo bem? Entre. - Oi, preciso muito da sua ajuda, aconteceu algo muito sério. - O que houve? Me conta, estou ficando curiosa. - Ronnie, Marcus saiu da cadeia e está me perseguindo. Não sei o que fazer, depois que Scott e eu começamos a namorar... - O que? Você e Scott? Nossa o mundo da muitas voltas. Fiquei surpresa, quando você iria me contar? - Bom, não vem ao caso agora, o importante é que eu preciso de sua ajuda e de Will para que ele não me mate. - Calma, amiga, vou falar com Will para ver o que nós podemos fazer para ajudar você e Scott também. Aposto que Will ficará tão surpreso quanto eu. Mas me conta o que Marcus fez? Começou a contar que enquanto Scott e ela estavam caminhando pela praia, naquele dia, Marcus apareceu e começou a encará-los. Ela ficou com medo e Scott tentou acalmá-la. Mas a

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cada passo que Marcus dava em sua direção, sentia mais medo e começava a tremer. Até que ele chegou tão perto falou: - Olha, Blaze, você me trocou por esse fracassado? Não acredito nisso, se bem que você também é fracassada e até que combinam. - Cala essa sua boca, Marcus, e não fala assim da Galadriel, ela é uma mulher incrível. - Ah, muito lindo o namoradinho defendendo sua mulher indefesa. - Marcus, deixa o Scott em paz e não me procura nunca mais, beleza? - Como deixar em paz? Você está me devendo uma. Eu fui preso porque você deu com a língua nos dentes para poder livrar esse daí da prisão e aquela idiota da Ronnie. Se você quiser se ver livre de mim, terá que me dar muito dinheiro. Ronnie ficou um pouco assustada, pois sabia que se precisasse, Marcus buscaria Galadriel em qualquer lugar. Galadriel começou a chorar com medo do que iria acontecer no momento em que acabasse a paciência de Marcus e ele fosse atrás dela. Ronnie ligou para Will e falou que queria encontrá-lo urgentemente. Não demorou muito e Will estava lá, elas contaram tudo para ele. Will não gostou das ameaças de Marcus e queria ir até lá falar com ele naquele mesmo dia, mas Ronnie o impediu de fazer isso porque seria pior para se livrarem dele. - Will, o melhor que temos a fazer é deixar Galadriel o mais longe dele. Acho que ela poderá ficar alguns dias aqui em casa. Só vamos esperar minha mãe chegar, tá? - Ta legal. Fico um pouco mais tranquila por estar ao seu lado, Ronnie, muito obrigada por sempre cuidar de mim, você é a melhor amiga que já tive. E ela deu um abraço em Ronnie. - Você sempre poderá contar comigo e com Will também. A propósito ele e eu estamos noivos. - Sério? Meus parabéns para vocês dois. Quando Kim chegou em casa, Ronnie contou para sua mãe tudo o que estava acontecendo e disse que não poderia deixar a amiga desamparada. Kim hesitou um pouco, mas, no final, concordou que Galadriel passasse um período em sua casa. Depois, contou para sua mãe do noivado com Will. Sua mãe perguntou se ela estava certa que era o melhor para ela nesse momento, e ela disse que sem nenhuma dúvida era tudo o que queria, era o que eu mais desejava, e que desde o primeiro dia em

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que eu o viu, senti que era com ele que queria passar o resto de sua vida. Sua mãe sentiu-se orgulhosa e viu que sua garotinha estava crescendo, e que sairia logo de seus amparos para criar sua própria família. - Seu pai se sentiria muito orgulhoso de sua decisão, minha filha. Você está cada dia mais adulta, e se tornando cada vez mais responsável e segura de suas decisões. Eu também estou muito orgulhosa de você, mas ao mesmo tempo triste por perder você. - Mamãe, você não está me perdendo. Sempre que precisar de mim, eu estarei aqui para ajudá-la. Além do mais, não será agora que iremos nos casar, vai demorar um pouquinho ainda. Falando em demorar, cadê o Jonah? - Seu irmão foi dormir na casa do John, seu coleguinha de escola, voltará só segunda. - Aquele pestinha nem me avisou, eu queria levá-lo ao Zoológico. Fica para próxima. Elas aproveitaram para conversar muito e fofocarem bastante.

Capítulo 2

Passaram-se duas semanas dede que Galadriel havia chegado na casa de Ronnie quando Marcus descobriu que ela estava lá. Ele ficou irado e resolveu encontrá-la para tirar satisfação de por que ela o havia entregado à polícia. Na manhã seguinte, ele se levantou bem cedo e foi atrás dela. No caminhou foi pensando em como falar com ela e lembrou que Blaze havia anotado o número e o endereço de Ronnie em seu celular. - Nossa como ela facilita as coisas para mim. Até quando tenta fugir de mim, acaba deixando pistas. Chegando em Nova York, ele foi direto procurá-la na casa de Ronnie. Tocou a campainha e Kim o atendeu. - Oi! o que você deseja? - Oi, aqui é a casa da Verônica? - Sim! Mas ela não está, saiu com a Galadriel. Você a conhece de onde? Qual o seu nome? - A conheço da cidade onde o pai dela morava. Meu nome não importa, depois eu volto e falo com ela. - Tudo bem.

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A cada momento que passava, aumentava o ódio de Marcus por Blaze, que o entregou para a polícia, por Ronnie, que não quis ficar com ele e por Will, que está namorando Ronnie. Por Scott era pior ainda, além de ele não ter sido preso, estava namorando com Blaze, a sua Blaze. No momento em que Marcus se afastava da casa, Will o avistou e ficou imaginando qual o motivo de sua visita. - Ronnie, acabei de ver Marcus dobrando a esquina. - Não! Ele está me procurando para acertar as contas comigo. - Disse Galadriel. - Calma! Eu e o Will não deixaremos que nada de mal aconteça com você. - Mesmo assim, terei que ir embora daqui. Ele nunca me deixara em paz. - Para onde você vai? – Questionou Will. - Will, ela não irá para lugar algum, irá ficar aqui comigo, eu vou protegê-la. - Ronnie, eu não quero atrapalhar sua vida e nem a da sua família. - Nada disso, você não atrapalha. Tenho certeza disso. - De uma coisa eu tenho certeza, estou com muito medo dele. - Ficar com medo não vai ajudar em nada. Tanto Ronnie quanto eu não deixaremos que ele te machuque. - Afirmou Will. - Vamos entrar. Ficar aqui não ajuda em nada, vou pedir para mamãe te dar um calmante. Enquanto isso, Marcus se instalou em um quarto de Motel imundo. Depois de ter se deitado, começou a pensar que Ronnie seria uma boa isca para pegar Blaze. Infelizmente, Blaze não gostava mais dele, ele teria que armar um bom plano e Will não poderia estar por perto. Pensou durante toda a noite e não teve nenhuma ideia. Pensou mais um pouco e decidiu seguí-los todos os dias até achar um ponto fraco e poder se vingar das duas. Após um bom tempo, teve uma ideia e tramou o seu plano de vingança, contra as duas, que colocaria em pratica na manhã seguinte. Ronnie estava indo para a faculdade e Galadriel saiu para ir ao supermercado com Kim. Ele viu que seria bem mais difícil do que parecia, já que elas nunca estariam sozinhas. Quase durante o verão todo ele as observou e numa tarde, quando estava bem perto delas ouviu a seguinte conversa:

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- Ronnie! Que felicidade! Claro que aceito ser sua madrinha, qual vai ser o dia do casamento? - Estamos pensando ainda, mas acho que será daqui umas três semanas. “Três semanas?” Pensou Marcus. “Acho que é tempo suficiente, sei o que devo fazer”.

