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Pancadas Entrevista a Voronwe, o elfo sindicalista

Entrevista a Voronwe, o elfo sindicalista

«Cada brinquedo oferecido pelo Pai Natal é o resultado de muitas horas de trabalho»

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A fábrica de brinquedos do Pai Natal tem uma nova estrela em ascensão. Varonwe, um jovem elfo da Lapónia, tem dado nas vistas, reivindicando melhores condições de trabalho para aqueles que, como ele, constroem os brinquedos que são distribuídos na quadra natalícia: “Não pedimos mais do que aquilo que é justo, nomeadamente não sermos escravizados pelo Senhor Nicolau”.

O Varonwe tem dado nas vistas na luta pelos direitos dos elfos trabalhadores. Pode dizer-se que, este Natal, o Pai Natal recebeu alguns pedidos diferentes…

Antes de mais, não são pedidos, são exigências. Reivindicamos melhores condições de trabalho e subsídios correspondentes à maior produção que caracteriza esta quadra. Se visitarem a nossa fábrica nas semanas que antecedem o Natal, vão perceber rapidamente a urgência destas medidas. Não podemos ter trabalhadores que

«Há muitos elfos que passam dificuldades. A julgar pela barriga do Senhor Nicolau, não me parece que se possa dizer o mesmo»

estão há 800 anos sem receber. Isto é impensável num país como a Lapónia, em que a exportação de brinquedos representa 99,7% do PIB.

E qual foi a reação do Pai Natal?

A postura do proprietário da fábrica de brinquedos não tem ajudado. Digamos que o Senhor Nicolau não nos dá resposta a perguntas importantes como “Para onde vai o dinheiro da Coca-Cola?” ou “Há dinheiro para comprar renas novas, mas não há para pagar aos trabalhadores?”. A todas estas questões, Senhor Nicolau responde com uma gargalhada – uma espécie de “Ho, ho, ho” muito ofensivo.

A greve é uma possibilidade?

Essa é uma questão pertinente. Reparem que há uma pressão muito grande que nos é colocada para continuar a produzir. A sociedade será rápida em julgar-nos, se decidirmos fazer uma greve que deixe as crianças do mundo sem brinquedos. Mas a Constituição da Lapónia é clara e diz-nos que a greve constitui um direito irrenunciável de todos os trabalhadores. Aliás, diria que a greve serve precisamente para mostrar a importância do nosso trabalho, serve para nos valorizar. Não pedimos mais do que aquilo que é justo, nomeadamente não sermos escravizados pelo Senhor Nicolau.

O que é sente que precisa de mudar?

Infelizmente, muita coisa. Aos poucos, vamos observando como a Lapónia se convenceu disto – parece normal que se pense que nós, elfos, estamos condenados a uma vida de trabalho intenso sem uma compensação justa. Cada brinquedo oferecido pelo Pai Natal é resultado de muitas horas de trabalho. Merecemos ter uma vida melhor, mais digna. Há muitos elfos que passam dificuldades. A julgar pela barriga do Senhor Nicolau, não me parece que se possa dizer o mesmo.