PORTFOLIO ESTUDIO

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Dom Quixote Técnica: Lápis e aquarela sobre papel Cliente: LP&M Editores 2008

Robinson Crusoe Técnica: Pena e nanquim sobre papel, colorizado no Photoshop Cliente: LP&M Editores 2008

Romeu e Julieta Técnica: Pena e nanquim sobre papel, colorizado no Photoshop Cliente: LP&M Editores 2008


Doce Paraíso Técnica: Pena e nanquim sobre papel Cliente: LP&M Editores 2008

Guia politicamente incorreto da História do Brasil Técnica: digital Cliente: Leya Editores 2009

O calcanhar do Aquiles Técnica: bico de pena sobre papel Cliente: Arquipélago Editorial 2005


Meu Guri Técnica: Photoshop Cliente: LP&M Editores 2008

Desembarcando a Tristeza Técnica: Pena e nanquim sobre papel Cliente: LP&M Editores 2008

Só as mulheres e as baratas sobreviverão Técnica: Photoshop Cliente: LP&M Editores 2009

A história dos Grenais Técnica: Photoshop Cliente: LP&M Editores 2009


Duelo de Batman Contra a MTV Técnica: acrílico sobre papel Cliente: LP&M Editores Prêmio Jabuti - categoria juvenil - 2005

Cardápios de Anonymus Gourmet Técnica: Illustrator Cliente: LP&M Editores 2008

Mulheres! Técnica: Illustrator Cliente: LP&M Editores 2008


Livro “Sobrescritos” Técnica: Digital Cliente: Arquipélago Editorial 2009

Livro “Os 100 melhores jogadores brasileiros de todos os tempos” Técnica: Bico de pena Cliente: Ediouro Editora 2009


Inteligência Organizacional e Projetos

Programa de Educação Fiscal para Crianças Cliente: Secretaria da Fazenda do Estado do RS 2009

Promoção “Invente o Futuro” Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Digital 2009

Promoção “A fantástica máquina de fazer jornal” Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Digital 2009

Promoção “Clubinho - Clube do Assinante ZH” Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Digital 2009


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“Cuide dos meios.

“Tantas vezes pensamos ter chegado. Tantas vezes é preciso ir além.”

“Alguns homens observam o mundo e se perguntam por quê? Outros observam e se perguntam por que não?”

O fim cuidará se si mesmo.” Mahatma Gandhi

Fernando Pessoa

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01 - Confraternização Universal

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“A vida necessita de pausas.”

“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.”

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02 - Nossa Senhora dos Navegantes

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Carlos Drummond de Andrade

George Bernard Shaw

24 - Carnaval

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“O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”

José Saramago

Guimarães Rosa

ABRIL 2009

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10 - Paixão

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12 - Páscoa

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“A riqueza consiste muito mais em desfrutar do que em possuir.”

“Obstáculos são aquelas coisas medonhas que você vê quando tira os olhos de seu objetivo.”

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01 - Dia do Trabalho

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SETEMBRO 2009

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“Correr não adianta, é preciso partir a tempo.”

“Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você.”

“Nunca confunda movimento com ação.”

La Fontaine

William Shakespeare

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12 - N. Sra. Aparecida

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07 - Independência do Brasil

Ernest Hemingway

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NOVEMBRO 2009

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Albert Einstein

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“A vida é um eco. Se não está gostando do que está recebendo, observe o que está emitindo.”

Henry Ford

JULHO 2009 DOM

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Aristóteles

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QUA 4 11 18 25 02 - Finados

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15 - Proclamação da República

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SAB 5 12 19 26 25 - Natal

Caricaturas e projeto gráfico para calendário de mesa Técnica: Illustrator 2009


Criação de cenários para site, embalagem e out door da campanha de verão Ramarim 2007

Ilustrações para cartões de Natal SpeedGraph 2007


Conferência Naci

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8 anos de luta

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NAL ACIOnal N A I io ÁR PLEdNo Fórum Nactização pela

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31 de julho e 1º de agosto de 2009 Rio de Janeiro-RJ

Participe! Visite nosso sítio e inscreva-se.

Informações:

www. fndc.org.br inscricoes@fndc.org.br cartaz plenaria.pdf

05.05.08

15:37:25

XIV Plenária Fórum Nacional pela

da

Democratização

Comunicação

Preparando a Conferência Nacional de Comunicação

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POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZAÇÃO SOCIAL

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de outubro de 2006 Florianópolis - SC



Revista SESC/RJ Técnica: Illustrator Abril/2009

Revista SESC/RJ Técnica: Illustrator Agosto/2008


Luiz Edmundo, da Accor Empresa que sÛ contrata jovens envelhecer· www.amanha.com.br

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Dezembro de 2006 N∫ 227 Ano 21 R$ 8,00

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Marketing

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Um perfil da dupla que comandar· a Gerdau

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Especialistas mostram como È possÌ vel romper - sem m· gicas - um ciclo de baixo crescimento

Revista Aplauso Técnica: aIllustrator Ano 8/2006


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Ao se completarem os dias PERCIVAL PUGGINA*

ZERO HORA > DOMINGO | 23 | DEZEMBRO | 2007

SENTENÇAS “Ter um dom não é suficiente. Tem que ter dedicação.” KAKÁ, SOLICITADO A DAR SUA RECEITA DE ÊXITO

MARCOS ROLIM*

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Natal de Jesus nos coloca perante dois mistérios: o mistério do Verbo que se fez carne e o mistério da vida humana. “No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus”, ensina João no início de seu evangelho. E, mais adiante, proclama: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É Lucas, no entanto, quem esclarece, através de belíssimo hino de louvor a Maria, a forma como isso se deu. Percebe-se ali que o “Sim” de Maria desencadeia um processo divino e humano. De um lado, a gravidez normal, até “se completarem os dias em que devia dar à luz”; de outro, a gravidez da Salvação, da qual a humanidade toda se faz ventre e herdeira. A narrativa de Lucas informa que Maria, logo após a Anunciação, “pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39), onde morava Isabel, para verificar aquela inusitada e também misteriosa gravidez da prima idosa e estéril. Portanto, quando ambas se encontram, a saudação da prima – “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”, O Natal seguida de “Donde deveria me vem esta honra de erguer nosso ter comigo a mãe do meu Senhor?” (Lc 1, pensamento 42-43) – se faz peranaos horizontes te uma jovem grávida há poucos dias. mais amplos A festa do Natal e generosos celebra o nascimento da vida daquele minúsculo ser, daquele divino embrião, diante do qual Isabel reconheceu o Salvador, proclamando a oração que se repete através dos séculos. Verdadeiro Deus, Ele poderia ter vindo ao mundo de qualquer jeito; poderia ter evitado o parto, os desconfortos das fraldas e os mal-estares do crescimento. Mas, verdadeiro homem, preferiu cumprir todas as etapas da vida humana. Por mais que alguns cérebros se fechem à ciência, aos fatos e ao espírito, por mais que alguns obstetras legislativos atentem contra úteros grávidos, é humana a vida na qual pretendem espetar suas agulhas de tricô jurídicas. O fruto do ventre de Maria, reconhecido e louvado por Isabel, não era um aglomerado de células. Era o mesmo Jesus cujo nascimento festejaremos depois de amanhã. Quem aprende com a eternidade aprende para a eternidade. Aprende lições que o tempo não desgasta nem consome, lições para a felicidade e para o bem. Por isso, a maior e melhor novidade do ano que se avizinha será sempre a Boa Nova, que infatigavelmente põe em marcha a História da Salvação. Ela inclui o Presépio, mas vai muito além dele, porque o Menino Jesus é o mesmo Jesus do Sermão da Montanha, da cruz e da Ressurreição! Assim como a festa do nosso aniversário nos remete quase inevitavelmente a uma reflexão sobre a nossa vida, e não sobre nosso parto ou o berçário onde fomos acolhidos, o Natal deveria erguer nosso pensamento aos horizontes mais amplos e generosos da vida e da vida eterna. Feliz Natal! *Escritor

A bela e a fera

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“Vou viajar no Carnaval/ Dona ministra, não me leve a mal /Não quero barra de cereal/ Relaxa e goza neste Carnaval.”

“O senhor não vai bagunçar a minha audiência. Aqui não é a Câmara dos Deputados.”

JUÍZA MARIA DE FÁTIMA, DA 10ª VARA DA JUSTIÇA FEDERAL EM BRASÍLIA, EM INTERROGATÓRIO DO DEPUTADO PAULO ROCHA (PT-PA), UM DOS ENVOLVIDOS NO MENSALÃO

DO SAMBA-ENREDO DO BLOCO PRÉ-CARNAVALESCO “NÓS QUE NOS AMAMOS TANTO”, DE BRASÍLIA

“A pressa é uma das máscaras da angústia.”

“Não há de ser em vão o desapego de abrir mão da própria vida.”

PSICANALISTA MÁRIO CORSO, SOBRE A VELOCIDADE NO TRÂNSITO

“Propomos uma revolução cultural nesse país.”

ATRIZ LETÍCIA SABATELLA, SOBRE A GREVE DE FOME DE DOM LUIZ FLÁVIO CAPPIO CONTRA A TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

PSICÓLOGO SALOMÃO RABINOVICH, SOBRE O QUE PRECISA SER FEITO PARA REDUZIR AS MORTES NO TRÂNSITO

m 12 de junho deste ano, Tony Blair discursou na sede da Reuters sobre a mídia (texto completo em: http://www.mindfully.org/Reform/2007/ Blair-Public-Life12jun07.htm), chamando a atenção para a maneira quase sempre superficial com a qual o jornalismo contemporâneo trata da política. Disse que se tornou difícil separar fatos e opiniões na cobertura, pelo que o jornalismo desconstitui a realidade que deveria conhecer e sobre a qual se espera que informe. Afirmou que, pela concorrência, os veículos são empurrados para condutas menos éticas, direcionadas pelos interesses dos anunciantes e por abordagens que produzam “mais calor do que luz”. O sensacionalismo estaria transformando a mídia em uma “fera selvagem obcecada pelo impacto”. Disse que uma imprensa livre é vital para a democracia, mas que é também vital para uma sociedade livre que a cobertura da mídia possa ser debatida e que existam espaços onde visões críticas sobre a imprensa frutifiquem. Os melhores jornais ingleses reagiram bem ao discurso e o publicaram. The Guardian saiu-se com um editorial sério e um título espirituoso “Right sermon, wrong preacher” (algo como “sermão certo, vigário errado”). No texto, o jornal disse que a maneira fácil de responder ao primeiro-ministro seria lembrar que ele próprio era um mestre em “verdades pela meFicamos com tade”, mas que seu discurso as lágrimas merecia uma resposta mais séria, já que muitas das suas de Letícia críticas estavam corretas. Sabatella Considero Blair um dos quadros políticos mais capa(que, fomos zes em todo o mundo – o que informados, não o livrou de erros monuluta contra mentais como o envolvimenno Iraque – e cito-o porque a transposição) to ele não constitui propriamente o perfil de um “demônio bolivariano”, e também porque não me identifico com sua trajetória. Entendo, entretanto, que ao falar sobre a mídia, Blair abordou questões que não podem ser ignoradas e que são ainda mais atuais e urgentes para a democracia brasileira. Incorporar a diferença de forma radical e abrir-se institucionalmente para a crítica parecem ser duas exigências básicas para uma mídia democrática (passo importante para esta postura, aliás, tem sido cumprido pelo ombudsman da Folha de S. Paulo, em uma experiência que segue sendo única no Brasil, inexplicavelmente). Já há muito, me causa espanto os rumos da cobertura política, tanto quanto a impossibilidade real de discutir o jornalismo que por aqui se pratica (sim, porque toda tentativa corre o risco de ser logo classificada como um “atentado à liberdade de expressão”). Observe-se, por exemplo, o caso da transposição do Rio São Francisco. Uma obra mais recentemente estimada em R$ 6 bilhões, e que acaba de ganhar o estatuto de notícia graças à greve de fome de dom Luiz Cappio. De um lado, a promessa do governo de enfrentar a sede no semi-árido nordestino, beneficiando 12 milhões de pessoas; de outro, as críticas de ambientalistas que apontam para os riscos do projeto e para sua inoperância. Quem, com base nas matérias jornalísticas já produzidas no Brasil, terá firmado uma posição, ainda que inicial, sobre o tema? Mas se não é possível saber o que está em jogo com base na publicação de dados criteriosos e dos argumentos das posições em disputa, como ficamos? Respondo: ficamos com as lágrimas da bela Letícia Sabatella (que, fomos informados, luta contra a transposição). E com esta imagem quase líquida temos que nos virar no escuro, porque sobre o assunto mesmo não há informação que valha a pena, nem “imagem” que ilumine. *Jornalista

