Qualificações de Futuro

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QUALIFICAÇÕES DE FUTURO Conheça oportunidades de aprendizagem alinhadas com as tendências mais relevantes do nosso tempo.

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ÍNDICE

#1 Editorial #2 Qualificação. A chave para o futuro #3 A importância de aprender ao longo da vida #4 Áreas de Futuro #5 Novas Tecnologias. O amanhã é digital #6 Economia Circular e Sustentabilidade #7 Energias renováveis e Descarbonização #8 Recursos #9 Editorial

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EDITORIAL O caminho para o sucesso sustentável passa pela qualificação Na era da rápida transformação tecnológica e económica, a relevância das qualificações nunca foi tão crítica. À medida que o mundo avança em direção a um futuro cada vez mais voltado para a tecnologia, a automação, a inovação e a sustentabilidade, as qualificações alinhadas com as necessidades do futuro são um ativo inestimável.

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os últimos anos, temos testemunhado como a rápida transformação tecnológica afeta profundamente a maneira como vivemos e trabalhamos. Avanços na inteligência artificial, automação, robótica e tecnologias digitais estão a influenciar as profissões de uma maneira sem precedentes. Tais mudanças têm o potencial de criar oportunidades, levantando também desafios significativos. À medida que certas tarefas são automatizadas, algumas das qualificações que eram valorizadas perdem alguma relevância. Por essa razão, profissionais que desejam manter-se competitivos no mercado de trabalho necessitam de se conseguir adaptar e adquirir competências alinhadas com as necessidades do futu-

ro. Isso inclui competências em áreas ligadas às novas tecnologias, nomeadamente no que diz respeito à digitalização e à afirmação do paradigma da Indústria 4.0. Estas forças têm levado instituições de ensino e empresas ou organizações a apostar na articulação entre os planos curriculares e as necessidades de futuro. Hoje, é possível encontrar novas formas de qualificação da força de trabalho, seja em modalidades presenciais ou online, que incentivam o contínuo aperfeiçoamento e atualização das competências. Para além das competências técnicas, as competências interpessoais também são essenciais no mundo de hoje e de manhã. À medida que a automação se


torna o principal recurso para certos tipos de tarefas, competências como empatia, criatividade e trabalho em equipa tornam-se cada vez mais valiosas. A capacidade de colaborar e de adaptação rápida a ambientes de trabalho em constante mudança é crucial. Neste contexto, a aprendizagem ao longo da vida é uma necessidade imperativa na era moderna. Cada vez mais, não é suficiente garantir um diploma e considerar que a nossa ligação ao mundo da educação e formação está concluída. Hoje, é fundamental continuar a atualizar as nossas qualificações. Num mundo em constante evolução, também a relevância das qualificações sofre mudanças. Para

garantirmos o nosso sucesso numa economia em rápida transformação, será crucial adquirir e manter qualificações alinhadas com as necessidades do futuro. Aqueles que procurem constantemente a adaptação e o crescimento serão os mais preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o futuro oferece. Ao longo desta publicação, trazemos-lhe algumas das áreas mais alinhadas com as necessidades do futuro e que, por isso, apresentam maior potencial para processos de qualificação ou requalificação. Conheça este universo e abrace as oportunidades que a era da tecnologia, inovação e sustentabilidade oferece.

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Qualificação. A chave para o futuro A digitalização, a globalização e a crise climática trouxeram grandes mudanças à nossa forma de viver e trabalhar. Por outro lado, a automação e as novas tecnologias conjugam-se para construírem a quarta revolução industrial, uma transformação acelerada pela pandemia da Covid-19. Estas tendências vão mudar o futuro do trabalho e da formação profissional, havendo uma certeza – as qualificações serão essenciais.

