Analise ao Incendio de Figueira 2011

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PORTUGAL – DISTRITO DO PORTO

CONCELHO DE PENAFIEL ALTO DE LAMEIRAS, FREGUESIA DE FIGUEIRA 47º07’31’’N 8º19’47’’W

OCORRÊNCIA N.º 98197

20-08-2011 DH Início: 20-8-2011 08:50 DH Fim: 22-08-2010 19:15

AUTORES

DADOS DE PROPAGAÇÃO

Artur Borges, Eng.º Florestal (Escola Superior Agrária de Coimbra) José Gonçalves, Eng.º Agrícola (Escola Superior Agrária de Coimbra) Paulo Bessa, Eng.º Florestal (Gabinete Técnico Florestal da CM Penafiel) Com a orientação de François Binggeli (Espaces Méditerranéens)

Propagação por fogo de superfície com fogo de copas passivo em zonas de povoamentos com combustível arbustivo e continuidade vertical.

SINTESE DO INCÊNDIO

Área ardida:

375 ha Incêndio em terrenos com mato e com manchas dispersas de eucaliptal Velocidade de propagação média: com subcoberto, cuja propagação foi dominada pelo vento apesar de, pontualmente, a sua direcção ser influenciada também pela topografia, 8 – 12 m/min (0.48 – 0.72 km/h) tendo sido identificados 5 momentos distintos de propagação. Velocidade de propagação máxima: Localmente, verificaram-se condições de temperatura, humidade do ar e de vento determinantes para que o comportamento do fogo excedesse 20 – 24 m/min (1.2 – 1.44 km/h) claramente a capacidade de extinção. Comprimento de chama médio: O incêndio teve uma propagação inicial ascendente, com pleno 5 – 6 metros alinhamento de declive e de vento. Posteriormente foi o flanco direito a determinar a evolução de todo o incêndio, fruto das permanentes Distância dos saltos observada: mudanças da sua direcção e intensidade, consequência da situação 180 – 200 metros sinóptica verificada nesse dia. A meteorologia determinou a existência, e o aproveitamento por parte dos Intensidade libertada pela frente: meios de combate, de boas janelas de oportunidade para se conseguir o 4 000 – 10 000 kw/m (estimada) controlo do incêndio, o qual apenas ocorreu com o avançar da noite e na sequência da estabilização das condições meteorológicas locais. RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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1. CONDIÇÃO SINÓPTICA E INCIDÊNCIA 20AGO2011 00h – Geopotencial e Pressão a 500hPa

20AGO2001 00h – Temperatura a 850hPa

IMAGENS DE RADAR 10H - 20AGO

18H – 20 AGO

ANÁLISE DA CONDIÇÃO SINÓPTICA A condição sinóptica geral era dominada pela presença do Anticiclone dos Açores, que se estendia em crista até ao Golfo da Biscaya, e por um outro Anticiclone de origem térmica no interior da Península Ibérica. Estes dois centros de altas pressões foram atravessados por uma massa de ar instável associada a uma região depressionária (cut-off) que cruzou toda a costa oeste da Península Ibérica, causando instabilidade e provocando a ocorrência de alguma precipitação localizada, assim como causando uma grande variabilidade ao nível dos ventos.

PREVISÃO DO INSTITUTO DE METEOROLOGIA Para a região a Norte de Sintra - Montejunto-Estrela (20 AGO): Temperaturas máximas acima dos 30ºC e mínimas próximas dos 20ºC; Humidades relativas do ar abaixo dos 30%; Corrente Fraca de Leste, mais intensa durante a noite. Espera-se que o dia de Domingo (21AGO) seja de mudança, com diminuição das temperaturas e subida da humidade relativa do ar.

