Catálogo NOVÍSSIMOS 2011

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DO SALÃO. Por mais que saibamos que o termo salão tenha sido colocado em crise há muito tempo, seja por suas ideologias e procedimentos obsoletos ou por sua incoerência enquanto sistema regulador da produção artística – num momento em que essa mesma produção continua a colocar em xeque qualquer tentativa exaustiva de sistematização –, está claro que o formato ainda agrada a um número expressivo de jovens artistas no país. Não só eles vêem na participação em salões um passo importante na sua formação e inserção nos circuitos de arte, como muitas galerias e instituições ainda creditam tais seleções como processos de chancelamento da produção recente. Não cabe aqui defender o formato, seja por quais motivos forem. Longe disso. Pensamos apenas ser importante assumir uma postura autocrítica. No entanto, ao invés de partir da indagação recorrente (e talvez contraproducente) – “Qual a validade do salão hoje?” –, preferimos inverter o foco da discussão para um viés capaz de minimizar certos posicionamentos pré-concebidos. Assim, nossa questão passa a ser: “Por que jovens artistas brasileiros ainda têm interesse em participar de salões?”.

Novíssimos já nasceu sem o epíteto salão. Mas não nos enganemos. Sua estrutura é a de um certame de artes visuais como qualquer outro. Seu diferencial, talvez, encontra-se no fato de ser o único do gênero ainda a ser realizado na capital fluminense, desde a extinção de seu parente mais ilustre, o Salão Nacional de Arte Moderna. Mesmo quando o prestígio do SNAM atingiu seu ápice, na década de 1980, Novíssimos nunca deixou de ser uma opção para os artistas cariocas. Gerações e mais gerações passaram e continuam passando pelos processos de seleção, estabelecendo uma tradição que já perdura há algumas décadas. Mas numa cidade como o Rio de Janeiro, com grande

variedade de ações e promoções culturais, por que tal tradição encontrou terreno fértil para se instituir e persistir? Por que Novíssimos nunca entrou em real declínio a ponto de se extinguir, como tantos outros certames? Por que sempre houve um número considerável de artistas interessados em participar deste salão?

Mais do que nos preocupar em sustentar categoricamente qualquer hipótese, partimos do pressuposto de que é preciso enfrentar essa discussão, compartilhando algumas das indagações que têm norteado o processo de reflexão da Comissão Cultural do Ibeu, com o objetivo de identificar e adaptar Novíssimos às novas demandas dos circuitos de arte brasileiros. Na prática, sem obliterar certas conquistas (mas também sem assumilas incondicionalmente), procuramos estabelecer um processo gradual de modificações que pudesse tornar o salão mais interessante, tanto para os artistas quanto para a instituição e seu público. Nesse sentido, a elaboração de um edital e o uso da internet como instrumento de divulgação contribuíram para democratizar os critérios de participação e principalmente para extrapolar as fronteiras geográficas do Rio de Janeiro. Em contrapartida, começamos a recuperar (e a ampliar) a confiança dos artistas na idoneidade do processo de seleção e no comprometimento institucional com o fomento da arte contemporânea.

Marco desse momento de mudanças, Novíssimos tem assumido para si o desafio de deixar de ser um salão regional para abraçar seu potencial como promotor de olhares plurais, tornando-se um modesto (mas não menos complexo) recorte da jovem produção brasileira de arte na atualidade. Assim como artistas residentes no Rio de Janeiro têm participado ativamente de diversos salões em todo país, temos averiguado um crescente número de inscrições provenientes de outros estados. Além de possibilitar contato com diferentes modos de percepção da relação artistamundo, pretendemos estimular o debate crítico e incentivar trocas nas mais variadas instâncias. Nesse processo, todos nós saímos ganhando. Até mesmo o (velho) formato do salão, ao se esforçar para assumir para si a alcunha de “novíssimo”. 01


DO ARTISTA. Repensar a conjuntura “salão” está intimamente relacionado ao debate quanto ao perfil do artista atual. Como parâmetro, a Comissão Cultural do Ibeu busca identificar e contemplar na seleção de Novíssimos artistas que apresentem um perfil investigador, isto é, que não só estejam preocupados em produzir “objetos”, mas sejam igualmente capazes de pensar criticamente seu processo, artistas que estejam comprometidos com uma pesquisa pessoal (ou mesmo coletiva) inserida no contexto da produção e das questões contemporâneas. Mais do que bons trabalhos isolados, consideramos ser importante apostar em artistas que compreendam sua participação em Novíssimos como um incentivo para a continuidade de seu processo de pesquisa em artes visuais. Não entendemos pesquisa no sentido restrito, e sim a partir do pressuposto de que todo artista contemporâneo desenvolve seu trabalho enquanto investigação. Desse modo, procuramos tanto reconhecer aqueles que já possuem uma breve (e não menos consistente) trajetória artística, quanto os que estão dando os primeiros passos no meio da arte, artistas que, em muitos casos, ainda apresentam trabalhos em processo. Essa heterogeneidade contribui para incentivar os diálogos, evitar as leituras fáceis bem como as escolhas óbvias, mas acima de tudo, instigar o espectador através do recorte de trabalhos exposto na Galeria.