Capítulo 3

Os prepativos para o casamento deles estavam a todo o vapor. Susan estava organizando tudo, a festa seria em sua casa com tudo seria do bom e do melhor. Seria simples, como Ronnie queria, mas sofisticado. A família Blakelee estava ansiosa já que era o casamento de Will. Susan apesar de não gostar muito de Ronnie, estava feliz por seu bebê estar se casando. Já Kim e Noah estavam escolhendo as roupas para o casamento quando de repente ele ficou calado: - Filho, o que está acontecendo? Noah continuou calado e pensativo. - Noah? Me conta, o que houve? - Ah! Mamãe, eu estava pensando, o papai ficaria bem feliz se pudesse ver o casamento, já que ele gostava muito de Will. - Sim, filho, ficaria muito feliz. Todos nós sentimos a falta dele, principalmente sua irmã, no dia do casamento dela. Os dois se abraçaram e lágrimas escorriam de seus olhos. Faltavam duas semanas para o casamento. Galadriel estava descendo as escadas quando de repente avistou uma figura bem familiar que estava a observá-la bem distante. Ela ficou apreensiva e decidiu voltar para o apartamento novamente. Para Ronnie o tempo voava e logo faltavam apenas três dias para o casamento. Ela estava cada vez mais ansiosa e naquele dia iria fazer a última prova do vestido. Seu vestido era longo, modelo “tomara que caia”, rodado, com algumas flores de renda em volta e uma cauda de tamanho médio, o vestido perfeito para ela. Enfim tinham chegado o tão esperado dia da cerimônia. Ela estava nervosa e ansiosa. Então, pensou: “Nossa! A partir de hoje Will será meu marido. Nem dá para acreditar nisso”. As horas começaram a correr, ela foi fazer o cabelo, as unhas e colocar o

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vestido. Galadriel foi junto, cumprindo seu papel de madrinha. Ela escolheu um vestido preto, longo e discreto. Ela estava linda e pronta, só esperando sua amiga. - Ei! - Sim, Ronnie? - Muito obrigada por estar comigo. Não sei o que faria se não tivesse alguém para compartilhar esse grande momento. - Ah! Amiga, eu que tenho que te agradecer, você me ajudou quando mais precisei, me deixando ficar na sua casa. As duas se abraçaram emocionadas. - Anda, Ronnie, para de chorar e vamos retocar essa maquiagem. - É! Você tem razão mesmo. No entanto, do lado de fora do salão estava Marcus esperando a hora certa de pegar as duas. Ele Já havia planejado e replanejado seu plano fazia semanas.

Capítulo 4

Ronnie estava retocando sua maquiagem e faltava arrumar seu cabelo e colocar alguns acessórios. Os minutos passavam depressa e já estava na hora do casamento. As duas ficaram prontas e saíram do salão de beleza se direcionando ao carro que estava estacionado uns cinquenta metros dali. Na rua não passava ninguém. Elas conversavam e quando menos esperavam Marcus apareceu e colocou um lenço no nariz de Ronnie fazendo-a desmaiar. Galadriel começou a gritar e correu para a igreja conseguindo fugir dele. Will estava esperando há duas horas quando Galadriel chegou na igreja completamente imunda, com o salto quebrado e totalmente despenteada. Ela caminhou muitos quilômetros sem se lembrar de que tinha um carro esperando ali perto. - Will! Will! - O que aconteceu? Onde está Ronnie? - Marcus a pegou, por sorte escapei.

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- Meu Deus! Onde ele a levou? - Não sei! - O que faremos agora? O celular de Will começou a tocar e ele viu que era o número de Ronnie. - Alô? Ronnie, onde você está? - Ela está comigo! Ainda tenho vontade de ficar com ela e acho que não a deixarei casar-se com você. - Disse Marcus entre risos. - Mas ela me ama e nunca vai aceitar ficar com você. Solte-a! eu preciso dela aqui comigo - disse Will aflito. - Nada feito, ela será minha de mais ninguém! - Se você encostar em um fio de cabelo dela... Em gargalhadas Marcus diz: - O que vai fazer? Me matar? - Eu te encontro não importa o tempo que demore. Eu te acharei! - Você acha que consegue? Isso eu quero ver. - Pode acreditar. Marcus desliga o telefone para maior desespero de Will. Ele entrou em pânico e chorou muito. Susan aproximou-se para consolar seu filho: - Querido, ela ficará bem. - Mãe, o que faço? - Vamos chamar a polícia. Na verdade seu pai já está providenciando isso nesse exato momento. - Não aguento saber que ela está nas mãos daquele louco e eu aqui sem poder fazer nada para tirá-la de lá. - O melhor que temos a fazer é irmos para casa e aguardar as notícias. - Preciso fazer algo para encontrá-la. - Vamos para casa, filho, é melhor. - Tudo bem! Ficar na igreja não adianta em nada. Eles avisaram para os convidados e partiram para a casa deles. Kim, foi levada para a casa de Will e, quando ficou sabendo da notícia, passou mal e desmaiou. - Kim! Kim! Acorde. - Mamãe, acorde! Ronnie precisa de você bem. - Hã? O que aconteceu? Sonhei que Ronnie tinha sido sequestrada. - Mãe, se acalme, mas foi isso mesmo o que aconteceu. Nessa mesma hora, os policiais chegaram na casa de Will.

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- Olá! Sou o sargento Wilson. Esse é o investigador John. Essa é nossa equipe. - Prazer, sou William e Ronnie é minha noiva. Essa é Kim sua mãe, Noah seu irmão e Galadriel, a amiga que estava na sua companhia. Will contou tudo o que havia acontecido e Galadriel acrescentou algumas coisas da hora do sequestro. Depois de os ouvirem, os policiais decidiram colocar escutas nos tefelones celulares da família e no da casa.

Capítulo 5

Enquanto isso no Motel onde estavam Marcus e Ronnie, ela chorava e pedia: - Marcus! Marcus! Por favor, me deixe ir embora. Tenho certeza que se você me deixar i,Will te dará todo o dinheiro que você quiser, mas, por favor, me deixe ir. - Não, Ronnie, eu quero você ou a Blaze. Olha que ótima ideia eu acabei de ter. Vou propor a troca para Will e veremos o que vai dar. - Seu plano nunca irá dar certo! Você vai ficar sem as duas. - Sem você eu talvez fique, mas já sem a Blaze eu não garanto nada. - Então veremos, porque eu não vou deixar a Galadriel com você. - Duvido que consiga isso. Ela foi e sempre será minha mulher! Chega desse papo. Vou ligar para o seu namoradinho e falar sobre minha proposta. Cale essa sua boca!!! Na casa dos Blakelee todos estavam bem nervosos e preocupados. Eles conversavam e tentavam achar uma solução para encontrar Ronnie até que novmente tocou o celular de Will. - Onde está minha Ronnie? Deixe-me falar com ela. - Calma, está tudo bem com ela. Eu pensei melhor, que tal fazermos uma troca? - Hã? Uma troca? - Sim, é uma troca sim. Você quer a Ronnie de volta, não quer? - Sim! É tudo o que mais quero. Mas não entendi a parte da troca, você quer dinheiro em troca?

