Corrente de Soliedariedade de Madalena Monteiro

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Corrente de Solidariedade Era uma vez um menino chamado Francisco Silva, mais conhecido por Kiko que tinha 11 anos e era um rapaz muito solidário. Às vezes perguntava ao seu melhor amigo, que era o seu cão peludo e dorminhoco, o Farrusco: - Farrusco, o que se passa comigo? Sinto-me diferente de todos os outros rapazes… Eles jogam às cartas de monstros e aos jogos de computador, enquanto eu acho isso tudo um desperdício de tempo! Eles gozam comigo e dizem que não sou um deles e realmente não sou. Farrusco, o que devo fazer? O Farrusco não respondia, só fazia rodopios suaves com a cauda e dava lambidelas. Apesar do Farrusco não fazer nada, o Kiko sabia que tinha ali um grande amigo, incapaz de o trair. -Este sim é um amigo de verdade! - pensava o Kiko. No dia seguinte, entrou na escola e como habitualmente, lá estavam os “Amigos da Onça” a meterem-se com ele: - Olha o menino que gosta de ajudar os outro!... diziam uns. - Nem sequer sabe fazer um joguinho de cartas! – continuavam a troçar. O Kiko ficou muito triste, foi de imediato para a casa de banho e começou a chorar. Quando acabou a escola, a sua mãe já o esperava no portão de saída, como habitualmente. -Então filhote! Como correram as aulas? – perguntou ela. - Correram bem! Muito bem! – disfarçou o Kiko. – Mãe, podes-me levar agora ao lar de idosos? Eu imprimi umas fichas com letras para eles desenharem! O meu objetivo é que os meus “avozinhos” aprendam a assinar o seu nome. Esse é um dos meus sonhos! - Claro filhote! Vamos a caminho! Às 17 horas, o Kiko saiu do lar de idosos muito contente, pois eles tinham adorado as suas fichas.

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6ºA


- Nem acredito que a Dona Maria conseguiu escrever o nome dela! Ela realmente é uma mulher muito forte e confiante! Eu admiro aquela senhora! – disse o Kiko, quase a explodir de alegria. -Mãe, ainda podemos ir à Associação de Animais Abandonados? Vá lá mãe, eu queria ir limpar o canil da cadela nova! - Francisco, isso nem se pergunta. Claro que vais, mas eu tenho de ir para casa fazer o teu jantar preferido! - Obrigado mãe, és a maior! Chegaram ao canil num instante, pois era mesmo ali ao lado. -Olá cãezinhos! – cumprimentou ele. -Francisco, hoje podes limpar o canil nº 5 e dar comida aos cachorros. Não te esqueças também da tua cadelinha nova. Ela não se calou o dia todo com saudades tuas -pediu o Sr. Manuel, no seu jeito autoritário, mas muito preocupado com o bem estar dos seus animais. -Está bem! Sempre às ordens! – obedeceu prontamente o Kiko. O Kiko fez tudo com muito entusiasmo e carinho e ainda teve tempo para brincar e dar um nome à cadela nova. Chamou-lhe Cleo, em homenagem à rainha Cleópatra. Quando chegou a casa o Kiko estava cansado e esfomeado, mas sentia-se feliz e até já tinha esquecido o que se tinha passado na escola. No dia seguinte, acordou bem cedo, vestiu-se a rigor, com um bonito fato preto e uma camisa aos quadradinhos azuis! Era o dia da cerimónia de entrega de prémios aos alunos. - Bem-vindos à entrega de prémios da escola! - anunciou a Sra. Diretora. Toda a gente estava muito entusiasmada, principalmente o Kiko quando viu a sua mãe no auditório! A Diretora começou então a anunciar os prémios, chamando ao palco os alunos, que eram sempre recebidos com uma salva de palmas. O Kiko também teve direito ao prémio do aluno com melhores notas do 6º ano. Ficou muito emocionado, porque não esperava receber este prémio. - Vamos agora chamar ao palco para discursar, um aluno que nos quer falar de um tema muito importante para a nossa sociedade: “A cidadania e a solidariedade”. - Podes vir Francisco - chamou a Diretora. O rapaz subiu ao palco e muito nervoso começou a discursar.

