Goiás Escoteiro - Ed. Especial

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GOIÁS ESCOTEIRO INFORMATIVO REGIONAL

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EDIÇÃO ESPECIAL

Álbum de Família

Uma conversa sobre Iracema:

SAUDADES, ALEGRIAS, E MAIS SAUDADES stávamos meia hora atrasados para o encontro marcado no apartamento da 1ª Avenida. Tocamos a campainha e fomos recebidos pelo César, pela Ilvia, e pelo Marcelo, que também escolheu aquele dia 22 de março para uma visita; pela Xuxu, cachorrinha da família, nós fomos mais que bem recebidos: fomos festejados entre lambidas e saltos de alegria. Ela exibia uma delicada coleira, com uma pequena plaquinha redonda, parecida com aquelas que aparecem nos filmes, e nas quais os donos podem gravar o nome escolhido para o cão. Exibia também um pêlo brilhoso e macio. Diante de um elogio dirigido àquela cachorrinha tão simpática e bem cuidada, César nos explicou: “era um dos ‘xodós’ da Iracema”. E como descobriríamos com o decorrer da conversa, Xuxu era mesmo somente um entre os diversos “xodós” que Iracema generosamente acolheu ao longo de sua vida.

E

Logo depois que nos acomodamos em uma mesa da sala, antes mesmo que começássemos a nossa conversa, o telefone tocou. Era uma amiga da família. Ela falou dos seus sentimentos, de suas saudades e de sua prontidão. Depois que desligou, César nos esclareceu: “era uma das ‘filhas’ da Iracema”. Ele então explicou que sua esposa tinha uma porção de “filhos adotivos”, pessoas que a admiravam, bem como pessoas que um dia precisaram de auxílio e receberam dela o que faltava: a jovem que morou em sua casa para terminar os estudos; a mocinha que, criada somente pelo pai, precisou de alguém para orientar no dia da primeira menstruação; o rapaz que necessitou de um conselho sobre a nova namorada. Foi certamente por isso que pelos menos outros três telefonemas parecidos insurgiram naquela noite, o que nos lembrava, a cada toque, o quanto Iracema era querida. Em cima da mesa já nos aguardava algu-

mas folhas de papel que continham mensagens e homenagens dedicadas à Iracema, as quais, com grande freqüência, passaram a chegar ao e-mail da família. Desta coletânea, grande parte dos remetentes eram membros do Movimento Escoteiro, inclusive residentes em diversas partes do país. Diante destas folhas, portanto, ora segurando-as com cuidado, ora colocando-as distantes de suas mãos, César começou a nos contar a trajetória escoteira de Iracema, como que na tentativa de demonstrar, entre outras coisas, alguns dos motivos que explicassem a comoção e as saudades expressas por tantos escoteiros. Enquanto ele rememorava alguns fatos, eu me lembrava da fotografia que tinha visto pouco antes: nela, um casal elegantemente trajado mostrava muito orgulho por ser parte da fraternidade escoteira: era o atuante par Oliveira! Com a mesma alegria e com o mesmo or-

gulho exibidos naquela fotografia que, para mim, pareceu tão marcante, César começou a sua narrativa. Primeiro ele nos contou que Iracema, antes de pertencer ao escotismo, participou de um grupo de bandeirantes que existia em sua cidade, João Pessoa, capital do estado da Paraíba, no qual ela entrou com apenas dez anos de idade e onde permaneceu até os dezesseis, tendo que se afastar por motivos de saúde. E foi enquanto membro deste grupo de bandeirantes que ela se tornou assídua leitora do Jornal O Guia, produzido pelo Grupo Escoteiro Guia Lopes, do Rio Grande do Sul, hábito que permitiu que, certo dia, lesse a carta enviada por um escoteiro morador de Goiânia, com quem começou a se corresponder quase que diariamente. Enamorados pelas palavras, César e Iracema decidiram se conhecer pessoalmente. Depois de percorrer muitos quilômetros de ônibus, em uma viagem bastante cansativa,