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mundo do trabalho está a mudar”, destaca a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE): “Digitalização, globalização, envelhecimento da população e a transição para uma economia de baixo carbono estão a afetar os empregos disponíveis e as competências necessárias para os desempenhar”. De acordo com o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional – CEDEFOP, em Portugal, até 2030, os setores da energia, das tecnologias da informação e da administração serão alguns dos que mais vão crescer, em termos de emprego. Neste contexto, acrescenta a mesma fonte, a qualificação profissional será muito relevante – 4 em cada 5 empregos vão requerer qualificações médias (níveis 3 e 4 do QNQ) ou elevadas (níveis 5 a 8).

O CONTEXTO DA MUDANÇA O termo “Indústria 4.0” é aplicado em referência à quarta revolução industrial e baseia-se, como tal, no desenvolvimento tecnológico recente. Conforme relembra o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional – CEDEFOP – o conceito “tornou-se um sinónimo para uma nova revolução industrial baseada na digitalização, automação, networking e processos de produção flexíveis”.


Segundo o CEDEFOP, essa realidade começa já a tomar contornos bem definidos. Muitas fábricas de alta tecnologia são já “(quase) vazias de seres humanos”. Uma fábrica com uma menor presença humana não significa, contudo, uma maior taxa de desemprego. As mudanças terão, de resto, “um efeito positivo no desenvolvimento económico” e significarão até uma va-

lorização do trabalho, garante um estudo da plataforma Skills Panorama. A grande novidade, acrescentam, é que existirá “uma mudança estrutural para a área dos serviços”. Ambos os estudos salientam uma nota, contudo: não existem certezas quanto ao caminho que a Indústria 4.0 tomará. Um dado frequentemente referido indica que, dentro de 10 anos, 60% das profissões existentes ainda não terão sido criadas. O que levanta uma questão adicional: como se preparam os jovens para as profissões de futuro, quando essas mesmas profissões são ainda desconhecidas.

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Num mundo em mudança, há uma certeza: o futuro implicará “uma adaptação constante da força de trabalho aos novos processos de produção”, conclui um estudo dedicado ao impacto da quarta revolução industrial na Alemanha. Ainda que muitas das novas profissões venham a exigir trabalhadores com formação superior (particularmente nas áreas de informática, matemática, ciência e engenharia), “o desemprego para pessoas sem formação profissional vai aumentar ainda mais”, garante o CEDEFOP.

Hoje em dia, acrescenta o estudo, as empresas estão a cooperar mais com as instituições de ensino superior para treinar a próxima geração de trabalhadores qualificados. Contudo, a formação profissional “não deve deixar esta responsabilidade apenas para o ensino superior – pelo contrário, deve desenvolver o seu próprio conceito de Ensino Profissional 4.0”, realçam. Este conceito inclui novas parcerias entre instituições de ensino e percursos de qualificação “híbridos” em colaboração com universidades e politécnicos.


AS TENDÊNCIAS DE FUTURO De forma geral, acrescenta o CEDEFOP, há um foco muito grande nas Tecnologias da Informação. De igual forma, as competências de controlo e de resolução de problemas são muito pretendidas. A questão central, explicam, passa por garantir “padrões mínimos comuns” nos currículos dos cursos, que permitam “às empresas e escolas profissionais a adaptação às necessidades do momento”.

Para além das tecnologias digitais e automação, há ainda outras tendências que moldam o presente e o futuro do trabalho. Fenómenos como o envelhecimento da população, a globalização e o combate às alterações climáticas vão também operar mudanças significativas no mundo do trabalho do futuro e, por arrasto, às necessidades de qualificação. Ao longo das próximas páginas, trazemos-te mais informações sobre três dessas áreas de futuro.

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A importância de Aprender ao Longo da Vida A aposta na qualificação ao longo da vida e, em particular, de uma carreira, é vista, cada vez mais, como sendo fulcral para o desenvolvimento pessoal e profissional.


