Percurso Ria de Alvor- A Dança da Duna Luna

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Agrupamento vertical de escolas Garcia Domingues Escola Básica 2,3 Dr. Garcia Domingues

PREAA - Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte

Estuário da RIA DE ALVOR (Percurso das dunas)

1º Percurso - 8 de Janeiro de 2011 Itinerário Partida: Junto às piscinas de Alvor Descida da ria de Alvor pela margem do lado esquerdo até perto do esporão junto à praia. Regresso pelo areal da praia de Alvor. Chegada: Piscinas de Alvor Mapa:

Duração: 3 horas Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte – 2010/2011

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Técnicos da Câmara Municipal de Portimão: Sara e Filipe Contos do Mago: “A Dança da Duna Luna” Visita: Se um professor projectar uma visita de estudo a este local com os alunos deve procurar evitar pisar as dunas fora dos trilhos já traçados. Na Primavera deve ter cuidado com os ninhos de algumas espécies de aves que nidificam na praia. Estão em construção passadiços de madeira que permitem que o percurso brevemente possa ser feito sem pisar as dunas (previsão - Março de 2011).

Breve resumo e relação com o conto: O estuário da Ria de Alvor é composto por uma laguna separada do mar por um cordão arenoso e por uma barra (construída pelo Homem), que permite o acesso dos barcos à lagoa. A formação do complexo dunar ocorreu a partir dos detritos da erosão que vieram até ao mar pelo rio abaixo e que o mar, ao subir gradualmente em determinadas épocas, forçou as areias submersas a migrar no sentido do continente. Ao mesmo tempo, formaram-se os sapais do interior da Ria pela deposição de materiais trazidos pelos cursos de água. Do lado direito da Ria de Alvor podemos encontrar um sapal mais desenvolvido/preservado que aquele que se encontra do lado esquerdo. São as ilhas-barreira que confinam o sistema lagunar, representado pelos canais e por habitats muito ricos e com características específicas: o sapal, a laguna, as dunas. Na laguna há a confluência da água salgada do mar com a água proveniente dos cursos de água. É por isso, uma zona de grande hidrodinamismo e bastante rica em nutrientes. Este local rico em fauna e flora é fundamental na desova de algumas espécies de peixes e é onde se produzem também moluscos bivalves, sobretudo a amêijoa. A flora está adaptada a um ambiente bastante salgado e à ausência de água no Verão. A fauna é composta essencialmente por uma grande diversidade de aves que podem ser facilmente observadas com binóculos. Tanto as dunas como o sapal têm uma função protectora da faixa terrestre, contra a erosão, e como zona de amortecimento de tempestades e cheias. Em 1755 quando ocorreu o grande terramoto e maremoto Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte – 2010/2011

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em Lisboa, em Alvor os estragos também se sentiram devido a uma onde gigante de 15 metros de altura que se pensa ter chegado até à porta da igreja de Alvor. Apesar dos estragos terem sido avultados nomeadamente no desenho da ria que anteriormente era um dos importantes portos do Algarve, se não fosse o sistema dunar e o sapal as consequências teriam sido bem piores, tanto para o Homem como para a própria Natureza. As dunas, estão sempre a nascer, a crescer e a ser repostas por novas dunas (dunas embrionária, duna primária e duna secundária) e a sua formação relaciona-se com o abastecimento de areias, o vento e a presença de vegetação ou de outros obstáculos que permite a fixação da areia. A destruição das dunas deve-se à acção das marés vivas quando as dunas não têm a vegetação que permite a sua fixação ou devese ainda à acção do Homem, mais visível nas dunas secundárias, mas também com um impacto considerável nas dunas embrionárias e primárias devido às várias actividades relacionadas com o turismo (construção de edifícios e vias sobre as dunas, o aplanamento e compactação por pisoteio indiscriminado e a circulação de veículos, a extracção de areias e os depósitos de entulho…). O conto “A Dança da Duna Luna” reflecte a criação e a destruição do sistema dunar e do sapal. Os professores poderão explorar com os alunos as acções do Homem que têm impacto na destruição da “Duna Luna”.

