A repetição recoloca um impossível de saber, por ser um não-saber – “um ponto absoluto sem nenhum saber [...] que liga seu desejo mesmo à resolução daquilo que se trata de revelar” (LACAN, 1964/1988, p. 239). A transferência, por sua vez, ao se fundar num SsS que se instala contingencialmente numa análise, transforma a revelação deste saber, que não há, em um necessário. No entanto, seu efeito, o amor, se opõe à revelação, atualizando, na realidade sexual do inconsciente, as soluções contingentes que a dialética do sujeito com o desejo do Outro fizeram passar ao campo da determinação (da necessidade, portanto). O que não cessa de se escrever, do lado da determinação desta suplência de relação fundada nos significantes da Demanda, atualizada na transferência, se articula à inexistência da relação sexual por meio do enigma do desejo do Outro. É aí que Lacan insere o desejo do analista. É aí também que podemos inserir algo da ordem da contingência? ALIENAÇÃO:
Repetição (impossível) [campo da perda]
pulsão como Zwang
Transferência (necessário) [campo da falta - impotência]
Sustentar o campo da contingência assim, não seria fazer aparecer a série das soluções contingentes (S1, S1, S1...) pelas quais um sujeito tenta amarrar o impossível da relação sexual [S(A/)] ao imperativo (Zwang) da pulsão (Trieb) [S/<> D]? Deste modo, não seria ali onde a pulsão faz a conjunção da repetição e da transferência, pelo fechamento do inconsciente, que vem o desejo do analista operar a disjunção? SEPARAÇÃO:
Repetição (impossível) [campo da perda]
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d(A) (contingência) [campo da causa]
Livro Zero
Transferência (necessário) [campo da falta - impotência]