Caderno ABEA 28 - PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS: NOVAS EXPERIÊNCIAS – vol. 1

Page 60

XIII CONABEA - Congresso Nacional da ABEA XXIII ENSEA - Encontro Nacional Sobre Ensino em Arquitetura e Urbanismo

116

CRITÉRIOS QUALITATIVOS DE AVALIAÇÃO: A EXPERIÊNCIA NAS DISCIPLINAS DE URBANO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNOCHAPECÓ 57 58

Alexandre Maurício Matiello 59 Ana Laura Vianna Villela 60 Camila Fujita

Resumo A reflexão sobre critérios de avaliação nas disciplinas de urbano nos cursos de arquitetura e urbanismo, embora reconhecida com questão fundamental, vem sendo reiteradamente pouco tratada nas principais discussões sobre o tema do ensino. Apresentamos aqui uma proposta dinâmica de critérios formulada a partir de oficinas com docentes do curso de AU da UNOCHAPECÓ (SC), dinâmica porque vem se reconstruindo a cada semestre. Valorizando o processo e definindo um gradiente quanto ao nível de exigências de cada critério, estes são elencados e perpassam todas as fases do trabalho, da pesquisa ao produto final, incluindo sua representação e apresentação. Estas articulações foram sintetizadas em uma matriz na qual se percebe a evolução dos níveis de exigência. Ao fim, reunimos algumas reflexões concernentes a alguns aspectos positivos percebidos no processo de concepção e desenvolvimento da presente proposta, inclusive como parte articuladora nos processos de conformação e aperfeiçoamento de trabalhos de conclusão de curso e projetos político-pedagógicos. Introdução A preocupação com a reflexão sobre os critérios de avaliação dentro do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ surgiu juntamente com o desafio de compreender o ensino enquanto um processo contínuo dentro das disciplinas e semestres do curso, a partir da integração dos conteúdos. Conseqüentemente, avaliar estes conhecimentos não é tarefa fácil, pois em geral, tanto o processo quanto a própria avaliação são considerados como subjetivos, ficando, segundo a visão dos acadêmicos, a mercê do professor aprová-los ou não. Este é o principal mito que se procurou desmontar, pois não auxilia em nada o processo de aprendizagem e muito menos na relação aluno/professor. Neste sentido apoiamo-nos em Schön (2000) que em seu livro Educando o Profissional Reflexivo perpassa a questão dos conteúdos com relação à formação profissional, salientando o quanto isto tem se dado de forma desvinculada. Assim, discute as suas conseqüências na formação de um profissional que acaba sendo pouco criativo. Salientamos que é para reverter este processo que desenvolvemos esta reflexão sobre critérios de avaliação, e apresentamos aqui especificamente aqueles que se aplicam às disciplinas de Urbanismo, compreendendo, no caso de nosso trabalho, o rol de disciplinas do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ: Desenho Urbano I e II, Planejamento Urbano I, II, II e IV e Desenho Urbano Ambiental. O processo pelo qual se chegou a estes critérios foi o de oficinas entre os docentes arquitetos e engenheiros que lecionam para o curso de Arquitetura e Urbanismo. O processo foi profundamente influenciado pelas trajetórias dos docentes nesta e em outras instituições, bem como pela experiência com as disciplinas ministradas ao longo do curso. Fator determinante foi a preparação para os primeiros trabalhos de graduação do curso. Ao se refletir sobre o que se

XIII CONABEA - Congresso Nacional da ABEA XXIII ENSEA - Encontro Nacional Sobre Ensino em Arquitetura e Urbanismo

