Caderno ABEA 28 - PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS: NOVAS EXPERIÊNCIAS – vol. 1

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XIII CONABEA - Congresso Nacional da ABEA XXIII ENSEA - Encontro Nacional Sobre Ensino em Arquitetura e Urbanismo

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O ENSINO DA ARQUITETURA E DO URBANISMO - REGIONALIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO: O CASO DA UNIARACRUZ Douglas Cerqueira Gonçalves27 Introdução Ao longo de quatro anos de funcionamento do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniaracruz o Departamento, através de seu Coordenador e Colegiado, desenvolveu um trabalho em torno das questões relativas ao ensino e à aprendizagem da arquitetura e do urbanismo, em uma região impar, do ponto de vista urbano por se localizar fora de uma Região Metropolitana e com cidades de 10 000 a 100 000 habitantes. Os debates e eventos variados, bem como as reflexões sobre nossa realidade, a troca de experiências entre docentes, com a participação direta dos alunos, revelaram-se bastantes enriquecedores ao propiciaram uma relação de troca entre os mais experientes na área Técnica de Edificação com os mais novatos, onde estes vislumbraram novas perspectivas e possibilidades, em atendimento à demanda e ao contexto regional onde esses conhecimentos pudessem ser compartilhados com a comunidade local e levados a conhecimento das Administrações Municipais. Tudo é muito próximo. A relação povo e poder é muito íntima do ponto de vista da escala urbana e social. Nosso projeto pedagógico direciona os rumos dos estudos de Arquitetura e do Urbanismo no sentido de promover uma reflexão consciente e realista da profissão para concluir que as premissas básicas mais adequadas a serem seguidas consistem em: . Aproximar o aprendizado dos alunos, futuros profissionais, com o desenvolvimento científico-tecnológico e as necessidades da comunidade e administração local e regional; .Construir uma consciência histórica das cidades onde vivem nossos alunos; .Compreender a vida e a dinâmica urbana local; .Perceber o campo arquitetônico construído “in cada loco” cujas mudanças e/ou semelhanças, ao longo dos tempos, continuam válidas e enriquecedoras para um estudo contextualizado, real e dinâmico e elemento nivelador do grupo. È o ambiente construído por nós que nos revela o que somos. Sabe-se que papel da educação é determinante para o grau de competitividade de um país na economia globalizada. Essa competitividade é regida pela capacidade que o país apresenta de prover conhecimentos, habilidades e competências aos seus recursos humanos, dando a eles condições de aplicabilidade desse “Know-how” na produção de bens e serviços. Isto posto, pode-se entender que a grande finalidade de um curso de Arquitetura e Urbanismo é melhorar a qualidade de vida das pessoas, melhorar a qualidade material do ambiente construído e sua durabilidade, através do uso da mais nova tecnologia disponível. Deve respeitar as necessidades sociais, culturais, estéticas e econômicas das comunidades e da região onde está inserido,buscando sempre um aceitável equilíbrio ecológico e um desenvolvimento sustentável do ambiente natural e construído, bem como valorizá-lo, preservando o patrimônio arquitetônico, urbanístico, paisagístico, cuja responsabilidade social interage com cada pessoa, com cada cidadão, atribuindo-lhe compromissos éticos, valores e deveres civis para com a sociedade e a configuração das nossas casas, ruas, praças e cidades.

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Arquiteto e urbanista,pós-graduação: organização do espaço urbano e regional – UERJ política e estratégia – adesg, mestrado: planejamento urbano e regional – ufrj, doutorando: urbanismo – unam (méxico), chefe do departamento de arquitetura e urbanismo uniaracruz – faculdade de aracruz, avenida professor basílio dos santos – 180 – centro, aracruz – espírito santo, tel.: 0 xx (27) 3256 – 1102, e-mail.: douglas@fsjb.edu.br

TEMA I - PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS (NOVAS EXPERIÊNCIAS) - O ENSINO DA ARQUITETURA E DO URBANISMO REGIONALIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO: O CASO DA UNIARACRUZ

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Ensinar Arquitetura e Urbanismo, portanto, tem seu paradigma perfeito no aprendizado, das primeiras palavras e nas chamadas operações elementares da aritmética, visto como um fato urbano e social. É como Paulo Freire com a Pedagogia do Oprimido. Aqui a pedagogia é a do realismo, da regionalização e da contextualização, inclusive quando se trata de obras públicas. Aprender arquitetura pode ser entendido como uma ação compartida com o usuário, ou seja, é um ato soberano de vontade individual, privada e, tradicionalmente, na maior parte das ocorrências, doméstico. Aprender o urbanismo é ação compartida com a população da área de intervenção, tradicionalmente representada pelas Associações de Moradores e pela Administração Municipal. A vanguarda do século XXI, dominadas por ideologias liberais socializantes, impõem centralismos fechados invés de se abrirem para novas experiências locais: a ideologia e o empreendedorismo não se ensinam, se apreendem e se pratica. A arquitetura e o urbanismo são de domínio público e apreendido por todos. A ideologia, que constrói, inclusive a si mesma, não pode ser imposta e, sim orientada, já que é a causa e efeito de uma ação efetiva. E esta foi a ação da Coordenação do curso para que sua implantação se desse neste sentido: o de aprender a profissão de arquiteto e urbanista com sua realidade imediata e cotidiana. Neste ambiente não há lugar para sonhos formais mirabolantes nem irreais e sim corrigir o passado urbano e arquitetônico, responder as demandas do presente e construir os desafios do futuro, o qual é muito carente de nossa participação profissional, no que o desenvolvimento local e regional requer. Neste sentido se orientou a formação de arquitetos para atuarem nas diferentes áreas do nosso conhecimento, além de observar certos princípios norteadores durante o curso, que os prepara para o exercício profissional específico, dentro dos diversos campos, considerando: - A competência e o profissionalismo como concepção de desenvolvimento integral do curso; - A coerência entre a formação oferecida e a prática esperada do futuro arquiteto e urbanista; - O ensino convertido, onde a formação do arquiteto pode ocorrer em lugar similar àquele que vai atuar conforme demanda entre sua formação e o que o mercado necessita; - O ensino como um processo de construção de conhecimentos, habilidades e valores em constante interação com a realidade local e com os demais atores da região; - Os conteúdos programáticos como meio de suporte para a construção das competências; - A Banca de Avaliação como parte integrante no processo de ensino, de formação, que possibilita a melhoria ampliada dos resultados alcançados; - A união, enquanto categoria profissional regional, sendo fortalecida através de uma Associação de Arquitetos e Urbanistas do Norte Capixaba – AAUNC. Contexto regional O curso da Arquitetura e Urbanismo da Uniaracruz pretende participar do desenvolvimento do Estado do Espírito Santo e, em especial, da região Norte deste mesmo Estado. Suas possibilidades são grandes uma vez que essa região é marcada pelo desenvolvimento agrícola, industrial e petrolífero e representa no Estado um forte município de contribuição financeira. Atualmente, Aracruz apresenta a terceira maior arrecadação do Estado e é o quarto colocado em qualidade de vida dentre os municípios capixabas. Possui a maior empresa de celulose em fibra esbranquiçada do mundo – a Aracruz Celulose, que hoje já conta com a 3ª Fábrica em funcionamento.

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