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aprendizagem ao longo da vida é um dos elementos fundamentais para garantir a atualização face aos desafios mais atuais do mundo do trabalho, bem como facilitar a progressão ou até reconversão profissional. Os conhecimentos e competências adquiridos são também, cada vez mais, vistos pelas empresas e organizações como uma forma de aumentar a produtividade. Atualmente, as estatísticas mostram que o valor da formação contínua é cada vez mais reconhecido – de acordo com um estudo do LinkedIn, 86% dos trabalhadores acredita ser importante ter acesso a oportunidades de aprendizagem ao longo da sua carreira. De igual forma, 94% dos inquiridos afirma que ficaria mais tempo numa empresa que invista no desenvolvimento da sua carreira com recurso à formação. Conhece algumas das vantagens que a qualificação assegura, no campo do desenvolvimento pessoal e profissional.

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ENCONTRAR EMPREGO MAIS FACILMENTE

A frase “para quê estudar, se vou acabar no desemprego?” pode ainda ser ouvida. Contudo, todos os estudos têm ajudado a desmistificar esta ideia, mostrando que a qualificação é um fator decisivo para alcançar sucesso no mercado de trabalho. Esta é uma conclusão facilmente verificável, através da consulta das taxas de desemprego em Portugal, por nível de escolaridade completo. De acordo com a Pordata, em 2022, a taxa de desemprego entre os diplomados do Ensino Superior era de 4,4% – um valor significativamente mais baixo do que o valor registado junto dos diplomados do ensino secundário e pós-secundário (como, por exemplo, diplomados de Cursos Técnicos Superiores Profissionais), que se fixa nos 6,9%. Esta tem sido uma tendência reforçada, num passado recente. De acordo com a Fundação José Neves, em 2021, o risco de desemprego dos diplomados do ensino superior diminuiu, fixando-se nos 4,4%.

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Há uma outra conclusão que pode ser tirada, no que diz respeito à importância da qualificação – esta resulta em melhores vencimentos. De acordo com uma publicação da Fundação José Neves, em média, os salários de quem completa o ensino superior são 42% mais elevados, em comparação com quem escolhe não prosseguir estudos. Adicionalmente, um outro facto indica a importância da qualificação em relação ao vencimento – de acordo com a o Livro Branco Mais e Melhores Empregos para os Jovens, publicado no final de 2019, os diplomados de mestrados ganham, em média, mais 22% do que os licenciados. De igual forma, o relatório Estado da Educação 2021, publicado em janeiro de 2023, noticiou que, em média, os doutorados ganham mais 950€ por mês do que os licenciados e o triplo do que um trabalhador com o ensino secundário. “O investimento na qualificação tende a ser compensador nas trajetórias dos indivíduos”, afirma o Conselho Nacional de Educação (CNE), que publicou o relatório.

De acordo com o estudo Benefícios do Ensino Superior da Fundação Francisco Manuel dos Santos existe ainda um impacto na qualidade dos empregos obtidos através de qualificação superior, em comparação com os restantes trabalhadores. Isto porque os diplomados de ensino superior encontram empregos “mais complexos e diversificados” e “mais seguros”. Por outro lado, existem algumas “diferenças relevantes”, no que toca aos “sentimentos de realização pessoal e de valorização do trabalho realizado”. É também importante ter em conta, neste caso particular, o impacto que uma formação superior pode ter em termos de progressão da carreira dentro de uma empresa ou organização, ao ser, muitas vezes, um requisito para se concretizar essa evolução dentro de um determinado contexto profissional.

GARANTIR UM MELHOR VENCIMENTO

ACEDER A MELHORES EMPREGOS


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Para além de melhores empregos e salários, o estudo Benefícios do Ensino Superior, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, detalha ainda o que apelida de “benefícios não-económicos”. Nesta categoria, encontramos mais-valias que vão de áreas como a saúde à participação cívica. Um dado relevante é que o efeito positivo da educação ou qualificação é atribuído a fatores como “maior confiança interpessoal, um maior sentimento de segurança e uma melhor perceção do seu estado de saúde”. Por outro lado, resulta ainda num “maior nível

Parece óbvio dizer que apostar na qualificação é apostar no desenvolvimento pessoal. Para além das competências técnicas adquiridas, há ainda competências transversais muito relevantes como a autoconfiança ou a gestão e planeamento que nascem das oportunidades de formação, bem como o acesso a experiências únicas que podem trazer novos conhecimentos de línguas e competências de interculturalidade, por exemplo. Há um fator que deves ter em conta nesta equação – apostar na qualificação ou requalificação é ter a possibilidade de focar numa paixão ou vocação. Essa será sempre uma porta para o bem-estar.