Fotos: Álbum de Família

César passou as festividades de final de ano na companhia de Iracema, que, em seguida, também o visitou. E eles se casaram somente três meses depois do primeiro encontro, e após trocarem muitas e muitas correspondências. Nesse exato momento, absorta em meus próprios pensamentos, conclui: estavam separados por quilômetros de distância, mas unidos não apenas pelo sentimento um pelo outro, como também pelo amor ao escotismo, e isso bastava. Em seguida, inspirada pelo romance que, em minha opinião, se faz digno de cinema, me peguei refletindo sobre o modo como as escolhas da vida pessoal influenciam em instâncias que extrapolam o privativo, pois, para a sorte de todo o escotismo goiano, foi Iracema quem mudou de sua cidade para morar com o marido em Goiânia. E, sem sombra de dúvidas, todo o escotismo goiano se beneficiou diante de seu intenso protagonismo e doação. César nos explicou que ela primeiramente exerceu um importante papel no Grupo Escoteiro Goyaz, tanto na parte administrativa, quando emprestou ao grupo sua grande capacidade de organização, quanto junto aos jovens, tendo começado enquanto chefe de lobinhos, ao lado da Zita, e mais tarde liderado a abertura da tropa escoteira, da tropa de seniores e da tropa de guias. Ficou conhecida pela sua grande habilidade no lido com os pais dos escoteiros, os quais ela sabiamente envolvia nas atividades e responsabilidades do grupo, bem como pelo seu grande interesse em estar em estreito contato com os jovens, motivo pelo qual costumava visitar suas casas, também no intuito de co-

nhecer a família e a realidade de cada um. Era, pois, uma educadora por excelência! Para muito além dos limites do Grupo Escoteiro, César apontou que Iracema também atuou e contribuiu para o escotismo em níveis regional e nacional. Durante seis anos consecutivos ela exerceu o importante cargo de Comissária Regional, em uma época que mulheres não assumiam cargos desta magnitude, bem como se tornou uma das idealizadoras e umas das grandes lideranças do processo de co-educação, que primava pela abertura do escotismo para a participação das meninas, pois antes elas só podiam freqüentar grupos de bandeirantes. Aprovado o projeto experimental, o Grupo Goyaz, juntamente com onze outros grupos brasileiros, foi escolhido para testar a viabilidade da co-educação. Iracema concordou em chefiar a abertura de uma alcatéia feminina, cujo sucesso permitiu que ela, nos anos seguintes, inaugurasse uma tropa de escoteiras e outra tropa de guias. Foi ainda uma importante protagonista na área de Gestão de Adultos. César lembrou que ela ministrou cursos de formação de dirigentes e escotistas em todo o país, exceto nos estados de Roraima e Amapá, bem como integrou a equipe de redação das apostilas usadas nesses mesmos cursos. Possuía uma biblioteca de livros escoteiros completa, todos eles cuidadosamente lidos, o que, associado a sua formação em Pedagogia, certamente contribuiu para que desempenhasse com tamanha maestria as tarefas a que se propôs. Inclusive, César nos contou que Iracema iniciou sua graduação depois de casada e optou pelo

Iracema (de camisa amarela) preparando comida mateira durante acampamento

Iracema em viagem ao Peru curso de Pedagogia justamente porque acreditava que ele pudesse auxiliar em sua atuação no âmbito do Movimento Escoteiro. Ela dedicou, portanto, importantes escolhas de sua vida ao escotismo, reconhecidas e recebidas de muito bom grado. Desde antes desta conversa, e depois dela muito mais que outrora, Iracema se tornou, para mim, sinônimo de grandeza: grande escotista, grande mãe, grande esposa, grande mulher. Esta grandeza toda, claro, ocupava grandes espaços, principalmente no coração das pessoas que conviveram com

ela, de modo que sua partida para o Grande Acampamento só poderia deixar muitos vazios. Então me lembrei de uma fala do César que em muito expressa essa grandeza, capaz de ocupar tantos e tantos espaços: “ela adivinhava até os nossos pensamentos”. Percebo, deste modo, que ela foi sempre um grande ser humano, em tempo absolutamente integral, para além do dito e do pensado, bem como dona de um enorme coração, onde cabiam muitos “xodós”, inclusive os lobinhos e lobinhas, escoteiros e escoteiras, seniores e guias que, desde sempre, poderão usufruir do seu importante legado. Depois de pelo menos duas horas, decidimos ir embora: já tínhamos informações suficientes. Segurei o meu pequeno bloco de anotações com o sentimento de privilégio, pois por meio dele, lendo e relendo o que consegui registrar, podia me sentir próxima daquela pessoa ímpar e, quem sabe, aprender com ela. Nos levantamos da mesa, trocamos mais alguns “dedos de prosa”, e nos despedimos. Xuxu, mais uma vez, marcou sua presença aos pulos: parecia não querer que fôssemos embora. Ilvia e César nos acompanharam até o elevador e, por alguns segundos, ficamos em silêncio. Poderia ela ler nossos pensamentos agora? Quando entramos no elevador ainda pude ouvir o latido da Xuxu: acho que já estava cansada de despedidas. Enquanto descia até o térreo revi aquela foto do casal em minha mente: é daquele jeito que todos nós sempre nos lembraremos da Cema. Clarissa Ulhoa