Num processo de seleção no campo das artes visuais, apesar de todo esforço em estabelecer critérios de avaliação crítica, convém continuamente considerar o papel das subjetividades, tanto dos artistas quanto dos membros da comissão. O debate e a análise dos dossiês, num primeiro momento, bem como dos trabalhos, posteriormente, fossem eles apreciados isoladamente ou em conjunto, sempre foi conduzido de modo rigoroso, concordando-se com a pertinência dos argumentos, mesmo quando estes se impunham em detrimento das escolhas individuais dos avaliadores. Desse modo, nem sempre artistas previamente indicados por um membro da comissão foram incluídos no resultado final. Por isso, mesmo reconhecendo a integridade e a qualidade dos trabalhos expostos, acordamos na importância de relativizar a seleção apresentada como sendo uma entre outras possíveis, uma vez que mais do que atestar uma suposta supremacia de artistas e/ou trabalhos, interessa-nos acima de tudo propor relações que ofereçam possibilidades múltiplas de significações. Esperamos que ao compartilhar esse processo, possamos aproximar ainda mais a instituição, bem como a Comissão Cultural, dos artistas e do público da Galeria de Arte Ibeu. Como é a pergunta inicial – “Por que jovens artistas brasileiros ainda têm interesse em participar de salões?” – que nos interessa, que nos conduz à reflexão e ao debate, gostaríamos de cada vez mais articular um canal de comunicação com aqueles que realmente fazem um processo como este ter sentido.

Ivair Reinaldim, julho de 2011 02

PROPOSTA EXPO GRÁFICA MERGULHOS Ivair Reinaldim

Qual a trama invisível que pode unir trabalhos tão desconexos, tão diferentes? O que teriam em comum, além de serem frutos de investigações pessoais, individuais, e de se constituírem enquanto “arte produzida no Brasil”? Por que não reconhecer a multiplicidade, a diversidade, o dissenso, o fragmento como metáfora do desejo de completude? Mas há algo que intuitivamente une essas propostas numa espécie de fluidez, num mar que avança Copacabana e penetra por toda a Galeria de Arte Ibeu. Eis um convite ao mergulho. Não para desfrutar da suposta homogeneidade desse mar fictício, mas para, a cada ir e vir, coletar tais fragmentos, tais garrafas abandonadas de significados possíveis, de diálogos latentes, de expectativas e anseios. Somos então convidados a agir, a participar, a assumir um ato de partilha. E nisso há a compreensão daquilo que nos une, espectador e artista, obra e observador, o eu e o Outro. Os trabalhos à deriva parecem flutuar no mar da performatividade, esteja ela inserida no processo do artista, na participação do espectador, no trabalho enquanto registro ou mesmo na fluidez da representação. Esses 22 artistas, de histórias tão diferentes e tão específicas, e suas propostas, tão diversas e tão complexas, de algum modo trataram em comum não do corpo, mas de uma ação que ocorre através e além de um corpo, físico, psicológico, imaginário, social, cultural, de um ato que dobra e se desdobra, vela e se desvela, vem à superfície ou mesmo se esconde nas profundezas das águas remotas e turvas. E em cada mergulho, as possibilidades são imensas. Cabe aqui, qual farol iluminar um percurso, sugerir um caminho. 03


ESPAÇO E SUBJETI VIDADES O trajeto começa com o próprio enfrentamento da superfície como espelho a reinvestir nosso reflexo. Precisamos nos encarar, percebermo-nos enquanto sujeitos a partilhar o sentido com o artista. Nesse ínterim compreendemos que uma exposição é mais do que um conjunto de trabalhos ou um argumento curatorial: ela se constrói a partir de uma trama de subjetividades que se cruzam, se completam, se chocam, operando constantes tensões e acomodações. O trabalho de Ana Dantas, da série In Order to Arrive There, abre a mostra como síntese e convite: um salto em latência, ao mesmo tempo pretendido e temido, um gesto desafiador, uma expressão reflexiva. Processos compartilhados entre artista e seu público, entre obra e galeria, através da problematização do sujeito e das relações entre espaço e representação. Aqui a passagem entre as coisas é insinuada e está permanentemente em suspensão. Podemos perceber de modo mais específico tais dualidades na carta aberta de Fabiano Araruna endereçada ao público de Novíssimos. Ao questionar as ligações condicionadas entre obra, espaço institucional e espectador, o artista explicita a tensão entre o caráter quantitativo do público de arte e a abordagem qualitativa dessa relação, convidando-nos a tomar partido. Cabe saber, em meio a isso tudo, quão curiosos estaríamos para ver sua obra. Por fim, Felipe Braga nos propõe um fichamento poético de algumas exposições que visitou, evidenciando o quanto nossas experiências e expectativas são capazes de moldar o modo como nos relacionamos com o mundo. Em seu trabalho as fronteiras entre ficção e realidade, entre aquilo que é dado aos sentidos e as percepções mediadas pelos processos de subjetivação, ressaltam o acordo entre mecanismos cognitivos e nossa vontade de imaginar. 04

ANA DANTAS “Meu trabalho é sempre a consequência de uma intensa observação de um ‘si’...”

