Escola de superação

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Segunda-feira, 7 de março de 2011

Empresas JC !"

Jornal do Comércio - Porto Alegre

& Negócios

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Escola de superação

AACD/DIVULGAÇÃO/JC

Giordano Benites Tronco, especial para o JC

MARCELO G. RIBEIRO/JC

De todas as atividades, a preferida das crianças são os exercícios dentro da piscina

Jaques destaca a importância do trabalho, que envolve sessões de Þsioterapia

A Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) é uma organização que fornece tratamento gratuito para crianças com deficiências físicas e motoras. Lá, elas recebem amparo de terapeutas especializados e descobrem que não existem limites para a superação – lição aprendida também pelos profissionais que as atendem. Para o gerente administrativo da unidade gaúcha, Cleo Jaques, a entidade traz ensinamentos não só para as crianças, mas para quem trabalha nela. “A AACD é uma escola de vida, de superação”, relata. A AACD de Porto Alegre, uma das sete existentes no Brasil, possui 145 funcionários e realiza 580 atendimentos por dia. Toda criança passa por sessões de fisioterapia, mas, conforme a necessidade, também pode receber sessões de musicoterapia, fonoaudiologia, atendimento psicológico e terapia ocupacional. De todas as atividades, a preferida das crianças são os exercícios dentro da piscina. A água, aquecida acima de 26oC, relaxa a musculatura e permite movimentos que seriam difíceis de se fazer fora da água. Todo esse trabalho começou há 60 anos, em São Paulo, mas só chegou a outros estados no final dos anos 1990. A expansão da AACD foi financiada pelo sucesso do Teletoon, atração televisiva que garante até hoje o custeio de grande parte dos gastos das sete clínicas espalhadas pelo País. Porto Alegre ficou com R$ 1,4 milhão da arrecadação total do último Teletoon, o que foi suficiente para suprir um terço das despesas da unidade. O resto é coberto principalmente com doações como a do Funcriança, projeto governamental que permite a pessoas físicas e jurídicas direcionar uma parcela do imposto de renda para a AACD.

O problema é que a falta de propaganda faz com que muita gente não saiba disso. Com quase toda a verba da AACD destinada à manutenção da unidade e contratação de novos médicos, sobra pouco para publicidade. “Não temos como divulgar, as pessoas descobrem por indicação do médico ou pelo Teletoon”, explica Jaques. O trabalho dos terapeutas muda vidas, às vezes de jeitos pouco óbvios. Um exemplo é o jovem Jackson Reis, cuja história foi exibida no Teletoon de 2006. Além da fisioterapia, o menino natural de São Francisco de Paula teve contato, durante tratamentos pedagógicos na AACD, com algo que mudaria seu destino: o computador. Jackson queria um igual para poder escrever suas histórias. “Antes ele escrevia em cadernos. As voluntárias deram para ele um computador e ele escreveu seu primeiro livro, aos 12 anos”, conta a mãe de Jackson, a dona de casa Cleusa Reis. Hoje, com 18 anos, o adolescente conta com três livros publicados, tendo realizado sessões de autógrafos até mesmo na Feira do Livro. O voluntariado é parte importante do tratamento, ainda que os integrantes raramente lidem com a criança de forma direta. A participação na maior parte das vezes se resume a alcançar objetos para os terapeutas. “Há voluntários que não acham isso bacana. Eu acho muito válido”, conta Ivany Dias, que ajuda a associação há dez anos. Ivany conta que, mesmo sem contato direto, ela sente o carinho das crianças através de um olhar, ou quando lhe presenteiam com um desenho. E relata o drama que é a hora da despedida. O tratamento continua até que a criança chegue ao máximo de sua evolução: após isso, sua vaga é liberada para outra, e ela volta para monitoramento somente de três em três meses. “As terapeutas choram quando têm que dar alta para uma criança”, confessa.

Iniciativas da AACD levantam fundos e ajudam pessoas A AACD possui uma oficina de próteses que funciona no mesmo prédio em que ocorrem as terapias. A venda dos produtos está aberta para qualquer pessoa com deficiência. As próteses não saem de graça para os pacientes da AADC, mas a

instituição os ajuda a buscar parte do custo junto ao SUS. A ONG também realiza mensalmente um bazar solidário, com duração de uma semana, em sua sede. Roupas e brinquedos doados são postos à venda por preços

quase simbólicos. Ao mesmo tempo em que ajuda a pagar as despesas da instituição, o bazar possibilita que pessoas com poucas condições financeiras tenham acesso a compras de qualidade por um preço baixo.

Jaques lembra a ocasião em que uma loja de roupas doou parte de seu estoque para o bazar: camisetas, calças e calçados novos, de qualidade, puderam ser adquiridos a R$ 3,00 cada. “A edição de março do bazar ocorrerá do dia 14 ao dia 18.


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