LIGAÇÃO À SOCIEDADE

APOSTAR NO DESENVOLVIMENTO PESSOAL

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Qualificar hoje, para um amanhã melhor Quais algumas das áreas de futuro? Que setores são centrais no futuro das economias e das sociedades? Conheça três das áreas mais relevantes em termos das oportunidades de qualificação e requalificação.


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Novas Tecnologias. O amanhã é digital Nos últimos anos, a Indústria 4.0, frequentemente chamada de quarta revolução industrial, emergiu como um farol que guia a produção e os negócios globais. Esta revolução é alimentada por um conjunto diversificado de tecnologias avançadas, incluindo inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas (IoT) e computação em nuvem.

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stas inovações estão a redefinir a forma como produzimos bens e serviços, sendo que a influência da Indústria 4.0 na produtividade é inegável. As novas tecnologias permitem otimizar o uso de recursos, tornando os processos de produção mais eficientes e abrindo caminho para o desenvolvimento de produtos em larga escala. À medida que as empresas implementam estas tecnologias, ganham vantagens competitivas significativas. De acordo com o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP), o termo “Indústria 4.0” tornou-se sinónimo de “uma nova revolução industrial impulsionada pela digitalização, automação, conexão e processos de produção flexíveis”. Muitas fábricas de alta tecnologia são já quase “vazias de seres humanos”, acrescentam. Contudo, uma fábrica com uma menor presença humana não implica necessariamente uma maior taxa de desemprego. Estudos conduzidos pela plataforma Skills Panorama destacam que a transformação indus-

trial não só impulsiona o desenvolvimento económico, mas também valoriza o trabalho. A Indústria 4.0 oferece inúmeras vantagens, incluindo custos de produção reduzidos, controlo integrado e em tempo real de operações, bem como otimização de processos. O verdadeiro impacto da Indústria 4.0 vai além dos aspetos económicos. O conceito traz consigo uma revolução nas profissões do futuro. Estudos frequentemente mencionados referem que, em uma década, cerca de 60% das profissões existentes ainda não terão sido criadas, e até 2030, estima-se que 85% das profissões ainda estejam por surgir. Essas estatísticas, embora meras estimativas, enfatizam a necessidade de profissionais altamente qualificados e adaptáveis num cenário em constante mutação.


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DEFENDER E PROTEGER

DIGITALIZANDO O MUNDO Além da manufatura e da indústria, a digitalização e a revolução tecnológica têm um impacto transversal em todos os setores. A digitalização está também a transformar a forma como as empresas operam, independentemente da sua área de atuação. A capacidade de recolher, analisar e utilizar dados está a tornar-se uma competência essencial. Nesse sentido, as empresas e organizações têm procurado apostar em tecnologias de ponta que permitam melhorar a eficiência, oferecer melhores produtos e serviços e conquistar vantagens competitivas. Outro dos exemplos é o do campo da educação, onde a digitalização está a democratizar o acesso ao conhecimento. Cursos online, recursos de aprendizagem digitais e plataformas de educação estão a revolucionar a forma como as pessoas adquirem novas competências e conhecimentos. Esta mudança alastra-se a todos os sectores, por mais distantes que possam parecer do mundo digital. No campo da Agricultura, por exemplo, é hoje habitual encontrar técnicas de smart farming em que as novas tecnologias permitem a análise de plantações ou criações, respondendo às necessidades individuais de cada planta, semente ou animal. A recolha de dados com recurso a sensores ou drones é cada vez mais habitual, bem como a análise e interpretação através de software especializado.

