O cigarro mata

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O CIGARRO MATA!

Coração aumentado Prevenção Você pode ajudar a prevenir pressão alta e seus acompanhamento doenças (incluindo um coração aumentado) pela ingestão de uma dieta saudável, parar de fumar e o exercício.

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Às vezes, no entanto, corações alargadas acontecem sem causa e apesar de dietas saudáveis. Estes casos podem ser aleatórios, ou eles podem ser genéticos. Fumar causa cancro do pulmão, bronquite crónica, doenças do coração (enfarte do miocárdio) e contribui de forma relevante nas doenças dos vasos sanguíneos (acidentes vasculares cerebrais). O fumo do tabaco altera a estrutura e a função dos pulmões, vias aéreas e também dos vasos sanguíneos e mesmo as células de defesa que se encontram no pulmão. Uma das mudanças mais importantes tem a ver com as células dos brônquios que se caracterizam por terem cílios que contribuem para a defesa e para a limpeza das vias aéreas. Estas células são substituídas por outras que frequentemente precedem as células cancerosas. A probabilidade de desenvolver um tumor pulmonar será até cerca 15 vezes maior nos fumadores que nos não fumadores. Esta probabilidade é maior conforme o número de cigarros fumados e o número de anos que durou o hábito. Não existe para a maior parte dos cancros do pulmão tratamento eficaz a prevenção, ou seja, evitar fumar é a 2


principal medida que pode reduzir a mortalidade por este cancro. Além do cancro do pulmão o cigarro causa bronquite crónica, agrava a asma e provoca graves lesões na estrutura pulmonar, acelerando a sua destruição conduzindo ao enfisema pulmonar. Dizer que o cigarro faz mal para o pulmão, é apenas parte da verdade. O cigarro lesa as vias respiratórias inteirinhas. O revestimento interno do aparelho respiratório não suporta a toxicidade nem a alta temperatura da fumaça e começa a sofrer um processo de substituição de células. Além disso, a produção de muco aumenta muito. Por quê? Porque o muco funciona como capa protetora do tecido epitelial que reveste as vias aéreas e pode ajudar a expelir os elementos irritantes que foram inalados. Nos brônquios, a fumaça também provoca uma reação inflamatória que provoca destruição progressiva da árvore brônquica. Portanto, já no dia em que o adolescente começa a fumar, e não tardiamente como muitos pensam, a integridade do aparelho respiratório fica comprometida por duas razões: a) a destruição dos alvéolos, o que caracteriza uma doença chamada enfisema pulmonar;

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b) a mudança da composição do revestimento dos brônquios, o que acaba levando à doença conhecida como bronquite.

APARECIMENTO DOS SINTOMAS - Quando esse processo inflamatório passa a ter manifestação clínica? Daniel Deheinzelin - O problema é que as manifestações clínicas custam a aparecer. O pulmão tem uma reserva funcional muito grande. A pessoa vai perdendo área de troca gasosa, mas consegue manter a atividade física. Nessa fase, é comum ouvi-la dizer: “Eu fumo, mas não tenho nenhum problema. Faço tudo o que sempre fiz. Consigo nadar, jogar bola, correr”. Não se pode esquecer de que ela pensa estar realizando tudo normalmente porque não tem idéia de como seria seu fôlego se não fumasse nem de como estará seu pulmão dez anos mais tarde?

Estudos que tiveram como referência gêmeos univitelinos (gêmeos idênticos) demonstraram que a função 4


pulmonar do fumante apresenta sempre alterações importantes não encontradas no irmão que não fuma.

REAÇÃO DIANTE DOS DANOS CAUSADOS PELO CIGARRO – Que resposta você dá a um fumante que lhe pergunta a extensão dos danos já causados pelo cigarro em seu organismo? Daniel Deheinzelin – Essa pergunta é muito difícil de responder. Para ser exato, seria necessário repetir sistematicamente os testes de esforço para acompanhar a evolução do caso. Não existe um exame isolado que permita determinar a área lesada do pulmão. Na verdade, o interesse das pessoas resume-se nisto: saber o tamanho do estrago, porque sempre há esperança de não ter havido lesão alguma apesar dos incontáveis cigarros fumados. –Na cabeça dos fumantes, existe uma lógica que não é correta: “Fumo há 40 anos e o cigarro só danificou esse tanto. Para estragar o dobro, vai levar mais 40 anos. Daqui a 40 anos já estarei morto com certeza. Então, posso continuar fumando que não fará a menor diferença”.

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Daniel Deheinzelin – Faz muita diferença. Há um momento em que o estrago cresce de forma exponencial, não é mais somatório. Esse é um problema sério para as pessoas com 50, 60 anos que fumam desde a juventude e procuram o médico, porque já apresentaram a manifestação de alguma doença. Quando alertadas de que a tendência é piorar se continuarem fumando, retrucam: “Ah! Mas eu já fumei 30 anos e só agora senti alguma coisa. Por que tenho de parar de fumar se, por certo, não viverei mais 30 anos?” Sinto dizer que essas contas nunca estão corretas. Às vezes, basta um ano para o quadro deteriorar irremediavelmente.