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- Não! Eu quero algo bem melhor. Quero a minha Blaze de volta. Essa troca será no Central Park amanhã às 15h30min, ok? - Jamais! A Galadriel nunca irá no seu encontro. - Ah! Então você não terá Ronnie novamente. E Marcus desligou. - Tudo bem, Will, diga para ele que iremos fazer o que ele quer. – Concordou Galadriel. - Nem pensar! Darei um jeito para que você não precise fazer o que ele quer. Se precisar daremos uma boa quantia em dinheiro, meu filho, assim ele devolverá Ronnie. - Disse Tom, o pai de Will. - Conheço Marcus muito melhor do que vocês, se não fizermos o que ele quer nunca veremos Ronnie novamente. - Não acho uma boa ideia, Galadriel, nós do departamento de policia faremos algo para pegar esse cara. - Tenho medo que ele possa matá-la. - É verdade, Scott e eu o conhecemos muito bem, e ele sempre maltratou muito as suas namoradas, inclusive Galadriel. Nós nunca fomos amigos, sempre me odiou e com isso tenho medo de que faça algo com ela para me atingir. - Todos nós devemos nos acalmar e deixar que a polícia ache uma solução para salvá-la. Sugeriu Susan, mãe de Will. - Mamãe, não consigo ficar calmo sabendo que a mulher que amo está em perigo.

Capítulo 6

Já era meia noite; Will, Kim, Galadriel, Scott, John e Wilson continuavam na sala e os outros haviam ido dormir. Kim estava um pouco mais calma porque tinha tomado alguns comprimidos. Noah, como era de costume, protestou muito para ir dormir, mas acabou sendo vencido pelo sono. As horas demoravam a passar. Na verdade, para eles parecia uma eternidade em meio a tanta preocupação e lágrimas de desespero. Marcus telefonou novamente para ver se teria o acordo: - Silêncio! É o Marcus. Alô? - Então o que resolveram? Faremos a troca ou não? - Will, diga que irei. - Então, Will, ela vai ou não? - Sim, ela irá e faremos a troca.

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- Ótimo então, trocaremos às 15:30. - Como está a Ronnie? - Não interessa! Tchau. - Que droga! Ele desligou sem me falar nada de Ronnie. Eles passaram o resto da noite tentando achar um meio de tudo dar certo. Quando amanheceu, Will, Galadriel, John e Wilson partiram para o lugar marcado. Chegando lá, ainda faltava muito tempo para a hora marcada com Marcus. A cada minuto que se aproximava da hora, Will ficava mais ansioso para saber se tudo ficaria bem. A hora marcada havia chegado, eles avistaram Marcus e Ronnie se aproximando, mas os dois mantiveram-se distantes. - Hey! Vejo que Blaze está aqui para a troca. - Não! Galadriel, vá embora! - Gritou Ronnie para sua amiga. - Fique calma, vai fica tudo certo, amiga. - Vamos parar com essa conversinha de amiga e vamos fazer essa troca de uma vez. Enquanto isso, John e Wilson estavam dando a volta para que Marcus não percebesse que eles estavam ali também. Eles se preparavam para atacá-lo por trás, eles só tinham um problema: saber se ele não portava alguma arma ou algo parecido que pudesse machucá-la. Mesmo assim, decidiram arriscar. - Entrega a Ronnie que Galadriel irá no seu encontro. - Nada feito! Blaze tem que vir primeiro. - Quem me garante que você está falando a verdade? Em um tom meio sarcástico Marcus respondeu: - Eu te garanto que a entregarei. - Tudo bem, Will, eu vou agora. Não fique preocupado se eu não voltar mais. - Você tem certeza de que quer fazer isso? - Tenho certeza absoluta, essa situação só está acontecendo por minha culpa. - Não se culpe. - Ei! Parem de cochichar e vamos logo com isso. Galadriel começou a dar alguns passos na direção de Marcus. Andava bem devagar e a medida que se aproximava, John e Wilson também agiam. Antes de ela chegar, menos de um metro, John deu um golpe na nuca de Marcus que caiu desmaiado, colocaram algemas nele e partiram para a delegacia. Ronnie saiu correndo na direção de Will, pulou em seus braços e eles se beijaram.

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- Meu amor, senti tanto medo de te perder. - E eu de nunca mais te ver! - Ronnie, você ainda quer se casar comigo? - Você ainda me pergunta? Claro, com certeza absoluta é tudo o que eu mais quero, só que tem um problema. - Qual? - Você não está vendo que meu vestido está todo rasgado? - Isso não é problema nenhum, comprarmos outro, pode ser? - Claro que pode, amor. Eles foram para a casa de Ronnie para que ela pudesse trocar de roupa e tomar um banho. Após, voltaram para a casa de Will. Em menos de uma semana tudo estava novamente organizado para o casamento e, dessa vez, nada aconteceria de errado. Tudo estava conforme o esperado e o Pastor começou a cerimônia. Não demorou muito e o momento que eles mais esperavam chegou: O tão esperado SIM estava na hora de ser pronunciado: - William, você aceita Verônica como sua legítima esposa? - Sim! - Verônica, você aceita William como seu legítimo esposo? - Claro que sim! - Eu os declaro marido e mulher! Pode beijar a noiva. Depois de tudo o que havia acontecido e de todos estarem bem, eles finalmente puderam selar sua união com um lindo beijo de amor.

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Um novo caminho André Fagundes da Silva

Fanfic inspirada na obra:

Eu sou o número quatro de Pittacus Lore

Quem é o autor:

Sou uma pessoa que curte muito desenhos, eu sei, parece coisa de criança, mas é a realidade, e tenho muitos amigos admiráveis, divertidos e legais! Bom, eu sou André, tenho 15 anos (aparento ter mais pelo porte físico), sou daqueles tipos de pessoa que é amigo para tudo, sempre “topando qualquer parada” (não vale pensar besteira!), e, como a maioria dos adolescentes, sou estudante (e dos bons, hehe), minha popularidade, simplesmente não sei, pois uma vez fui à escola de um amigo, e umas garotas vieram gritando: -”AAAAA, ME ADICIONA NO TWITTER!!”, ou “AAAA , ME LIGAAAA! ”, e meus amigos...nem preciso falar. Levo uma vida bem agitada, pois ter compromissos ensina bastante coisa, e ser participativo é melhor ainda, pois você vai perdendo os medos e partindo para aventuras, desafios, medos, tudo na vida real, e com os livros? Com os livros é tudo isso e muito mais, porque ler livros é um dos passatempos mais divertidos que se pode ter! Eu amo jogos, adora aventuras, mas, comparados a um livro interessante, compensa muito! Livros que mais gosto: “Anjos de ECOV”, “Eu sou o Numero 4” , “O doce veneno do Escorpião”, Mangás, entre outros estilos.