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PREVISÃO DO MODELO ALADIN HORA

TEMPERATURA

HUMIDADE RELATIVA

VENTO

09H 20AGO

15H 20AGO

21H 20AGO

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2. SITUAÇÃO METEOROLÓGICA

IPORTUGA86: Estação meteorológica de Recarei, Paredes. Lat: N 41 ° 9 ' 7 '' ( 41.152 ° )Long: W 8 ° 24 ' 58 '' ( -8.416 ° ) Altitude: 90 metros. Distância ao local: 7,6 km para oeste

MEDIÇÕES NO PERÍMETRO DO INCÊNDIO Local

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

Hora

-

-

-

-

-

-

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-

-

-

-

12

Temperatura (ºc) Humidade relativa (%) Velocidade do vento (km/h)

NÃO FORAM EFECTUADAS MEDIÇÕES NO LOCAL

Rajadas (km/h) Direcção

MEDIÇÕES DE OUTRAS ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS

RUEMA de LUZIM: Estação meteorológica do Instituto de Meteorologia de Luzim, Penafiel. 20 e 21 de Agosto.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO METEOROLÓGICA A situação meteorológica local foi adversa, tendo originado um comportamento do fogo bastante errático, resultado das diversas variações da direcção e intensidade do vento ao longo do dia. Registaram-se humidades relativas do ar baixas (cerca de 30%) e temperaturas relativamente elevadas (máxima de 32 ºc). De referir que a noite do dia 20 foi considerada uma “noite tropical” (temperatura mínima superior a 20ºc). RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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3. RISCO DE INCÊNDIO

19-08-2011 12UTC

21-08-2011 12UTC

O índice meteorológico de perigo de incêndio verificado no dia 19 correspondia à classe de muito elevado (31.6). No dia 20 manteve-se a classe de perigosidade de nível muito elevado, com um agravamento para a mesma classe de perigosidade em toda a faixa litoral norte.No dia 21 mantiveram-se as classes de risco nas classes de muito elevado (30.2). Com um índice da classe muito elevado é expectável a ocorrência de fenómenos de saltos e atransição para o fenómeno de fogo de copas, sendo a efectividade do combate directo muito reduzida.

THC

(Humidade combustíveis finos)

DC

(Índice de seca)

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ISI

(Índice propagação inicial)

FWI

(Dificuldade de supressão)

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4. TOPOGRAFIA, VEGETAÇÃO E INFRA-ESTRUTURAS

Altitude máxima de 490 metros no Vértice geodésico de Mouzinho, com um relevo pouco acidentado, existindo alguns declives mais pronunciados na vertente voltada a Nascente. Linhas de água pouco pronunciadas com concentração da escorrência no sentido Oeste. Exposição predominante de Sul e Poente.

Mancha florestal devidamente infraestruturada com uma rede viária florestal adequada e operacional. Existência de um ponto de água misto no interior do perímetro do incêndio, com capacidade para abastecimento ininterrupto de meios aéreos pesados. Ocorrência de afloramentos rochosos graníticos em toda a parte superior com alinhamento de SW/NE.

Mancha florestal contínua com uma área superior a 5100 hectares no concelho de Penafiel e que se estende para os concelhos de Paredes e Gondomar numa área superior a 10 mil hectares. Complexo combustível variado, composto por matos com alturas entre 1.5 a 2 metros, de tojo e giesta. Núcleos dispersos de povoamento florestal de eucalipto, na sua maioria com vegetação arbustiva no subcoberto, existindo algumas plantações ordenadas e com subcoberto de folhada.

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5. DINÂMICA DO INCÊNDIO Registos meteorológicos da direcção e intensidade média e de rajada do vento (km/h) da estação meteorológica de Recarei

LEGENDA Carreira com alinhamento pleno (CPS 3/3) Carreira com alinhamento médio (CPS 2/3) Carreira com alinhamento baixo (CPS 1/3) ---- Perímetro do incêndio