A Internet revolucionou o acesso à informação, e as redes informáticas são a espinha dorsal desse novo paradigma. Empresas e organizações de todos os sectores dependem agora da integridade dessas estruturas para realizar a sua atividade. Neste contexto, a segurança de redes informáticas tornou-se uma prioridade para proteger o acesso, a utilização e a integridade de dados, sistemas e, fundamentalmente, das pessoas. O número de incidentes de cibersegurança está em ascensão globalmente. Em 2021, Portugal registou um aumento de 26% nos incidentes digitais registados pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) em comparação com o ano anterior. É expectável que esta tendência continue durante os próximos anos. Isso realça a necessidade crítica de empresas e organizações contratarem profissionais especializados na gestão e segurança de recursos informáticos. Esta necessidade torna-se ainda mais urgente à medida que a digitalização continua a transformar diversos sectores de atividade. Tendências como o trabalho remoto e a automatização reforçam a importância de garantir a integridade e segurança dos sistemas. De igual forma, a aceleração tecnológica, impulsionada pela implementação de tecnologias como o 5G, realidade aumentada e realidade virtual, levará a uma crescente dependência de máquinas e sistemas informáticos. Profissionais especializados em Gestão de Redes Informáticas e Web Security serão peças-chave na implementação dessa abordagem.

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Economia Circular e Sustentabilidade. Por um futuro melhor Quando pensamos no futuro, as mudanças climáticas emergem como um tópico incontornável. De igual forma, as preocupações com a área da sustentabilidade são hoje uma prioridade para empresas e organizações, que trabalham diversos planos de impacto ambiental, estudando e avaliando as consequências de certas atividades para o meio ambiente.

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sta atividade é realizada em vários contextos profissionais: indústria, investigação científica ou políticas públicas, por exemplo. Identificadas as consequências da ação humana, são desenvolvidos planos de intervenção, com vista à melhoria das condições dos ecossistemas e das populações locais. Neste contexto, é expectável que, durante os próximos anos, uma série de profissões e competências ligadas à Economia Verde se tornem centrais no mundo do trabalho. Ao apoiarem empresas e organizações a ajustar o seu impacto no planeta, estes profissionais serão peças-chave na procura de um mundo mais sustentável, desejando ativamente um futuro melhor.

O FIM DO “DESPERDÍCIO” O que é a Economia Circular? Comecemos pelas vantagens, que são muitas e atrativas. Crescimento Económico, benefícios ambientais e na qualidade de vida dos cidadãos são algumas delas. Tudo isto, a partir de uma ideia simples que é a base do conceito de Economia Circular: partilhar, reutilizar, reparar e reciclar produtos. Imagina uma unidade de moagem, para a indústria de panificação e fabrico de pão. Há grãos que entram, produtos que saem. Pelo meio, há subprodutos que podem ficar pelo caminho – a sêmea ou a farinha forrageira são alguns exemplos. A pergunta revolucionária que está na base da Economia Circular é apenas: “E se utilizássemos estes ‘desperdícios’?”.


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O MUNDO EM MOVIMENTO Num mundo globalizado, a mobilidade desempenha um papel fundamental. No entanto, as necessidades de mobilidade, principalmente devido à dependência de fontes de energia não renováveis, têm tido um impacto significativo no meio ambiente. Nesse contexto, a mobilidade sustentável, particularmente a mobilidade elétrica, surgiu como uma alternativa mais ecológica para o transporte de pessoas, bens e mercadorias.

Todos os anos, são produzidos 2,5 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia. Por essa razão, o Parlamento Europeu tem vindo a destacar o tema da Economia Circular e a legislação europeia foi atualizada relativamente à gestão de resíduos. De acordo com o Parlamento Europeu, a Economia Circular pode significar poupanças no valor de 600 mil milhões de euros – 8% do volume de negócios atual das empresas da EU – e a redução das emissões anuais totais de gases com efeito de estufa entre 2 a 4%. Neste contexto, a Economia Circular é uma das forças motrizes do mercado de trabalho do futuro, criando oportunidades para profissionais qualificados projetarem sistemas, processos e produtos de forma mais eficiente e sustentável. Nesse sentido, especialistas em reciclagem, reutilização, design e gestão de resíduos são cada vez mais valorizados. Este é um sector conhecido pelo estímulo à inovação, ao impulsionar novas indústrias e até modelos de negócio, a partir de sinergias. Neste sector, profissionais que possam agregar tecnologia, sustentabilidade e eficiência terão um papel vital na economia do futuro.