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Prólogo: Quando tinha apenas oito anos, eu estava começando a descobrir a vida e a fazer minhas primeiras amizades, mas, infelizmente, um pouco mais tarde, descobri o que é fugir desesperadamente em um foguete espacial. Foi um fato muito rápido, lembro vagamente: Simplesmente me pegaram pelo braço e me levaram o mais longe possível daquele lugar onde eu estava, sorrindo, com meus amigos. Foi tudo tão rápido, que quando me dei conta já estava em uma nave. Já em pleno voo. As únicas coisas que me lembro de ver eram lágrimas escorrendo no rosto de centenas de lorienos, que estavam sendo atacados por seres que nunca havia visto. A última vista que tive de Lorien eram enormes explosões que brotavam em seu solo. Um pouco antes de partirmos para uma parte negra do universo, olho para o interior da nave e vejo uma moça bela que se senta ao meu lado, tinham também mais 16 tripulantes a bordo. Fico amedrontado de ver tanta violência lá embaixo, mas a moça bonita me acolhe e diz que ficaria tudo bem quando chegássemos a outro planeta, cujo nome era Terra. A bela moça pega um bloquinho, uma caneta, e rabisca uns círculos, diz que aqueles redondos que estavam na folha eram referidos a mim, mas mesmo assim, eu não compreendo. Ela dizia que um daqueles “redondos” tinha um nome especial, um nome que iria mudar meu destino. E o seu nome era oito.

Capítulo 1

Meu nome é Vito. Estou entre vocês aqui na Terra já faz alguns anos, mas, infelizmente, não posso conviver com humanos, pois quem ficaria feliz em saber que tem um amigo com dons

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sobrenaturais? A única pessoa que eu podia ter considerado minha melhor amiga, era Lavine. Lavine era minha cêpan. Ela era muito bela. Ela nunca disse sua verdadeira idade, mas sua beleza apontava como se sua juventude nunca tivesse fim. Ela me treinava com o objetivo de me tornar forte. Uns dos únicos motivos para eu me dedicar aos treinos intensos era minha fúria pelos mogadorianos porque, um dia, quero me vingar daquela tribo macabra que cavou um buraco em meu coração, matando aqueles que eu amava. No entanto, de uma coisa tenho certeza: não sou o único que tenho essa sede por vingança, pois que eu me lembre, haviam oito Gardes e oito cêpans com os mesmos objetivos que eu: derrotálos e voltar para nosso planeta, onde, em nossas esperanças, ainda havia vida. Atualmente, peguei um costume: checar a todo instante jornais e noticias virtuais para ver se encontro os outros Gardes que estão mundo afora porque não quero sentir novamente aquela queimação que sinto em minhas canelas. Ali, já haviam três marcas: a primeira marca surgiu quando eu estava fazendo um passeio de trilha com minha cêpan no bosque que fica nos fundos de nossa casa. Eu caí repentinamente esbravejando de dor. - AAAHH, minha canela! Está ardendo muito! Por favor, Lavine, me ajuda! - Meu Deus, o que aconteceu Vito? Mostre-me sua canela, rápido - respondeu Lavine com uma cara de espanto. Ela analisava meu joelho, com uma cara de surpresa, e pediu para eu me acalmar. Ela me levou para nossa casa, alias, era véspera de meu aniversário de treze anos e eu nunca havia sentido uma dor como aquela antes. Logo em seguida chegamos em casa e acabamos mudamos nossa localidade novamente.

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Minha segunda marca apareceu quando eu tinha dezesseis anos. Eu estava novamente em um dos meus treinamentos, mas desta vez não senti aquela dor intensa de antes. Claro, era uma dor forte e junto com essa marca, veio junto um de meus legados: o legado de transformar dor em energia. Simplesmente, do nada, começou aquela ardência em minha canela, então pus minha mão esquerda na marca que começava a se mostrar e a mão direita eu apoiei na grama. Sentia a dor escorrer pelos meus braços e aquela queimação em minhas mãos. Quando a dor passou, eu sentia minha mão esquerda um pouco pesada, então, decidi dar uns golpes na árvore e vi que com apenas um soco a arvore desapareceu floresta adentro. Logo minha mão voltou ao normal, corri para casa e falei tudo o que tinha acontecido para minha cêpan. Ela simplesmente arrumou as nossas coisas, botou-as no carro e disse, com um sorriso no rosto: -Parabéns, rapaz, só te cuida com esse novo legado, não quero pagar a conta de ninguém no hospital. Eu simplesmente dei uma risada e avistei a estrada que nos levaria para nossa próxima moradia. Mesmo tendo ficado triste pela morte do Dois, algum tempo antes, eu fiquei feliz em descobrir mais uns de meus legados. Até meus dezesseis anos, eu tinha os legados de telecinésia, o poder de me multiplicar em um máximo de quatro pessoas, e uns dos legados que mais gosto de usar: ter um domínio completo do elemento água. Eu estava no meu quarto deitado, pensando em outros Gardes, na maneira de como eles estariam se virando para viver, como iam seus treinamentos, quais legados teriam, e eis que surgiu uma terceira marca em minha canela e começou aquela ardência. Então, olhei para o copo de água que estava na mesa à frente, ergui os braços em direção ao copo, levitei a água e concentrei-a na minha canela. A água em poucos segundos evaporou com a quantidade de calor que emergiu daquela nova cicatriz, repeti a mesma operação quando apareceu a segunda marca, segurei firme a marca com a mão direita e com a esquerda me apoiei para não

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cair. Resisti aquela queimação, passando-a para minha mão. Quando a dor se dissipou, eu fiquei irritado e eu corri, desci as escadas, quebrei a porta com um chute, me ajoelhei no gramado, com tanto ódio que não queria nem saber se o vizinho, que ficava a quinhentos metros, notaria o estrondo da porta que saiu voando por metros. - POR QUE ELES NÃO NOS DEIXAM EM PAZ? – gritei, com todas minhas forças, dando um soco com minha mão direita no chão. O impacto foi tão forte que o gramado afundou um metro abaixo. Acabei caindo naquela pequena cratera, irritado, pensando na vida que os mogadorianos recém tinham tirado de circulação. Fiquei imaginando se era alguém da minha idade? Mas lembro que eu era o mais velho daquele grupo de Gardes que embarcaram na nave, então pensei: era uma criança? Como é que conseguem ser tão frios em matarem uma criança? Eu explodi de tanto ódio que minha mente entrou em choque, acabei desmaiando naquela pequena cratera que eu mesmo tinha criado. Quando acordei, eu estava novamente no nosso carro, mudando de localidade mais uma vez, indo para uma nova cidade, começar uma nova história de vida. A terceira marca surgiu há quatro meses e no momento estamos pensando em ir dos Estados Unidos rumo ao Canadá. Eu fico pensando: já conseguiram encontrar três de nós e, pelo que Lavine disse, nós só podemos ser mortos em ordem crescente e o próximo evidentemente será a pessoa que ficou com o pesado cargo de ser o numero quatro. Pensei: se ele, ou ela, terá capacidade de se defender sozinho? Não quero que morram mais pessoas por causa de uma raça tão ignorante e egoísta que só sabe trazer angustia e dor para suas vítimas e entes próximos. Estou só esperando o momento certo para eu me vingar e dizer que, finalmente, vinguei meu povo que um dia chorou lágrimas de sangue.