Ponto de início Saltos ● Registos de tempo

Escala: Quadricula azul = 1km x 1km RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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DESCRIÇÃO DO INCÊNDIO O alerta do incêndio teve lugar às 08h50m para o Alto de Lameiras, da freguesia de Lagares, contudo o mesmo deflagrou já na freguesia de Figueira. O incêndio teve uma propagação ascendente no sentido SW  NE, a favor do vento e do declive, tendo a primeira intervenção sido efectuada pela Equipa de Combate a Incêndios Florestais dos bombeiros de Paço de Sousa e pela equipa dos GIPS da CMA de Baltar, com um helicóptero de ataque inicial. O técnico do Gabinete Técnico Florestal do Município de Penafiel chegou ao Teatro das Operações (TO) pelas 10h30, após activação do Comando Distrital das Operações de Socorro (CDOS) do Porto às 9h40, numa fase em que a cabeça do incêndio havia perdido o seu alinhamento pleno ao atingir a o topo da cumeada, estando já na sua fase descendente na encosta próxima do Lugar de Barreiros, da freguesia de Valpedre. No local já se encontravam um total de 57 bombeiros, apoiados por 15 viaturas, assumindo o Comando das Operações de Socorro (COS) o Sr. Comandante do Corpo de Bombeiros de Paço de Sousa. As operações de combate na cabeça do incêndio decorriam favoravelmente, havendo já meios empenhados no controlo dos flancos, em particular o flanco esquerdo. Após um primeiro reconhecimento ao perímetro, constatou-se a grande distância percorrida pelo fogo, cerca de 1km, desde o ponto de início até à cabeça do incêndio. O helicóptero bombardeiro pesado que se encontrava a actuar procedia ao abastecimento no ponto de água de Figueira com uma excelente cadência de descargas. Pelas 12h15m ocorre uma mudança na direcção do vento, passando a soprar na direcção ENEWSW, levando a que o flanco direito do incêndio, em particular o flanco mais exposto na encosta sobre o Lugar de Barreiros, adquiri-se pleno alinhamento, formando uma cabeça que se propagou com grande intensidade pelo Alto do Fontão. Ao alcançar a cumeada, a cabeça agora formada perde o alinhamento do declive, mas mantém a sua intensidade de propagação, sob influência do vento, na fase descendente ao longo da linha de água existente (Foto 3). Após um ponto de situação com o COS, de imediato foram reforçados os poucos meios existentes no novo flanco direito, assim como mobilizados meios para o estradão de acesso ao ponto de água de Figueira com o objectivo de conter o avanço da cabeça do incêndio agora formada. Pelas 13h00m, atendendo à intensidade da frente de fogo e à grande probabilidade de a mesma passar o caminho de acesso de ponto de água, é realizada uma pequena manobra de contra-fogo, com sucesso, tendo-se contido o avanço da cabeça do incêndio no caminho assim como a sua extinção com linha de água até à área já ardida na fase inicial do incêndio, de acordo com a representação gráfica da figura seguinte.