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ZERO HORA > DOMINGO | 4 | FEVEREIRO | 2007

Ouvindo estrelas

Imagine

SENTENÇAS

PERCIVAL PUGGINA *

MARCOS ROLIM *

“Minha história não acabou. Vou dar a volta por cima.”

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rimeiro, nos roubaram a tranqüilidade. Em seguida, tomaram-nos a coragem e nos impuseram o medo. Por fim, aprisionaram-nos e transformaram nossa paranóia em puro realismo. Eis, então, como vivemos: à mercê da criminalidade, titular de incontáveis direitos e prerrogativas. Se, num assalto a banco, resultarem feridos um cidadão e um bandido, aquele arcará com os próprios custos e danos pessoais, ao passo que o bandido estará sob a ampla tutela do Estado. Sei que o sistema penal anglo-saxão, com aquela história de chamar bandido de outlaw (ou seja, forada-lei), é mais primitivo e desumano do que o nosso. Ele é primitivo e desumano, sim. Trata bandido como tal, dá celeridade aos processos e confere rigor às penas. Muito, muito desagradável, bem se vê. Mas convenhamos: nós batemos no teto em matéria de lentidão processual, sinuosidades recursais e misericórdia para com a criminalidade (de colarinho impecável ou puído). Repetidas vezes, como que ouvindo estrelas, tenho escutado que o rigor penal – processos rápidos e penas severas – não reduzem a criminalidade. Puxa vida! Terão descoberto a solução? Processos lentos e penas brandas? Então a Indonésia deve ter mais traficantes do que a Bolívia. Ora, dizem outros, também ouvindo estrelas: “Criminalidade se resolve com mais educação e menos desigualdade social”. E eu contraponho, na forma de Bilac: Certo perdeste o senso, amigo, porque isso não explica a baixa criminalidade da Índia, várias vezes menor do que a nossa, nem a brusca queda dos índices em Bogotá e Nova York. De fato, precisamos de educação e de reduzir as desigualdades sociais, mas por razões superiores a essa. Na origem de tais alegações há uma perspectiva ideológica que pretenNa origem de de converter o criminoso tais alegações em vítima das mazelas sociais, cujo verdadeiro auhá uma tor, quem deveria compaperspectiva recer ao tribunal para amargar punição, é o suideológica jeito que ele esfaqueou paque pretende ra roubar os tênis ou o doconverter o no da propriedade que invadiu. criminoso Nas terríveis circunstânem vítima cias com as quais convivemos, autoridades e agentes da segurança pública precisam contar com a parceria da sociedade. Em outras palavras: deixem os homens trabalhar. Eles são experientes e conhecem normas e limites de sua ação. É muito fácil fazer admoestações sobre o tema, dentro da biblioteca, cercado de literatura e longe do bangue-bangue. Excessos ocasionais devem ser objeto de medidas de correção e tratamento judicial posterior. Embora não seja carpideira de criminoso, não estou dizendo que bandido bom é bandido morto. Bandido bom é bandido neutralizado, intimidado, abandonando a profissão, preso. Ouvidores de estrelas retomam seu discurso: “Nossas prisões não recuperam”. E, de novo, perdem o senso, porque pena de prisão é castigo, desestímulo ao crime, redução de riscos para a sociedade e, também, oportunidade de recuperação. Mas as três primeiras são eficazes. Ocorrida a prisão, se efetivam. A última, mesmo fornecidas as condições, é apenas possibilidade. Por fim, bandidos precisam saber que se saírem armados para atacar arriscam-se a ter o mesmo fim a que expõem os demais.

“Tenho problemas com a monogamia e vocês, com a ‘liberal democracia’.” BRASILIANISTA RICHARD MONEYGRAND, EM CONVERSA COM O ANTROPÓLOGO ROBERTO DAMATTA

* Jornalista

“Ele está voltando para o lado errado da cidade.” MASSIMO MORATTI, PRESIDENTE DA INTER, DE MILÃO, SOBRE A CONTRATAÇÃO DE RONALDO PELO RIVAL MILAN

“Os poderes são invernadas de uma mesma instância, cujo patrão é o povo gaúcho.”

“Saí pela porta da frente e não vou voltar pela porta do fundo.” PRESIDENTE DO PTB, ROBERTO JEFFERSON, SOBRE A POSSIBILIDADE DE UMA EVENTUAL ANISTIA

DEPUTADO FREDERICO ANTUNES (PP), PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA

“Só me defendi, nunca puxo a faca primeiro.” ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP), NO ÚLTIMO DEBATE ANTES DA SUA ELEIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DA CÂMARA

“A partir de agora, todo dia é dia do Brasil na França.”

“Nunca vi chover tanto no país. Está sobrando energia hidrelétrica.”

BERTRAND DELANOË, PREFEITO DE PARIS, AO INAUGURAR, NA TERÇA-FEIRA, ESCULTURA DO ARQUITETO BRASILEIRO OSCAR NIEMEYER

GUIDO MANTEGA, MINISTRO DA FAZENDA, NEGANDO RISCO DE APAGÃO SE HOUVER CRESCIMENTO SUPERIOR A 4%

* Escritor

V

amos imaginar o seguinte: a Secretaria de Segurança do RS monta, com as universidades, um serviço de pesquisas de vitimização para medir a natureza e a incidência do crime e da violência. O secretário explica que isto é imprescindível já que não se pode ter diagnóstico sério com base em registros de ocorrência, por conta da enorme subnotificação, como se sabe há, pelo menos, 30 anos. Aproveitando a oportunidade, anuncia que todos os recursos de inteligência policial serão armazenados em uma rede informatizada, alimentada quase em tempo real também pelo emprego generalizado de palmtops pelos policiais de rua. Todas as viaturas serão equipadas com GPS, para a localização instantânea em mapa digitalizado, economia e deslocamento inteligente. Ao invés de se continuar comprando viaturas e armamento, os investimentos serão para a formação policial e para recursos de inteligência capazes de aumentar a capacidade de produção da prova e, portanto, diminuir a impunidade. O secretário anuncia o fim da “improvisação” e das “frase feitas” na segurança pública com a implantação dos modernos recursos de mapeamento que permitirão identificar os pontos de concentração da prática de delitos (hot spots). Dirigindo-se aos jornalistas, o secretário explica que a criminologia identificou há muito a notável característica da concentração espacial dos crimes e sua impressionante regularidade por conta das condições facilitadoras. Identificar rapidamente estes pontos e suas eventuais migrações é tarefa central para alocar recursos de policiamento com base científica e se antecipar ao crime. O chefe de Polícia e o comandante da Brigada, então, anunciam que as disputas entre as corporações acabaram, com a gestão integrada a partir de áreas geográficas dirigidas por um oficial PM e um Ao invés delegado. Estes responsáveis do número se reúnem mensalmente em um gabinete de gestão para de prisões, analisar as informações georo que referenciadas, definir metas importa é a de redução dos crimes para o próximo mês e prestar contas diminuição do que foi realizado no mês dos crimes anterior. Ao invés de discursar dentro de ônibus, o secretário preside as reuniões e comanda a implantação da polícia comunitária. Aqueles que se mostram incapazes de alcançar as metas são substituídos. A redução de indicadores de violência e criminalidade, aliás – medidos não pelos governos, mas pelas pesquisas independentes de vitimização –, passa a ser o critério mais importante para a definição dos comandos e para as promoções por mérito. Ao invés do número de prisões, o que importa é a diminuição dos crimes. Ao invés das indicações políticas, a competência. Mais do que isso: o secretário afirma, para espanto de alguns, que a secretaria estará mobilizada para que os governos tenham programas abrangentes de prevenção com políticas ofensivas de inclusão de adolescentes fora da escola, aprovação de leis municipais para o fechamento obrigatório dos bares à meia-noite e políticas de apoio aos egressos do sistema penitenciário para capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho, mediante incentivos fiscais. Bem que podia acontecer, né? Em Minas Gerais, por exemplo, muito disso já é realidade. Enquanto isso, por estas bandas, seguimos, sob aplausos, com as blitze e as frases feitas. “Política de segurança” à moda John Wayne. Pra quem gosta de um bom faroeste. Yeahh!