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Capítulo 2

Sabe aquelas vontades de você conhecer um lugar novo, um lugar onde você nunca foi e quer conhecer só para ver como é, mas vai até lá e descobre que não era o que você esperava? Pois então, sabe aquela idéia de se mudar para o Canadá? Aconteceram muitos imprevistos porque, quando estávamos cruzando o estado de Ohio, paramos o carro em um posto de gasolina para telefonar e revisar o endereço com o proprietário da nova casa no Canadá e descobrimos que fomos enganados, pois o dono disse que a casa nunca esteve à venda e o que recebemos foi um trote de seu filho mais velho. Lavine ficou uma “pilha de nervos” e, para se acalmar, acendeu mais um de seus cigarros diários e começou a fumar. Eu fiquei irritado, queria muito conhecer o Canadá, mas tenho que me lembrar de é que é minha vida que está em jogo, o que importa é um lugar seguro e calmo. - Lavine, olha só que interessante meu novo legado! – eu a chamo para me distrair um pouco. - Que legado novo é esse? Aprendeu quando? – responde ela, com uma cara de espanto. Eu pego o telefone que estava na mão dela e finjo estar telefonando para alguém, então eu fico vesgo e faço uma careta: - Alô, é um cliente? Quero dizer que estou vendendo uma casa, um carro e cinqüenta mil dólares. Também estou vendendo minha cueca, mas não conte para meu pai! Não quero que meu pai descubra que estou vendendo minhas cuecas. Eu uso cuecas como chapéus, são muito bons. – falo, forçando umas soluçadas no meio da frase, fazendo caretas e gestos. Lavine me olha com, larga uma risada no ar, e olha com uma cara de sarcasmo para mim: - Não se preocupe, bonitão, não vou dizer para o seu pai que você vende suas cuecas. Eu caio em gargalhadas com o rosto que ela fez em seguida. Depois desta piadinha, vou à loja que tinha no posto e

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compro um jornal e procuro uma casa à venda para nós comprarmos depois da grande decepção que tivemos. - Olha só, comprei um jornal. Vamos ver uma casa à venda? Talvez conseguimos comprar uma para pelo menos passar a noite, né? – falo para Lavine, entregando-lhe o jornal. - Bom... Já vai escurecer logo, acho muito difícil alguém fechar negócio a essa hora, porque pessoas comuns não aparecem do nada com o dinheiro de uma casa à vista. O melhor a se fazer agora é achar um hotel o mais perto possível daqui, em caso de enganação mais uma vez. Para quebrar o galho desta vez, vamos procurar um lugar para passarmos esta noite, e amanhã de manhã vamos ver uma casa para nós começarmos a treinar e descarregar nossas coisas? – ela me responde, folheando o jornal. - Mas claro! Boa ideia! Vou perguntar para alguém que trabalha no posto onde fica a pousada mais perto daqui, já volto. – respondo a ela, indo na direção do atendente que me vendeu o jornal anteriormente. - Moço, você sabe onde fica uma pousada ou um hotel mais próximo daqui? - Olha, o próximo hotel que tem aqui por perto fica a uns oitenta quilômetros. A última pousada que tivemos por estas redondezas foi fechada. Se você quer um lugar melhor para passar pelo menos uma noite, é o motel que fica a três quilômetros de distancia, ele é cheio de néon e brilhos, é bem fácil de achar. É cinco estrelas e tem tudo, mas se quiser um quarto sem reservas vai custar os olhos da cara. – o atendente me responde, apontando para a estrada que eu deveria tomar. - Muito obrigado pelas informações, moço! Eu vou ver se consigo um quarto no tal motel! Até uma outra hora! - Não tem de que. Boa sorte! Eu vou até a mesa onde Lavine está e digo tudo o que o atendente tinha me explicado. - UM MOTEL? – ela esbraveja – nós vamos ter que dormir em um motel?

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- Sim, é o que temos para agora! Qual você escolhe: o motel ou a rua? - Ta bom, vamos ao motel, afinal não tem nada demais! Vamos dormir lá e acordaremos cedo para ir acertar o assunto da casa, aliás, já até escolhi uma casa perfeita para nós treinarmos! Encontrei aqui no jornal uma casa à venda que está mais para um sitio no interior da cidade. Ela fica a uns noventa quilômetros daqui. Nós vamos chegar lá no motel e vou ligar para o proprietário, para ver se consigo apurar a compra amanhã. - Então vamos lá, estou muito ansioso para chegar à nova casa e descer as coisas do nosso carro. Tomara que dê tudo certo! - Eu também espero que aconteça tudo certo. Lavine apaga seu cigarro e embarca no carro, enquanto eu levo o jornal. Nós vamos rumo ao motel, apenas para descansar da longa viagem que fizemos desde manhã rumo a “casa falsa” no Canadá. Prosseguimos a estrada rumo ao tal motel e logo o avistamos: um lugar cheio de néon, muito colorido e cheio de luz. Um pouco antes de entrar no estacionamento do motel, pego uma parte do dinheiro que nós tiramos na nossa conta do banco antes de viajar, que era predestinada à casa, e entrego a Lavine, que paga o recepcionista que indica onde nós vamos passar a noite. Entramos no quarto e vemos uma cama enorme, com colchão de água, pétalas de rosas pelo chão, um pequeno frigobar e uma televisão que ficava na parede, que só exibia canais adultos. Em um canto tem uma mesinha, onde tem flores e embaixo tem uma pilha de revistas de variados assuntos. Lavine senta na beirada da cama e telefona para o proprietário da casa, enquanto eu vou explorando o quarto. Estou louco de sede e vou ver se encontro algo no frigobar para beber. Só encontro bebidas alcoólicas, vodkas, caipirinhas, champanhe. Mas não estou nem ai, o que importa é tomar algo para refrescar a garganta. Então tiro um champanhe e umas taças que havia no congelador e me sirvo. Vou até aquele monte de revistas e encontro vários assuntos: moda, jogos, adultos, científicas, fofocas, acho de tudo naquele monte, mas o que realmente me realça os olhos é uma

