Comunicação, Jornalismo e Fronteiras Acadêmicas

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“A autoridade da fonte é um critério fundamental para os membros da comunidade jornalística. O fator da respeitabilidade refere-se aos procedimentos dos jornalistas que preferem fazer referência a fontes oficiais ou que ocupam posições institucionais de autoridade” (TRAQUINA, 2005, p. 191). A relação entre fontes e jornalistas deve ser permeada por regras que regulam a prática jornalística, como a pluralidade de fontes e a necessidade de ouvir instâncias que possuem pontos divergentes sobre um mesmo assunto. As rotinas jornalísticas e a própria ideologia que traspassa a empresa jornalística nem sempre permitem que essa premissa seja cumprida, prejudicando assim a equidade da expressão dos posicionamentos das fontes. Para efeito desta pesquisa, dividimos as fontes em dois tipos conforme achamos pertinentes ao corpus, ainda que várias outras distinções pudessem ser feitas. Consideramos fonte institucional aquela representativa de setores organizados da sociedade, seja ela o estado, associações de funcionários, empresas ou mesmo o terceiro setor. A fonte não institucional é desprovida de uma ligação com o poder instituído, representando o indivíduo ou grupo tomado isoladamente. A partir dessas considerações, vê-se a importância de se pesquisar as fontes no discurso jornalístico, principalmente no que concerne ao paciente psiquiátrico que, a priori, é desprovido de legitimidade para fornecer informações fidedignas que tenham potencial para se transformar em notícia. No entanto, existe um discurso sobre esse indivíduo nas páginas dos jornais. O estudo visa a investigar quais fontes aparecem nos textos jornalísticos e como são representadas. DISSECAÇÃO DO CORPUS

O estudo analisou 19 textos jornalísticos, entre matérias e reportagens do ano de 1992 do jornal Zero Hora (ZH). Os textos se referem à reforma psiquiátrica no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) que, desde 1884, é referência no tratamento de pacientes psiquiátricos. As fontes foram classificadas em institucionais, quando representam organizações, e não institucionais, quando se referem a pacientes e/ou grupo de pessoas não organizadas. Entre as fontes consideradas institucionais, observa-se o predomínio do campo científico, representado pelas fontes da área médica que normalmente ocupam também cargos Comunicação, Jornalismo e Fronteiras Acadêmicas | 37


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