As fontes de energia renovável estão no centro das atenções no campo da mobilidade, proporcionando uma redução significativa da poluição e um uso mais eficiente da energia gerada. A mobilidade elétrica reduz as emissões de carbono, o que ajuda a diminuir a pegada ecológica associada à mobilidade. Muitas cidades em todo o mundo estão a adotar programas de incentivo à mobilidade elétrica. Em Portugal, as vendas de veículos elétricos tiveram um crescimento significativo, com um aumento de quase 70% em janeiro de 2022 em comparação com o ano anterior. A quota de mercado de veículos elétricos ultrapassou os 20% no início de 2022, destacando o rápido crescimento dessa indústria no país. Este contexto tem criado uma procura crescente por profissionais com conhecimentos específicos na eletrificação de transportes, produção de veículos elétricos e infraestruturas associadas. A condução autónoma é outra das tendências que está a emergir como uma área relevante no mercado da mobilidade. As qualificações nas áreas de Economia Circular, Sustentabilidade e Mobilidade Sustentável são essenciais para enfrentar os desafios ambientais, promover o crescimento económico e contribuir para um mundo mais verde e sustentável. Essas áreas não oferecem apenas oportunidades de carreira significativas, mas também desempenham um papel vital na proteção do nosso planeta e na construção de um futuro melhor.

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Energia e descarbonização. Alimentar um planeta verde A produção de energia a partir de fontes não renováveis tem sido uma das principais causas da degradação do nosso planeta, sendo que a transição para fontes de energia renovável é uma escolha segura e benéfica para todos os envolvidos. A energia verde não emite dióxido de carbono nem gases com efeito estufa na atmosfera, e não polui o ar, os mares ou o solo. Por essa razão, trabalhar nesta área é, também, contribuir ativamente para um mundo mais sustentável.

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m Portugal, esta é uma área de extrema importância devido ao compromisso do país com as energias renováveis. Em 2021, 59% da energia consumida em Portugal foi gerada a partir de fontes renováveis, representando um aumento de 8% em relação a 2019. Recentemente, o Governo estabeleceu a meta de atingir 80% de energia renovável até 2026. Numa época em que os desafios ambientais se intensificam, o setor das energias renováveis está em crescimento, proporcionando novas oportunidades de emprego. Numa altura em que os desafios ambientais são cada vez mais intensos, o setor das energias renováveis é um dos que mais tem crescido, prevendo-se que essa evolução positiva se acentue durante os próximos

anos – uma aposta a que correspondem novas oportunidades no mercado de trabalho. Entre 2014 e 2018, por exemplo, as fontes de energia renováveis proporcionaram cerca de 41 mil empregos em Portugal. No mesmo sentido, 2021 foi um ano recorde na instalação de uma nova capacidade solar fotovoltaica em Portugal, com um aumento total de 65% face ao ano anterior. Ao longo dos últimos anos, várias empresas internacionais têm reconhecido Portugal como um dos países com maior potencial neste setor. Já em 2022, o primeiro-ministro António Costa destacou as condições que Portugal oferece para o investimento nesta área, ao ser “o parceiro comercial certo para os desafios e a oportunidade” das transições climáticas e digitais.

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DIMINUIR A PEGADA

DESCARBONIZAR A ECONOMIA

A eficiência energética é um dos caminhos cruciais para a construção de um futuro melhor, ao ser uma estratégia fundamental no combate à crise climática. Esta área desempenha um papel essencial na busca de uma utilização mais responsável dos recursos energéticos, procurando a redução significativa da nossa pegada ambiental.