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revista que falava sobre o organismo do corpo humano e a importância da água no nosso dia-a-dia. Eu a folheio, diz que setenta por cento de nosso corpo é preenchida por líquidos, e também o que aconteceria se não existisse água no corpo, entre outras curiosidades. Dou mais uma vasculhada e descubro que atrás da porta havia um rádio com CDs de musicas românticas e, do lado, havia um painel que fazia jogos de luzes pelo quarto. Penso em fazer uma brincadeira com Lavine: eu sirvo uma taça de champanhe para ela, controlo o painel para as luzes ficarem mudando de cor lentamente, coloco uma música para animar o clima, deito naquela cama imensa, e digo: - Um brinde para mim, por ter a Cêpan mais bela de todas. – falo encostando minha taça na dela. Ela me olha com uma cara de espanto, fica um pouco vermelha de vergonha, olha para as paredes do quarto, olha para a garrafa de champanhe e olha para mim novamente. Ela toma o que havia no copo, se serve novamente e encosta sua taça na minha. - E um brinde para mim, por ter sido escolhida a Cêpan do Garden mais lindo e folgado de Lorien. – responde ela, com um sorriso no rosto. Seriamente, devia ter repensado esta pequena brincadeira, pois o que resultou foi a visão do rosto mais perfeito que já havia visto em minha vida, com aqueles olhos de mel reluzentes, cabelos castanhos que refletiam seu charme e aquela face bem desenhada. Parece que cai em um feitiço com aquela beleza toda, eu poderia jurar que o que falei para ela era realmente sério. Lavine me disse para dormir cedo, mesmo que a compra da casa tivesse sido agendada para as seis da tarde. Eu não entendo o porquê dela me mandar dormir, mas já passa das duas horas da madrugada. Então eu olho aquela cama de colchão de água e deito. - Não vai dormir também? – eu digo para ela, que está olhando para o jornal. - Calma, Vito, estou vendo uns anúncios no jornal, não se preocupe comigo. Já vou dormir. Aliás, tem apenas uma cama aqui, então já fique no seu canto bem quieto que daqui um pouco vou dormir.

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Viro-me para o lado, pego um pouco de cobertor, me tapo e apago em segundos.

Capítulo 3

Acordo, vejo que Lavine está dormindo abraçada a mim e fico sem palavras. Eu fico na cama mais um tempo e com ela dormindo me abraçando, me sinto o cara mais feliz do mundo. Depois de ficar vários assim, levanto e me lembro de que teremos que ir acertar o assunto sobre a nova casa hoje às seis da tarde, mas olho para o relógio e vejo que são apenas nove horas. Eu olho para Lavine, que parece um anjo dormindo naquela cama enorme, e decido deixá-la descansar um pouco mais, resolvo ir aos fundos do motel, onde havia um bosque que despertou meu interesse de treinar. Pego a caneta que havia ao lado do jornal, arranco uma folha de uma revista, e anoto: “Estou nos fundos, volto logo” e deixo em um lugar bem a vista. Eu chego aos fundos e descubro que tem mais do que apenas uma mata nativa, tem um pequeno riacho dentro deste bosque com uma água bem cristalina e com pequenas quedas d’água sobre seu curso. Lá, eu vejo os peixes pulando por cima das pedras, contra a correnteza. Eu nunca tinha visto aquilo, fiquei feliz em presenciar aquele momento. Olho para o lado e vejo alguns ratinhos, mas não me incomodo, me concentro e começo os treinos. Eu preciso desenvolver meus legados, nunca vou saber se estou pronto quando eles chegarem se eu não treinar. Começo pelo legado de telecinésia e tento arrancar folhas de uma árvore. Arranco uma por uma, facilmente. Então, eu pego mais pesado e tento derrubar a árvore. Coloco as mão em minha frente em direção à arvore e me concentro. Eu faço uma enorme força e a árvore se inclina para o lado, quase caindo totalmente. Eu faço um pouco mais de força e consigo derrubar a árvore. Decido tentar erguer a árvore, que pelo visto é a parte mais difícil já que a arvore é imensa.

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Concentro-me e tento erguer o tronco dela, mas não consigo. Faço mais força, mas não consigo. Então, eu penso um pouco e aproveito para treinar mais um legado: o de me multiplicar. Eu me concentro e surgem repentinamente quatro cópias idênticas a mim, pena que fazer isso resulte em um pouco de dor de cabeça. Eu peço a eles que dois fiquem de um lado, dois de outro e que concentrem a telecinésia na arvore, para erguê-la. Todos, ao mesmo tempo, fazemos a mesma força e começamos a erguer aquele troco enorme e pesado até praticamente pouco mais do que um metro e meio do chão. Dou um grito para todos saiam, mas um, sem querer, fica embaixo e aquele tronco imenso cai repentinamente em cima daquele meu clone. No entanto, o que me surpreende é que não aconteceu nada com ele, ele simplesmente atravessou o tronco e está tranqüilo, ali parado de pé, com a árvore até a cintura. Ele sai caminhando como se não tivesse acontecido nada e eu fico surpreso. Será que é mais um legado? Então eu mesmo testo: ponho a mão na árvore, me concentro tentando atravessá-la e consigo. Eu fico muito feliz por isso, posso atravessar coisas! Mas não me deixo emocionar e vou treinar outro legado: o de controlar a água. Olho para o riacho e tento movimentar aquela água calma. Consigo criar pequenas ondas, me concentro mais um pouco e consigo levitar uma quantidade de água, depois concentro a água toda e a faço ficar em um formato redondo. Eu olho para meus clones e olho para a água: - Vamos passar essa bolha de mão em mão, quero ver se conseguimos mantê-la assim por bastante tempo. Fizemos uma roda e ficamos passando aquela bolha, ficava passando de mão em mão, me concentrando para a água ficar naquele formato. Decido arriscar um pouco mais: decido jogar volley com aquela bolha de água. Então, nos afastamos e começamos a jogar aquela bolha para lá e para cá, mas com o tempo, vou perdendo e ela começa a perder o formato. De repente, ouço um barulho de tiro e vejo que o tiro pegou de raspão no braço do clone, sinto aquela dor de queimação. Na hora eu estava concentrado na bolha e, com aquela dor, eu simplesmente congelo a água. Não sei o que fiz ao certo, mas

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alguém tentou me acertar. Desfaço os clones e saio correndo, em disparada, rumo ao meu quarto para avisar Lavine. Meu braço está doendo pelo tiro de raspão e penso em transformar a dor em energia, mas não adianta mais. Chego ao nosso quarto e vejo que Lavine já esta de pé. Ela repara na marca do meu braço e fala: - Vito! O que você fez no braço? - Alguém tentou me acertar com um tiro, mas com muita sorte, escapei vivo! Vamos sair daqui, agora, por favor! – digo a ela, com espanto. Ela me leva ao banheiro e atrás da privada, havia a arca lórica. - Porque você escondeu aqui? - Em caso de emergência, com agora. Não posso botar em um lugar muito a vista, né? Ponha sua mão no cadeado! Eu obedeço, ela também põe a mão e a arca se abre. Imediatamente, ela pega uma pedra redonda, com uma cor verde fluorescente, e fecha a arca novamente. - Que pedra é essa? – pergunto a ela, com curiosidade. - Quando você se sentir em extremo perigo, apenas pressione fortemente esta pedra. – ela me responde, entregando a pedra para mim. – Agora vamos nos apressar porque tem um maníaco querendo matar você, vamos embora! Saímos correndo para o estacionamento, mas antes de embarcar, vejo alguns seres invadindo nosso quarto. Não acredito no que vejo. Não pode ser, não pode ser mesmo, mas o que eu vejo entrar no nosso quarto são seres com uma pele pálida, com uns enormes jalecos. Eu já os havia visto um dia, mas em Lorien, não tive duvida, eram Eles! Eles nos encontraram! Eu digo quem estava nos seguindo e Lavine fica assustada, ela faz uma arrancada com mo carro e quando eles escutam o barulho, nós já estávamos na saída do motel. Nós escapamos deles naquela hora, mas não saberia por quanto tempo, espero que seja