Formação: 2008-2011_ Acompanhamento de Projetos, com Marcos Bonisson, RJ 2010_ Arte Contemporânea: Pedro França, EAV Parque Lage, RJ 2010_ Arte Hoje Desafios e Possibilidades: Bob N e Marcio Botner, EAV Parque Lage, RJ 2009-2010_ Questões Fundamentais da Pintura: Luiz Ernesto, EAV Parque Lage, RJ 2009_ Fotografia: Projetos, com Denise Cathilina, EAV Parque Lage, RJ 2008_ Fotografia e Artes Plásticas - História e Interações: Marcos Bonisson, Ateliê da Imagem, RJ Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Zona Oculta, SESC Nova Iguaçu, RJ 2011_ Cor de Rosa Choque, Espaço Cultural CEDIM Heloneida Studart, RJ 2010_ Olhares Femininos: Aqui e Lá, Galeria Fotoativa, Belém, PA 2010_ Do Real e o Imaginário, EAV Parque Lage, RJ 2009_ FotoLage – FotoRio, EAV Parque Lage, RJ

S/ título Da série In Order to Arrive There - 2 Fotografia e cadarço 90x75cm 2009-2011

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FABIANO ARARUNA “... eu, como artista, quero mostrar o meu trabalho. E ter uma resposta.”

FELIPE BRAGA “Proponho um ciclo vicioso que poderia se constituir na parábola nada é real, nada é ficção, tudo é real, tudo é ficção.” Formação: 2008_ Artes Visuais, UERJ 2008_ Arquitetura e Urbanismo, UFRJ

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Formação: 2011_ Mestrando em Linguagens Visuais, EBA, UFRJ 2009_ Acompanhamento de projetos com Franz Manata, EAV Parque Lage, RJ 2008_ Arte e filosofia, com Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale, EAV Parque Lage, RJ 2007_ Acompanhamento de projetos, com Paula Trope e Denise Cathilina, RJ

Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ 62º Salão de Abril, Fortaleza, CE 2011_ Abre Alas, Galeria A Gentil Carioca, RJ 2010_ 10º Salão de Artes Visuais, Guarulhos, SP

Exposição Individual: 2011_ Você tem que acreditar em mim, Galeria Casa ao Cubo, São Paulo, SP

Ao Circuito Carta 30x20cm 2011

Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2010_ [Des] limites da arte, Parque das Ruínas, RJ 2008_ Universidarte, Museu da Republica, RJ 2006_ Ref/verencias, Solar Grandjean de Montigny, RJ

Documenta #01 Fotografia 80x90cm 2009-2011

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MARCAS E ESCRI TURAS

Na fluidez em que tensões se constituem e se diluem, os processos de escrita e imagem insinuam vestígios, passagens sutis ou mesmo demarcações incisivas. Há uma tessitura também onde as palavras não são visíveis, uma escritura que se estabelece na ausência, na latência dos significados à deriva. O tríptico X, + e + de Laila Terra coloca em questão essa passagem da representação do espaço para a representação gráfica, uma ideia, uma imagem, um fragmento que irrompe sobre a matéria, uma marca sobre a superfície, um signo. Há algo que condiciona, molda, formaliza, redireciona. São sinais que parecem comunicar uma informação suspensa, um enigma a decifrar, uma mensagem à espera de alguém que a complete. Por sua vez, Helô Sanvoy fricciona o texto a ponto de torná-lo invisível, submerso, ausente. O que vemos são suas marcações, apontamentos, intervalos, ênfases; uma escritura subliminar que se estabelece enquanto imagem. Na sobreposição de camadas, na translucidez do suporte, no rastro que marca uma passagem, transparece todo vestígio da não-presença sobre a superfície das coisas. Em Do Mar Condensado nas Cartas, Daniela Seixas desdobra a relação do texto em sentido poético, por meio da saliva que decifra uma mensagem, que transforma a pauta em representação, em superfície aquosa. O gesto evidencia um mundo a ser lido naquilo que está nas entrelinhas, no não dito que se manifesta diante de nossos olhos. E em Para Fazer Vento, um leve sopro é capaz de sintetizar tudo aquilo que as páginas não registraram em palavras. 08

LAILA TERRA “As séries são construídas da pesquisa, das dúvidas e dos problemas propostos.”

Formação: 2010_ Matisse e Picasso: “Objetos ansiosos da arte moderna”, com Sônia Salzstein Goldberg, pós-graduação, ECA USP 2006_ Pós Graduação - Pintura e Percepção, com Marco Garaude Giannotti, ECA USP 2005_ Bacharelado em Pintura, Departamento de Artes Plásticas, ECA USP Exposição Individual: 2008_ Desenhos, Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti, Florianópolis, SC Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ About Change, World Bank, Washington, Estados Unidos 2011_ Pre and Post Actions in Youporn’s, Blissland Galery, Berlim, Alemanha 2011_ IV Bienal do Porto Santo, Ilha do Porto Santo, Portugal

X, + e +

Serigrafia e carimbo sobre papel 100x70cm (cada) 2010

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“Proponho uma transposição dos fenômenos que possam acontecer durante o período de leitura desses materiais para a linguagem do desenho.”

HELÔ SANVOY

DANIELA SEIXAS “em toda pauta azul – reta, definida e comprimida – dos papéis de escrita existe em estado líquido: água, lágrimas, saliva ou mar.”