RONALDO NAZÁRIO, DEPOIS DE SE TRANSFERIR DO REAL MADRID PARA O MILAN

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SÉRGIO DA COSTA FRANCO *

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m geral, nossos legisladores só se mostram sensíveis a problemas da legislação processual e penal diante de casos brutais de atentados à vida ou de exacerbação exagerada da impunidade. Projetos e mais projetos de alterações legislativas transitavam há anos no Congresso Nacional sem solução, até que episódios criminais recentes, do Rio de Janeiro, despertassem da letargia os nossos parlamentares, que foram buscar, no fundo dos armários, algumas disposições que ali cochilavam esquecidas. Lê-se agora a notícia de que a Câmara aprovou diversos projetos relacionados a emendas do Código de Processo Penal. Um deles seria a extinção de um velho recurso, privativo da defesa, que era o "protesto por novo júri", sempre que a condenação imposta excedesse 20 anos de reclusão. Diga-se de passagem que a aplicação dessa franquia era muito reduzida, pois os juízes, mesmo diante do reconhecimento de várias agravantes pelo conselho de sentença, fugiam de estipular pena de 20 anos, para evitar a renovação do julgamento, sempre complicada e morosa. O julgador preferia patinar nos 19 anos, favorecendo o encerramento do caso. Mas outra reforma, ora noticiada pelos jornais, merece nosso veemente aplauso, embora sem conhecermos o exato teor das novas disposições. Trata-se de regra que permitiria o julgamento, pelo júri popular, à revelia, de réus pronunciados por crime inafiançável. Até agora, somente o réu pronunciado por delitos menores, afiançáveis, podia ser, As reformas quando fugitivo, julgado pelo júri. Hipótese raríssiparecem ma. oportunas, A inovação pode ser feita contra a impunidade, embora especialmente nas áreas insuficientes de fronteira. Ao tempo em para que éramos promotor de Justiça em cidade da fronequacionar teira, Quaraí, era chocano problema da te, e até humilhante, ver os homicidas transitando impunidade impunes pela cidade uruguaia de Artigas, sem poder ser julgados. Em 1960/ 61, eram 18 réus pronunciados pelo Juizado de Direito de Quaraí, que desfrutavam dessa graça. Somente quando tais indivíduos incomodavam a polícia uruguaia, esta sub-repticiamente os entregava à polícia brasileira, para serem afinal submetidos ao julgamento do júri. Por isso mesmo, durante ano e meio de permanência naquela comarca, somente atuamos em duas sessões do júri popular. E o interessante é que a mesma impunidade não favorecia os delinqüentes fugitivos do Uruguai. A legislação processual dos "hermanos" era mais rigorosa e objetiva. Nem havia lá Tribunal do Júri, e os denunciados se submetiam ao julgamento do "juez letrado", presentes ou fugitivos. Já no século 19, no período monárquico, o problema da impunidade nas fronteiras preocupava tanto, que o legislador retirou da competência do júri os roubos e homicídios praticados nos municípios limítrofes (decreto nº 562, de 2/7/1850). Com a República e a alteração das regras de processo, aquele decreto resultou derrogado. As reformas tardiamente movimentadas pela Câmara parecem oportunas, embora insuficientes para equacionar o problema da impunidade, que decorre sobretudo do excesso de recursos e da falta de limitação às delongas e aos expedientes da chicana. * Historiador

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SENTENÇAS

SÉRGIO DA COSTA FRANCO *

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a produção literária do Brasil, a memorialística não se revela farta. Em rápido esforço de inventário, recordo Joaquim Nabuco e Minha Formação, o Visconde de Taunay, Dionísio Cerqueira, Medeiros e Albuquerque de Quando eu Era Vivo, Rodrigo Otávio, Humberto de Campos, Graciliano Ramos de Infância e Memórias do Cárcere, João Daudt Filho, Gilberto Amado, Vivaldo Coaracy, Cassiano Ricardo, João Neves da Fontoura, Erico Verissimo com seu Solo de Clarineta, e poucos autores mais que nos deixaram o relato de suas lembranças pessoais, políticas ou literárias. Alguns deles alcançaram em suas memórias o ponto mais alto de sua obra, como foi o caso de Gilberto Amado e de João Neves da Fontoura. Acredito que este ano de 2007 ficará marcado por um livro de reminiscências originalíssimo e de atraente leitura, que é Código da Vida (ed. Planeta, São Paulo, 467 pp.), cujas páginas eu acabo de “debulhar” em três dias. Seu talentoso autor é o advogado paulista Saulo Ramos, que foi consultor-geral da República e ministro da Justiça no período presidencial de José Sarney. Mas não se imagine um livro maneiroso e contido de político em atividade, preocupado em não conquistar inimizades e não despertar ressentimentos. Saulo Ramos, que se diz afastado da política e da atividade de advogado, não tem papas na língua nem usa luvas de pelica. No apreciar a conduta cívica e o valor intelectual e moral de várias personagens com quem se relacionou na vida pública, é contundente, indiscreto e até grosseiro. Que o digam Bernardo Cabral, Fernando Collor, o ministro Celso de Mello e outros como Fernando Henrique e Lula, que também foram contemplam dos com suas aguçadas farpas. Nem sempre me parece justo ou equânime, pois revela admiração por figuras muito discutíveis. Em verdade, nunca deixou de ser amigo de seus amigos e defensor de seus clientes. Entretanto, não se espere do Código da Vida um relato enfadonho de episódios políticos e judiciários. Nada disso. O autor, que não é apenas jurista, teve sua iniciação profissional no jornalismo e até confessa incursões pela poesia. Donde ser o seu livro uma bela realização literária, com estrutura bem concebida e planejada. Ele adota como eixo da narrativa um caso de seu escritório – explosiva questão de família, com disfarce da identidade dos litigantes. Envolve o leitor em sua novela forense, com longos intervalos

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Anti-semitismo SÉRGIO DA COSTA FRANCO *

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m 20/05 deste ano, escrevi sob o título de “Racismo explícito”, um artigo a respeito da postura racista do governo brasileiro, ao tempo do Estado Novo. Tratava-se de comentar recente publicação do Ministério das Relações Exteriores (Caderno do Centro de História e Documentação Diplomática), em que se divulgaram circulares, antes secretas, a respeito da concessão de vistos de ingresso a imigrantes. Em tais documentos, que para mim foram surpresa, externava-se, sem disfarces, uma postura anti-semita dos ministros do Exterior do presidente Getúlio Vargas, entre eles Osvaldo Aranha, tido por amigo da etnia judaica. Comentando o artigo, meu velho e prezado amigo professor Raphael Copstein estranhou que eu não conhecesse o assunto em detalhes, dado que até um livro já fora publicado a respeito: “O Anti-semitismo na Era Vargas”, de Maria Luiza Tucci Carneiro. Com o empréstimo dessa obra, já em terceira edição, habilitei-me a um novo comentário, que não perdeu sua oportunidade, visto que a história do Estado Novo ainda é matéria digna de estudo e de análise. A profunda e atenta pesquisa realizada por Tucci Carneiro suscitou, segundo leio no prefácio da terceira edição, uma verdadeira messe de teses universitárias sobre a questão judaica no Brasil. O ensaio de quase 500 páginas de texto revela algo além das circulares secretas, cujo teor vem de ser agora amplamente divulgado. Mostra-se também, pela pesquisa em apreço, que a postura discriminatória e Tudo isso anti-semita não resultava recebia a apenas de uma transitória orientação de ministros de sanção Estado, senão que expresdo ditador sava inclinações ideológicas de um numeroso grupo de Vargas, brasileiros na obcecado por diplomatas Europa e de funcionários um estreito públicos ligados, no Brasil, nacionalismo aos departamentos de imigração e de povoamento. Os preconceitos contra o judeu, amplamente divulgados no Velho Mundo desde o fim do século 19, e aprofundados e intensamente propagados pelo nazismo, haviam contaminado muitas cabeças. São impressionantes e aterradoras algumas manifestações dos nossos funcionários, revelando o quanto se achavam influenciados pela doutrinação nazista. É o caso de certo cônsul do Brasil em Hamburgo, em 1940, que se refere aos emigrantes judeus como “gente a mais indesejável possível”, qualificando-os como “improdutivos e infecundos, petrificados no mais empedernido mosaísmo”. Pela mesma época, o cônsul em Lyon, na França, alertava o Ministério quanto à inconveniência de se facilitar o ingresso dos refugiados judeus: “Se não abrirmos olhos, tomando medidas severas, encheremos o nosso país de péssimos elementos”. Pela mesma cartilha anti-semita rezava o embaixador brasileiro em Berlim, Cyro de Freitas Valle, demonstrando, pelo teor de seus expedientes, que se achava dominado pela ideologia do 3º Reich. Mas não só diplomatas cultivaram o explícito racismo. Também o chefe de polícia Filinto Müller considerava que “o imigrante polonês era de péssima qualidade” e sustentava que os judeus eram facilmente contaminados pelo comunismo. Por seu turno, o diretor do Departamento Nacional de Povoamento, um gaúcho de ilustre família, compartilhava das mesmas preocupações. Tudo isso recebia a sanção tácita do ditador Vargas, na época influenciado pelo nazi-fascismo, obcecado por um estreito nacionalismo e embaraçado nas suas costumeiras ambigüidades. * Historiador

SENTENÇAS “Eu creio em Chávez. Sou chavista. E odeio tudo que venha dos Estados Unidos.” DIEGO MARADONA, EM VISITA À VENEZUELA

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Segurança qualificada CLÁUDIO BRITO *

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“Está comprovado que “Vou contar coisas de Brasília que nunca foram a bebida alcoólica é responsável por vários publicadas.” MÔNICA VELOSO, EX-NAMORADA crimes e delitos. Temos que DO PRESIDENTE DO SENADO, cortar esse mal pela raiz”. RENAN CALHEIROS, SOBRE ENTREVISTA NA PLAYBOY EM QUE APARECERÁ NUA

JOSÉ FRANCISCO MALLMANN, SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO

“Cansei, mas não me desesperei, ainda.”

EX-MINISTRO DA EDUCAÇÃO CRISTOVAM BUARQUE, SOBRE OS PROBLEMAS POLÍTICOS DO PAÍS

“Estaríamos, por acaso, diante de um surto de filantropia políticopartidária?”

PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, ANTONIO FERNANDO DE SOUZA, QUESTIONANDO POR QUE OS MENSALEIROS TERIAM LEVANTADO CIFRAS MILIONÁRIAS E DISTRIBUÍDO DE FORMA CLANDESTINA

“Esse vai dar um salto social agora com esse julgamento.”

MINISTRA CARMEN LÚCIA EM MENSAGEM PELA INTRANET AO COLEGA RICARDO LEWANDOWSKI, SOBRE O MINISTRO JOAQUIM BARBOSA, RELATOR DO CASO MENSALÃO