SEMPRE VALE A PENA – O que acontece quando uma pessoa de 50 ou 60 anos, que fumou desde a juventude, para de fumar? Daniel Deheinzelin - Os benefícios são muitos. Apesar de não ser possível fazer regredir completamente a doença causada pelo cigarro – as áreas pulmonares destruídas pelo enfisema nunca voltarão a ficar sadias, por exemplo – há a tendência para significativa melhora funcional. Depois de cinco anos de abstinência, pode-se dizer que a recuperação é tão boa que vale a pena parar de fumar qualquer que seja a idade do paciente. E os benefícios não se restringem apenas ao aparelho respiratório. Sentidos, como paladar e olfato, também melhoram muito. Quem fuma não consegue apreciar 6


direito o sabor dos alimentos, nem sente cheiros porque boca e nariz estão impregnados de fumaça.

LUTA CONTRA A DEPENDÊNCIA – Vamos imaginar pacientes com enfisema pulmonar em grau avançado a ponto de mal conseguirem movimentar-se e com muita falta de ar. De acordo com sua experiência, como a maioria se comporta quando é informada da necessidade premente de parar de fumar? Daniel Deheinzelin – É muito difícil estabelecer uma média, porque as reações variam muito. Alguns entendem e se dispõem a lutar contra o cigarro. Nesse momento, porém, estão debilitados e ansiosos o que torna tudo mais complicado. No entanto, algumas situações estão associadas ao sucesso na iniciativa de parar de fumar. É muito comum mulheres deixarem de fumar durante a gravidez. Parece que o instinto materno fala mais alto. Frequentemente, porém, depois do nascimento da criança, impelidas por condições ambientais de estresse ou pelas dificuldades inerentes ao pós-parto, elas voltam a fumar.

Outro grupo que costuma vencer a dependência de nicotina é constituído pelas pessoas com doença coronariana. Ao se conscientizarem de que o próximo

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cigarro pode provocar um acidente vascular fatal, muitas deixam de fumar. - É uma dependência brutal que quebra o caráter do dependente a tal ponto que ele não se preocupa com a própria sobrevivência. Daniel Deheinzelin – Ninguém mais discute que o cigarro seja fator de risco para a doença coronariana. Há exames que comprovam isso claramente. O indivíduo dá uma tragada, o médico injeta contraste e observa as reações na tela do equipamento. O cigarro é um poderoso vasoconstritor. Não são só as coronárias que se fecham; contraem-se todas as artérias do corpo, entre elas as artérias cerebrais e as que vão para o pênis, por exemplo. Por isso, além de infartos e derrames, o tabaco é responsável pelo comprometimento da potência sexual.

PROGRAMA DE AJUDA AO FUMANTE – No Hospital do Câncer, há um ambulatório para o tratamento da dependência de nicotina. Como funciona? Daniel Deheinzelin – Esse ambulatório foi criado porque não dá para pensar em tratamento do câncer, sem investir na profilaxia e, como todos estão cansados de saber, o cigarro é uma das principais causas de câncer. Para ter uma ideia, a cada três casos de câncer, um está ligado ao consumo de tabaco.

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Para participar desse programa, é necessário preencher um requisito básico: o fumante deve ter superado a fase que chamamos de contemplação – “Preciso parar de fumar qualquer dia” – e ingressado na fase de ação: “O que preciso fazer para deixar de fumar definitivamente?”. Só assim ele é admitido e passa por uma consulta clínica a fim de detectar os problemas de saúde relacionados com o cigarro (hipertensão, insuficiência coronariana, doença pulmonar obstrutiva) que demandam tratamento imediato. Simultaneamente, realiza-se uma avaliação psiquiátrica, pois proporção significativa de distúrbios psiquiátricos está associada ao tabagismo e, se não forem tratados, dificultarão o trabalho. Não se trata de psicoterapia. São tratamentos de curta duração, à base de medicamentos, para pessoas extremamente ansiosas ou deprimidas. Preenchidas essas exigências, a pessoa está pronta para ingressar no programa propriamente dito. Sabe-se que o consumo de tabaco, por questões sociais, está ligado a dois fatores importantes: a dependência de nicotina e o hábito de acender o cigarro. A pessoa age compulsivamente tanto que, às vezes, sem dar-se conta, acende dois ao mesmo tempo. Isso ocorre não só pela necessidade de nicotina, mas pelo mecanismo automático de pegar o cigarro e acendê-lo. A pessoa toma café e acende o cigarro. Vai falar ao telefone, acende um cigarro. Entra no carro, senta-se diante do 9