Ocorre o estabelecimento do Posto de Comando (PC) no Campo de Futebol de Figueira, com o apoio do Veículo de Comando e Comunicações, assumindo o COS o Sr. Adjunto do Comando Distrital de Operações de Socorro (ADOD), apoiado por outros elementos de comando entretanto mobilizados para o TO. RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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Pelas 15h00, é formada uma equipa de análise, constituída pelos autores deste documento, sendo as indicações dadas pelo COS a do reconhecimento de todo o perímetro com vista a ser efectuada uma actualização do ponto de situação. No reconhecimento, constatou-se que no período de acalmia da intensidade do vento as partes mais activas do incêndio correspondiam à frente que se propagava a descer encosta em parcelas com povoamento de eucalipto, mato e com sobrantes de eucalipto sobre o lugar da Giesteira, assim como algumas situações de pleno alinhamento sobre o lugar de Gilvaia. Foram identificadas duas novas ignições fora do perímetro do incêndio, a cerca de 1km, tendo a equipa de análise se deslocado ao local aquando da passagem pelo perímetro exterior do incêndio a Este. Dado o alinhamento do vento, intensidade e direcção da coluna de fumo, dificilmente estaria em causa um salto resultante da queda de matéria incandescente do incêndio principal. Um dos focos deflagrou em espaço agrícola abandonado, com vegetação do tipo herbácea com altura superior a 1,5 metros, sem grande potencial de expansão. O segundo foco havia deflagrado num terreno com sobrantes de eucalipto, no interior da mancha florestal afectada pelo incêndio, estando o foco a ganhar dimensão devido ao alinhamento com o declive. A mobilização imediata de meios foi determinante para que este foco não tenha dado origem a um agravamento considerável da situação do incêndio principal (Foto 6). Ainda no Lugar de Gilvaia, foram posicionados os meios de combate, entretanto chegados àquele sector, no flanco da cabeça que avançava para o Alto de Mouzinho. Pelas 16h15 a equipa de análise regressou ao PC com o objectivo de realizar um novo ponto de situação, assim como para a integração na equipa do terceiro elemento entretanto chegado ao TO. Do briefing realizado no PC resultou a identificação da prioridade em se dominar todo o flanco direito. A equipa de análise concretizou o posicionamento do reforço dos meios que já se encontravam em trabalhos na base do flanco direito do incêndio, tendo procedido a um novo revis com paragem no Alto de Mouzinho. Constatou-se a grande extensão da frente de fogo do flanco direito, cerca de 1,9km, onde já se encontrava a actuar o helicóptero bombardeiro pesado (HESA). O facto de o abastecimento de água não estar a ser efectuado no ponto de água de figueira que se situava a uma escassa centena de metros de distância do local, aliado à ausência de meios terrestres no local das descargas, foi determinante para a sua actuação ineficiente. Ainda no Alto de Mouzinho, foi identificada uma oportunidade de extinção através do aproveitamento de um pequeno caminho florestal que contornava toda a frente do flanco direito (figura seguinte). Contudo, sem a presença de meios terrestres no local a mesma seria perdida face ao tempo necessário para a mobilização de meios.

Ponto de Água

Pelas 18h00, foi percepcionada uma previsível mudança da direcção do vento para o quadrante Este, tendo-se comunicado ao PC que, a curto prazo, todo o flanco direito do incêndio se iria tornar numa cabeça, de grande extensão, a qual passaria a determinar a direcção do incêndio, com propagação na direcção do campo de futebol e da povoação de Figueira, pelo que seria prudente garantir a mobilização de meios para esses locais com vista a preparar a sua recepção e a protecção dos elementos sensíveis aí existentes. RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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Pelas 18h20 a equipa de análise abandona este ponto de observação e desloca-se para o PC. Durante o trajecto, observa-se que a entrada do fogo em povoamento de eucalipto não gerido, com estrato arbustivo superior a 1,5m (com continuidade horizontal e vertical), provoca uma alteração significativa no comportamento do fogo, passando a um fogo de copas activo, ocorrendo também uma chuva de saltos, a uma distância observada de 180 a 200 metros, assim como a um aumento significativo na sua velocidade de propagação. Através dos registos de tempo efectuados, determinou-se uma velocidade de propagação de 21m/min numa distância de 500 metros lineares, entre o ponto de água e o Centro de Dia de figueira. Neste instante, uma equipa dos GIPS da CMA de Baltar inicia o combate no flanco sul da cabeça entretanto formada, junto ao caminho de acesso ao ponto de água (Fotos 14, 15 e 16). Com uma frente de fogo que excede claramente a capacidade de extinção da equipa, os mesmos iniciam o corte do flanco, no sentido contrário ao avanço da frente, do caminho em direcção ao Alto do Mouzinho. Através dos registos de tempo efectuados, determinou-se uma velocidade de propagação de 24m/min numa distância de 670 metros lineares, entre o caminho e o Alto de Mouzinho. Ao chegar ao Campo de Futebol foi evidente o alinhamento de propagação adquirido pela frente do incêndio entretanto formada (Foto 18). Neste momento, existia uma frente de fogo contínua com 750 metros de extensão que se propagava com grande velocidade e intensidade, com saltos de 150 a 200 metros, a descer encosta em direcção ao campo de futebol e à povoação de figueira. Neste momento, atendendo à direcção de propagação do fogo e por questões operacionais, o COS determina a mudança do PC para junto do cruzeiro de Figueira. A cabeça do incêndio que atinge o campo de futebol, mantém a sua propagação e passa a estrada municipal, no sentido Sudeste  Noroeste, em direcção ao Alto de Palheiras. Ocorre um reforço de meios junto ao Centro de Dia e na interface urbano-florestal da povoação de figueira com o objectivo de proceder à defesa perímetral das edificações existentes. Junto ao centro de dia é efectuada uma manobra de contra fogo junto à estrada municipal com vista a atenuar os efeitos da chegada da frente de fogo que progredia em condições extremas (Foto 20). A defesa das edificações é realizada com sucesso, não obstante os saltos para os espaços verdes inseridos no aglomerado populacional. Após os momentos de maior actividade junto às edificações, a equipa de análise efectua um reconhecimento imediato à cabeça que progredia em direcção ao Alto das Palheiras (Foto 22). Constatou-se que a cabeça do incêndio viria a perder o alinhamento do declive que, conjugado com a alteração da direcção (para o quadrante Oeste) e diminuição da velocidade do vento, resultaria num a abrandamento da progressão do incêndio possibilitando assim o seu domínio através do empenhamento dos meios de combate entretanto mobilizados para essa frente. Já no PC, ocorre a transição do comando das operações de socorro para o Sr. Segundo CODIS, sendo posteriormente efectuado um novo ponto de situação relativamente ao incêndio. A equipa de análise é dividida, ficando dois elementos com o ADOD, que se deslocam para o flanco norte (ainda parcialmente activo) para colaborarem na extinção do mesmo. O outro elemento da equipa iria acompanhar o Sr. Comandante do sector (Comandante dos BV de Baltar) afecto à frente Sul.