ai demorar algum tempo o debate entre o secretário da Segurança José Francisco Mallmann e nossos clubes de futebol sobre o policiamento ostensivo nos estádios gaúchos. Não será no encontro de amanhã, marcado para o quartel-general da Brigada Militar, nem em mais meia dúzia de reuniões que chegarão a um acordo. O Ministério Público está com Mallmann. Os clubes se fortalecem abrigados pela Federação Gaúcha de Futebol, que sustenta a posição que a Justiça já acolheu várias vezes: a cobrança pela prestação de serviço dos policiais militares nos eventos esportivos seria indevida. Em Caxias do Sul é diferente. O Juventude paga, não reclama e desistiu de ir aos tribunais. O que resta evidente é que todos precisamos de segurança qualificada, muito distante daquela que empresas privadas conseguem dar, seja pelo despreparo, seja pelos impedimentos legais. E a combinação das duas formas de atuação? Quem sabe, mas ainda é imenso o abismo entre moços e moças vestidos de preto, comunicando-se por rádios portáteis e soldados treinados e equipados. Os primeiros, quando não são truculentos, servem maravilhosamente como recepcionistas e guias pelos caminhos do estádio. Ou deveriam servir. Só os soldados, muitas vezes fardados com roupas de combate, portando escudos e outros instrumentos estão aptos às Só os soldados operações especiais e conseestão aptos às guem transmitir a indispensável sensação de segurança. operações São agentes da autoridade e têm permissão e o dever de especiais prender algum arruaceiro e conseguem mais afoito. Bom seria que os transmitir estádios também contassem a indispensável com delegacias itinerantes, onde os atos de polícia jusensação de diciária seriam praticados imediatamente. A lavratura segurança de um auto de prisão em flagrante sem demora, ou de um termo circunstanciado, dependendo do tamanho da infração, ali mesmo, no lugar onde tudo aconteceu. Logo após ter acontecido. Seria vantajoso para todos. Seria pedagógico também. A resposta imediata dos órgãos públicos cria a credibilidade de que precisam todas as instituições. Argumentos contrários são trazidos por quem levanta a hipótese da bitributação, com lastro na idéia de que a segurança pública é direito de todos, dever do Estado e está paga suficientemente pelos impostos gerais. Pergunto: e de taxas, ninguém fala? Imposto, preço público, pedágio, contribuições de melhoria e especiais são diferentes, têm conceitos próprios e hipóteses variadas de incidência. Taxas existem para o custeio de serviços públicos ligados ao contribuinte, específicos e divisíveis. Taxa é um tributo vinculado, cobrado de acordo com o serviço prestado, com o objetivo de compartilhar o gasto público pela atividade prestada pelo Estado a um determinado grupo e não à sociedade em geral. Não se paga taxa para obter-se uma carteira de identidade ou passaporte? Se é justo que só pague pelo documento aquele que o requereu, também é certo que os freqüentadores dos estádios custeiem a segurança qualificada que exigem, pois se sabe que a taxa seria repassada ao preço dos ingressos, com certeza. Não consigo entender por que os clubes pagam a segurança privada e não querem pagar a Brigada Militar. Ao que sei, os particulares custam mais caro e estão impedidos legalmente de oferecerem o mesmo serviço dos brigadianos. Não é justo que a mobilização de 200 soldados, viaturas, cavalos e equipamentos seja paga por todos, indistintamente. O que sai do caixa único do Estado para a segurança deve pagar o cotidiano da Brigada, não o excepcional. * Jornalista

A síndrome do Dilúvio VOLTAIRE SCHILLING* “Para mim, chegou o fim de todos os homens, porque a Terra está cheia de violência por causa deles (...) Eu vou mandar o dilúvio sobre a Terra, para exterminar todo ser vivo que respira debaixo do céu; tudo o que há na Terra há de perecer(...) Depois de sete dias veio o dilúvio sobre a Terra.” (Gênesis V-VIII)

*Historiador

Oscar Niemeyer, arquiteto

José Roberto Arruda, Governador do Distrito Federal, que reduziu as secretarias de Estado de 36 para 20 e demitiu mais de 30 mil servidores não-estáveis

Magnata Warren Buffet, que está em busca de um sucessor, aos 76 anos

“Quanto mais legalidade, menos corrupção, mais receita e controle social.” Sérgio Cabral, Governador do Rio de Janeiro, que defende a descriminalização de drogas leves e a legalização do jogo de bicho e dos bingos

CLÁUDIO BRITO *

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“Não estou louco, estou apenas tentando fazer um governo liberal clássico.”

“O sucesso a longo prazo tem a ver com algo que vai além da inteligência e dos resultados de curto prazo.”

A lei corrigida

“O problema não é como essa molecada morre, mas como nasce e se multiplica em progressão geométrica.” Deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ), falando sobre os adolescentes brasileiros autores e vítimas de crimes

“Sexo é uma coisa que quase todo mundo gosta e é uma necessidade orgânica.” Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no lançamento de campanha para incentivar o uso da camisinha

“Quem mora no morro não tem sonho.” Edna Ezequiel, no enterro da filha Alana, de 12 anos, vítima de bala perdida em favela do Rio

os projetos que a Câmara e o Senado aprovaram quarta-feira, o mais efetivo para o combate à criminalidade é o que amplia as exigências para que os condenados como autores de crimes hediondos alcancem benefícios na execução de suas penas. Uma ferramenta, nada mais que isso, mas ainda assim importante. Faltará muito para que se tenha todo o aparato legal e estrutural necessário a uma luta hoje desequilibrada entre a sociedade e o crime. Mesmo esses projetos ainda precisam cumprir etapas finais do processo legislativo até entrarem em vigor. O que trata das penas só poderá se aplicar aos novos condenados, que a lei penal está proibida de retroagir em desfavor dos réus. Estava errada a lei que eliminava a progressão de regime prisional quando o crime fosse enquadrado na lista dos cometidos com a crueldade ou a nocividade da hediondez. Era uma visível contrariedade ao nosso modelo constitucional. Agredia-se o sistema como um todo, pois ele está arrimado na idéia da progressão ou da regressão no cumprimento de uma condenação. Bom comportamento tem prêmio, mau comportamento tem castigo, mas fechar alguém por 20 anos na cela e dar-lhe depois o livramento condicional, sem etapas de gradativo merecimento, era um absurdo inaceitável. Alguns juízes começaram a caminhada, concedendo a passagem do regime fechado ao semi-aberto a todos os condenados, mesmo que tivessem cometido um seqüestro, um estupro ou um latrocínio. Tribunais balançaram entre confirmar a posição avançada dos magistrados ou negá-la. Na sociedade, alguma indignação. MarNegar o cado pelo crime, o cidabenefício dão reage para não aceitar contraria qualquer concessão aos apenados, como se todos a garantia da fossem os que cometeram individualização aquele delito do qual foi vítima. A idéia de justiça é da pena, que vencida pela de vingança. é dada pela O debate alastrou-se. Nas Constituição faculdades, nos livros, jornais e revistas. Nos meios eletrônicos, multiplicaram-se mesas-redondas para encarar o tema da execução penal, muito mais quando algum bandido praticou algum crime de repercussão. Se constasse uma condenação anterior em sua ficha, então era uma tempestade de argumentos contra qualquer chance de um condenado sair da cadeia antes de efetivamente cumprida toda sua pena. No Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, não foi diferente. Duas ou três correntes doutrinárias revezaram-se como dominantes da jurisprudência. O Supremo editou súmula para admitir progressão de regime aos condenados por crime de tortura até decidir que a progressão tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. Negar o benefício contraria a garantia da individualização da pena, que é dada pela Constituição Federal, razão pela qual nossa Corte Suprema declarou inconstitucional uma parte da lei dos crimes hediondos. E todos os autores de crimes hediondos passaram a ter progressão de regime de cumprimento de pena. Faltava a lei que lhes exigisse mais do que se exige dos demais condenados. É o que virá agora, com a correção encaminhada. E que se retome o sistema de verificação das reais condições do apenado. Não basta que se cumpra um tempo da pena. É preciso a certeza de que, nas ruas, não voltará a delinqüir. * Jornalista, promotor de Justiça aposentado

ZERO HORA > DOMINGO | 18 | NOVEMBRO | 2007

SÉRGIO DA COSTA FRANCO*

“Por que não te calas?”

próximo ano de 2008 vai servir para a celebração de importantes eventos históricos. Em primeiríssimo plano, o bicentenário da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, que foi, rigorosamente, o primeiro passo dado no processo da independência nacional. Estando fechados os portos de Portugal por motivo da invasão e ocupação napoleônicas, a franquia do mercado brasileiro ao comércio internacional era, para o Estado português, uma imposição da conjuntura, mas representou, na prática, o ingresso da agricultura brasileira no mercado mundial e o acesso livre dos manufaturados europeus, sobretudo ingleses, ao consumidor do Brasil. O outro evento que deverá merecer vibrantes comemorações é o bicentenário da imprensa verde-amarela, em 1º de junho, data que assinala o nascimento do Correio Braziliense, primeiro órgão editado por um patrício (o quase gaúcho Hipólito José da Costa, nascido na Colônia do Sacramento, porém criado nos campos da futura Pelotas). Veículo doutrinário, quase uma revista, o Correio era editado em Londres, mas em idioma português e endereçado ao público do Brasil. No mesmo ano, um pouco mais tarde, em 10 de setembro, começaria a ser publicada, sob calor oficial e com as características de uma folha governamental, a Gazeta do Rio de Janeiro. Durante muito tempo, o 10 de setembro foi celebrado como Dia da Imprensa, o que só recentemente foi corrigido, graças a uma campanha encetada aqui no Rio Grande do Sul, com a liderança da Associação RioGrandense de Imprensa. Com o que O próximo se iniciou um reiterado tributo de bicentenário homenagens a Hipólito José da Costa será uma boa como Patrono da Imprensa Brasileira e ao estudo sistemático de seu pensaocasião para mento político. Aproveitando a abertura dos poraprofundar tos, que trazia ao Brasil os navios ino estudo gleses e suas cargas, o Correio Brazidesse grande liense chegava ao leitor brasileiro, difundindo aspirações de autogoverno, brasileiro conceitos de justiça e críticas à onerosa burocracia da metrópole. Em pesquisa recente, tivemos a surpresa de verificar que, muito cedo, talvez já em 1809, o jornal de Hipólito da Costa chegava a Porto Alegre, inspirando cuidados e receios ao governador e capitão-general dom Diogo de Souza. Num ofício endereçado ao Conde de Linhares, ministro de dom João, com data de 6 de dezembro de 1810 (Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul,“Cópias da correspondência dos governadores – 1802 a 1812”), o governador nos conta pelo menos duas novidades: primeira, que já existia em Porto Alegre uma “Casa de Conferência Mercantil”, algo que me parece antecessor da Praça de Comércio ou da Associação Comercial, e cujos diretores teriam mandado vir “folhas públicas” ou jornais, para, presumivelmente, orientar-se nos negócios; segunda, que entre esses jornais teria chegado o Correio Braziliense, a princípio admitido sem restrições, porque o ministro português em Londres afirmara (nº 19 da aludida folha) que ele não sofreria censura, enquanto se mantivesse respeitoso e fiel à verdade. Mas dom Diogo não gostou do que leu nos números 23, 24, 26 e 27, parecendo-lhe que excediam os limites mencionados na declaração do diplomata lusitano. Pelo que, tê-los-ia mandado apreender e recolher à sua secretaria, inaugurando no Rio Grande do Sul a censura à imprensa. E aguardava instruções do Conde de Linhares, para saber o que fosse “mais conforme com a vontade do Príncipe Regente Nosso Senhor”. Era o absolutismo em ação, sem máscara ou disfarces. Com circulação mensal, o Correio foi publicado durante 14 anos, sendo seu último número de dezembro de 1822, quando a independência pátria já se consumara. De missão cumprida, Hipólito faleceu em setembro de 1823. É bom que se diga que a pessoa e a obra de Hipólito José da Costa ainda são insuficientemente estudadas e conhecidas. O próximo bicentenário será uma boa ocasião para aprofundar o estudo desse grande brasileiro, que conheceu os cárceres da Inquisição e que, sendo o patrono da imprensa brasileira, deixou-nos um legado de patriotismo, determinação, coerência e firmeza ética.