Fotos: Álbum de Família

Região Escoteira de Goiás e Tropa Sênior do Grupo Escoteiro Goyaz homenageiam Iracema

Iracema junto com as primeiras escoteiras do G.E. Goyáz. Entre elas sua filha Ílvia (4ª da direita para a esquerda)

No último dia 28, foi anunAo concluir o seu e-mail, o ciado na lista de e-mails do assistente Marcus Vinícius, Grupo Escoteiro Goyáz que mais conhecido como Marsêniors, guias e chefes precão, afirmou com carinho: tendem rebatizar a tropa “isso é o mínimo que podecom o nome Tropa Sênior mos fazer para lembrar desIracema Bezerra Oliveira, sa pessoa tão querida e em homenagem aos gran- Tropa Sênior Iracema Bezerra Oliveira amada, e que tive o imenso des serviços prestados por prazer de conhecer, partilhar ela não apenas à tropa, coum pouco de sua vida e mo também ao escotismo em nível regional e aprender, aprender e aprender”. Pouco antes nacional. Para tanto, o assunto já foi aprovado desta homenagem ser anunciada, uma outra em Assembléia de Tropa e em Corte de Hon- já estava em voga: a sala da Gestão de Adultos ra, de modo que no momento estão providen- da Região Escoteira de Goiás também foi baticiando os encaminhamentos finais para que a zada com o nome da querida chefe Iracema. mudança possa ser inaugurada oficialmente. Homenagens mais do que justas!

Saudades de todo o Brasil ... Difícil falar da Iracema em poucas pala” vras. Posso dizer que ela sempre foi um exemplo de mulher que lutou muito e levava os valores aprendidos no Movimento Escoteiro em cada momento de sua vida, nos diferentes locais onde estava. Acampamentos, Seminários, Indabas... Ela sempre esteve presente defendendo suas idéias, seu ponto de vista, buscando fazer o escotismo do jeito certo e cada vez melhor para nossos jovens. Sua preocupação com os jovens era tão grande, que se envolvia nas discussões a nível nacional, buscando

Iracema e César em visita a Machu Pichu

Dia em que César recebeu o Tapir de Prata

Iracema e sua querida Xuxu

Dayanna Cristine

A Iracema era uma daquelas pessoas cuja ” simples presença nos alegrava e fazia bem.

Falar da Iracema é tarefa fácil, foi ” uma pessoa meiga, singela, sempre

Saber que ela estaria nos Congressos Escoteiros Nacionais era um dos fatores que nos incentivava a ir. Gostava muito de conversar com ela e de contar com sua palavra amiga. Ela já nos faz muita falta. Mas tal como a água, que flui sem obstáculos e tem a capacidade de subir ao céu e tornarse nuvem para, depois, voltar a ser água de novo, Iracema está entre nós, como as neblinas e garoas que tocam nossos rostos.”

pronta para servir a causa do Movimento Escoteiro. Conheci a Iracema no Jamboree de Fortaleza, em 2003, quando atuou como operadora de caixa. A partir de então sempre esteve conosco em todos os Jamborees, muito prestativa, colaboradora fiel. Afora os Jamborees nos encontrávamos sempre nos Congressos Escoteiros. Enfim, sentiremos muita falta da Iracema, mas nosso consolo é a certeza de que ela descansa em paz!”

Rubem Tadeu Cordeiro Perlingeiro

Amiga, às vezes nossa vitória é termos lu” tado. Este fim é um recomeço e não uma der-

Concentrada durante o Seminário Nacional de Gestão de Adultos em Bento Gonçaves - RS

sempre o melhor. Lembro-me com carinho dos primeiros cursos que participei, nos quais ela sempre estava presente na equipe de formadores, repassando tudo o que sabia para os outros adultos que ali estavam. Iracema, pra mim, é um exemplo de mulher guerreira, batalhadora e que não se deixou abater pelas dificuldades que encontrou pela vida, lutando sempre pelos seus ideais. Um exemplo de vida a ser seguido”

rota. Alguns recomeçam mais cedo, outros mais tarde. Sei que você é tão especial que tenho certeza que já está de longe nos iluminando com a mesma doçura e determinação que nos iluminava por aqui. Aqui já sinto falta do abraço, da voz, do sorriso, de um mimo, da