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No flanco Norte, é realizada uma manobra de contra-fogo em cerca de 200 metros com vista à extinção da parte do flanco ainda activa, consolidando assim o perímetro já ardido e libertando mais rapidamente os meios para aí mobilizados. A favor do vento a manobra foi realizada com sucesso, de acordo com a representação gráfica anterior. Na frente Sul, e após um reconhecimento de cerca de 1900 metros de frente de fogo, onde ainda actuavam 2 aviões bombardeiros médios anfíbios, foram posicionados os meios de combate existentes, em conjunto com os meios da AFOCELCA entretanto chegados ao TO, com vista à extinção da totalidade da frente de fogo que ainda permanecia activa. A sua completa extinção deu-se por terminada pelas 2h00. Sobre o Lugar de Gilvaia, permaneciam as operações de extinção das linhas de fogo ainda activas. Após a extinção do incêndio, permaneceu no TO uma parte significativa do dispositivo empenhado com vista à consolidação e vigilância do rescaldo até ao fim da tarde do dia 22.

REGISTOS DE SALTOS Registo da observação de alguns dos focos secundários mais relevantes cuja localização foi possível efectuar com precisão, e que resultou da observação não permanente e não exaustiva da dinâmica de saltos e de ignições de focos secundários durante o incêndio.

Hora 1

17h36

N.º de focos secundários

Vegetação emissora (1)

2

Foto n.º

11

Saltos não absorvidos pelo incêndio, aumentando a sua velocidade.

N.º de focos secundários

Vegetação emissora (1)

20m

Arbustiva (Tojo, Giesta e Fetos) com alguns Eucaliptos isolados

Dinâmica do incêndio e incidência dos saltos 18h22

Distância estimada

Arbustiva: composta por tojo, giesta e fetos. Muito desenvolvido, idade de 6 anos, com altura média de 1,5 metros

Vegetação na zona de recepção

Hora

2

vários

Distância estimada

100m

Foto n.º

15

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Vegetação na zona de recepção

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Dinâmica do incêndio e incidência dos saltos

Saltos não absorvidos pelo incêndio, aumentando a sua velocidade.