REI JUAN CARLOS, IRRITADO COM CRÍTICAS DO PRESIDENTE VENEZUELANO HUGO CHÁVEZ AO EX-PRIMEIRO-MINISTRO JOSÉ MARÍA AZNAR

Inocência ou impunidade? CLÁUDIO BRITO*

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“Não vou me calar porque, pela minha boca, não falo eu. Pela minha boca, falam milhões.”

PRESIDENTE HUGO CHÁVEZ, EM RESPOSTA AO REI JUAN CARLOS, 48 HORAS DEPOIS

“A batalha da CPMF no Senado é luta de morte. Se ganhar, o governo voará em céu de brigadeiro até a sucessão. Caso perca, o que acho difícil, terá início o ocaso do governo Lula.” ROBERTO JEFFERSON, PRESIDENTE DO PTB

“Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa. Inventem alguma coisa para criticar o Chávez. Agora, por falta de democracia na Venezuela, não.”

PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

“Deus pode mesmo ser brasileiro, afinal.” DA REVISTA BRITÂNICA THE ECONOMIST, SOBRE A DESCOBERTA DO CAMPO DE PETRÓLEO DE TUPI, NA COSTA BRASILEIRA

“Senador Eduardo Suplicy: diga os nomes dos 37 ministros do governo Lula. Diga. Não precisa dizer que ministérios eles ocupam. Basta dar os nomes deles.” SENADOR FLEXA RIBEIRO (PSDB-PA), IRONIZANDO O EXCESSO DE MINISTROS

“O senhor não pode pedir questão de ordem, porque simplesmente não está presente.”

DEPUTADO IVAR PAVAN, DO PT, AO LÍDER DO GOVERNO, ADILSON TROCA (PSDB), QUE SE RETIRARA DO PLENÁRIO PARA NÃO DAR QUÓRUM NA VOTAÇÃO DO PACOTE

omos todos inocentes até prova em contrário. Não é preciso ler qualquer livro jurídico para saber essa verdade, que é natural e precede o Direito posto nas leis, pois nasce com a gente. As Constituições e os códigos do mundo inteiro repetem o princípio, seja pela reprodução da idéia de presunção de inocência, seja pela forma da Carta brasileira, que, na verdade, adota a negativa de culpabilidade até que uma sentença judicial condenatória não mais admita qualquer recurso. Nosso texto constitucional não presume todos inocentes, até que sejam condenados. O que afirma é que nenhum acusado será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o que é um pouco diferente. Não se trata exatamente do princípio da presunção da inocência, mas sim o da desconsideração da culpa até prova certa e robusta que a demonstre. Sutilezas acadêmicas, quem sabe. Prova, contraditório e defesa ampla são as garantias que derivam da inocência presumida. Nossos inocentes não seriam tão inocentes? Seríamos todos suspeitos, até que uma absolvição eliminasse a suspeita? Nada disso, mas os penalistas italianos – que tantas vezes nos inspiraram – trocaram divergências sobre o tema e a presunção de culpa se opôs à presunção de inocência, sob o argumento de que só seria presumido inocente o acusado que negasse o crime, até que se reunisse Há réus que, prova indiciária contra ele. O mesmo culpados, processo criminal autorizaria que se presumisse a culpa e escondem isso não a inocência. tão bem que Nosso tempo tem sido riseus advogados co em operações policiais, investigações pelo Ministério acreditam Público, Tribunais de Contas verdadeiramente e comissões parlamentares, além das jornalísticas. O voque são lume de prisões provisórias, inocentes o estrépito alcançado pelas ações das forças-tarefas, a repercussão das audiências judiciais e o clamor popular pela punição dos corruptos de todas as áreas e de todos os tamanhos parecem apagar uma velha conhecida, a sensação de impunidade. Até o momento em que 30 ou 40 presos se transformam em apenas três ou quatro condenados, se tanto. E mais, com penas alternativas, prestações comunitárias e outras limitações de direitos, diferentes da cadeia. A contradição entre os primeiros dias desses escândalos e as declarações de inocência que se seguem parece ter raiz na insuficiência dos meios de prova. Ou as pessoas são presas sem provas de culpa e porque são mesmo inocentes devem ser soltas, ou, sendo culpadas, escudam-se na presunção de inocência e na ineficiência das instituições para assegurarem-se impunes. E fazem seus defensores crentes de que são inocentes, ou dão-lhes suporte para sustentarem suas inocências, ainda que nisso não acreditem, o que se admite pelo princípio da ampla defesa. Neste artigo não cabe a abordagem moral que se pode fazer à atuação dos advogados, o que não se afasta em outra oportunidade. Há réus muito convincentes, que, mesmo culpados, escondem isso tão bem, que até seus advogados acreditam verdadeiramente que são inocentes. Aconteceu comigo, quando advogava na área criminal. Terminada uma sessão do Tribunal do Júri, condenado o cliente, deixei a sala dos jurados e fui comunicar-lhe a pena, que era a mínima. Disse-lhe que não se preocupasse, a apelação seria vitoriosa e ainda o livraria. Foi quando, para tranqüilizar-me, finalmente o réu confessou o crime. Ante a pena mínima aplicada, preferia deixar tudo como estava, pois, afinal, era mesmo o autor daquele homicídio. Espantado, pergunteilhe por que mentira até aquele instante. Disse-me: – Doutor, se eu lhe conto a real, o senhor perde a convicção e o embalo para me defender. *Jornalista

ZERO HORA > DOMINGO | 9 | SETEMBRO | 2007

SENTENÇAS “Penso que uma vida pela música seja uma vida bem vivida, e foi a isto que me dediquei.” FRASE DO TENOR LUCIANO PAVAROTTI, MORTO QUINTAFEIRA, DIVULGADA EM SUA PÁGINA PESSOAL NA INTERNET

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or ser um bom homem, probo e trabalhador, os deuses enviaram-lhe sinais imperceptíveis aos demais. Foi assim, ouvindo um sussurrar estranho dos caniços das beiras do Rio Eufrates, que Utanapishtin e seus familiares alertaram-se e conseguiram sobreviver ao dilúvio que logo desabou por sete dias seguidos sobre a Babilônia (Poema de Gilgamesh, 11ª tábua). Praticamente a mesma narrativa deu-se com Noé. Esse mito tão fascinante quanto atormentador – afinal trata-se de um holocausto da humanidade – já mereceu mais de 400 versões em todas as culturas que se conhecem. Até o poeta Ovídio, que morreu nos começos do século I, não deixou de referir-se à impiedosa torrente de água que, Uma espécie engendrada por Júpiter em conluio com Netuno, caiu dos céus de dilúvio para purgar a Terra do ingrato terceirizado gênero humano (Metamorfosis nos aguarda. 1, 253-312). Quando, todavia, se supunha A inundação decorrerá do que, sob o influxo do Iluminismo, a possibilidade de a Terra vir “aquecimento a se desandar era uma assomglobal” bração do passado supersticioso, eis como que coube a Karl Marx reavivá-la, prevendo não a destruição do planeta, mas sim a de um sistema econômico: o capitalista (O Capital, I, XXIV). Inevitavelmente, o mundo do lucro estava condenado. A velha cobiça humana associada à emergência da ganância dos capitalistas, aflorada desde a Revolução Industrial do século 18 – concentrando riqueza de um lado e a miséria do outro –, seria a principal responsável pela destruição do sistema. Os pecadores mesmos é que naufragariam no seu pecado. Como expoente maior da Zusamenbruchstheorie, a teoria da ruína inevitável do capitalismo, Marx assegurou que as massas (o redentor dilúvio humano) se libertariam dos seus exploradores, encontrando o seu destino no comunismo. Não pode o observador de hoje eximir-se em constatar que justamente quando o apocalipse do capitalismo previsto por Marx não se realizou (deu-se o contrário, pois quem, de fato, soçobrou na década de 1990 foi a economia soviética erguida sobre os fundamentos do marxismo), um novo fim de mundo rapidamente o substituiu: o dos ambientalistas. Uma espécie de dilúvio terceirizado nos aguarda. A inundação que se aproxima decorrerá do “aquecimento global” (resposta catastrofista à otimista globalização capitalista), provocador do derretimento das geleiras polares e do inchaço dos oceanos, tendo como conseqüência, entre outros horrores, a submersão das populações ribeirinhas e até de países inteiros (para o Brasil chegaram a prever, com espantosa exatidão matemática, que abalaria a vida de 52 milhões de habitantes!). Tudo, evidentemente, gerado pela cupidez e pela venalidade desatada do consumismo capitalista. Pois que se afoguem esses pecadores!

“Sou contra o império assassino de Bush e contra quem, em nosso país, tenta combater o governo Lula.”

SENTENÇAS

*Historiador

ZERO HORA > DOMINGO | 26 | AGOSTO | 2007

SENTENÇAS

Bicentenários

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| 16 | Artigos >

ZERO HORA > DOMINGO | 11 | MARÇO | 2007

Reformas processuais

“Alguns cantam ópera, mas Pavarotti era uma ópera.”

“Havia tenores, e depois havia Pavarotti.”

VOCALISTA BONO VOX, DO U2

CINEASTA FRANCO ZEFIRELLI

“Esquecem que a grandeza do português, seja ele qual for, é feita de um portentoso jogo de cintura. E que se danem as medidas certas.” ESCRITORA PORTUGUESA INÊS PEDROSA, NUM ARTIGO DENOMINADO “A LÍNGUA NÃO É A GISELE BÜNDCHEN”, SOBRE A PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DO PORTUGUÊS

“Se a Polícia Federal tiver uma prova robusta, não tem pressão política que consiga debilitá-la.” NOVO DIRETOR-GERAL DA POLÍCIA FEDERAL, LUIZ FERNANDO CORRÊA

“Entre dar um prato de comida para uma criança e fazer um metro de asfalto, eu darei um prato de comida para a criança. O asfalto pode esperar, agora a fome não espera.” PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Censo demográfico SÉRGIO DA COSTA FRANCO*