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por muito tempo. Passando-se dez minutos, nós avistamos que alguém estava nos seguindo com uma espécie de caminhonete grande, parecia uma Hummer e estava atrás de nós. Como eles nos alcançaram em tão pouco tempo? Será que havia mais do que aqueles que invadiram o motel? Lavine gira o volante e dobra em uma estrada de chão batido rumo a uma floresta. Na floresta, ela entra mato adentro para tentar despistá-los. Depois de uns cinco minutos dentro do mato, encontramos uma avenida e continuamos nela. Acho que conseguimos, pois a quantidade de curva que nós fizemos era alta. Estamos seguindo a estrada e vemos uma placa que aponta um retorno para a cidade onde está a nossa futura casa. Vemos que teremos uma grande viagem pela frente já que teremos que cruzar um estado inteiro para conseguir chegar na tal cidade. Enquanto não chegamos, ponho a mão no meu ferimento e começo a fechar a marca da bala.

Capítulo 4

Estamos chegando à cidade de Bonneville, a cidade onde vamos comprar a casa. Chegamos um pouco mais tarde do que o combinado: sete horas, mas mesmo assim, o dono nos esperava tranquilamente. Enquanto Lavine acerta as contas, eu vou descarregando o carro que tem poucas coisas: a arca lorica e duas malas de roupas. Eu as coloco nos quartos que ficavam no andar de cima e depois de descer as escadas, vou cumprimentar o proprietário da casa. Ele é um senhor de idade, bem simpático, mas que parecia triste com algo, talvez pela venda da casa, ou sei lá, mas Lavine não repara e faz o pagamento da casa. O senhor, antes de se despedir, diz: - Tomem cuidado com a casa e se cuidem. Até outra hora, se Deus quiser! – ele fala, andando cabisbaixo pela rua, com uma

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cara de arrependimento. Mas talvez, como falei antes, ele poderia só estar comovido com a venda da casa. Estou satisfeito com a nossa nova casa. Ela é muito calma, tem muitas plantas e várias lâmpadas pela casa. Era bem iluminada, parecia uma arvore de natal no meio daquela escuridão do meio do mato. Infelizmente, a única coisa que me passa na minha cabeça é que eu não gostaria que eles nos encontrassem aqui. Quando você entra pela porta da casa, dá de cara com um sofá bem aconchegante que é direcionado à televisão. Quem descobriu isso primeiro foi Lavine, que se atirou no sofá sem mais nem menos. Ela já é adulta, mas com uma energia de adolescente. Eu reparo que a casa é cheia de vasos de flores e numa delas, eu encontro uma carteira. Eu a abro e vejo uma identidade, que tinha a foto do senhor que tinha vendido a casa para nós minutos atrás. Quando eu penso em guardá-la, escuto bater a porta e minha cêpan fica assustada, mas penso que é aquele senhor, que veio buscar a carteira. Eu mostro a carteira para ela e ela fica mais calma, mas quando abro a porta, eu vejo Lavine se atirando em minha frente e sendo ferida por uma luz branca que saia atrás da porta. Ela foi atingida bem no estômago. Quando ergo os olhos, vejo um mogadoriano de dois metros de altura, com uns olhos de cor vermelha. Aqueles olhos me deixaram paralisados, eram olhos sem vida, congelantes e sem piedade. Estou paralisado com o medo, não sei o que faço. Ele me olha firmemente e sinto que estou caindo em um transe.

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Capítulo 5

Estou em um lugar todo branco, onde predomina o silêncio como se fosse um isolamento. De repente, começa a ficar tudo escuro e aquele silêncio é quebrado por gritos desesperados que transmitem dor para aqueles que os ouvem. Quando vejo, surge uma lua cheia e, embaixo dela, um vulto. A única coisa que se pode enxergar é uma lâmina que havia em suas mãos, uma lâmina prateada brilhosa, que sob a luz da lua parecia ganhar vida. Também era possível notar seus olhos frios, olhos com um tom avermelhado, sem vida alguma. Estranhamento, quando olho para baixo, vejo aquela lâmina atravessar meu peito, mas não sinto dor alguma e quando volto a olhar aquele vulto que tinha me apunhalado, tudo se dissipa e volto ao quarto branco. Segundos depois, volta a ficar tudo escuro novamente, mas desta vez, vejo uma espécie de tela que parecia um monitor de computador. Estou em uma espécie de quarto, com uma decoração bem feminina e uma iluminação muito baixa, porque a única luz que tinha naquele quarto era a da tela do computador. Eu ouço um barulho e vejo que é um barulho de atualização da página, vejo uma mensagem: “Nove, agora oito. O restante de vocês está por ai?”. Eu me assusto com a mensagem e, logo embaixo, vejo uma resposta bem simples: “Estamos aqui”. Fico surpreso, será que isso tem algo a ver com a história dos Nove Gardes? Logo que penso isso, a tela se apaga repentinamente e escuto um enorme ruído atrás de mim. Assim que me viro, sinto um cutuco em minhas costelas e vejo aquela espada reluzente atravessando meu corpo. Tudo se dissipa novamente. Eu fico assustado com as duas ultimas visões, mas antes de alguma reação, novamente me afundo naquela escuridão. Agora estou em uma espécie de cabana, no meio da selva, estou deitado em uma cama quando ouço um estrondo na porta. Um senhor que estava ao meu lado vai verificar, mas a imagem me

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choca: Uma espada atravessa a porta e seu peito em fração de segundos. Ele apenas olha para mim e fala: -“Fuja!”. Automaticamente meu corpo aceita o mandamento dele e começo a correr desesperadamente mato adentro. Olho para o lado, vejo mogadorianos me perseguindo e, à frente, vejo um enorme precipício. Minha reação é de imediatamente parar e dar meia volta, mas meu corpo não me obedece e, simplesmente, eu pulo com todas as forças, tentando chegar ao outro lado do precipício. Avisto aquele abismo lá embaixo, sinto aquele medo de não conseguir, mas quando menos espero, chego ao outro lado rolando no chão. Eu não acredito no que acabo de fazer, mas mesmo assim, devo continuar em fuga. Infelizmente, sou levantado pelo pescoço e vejo que um deles havia me pego. Escuto apenas sua risada de deboche, sinto aquela espada prateada atravessar meu corpo e vejo tudo se apagar lentamente. Agora eu espero voltar aquele branco sem nada, mas de repente tudo começa a ficar avermelhado e, novamente, começa uma visão. Desta vez, estou no pátio de uma escola enorme. Vejo uma mulher que ergue os braços para o céu escuro e parece que ela tem um dom de controlar o clima. Será que ela é um dos Gardes? Vejo ao lado dela alguém que pensei já ter visto, vejo um homem muito ferido, prestes a morrer. Avisto também um exército enorme de mogadorianos, vejo vários seres enormes com mais de dez metros de altura. Aquele lugar parecia um caos. Em seguida, a visão some e volto para o lugar de início. Quando estou prestes a entrar em mais uma visão, mordo minha mão e começa a sair sangue. Ponho minha outra mão em cima e quando sinto aquela sensação de mão pesada, dou um soco no ar. Tudo começa a voltar ao normal, em câmera lenta, e vejo que meus punhos pesados atingem o rosto do mogadoriano, que instantaneamente vira pó. Eu corro na direção de Lavine, que está muito ferida. Não quero que ela morra. Tento absorver sua dor, mas é muita coisa para mim. O máximo que consigo é aliviá-la, no entanto o ferimento