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Hora

18h27

N.º de focos secundários

Vegetação emissora (1) 3

4

5

4

180 a 200 m

Foto n.º

19

Saltos não absorvidos pelo incêndio, aumentando a sua velocidade.

N.º de focos secundários

Vegetação emissora (1)

Distância estimada

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Dinâmica do incêndio e incidência dos saltos 18h45

-

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Vegetação na zona de recepção

Hora

Foto n.º

Saltos não absorvidos pelo incêndio, aumentando a sua velocidade.

N.º de focos secundários

Vegetação emissora (1)

180 a 200 m

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Dinâmica do incêndio e incidência dos saltos 18h35

Distância estimada

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Vegetação na zona de recepção

Hora

2

1

Distância estimada

50m

Foto n.º

20

Eucalipto com idade média de 6 anos e com estrato arbustivo composto por tojo e giesta. Existência de continuidade vertical e horizontal

Vegetação na zona de recepção

Arbustiva de tojo Eucalipto com estrato arbustivo superior a 1,5m

Dinâmica do incêndio e incidência dos saltos

Salto rapidamente controlado pelos meios posicionados no local.

(1) Vegetação a arder na frente activa do incêndio no eixo do vento

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REGISTOS FOTOGRÁFICOS

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6. GESTÃO OPERACIONAL ESTADO DE ALERTA DO DECIF

Estado de Alerta Especial AMARELO entre 191400AGO11 e 210800AGO11

N.º Ocorrências

10

DINÂMICA DISTRITAL DAS OCORRÊNCIAS NOS DIAS 20 e 21 AGOSTO

8 6 4 2 0 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

DIA

20

HORA INCÊNDIOS ACTIVOS EM PORTUGAL

21

16:00

17:30

19.00

21:30

00:25

164

189

207

253

9

Em curso

9

16

11

22

22

Relevantes

2

5

4

2

7

Desde as 00h00

Foi um dia sem grandes limitações em termos do dispositivo, o que permitiu um reforço desde o início em meios de combate pesados e o envolvimento de um total de 5 meios aéreos de combate ao longo do incêndio – 2 aviões bombardeiros médios anfíbios, 2 helicópteros bombardeiros pesados e 1 helicóptero ligeiro de ataque inicial. Apenas existiu um outro grande incêndio no concelho vizinho de Gondomar, o qual decorreu praticamente no mesmo período, tendo-se prolongado por mais tempo no dia 21.

PESSOAL ENVOLVIDO

MEIOS ENVOLVIDOS

DIA HORA

20

21

DIA

TOTAL

16:00

17:30

19.00

21:30

00:25

Bombeiros

96

98

112

162

182

268

Veículos op.

GIPS

0

0

0

0

0

16

FEB

0

0

0

0

0

ESF

0

0

0

3

GAUF

0

0

0

Outros

2

2

TOTAL

98

100

20

HORA 16:00

21

TOTAL

17:30

19.00

21:30

00:25

32

32

42

53

60

79

Outros veíc.

0

0

0

0

0

0

0

HATI

0

0

0

0

0

1

9

9

HEB

1

1

1

0

0

1

0

0

0

AATI

0

0

0

0

0

0

17

2

3

18

AVBP

0

0

0

0

0

2

129

164

194

311

HESA

0

0

0

0

0

1

Outros

0

0

0

0

0

0

GIPS Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR; FEB Força Especial de Bombeiros; ESF Equipa de Sapadores Florestais; GAUF Grupo de Análise e Uso de Fogo; ATI Ataque Inicial; HATI Helicópteros de Ataque Inicial; HEBP Helicópteros Bombardeiros Pesados AATI Aviões de Ataque Inicial; AVBP Aviões Bombardeiros Pesados; HESA Helicóptero de Socorro e Assistência

