Caderno ABEA 28 - PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS: NOVAS EXPERIÊNCIAS – vol. 1

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E, num crescendo de diversidade e de interesse, posso dizer que as aulas de campo - visita ao campus, ao centro da cidade, a um parque ecológico e ao campus em cadeira de rodas foram as preferidas, apesar da resistência de alguns que ficavam a duvidar se o passeio realmente valeria a pena. A experiência mostrou-se sempre positiva para todos, fazendo os demissionários se arrependerem de não ter participado, principalmente porque estas aulas possibilitaram a experimentação de conceitos, levando-os, através da vivência direta, a uma compreensão imediata e mais completa, segundo relata o aluno Davi: “O passeio ao Parque do Cocó foi uma síntese de tudo que foi aprendido no semestre, desde distribuição de espaços, invasão da natureza, a questão das ‘bolhas’ [espaço pessoal]. A interação foi maravilhosa! Nos foi ensinado a aproveitar tudo o que a natureza nos pode dar, sem interferir no seu ciclo natural. A mim serviu também para passar a me preocupar mais com essa e menos com os insetos que às vezes nos perturbam.” As aulas de avaliação foram dedicadas ao confronto de minha contabilidade com a coleção de textos sentidos de cada um, para que eu pudesse lançar a nota com segurança, e à apreciação da didática a partir de quatro exclamações básicas - que legal !, que chato!, que pena ! e que tal? – que guiaram os alunos a discorrer sobre os pontos positivos, negativos, além de suas expectativas não realizadas e sugestões. Estas avaliações, principalmente a do primeiro bimestre, serviram para redirecionar pontos e introduzir algumas idéias sugeridas. Para a prova final, exigida pela Universidade e marcada fora do calendário das aulas, pedi que elaborassem, em casa, uma comparação entre a bibliografia lida e as vivências do semestre de um lado e os objetivos do curso de outro, de forma a demonstrar o conhecimento assimilado. Assim a prova passa a constituir-se em mais uma oportunidade de aprendizagem. 3. O que me ensina a experiência

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O bom desempenho das equipes também depende de sua composição. No início, a formação dos grupos deve ser espontânea, mas, para que não se criem dependências, é importante que o professor esteja atento e peça que os alunos procurem sempre compartilhar com colegas com quem ainda não interagiram. Para que um grupo funcione a contento, é preciso que seus componentes não sejam nem totalmente desconhecidos a ponto de inibirem a comunicação e nem totalmente conhecidos, o que poderá dar margem a conversas paralelas. Finalmente, é muito importante que o professor não abra mão das regras acertadas no início do curso. Com isso, estou querendo dizer que ele deve contabilizar pontos apenas dos textos sentidos entregues no dia programado, e que a porcentagem das presenças exigidas pela Universidade deve ser mantida. Tais exigências condizem com o pressuposto no qual se assenta o método de que a aprendizagem é um processo; em nosso caso, esse processo se inicia com a leitura e escrita individual e se prolonga com as vivências e trocas em grupo. A participação em sala, sem ter sido realizada a leitura e reagido ao texto solicitado, não propicia o mesmo aproveitamento daquele que se preparou. Da mesma forma, realizar a leitura e redação do texto sentido sem ter a oportunidade de compartilhá-lo não faculta o enriquecimento e a interiorização do conteúdo que as trocas proporcionam. Portanto, as faltas e os exercícios em atraso tornam o processo incompleto. Os pontos e as presenças são as ferramentas de pressão que o professor dispõe para manter o aluno no processo. Entretanto, quando o aluno estiver impossibilitado de comparecer, ele poderá enviar o “texto sentido” do dia por um colega ou pela Internet. Isso é possível devido à programação global que o aluno tem em mão, desde o primeiro dia de aula e que lhe permite, mesmo de longe, acompanhar o que está acontecendo. Nesse caso, se contabilizará o ponto pelo texto entregue, mas, naturalmente, não a presença.

Para aqueles que têm a intenção de aplicar o método, essa descrição não dispensa que ressalte alguns pontos que merecem a atenção do professor. São atitudes ou iniciativas que me pareceram relevantes ao longo do caminho, cuidados que, se implementados, agirão em reforço ao método para que se possa tirar o melhor proveito de sua aplicação.

E, ainda, pensando naqueles que namoram o método de longe, mas hesitam em aplicá-lo, ressalto outras vantagens em planejar o semestre de forma minuciosa. A programação global instaura uma organização que favorece a aplicação do método trazendo proveito tanto para o aluno quanto para o professor.

A leitura do texto estímulo pelo professor, no dia em que será trabalhado em sala, mesmo que já o conheça, traz segurança, porque reativa as ideias, tornando-as presentes na mente e propiciando uma compreensão imediata das reações dos alunos. Melhor ainda será se puder ler outros textos de conteúdo semelhante ao focalizado, o que colaborará para o desabrochar de novas percepções ao que está sendo discutido. Em suma, é uma forma de o professor se preparar para a exposição teórica e para as possíveis articulações que poderá fazer a partir das produções dos alunos. Além disso, em todos os momentos, é importante que o professor se mostre atento ao que está se passando em sala, sem necessariamente intervir nos processos dos alunos. Por exemplo, enquanto estiverem reunidos em equipe, o professor deve circular e se aproximar de cada uma, observar o que está acontecendo, mas não deve interferir nas discussões : é uma forma velada de pressão, que visa manter o bom funcionamento do grupo.

Saber o próximo passo em um caminho dá segurança e libera o espírito, tornando-o presente ao que está acontecendo, o que pode se traduzir em participações mais criativas. Caminho demarcado, entretanto, não deve se constituir em prisão. A possibilidade de remanejar atividades sempre existe: aulas podem ser trocadas quando, por exemplo, não for possível realizar os passeios nas datas previstas ou houver necessidade de aprofundar algum tópico. Nesses casos, é importante cuidar para que todos, mesmo os faltosos, tenham acesso a essa informação. Todavia ter o semestre programado e o material em mão oferece uma visão de conjunto, e estabelece uma base que pode ser complementada e enriquecida tanto em sua forma quanto em seu conteúdo.

Entretanto, se for chamado a prestar algum esclarecimento, nada impede que o faça, não esquecendo de ser breve, pois precisa continuar suas “visitas” de forma a assegurar o bom funcionamento de todas as equipes.

Desse modo, o método cria uma rotina, como diz seu criador, Cavalcante Jr, deixando que a novidade seja trazida pelos alunos. Efetivamente, o aluno é coresponsável pela sala de aula. Ao professor cabe criar o ambiente de acolhimento e troca para que o aluno se sinta à vontade para se expressar e motivado a aprender com os demais, sejam eles os colegas ou o professor. No MC o aluno é parceiro, e o professor um aprendente tanto quanto ele. A variedade de pontos de vista expostos propõem novas visões dos assuntos e ocasionam a troca de experiências pessoais, estimulando a circulação de idéias e informações.

TEMA I - PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS (NOVAS EXPERIÊNCIAS) - O MÉTODO (CON)TEXTO E A PSICOLOGIA AMBIENTAL : PROSA E POESIA EM SALA DE AULA.

TEMA I - PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS (NOVAS EXPERIÊNCIAS) - O MÉTODO (CON)TEXTO E A PSICOLOGIA AMBIENTAL : PROSA E POESIA EM SALA DE AULA.

Contudo uma fala sua poderá inibir e cortar a integração grupal. Caso os alunos parem o que estão fazendo por ocasião de sua aproximação, o professor pode lembrar-lhes que devem continuar como se ele não estivesse presente.


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