Gazeta do Rio Pardo 2541

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Página C-5 - 23 de abril de 2011 - GAZETA DO RIO PARDO

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Páscoa, e eu tão distante No processo de socialização, ouvia histórias marcantes de minha avó Massimina. Na Itália, seus personagens vinham de muito longe para passar a Páscoa com suas famílias... E eu estava tão distante, só e triste... Como me recordo! O aquecimento central ainda estava ligado, embora já fosse abril de primavera. Era Domingo de Páscoa. Meu companheiro de quarto, o mexicano Angel Barraza, viajara. Meu pensamento estava em São José. Bem agasalhado, saí. O vento gélido passeava

nas avenidas desertas e calmas de Paris. O cinza pintara a manhã. As grandes árvores explodiam em novos e verdes brotos. Os tanques de guerra estavam nas ruas. Os argelinos, tentando a libertação do seu país do jugo francês, faziam explodir bombas... Havia quase dois meses que eu estava naquela cidade. Ia conhecer “Notre Dame” e assistir à santa missa naquele templo. O calor na estação do metrô “Sevres-Babylone” era agradável. No seu interior, miseráveis e bêbados procuravam abrigo, esquecidos do grande dia. O som do acordeão, tirado

pelo velho e pobre músico, era carícia. As violetas e os brancos “muguets”, em grandes cestas, que pressagiavam felicidade, eram carinhos vendidos. O trem correu célere sob a grande cidade adormecida e vazia. Estação “Cité”. Desci na “Ile de la Cité”, o centro de Paris. O sino de quinze toneladas da “Notre Dame” bimbalhava ensurdecedoramente. Sentei-me numa cadeira empalhada da imensa nave. Os vitrais resplandeciam no cinza das sólidas paredes, cheias de riquezas esculturais. Uma orquestra acompanhava um coro de duzentas vozes.

Aquela missa pontifical tinha bispo, padres, acólitos, rituais prolongados. Tudo era bonito, sem simplicidade. A saudade e distantes pensamentos mesclavamse com curiosidade. Meu desejo seria estar, naquela hora, na minha São José silenciosa, com céu azul e vento outonal. Descer ruas, atravessar o caramanchão de verdes folhas da praça e adentrar a minha igreja... Como seria bom ouvir o Padre Adauto desejar uma feliz Páscoa aos seus paroquianos!... Como seria confortador ouvir o coro do Sílvio Rondinelli e da Jacira Rodrigues... Um concerto de órgão

encerrou a rica e inesquecível cerimônia. Entrei numa fila vagarosa. Adentrei a sala do tesouro de “Notre Dame”, fortemente protegido. Ali estavam expostos a coroa de espinhos de Cristo, um cravo da crucificação, um pedaço da verdadeira cruz... Emocionante a rápida visita. Ninguém podia parar, nem se ajoelhar, nem tocar nos vidros protetores das relíquias... Subi à torre: uma bela visão de Paris. O vento cortava rostos desprotegidos. Turistas e parisienses, com roupas coloridas, esparramavamse pela Ilha, ignorando a insurreição argelina. O rio

Sena cantava, levando barcos pequenos e o “bateau mouche”... As tulipas abriam-se nos canteiros... Paris dormia sem bombas... Meio-dia. Sinos. Pombos voavam subindo nos raios de um tímido sol. As famílias deveriam estar reunidas para o almoço da grande festa... Na solidão, a saudade batia forte... Nove longos meses ainda me distanciavam da volta... Naquele momento, quisera ser um dos personagens das histórias de minha avó que de longe voltavam para as festas da Páscoa em família...

Ruth e Isaura Teixeira, em 1935.

Formandos da Escola Técnica de Comércio, em 15 de dezembro de 1961. Da esquerda para a direita, sentados: o prefeito Dr. João Gabriel Ribeiro, Prof. paraninfo Dr. Antônio Ferraz Monteiro e n.i. 1ª fila, em pé: Prof. Manoel Ballila Pinto, Ruy Andreoli, Wilma Azevedo Salles, Maria Ignez Liberalli, Therezinha Picoli, Ana Maria Ribeiro Nogueira, n.i. e Prof. Vinício Rocha dos Santos. 2ª fila: Dayse Gonçalves Noronha, Maria Luiza Cruz e Maria José do Lima. 3ª fila: Antônio Lourencini, Antônio Lofrano, Valdir Ferreira, Antônio Celso Possebon e Luiz Pereira de Mello. Última fila: Mílson Nogueira, Francisco Rufino Pereira, José Oswaldo da Silva, Cyro Moreira Ribeiro, Ricardo Fernandes da Silva, Hamilton Marim, Orsines Breda e Vanildo Costa.

Em agosto de 1948, na Praça XV, os jovens, em pé: Edmundo Pinto, Osmar Nascimento, Joãozinho (Neofarm) e n.i. Agachados: Amaury Leal e Osvaldo Nascimento.

Segunda Divisão do Rio Pardo F. C., em 1949. Da esquerda para a direita, em pé: Dácio Virgili, Lourenço Landini, Alonso Galhoto, Lupércio Torres, Wilson Lodi, Euclides Bastos, José Garcia, Waldemar Sernaglia e Barão Torres. Agachados: Sarkis Abichabki, Rubens Tempesta, José Torres (Zezito), Olímpio de Souza, Tricolini, Valentim Stracieri e Benedito Stracieri (Bandeirinha).

1964, em Santos, da esquerda para a direita: Osmar Frigo, Euclides Manzoni, Padre Bonifácio, Padre Bernardo e Hélio Ribeiro


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