Celso Ferreira Filho

foto que não tirei. Mas tenho certeza e fé de que nossa amizade e nosso carinho não tem fim, e que estaremos sempre juntos, em comunhão de luz e amor. Amiga Iracema, estaremos sempre juntos! Obrigado por ser tão especial!” Altamiro Vilhena


nome é fruto de um anagrama da palavra AMÉRICA, criado por José de Alencar para intitular o consagrado romance homônimo. Ela não poderia ter sido batizada com outro antropônimo, pois a sua contribuição para tornar o mundo melhor — seguindo a orientação de Baden-Powell — tem a dimensão da América! Iracema, que há décadas contribuía para a transformação da sociedade por intermédio de seu trabalho abnegado e voluntário, foi protagonista de inúmeras ações no âmbito do Grupo Escoteiro Goyaz, da Região Escoteira de Goiás e da União dos Escoteiros do Brasil. Iracema teve forte atuação nas primeiras experiências de co-educação do Escotismo no Brasil, sendo responsável pela criação de Seções femininas dos Ramos Lobinho, Escoteiro e Sênior no Grupo Escoteiro Goyaz, um dos doze Grupos selecionados pela UEB na época para trilhar o caminho, atualmente consolidado, de movimento de educação não-formal misto. Atualmente, dentre outras tarefas, Iracema estava dedicada à reformulação do material de Formação para Escotistas e Dirigentes, integrando a Equipe Nacional de Gestão de Adultos da Diretoria de Métodos Educativos da UEB. Seu entusiasmo e dedicação eram contagiantes e a sua memória estará sempre a nos animar. Que todos saibam que foi uma vida bem vivida, de quem não só passou pela vida, mas tocou outras tantas vidas e cumpriu a missão de contribuir para uma sociedade mais justa e mais fraterna. Iracema era dessas pessoas que fazem diferença e que, portanto, fazem falta ... César e Ilvia, recebam o nosso abraço fraterno. Estamos irmanados em oração, rogando a Deus que proveja o necessário conforto neste momento de dor. Na manhã de hoje, 2 de março de 2011, Iracema Bezerra Oliveira partiu para o “Grande Acampamento” e por lá será recebida com festa pelos companheiros que a antecederam. Nós permanecemos com a saudade e professamos a gratidão, o reconhecimento e a homenagem dos Escoteiros do Brasil.

G.E. Tocantins

Hoje partiu IRACEMA . . .

O

Alessandro Garcia Vieira | Diretor de Métodos Educativos - Diretoria Executiva Nacional - UEB

Caro chefe César e Família Oliveira, ” No último sábado, o Grupo Escoteiro Tocantins fez um arriamento conjunto, no qual fizemos um ato em lembrança à chefe Iracema. Agradecemos toda a ajuda que ela nos deu em nossa formação escoteira e de caráter, explicamos quem ela foi e sua grande luta em prol do escotismo no Brasil. Por fim, fizemos uma palma escoteira em sua homenagem. Quem foi membro juvenil da chefe Irace-

ma lembra que o comando de debandar dela era todo especial. Ela tinha o costume de colocar o pezinho direito torto a frente, e ficávamos esperando para nos divertir com a cena. Assim sendo, a nossa Tropa Escoteira, de maneira carinhosa, fez um debandar ao estilo Iracema. Sei que isso não é nada perto do que ela fez por muitos de nós, mas é uma maneira de demonstrar nossa saudade dessa mulher”.

Michel de Melo Cardoso, Lyvia Vasconcelos de Melo Baptista e Rogério Ramos Lima

Durante mais de 30 anos muitas históri” as de vida se confundem ou se fundem com a história do Movimento Escoteiro. Digo mais de 30 anos, pois é o período que conheço e que vivencio. E foi neste período que conheci a Iracema. Fizemos cursos juntas, casamos, tivemos filhos, dirigimos cursos, amamos a vida, amamos as pessoas, e seguimos sempre em frente. Mas chegou um momento que situações adversas nos deixaram afastadas fisicamente, mas continuávamos as nossas lutas pessoais, profissionais, familiares e escoteiras. Novamente nos juntamos, e trabalhamos muito, reunimos pessoas, estudamos, analisamos, viajamos, estivemos em muitos lugares e conversamos muito. Daí, saíram novos docu-