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censo demográfico parcial realizado pelo IBGE, ainda sem resultados definitivos, porém com apurações provisórias precipitadamente divulgadas, gerou natural inquietação entre prefeitos municipais, pois a redução do número de habitantes implicará diminuição dos repasses do ICMS. Pelos dados publicados, dos 484 municípios pesquisados, teria havido redução de habitantes em 293. Embora o quadro possa modificar-se pela complementação do censo, especialmente em municípios de base industrial ou da Região Metropolitana, que não sofreram os efeitos da crise agrícola e das estiagens, é possível que a pesquisa do IBGE, sempre criterioso em seus levantamentos, não esteja longe da verdade. A redução da população das áreas rurais é um fenômeno que se tem verificado com regularidade, nas pesquisas demográficas anteriores. O campo está a esvaziar-se e as cidades industriais a crescerem. Em todo o Brasil aconteceu o mesmo fato, de forma tal que a população das cidades supera hoje largamente a rural, o que não acontecia até os meados do século 20. No caso específico do Rio Grande do Sul dos últimos anos, o êxodo rural só pode ter aumentado. A badalada reforma Estariam agrária não aconteceu, e os assenperdendo tamentos que se fizeram são pífios e caricaturais. Estiagens prolongapopulação das, queda do preço dos cereais, cidades que dos suínos e do leite foram forte funcionavam motivo de evasão para os produtores agrícolas, especialmente os outrora mais descapitalizados, incapazes como pólos de suportar o aguilhão das crises econômicas. regionais Mas o censo do IBGE parece que está indicando outro fenômeno, que tem caráter de novidade e ineditismo: estariam perdendo população cidades que funcionavam outrora como pólos regionais e que atraíam moradores, não só das áreas rurais circunvizinhas, como também das cidades menores de sua região. Apontam-se como exemplos dessa ocorrência, Cruz Alta, Ijuí, Santa Rosa e Santo Ângelo, entre outras. É o caso de suspeitar que diversos fatores, além da depressão da economia agrícola, estejam por trás desse fenômeno. Há que se encarar o problema mundial da globalização, que afeta as pequenas indústrias e todas as atividades que não forem capazes de enfrentar a concorrência universalizada. A depreciação do dólar atingiu severamente as indústrias ligadas à exportação, como a calçadista, com óbvias conseqüências na taxa de desemprego e nas decorrentes migrações intra-regionais. De outra parte, há nas camadas médias e de melhor nível de instrução uma incontestável revolução de costumes, no sentido de maior controle da natalidade. Mesmo sem conhecer objetivas estatísticas sobre casamentos, tem-se por certo que as uniões matrimoniais regulares se estão reduzindo acentuadamente, com imediatos reflexos na natalidade. E isso não só nas metrópoles, como em qualquer centro urbano de medianas proporções. Mesmo nos casamentos regulares e tradicionais, a geração de filhos tem diminuído consideravelmente, em função da difusão dos métodos anticoncepcionais e da consciência da necessidade de um correto planejamento familiar. Não surpreende, por isso, que as populações estacionem e até diminuam nas cidades que não possam ser pólos de atração das migrações internas. É com ansiosa expectativa que se deve aguardar para 24 de setembro corrente a divulgação dos dados definitivos da contagem demográfica do IBGE. *Historiador

Co una Sen enças Jorna Zero Hora • Recebeu ês dos se s p êm os con e dos ao o na Ze o Ho a pe a SND Soc edade o News Des gn • P êm o Exce ênc a Jo na s ca na Ca ego a Ca ca u as pe a Soc edade n e ame cana de mp ensa S P – Espanha 2008


ZERO HORA

porto alegre

Sábado, 29 de abril de 2006

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SÁBADO, 29 DE ABRIL DE 2006

CULTURA

F REUD , 150

Um Porto para a psicanálise

Grandes nomes

Como a capital gaúcha tornou-se um centro de referência para os estudos psicanalíticos dentro e fora do Brasil

E

CARLOS ANDRÉ MOREIRA

m 1910, ano em que o médico austríaco Sigmund Freud fundou, com outros colegas, a International Psychoanalytical Association (Associação Psicanalítica Internacional, IPA) para normatizar o ensino da disciplina que havia desbravado, Porto Alegre tinha 130 mil habitantes (um décimo da população atual), e o segundo andar do Mercado Público nem havia sido concluído. Apesar do ufanismo reinante nas manifestações oficiais do positivista Partido Republicano Rio-Grandense, que governava o Estado, a Capital na época era uma cidade acanhada, com linhas de bondes puxadas a tração animal e cuja rotina era tão pacífica que a então Chefatura de Polícia não considerava necessário manter um plantão 24 horas. Cento e cinqüenta anos depois do nascimento do criador da psicanálise, Porto Alegre é uma referência no país – e fora dele – para mais de uma das correntes nas quais a psicanálise se divide. E a entidade fundada por Freud há quase um século é presidida por um profissional gaúcho, Cláudio Laks Eizirik. Um reconhecimento que eleva a cidade acima de metró-

Porto Alegre preparou-se com seminários, mostras e ciclos de debates para comemorar os 150 anos do nascimento de Sigmund Freud, o criador da Psicanálise – a se cumprirem no próximo dia 6. Quase uma aldeia quando a ciência ainda engatinhava na Europa, em fins do século 19 e início do 20, a capital gaúcha é hoje um centro de referência internacional para algumas das principais correntes psicanalíticas

poles do mesmo porte no país e a coloca em pé de igualdade com São Paulo e Rio de Janeiro. O que teria transformado a quase vila da primeira década do século 20 neste centro de referência no século 21? – Há mais de um fator, é lógico, mas acredito que existam três principais: a proximidade com Buenos Aires, centro psicanalítico da América Latina, o próprio perfil da população que emigrou para cá no século 20, com maior ligação com a Europa, e o fato de ser um Estado de fronteira, por si só um conceito caro à psicanálise – comenta Eizirik. Uma das figuras representativas dessa interligação próxima com Buenos Aires foi justamente o

profissional considerado pioneiro da disciplina no Estado, o médico Mário Martins, que, nos anos 40, foi também o primeiro estrangeiro a se formar em psicanálise na capital argentina. Ao voltar para Porto Alegre, em 1947, Mário Martins fundou com alguns colegas – dentre eles o escritor Cyro Martins – a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA), a mais antiga das três grandes associações em funcionamento no Estado e a primeira a se filiar, em 1963, à IPA. É certo que a teoria de Freud e o estudo da mente já eram conhecidos no Estado desde antes, mas foram o impulso da SPPA e o perfil de seus membros

que transformaram a nascente prática psicanalítica em uma disciplina voltada para a atividade cultural da cidade – uma característica que se mantém até hoje, com seminários, debates, sessões comentadas de filmes, leituras e espetáculos teatrais realizados por mais de um instituto ou centro psicanalítico. Nos anos 70 do século 20, Buenos Aires – tão importante para o estabelecimento da psicanálise em Porto Alegre – seria fundamental para novas mudanças no cenário da disciplina no Estado. Psicanalistas porto-alegrenses cuja formação havia se dado em Buenos Aires nos anos 70 do duro regime militar argentino foram voltando ao Rio Grande do Sul,

Programe-se

Porto freudiano

A Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e o Memorial do Rio Grande do Sul promovem uma série de atividades alusivas aos 150 anos do nascimento de Freud: palestras, debates, lançamentos de publicações e exposição. A abertura oficial, com o historiador Voltaire Schilling e o psicanalista Ruggero Levy, presidente da SPPA, será na próxima terça, às 20h, na sede do Memorial (Praça da Alfândega, s/nº). No local, haverá painéis que retratam Viena à época de Freud e aspectos de sua vida. Entre os destaques da programação, está uma conferência do professor e ex-ministro Sérgio Paulo Rouanet, dia 5 de maio, no Santander Cultural (Avenida Siqueira Campos, 1.028), tendo Cláudio Laks Eizirik como debatedor, e uma conferência do psicanalista italiano Stefano Bolognini, no dia 6, também no Santander, sobre “O valor de ter medo". A programação inclui ainda debate sobre Psicanálise e Cinema, quarta, às 20h30min, com o psicanalista Paulo Fonseca e o jornalista Roger Lerina, no Santander; Psicanálise e Arte, com a artista plástica Clara Pechansky e o psicanalista Leopold Nosek, dia 7, às 11h, no Margs; e Psicanálise e Literatura, com o psicanalista Juarez Guedes Cruz e a professora de Literatura Maria da Glória Bordini, dia 8, às 20h30min, no Instituto Goethe. Estão previstas ainda discussões em grupo na sede da SPPA (General Andrade Neve, 14/802), sobre temas como Inconsciente, Sexualidade Infantil e Interpretação dos Sonhos. Para mais detalhes e inscrições, os telefones são (51) 3224-3340 (SPPA) e (51) 3224-7210 (Memorial). A Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA) programou um ciclo de cinema e debates em comemoração aos 150 anos de Freud. No sábado, dia 6, às 9h, será exibido o filme Segredos em Família, de Fernando León de Aranoa, seguido de debate, na sede da SBPdePA (Quintino Bocaiúva, 1.362). Dia 13 de maio, às 10h30min, haverá exibição reduzida e discussão do filme Harry Potter e a Pedra Filosofal, de Chris Columbus, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon Country (Túlio de Rose, 80). As inscrições são gratuitas. Informações pelos fones (51) 3330-3845, (51) 3333-685 e (51) 3028-4261.

Saiba mais sobre os pensadores que desbravaram as principais linhas da prática psicanalítica:

com uma experiência moldada pelo estudo em um país sob truculência oficial. – Todos tínhamos colegas, amigos, conhecidos que haviam sido presos pela ditadura, isso despertou em nós uma consciência da questão social e do papel da psicanálise que foi fundamental para nossa formação – conta Ana Rosa Chait Trachtenberg, hoje presidente da Sociedade Brasileira Psicanalítica de Porto Alegre (SBPdePA). No início dos anos 80, esse grupo, apelidado em Porto Alegre de “os argentinos”, uniu-se a outros profissionais de formação realizada no Brasil e formou um centro de estudos – que daria origem mais tarde à SBPdePA, a segunda instituição da cidade filiada à IPA, conhecida como a “Brasileira” para se diferenciar da sua predecessora mais antiga, a SPPA. Ambas são, cada uma a seu modo, o resultado de duas ondas migratórias de estudantes gaúchos que se dirigiram a Buenos Aires. Mas o contrário também valeu por um tempo, principalmente durante o endurecimento da ditadura argentina. A proximidade fez de Porto Alegre um destino confortável para muitos profissionais que deixaram o país. – Claro que é difícil ser conclusivo nos fatores que levaram Porto Alegre a ter essa projeção. Mas acredito que se possa considerar também o fato de a psicanálise ser uma disciplina cuja origem está ligada à concepção moderna do ser humano, um pensamento que aflorou primeiro nos países centro-europeus e depois migrou para Buenos Aires, metrópole que atraía o interesse internacional no início do século 20 – comenta Alfredo Jerusalinsky, argentino residente em Porto Alegre desde 1977 e lacaniano integrante da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (Appoa) A Appoa, aglutinadora de profissionais filiados à escola de Jacques Lacan – que valorizou o papel da linguagem nos estudos psicanalíticos e rompeu com a IPA – foi fundada em 1989 e é outra entidade para a qual os anos 70 são período fundamental. – Na Argentina, o movimento lacaniano ganha muita força nos anos 70, com grupos que procuravam uma alternativa à ortodoxia, para renovar o papel da psicanálise dentro de um contexto social. Isso tem ecos profundos em Porto Alegre – analisa Lúcia Serrano Pereira, presidente da Appoa. Além de ser sede de três grandes instituições representativas de um amplo espectro da disciplina psicanalítica no Estado, Porto Alegre também é base para dezenas de instituições menores, grupos e núcleos de estudo.A cidade também tem uma tradição de diálogo profissional – embora não institucional – entre profissionais de diferentes correntes e mesmo de outras áreas do estudo da mente. – Sempre predominou em Porto Alegre uma visão humanista, que abriu caminho para visões biológicas do comportamento humano. Hoje temos, por exemplo, um departamento de bioquímica estudando a mente com muita força, comandado pelo professor da UFRGS Ivan Izquierdo. Além disso, a gente já teve um profissional estudando psicofarmacologia na França, Pedro Schimidt do Prado Lima, e um estudo muito forte em neurocirurgia – comenta o psiquiatra Sander Fridman. ➧ carlos.moreira@zerohora.com.br

“A civilização começou na primeira vez em que uma pessoa com raiva usou uma palavra em vez de uma pedra” (Sigmund Freud)

ZERO HORA

SEGUNDO CADERNO

CULTURA

por MOACYR SCLIAR

Segundo Caderno Z E R O H O R A – Q UA R T A - F E I R A , 2 8 D E M A R Ç O D E 2 0 0 7

Para delírio das arquibancadas RENATO MENDONÇA

Ele pode ser aquele craque que volta aos gramados atendendo à pressão da torcida, saudosa do seu futebol, capaz de atrair multidões aos estádios. Ou: ele pode ser o artista que volta aos palcos, atendendo aos pedidos do público, carente de sua arte, capaz de atrair multidões aos teatros.