Formação: 2010_ Grupo de Pesquisa em Arte, FAV Nova Inacabana, Goiânia, GO 2009_ Licenciatura em Artes, Faculdade de Artes Visuais, UFG, Goiás Exposições: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Individual no Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Goiânia (novembro) 2011_ Galeria da Faculdade de Artes Visuais da UFG (novembro) 2011_ Desvenda, Intercâmbio de Arte Contemporânea, Museu da República - Eixo Monumental, Brasília, DF 2011_ 39º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Casa do Olhar, Santo André, SP 2010_ II Salão Universitário Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea, Galeria Espaço Piloto, UNB, Brasília, DF 2010_ Olhares, contempla tudo por fora. Reflete tudo por dentro. Assembléia Legislativa, Goiânia, GO 2010_ Descobertas, Catedral das Artes, Goiânia, GO 2010_ Pequenas Fotografias, Grandes Imagens. CIBI/UFG, Goiânia, GO

Formação: 2011_ Mestrado em Artes, PPGARTES UERJ 2010_ Programa Aprofundamento, com Glória Ferreira, Lívia Flores e Luis Ernesto, EAV Parque Lage, RJ 2009_ Bolsa Programa Fundamentação, EAV Parque Lage, RJ 2008_ Bacharelado e Licenciatura em Artes Plásticas, UERJ Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Objetos, Centro Cultural Fazenda da Posse, RJ 2011_ Espaço Comum, Galeria Cândido Portinari, RJ 2010_ entre-vistas, EAV Parque Lage, RJ 2010_ Exposição Prêmio EDP nas Artes, Instituto Tomie Ohtake, SP 2010_ 12º Salão Nacional de Artes de Itajaí, SC 2010_ 2º Feira de arte impressa Tijuana, Tijuana/Galeria Vermelho, SP 2010_ Tração, Centro Cultural da Justiça Federal, RJ 2009_ Iluminando o Novo, Largo das Artes e Espaço Furnas Cultural, RJ

S/ título Nanquim s/ papel vegetal 150x92cm 2011

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Do mar condensado nas cartas Vídeo, folhas de papel e fotografia Vídeo - 2 min; Folhas de papel (díptico), 20x31cm; Fotografia (díptico), 20x31cm 2011

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IMAGEM E COTIDIA NO Diferentes meios de concepção e constituição de imagens insinuam o modo como transformamos nossas experiências cotidianas em processos midiatizados, reelaborando – ou mesmo criticando – os condicionamentos culturais a que somos constantemente submetidos. Nisso há uma vontade poética, um olhar ficcional que é capaz de nos indicar novas possibilidades e a sugerir um permanente re-fundar da experiência. As fotografias de Ivan Schulze parecem representar um despretensioso estudo etnográfico de certos aspectos presentes nos hábitos dos descendentes de imigrantes europeus no sul do país. Há nesses trabalhos a evidência de um olhar anacrônico desejoso de transformar a relação aparentemente banal entre Passageiro e Motorista em imagens de atmosfera cromática capazes de colocar em xeque qualquer pretensão a objetivar o mundo. Em contrapartida, Bruno Belo apropria-se de diferentes imagens que serão reelaboradas por meio da pintura, constituindo seu processo de trabalho na fissura entre figuração e nãofiguração. O gesto do artista impregna a superfície da tela e as pinceladas diluídas estabelecem uma atmosfera sutil, mas não menos densa, em que fragmentos se misturam, sugerindo indivíduos, animais, objetos, ou mesmo situações diversas. Os vídeos de Cristina Amiran inventariam aspectos observados no espaço urbano e do comportamento humano, por meio da representação de breves relações gestuais repetitivas, suspendendo, assim, a noção de tempo. Em Transição 01 há um deslocamento, um estar-se em suspensão, em abandono, enquanto que em Pass 2 of 2 fica evidente a relação do corpo com aquilo que o condiciona, a ação que se repete continuamente e parece fugir a qualquer propósito prático. Aletéia Daneluz nos propõe uma instalação sonora em que somos convidados a fechar os olhos e dar livre jogo à imaginação, instigados a criar situações, espaços, histórias através das camadas, sobreposições, interdições, sequências de sons capturados do cotidiano. O áudio, assim, parece oferecer novas possibilidades de percepção, quando os olhos se apresentam saturados pelas imagens constantemente processadas do mundo contemporâneo. 12

IVAN SCHULZE “... retratos fotográficos de pessoas comuns, em meio a acontecimentos cotidianos, sendo [a] expressão facial sobreposta ao seu percurso diário...” Exposições Individuais: 2011_ Sobreposição Natureza e Trabalho, Museu Hering, Blumenau, SC 2009_ Entre Janelas e Flores, SENAC Bistrô, Blumenau, SC Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2008_ Espaço Sonho, Museu de Arte de Blumenau MAB 2009_ Fábrica, Projeto Pretexto SESC 2010_ XXV Bienal de Arte Fotográfica Brasileira Preto e Branco

Passageiro e Motorista Fotografia 68x100cm 2009

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CRISTINA AMIRAN “Busco associar o trabalho de deslocamento com a condição de ‘ambulante’, tanto da arte quanto do artista: tudo se move e possibilita novas leituras no espaço e no tempo...”

BRUNO BELO

Formação: 2009_ Fotografia e Arte Contemporânea com Marcos Bonisson, Ateliê da Imagem, RJ 2004_ Workshop Imagens Contemporâneas com Daniel Blaufuks, Espaço SESC, RJ 2003-2005_Cursos com Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale, Luiz Ernesto Moraes e Franz Manata, EAV Parque Lage, RJ 1996_ Desenho - Procedência e Propriedade com Charles Watson, Atelier do Artista, RJ 1988_ Graduação em Comunicação Visual, EBA UFRJ

“Cria-se um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração e organização, tornando tudo igualmente importante e igualmente desimportante...”