Cema, a menina dos olhos de Deus! Pa” lavras não bastam para homenageá-la. Obra preciosa que Deus criou e revestiu com muitas qualidades, uma grande pessoa que admiro. Poderia ficar horas falando dos nossos 28 anos de amizade, grande amiga. Ela foi a minha primeira chefe no escotismo! Eu não tinha família em Goiânia e me lembro do melhor Natal da minha vida: quando ela me levou para a casa da familia do Chefe César. Corações de ouro.

mentos, apostilas, conteúdos, seminários, reuniões e mais reuniões. Chegou um dia que o corpo da Iracema ficou exausto, e uma grave doença se instalou. Ela lutou, não deixou que isso a abalasse, nem sua família, nem seus amigos e amigas, ninguém deveria parar. Ela foi buscar ajuda, pesquisou, foi atrás da cura, sem cessar. Lutou, foi corajosa até o último momento, mas a doença acabou vencendo. Mas ela nos deixou muitas e muitas lições. Eu aprendi cada uma delas e espero que mesmo fisicamente longe, ela esteja sempre por perto para nos orientar. Vá com Deus e, de alguma forma, fique perto.” Carmen Barreira

Uma pessoa amada, a dor é muita, e quando passar se transformará em saudade. Agora, precisamos nos lembrar dos momentos de felicidade e tudo que aprendemos com ela. Sempre estará presente na minha vida e no meu coração, agradeço a Deus porque a Cema fez parte da minha história, sempre vou te amar, amigamana!” Rosemary Miranda.

ulher forte e frágil, encrenqueira e apaziguadora, enfática e doce, amiga e companheira para qualquer hora, seja um bate papo, uma fofoca, uma piada, um desabafo... Tive a sorte de conhecê-la no Grupo Escoteiro Goyaz como Akelá da primeira alcatéia feminina do estado de Goiás, e, posteriormente, chefe tanto da primeira Tropa de Guias quanto da Tropa Escoteira. Incansável lutadora pela presença das garotas no Movimento Escoteiro, altamente combatida no início da década de 80, inicialmente inclusive pelo seu marido. Foi a coordenadora de todo o processo experimental nos anos 80 e grande defensora das seções mistas já no final da década de 90. E a história nos mostrou que estava certa e garotos e garotas hoje convivem harmoniosamente no Movimento Escoteiro. Iracema com seu jeito de sempre ajudar a quem precisou, solicitando ou não, teve grande atuação nos vários Grupos Escoteiros da Região de Goiás, orientando, visitando, dando pitacos, seja nos antigos estágios ou como assessora pessoal. Vários são os escotistas e dirigentes de Goiás que devem parte ou toda, como eu, sua formação escoteira a ela. No que se refere à Formação de Adultos, que talvez tenha sido sua principal paixão dentro do Movimento Escoteiro, ela foi nossa primeira DCIM (Diretora de Curso de Insígnia da Madeira), apesar de todas as funções que exerceu dentro do Escotismo Brasileiro, principalmente nos últimos anos, contribuindo na reformulação das Diretrizes Nacionais de Adultos e manuais de cursos de formação. Pessoa de conversa fácil com qualquer um, sempre estava a disposição para ajudar, mesmo que ela não pudesse, arrumava alguém que o fizesse. Fui "vítima" desta obs-tinação em ajudar e agradeço eternamente a toda a família escoteira que através dela me ajudou num momento muito difícil de minha vida. Enfim, Iracema na sua fragilidade e pequenez de uma nordestina arraigada em Goiás e filha do Brasil, deixa uma grande saudade e vazio em nossos corações, mas ao mesmo tempo sabemos que cumpriu durante sua vida o que nosso fundador nos preceituou “Deixe o mundo um pouco melhor do que você encontrou”. César, Ilvia e Tainan, Henri e demais familiares, a Região Escoteira de Goiás deixa nossas profundas condolências. Desejamos que se reconfortem na brilhante vida que Iracema teve e no legado deixado por ela e principalmente no Movimento Escoteiro.

M

Asley Stecca Steindorff Diretor Presidente - União dos Escoteiros do Brasil - Região de Goiás

Goiás Escoteiro | Região Escoteira de Goiás | Rua 74 n. 271, Centro. Goiânia/GO | Fonefax: (62) 3092-3700 | www.uebgo.org.br | uebgo.secretaria@gmail.com | Responsável: Comissão Regional de Imagem e Comunicação - CRIC


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