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Museo Chileno de Arte Precolombiana, Santiago (Chile) 1 e mais: Eataly, SĂŁo Paulo (Brasil) | Victoria Theatre, Singapura | Grand-Place, Bruxelas (BĂŠlgica)


Na fachada frontal, fitas de LED dão profundidade às cornijas e elementos ornamentais, enquanto as aberturas envidraçadas do primeiro pavimento são valorizadas por sua transparência. A torre do relógio recebeu iluminação por projetores de vapor metálico e lentes difusoras, escolhidas para dar homogeneidade à superfície

O antigo encontra o novo Texto: Gilberto Franco | Fotos: Lighting Planning Associates

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eaberto ao público em 2014, o centenário complexo arquitetônico VictoriaTheatre and Concert Hall, no Centro Cívico de Singapura, foi objeto de ampla renovação interna, permanecendo por quatro anos fechado ao público. Este emblemático conjunto de arquitetura vitoriana, composto por dois edifícios espelhados entre si – um teatro e um salão de concertos – unidos por uma torre, teve seu projeto de renovação a cargo do escritório W Architects, que por sua vez foi assessorado por uma ampla equipe, incluindo restauradores (Architectural Restoration Consultants), a filial Arup Singapura – encarregada do replanejamento funcional e acústico dos teatros – e, para o projeto de iluminação, o escritório Lighting Planners Associates, do lighting designer Kaoru Mende, com coordenação de Yusuki Hattori. As reformas visaram a reparação e atualização do edifício para padrões modernos de funcionalidade, o que significou, em alguns casos, a completa demolição de áreas internas, de modo a acolher novos espaços, tais como áreas administrativas, áreas para locação, cafeterias etc. Enquanto uma significativa parte do salão de concertos foi mantida, praticamente toda a área interna do teatro foi refeita. As fachadas, em estilo inglês vitoriano – de certo ecletismo e com inspirações italianas –, foram preservadas na íntegra. Com a redução de lugares do Teatro de 900 para 600, o edifício agora pode abrigar novos espaços para o público e artistas, contando ainda, com um amplo átrio de ligação, que serve também para abrigar manifestações artísticas e performances.

Transparência A fachada foi cuidadosamente iluminada por meio de uma combinação de wallwashers de piso (com lâmpadas fluorescentes T5) embutidos na calçada para a base, e fitas de LED colocadas em

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Acima, no edifício do Teatro, a fachada interna do bloco administrativo foi recoberta com assentos das antigas cadeiras do teatro, intercalados por painéis curvados difusos, que vistos de fora recriam a ideia de um candelabro etéreo. Ao lado, no edifício da Sala de Concertos, a escada interna foi revestida com uma delgada pele metálica, cuja semitransparência foi valorizada por uma “chuva” de fachos concentrados. Na página da direita, no átrio, nenhuma luz distrai o observador, que é convidado a admirar a torre através da grande claraboia. A luz deste espaço provém apenas do efeito “haloween” das aberturas laterais e das colunas, iluminadas por uplights

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pontos estratégicos da cornija, de modo a realçar sua volumetria. A vegetação frontal, vista em silhueta, ressalta a percepção da fachada. Projetores de vapor metálico equipados com sofisticadas lentes difusoras iluminam a torre de modo a conferir-lhe um aspecto homogêneo. A parte central da fachada, por sua vez, caracterizada por dois elementos proeminentes, um do lado do Teatro, outro do lado da Sala de Concertos, teve sua iluminação externa reduzida, o que permite o destaque dos respectivos elementos internos – do lado direito (Sala de Concertos), uma escada espiral revestida por uma pele semitransparente, iluminada por uma bateria de downlights com lâmpadas MR16-LED de facho concentrado; do lado esquerdo (Teatro), uma poderosa fachada interna feita de assentos das antigas cadeiras do Teatro é iluminada por floodlights vindos do teto, complementados por uma disposição aleatória de superfícies curvadas difusas (com backlight em LEDs), intercaladas com os assentos. Visto de fora, este jogo de elementos difusos recria, de forma elegante e inovadora, a impressão de um grande“candelabro”. No átrio central, uma claraboia permite a entrada de luz natural durante o dia, enquanto à noite serve como visor para se perceber a torre iluminada. Um arranjo de pendentes e downlights nos corredores iluminam suavemente o hall, criando um efeito “halloween” sem que o visitante se distraia da percepção principal, que é a visão da torre. A única iluminação no átrio propriamente dito são uplights colocados junto aos pilares, que também preservam a clareza dessa percepção. Nas palavras dos lighting designers, “é o equilíbrio entre as diferentes luminâncias, cuidadosamente estudado, que coloca o expectador numa circunstância simultaneamente ‘externa-interna’”. E completa: “Os olhos das pessoas um percurso ascendente a partir das superfícies iluminadas, até atingir a torre do relógio”.

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Hall de concertos e teatro O que garante o equilíbrio a elegância e o bom desempenho dos resultados é uma combinação entre fontes de LED de última geração e lâmpadas halógenas convencionais. Ainda segundo os autores, “apesar da grande popularidade dos LEDs nos dias atuais, estes ainda são fontes que requerem maior desenvolvimento em termos de consistência cromática e mesmo óptica”. Especificamente no Teatro, a iluminação da plateia foi mantida em halógena pela necessidade de dimerização contínua até 0%, além do desejo de se preservar a mudança de temperatura de cor que acompanha a dimerização nesse tipo de fonte. (Hattori frisa que hoje em dia já existem LEDs com essas características, o que não ocorreu na ocasião do projeto.) Já para a Sala de Concertos, os downlights receberam LEDs de baixa temperatura de cor, dimerizáveis até 10%, desenvolvidos especialmente para este projeto. Mas mais importante do que o extensivo uso de LEDs foi a adoção de uma estratégia minimalista no uso da luz, colocando-a apenas onde necessário para se ter a correta percepção do espaço e da arquitetura, frisam os autores. Tanto para o hall de concertos como para o Teatro foram utilizadas fontes e drivers cuidadosamente escolhidos e 100% livres de qualquer ruído ou interferência eletrônica. “E para que todas as diferentes fontes de luz concertassem entre si em harmonia, numerosos testes e mockups foram desenvolvidos, com extraordinário suporte dos clientes, arquitetos e construtores”, finaliza Hattori. Nesse sentido, é exatamente a última tecnologia que vem anunciar o começo de uma nova era para um edifício já tão conhecido e amado pelo público.

Na página à esquerda, downlights de LED iluminam a Sala de Concertos, dimerizável até 10%, o que permite a leitura dos folhetos durante a apresentação. Pequenos projetores rasantes dão destaque às colunas. Acima, no teatro, fitas de LED por detrás do revestimento destacam-no das paredes. A iluminação é dimerizada até 0% graças ao uso de fontes halógenas. Abaixo, a fachada lateral do Teatro repete a iluminação da fachafa frontal

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