Formação: 2011_ Programa Aprofundamento, com Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale e João Modé, EAV Parque Lage, RJ 2010-2011_ Acompanhamento e análise de portfólio, com Daniela Labra 2010_ Acompanhamento e análise de trabalhos, com Luiz Ernesto, EAV Parque Lage, RJ 2009-2010_ Pintura Contemporânea, com João Magalhães, EAV Parque Lage, RJ 2002-2006_ Arquitetura e Urbanismo, Universidade Santa Úrsula, RJ

Exposições Individuais: 2002_ Módulo-Tempo, Galeria Catete, Museu da República, RJ 2002_ Caixas-Objetos, Fundação de Arte de Niterói (FAN), Niterói, RJ Pass 2 of 2 Vídeo Duração: 30” (looping) 2011

Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Black Tie, Galeria BNDES, RJ 2010_ Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Danneman, BA

A morte do elefante Acrílica s/ tela 100x160cm 2010

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Transição 01 Vídeo Duração: 30” (looping) 2011

Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2010_ III Festival Internacional de Video Arte, Camagüey, Cuba 2009_ Foto Lage, Foto Rio 2009, EAV Parque Lage, RJ 2008_ International Triennale of Contemporary Art, National Gallery, Praga, República Tcheca 2007_ Rencontres Internationales Paris/Berlin/Madrid, Centre Pompidou/Jeu de Paume, Paris, França

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ALETÉIA DANELUZ “... a performance se realiza na captação do som gravado e editado, e também na participação individual da pessoa que escuta...”

Formação: 2006-2009_ Fine Art, Slade School of Fine Art, UCL, Londres 2005-2006_ Diploma of Fine Art, Byam Shaw School of Fine Art, Central St Martins, Londres Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2010_ Vou ficar mais um pouquinho, Galeria Tac, RJ 2010_ Ocupação, Praia do Flamengo, RJ 2010_ Vídeo-Brasil, Cinephilia, Londres, Reino Unido 2010_ Confluências, Centro Cultural Helio Oiticica, RJ 2009_ S/ Título, Performance, Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, com direção de Martin Dellamo, RJ 2008_ Spatial, Woburn Studios, Londres, Reino Unido 2008_ Future Films, Camdem Arts Centre, Londres, Reino Unido 2007_ Turtle, Anarchic Salon, Woburn Studio, Londres, Reino Unido

The End, Uma Performance Sonora Áudio + Instalação com cadeira, Ipod e venda para os olhos 2011

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GÊNEROS E COMPOR TAMEN TOS

Condicionamentos do corpo e do comportamento humano, bem como parâmetros identitários cultural e socialmente determinados, são questionados através da noção de gênero. Aqui, mais do que manifestação política explícita, é preciso assumir a representação enquanto unidade poética e instrumento crítico capaz de oferecer novos olhares, novas possibilidades de compreensão das relações interpessoais. Em Comadre, Erika Romaniuk propõe uma passagem do corpo feminino para a própria ocupação do espaço da galeria. Desse modo, o tecido que se esgarça diante de nossos olhos toma forma de um Outro. Como uma parede prestes a gerar vida, seu trabalho coloca em evidência a relação com o corpo do espectador, seja por suas proporções, seja pelo constante desejo do toque frente à maciez e à elasticidade do material. Os pequenos trabalhos de Rogério Silva discutem sutilmente os papéis sociais e culturais bastante demarcados entre as identidades de gênero. São desenhos que contrastam a delicadeza do traço com a densidade da representação e do uso da cor, explorando situações e gestos repetitivos e a fragmentação do corpo como modo de potencializar as imagens. Neles, as aparências podem insinuar, tanto quanto enganar. Nos trabalhos de Adrianna Eu o fazer supostamente feminino estabelece um processo de construção do próprio corpo e das relações de afeto. São proposições que procuram materializar o desejo, colocando em evidência a ambiguidade existente em tal processo através dos contrastes entre materiais e objetos, delicadeza e brutalidade, ternura e erotismo, toque e olhar. 17


Formação: 2010_ Bacharelanda do Curso de Artes Visuais, UFPel Universidade Federal de Pelotas, RS 2009_ Curso de Conservação e Restauro, IILA – Instituto Ítalo Latino, Pelotas, RS Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Poiein Ludus Poiein Faber, Galeria de Artes do DMAE, Porto Alegre, RS 2011_ 5 por 5 BRASIL, Palacio de Bellas Artes da Universidad de Caldas, Colombia 2010_ 19º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia, Centro Vitor Brecherete, Atibaia, SP

Comadre Objeto 40x30x25cm 2010

ERIKA ROMANIUK

ROGÉRIO SILVA

“... crio espaços que abrigam um corpo, mesmo que visualmente.”

“Aqui transplanto, através de personagens emblemáticos, o que é excluído, o que não é dito ou sentido.” Formação: 2009_ Branding e Cultura com Almandrade, Centro de Designer, Recife, PE 2008_ Designer de Superfície, com Renata Rubim, Centro de Designer, Recife, PE 2008_ Memória Gráfica, com Egeu Laus, Centro de Designer, Recife, PE 1998_ Oficinas abertas do MAM com Yuri Sarmento, Salvador, BA

Exposições Individuais: 2006_ Amor de Mulheres, Galeria Frida Khalol, Salvador, BA 2005_ Caleidoscópio, Galeria Frida Khalo, Salvador, BA Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2009_ Desenho Novo, Galeria ACBEU, Salvador, BA 2007_ Circuito das Artes, Palacete das Artes, Salvador, BA

Coração de gente é... Nanquim s/ papel 30x21cm 2011

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TEMPO E REGIS TRO ADRIANNA EU

Formação: 2010-2011_ Grupo Alice, com orientação de Pedro Varela e Brígida Baltar, RJ 2003-2007_ Cursos de Filosofia com Auterives Maciel, Museu da República, RJ 2003-2006_ Cursos com Malu Fatorelli, EAV Parque Lage, RJ

“... de todos esses percursos, talvez o mais plástico deles seja aquele capaz de produzir do desejo algo que se materializa no mundo.”

Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2010_ (021) Feito com carinho, Feira de Arte Impressa, Galeria Vermelho, SP 2009_ Sangue Novo, Museu Bispo do Rosário, RJ 2008_ Morro das Artes IPHAN Intervenções Urbanas, RJ 2008_ Residência em Amman/Jordânia 2007_ Abre Alas, Galeria A Gentil Carioca, RJ 2007_ Primeiro Encuentro Entre Dos Mares, Valência, Espanha 2006_ The Bolivarian Dream - Mostra de VideoArte Latino-Americana, Centro Cultural La Moneda, Santiago, Chile 2006_ Primeira Bienal Internacional de Performance, Galeria Ojo de Bueu, Instituto Arcos/Santiago, Chile 2005_ Mostra de Videoperformances LatinoAmericana, Bienal ‘Performers’

Aula de corte e costura para moças I Série Eu só sei o que seios Guardanapo de linho, linha de costura, agulha 60x60x5cm 2010

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A passagem do tempo não só pode estar evidenciada no processo, mas ser a matéria poética capaz de gerar propostas artísticas diversas. Tempo que transcorre lentamente ou mesmo se fragmenta diante dos nossos olhos, que se apresenta como dimensão almejada frente à aceleração dos processos e relações contemporâneas. Temporalidade marcada na passagem, na superfície, no suporte. Rastro demorado. Pausa. Nos trabalhos de Bianca Bernardo o tempo se apresenta ora na fluidez afetuosa da representação das relações e sentimentos pessoais, ora na ação, no gesto que pede silêncio e parece inverter o fluxo do decorrer das coisas. A artista pretende operar uma tentativa de esvaziamento, um desejo de libertar-se dos excessos, um convite a repensarmos nossa relação íntima com o mundo. Luz Contínua de Lin Lima enfatiza o rastro, a passagem do tempo através do uso do processo fotográfico para registrar um movimento, um deslocamento poético. Os fragmentos apresentados em uníssono através de imagens justapostas estabelecem a relação dialética entre o tempo do homem e o tempo da natureza, entre a sutileza do olhar e a aspiração de representar uma dimensão alargada. Nas fotografias de Ismael Monticelli prevalecem um sentimento de desolamento, estimulado pela dissimulação da presença humana, ou mesmo seu total encobrimento, diante da suposta grandiosidade da paisagem. A perda de referenciais precisos enfatiza ainda mais a dimensão dúbia de suas imagens: o tempo da espera, da imersão íntima ampliada, encobre todas as coisas, ressaltando a prevalência de uma atmosfera distanciada e quase irreal. 21


Formação: 2002-2008_ Bacharelado em Pintura, EBA UFRJ 2006_ Especialização em Direção de Arte, ESPM, RJ Exposição Individual: 2011_ Projeto Escamas, Centro Cultural Banco do Nordeste, PB 2011_ Epidermes, Cosmocopa Arte Contemporânea, RJ

LIN LIMA

Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Acervo Transparente, Cosmocopa Arte Contemporânea, RJ 2011_ BAB - Bienal Anual de Búzios, Armação de Búzios, RJ 2010_ Até 2011, Cosmocopa Arte Contemporânea, RJ 2010_ Coletiva Cosmocopa Arte Contemporânea, RJ 2010_ Salve São Jorge, Espaço Imaginário, RJ 2009_ 300 da Glória, 300 da Glória Arte Contemporânea, RJ 2009_ Em Obra, Espaço Imaginário, RJ 2009_ Salve São Jorge, Espaço Imaginário, RJ 2009_ Grupo Revista, Teatro Odisséia, RJ 2008_ Capitu, Intervenção de 100 artistas pela cidade do RJ 2008_ EBA NOW, Coletiva de Estudantes UFRJ 2005_ UNIVERSIDARTE XIII, Universidade Estácio de Sá, RJ

“A passagem, o movimento, a sequência.”

Luz Contínua Fotografia 69x92cm 2009-2011

Formação: 2010-2011_ Grupo Alice, com orientação de Pedro Varela e Brígida Baltar, RJ 2006-2008_ Mestrado em Artes, PPGARTES UERJ 2001-2005_ Bacharelado em Artes Plásticas, UERJ

BIANCA BERNARDO

Exposições Individuais: 2008_ Giro, Residencia El Levante, Rosario, Argentina 2008_ A Fábrica de Peles, Galeria do Instituto de Artes, UERJ 2005_ Casaco de Pele, Galeria Gustavo Schnoor, UERJ

“Minha obra está pousada sobre a delicadeza. Quer ser respiro, provocar suave arrepio, perceber o invisível...”

Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2010_ (021)Feito com carinho, Feira de Arte Impressa, Galeria Vermelho, SP 2010_ 12º Salão Nacional de Artes de Itajaí, SC 2009_ Vida Longa ao Vila Longuinhos, Museu Murillo La Greca, Recife, PE 2009_ Abre Alas, Galeria A Gentil Carioca, RJ 2008_ Mostra de Performances, Barracão Maravilha, RJ 2008_ Rede de linhas entrecruzadas, Ateliê Subterrânea, Porto Alegre 2007_ Elogio ao Tempo, EAV Parque Lage, RJ 2007_ Desde Río, Belleza y Felicidad, Buenos Aires, Argentina 2006_ Paixão, Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, RJ

Ataque Poiético Ação espontânea Copacabana, Rio de Janeiro 2011

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FRAGMEN TO E APRO PRIAÇÃO ISMAEL MONTICELLI

Formação: 2010_ Bacharelado em Artes Visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, RS 2005-2010_ Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos, São Leopoldo, RS (incompleto)

“... formando imagens que não evidenciam uma temática específica, onde persiste a ideia de indivíduos fazendo ações nenhumas.”

Exposição Individual: 2011_ A paixão faz das pedras inertes, um drama, XII Concurso de Artes Plásticas, Goethe Institut, Porto Alegre, RS (outubro de 2011)

S/ título I Fotografia impressa com pigmento mineral s/ papel algodão 66x100cm 2011

Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Tendências Contemporâneas, Pinacoteca do Instituto de Artes/UFRGS, Porto Alegre, RS 2011_ Fotograma Livre - Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, Santander Cultural, Porto Alegre, RS 2010_ Festival de Fotografia HTTPpix 2010, Instituto Sérgio Motta, São Paulo, SP (artista premiado) 2010_ Mostra Coletiva Olheiro da Arte, curadoria de Fernando Cocchiarale, CCJE, RJ 2009_ Mostra Coletiva Olheiro da Arte, curadoria de Fernando Cocchiarale, CCJE, RJ

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Todo fragmento é uma possibilidade de fricção do sentido, uma fissura capaz de suspender aquilo que está na superfície, de inverter e mesmo reconhecer novas significações em latência. Ao se apropriarem de fragmentos diversos, muitos artistas reelaboram seus próprios processos e o modo como vemos, consumimos e nos relacionamos com as imagens que nos cercam. Leo Ayres, por exemplo, questiona as representações do masculino através de suas colagens, reforçando o quanto as imagens editoriais criadas e reproduzidas em larga escala no Ocidente definiram um modo de ver e pensar tanto o corpo quanto algumas noções específicas de masculinidade. Seu Manual, desse modo, reelabora tais estereótipos ao se apropriar, aproximar e redimensionar fragmentos de corpos, propondo um novo modo de uso para eles. Essa relação se estende ao trabalho de Virgílio Neto, uma vez que a apropriação de imagens de fontes diversas, desde álbuns de família a revistas e internet constitui um repertório referencial para a criação de novas e variadas narrativas. Descontextualizando tais fragmentos, reelaborando-os através do desenho, propõe a possibilidade de renascimento para padrões imagéticos desgastados pela sociedade de consumo. Nos trabalhos de Pedro Meyer também fica explícita a relação dialética entre imagem apropriada e imagem reconstruída enquanto processo gráfico-pictórico. Contudo, mais do que intermediar uma suposta subjetivação através desse procedimento, o artista evidencia o quanto há de condicionamento na padronização da mancha e nas articulações entre aspectos gráficos e discursos teóricos implícitos. 25


LEO AYRES “Manual tanto pode se referir a um livro que ensina um modo de usar, como ao uso das mãos.” Formação: 2011_ Grupo Alice, com Brígida Baltar e Pedro Varela, RJ 2004-2008_ Diversos cursos, EAV Parque Lage, RJ 2007_ Procedência e Propriedade, com Charles Watson, RJ Exposições Individuais: 2011_ Como Eu, Galeria Oscar Cruz, SP 2011_ Discoteca de mão, Cosmocopa Arte Contemporânea, RJ Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Schrödinger’s Menagerie, Artlink A.E. England Gallery, Phoenix, AZ 2011_Jogos de Guerra, Caixa Cultural, RJ 2010_ Postcards from the Edge, ZieherSmith, New York 2008_ Abre Alas, Galeria Largo das Artes, RJ – organização A Gentil Carioca 2008_ Selecionados Universidarte XV, Parque das Ruínas, RJ 2007_ Lusovideografia, Oi Futuro, RJ

VIRGÍLIO NETO

“É na vulnerabilidade da imagem que tento mostrar toda sua força.”

Formação: 2008_ Bacharel em Desenho Industrial pela Universiadade de Brasília – UNB, DF

Manual 381 Colagem - páginas de livro, foam board, papel 29,7x42x2,5cm 2011 Manual (Índice) Colagem - páginas de livro, foam board, papel 29,7x42x2,5cm 2011

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Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Galeria Graça Landeira, Belém, PA 2011_ Salão Centro-oeste de Arte Contemporânea, Espaço Cultural UFG, Goiânia 2011_ Mirada Desobediênte, Galeria Parangolê - Espaço Cultural 508, Brasília 2010_ Fresh Produce, Anno Domini Gallery, San Jose 2010_ Open Gallery, Brick Lane, Londres

S/ título Grafite, lápis de cor e guache s/ papel 38x36cm 2011

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PAISAGEM E CONS TRUÇÃO PEDRO MEYER “Os motivos nas escolhas das imagens são significativos, eles operam um jogo entre determinação conceitual e impulso aleatório.”