Observações realizadas: As dunas servem de abrigo, zona de alimentação e de reprodução a muitos animais. Existem neste local dunas embrionárias (junto ao mar), dunas primárias (as mais altas e na primeira linha de praia) e as dunas secundárias (consolidadas com árvores e que se encontram mais para o interior).

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duna primária

duna embrionária Neste local podemos encontrar animais, como o coelho-bravo, a raposa, o sardão, vários tipos de insectos e os caracóis.

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Mas são as aves que ocupam o primeiro plano no que diz respeito à observação. Existe uma grande diversidade que ocupa esta zona e onde realiza as suas actividades.

Durante o percurso poderão ser observadas as aves presentes na imagem anterior. No percurso realizado em Janeiro de 2011 foram observadas as seguintes: corvos-marinhos, garças, borrelhos, ostraceiros, carajaus, pilritos-da-areia, gaivotas, garajaus, … Estas aves alimentam-se e nidificam essencialmente na Ria de Alvor, sendo fácil a sua observação. Existe ainda um número grande de aves que passam pela Ria de Alvor durante a sua migração.

As plantas que surgem neste ambiente são muito resistentes pois têm que sobreviver a longos períodos sem água, intensos raios solares, altas temperaturas e ventos muito fortes. Para isso apresentam folhas e Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte – 2010/2011

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caules que não se quebram com o vento nem com as partículas de areia deslocadas pelo vento, folhas enroladas e espinhos para não perderem água, feixes de raízes muito compridos para segurarem a planta na areia e crescimento rápido para evitar serem enterradas na areia que se vai depositando. O estorno (Ammophila arenaria) é uma planta

muito

importante

porque

permite que a duna se forme. A extensa rede de raízes longas (com vários metros de comprimento) permite que a planta se fixe com alguma facilidade à areia. Por outro lado, a sua folha (em agulha)

cresce

muito

rapidamente

permitindo-lhe furar facilmente a areia quando é soterrada. As folhas estão enroladas evitando a evaporação de água que é acumulada nas raízes. Encontram-se essencialmente no topo das dunas, principalmente no topo das dunas primárias e criam sombra para o desenvolvimento de outras plantas.

O narciso-das-areias (Pancratium maritimum) também vive nas dunas. Nesta altura são bastante verdes. Têm as folhas enroladas de forma a encaminhar a água para o centro da planta e possibilitando que a própria folha faça sombra sobre si própria.

Também podemos encontrar cardos-marítimos (Eryngium maritimum), cujas as folhas estão desenhadas de forma a recolher a maior quantidade de água, encaminhando-a para a zona onde está soterrada a raiz da planta.

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Podem-se ainda encontrar salicórnias que, segundo o formador, estão a ser estudadas para poderem ser comercializadas

como

uma

planta

rica

para

complementar as saladas, dado o seu sabor salgado.

Espécies exóticas como o chorão (Carpobrotus edulis)

estão

a

ameaçar

as

dunas

e

o

desenvolvimento de outras plantas porque se disseminam muito rapidamente ocupando o espaço que deveria ser das espécies autóctones. Além disso, estas plantas não constituem uma vantagem para as dunas porque o seu feixe radicular é muito reduzido e superficial, não permitindo que as dunas se formem. Neste momento, existe uma empresa responsável pela remoção destas plantas das dunas de Alvor, para que outras plantas se possam desenvolver, contribuindo assim para a formação das dunas. Por último os guias/técnicos referiram que há a preocupação em recuperar todo o sistema dunar com várias intervenções, como por exemplo, diminuir o tamanho do estradão e retirar as cicatrizes de caminhos deixadas pelo turismo, implantando os passadiços em madeira. Referiram que algumas das estruturas colocadas na praia estão soterradas o que indica que a praia está a aumentar e as dunas poderão estar a desenvolver-se. Contudo, referiram que é difícil desencadear este processo

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porque existe grandes interesses económicos e turísticos que não olham para a Natureza como deveriam olhar.

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