S

e Chico Buarque tivesse de escolher entre essas duas situações, provavelmente escolheria a primeira. Mas o público não deixa: o show Carioca, em cartaz de hoje até domingo, no Teatro do Sesi, com lotação esgotada, é apenas mais uma etapa de uma turnê que já reuniu mais de 140 mil pessoas em teatros do Brasil e Portugal. Se insistirmos nas imagens futebolísticas, o sucesso de Chico Buarque, 62 anos, pode ser explicado com o bordão “O veterano conhece os atalhos do campo”. Ele poderia rodar o mundo reprisando Roda Viva, Olê Olá, A Banda, Apesar de Você, Vai Passar, Atrás da Porta, Pedro Pedreiro, Sabiá, Trocando em Miúdos, Construção, Tatuagem, Sem Compromisso, A Rita, Folhetim. Mas não. O craque não gosta de repetir dribles, sabe que o que encanta mesmo os torcedores é o seu jeito de jogar. Confira o repertório do Carioca no quadro ao lado e concorde que Chico não joga para a torcida – quem entra em campo não são os sucessos de efeito, mas as canções que só têm compromisso com dois enigmas: o que é a mulher e o que é ser artista. E o melhor é que Chico Buarque continua atrás das respostas. Ele começa o show com versos ingênuos: “Voltei a cantar / Porque senti saudade / Do tempo em que eu andava na cidade / Com sustenidos e bemóis / Desenhados na minha voz”. E termina dando um carrinho no glamour: “Cantando e sambando na lama de sapato branco, glorioso / Um grande artista tem que dar o que tem e o que não tem”. Para as intraduzíveis mulheres, dirige versos conformados: “Eu não sabia explicar nós dois / Ela mais eu / Porque eu e ela / Não conhecia poemas / Nem muitas palavras belas / Mas ela foi me levando pela mão / Íamos todos os dois / Assim ao léu / Ríamos, chorávamos sem razão”. Já nos descontos (na última música), surge a jogada definitiva: “Toda alma de artista quer partir / Arte de deixar algum lugar / Quando não se tem pra onde ir”. Se o público pudesse responder, certamente diria para Chico não se preocupar: ele está gravado como tatuagem no coração da torcida. Leia mais sobre Chico Buarque na página central e na Contracapa

Chico Buarque apresenta o show “Carioca” até domingo, no Teatro do Sesi, com lotação esgotada em todas as sessões

O REPERTÓRIO DO ESPETÁCULO As sessões serão no Teatro do Sesi (Avenida Assis Brasil, 8.787, fone 3347-8617), de hoje a sábado, às 21h, e domingo, às 20h Voltei a Cantar (Lamartine Babo, 1939) Mambembe (Chico Buarque, 1972) Dura na Queda (Chico, 2000) O Futebol (Chico, 1989) Morena de Angola (Chico, 1980) Renata Maria (Ivan Lins e Chico, 2005) Outros Sonhos (Chico, 2006) Imagina (Tom Jobim e Chico, 1983) Porque Era Ela, Porque Era Eu (Chico, 2006) Sempre (Chico, 2006) Mil Perdões (Chico Buarque, 1983) A História de Lily Braun (Edu Lobo e Chico, 1982) A Bela e a Fera (Edu Lobo e Chico, 1982) Ela É Dançarina (Chico, 1981) As Atrizes (Chico, 2006) Ela Faz Cinema (Chico, 2006) Eu Te Amo (Tom Jobim e Chico, 1980) Palavra de Mulher (Chico, 1985) Leve (Carlinhos Vergueiro e Chico, 1997) Bolero Blues (Jorge Helder e Chico, 2006) As Vitrines (Chico, 1981) Subúrbio (Chico, 2006) Morro Dois Irmãos (Chico, 1989) Futuros Amantes (Chico, 1993) Bye Bye Brasil (Roberto Menescal e Chico, 1979) Cantando no Toró (Chico, 1987) Grande Hotel (Wilson das Neves e Chico, 1997) Ode aos Ratos (Edu Lobo e Chico, 2001) Na Carreira (Edu Lobo e Chico, 1982)

Luis Fernando Verissimo é: 1) um grande homem 2) um grande brasileiro 3) um grande gaúcho 4) um grande porto-alegrense 5) um grande colorado 6) um grande cronista do futebol 7) um grande colunista 8) um grande contista 9) um grande romancista 10) um grande poeta (ainda que duvide do próprio talento: poesia numa hora dessas?) 11) um grande ensaísta 12) um grande intelectual 13) um grande músico 14) um grande conhecedor de jazz 15) um grande viajante 16) um grande escritor de viagens (ver a série Traçando...) 17) um grande gourmet 18) um grande artista gráfico 19) um grande cartunista 20) um grande autor de coletâneas 21) um grande conhecedor de arte e de museus 22) um grande memorialista 23) um grande ouvinte (e, não raro, um grande palestrante) 24) um grande entrevistado 25) um grande marido (Lúcia assina em baixo) 26) um grande pai (Mariana, Fernanda e Pedro, idem) 27) um grande irmão para a Clarissa 28) um grande cunhado para o David 29) um grande herdeiro do Erico e da Mafalda 30) um grande fã do futebol 31) um grande defensor da democracia 32) um grande conviva em festas 33) um grande anfitrião 34) um grande amigo 35) um grande supervisor de analistas (ao menos do analista de Bagé) 36) um grande ofiólogo, especialista em cobras (ao menos das Cobras que criou) 37) um grande correspondente da inesquecível Dora Avante 38) um grande gerontólogo (perguntem à Velhinha de Taubaté) 39) um grande amigo da família no Brasil (ou da Família Brasil) 40) um grande especialista em fauna exótica (na época da ditadura criou o rinoceronte Mac, que era a própria imagem da opressão) 41) um grande lutador pela democracia 42) um grande votante do Jânio (sim, também tinha disso) 43) um grande crítico de governantes (FHC que o diga) 44) um grande incentivador de talentos 45) um grande evocador do passado 46) um grande paciente (segundo os médicos que o trataram. E sempre saiu galhardamente de situações difíceis) 47) um grande best-seller 48) um grande bibliófilo 49) um grande convidado em eventos internacionais 50) um grande divulgador da literatura brasileira no Exterior 51) um grande morador de Petrópolis (nunca saiu do bairro) 52) um grande fã da música popular brasileira 53) um grande polemista (embora não goste muito de polêmica) 54) um grande dançarino (perguntem à Fernanda, que uma vez o tirou para dançar) 55) um grande astro da Jornada de Passo Fundo e da Festa Literária de Parati 56) um grande torcedor do Brasil na Copa do Mundo (se não ganhamos, não foi culpa dele) 57) um grande parceiro em livros (Pega pra Kaput, que fizemos juntos, foi uma aventura inesquecível) 58) um grande parceiro em jornais (os veteranos ainda lembram o Pato Macho) 59) um grande inspirador de cineastas 60) um grande entrevistado 61) um grande conhecedor da cultura européia e norte-americana 62) um grande freqüentador de bons restaurantes 63) um grande motorista (já andei com ele e posso dizer que é, no mínimo, uma experiência sem grandes sobressaltos) 64) um grande editado, para qualquer editor 65) um grande carioca por adoção (morou lá muito tempo e casou com a carioca Lúcia) 66) um grande cinéfilo 67) um grande freqüentador de teatros 68) um grande autor teatral 69) um grande conhecedor da condição humana 70) enfim, um grande aniversariante. Parabéns, LFV: teus 70 e mais 70!

Melanie Klein (1882 – 1960) Psicanalista austríaca nascida em Viena, aluna e seguidora de Freud, Melanie Klein realizou estudos com crianças para comprovar a teoria da sexualidade infantil de Freud. Nos anos 20 e 30 do século passado, ela realizou testes em crianças não em consultórios, mas em salas de recreio, utilizando os brinquedos para mapear o inconsciente infantil e a maneira como a criança monta suas primeiras impressões do mundo.

Anna Freud (1895 – 1982) Sexta filha de Sigmund Freud, foi iniciada por ele na prática psicanalítica e trabalhou com crianças após a conclusão de sua formação. Foi um dos nomes que contribuíram para sedimentar o campo da psicanálise, e seus trabalhos são considerados fundadores do estudo do desenvolvimento psicológico. Nos primeiros tempos da psicanálise, sua visão do desenvolvimento infantil entrou em atrito com a de Melanie Klein – e um grande debate tomou os meios psicanalíticos da época sobre qual das duas podia ser apontada como herdeira intelectual do mestre austríaco.

Donald Winnicott (1896 – 1971) Psicanalista e pediatra britânico que trabalhou com o modo como a criança processa estímulos. Em sua teoria, o potencial para o amadurecimento e a integração da criança precisam ser preparados por um ambiente propício – papel exercido pela presença física da mãe durante a gravidez e a primeira infância. A constituição da personalidade, portanto, é condicionada pela relação física entre mãe e filho, e mesmo a forma como a mãe embala ou posiciona o bebê.

Wilfred Bion (1897 – 1979) Nascido na Índia, filho de funcionários da ocupação britânica, foi aluno de Melanie Klein e um pioneiro no trabalho com dinâmicas de grupos.

Jacques Lacan (1901 – 1981) Nascido em Paris, Jacques Marie Émile Lacan rompeu com a Associação Internacional de Psicanálise e formou uma escola própria, defendendo que procedimentos e cumprimentos de etapas não formariam um analista. Lacan propunha a volta aos textos originais de Freud e um estudo aprofundado da linguagem, por entender que suas regras funcionavam de forma semelhante às que presidiam o inconsciente. No processo de análise, Lacan defendia uma abordagem mais heterogênea, de acordo com cada caso estudado.