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é grande demais, não tinha como cicatrizá-la instantaneamente. Absorvendo a dor, sinto que meu corpo está todo pesado, dos pés à cabeça. Pelo menos tirei aquela expressão de dor que havia no rosto dela. - Vito... Pegue a pedra... Segure-a com força! – ela fazia força para falar, o que me cortava o coração. Eu imediatamente pego a pedra que estava no meu bolso e a seguro com toda minha força. A pedra começa a brilhar. Vejo mogadorianos entrarem na casa. Seguro a pedra com mais força e, quando eles partem para o ataque, vejo uma enorme luz branca que me deixa cego por uns segundos. Eles ficam completamente imóveis. Sinto meu corpo mais leve agora, acho que a pedra pegou toda a energia que eu havia absorvido de Lavine. Ela segura minha mão e tudo ao redor começa a ficar branco. Estamos somente ela e eu naquele espaço enorme que parece não ter fim. - Esta pedra, que eu te dei, é uma pedra muito especial. Cada cêpan ganhou uma pedra antes de partir. Essa pedra é como se fosse um ultimo recurso para tudo. Mas, já que estou à beira da morte, vou utilizar a pedra para absorver minhas energias restantes. – ela me diz com uma lágrima no rosto. - Por favor, não fale isso! Não quero que você morra. Não quero te deixar morrer! Por favor, não me deixe! Você é a única pessoa que gostei de conhecer de verdade – digo para ela, tentando controlar a amargura em meu coração. – Eu te amo de verdade, Lavine! - Por favor, não fale assim ou vou começar a chorar de verdade. Eu também te amei, Vito, mas nunca lhe disse, pois a obrigação de um cêpan é de proteger o Garde. Eu não poderia fazer mais do que isso. Quando você era criança, eu fui escolhida para cuidar de você aqui na terra. Eu fui escolhida pelos seus pais para te treinar e desenvolver seus legados, mas com o decorrer do tempo, você foi crescendo e ficando uma pessoa cada vez mais doce e

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gentil. Foi por isso que eu fui gostando de você. Você era o meu Garde favorito e eu descobri que o amava de verdade quando você completou dezoito anos. Pensei que você iria mudar de personalidade só para conquistar qualquer garota, mas não, você continuou a ser a pessoa meiga e bacana que sempre foi, isso despertou meu interesse por você. Eu sempre confiei em você e ainda confio, mas eu cometi um erro em não te contar. Fiz o necessário para esconder esse segredo de você, pois não queria que você se prendesse por minha causa. Você não era obrigado a me aturar se não quisesse. Não contei este segredo por medo de estragar sua vida social, tanto comigo quanto com seus amigos. Desculpe-me por não ter te falado antes, Vito. - ela me diz, soluçando em lágrimas. -... – Eu simplesmente não falo nada. O que eu faço é simplesmente me sentar ao seu lado, abraçá-la e chorar junto com ela. – Eu me arrependo eu não falar que eu gostava de você, Lavine. Foi o pior erro que cometi, pois você é a dona do sorriso mais belo, dos olhos mais brilhantes e da beleza mais pura que eu já vi. Desculpe-me por não te contar que eu te amava. Lavine me abraça com mais força, olha para mim e diz: - O meu tempo está acabando. O efeito da pedra irá desaparecer em minutos. Quero te dar uma coisa que devia ter feito há muito tempo. – ela me segura pelo rosto, olha em meus olhos e me dá um beijo que eu nunca mais irei esquecer. No mesmo segundo, ela começa a se desintegrar ao ar, em forma de brilho, até desaparecer completamente. Eu fico pensando: “ela me amava, e confiava em mim. Eu era a melhor pessoa para ela. Não vou deixar sua morte em vão. Vou vingar você, Lavine, vou vingá-la com toda a minha força!”. Quando retorno ao mundo real, avisto mais de quinze mogadorianos na porta. Corro para cozinha e pego o botijão de gás. Imediatamente, o arremesso contra eles e, como esperado, eles atiram no botijão causando uma enorme explosão por causa do gás

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e da faísca de bala que atravessou o botijão. Eu me seguro na arca lórica e logo sou arremessado pela janela. Caio no gramado, me levanto, ponho a arca embaixo do braço e saio correndo para tentar despistá-los. Sou muito vulnerável contra aquele número deles. Eu vejo minha nova casa incendiar e também um exército de mogadorianos em frente à casa. Aproveito que eles não me veem e corro mata adentro. Eu corro até o meu limite e chego a uma cidadezinha que fica do outro lado da mata. Percebo que consegui me salvar por um momento, mas ainda não o suficiente, então vou a uma estrada próxima e tento pedir carona desesperadamente. Depois de muito tempo, um senhor para o carro e pede para eu embarcar. Agradeço ao bom homem. - Muito obrigado, moço. Se você não aparecesse, não sei o que seria de mim. - Fique tranqüilo, jovem. Para onde queres ir? – Ele responde, com um sorriso no rosto. - Qualquer lugar longe daqui. Minha casa acabou de ser incendiada e não tenho para onde ir. Você pode me largar onde você quiser, só me tire desta cidade, por favor! - Ok, meu jovem, não precisa se preocupar. Pode morar lá em casa, se quiser. Meu filho John vai adorar conhecê-lo. Ele tem quase a sua idade. – ele me responde, olhando para a arca lórica. - Se não for incomodo demais, eu aceito o seu convite, senhor... Qual é mesmo o seu nome? – pergunto a ele - Pode me chamar de Henri. Agora vamos porque não posso deixar meu filho muito tempo sozinho. Não gosto muito de deixá-lo assim. - Senhor Henri, muito obrigado mesmo. Não sabe o quanto estou agradecido! – respondo muito feliz. Subo no carro e seguimos

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rumo à cidadezinha onde ele falou que morava atualmente, que fica a alguns quilômetros daqui. Estou confiante, mas tenho que lembrar de que preciso manter segredo sobre minha origem e meus legados. Também tenho que tentar localizar os outros seis restantes que estão mundo afora. Temos que nos reunir e combater o mal que pode se revelar contra esse planeta. Precisamos fazer isso o quanto antes. Quero cumprir a promessa que fiz a Lavine e proteger os que ainda não desenvolveram por completo seus legados. Ainda é noite, já vão ser dez horas e estou exausto desse susto. Eu abraço a arca e penso no ultimo toque das mãos de Lavine nas minhas quando fomos abrir o cadeado. Henri diz que irá me acordar quando chegarmos e eu aceito sua bondade. Então adormeço no banco, abraçado na arca, pensando no futuro, em como ele vai ser.

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