computador ou da máquina de escrever, liga a televisão, acende o cigarro. Esses gestos automáticos precisam ser interrompidos. Por isso, o tratamento é comportamental, visando a mudar os hábitos do fumante. – Qual a duração do tratamento e o que deve fazer quem se interessa em participar desse programa? Daniel Deheinzelin – Durante cinco semanas, a pessoa deve ir ao hospital para discutir o problema do automatismo e encontrar um caminho que lhe permita desenvolver novos comportamentos. No mundo inteiro, esse tipo de programa tem-se mostrado eficiente para ajudar os fumantes a libertarem-se da dependência e nicotina. As pessoas interessadas em participar desse programa devem entrar em contato com Departamento de Tórax do Hospital A C Camargo, o Hospital do Câncer, em São Paulo.

BENEFÍCIOS DE DEIXAR DE FUMAR As pessoas que deixam de fumar antes dos 50 anos reduzem 50% a probabilidade de morrer nos 15 anos seguintes. Após deixar de fumar 1 ano reduz-se a metade o risco de doença cardíaca isquémica.

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O risco de cancro do pulmão vai reduzindo mais lentamente só se aproximando do risco dos não fumadores após 10 anos de paragem de fumar. Há necessidade de esclarecer as pessoas sobre os perigos de fumar e sobre o potencial benefício que a paragem deste hábito determina.

Bronquite Bronquite é uma inflamação dos brônquios, canais que conduzem o ar inalado até os alvéolos pulmonares. Ela se instala quando os minúsculos cílios que revestem o interior dos brônquios param de eliminar o muco presente nas vias respiratórias. Esse acúmulo de secreção faz com que eles fiquem permanentemente inflamados e contraídos. A bronquite pode ser aguda ou crônica. A diferença consiste na duração e agravamento das crises, que são mais curtas (uma ou duas semanas) na bronquite aguda, enquanto, na crônica, não desaparecem, pioram pela manhã e se manifestam por três meses ou mais durante pelo menos dois anos consecutivos. 11


Causas A bronquite aguda é causada geralmente por vírus, embora, em alguns casos, possa ser resultado de uma infecção bacteriana. As crises também podem ser desencadeadas pelo contato com poluentes ambientais e

O pelo

químicos (poeira, inseticidas, tintas, ácaros, etc.).

cigarro é o principal agravamento da doença.

responsável

A bronquite crônica aumenta o risco de outras infecções respiratórias, particularmente o da pneumonia. A doença pode instalar-se como extensão da bronquite aguda,

mas a principal causa da doença é a fumaça do cigarro. os não fumantes, é conhecida também por “tosse dos fumantes”. Por ser uma enfermidade rara entre

Sintomas

a tosse é o principal sintoma da bronquite. Na bronquite aguda, ela pode ser seca ou produtiva. Na crônica, é sempre produtiva e a expectoração clara no início, pode tornar-se amarelada e Tanto na forma aguda quanto na crônica,

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espessa com a evolução da enfermidade. Falta de ar e chiado são outros sintomas da bronquite crônica. Diagnóstico O diagnóstico leva em conta os sinais e sintomas, o histórico do paciente e o exame clínico. Em algumas situações, a Prova de Função Pulmonar, ou Espirometria, ajuda a estabelecer o diagnóstico diferencial.

Tratamento A bronquite aguda é uma doença autolimitada, que dura no máximo dez, quinze dias. Não existe tratamento específico para combater os episódios provocados por vírus. Boa hidratação, uso de vaporizadores, de analgésicos, de descongestionantes e evitar a exposição aos fatores de risco são recursos úteis para aliviar os sintomas e prevenir as crises.

A medida mais importante no tratamento da bronquite crônica é parar de fumar. Também é importante não permanecer em ambientes em que haja pessoas fumando. Medicamentos broncodilatadores, antibióticos, mucolíticos e anti-inflamatórios só devem ser utilizados

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sob orientação médica depois de uma avaliação criteriosa. Portadores da bronquite crônica devem ser vacinados contra a gripe e contra a pneumonia.

Recomendações IMPORTANTES * Reúna todas as forças e pare de fumar. E

evite locais onde haja pessoas fumando; * Beba bastante água, pois ela ajuda a diluir as secreções brônquicas e facilita a expectoração; * Lave as mãos com frequência; * Utilize máscara ou outro equipamento protetor, se você está sujeito à inalação de elementos irritantes; * Evite contato com pessoas resfriadas, gripadas ou com outras doenças transmissíveis por via respiratória; * Não iniba a tosse produtiva; *Evite permanecer muito tempo em ambientes com ar condicionado ou em locais com ar seco demais.

CUIDE DE SI E FUJA DE MORRER MAIS CEDO, COM MUITO SOFRIMENTO, DEIXANDO JÁ DE

FUMAR!

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CASO CONTRÁRIO, A MORTE O ESPERA PARA BREVE !!!!!!

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