“Um homem não deveria lutar para eliminar seus complexos, mas entrar em acordo com eles: eles são realmente o que guia a sua conduta no mundo” (Sigmund Freud)

porto alegre

razões para celebrar os 70 anos de Verissimo

Sigmund Freud (1856 – 1939) Nascido em Freiberg, na Áustria, o criador da Psicanálise é a raiz comum da maioria das correntes psicanalíticas. Médico voltado ao estudo das doenças nervosas, Freud elaborou no fim do século 19 um conceito científico para a idéia de “inconsciente”. Com base na observação de pacientes que não apresentavam alterações orgânicas que pudessem explicar seus sintomas de histeria, Freud deduziu que sentimentos e emoções reprimidas com origem em fatos traumáticos da infância – por serem dolorosos demais para serem suportados – permaneciam reprimidos na mente do paciente. Embora tenha feito experiências com tratamento por hipnose no começo de seu trabalho, abandonou o método à medida que foi delineando suas descobertas, em favor do método da estimulação da associação livre de idéias, na qual o paciente dizia qualquer coisa que lhe viesse à cabeça relacionada com o problema que estava sendo examinado. A hipótese de que os episódios reprimidos tinham uma origem sexual situada na infância foi um escândalo no momento em que a teoria de Freud veio a público – por significar que mesmo as crianças possuíam sexualidade.

Muitos anos para Gabriel García Márquez O escritor colombiano – um dos maiores nomes da literatura mundial contemporânea – será homenageado em 2007 pelos 80 anos de vida, pelos 60 da publicação do primeiro conto, pelos 40 do lançamento de “Cem Anos de Solidão” e pelos 25 anos do Prêmio Nobel

Sábado, 3 de março de 2007


O Continente Adaptação em 36 capítulos para os quadrinhos da obra de Érico Verissimo. Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Aquarela e nanquim sobre papel 2005


O Continente Adaptação em 36 capítulos para os quadrinhos da obra de Érico Verissimo. Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Aquarela e nanquim sobre papel 2005


En el mar el amor es así. História em quadrinhos. Roteiro e traço: Fraga Cliente: Norma Editorial (Espanha) Técnica: Bico de pena e digital 2003 A Bolsa do Diabo Adaptação do conto russo para quadrinhos Roteiro: Deisi B. Cliente: Revista Norte Técnica: Bico de pena e colorização digital Agosto/2008

Zig (Zigtira) Cliente: Jornal Zero Hora 2004

Jason Cliente: Jornal Zero Hora 2004


O livro da vida Roteiro: Deisi B. História em quadrinhos Cliente: Revista Front Técnica: Guache sobre vergê preto Dezembro/2007


William Faulkner Técnica: lápis e aquarela sobre papel Cliente: Jornal ZH 2008

Eça de Queirós Técnica: lápis de cor pastel seco e oleoso e hidrográfica sobre papel Cliente: Revista Norte 2008

Millôr Fernandes Técnica: bico de pena e colorização no Photoshop Cliente: Jornal ZH 2008

Quino Técnica: lbico de pena sobre papel Cliente: Jornal ZH 2008

Freud Técnica: lápis e aquarela sobre papel Cliente: Jornal ZH 2008

Manoel Bandeira Técnica: bico de pena, lápis e colorização no Photoshop Cliente: Jornal ZH 2007


HP Lovecraft Técnica: Caneta permanente e colorização no Photoshop Cliente: Jornal ZH 2009

Julio Cortázar Técnica: lápis de cor, hidrográfica e pastel sobre papel Cliente: Revista Norte 2008

William Shakespeare Técnica: Illustrator e colorização no Photoshop Cliente: Jornal ZH 2009

Gabriel Gárcia Marquez Técnica: lápis de cor, hidrográfica e pastel sobre papel Cliente: Revista Norte 2008

Saramago Técnica: bico de pena e lápis de cor sobre papel Cliente: Jornal ZH 2006

Edgar Allan Poe Técnica: gravura digital Cliente: Jornal ZH 2009


Revista Rolling Stone

Ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva Técnica: Aquarela sobre papel Junho/2008

Revista Rolling Stone Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Técnica: Aquarela sobre papel Julho/2008

Revista Rolling Stone Ministro Extraordinário de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger Técnica: Aquarela sobre papel Julho/2008

Revista Rolling Stone Deputado Federal Arlindo Chinaglia Técnica: Aquarela sobre papel Agosto/2008

Revista Rolling Stone Deputado Federal Garibaldo Alves Técnica: Aquarela sobre papel Agosto/2008

Revista Rolling Stone Ministro da Cultura Juca Ferreira Técnica: Aquarela sobre papel Setembro/2008


Revista Bravo! Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Técnica: Ilustração digital Março/2009

Revista Front nº 16 “Edição Morte” Cliente: Editora Via Lettera Técnica: Bico de pena colorizado no computador 2007


Manual Lado B Cliente: Bastemp Técnica: hidrográfica sobre papel 2008

Raizler Promocional 2007

10º Tabelionato de Porto Alegre/RS 2009

Zig (Caderno Meu Filho ZH) Cliente: Zero Hora 2006 Promoção “Invente o Futuro” Ideia vencedora: A máquina russa Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Digital 2009 Made in Russia

Projeto Luz Interativa Cliente: Agência SPR 2001

Dicas sobre Gripe A Cliente: Jornal Zero Hora Técnica: Digital 2009


A turma aprende a fazer

Revista da

Nota Fiscal pra quê?

a compra certa

tem, não só

saber pra que serve a

Que chato...

A gente pode

Não tem nada

Sabe, é uma dÚVIDA que muita gente

... daí, a gente quer

as crianças!

nota fiscal?

jogar game

pra fazer...

lá em casa ou ir brincar na praça!

Histórias e passatempos de educação fiscal tanto a nota fiscal quanto o cupom

Ah, também

Ah é, e os brinquedos

A gente podia

não dá!

reunir a

Ninguém tem

quebrados?

turma pra

SIM!!!

fiscal são documentos muito importantes para todos nós! Toda vez que uma

bola...

pessoa compra

jogar bola!

algum produto, toma um refrigerante, usa o telefone ou acende a luz, ela paga por isso, não paga?

Pois é, acontece

Cada um dá uma colaboração pra comprar

Já sei!

uma bola!!

que nesse valor

Legal!

tem uma parte que é

E vai dar pra

imposto, como por

reunir toda

exemplo, o ICMS.

a turma!!!

7

3

JOGO dos 7Erros

Labi rin to

O que acontece com o dinheiro dos impostos?

O júnior foi ao mercado comprar leite para sua mãe, compare as figuras e encontre os erros:

ajude alice a encontrar o caminho para entregar as compras Da dona cidinha junto com a nota fiscal:

Às vezes, algumas pessoas estragam escolas, picham prédios públicos, depredam praças que são de todos nós. E aí, o governo tem que usar o dinheiro dos impostos, que poderia ser usado para outras coisas, para consertar o que foi estragado.

Bom, nem tudo. Por isso temos que cobrar dE governoS, DEPUTADOS, VEREADORES,

E dá pra fazer tudo com esse dinheiro?

nos reunirmos NA NOSSA COMUNIDADE PARA GARANTIR QUE as principais necessidades da população sejam incluídas

É como uma lista de prioridades onde estão

público?

relacionados todos os itens nos quais o governo vai utilizar o dinheiro que arrecadou com os impostos.

6

14

Escolha o personagem para representar a sua equipe!

e começa a partida!

1

2

3

4

Por que devemos exigir a nota fiscal ao comprar um produto? Se você acertar, ande 3 casas. Se você errar, volte 3 casas.

Uhu!! avance duas casas

Júnior

24

23

Responda rápido: o que é ICMS? Se você acertar, ande 2 casas. Se você errar, volte 2 casas.

Você economizou sua mesada para comprar um brinquedo. Ande 3 casas.

Todo cidadão deve se informar sobre seus direitos e deveres para ter uma vida melhor! Avance uma casa!

SAÍDA

Alice

16

respostas na página 19.

5

7

6

Pedro

Lu

22

21

20

26

Turma da Cidadania Cliente: Secretaria da Fazenda RS Técnica: Bico de pena sobre papel e digital 2009

Para jogar, convide seus amigos. Cada personagem representa um jogador ou uma equipe. Recorte e monte os personagens. Use a imaginação: você pode colar as figuras em tampinhas de garrafa pet ou bolar algo bem legal! Para iniciar o jogo, cada jogador ou equipe deve jogar o dado. Aquele que tirar o número maior começa o jogo. A cada jogada com o dado, o personagem vai se movendo pela trilha. No caminho, serão encontrados alguns obstáculos e muita informação legal pra toda turma aprender! Siga as instruções e divirta-se! Quem concluir a trilha primeiro, ganha o jogo!

18

33

28

29

Você tem dinheiro para comprar um brinquedo e foi na loja que dá nota fiscal! Parabéns! Jogue mais uma vez.

30

31

32

Com o dinheiro dos impostos, o governo consegue oferecer uma vida melhor para todos nós! avance uma casa.

sua da rno stiu gove o inve e ã ! O Êpa ade n ament ostos t cid re imp ! cor dos licas iro s púb da a a inhe o d s obr a rod ! na um ar Fica m jog se

10 11

17

12

16

34

27 Você estacionou sua bicicleta em cima da faixa de segurança! Fica uma rodada sem jogar.

Cite rápido duas obras públicas importantes que são construídas e mantidas com o dinheiro público: se acertar, ande 3 casas. se errar, volte 3 casas.

19

Você é um aluno exemplar e respeita seus colegas e professores. Ande 3 casas.

9

Você acompanhou e cobrou do governo a boa aplicação dos impostos. Jogue mais uma vez.

INSTRUÇÕES: Este é o jogo “Trilha da Cidadania”. Você vai se divertir e aprender junto com seus amigos!

8

O bom cidadão obedece às leis e se preocupa com sua comunidade, pois tudo que é público, é nosso!

25 Você jogou lixo no cháo! Volte 5 casas.

vamos lá galera!!

15

35

Xiiii, você resolveu comprar seu brinquedo no camelô e ele não dá nota fiscal e nem recolhe ICMS. Volte ao início da partida.

36

13 14

37 38 Acompanhar o orçamento público é um direito de todo cidadão.

39 40

O CH PR EG IM E A PA R IRO RT VEN ID CE A A! A

CHEGADA

O que é orçamento

respostas na página 19.

no orçamento público.

Venha brincar e aprender! O Programa de Educação Fiscal do Rio Grande do Sul Aprendendo a Ser Cidadão apresenta o jogo que vai ensinar às crianças a importância da cidadania.


Dali em diante, enquanto não arranjava ninguém disposto a adotá-la definitivamente, a cadelinha foi crescendo nas imediações do condomínio. Até ganhou nome gravado em uma medalhinha: Lilica.

No entanto, como Lilica era muito miúda e conseguia passar com facilidade pelas grades dos muros, isso começou a irritar um velho ranzinza, que morava no único apartamento de cobertura daquele prédio e, por mancar de uma perna graças a uma mordida de cachorro, detestava cães e todo tipo de bicho...

Livro “Lilica, o rabugento e o leão banguela” Cliente: Editora Desatino Técnica: Bico de pena sobre papel e digital 2009

Revista “Turma da Cacá” Cliente: Editora VMV Técnica: Bico de pena sobre papel e digital 2000

7

E eles já estavam bem distantes do condomínio quando o velho abriu de repente a porta do carro e gritou: — Dá o fora, sua pulguenta!

11


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