FITA DO TEMPO 20/8 9:30 Comandante das Operações de Socorro (COS): Comandante dos Bombeiros de Paço de Sousa. 20/8 10:00 Accionado Helicóptero Bombardeiro Pesado. 20/8 10:26 Incêndio activo com uma frente em mato. 20/8 11:20 Incêndio activo com uma frente em mato. 20/8 12:45 Incêndio activo com uma frente em mato. 20/8 12:54 Incêndio activo com duas frentes em mato. 20/8 13:00 Posto de Comando Operacional (PCO) instalado junto ao campo de futebol da Figueira (N 41º 06' 59'' W 008º 20' 23''). 20/8 13:15 Accionado Veículo de Comando e Comunicações (VCOC) para o local. 20/8 13:45 Adjunto de Operações Distrital do Porto em trânsito para o Teatro de Operações (TO). 20/8 13:55 Incêndio activo com duas frentes em mato.

RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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20/8 14:44 Comandante das Operações de Socorro (COS): Adjunto de Operações Distrital do Porto. 20/8 14:48 Incêndio activo com três frentes em mato. 20/8 16:00 Incêndio activo com três frentes em mato. 20/8 16:09 Incêndio activo com duas frentes em povoamento florestal. 20/8 17:10 Incêndio activo com duas frentes em povoamento florestal. 20/8 17:20 Accionado Helicóptero Bombardeiro Pesado. 20/8 18:19 Incêndio activo com duas frentes em povoamento florestal. 20/8 18:50 Accionados Aviões Bombardeiros Médios Anfíbios. 20/8 19:06 Incêndio activo com três frentes em povoamento florestal. 20/8 19:41 Comandante das Operações de Socorro (COS): 2º Comandante Operacional Distrital do Porto. 20/8 20:02 Incêndio activo com duas frentes em mato. 20/8 20:38 Incêndio activo com três frentes em mato. 20/8 21:47 Incêndio activo com duas frentes em povoamento florestal, a evoluir favoravelmente. 20/8 22:46 Mantém-se o ponto de situação anterior. 20/8 23:50 Incêndio activo com duas frentes em mato. 21/8 0:21 Incêndio activo com uma frente em mato, a evoluir favoravelmente 21/8 1:21 Incêndio activo com uma frente em mato, a evoluir favoravelmente. 21/8 1:47 Incêndio dominado.

7. PÓS INCÊNDIO A 30/08/2011

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8. HISTÓRICO DE GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS

04OUT2005

20AGO2011

REGISTOS DA OCORRÊNCIA

CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS

Ponto de início

Lugar de Vala, Valpedre

Temperatura Média do ar

23,2 ºc

FWI

36.3

Data de alerta

04/10/2005

Humid. Relativa Mínima

31%

FFMC

92.2

Hora de alerta

04h10m

Velocid. Média do Vento

14 km/h

DMC

67,5

Data de extinção

08/10/2005

DC

655,8

Hora de extinção

19h50m

Valores registados na estação meteorológica da Serra do Pilar, Porto, e referentes ao dia 4 de Outubro de 2005.

ISI

11,8

Área ardida

877 hectares

THC

8,5

OBSERVAÇÕES As condições meteorológicas verificadas em 2005 foram mais gravosas do que as verificadas no ano de 2011. O padrão de comportamento e intensidade da frente de fogo quando o mesmo se abate sobre a povoação de Figueira é idêntico nos dois incêndios, obrigando ao estabelecimento de uma defesa perimétrica junto às edificações existentes. Em 2011 a contenção do incêndio ao final da manhã no estradão de acesso ao ponto de água evitou a propagação do incêndio para lá da estrada municipal. De igual modo, a mudança na direcção e intensidade do vento ao final do dia foi determinante para que os meios de combate conseguissem conter a progressão do incêndio no Alto de Palheiras. Há um padrão de desenvolvimento, sobre o flanco direito, comum a ambos os incêndios que se poderá revelar preponderante na definição da estratégia inicial de combate a um eventual futuro incêndio, no mesmo local e com as mesmas condições “piro-ambientais”. RELATÓRIO DE INCÊNDIO – OCORRÊNCIA N.º 98197

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