Alinhado a este contexto, num cenário em que a resposta às consequências da crise climática se coloca como uma prioridade global, a redução do consumo energético e a consequente diminuição da pegada ambiental são metas essenciais para as organizações e estados. A “descarbonização da economia” tem sido apresentada como um objetivo estratégico pelo Governo português, por exemplo, sendo essa uma meta central na transição energética do país.

As atividades relacionadas com a eficiência energética têm como objetivo garantir que é possível realizar um trabalho de igual magnitude ou ainda mais substancial, mas utilizando uma quantidade significativamente inferior de energia. Nesse contexto, profissionais especializados na área da eficiência energética desempenham um papel cada vez mais relevante. De resto, o impacto positivo desta área não se resume à redução dos impactos ambientais, uma vez que também é um meio para as empresas aumentarem os seus lucros, a partir da redução das despesas associadas ao consumo de energia. De acordo com os dados da Pordata em 2020, por exemplo, o setor industrial em Portugal foi o principal consumidor de energia, representando cerca de 35% do consumo energético total. Este dado deixa clara a relevância desta área no contexto da atividade económica, levando muitas empresas e organizações a desenvolver os seus próprios planos de eficiência energética.

O desempenho de Portugal nesse âmbito ganhou reconhecimento internacional. Em 2021, por exemplo, o Energy Efficiency Watch Survey classificou Portugal em 7.º lugar na União Europeia em termos de implementação de políticas de eficiência energética. Este resultado representou uma subida de 14 posições em relação a 2015, o que ilustra os progressos obtidos. Essa evolução é indicativa da importância crescente que a eficiência energética desempenha na construção de um futuro sustentável e com menor impacto ambiental.


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RECURSOS

Para saber mais sobre profissões e o futuro do trabalho, visite os links seguintes para encontrar mais informações. CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

CEDEFOP - CENTRO EUROPEU PARA O DESENVOLVIMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

https://catalogo.anqep.gov.pt/ https://www.cedefop.europa.eu/pt Não sabes ao certo em que curso se inserem os teus gostos e interesses? Para esclarecer as tuas dúvidas sobre o curso a escolher, podes consultar o Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), através da opção “Consulta do Catálogo” no site www.catalogo.anqep. gov.pt. Além da listagem das qualificações, o CNQ dá-te a possibilidade de consultares os referenciais de formação de cada curso, ou seja, os objetivos do curso e a sua estrutura. Aqui, podes perceber realmente o que vais aprender ao longo do curso e quais são as competências que terás no final do percurso formativo.

O CEDEFOP é um organismo da União Europeia que tem como objetivo melhorar as opções de educação e formação através da criação de políticas públicas. No seu site, este centro disponibiliza várias informações sobre competências e o mercado de trabalho, bem como as qualificações estrategicamente mais relevantes. Podes ainda consultar várias bases de dados e rankings relacionados com o mundo das qualificações europeias, bem como estar informado sobre as últimas novidades do mundo da educação e formação.


+ SKILLS PANORAMA

OCDE - O FUTURO DO TRABALHO https://www.oecd.org/future-of-work/

https://www.cedefop.europa.eu/en/tools/skillsintelligence A partir de uma década de trabalho na análise de competências, a plataforma Skills Panorama disponibiliza os resultados do trabalho de investigação realizado, de forma a partilhar com o público em geral as principais tendências do presente e do futuro do mercado de trabalho. A plataforma aposta na transmissão de informação a partir de gráficos e infografias, de modo a facilitar a sua partilha informação.

Parte da missão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico prende-se com a identificação das principais necessidades de qualificação do presente e do futuro. No portal “O Futuro do Trabalho”, a OCDE dispõe-se a partilhar mais informações sobre este tema, disponibilizando dados e relatórios sobre o impacto de várias tendências no mercado de trabalho, bem como inquéritos, artigos e textos de opinião sobre este tema.

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