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- Olá a todos! A cidadania e a Solidariedade são muito importantes para manter uma população unida! Sejam ecológicos (reciclem), ajudem os outros. Nada de racismos. Para além da cor, preto, branco, amarelo, castanho e até vermelho, no fundo somos todos diferentes e todos iguais! Se respeitarem toda a gente de certeza que serão respeitados. Sigam o meu conselho para serem pessoas mais felizes! A sua mãe, ouviu com muito orgulho, o discurso mas no caminho de regresso a casa disse-lhe: - Olha Francisco, eu sei que tu gostas muito de ajudar os outros, mas também tens de ter tempo para ti! – aconselhou a mãe. - Eu sei mãe! O Farrusco é o meu melhor amigo e ele precisa muito da minha atenção! Vou passar a estar mais tempo com ele. Quando chegaram a casa, o Francisco teve uma grande surpresa! Era o pai dele que tinha chegado, após três meses em África, onde tinha estado a trabalhar! Ele saltou para o colo do pai e abraçou-o com toda a força! - Finalmente vieste! – disse o menino. - Não consegui ficar muito tempo longe do meu rapazola! – exclamou o pai! O Francisco conversou e brincou muito com o pai e com o Farrusco e o pai ficou muito orgulhoso por tudo o que lhe tinha acontecido durante o tempo em que esteve fora! No dia seguinte, o cão dele estava um bocadinho estranho… Não parava de o puxar pela camisola para fora de casa. - O que se passa Farrusco? Larga-me… - disse o Kiko, muito admirado. O cão não parou e teimou em acompanhá-lo até a escola! Por mais que a mãe gritasse com ele para ir para casa, ele não ia e por isso teve de o levar consigo no carro. Na escola o Farrusco quase que entrava dentro da sala de aula, mas o Kiko mandou-o esperar lá fora. O cão obedeceu, pois já sabia que quando o seu amigo estava assim, era melhor não fazer nada. Entretanto, no lar de idosos, a Dona Maria esperava, calmamente, a visita habitual da sua família que vivia no centro da cidade e trabalhava muito. Passados uns minutos, a Dona Maria lá viu umas silhuetas à entrada e confirmou que era mesmo a sua família. Ficou radiante de alegria. No entanto, a meio da visita, a Dona Maria reparou que a família estava um bocadinho triste e resolveu perguntar o que se passava. - Então, a que se deve essas carinhas tristes?

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- Sabes, quando levámos a nossa cadela a passear no parque, a trela rompeu-se e ela começou a correr e, desde aí, nunca mais a vimos… - disse a filha da Dona Maria, muito triste. - Ah! Querem ver! … Todas as semanas vem aqui um menino muito simpático ensinar-nos a escrever e ele fala-me numa cadela que encontraram e estou em crer que as suas características são iguais às da vossa cadelinha. - Onde é que ela está? – perguntou o seu netinho muito apressado. - Ela está no canil, que é aqui ao lado! Vamos lá! – propôs a senhora muito animada. Desataram todos a correr e a Dona Maria pegou num andarilho, que a ajuda a andar mais depressa que a bengala, e lá os acompanhou. Quando chegaram ao canil falaram com o senhor Manuel que lhes disse: - Há uma hora atrás, a cadela saiu do canil e deve ter ido ter com o Francisco, que é o menino que cuida dela com todo o carinho. - E onde está o menino? – perguntou o pai muito aflito. - Está na escola! – afirmou o senhor Manuel. A família pegou no carro e dirigiu-se, rapidamente, para a escola e esperaram ansiosos pelo menino à porta daquele grande edifício. Quando o Kiko saiu da escola, acompanhado pelos dois cães e pelos seus colegas, reparou na Dona Maria. A cadela desatou a correr e saltou para cima dos donos e encheu-os de lambidelas. A Dona Maria apressou-se a contar tudo ao Kiko, que ficou muito feliz. Os seus colegas, que assistiram àquela cena algo pasmados, quando conheceram toda a história começaram a reconhecer o Francisco e também a acompanhá-lo nas suas ações solidárias.

A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca." ( Antoine De Saint Exupery )

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