Formação: 2008-2013_ Doutorando em Linguagens Visuais, orientação de Paulo Venancio Filho, EBA-UFRJ 2010_ Curso Aprofundamento, com Glória Ferreira, Lívia Flores e Luiz Ernesto, EAV Parque Lage, RJ 2006-2008_ Mestre em Linguagens Visuais, orientação de Carlos Zilio, EBA-UFRJ 1997-2005_ Bacharel em Desenho Industrial, Esdi UERJ Exposições individuais: 2010_ Banheiro Travesti, Bienal de Amsterdam, Pavilhão do Rio de Janeiro, Holanda 2005_ Pinturas e Desenhos, Galeria de Arte LGC, RJ Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2010_ Salão de Abril, Galeria Antonio Bandeira, Fortaleza, CE 2009_ Carnal, Galeria Schuebbe Projects, Düsseldorf, Alemanha 2007_ Extra-Muros, Paço Imperial, RJ

Gabriela Mureb Pintura 113x113cm 2011

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Por fim, em trabalhos relacionados à construção arquitetônica e à representação da paisagem fica subentendida a relação dessas instâncias com um corpo, seja o do próprio artista como presença subjacente ao processo de constituição do trabalho ou o do espectador diante da aparição pública da obra. Retomamos, assim, à superfície para novamente encontrarmos no reflexo do Outro nossa própria face. O trabalho de Ivan Grilo problematiza a construção das imagens a partir da fragilidade de sua condição. Tendo como referência registros encontrados em acervos históricos, sua transposição através da impressão coloca em evidência tanto a fragilidade dessas imagens quanto da memória que asseguraria sua permanência. Aqui há sempre a espera eminente de um possível apagamento, da desconstrução como esfacelamento. AoLeo estabelece em seus trabalhos uma relação entre arquitetura e paisagem que é problematizada através do uso de espelhos, promovendo a tensão entre a virtualidade daquilo que não veríamos e a suposta concretude da imagem construída. No gesto de escolha e na presença subentendida do artista, nos procedimentos de manipulação e nas suas escolhas afetivas, reinstitui a discussão da imagem fotográfica enquanto representação subjetiva do mundo. Estudo para Ficar num Canto de Ricardo Alves finaliza nosso percurso. Seus trabalhos são pinturas de pequenos formatos que partem da ambiguidade dos processos de representação do espaço, entre o ilusionismo e o reconhecimento da superfície plana, a tridimensionalidade e a decoração, mas também enquanto ato performativo insinuado através do enunciado do título: temos, assim, a visão daquele que se colocou numa posição específica. Portanto, um ponto de vista que não constrói a imagem pictórica, mas em si conceitua um modo como podemos ver o mundo. 29


“Arquitetu(r)eflexo nutre-se do mesmo desejo de propor uma arquitetura fragmentada através da reflexão de espelhos.”

AOLEO IVAN GRILO “O que está realmente em foco é o início de uma pesquisa em torno dos binômios solidez/fragilidade e memória/apagamento.”

Formação: Desde 2010_ Assistente do artista Marcelo Moscheta 2004-2007_ Graduação em Artes Visuais, PUC-Campinas, SP Formação: 2009-2010_ EAV – Parque Lage 2004-2009_ Artes Plásticas– UERJ 2004-2007_ Direção Teatral – UFRJ

Exposições Individuais: 2011_ Ninguém, Paço das Artes, São Paulo, SP 2011_ A Pausa do Retrato, Usina do Gasômetro - Galeria Lunara, Porto Alegre, RS 2011_ Sujeito Oculto, Galeria Homero Massena, Vitória, ES 2009_ Irreversível, Centro Cultural Adamastor, Guarulhos, SP

Frágil Fotografia de acervo impressa na lateral de bloco de papel 11x15x10cm 2010

Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ 16ª Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, Portugal 2010_ 35º SARP - Salão de Arte de Ribeirão Preto, MARP, Ribeirão Preto, SP 2008_ 14º Salão Unama de Pequenos Formatos, Galeria Graça Landeira, Belém, PA 2007_ 39º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Pinacoteca Miguel Dutra, SP

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Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Arte Fórum, Palácio Universitário UFRJ 2010-2011_ entre-vistas, EAV Parque Lage, RJ 2010_ Experimentações, Galeria Progetti, RJ 2010_ Força da Beleza, Galeria Belvedere Paraty, RJ 2009_ Olheiro da Arte, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, RJ

Exercício de Reflexão Arquitetu(r)eflexo Fotografia 60x80cm 2011

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RICARDO ALVES

“... em muitos casos, ele [Estudo] se mostra como fundamental para percebermos os movimentos de tomadas de decisões de um artista.”

Formação: Cursando Licenciatura em Artes Plásticas pela Escola de Comunicações e Artes da USP Exposições Coletivas: 2011_ Novíssimos, Galeria de Arte Ibeu, RJ 2011_ Objetos para a arte, MARP, Ribeirão Preto, SP 2011_ 19° Visualidade Nascente da USP, SP 2011_ Programa de exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto, SP 2010_ 35° Salão de Arte de Ribeirão Preto – Nacional Contemporâneo, Ribeirão Preto, SP 2010_ 18° Visualidade Nascente da USP, SP

Estudo para conseguir ficar num canto I Acrílica e colagem s/ mdf 17x39cm 2011 Estudo para conseguir ficar num canto II Acrílica e colagem s/ mdf 10x26,5cm 2011

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