Edifício 156

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Edifício 156 Porto 1927

ANDRÉ MAGALHÃES CAMELO MIGUEL TORRES RIBEIRO


EDIFÍCIO 156 DA MISERICÓRDIA DO PORTO, ZONA VI, AV. DOS ALIADOS

O projeto do edifício n. º156, projetado pelo Arq. Marques da Silva em 1927,

O edifício estabelece, com muita clareza, um compromisso entre a fachada

apresenta-se-nos como uma resposta unitária a um duplo problema: a ne-

monumental que caracteriza o conjunto em que se insere e a resposta pro-

cessidade de uma nova de linguagem representativa e comunicante, exigi-

gramática e pragmática imposta, sem que algum dos dois caminhos confli-

da pela futura Avenida das Nações Aliadas, e o prolongamento dos edifícios

tuem entre si ou se sobreponham. (B)

existentes confinantes com a, extinta, rua Elias Garcia imposto pelo novo alinhamento da dita avenida. (A)

O Arq. Marques da Silva desenha a extensão dos edifícios existentes na Rua Elias Garcia até ao novo alinhamento tendo por pressuposto a leitu-

“(...) está agrupado esse prédio na Zona VI em que a Ex.ma. Câmara dividiu

ra harmónica do conjunto proposta para o alçado aos Aliados, e aos olhos

os prédios da rua Elias Garcia no seu avanço para a Avenida. Por tal motivo

dos transeuntes da nova Avenida, os três edifícios transformam-se num

a fachada de conjunto da zona comprehende não só a edificação referente a

só, coerentemente. O ritmo alternado da fachada, liberto do espartilho da

esta memória como as dos prédios contíguos de n.º122 a 111. As plantas do

simetria, cria a ilusão de um todo dissimulando o real emparcelamento.

rez-do-chão e dos 1º,2º,3º,4º e 5º andares que esta edificação constitue trez

Exemplo claro disso é a partilha de duas parcelas autónomas do mesmo

prédios distintos, comquanto dois d´elles tenham entrada comum. (...)” (1)

acesso à rua. Esta perceção é enfatizada pela síntese: três parcelas, duas portas, uma fachada. (C)


A

No interior, condicionado pela pré-existência, que mantém quase na to-

Em duas versões distintas, propõe fazê-lo utilizando um elemento pré

talidade, o Arq. Marques da Silva consegue sem grandes alterações, ex-

-existente, a escada, como charneira entre o novo e o antigo, dando-lhe

cetuando as decorativas, harmonizar o novo prolongamento ao edifício

continuidade para os novos pisos (não executada onde inicialmente projec-

pré-existente. A harmonização entre o carácter monumental e contempo-

tada), e desdobrando-a em dois elementos verticais conforme construída.

râneo da fachada em cantaria e a maior sobriedade dos edifícios pré-exis-

Em ambas as situações, denota-se a necessidade (e vontade) de compati-

tentes é feita através da extensão projetada que cose as duas realidades,

bilização com a pré-existência interior conjugando-a com a premência de

diluindo-se progressivamente o fulgor decorativo patente no alçado do

notabilidade do novo boulevard. (C)(D)

novo alinhamento, pelas salas orientadas aos Aliados, de dimensões mais generosas e onde se inscrevem elementos decorativos de geometria mais contemporânea. Também na técnica construtiva empregue, naturalmente, se identificam elementos que retratam o hiato temporal das duas fases construtivas distintas do conjunto harmonizado.

in memória descritiva do projecto , 1924, Arquivo Municipal do Porto


A


B



C



D


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