117

queria como produto, tivemos que empreender necessariamente um feed-back em relação a nossas práticas. Não querendo ser conclusivos nem categóricos, o que trazemos aqui é nada parecido com uma fórmula, mas sim um pretexto para discussão. Até porque a constante aplicação deste sistema permitiu algumas retrovaliações e mudanças. Acreditamos que apesar dos docentes em geral identificarem o desafio da avaliação, o aspecto qualitativo que isto envolve em se tratando de Arquitetura e Urbanismo acaba por se revestir de uma aura ou mesmo tabu, congelando-nos em direção a discussões e avanços mais profícuos. Pode-se quase que afirmar que essa “loteria” de aprovação que envolve o processo de formação ocorre há muito tempo, pois ainda não se conseguiu definir o universo avaliativo para a compreensão das capacidades a serem alcançadas em cada momento da formação. Mais que critérios de avaliação para os professores, o que apresentamos aqui serve para o próprio estudante compreender e se balizar quanto à construção de sua formação, que em um gradiente vai agregando níveis maiores de complexidade e responsabilidade social onde se percebe que além do “saber fazer’ é necessário “saber por que fazer”. Para alcançar tais resultados entende-se que a metodologia de resgatar os processos e enfrentá-los de forma propositiva é o caminho mais adequado para uma efetiva solução/encaminhamento das problemática, tal como nos desafia Schön. A forma na qual apresentamos leva em consideração todo o processo. A seguir observa-se, portanto, os critérios de avaliação de cada fase, não se privilegiando o produto final em detrimento das fases de pesquisa e levantamento. Após o elenco dos critérios, apresentamos a matriz sintética na qual os conteúdos vão sendo progressivamente exigidos, em relação não só ao universo das disciplinas de urbanismo, mas em combinação com as demais disciplinas do curso. Embora não explicitemos aqui a grade, um exemplo de determinante da exigência foi o avanço do aluno em relação aos pré-requisitos. Critérios qualitativos de avaliação em disciplinas de urbano 1. Pesquisa/levantamento Considerando-se que nesta fase o aluno vai se “munir” de todas as informações necessárias para o desenvolvimento da proposta, faz-se importante definir critérios mínimos para a configuração desta síntese dos levantamentos e pesquisas realizados, gerando textos, tabelas, gráficos e mapas. 1.1. Levantamentos Preliminares a) Estudo de demanda do assunto/da problemática em questão, dentro da necessidade do contexto urbano. b) Reconhecimento da escala de entorno, questões da morfologia/relação espaço/volume. c) Compreensão dos níveis de circulação, acessibilidade/mobilidade, configuração da paisagem, relação topografia/volumetria. d) Utilização de técnicas interativas com população (ex.: enquete, entrevista, questionário, etc). e) Consideração da legislação e competência nas instâncias municipal, estadual e federal. 1.2. Sitologia (estudo do sítio)

57

UNOCHAPECÓ Endereço: Av. Senador Atílio Fontana, 591 E – CEP: 89809-000 – Chapecó/SC . Fone: (49) 3321-8111, Site: www.unochapeco.edu.br; 58 Arquiteto e Urbanista, Doutorando em Geografia (UFSC), docente da UNOCHAPECÓ, matiello@unochapeco.edu.br; 59 Arquiteta e Urbanista, Mestre em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR), docente da UNOCHAPECÓ, avillela@unochapeco.edu.br; 60 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Estruturas AmbientaisUrbanas (FAU-USP), docente da UNOCHAPECÓ, fujita@unochapeco.edu.br;

TEMA II – CRITÉRIOS QUALITATIVOS DE AVALIAÇÃO - CRITÉRIOS QUALITATIVOS DE AVALIAÇÃO: A EXPERIÊNCIA NAS DISCIPLINAS DE URBANO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNOCHAPECÓ

a) Registro gráfico (ex.: croquis) e fotográfico dos principais elementos circundantes. b) Verificação dos aspectos de Topografia, como a necessidade de modificar o terreno, consideração dos fatores geomorfológicos; potencialidades de aproveitamento de declividades originais; condições do /solo/subsolo (ex.: lençol freático). Para tanto, a escala

TEMA II – CRITÉRIOS QUALITATIVOS DE AVALIAÇÃO - CRITÉRIOS QUALITATIVOS DE AVALIAÇÃO: A EXPERIÊNCIA NAS DISCIPLINAS DE URBANO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNOCHAPECÓ


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.